28 DESAFIOS DA PRÁTICA DO PROFESSOR DE LÍNGUA ESPANHOLA NO BRASIL Simone dos Santos França1 RESUMO: Neste trabalho apresentamos uma reflexão acerca de alguns desafios da prática do professor de Língua Espanhola em sala de aula. É uma pesquisa bibliográfica baseada em teorias já existentes e experiências pessoais vivenciadas em sala de aula. Como aporte teórico buscou-se uma ótica a partir dos documentos oficiais brasileiros PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e teorias de Jacques Delors que se referem ao ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras que comprovam as ideias expostas. No presente artigo discutimos o que acreditamos ser atualmente alguns desafios para o professor de Língua Espanhola no Brasil, sendo que algumas dessas dificuldades são compartilhadas por aqueles que lecionam outras disciplinas e alguns específicos da área em questão. Para a discussão e melhor entendimento, destacamos alguns desafios frequentes na escola e na sala de aula que possivelmente incidem na prática pedagógica do professor, a maioria comum a todos os professores e alguns característicos da disciplina de Língua Espanhola, tanto pelas experiências pessoais e profissionais vivenciadas, quanto por pesquisa informal com colegas de profissão. A reflexão acerca de algumas dificuldades vivenciadas pelos docentes de Língua Espanhola é de fato muito importante para a conscientização de todos quanto à importância de buscarmos soluções para esses problemas, seja por meio da formação continuada, revendo nossos papéis enquanto professores, ou mesmo garantir por meio das leis já existentes que o ensino do Espanhol seja possível e, principalmente, seja de qualidade. Palavras-chave: Desafios. Sala de aula. Professor de Língua Espanhola. 1 INTRODUÇÃO Há algumas décadas, a educação brasileira especificamente tem passado por muitas mudanças, quer sejam técnicas, metodológicas ou estruturais, e cada uma delas vão se apresentando como a mais apropriada para solucionar os problemas que a afligem o contexto educacional do país. É neste quadro educacional que se encontra o tema proposto para discussão neste artigo: desafios da prática do professor de Língua Espanhola no Brasil. Com as constantes mudanças no mundo, ou seja, em todas as áreas de atuação, e na educação não seria diferente, o professor precisa cada vez mais investir em sua formação inicial, na formação continuada e ainda manter a 1 Graduação Letras/Espanhol pela Universidade Católica Dom Bosco. Mestrado em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 29 preocupação com a qualidade do exercício da profissão. Atualmente o professor de Língua Espanhola tem passado por diversos desafios, alguns também compartilhados por aqueles que lecionam outras disciplinas e outros específicos do ensino de Espanhol. A verdade é que o interesse por aprender espanhol tem aumentado e consequentemente os desafios também, inclusive porque muitas pessoas neste caso brasileiras, escolhem aprender o espanhol por acreditarem que é mais fácil, pela proximidade com sua língua materna. No entanto, essa proximidade causa também dificuldades na aprendizagem, o que exigirá um esforço maior por parte do docente para tornar o ensino possível e até mesmo possibilitar aos aprendizes que conheçam não apenas a língua, mas também a cultura dos países que tem o espanhol como língua oficial. Certamente um profissional bem capacitado e atualizado saberá lidar melhor com a situação do que aquele que não se preocupa com as questões atuais e com seu aperfeiçoamento profissional. 2 O ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA E A PRÁTICA DOCENTE O ensino/aprendizagem de idiomas em nosso território brasileiro sempre esteve relacionado a fatores econômicos, políticos e também sociais de cada etapa do nosso desenvolvimento. Como nos mostram relatos históricos, para o Brasil durante um bom tempo foi importante estabelecer vínculos com o povo hispano, dadas as suas aspirações de crescimento e desenvolvimento, no entanto, até a divulgação da Lei 11.161/2005, referente à obrigatoriedade do ensino de Língua Espanhola nos cursos de Ensino Médio, a língua ficou sempre relegada ao segundo plano, não sendo valorizada nem mesmo pelas contribuições do povo hispano, nem pela comunicação com os países vizinhos. Percebemos que assim como as atenções, os documentos legais também começam a se voltar para o ensino do Espanhol, podemos citar como exemplo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM, 2006) que diferentemente dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 2000), têm um capítulo específico para o ensino de espanhol. No entanto, devemos nos perguntar se esse formato significou avanço ou retrocesso? Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 30 Certamente um documento que tem como objetivo servir de guia ou de orientação a professores de línguas traz avanços, mas, surge uma problemática, quando se fala em Línguas estrangeiras (LE) no Brasil, ainda se está falando do inglês. Constatamos isso, lendo o que nos diz a LDB/9611, quando menciona as razões pelas quais as línguas estrangeiras passaram a fazer parte da área de Linguagens, Códigos e Tecnologias. Desta forma, a lei associa a aprendizagem de línguas estrangeiras a fatores com os quais não estamos totalmente de acordo. Dizse que as línguas estrangeiras possibilitam ao estudante aproximar-se de muitas culturas e, assim, propiciam sua integração com o mundo globalizado. O ponto falho da referida lei se dá, principalmente, porque as línguas estrangeiras geralmente são tratadas de forma a reforçar a hegemonia do inglês. Mas temos que considerar o fato das línguas estrangeiras serem disciplinas importantíssimas também para outros propósitos. Nos PCNs (2000), organizado após a LDB (1996), por exemplo, teve-se o cuidado de enfatizar o caráter político e humanístico da aprendizagem de línguas estrangeiras. Não se pode negar que referente ao ensino de Língua Espanhola no Brasil muitas mudanças têm ocorrido, ainda que a passos lentos. Retomando a pergunta anterior, se a elaboração de documentos que fazem referência ao Espanhol constitui avanço ou retrocesso, particularmente temos que admitir que constitua um avanço ainda que minúsculo perto do tanto que ainda se tem por alcançar. E apara os professores de Língua Espanhola significa que virão muitos desafios pela frente. O cenário de ensino/aprendizagem do espanhol no Brasil fomenta questões que levam a profundas discussões, sejam por aspectos linguísticos ou valorais, pois durante muitos anos, foi baixa a procura pela formação em Língua Espanhola, já que por serem línguas próximas acreditava-se não haver necessidade de uma formação centrada e completa nesse idioma (SEDYCIAS, 2005). Pensava-se que bastaria enrolar um pouco a língua, trocar uma vogal por duas, como por exemplo, dizer “cueca-cuela”, que já estaríamos nos comunicando com o povo hispanofalante. Mas, ao passo que o espanhol se tornou uma língua envolvendo parceiros econômicos relevantes, e passou a permitir acesso para cargos executivos importantes, começou a obter prestígio diante de instituições, e a busca por sua Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 31 aprendizagem aumentou. Certamente estamos longe da valorização que tem o inglês em nosso país, uma vez que muitos ainda dizem que aprender espanhol é importante somente para possibilitar a comunicação com os países vizinhos, porém, as perspectivas vêm aumentando consideravelmente. Assim, Conforme Moreno Fernández (2005, p. 18): Depois de muitos anos à margem do currículo educacional brasileiro, a Língua Espanhola finalmente conquista sua inserção tão esperada pelos docentes desse campo de atuação. Assim, a situação do Espanhol no início do século XXI, no Brasil, é de “bonanza, de auge y de prestigio”. Entre o desafio de elevar o Espanhol para primeiro plano e mostrar a importância de aprender essa língua, o professor precisa considerar que a sala de aula é um espaço de interação social que permite a troca de experiências, de informações e opiniões que levam ao desenvolvimento do indivíduo. Logo, o papel do professor é aproveitar o ambiente para promover a aprendizagem dos alunos procurando envolvê-lo, explorar todas as oportunidades de aprendizagem, inovar procedimentos com a finalidade de atingir seus objetivos. Na atualidade, o professor é visto como mediador do processo de ensinoaprendizagem na sala de aula e não mais um mero transmissor de informações, desta forma, é indispensável que o professor saiba organizar a sala de aula para que esta se transforme em um ambiente vivo e dinâmico ou ainda, utilizar outros espaços, como a sala de tecnologia da escola, a biblioteca ou mesmo o pátio da instituição para assim expor sua aula de forma motivadora, possibilitando maior atenção por parte dos aprendizes, já que se sentirão mais motivados. Existe ainda, outro aspecto que atinge diretamente a prática docente: os desafios da prática pedagógica, levando em consideração as transformações pelas quais a educação escolar tem passado, de forma que essas mudanças incidem diretamente na formação inicial e continuada do professor. Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 32 3 ALGUNS DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE LÍNGUA ESPANHOLA A concepção de professor como um profissional que antevê progressos profissionais relacionados à sua competência e desempenho, busca aperfeiçoar-se mediante a sistemática do debate e do confronto entre conhecimento e realidade, constitui o núcleo de uma política educacional voltada para a qualidade no ensino e que considera a interlocução contínua entre teoria e prática é importante e necessária. Ultimamente a atenção tem se voltado para a formação de professores considerando-se as dificuldades que os mesmos enfrentam no momento em que entram em sala de aula, agora na condição de professor e não mais de aluno. Para desmistificar tal concepção, estudiosos como Almeida Filho têm procurado frisar em seu discurso a nova postura que não despreza a validade de procedimentos treináveis na formação do professor, mas também não os elege como “ponto chave”. O autor reforça ainda os sentidos da palavra “formar” e que frequentemente escolhe usar termos como 'qualificado' e 'certificado' para se referir ao professor titulado, já que graduar-se é apenas o reconhecimento e uma formação inicial para o exercício profissional. Podemos perceber que os primeiros desafios surgem ainda na graduação, pois muitos desses recém-formados alegam se sentirem inseguros apesar de terem se tornado docente. Acreditam que falta alguma coisa para ser um verdadeiro professor, consequentemente usa pouco a língua-alvo em sala de aula e se defende dizendo que é por causa da formação acadêmica inadequada recebida na Universidade, ou mesmo pela materialização da abordagem e métodos ultrapassados ou que não exigem habilidades comunicativas do futuro professor. Estudos apontam que o aluno-professor ao longo do curso de Letras lida com uma gama de matérias pedagógicas que têm como objetivo apresentar os aspectos teóricos e práticos do magistério. Recebe-se uma fundamentação teórica, porém, já nesse período é possível perceber insegurança e tensão por parte desse futuro professor quanto à sua atuação em sala de aula. Em sua mente surgem questionamentos como: será que dou conta da matéria? Será que serei um bom Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 33 professor? Será que eu quero mesmo ser professor? São questionamentos que nos levam a pensar se esse indivíduo refletiu criticamente sobre seu papel e sua atuação como professor de língua estrangeira. Outro fator surge também a ser considerado, o tipo de formação que esse professor recebeu, pois é consenso que professores tendem a reproduzir o modelo de educação que receberam, ainda que sejam abordagens que não seguem mais as tendências contemporâneas de ensino. Desta forma, o tipo e a quantidade de cursos de proficiência e aperfeiçoamento a serem oferecidos como formação continuada influência de maneira significativa a ação futura desses jovens profissionais. Além dos desafios que o professor de Língua Espanhola enfrenta por causa do desprestígio em relação a esse idioma e seu ensino no Brasil, podemos destacar vários outros que são frequentes na escola e na sala de aula, compartilhado pelos demais companheiros de profissão, os quais incidem diretamente na prática pedagógica do docente. A seguir elenco alguns deles: A sociedade como um todo, assim como a família e a escola passam por um momento de conflito, em um constante processo de transformação. Gerir o tempo pedagógico. As salas de aulas estão cada vez mais cheias, e administrar o pouco tempo para ensinar com qualidade, se torna muito difícil. Envolver os alunos em seu processo de aprendizagem, ao mesmo tempo em que estimula o trabalho em equipe. Envolver os pais no processo de ensino/aprendizagem dos filhos. Utilizar novas tecnologias, conscientizando os alunos a utilizarem essa ferramenta de forma ética, despertando-o para assumir seu papel de cidadão. Capacitar-se constantemente (formação continuada). Essa formação continuada pode ser entendida como programas que envolvam cursos, congressos, seminários, ou seja, um processo dinâmico por meio do qual um profissional vai adequando sua experiência profissional as necessidades do mercado de trabalho. Ao longo do tempo surgiram diferentes concepções sobre o que seria formação continuada, antes chamada de treinamento, capacitação ou mesmo Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 34 reciclagem. O que se sabe é que não priorizavam a autonomia do professor, estimulando seu senso crítico. O que podemos perceber é que independente da nomenclatura ou de seu caráter, a formação continuada tem se mostrado mais um dos grandes desafios a ser enfrentado pelo professor. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9. 394/96 prevê no artigo 63, parágrafo III que “Os institutos superiores de educação manterão: programas de educação continuada para profissionais da educação dos diversos níveis”. Mas infelizmente não é bem o que ocorre, principalmente com os professores de Língua Espanhola. O que encontramos são docentes desvalorizados e seu direito de aperfeiçoamento profissional continuado deixado de lado. Por outro lado, há também o conformismo, o que chamamos lei do menor esforço minando a vontade dos professores que, quando têm oportunidades de crescimento, se acomodam, preferem a mesmice, tirando dos governos e mantenedoras a vontade de continuar investindo o pouco que investem. Contudo, o docente que deseja olhar para sua própria prática com atenção e atitude, certamente, está investindo em seu próprio desenvolvimento. Almeida Filho (1997, p. 14) apresenta uma visão do que ele considera “professor desenvolvido”: Ser um professor desenvolvido seria então ser um professor em libertação do presente sem fim, do ensinar sem consciência do que pode ser ensinar uma língua estrangeira, do que é linguagem e língua estrangeira, e do que se representa como aprender uma nova língua. O docente de Língua Estrangeira é um profissional em constante formação continuada, precisa se aperfeiçoar sempre, acompanhando as mudanças para que possa provocar mudanças. Esse constante aperfeiçoamento irá permitir que lide melhor com os diversos desafios que o professor (Língua Espanhola) enfrenta em sua prática pedagógica, como: Escassez de materiais didáticos: compreendem os manuais escolares, os mapas, o quadro, giz, canetas, lápis, papéis, etc. Nesta lista o que mais conta é justamente o manual escolar, pois sem ele a prática docente se torna muito difícil. Infelizmente nem as escolas adotam e oferecem aos seus alunos o livro didático de forma que o professor tem que elaborar materiais se Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 35 utilizando de fotocópias ou mesmo listas de exercícios que são usadas em grupo, ou ainda de seu principal recurso o quadro para transmitir as informações aos seus alunos; Lidar com as novas tecnologias: o progresso da tecnologia na educação não pode ser visto simplesmente como a introdução de uma ferramenta nova nas escolas, de fato, para que essa ferramenta seja utilizada e obtenha-se êxito, é indispensável fazer um grande trabalho de elaboração de softwares, capacitar os professores para que operem de forma orientada as modalidades e serviços educacionais oferecidos pela tecnologia. Somente por meio da prática reflexiva e formação contínua o professor poderá alcançar o domínio da complexidade e da imprevisibilidade, que é o que encontramos no mundo atual, seja no âmbito escolar, ou na sala de aula. Sendo assim, o professor de LE deve: • Aprofundar seu conhecimento pedagógico, um conhecimento mais sofisticado sobre ensinar e aprender; • Conscientizar-se e informar-se sobre os amplos problemas de política educacional e desenvolvimento social; • Trabalhar de forma interativa e colaborativa; • Aprender e buscar trabalhar em novas estruturas-redes de aprendizagem; • Desenvolver o hábito da aprendizagem contínua; • Não pode ser um indivíduo isolado dos colegas de profissão e da comunidade em que está inserido; • fazer questionamentos constantes sobre sua própria atuação e de sua inserção na sociedade; • Estar preparado para lidar com os riscos e incertezas do processo de transformação. Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 36 4 FORMAÇÃO CONTINUADA: Algumas considerações Nos últimos anos um dos temas mais debatidos no âmbito educacional tem sido a formação continuada para professores indiferentemente do nível em que atua, ou seja, o professor do ensino básico ou ainda do ensino superior. Conforme Libâneo (2004, p. 227): O termo formação continuada vem acompanhado de outro, a formação inicial. A formação inicial refere-se ao ensino de conhecimentos teóricos e práticos destinados à formação profissional, completados por estágios. A formação continuada é o prolongamento da formação inicial, visando o aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio contexto de trabalho e o desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além do exercício profissional. Podemos inferir segundo o exposto acima que não basta concluir um curso de licenciatura e partir para a prática pedagógica, sem se preocupar com a formação acadêmica. É preciso ter a consciência de que esta formação não termina com a formatura, mas que fará parte de toda a sua trajetória profissional, sendo assim o aperfeiçoamento deve ser constante. A escola é uma instituição social, que forma, além do cidadão, profissionais do futuro. De forma que não podemos negar o fato de vivermos atualmente na sociedade da informação e do conhecimento, e isso vem causando mudanças rápidas nos padrões e valores sociais. O professor, é o principal responsável pela educação para a cidadania, sendo assim, precisa acompanhar as mudanças, já que essas, certamente terão impacto sobre a sua prática pedagógica. O docente precisa se conscientizar que o processo de formação continua se tornará presente ao longo de toda vida profissional, o que o tornará riquíssima sua prática, e tornará possível mudanças a nível curricular ou até mesmo organizacional da escola. As orientações mais recentes para a formação de professores que vem ganhando mais espaço e adeptos sugerem um espaço maior para o envolvimento Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 37 do professor com sua prática, possibilitando-lhe decidir sobre quais aspectos julga interessantes para sua formação e prática pedagógica. É a partir dos pontos levantados em sua atuação em sala de aula e reflexões críticas sobre essa prática que surge a possibilidade de estabelecer interlocuções com um 'Outro' (professor) mais experiente para que os sentidos que faz da prática possam se solidificar. Esse diálogo e troca de experiência ajuda efetivamente e melhora a atuação do professor em sala de aula. A competência profissional é descrita por determinados pesquisadores como algo inatingível por tratar-se de um alvo ou horizonte móvel. Apresenta dessa forma, necessidade de uma formação sustentada em estudos contínuos do professor de línguas, principalmente opondo-se a ideia, de que o professor formado é um produto acabado. O que sabemos certamente é que a formação continuada é mais uma medida para melhorar o nível da educação no Brasil, pois um professor bem preparado e atualizado planeja aulas bem mais agradáveis aos seus alunos, o que contribui para que se ofereça a educação de qualidade tanto almejada pela sociedade brasileira. Mas, para que isso ocorra é necessário que os professores superem a inercia e invistam em sua formação profissional, e sabemos que muitos são os desafios a serem enfrentados no que se refere a formação continuada, no entanto, cabe a cada um de nós transpormos esses desafios. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS É muito difícil concluir um texto sobre esse tema que envolve o desenvolvimento de um indivíduo, pois é tarefa de todos promoverem seu próprio desenvolvimento seja profissional ou pessoal. No entanto buscar novas perspectivas e desenvolver-se requer o despertar consciente, coragem e compromisso. Sendo assim o que busco por fim é apenas tecer algumas palavras finais sobre alguns desafios da prática do professor de Língua Espanhola em sala de aula. A criticidade e a busca pelo saber são especialmente importantes em nossa área para garantir que os valores da cultura estrangeira que consequentemente fazem parte dessa aprendizagem sejam entendidos a partir de uma visão crítica, com o objetivo principal de formar o cidadão brasileiro. Rev. Saberes UNIJIPA, Ji-Paraná, Vol 5 nº 1 Jan/Jun 2017 ISSN 2359-3938 38 Certamente nesse cenário conflituoso que é a formação e atuação do professor de Língua Espanhola, para transformar nossa realidade em contexto educacional precisamos ser professores que amam o que fazem e buscam fazê-lo de maneira singular, porque acreditam em um futuro melhor, não subjugado pelo ranço de desqualificações, no entanto professores que sejam valorizados pelo seu conhecimento e também pelo que carregam consigo. Professores que enfrentam as adversidades na sua atuação e não desistem da realização de seus ideais. Para finalizar, apresentamos as palavras de um grande mestre da educação que nos ensina a todos a melhor abordagem: o amor. Paulo Freire diz que “não há educação sem amor; quem não é capaz de amar os seres inacabados não é capaz de educar, não é capaz de se tornar um profissional da educação”. REFERÊNCIAS ALMEIDA FILHO, J.C.P. Tendências na Formação Continuada do Professor de Língua Estrangeira. 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