Tema 9. Segmentos-âncora Os dois primeiros ciclos de desenvolvimento do Espírito Santo foram dependentes da lógica do mercado internacional, ou seja, só funcionavam se no ambiente mundial tudo estivesse bem. O primeiro deles, ligado à atividade cafeeira, que contribuía com cerca de um terço da renda gerada no Estado, foi sendo prejudicado em função das recorrentes crises no início da década de 60. Em seguida, veio o ciclo de diversificação econômica pela via industrial. Esse momento, iniciado na década de 70, foi marcado pela instalação e expansão, de forma concentrada na Região Metropolitana da Grande Vitória, que inclui as cidades de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Fundão e Guarapari, de grandes unidades industriais focadas na produção de commodities. O cenário econômico começou a mudar em finais dos anos 80 com descobertas significativas de petróleo e gás. Esse novo momento, já chamado de terceiro ciclo do desenvolvimento econômico, tem um caráter diferente dos outros dois anteriores. Ciente de que a diversificação da economia é o melhor caminho para o desenvolvimento sustentável, os atores econômicos e políticos entraram em ação para não permitir que só a cadeia produtiva do petróleo e gás ancore o crescimento capixaba. Outros segmentos como a cadeia de produção mínero-metalúrgica e de papel e celulose continuarão como âncoras de nossa economia, ao lado do petróleo e gás, além do alto potencial de crescimento da produção sucroalcooleira. Isso permitirá o aumento do valor agregado da 94 produção, inclusive dos segmentos adjacentes, com ênfase na geração de conhecimento tecnológico e científico, no estímulo à inovação e na qualificação da mão-de-obra capixaba. O Mapa Estratégico da Indústria Capixaba 2008/2015 destaca a importância do desenvolvimento e fortalecimento desses segmentos-âncora. As ações visam não apenas à atração e ao fomento de novos investimentos produtivos a serem distribuídos no litoral e no interior do Estado, como, também, à superação de importantes gargalos de infra-estrutura e logística. A promoção desses investimentos privados deverá ter como foco o adensamento e aumento do valor agregado da estrutura produtiva capixaba, juntamente com o fomento ao desenvolvimento dos arranjos produtivos locais, em particular o metalmecânico e da construção e para os quais estão sendo considerados indicadores e metas específicas, explicitados a seguir. Indicador Descrição Participação do setor metalmecânico no Programa de Desenvolvimento de Fornecedores - PDF (%) Indica a relação entre o número de indústrias metalmecânicas do ES participantes do PDF sobre o total de indústrias da construção e metalmecânicas capixabas Metas Indicador Último dado 2010 2015 Participação do setor metalmecânico no Programa de Desenvolvimento de Fornecedores - PDF (%) 4,5 (2007) Em desenvolvimento Em desenvolvimento Fonte: PDF-ES 95 Indicador Descrição Participação da indústria da construção e metalmecânica do ES com obras nos grandes projetos industriais (%) Indica a relação entre o número de indústrias da construção e metalmecânicas do ES participantes do PDF sobre o total de indústrias da construção e metalmecânicas capixabas Metas Indicador Último dado 2010 2015 Participação da indústria da construção e metalmecânica do ES com obras nos grandes projetos industriais (%) 20,0 (2006) 30,0 (MEIC 2008/2015) 50,0 (MEIC 2008/2015) Fonte: SINDICON; SINDIFER Objetivo 9.1. Fortalecer a cadeia produtiva de gás e petróleo e segmentos adjacentes. Dono da 2ª maior reserva de petróleo do Brasil, o equivalente a 11% do total nacional, segundo dados da Petrobras, o Espírito Santo é marcado pelo seu elevado potencial para exploração e produção de óleo e gás natural. Está prevista a instalação de sete plataformas marítimas de produção, que elevarão a produção diária média de óleo para 500 mil barris de petróleo por dia até 2014. Em relação ao gás, estima-se que a oferta média diária passará para 20 milhões de m3 por dia em 2010. Não estão, ainda, sendo consideradas as produções futuras da mega jazida de petróleo e gás, descoberta no final de 2007, que se estende do litoral capixaba até Santa Catarina. Esse cenário atual e as projeções futuras eram praticamente impensáveis há dez anos, quando as reservas de petróleo no Espírito Santo situavam-se em 65 milhões de barris. Hoje, este volume confirmado chega a 2,6 bilhões de barris equivalentes, ou seja, 40 vezes mais, um crescimento gigante. Para continuar no ritmo alucinante de descobertas, a empresa já decidiu: vai elevar em 96 US$ 2,5 bilhões o plano de investimento dela no Estado, passando de US$ 9,5 bilhões para US$ 12 bilhões até 2012. Por trás de números tão grandiosos, existe uma grande preocupação: a riqueza do petróleo vai chegar para toda a população capixaba? O Mapa Estratégico da Indústria Capixaba 2008/2015 ressalta que essa resposta seja sim e propõe a participação de fornecedores e mão-de-obra locais como a chave para essa indagação. Isso se faz com capacitação de trabalhadores e empresas para elevar sua competitividade e permitir seu ingresso nos projetos que virão. O gás natural também precisa ser tratado como algo muito estratégico para os capixabas. Apenas extrair o produto do mar capixaba e levá-lo para outras regiões é não permitir que a sociedade usufrua a riqueza que esse combustível pode gerar no Estado. É preciso garantir a implantação de pólos de tratamento de gás, no Norte e no Sul do Estado, com vistas a garantir o abastecimento do Espírito Santo e também o envio para outros estados, via construção de gasodutos. Indicador Descrição Participação da produção de petróleo do Espírito Santo (%) Indica a relação entre a produção de petróleo do Estado do Espírito Santo e a produção brasileira Metas Indicador Último dado 2010 2015 Participação da produção de petróleo do Espírito Santo (%) 3,6 (2006) 21,1 (MEIC 2008/2015) Em desenvolvimento Fonte: ANP 97 Indicador Descrição Participação da produção de gás natural do Espírito Santo (%) Indica a relação entre a produção de gás natural do Estado do Espírito Santo e a produção brasileira Metas Indicador Último dado 2010 2015 Participação da produção de gás natural do Espírito Santo (%) 5,1 (2006) 22,7 (MEIC 2008/2015) Em desenvolvimento Fonte: ANP Ações Estratégicas Previstas Ação 93. Apoiar o desenvolvimento da cadeia produtiva do setor de petróleo e gás natural, prevendo e provendo mecanismos que assegurem a efetiva participação dos fornecedores locais na cadeia produtiva. Objetivo: Desenvolver a cadeia produtiva do setor petróleo e gás natural no Estado, incentivando o aumento na participação de fornecedores locais de bens e serviços e na qualificação de mão-deobra local. Ação 94. Apoiar e estimular a implantação do pólo gás-químico do Espírito Santo. Objetivo: Implantar o pólo gás-químico no Espírito Santo visando à agregação de valor ao gás natural produzido no Estado. Ação 95. Incentivar - prevendo e provendo mecanismos que assegurem a qualificação, certificação e acesso aos mercados - fornecedores locais de bens e serviços para a participação na cadeia produtiva do setor de petróleo e gás. Objetivo: Ampliar a participação de fornecedores locais de bens e serviços. 98 Ação 96. Fomentar, provendo mecanismos, a transferência de tecnologia da cadeia produtiva do setor de petróleo e gás natural para outros setores industriais. Objetivo: Internalizar bens, serviços e novos produtos, utilizando os recursos dos royalties de modo a se constituir base de sustentação industrial no período pós-petróleo. Ação 97. Desenvolver a indústria de base (metalmecânico e construção) para a cadeia produtiva do gás e petróleo. Objetivo: Melhorar a capacidade competitiva do arranjo produtivo com ênfase na qualificação de pessoal, capacitação tecnológica e melhoria da governança. Objetivo 9.2. Fortalecer a cadeia produtiva mínero-metalúrgica e segmentos adjacentes. Os grandes investimentos que garantiram o crescimento econômico do Espírito Santo em seu segundo ciclo de desenvolvimento - a instalação da Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST e da Vale, na Região Metropolitana da Grande Vitória; da Aracruz Celulose, em Aracruz, e da Samarco, em Anchieta - permanecem hoje como âncoras de uma nova fase da economia. Em relação à produção de minério de ferro, a Vale e a Samarco ampliam sua produção a cada ano, superando, juntas, a casa dos 40 milhões de toneladas de pelotas de minério no ano. A produção de aço também segue em crescimento e ganhará um novo impulso com a criação de um novo pólo siderúrgico, no litoral Sul do Estado. O importante é que o mercado das duas commodities segue em alta no mundo. O mundo vem consumindo 10% a mais de aço todos os anos, segundo dados da International Iron and Steel Institute - IISI, impulsionado pela China e pela Índia. Por isso, a ampliação do parque siderúrgico capixaba não é em vão. Dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia - IBS mostram que as indústrias do setor deverão gastar US$ 15,2 bilhões até 2012 com expansão de suas unidades no País. Só a antiga CST, hoje ArcelorMittal Tubarão planeja ampliar sua produção total de aço (placas e laminados), de 7,4 milhões de toneladas/ano para 11,5 milhões de toneladas/ano, a partir de 2008. 99 O Mapa Estratégico da Indústria Capixaba 2008/2015 ressalta esses novos investimentos nos dois setores e incentiva a implantação de unidades que garantam cada vez mais agregação de valor a tais materiais, hoje vendidos em nível bruto ao mercado mundial. Indicador Descrição Participação da produção de aço no Espírito Santo em relação ao Brasil (%) Indica a participação do Espírito Santo na produção brasileira de aço bruto Metas Indicador Último dado 2010* 2015 Participação da produção de aço no Espírito Santo em relação ao Brasil (%) 16,6 (2006) 25,1 (IBS) Em desenvolvimento Fonte: IBS OBS.: * DADOS PARA 2011 Ações Estratégicas Previstas Ação 98. Apoiar e participar da implantação do Pólo Siderúrgico em Anchieta, garantindo, ainda, a participação da FINDES no seu planejamento. Objetivo: Instalar, no município de Anchieta, um novo complexo siderúrgico. Ação 99. Apoiar e participar da implantação de Unidades Ferro-Esponja Briquetado e Aciaria. Objetivo: Implantar unidades de produção de ferro-esponja briquetado e aciaria, para agregação de valor à cadeia mínero-metalúrgica. Ação 100. Apoiar e participar da implantação de Unidade de Laminação a Frio e Galvanização. Objetivo: Implantar novas unidades de laminação a frio e de galvanização para ampliação de capacidade e agregação de valor à produção. 100 Ação 101. Incentivar - prevendo e provendo mecanismos que assegurem a qualificação, certificação e acesso aos mercados - fornecedores locais de bens e serviços para a participação na cadeia produtiva mínero-metalúrgica. Objetivo: Ampliar a participação de fornecedores locais de bens e serviços. Ação 102. Fomentar, provendo mecanismos, a transferência de tecnologia da cadeia produtiva mínero-metalúrgica para outros setores industriais. Objetivo: Internalizar bens, serviços e novos produtos, utilizando os recursos dos royalties de modo a se constituir base de sustentação industrial. Ação 103. Desenvolver a indústria de base (metalmecânico e construção) para a cadeia produtiva mínero-metalúrgica. Objetivo: Melhorar a capacidade competitiva do arranjo produtivo, com ênfase na qualificação de pessoal, capacitação tecnológica e melhoria da governança. Objetivo 9.3. Fortalecer a cadeia produtiva de papel e celulose e segmentos adjacentes. O Espírito Santo é responsável por 60% do mercado de celulose nacional, graças à localização em seu território da indústria Aracruz Celulose. Dados da Fundação Getúlio Vargas (2007) mostram que a participação da empresa no PIB da indústria do Espírito Santo foi de 15,2% em 2003. Os planos de expansão dessa indústria, que mantém negócios com 120 empresas prestadoras de serviço, a maioria local, incluem investimentos de US$ 4,5 bilhões, até 2016, incluindo sua quarta unidade no Estado. A fábrica D deverá entrar em operação entre 2015 e 2016, com investimentos de US$ 1,5 bilhão. Com isso, a produção de celulose saltará dos atuais 3,0 milhões de toneladas/ano para cerca de 7,0 milhões de toneladas/ano até 2015, embora seja prevista uma queda na participação do Espírito Santo no total de produção de celulose no Brasil. E o anúncio de um novo porto a ser construído ao lado do Portocel para escoar toda essa produção, num investimento de R$ 445 milhões, só reforça a importância de fortalecer esse segmento-âncora. 101 O objetivo maior de valorização desse segmento-âncora é focar na expansão de empresas sediadas e futuras empresas que irão se instalar na região para utilizar a celulose na produção de papel. Indicador Descrição Participação da produção de celulose no Espírito Santo em relação ao Brasil (%) Indica a participação do Espírito Santo na produção brasileira de celulose Metas Indicador Último dado 2010* 2015 Participação da produção de celulose no Espírito Santo em relação ao Brasil (%) 19,5 (2006) 16,1 (MEIC 2008/2015) Em desenvolvimento Fonte: BRACELPA OBS.: * DADOS PARA 2012 Ações Estratégicas Previstas Ação 104. Apoiar e participar na ampliação da cadeia produtiva de papel e celulose. Objetivo: Aumentar o valor agregado dos produtos fabricados. Ação 105. Incentivar - prevendo e provendo mecanismos que assegurem a qualificação, certificação e acesso aos mercados - fornecedores locais de bens e serviços para a participação na cadeia produtiva de papel e celulose. Objetivo: Ampliar a participação de fornecedores locais de bens e serviços. Ação 106. Fomentar, provendo mecanismos, a transferência de tecnologia da cadeia produtiva de papel e celulose para outros setores industriais. Objetivo: Internalizar bens, serviços e novos produtos, utilizando os recursos dos royalties de modo a se constituir base de sustentação industrial. 102 Ação 107. Desenvolver a indústria de base (metalmecânico e construção) para a cadeia produtiva de papel e celulose. Objetivo: Melhorar a capacidade competitiva do arranjo produtivo, com ênfase na qualificação de pessoal, capacitação tecnológica e melhoria da governança. Objetivo 9.4. Fortalecer a cadeia produtiva sucroalcooleira e segmentos adjacentes. Um dos diferenciais que o Espírito Santo pode ganhar em sua competitividade nacional é o aumento da produção de combustíveis para todo o País. Além do petróleo e do gás, o crescimento da cadeia produtiva sucroalcooleira significará muito para o crescimento estadual. A atual área plantada, de cerca de 70 mil hectares, vai mais que dobrar em 2010, saltando para 177 mil hectares, segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - INCAPER (2007). Há seis usinas de açúcar e álcool em operação e projetos de outras três com capacidade para moer 2,0 milhões de toneladas/ano. Os novos projetos de produção da cana e processamento do açúcar e álcool atingem, inicialmente, o Extremo Norte do Espírito Santo, que deverá ser, nos próximos anos, um dos importantes pólos sucroalcooleiros do Sudeste brasileiro. Os investimentos previstos chegam quase a R$ 1,5 bilhão. Mas a cadeia sucroalcooleira, assim como a do petróleo e gás, tem o desafio de agregar valor via produção de biocombustivel e promover a inclusão da mão-de-obra capixaba, evitando a criação de bolsões de pobreza formados com trabalhadores que vêm de fora e com os próprios capixabas que podem ficar desempregados com a aceleração da mecanização da colheita e produção do álcool e açúcar. Isso também só será possível com um programa de capacitação. Outro grande desafio é permitir o aumento dessa produção de forma sustentável, sem maiores agressões ao meio ambiente. Para tanto, o processo manual de colheita deverá dar lugar ao processo mecânico. Até 2030, mais de 80% da colheita deve ser mecanizada. Hoje, no Estado, a colheita é quase toda feita manualmente, após a queima das folhas. Um dos reflexos dos novos investimentos em usinas será a atração de empresas da área de metalurgia e metalmecânica para a prestação de serviços de manutenção e reparo nos equipamentos 103 das plantas sucroalcooleiras. O presente documento também prevê ações para que os fornecedores locais participem mais ativamente desse crescimento. Indicador Descrição Participação da quantidade de moagem de cana-de-açúcar no Espírito Santo em relação ao Brasil (%) Indica a participação da quantidade de moagem da cana-de-açúcar (safra) no Espírito Santo em relação à quantidade total no Brasil Metas Indicador Último dado 2010 2015 Participação da quantidade de moagem de cana-de-açúcar no Espírito Santo em relação ao Brasil (%) 0,77 (Safra 07/08) 1,31 (MEIC 2008/2015) Em desenvolvimento Fonte: CONAB Ações Estratégicas Previstas Ação 108. Apoiar e participar no desenvolvimento da cadeia produtiva sucroalcooleira, inclusive na produção de biocombustível. Objetivo: Desenvolver a cadeia produtiva sucroalcooleira no Estado, aumentando a participação de fornecedores locais de bens e serviços e ser importante produtor de biocombustível. Ação 109. Incentivar - prevendo e provendo mecanismos que assegurem a qualificação, certificação e acesso aos mercados - fornecedores locais de bens e serviços para a participação na cadeia produtiva sucroalcooleira. Objetivo: Ampliar a participação de fornecedores locais de bens e serviços. 104 Ação 110. Fomentar, provendo mecanismos, a transferência de tecnologia da cadeia produtiva sucroalcooleira para outros setores industriais. Objetivo: Internalizar bens, serviços e novos produtos, utilizando os recursos dos royalties de modo a se constituir base de sustentação industrial. Ação 111. Desenvolver a indústria de base (metalmecânico e construção) para a cadeia produtiva sucroalcooleira. Objetivo: Melhorar a capacidade competitiva do arranjo produtivo, com ênfase na qualificação de pessoal, capacitação tecnológica e melhoria da governança. 105