MELHORAMENTO INTRAPOPULACIONAL DO MILHO ASTECA ORIGINAL João de Andrade Dutra Filho1; Júlio da Silva Correa de Oliveira Andrade2; Clodoaldo José da Anunciação Filho3; Gerson Quirino Bastos4; Marília Gabriela de Santana Costa5; Frank Sinatra Gomes da Silva6; Nélio José Lira Pereira7 Introdução O milho está entre as plantas cultivadas de maior valor econômico, devido a sua ampla utilização como fonte de alimentação humana e animal. Atualmente o melhoramento genético objetiva desenvolver novos híbridos mais produtivos, com caracteres agronômicos favoráveis e adaptados aos mais variados tipos de clima e solo. Para Patterniani [1], a maior parte do germoplasma da espécie Zea mays L. ainda não foi avaliado quanto ao seu potencial. Assim, tendo em vista a grande diversidade de raças e de variedades que esta espécie apresenta, este trabalho teve por objetivo aplicar o método de seleção massal estratificada no milho asteca original, em fase de pré-melhoramento, visando aumentar a freqüência de alelos favoráveis na população. Material e métodos A. Condução do experimento As sementes do milho asteca foram adquiridas no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). O experimento foi conduzido no IFET – PE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco) campus de Vitória de Santo Antão com o plantio realizado no dia 13 de Abril de 2009. B. Campo de seleção O método de melhoramento aplicado no presente trabalho foi a seleção massal estratificada [2]. A área do campo de seleção foi constituída de 671,84m2 (30,4m X 22,1m), com espaçamento de 1m entre fileiras e 0,4m entre plantas, no qual foram estabelecidos cinco estratos de seis metros de comprimento, totalizando 100 estratos. Cada estrato foi constituído de 15 plantas, onde foi empregada uma intensidade de seleção de 20%, ocasionando a seleção de três plantas por estratos. Para o presente trabalho foram selecionados 20 estratos. C. Caracteres avaliados A seleção foi praticada separadamente para cada estrato, os caracteres avaliados foram altura da planta (AP), comprimento da espiga (CE), prolificidade (p) e peso da espiga total (PET). As espigas foram colhidas no início da maturação fisiológica. D. Análise estatística Os dados foram processados com o auxílio do programa estatístico R, utilizou-se estatística não paramétrica, procendendo-se ao teste de Kruskal-Wallis visando à detecção de significância para os caracteres avaliados [3]. Resultados e discussão O teste de Kruskal-Wallis detectou diferenças significativas para os caracteres comprimento da espiga e prolificidade (Tabela 1). O caráter comprimento da espiga apresentou uma grande variação (Tabela 2), entretanto os fenótipos extremos foram de 0,48 da planta três no extrato três a 1,37 da planta um no extrato nove. Já em relação ao caráter prolificidade, que significa mais de uma espiga por planta, observa-se um resultado satisfatório onde a grande maioria das plantas selecionadas apresentou duas espigas (Tabela 3), obtendose até quatro espigas na planta um do extrato 12. Como o caráter prolificidade é um dos mais importantes componentes de produção em milho, pois maior número de espigas significa maior número de grãos e ________________ 1. Primeiro Autor é Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Melhoramento Genético de Plantas do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Dois irmãos s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 2. Segundo Autor é Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Melhoramento Genético de Plantas do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Dois irmãos s/n, Recife, PE, CEP 521-900. E-mail: [email protected] 3. Terceiro Autor é Professor Adjunto do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE, CEP 52171-900. Email: [email protected] 4. Quarto Autor é Professor Adjunto do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE, CEP 52171-900. Email: [email protected] 5. Quinto Autor é Graduando em Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Dois irmãos s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 6. Sexto Autor é Professor Assistente do Departamento de Estatística e Informática, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Dois irmãos s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 7. Sétimo Autor é Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco, Vitória, PE, CEP 55600-000. E-mail: [email protected] consequentemente maior produtividade. No presente trabalho, o fitomelhorista tem a sua disposição um grande número de plantas para explorar a recombinação e aumentar a freqüência de indivíduos desejáveis em relação a este caráter. Este resultado evidencia a presença de variabilidade fenotípica entre as plantas selecionadas. Para Borém [4], a o conhecimento desta variabilidade que é resultado da ação conjunta dos efeitos genéticos e ambientais é de fundamental importância para o fitomelhorista, sobretudo na escolha dos métodos de melhoramento, do número de repetições e do delineamento experimental a ser utilizado. De acordo com Ramalho et al.[5] o conhecimento da variabilidade proveniente das diferenças genéticas, permite ao melhorista conhecer o potencial da população para seleção de bons genótipos, assim sendo a próxima etapa a ser realizada é estabelecer um delineamento experimental, estimar parâmetros genéticos para predizer o quanto desta variabilidade fenotípica é de natureza genética. Bueno et al. [6], também sugere a repetição do ciclo de modo idêntico, tendo em vista que o número de plantas que contribuí para formar a população seguinte representa bem a variabilidade genética existente. Agradecimentos A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), ao Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) pela concessão das sementes do milho asteca, ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (IFET – PE) pelo apoio concedido e viabilização da pesquisa e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) pela concessão da bolsa de estudos. Referências [1] [2] [3] [4] [5] [6] PATERNIANI, E.; CAMPOS, M.S. 2005. Melhoramento do Milho. In: BORÉM, A. (Ed.). Melhoramento de Espécies Cultivadas. 2 ed. Viçosa: UFV. p. 491-552. GARDNER, C.O. 1961. A evaluation of effects of mass selection and seed irradiation with thermal nêutrons on yeld of corn. Crop Science, Madson, 1: 241-245. CONOVER, W. J. 1980. Practical nonparametric statistics. 2.ed. New York : Wiley. 493p. BORÉM, A. 2001. Melhoramento de Plantas. 3.ed. Viçosa: UFV. 500 p. RAMALHO, M.A.P,; SANTOS, J.B; PINTO, C.A.B.P. 2001. Genética na agropecuária. 2.ed. Lavras: Editora UFLA. 472p. BUENO, L.C.S; MENDES, A.N.G.; CARVALHO, S.P. 2001. Melhoramento de plantas: princípios e procedimentos. Lavras: editora UFLA. 282p. Tabela 1. Teste de Kruskal-Wallis, referente ao p-valor, das variáveis altura da planta, comprimento da espiga, prolificidade e peso da espiga total do experimento condizido no IFET, campus de Vitória de Santo Antão, PE, 2009. p-valor Extratos: 20 Total de plantas avaliadas: 60 AP CE 0.583NS 0.04423* p 0.005688** PET 0.2020 NS *, ** Significativo ao nível de 5% e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste Kruskal-Wallis. ns Não significativo. Tabela 2. Valores fenotípicos do caráter comprimento da espiga coletados experimento condizido no IFET, campus de Vitória de Santo Antão, PE, 2009. CE1 (1, 0.73, 0.92) CE2 (0.90, 0.96, 0.83) CE3 (0.90, 0.99, 0.48*) CE4 (1.17, 1.15, 0.94) CE5 (0.85, 0.99, 1.08) CE6 (0.84, 1.02, 1.20) CE7 (0.52, 1.12, 1.04) CE8 (0.90, 0.86, 0.84) CE9 (1.37**, 1.20, 1.05) CE10 (0.91, 1.17, 1.20) CE11 (0.95, 1.21, 1.12) CE12 (1.10, 0.90, 1.09) CE13 (0.90, 0.85, 0.87) CE14 (0.84, 0.61, 0.89) CE15 (1.16, 1.02, 1.06) CE16 (0.95, 1.18, 0.86) CE17 (0.90, 0.77, 1.07) CE18 (0.97, 1.22, 1.24) CE19 (0.92, 0.78, 0.97) CE20 (1.13, 1.13, 1) 0.48* Menor valor fenotípico 1.37** Maior valor fenotípico Tabela 3. Valores fenotípicos do prolificidade coletados experimento condizido no IFET, campus de Vitória de Santo Antão, PE, 2009. p1 (3, 3, 2) p2 (3, 2, 3) p3 (3, 2, 2) p4 (2, 2, 2) p5 (2, 2, 2) p6 (2, 2, 2) p7 (2, 2, 2) p8 (1, 2, 2) p9 (2, 2, 2) p10 (2, 2, 3) Nota: Menor valor fenotípico: plantas do extrato 13. p11 (2, 2, 2) p12 (4, 2, 2) p13 (1, 1, 1) p14 (2, 2, 2) p15 (2, 2, 2) p16 (3, 2, 2) p17 (2, 2, 2) p18 (2, 2, 2) p19 (2, 2, 2) p20 (3, 3, 3)