à frente do nosso tempo Boletim Climatológico – Verão de 2010 CONTEÚDOS Estação Meteorológica de Santa Maria 01 Resumo 02 Resumo das Condições Meteorológicas 02 Caracterização Climática 02 Precipitação total 04 Temperatura do ar 05 Outros elementos 05 Vento 06 Radiação global 07 Referências Figura 1. Anomalia do campo da pressão atmosférica à superfície para o Verão (JJA) de 2010, relativamente ao período de referência (1961-1990) (NCEP/NCAR). RESUMO Verão quente Boletim Climatológico Sazonal do Verão de 2010 Produzido por Instituto de Meteorologia, I.P. – Delegação Regional dos Açores Também disponível em www.meteo.pt No Verão de 2010, o anticiclone dos Açores apresentou-se geralmente na sua posição normal sobre a região do arquipélago, verificando-se uma ligeira anomalia negativa do campo da pressão atmosférica relativamente ao período de referência (1961-1990), inferior a 1 hPa. Contudo, os valores médios da temperatura do ar foram superiores aos respectivos valores de referência em cerca de 1ºC. Esta anomalia poderá estar relacionada com a anomalia positiva verificada na temperatura da água do mar, principalmente na região norte do Atlântico. Por outro lado, os valores de precipitação foram geralmente superiores aos respectivos valores de referência, com um mês de Julho relativamente seco, compensado por um Junho e um Agosto algo chuvosos. As anomalias da quantidade de precipitação encontram-se dentro da variabilidade observada durante os últimos 10 anos. Contudo, este é o terceiro Verão consecutivo com anomalia negativa da precipitação na estação meteorológica do Observatório José Agostinho em Angra do Heroísmo. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 1/7 Instituto de Meteorologia, I. P. Rua C – Aeroporto de LisboaTel: (351) 21 844 7000 1749-077 Lisboa – Portugal Fax: (351) 21 840 2370 e-mail: [email protected] URL: http://www.meteo.pt à frente do nosso tempo Resumo das Condições Meteorológicas Durante os meses de Junho a Agosto (verão climatológico), o Anticiclone dos Açores, encontrou-se geralmente na sua posição normal, centrado sobre o Grupo Central e estendendo-se em crista até a Península Ibérica, embora ligeiramente mais fraco sobre o Grupo Ocidental. No mês de Junho, o efeito combinado da temperatura da água do mar com elevadas temperaturas do ponto de orvalho, embora típicas deste mês, contribuiu para a formação dos chamados “Nevoeiros de S. João”, que persistiram durante praticamente todo o mês de Junho, verificando-se ainda algumas situações de nebulosidade e precipitação pontuais, ainda que significativas. Em Julho, foi frequente a ocorrência de extensas zonas de nuvens estratocumulus, formados essencialmente durante a noite e no ramo oriental do Anticiclone, devido aos processos turbulentos resultantes de convecção pouco profunda induzida pela diferença de temperatura entre a massa de ar e a superfície oceânica sobre o qual se desloca e pela subsidência generalizada no seio do Anticiclone. Ocorreram ainda alguns aguaceiros fracos, sobretudo devido à acção da orografia, mais frequentes na última semana, devido à instabilidade causada por uma depressão em altitude centrada a sul do Arquipélago. Durante a primeira metade do mês de Agosto, o Anticiclone dos Açores localizou-se ligeiramente a norte do arquipélago, predominando uma circulação de nordeste que causou alguma precipitação fraca de origem orográfica. Durante a segunda metade, verificou-se um enfraquecimento do anticiclone sobre a região, permitindo a entrada das perturbações associadas à Frente Polar, causando algumas situações de instabilidade que contribuíram para os totais mensais registados, superiores às dos valores de referência, bem como para situações de trovoada. Caracterização Climática 1. Precipitação total No gráfico da figura 2 representa-se para o Verão e no período 2000-2010, os desvios relativos das quantidades de precipitação em relação ao período de referência de 1961-1990 e para as estações de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Flores. Nesta figura, observa-se uma anomalia negativa na estação do Observatório José Agostinho em Angra do Heroísmo, que embora pequena é a terceira consecutiva desde 2008. O Verão teve um início relativamente normal, seguido de um Julho seco, compensado por um mês de Agosto particularmente chuvoso, especialmente nos Grupos Ocidental e Oriental. Contudo, as anomalias deste Verão encontram-se dentro da variabilidade das anomalias observadas desde 2000, não ultrapassando em valor absoluto os 30%. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 2/7 Instituto de Meteorologia, I. P. Rua C – Aeroporto de LisboaTel: (351) 21 844 7000 1749-077 Lisboa – Portugal Fax: (351) 21 840 2370 e-mail: [email protected] URL: http://www.meteo.pt à frente do nosso tempo Figura 2. Anomalia relativa da quantidade total de precipitação nas Flores (Estação Meteorológica/Aeroporto), em Angra do Heroísmo (Observatório José Agostinho) e em Ponta Delgada (Observatório Afonso Chaves) para o Verão (JJA) relativamente ao período de 1961-1990. Considerando os primeiros onze meses (Outubro de 2009 a Agosto de 2010) do período correspondente ao ano hidrológico 2009/2010, os valores observados acumulados superam os valores de referência em cerca de 65% em S. Miguel, Faial e Santa Maria, 50% nas Flores e cerca de 20-30% na Graciosa e Terceira. Em relação à precipitação acumulada nos últimos doze meses (Agosto de 2009 a Agosto de 2010), foram superados em cerca de 50% os valores acumulados Normais nas ilhas S. Miguel e Faial, 45% nas ilhas Flores e Santa Maria e 25% nas ilhas Graciosa e Terceira. Em resumo, o Verão de 2010 acaba com um excesso de precipitação acumulada quer relativamente ao início do ano hidrológico, quer relativamente aos últimos 12 meses. O quadro 1 apresenta um resumo dos valores mensais da precipitação no Arquipélago dos Açores para o Verão de 2010. Verifica-se que o número de dias com precipitação variou entre 27 dias no Pico e 57 dias nas Lajes (Terceira). As quantidades de precipitação variaram entre 55,9 mm em Santa Maria e 279,0 mm nas Flores. Em todas as estações, mais de metade das quantidades de precipitação acumuladas durante o Verão foram registadas em Junho ou em Agosto. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 3/7 Instituto de Meteorologia, I. P. Rua C – Aeroporto de LisboaTel: (351) 21 844 7000 1749-077 Lisboa – Portugal Fax: (351) 21 840 2370 e-mail: [email protected] URL: http://www.meteo.pt à frente do nosso tempo Estação Corvo Flores Horta (Aeroporto) Pico S. Jorge Graciosa Terceira (Lajes) Terceira (Obs.) S. Miguel (Obs.) S. Maria Quantidade de Precipitação (mm) N.º de dias com Máx/Mês Total precipitação 41 102.0/Ago 169.7 49 169.3/Ago 279.0 38 111.7/Jun 147.1 27 74.1/Ago 138.3 38 54.8/Ago 103.1 42 37.4/Jun 74.8 57 56.9/Ago 103.3 38 70.6/Jun 127.1 37 72.8/Ago 135.8 32 37.4/Ago 55.9 Quadro 1. Resultados das observações da precipitação referentes ao Verão (JJA) de 2010. Esta informação provém dos sistemas clássicos e automáticos instalados na rede do Instituto de Meteorologia (IM). 2. Temperatura do Ar De forma análoga, no gráfico da figura 3 representa-se para o Verão no período 2000-2010, os desvios das temperaturas médias do ar em relação ao período de referência de 1961-1990. Figura 3. Anomalia da temperatura do ar nas Flores (Estação Meteorológica /Aeroporto), em Angra do Heroísmo (Observatório José Agostinho) e em Ponta Delgada (Observatório Afonso Chaves) para o Verão (JJA) de 2010 relativamente ao período de 1961-1990. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 4/7 Instituto de Meteorologia, I. P. Rua C – Aeroporto de LisboaTel: (351) 21 844 7000 1749-077 Lisboa – Portugal Fax: (351) 21 840 2370 e-mail: [email protected] URL: http://www.meteo.pt à frente do nosso tempo Verifica-se que o Verão de 2010 apresentou um desvio positivo de aproximadamente 1 ºC nas três estações representadas, consistente com o comportamento observado desde 2010, com excepção das Flores e Angra que registaram um desvio negativo e nulo respectivamente no Verão de 2009. Estes desvios encontram-se dentro da variabilidade observada durante os últimos 10 anos. O quadro 2 apresenta um resumo das observações da temperatura em todo o Arquipélago dos Açores para o Verão de 2010. Estação Corvo Flores Horta (Aeroporto) S. Jorge Graciosa Terceira (Lajes) Terceira (Obs.) S. Miguel (Obs.) St. Maria Temperatura Mensal (oC) Máx/Mês 23.4/Ago 23.0/Ago 23.4/Ago 23.0/Ago 22.3/Ago 23.6/Ago 22.5/Ago 22.9/Ago 22.5/Ago Min./Mês 19.9/Jun 19.0/Jun 19.4/Jun 18.9/Jun 18.8/Jun 19.7/Jun 18.8/Jun 19.6/Jun 19.9/Jun Média 21.5 21.4 21.6 21.3 20.6 21.8 21.0 21.5 21.6 Quadro 2. Resultados das observações da temperatura do ar referentes ao Verão (JJA) de 2010. Esta informação provém dos sistemas clássicos e automáticos instalados na rede do Instituto de Meteorologia (IM). O valor médio da temperatura do ar variou entre 20,6 ºC na Graciosa e 21,8ºC na estação das Lajes (Terceira). Em todas as estações, o mês mais quente foi Agosto, enquanto o mais frio foi, como seria de esperar, Junho. 3. Outros elementos 3.1 Vento Relativamente ao vento, os rumos predominantes foram dos quadrantes W e SW mas também de NE. Na Rosa-dos-Ventos da figura 4, encontra-se representada a distribuição dos ventos para a estação automática da Nordela (P. Delgada) onde os rumos predominantes foram dos sectores WSW e NE. Por outro lado, o vento foi geralmente bonançoso a moderado. Estes resultados são consistentes com a circulação média à escala sinóptica, caracterizada pela alternância entre os ramos oriental e ocidental da região central do anticiclone. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 5/7 Instituto de Meteorologia, I. P. Rua C – Aeroporto de LisboaTel: (351) 21 844 7000 1749-077 Lisboa – Portugal Fax: (351) 21 840 2370 e-mail: [email protected] URL: http://www.meteo.pt à frente do nosso tempo Figura 4. Rosa-dos-Ventos para o Verão (JJA) de 2010, correspondente aos valores registados na Estação Meteorológica Automática da Nordela em Ponta Delgada. A separação entre os círculos concêntricos é de 5%. 3.2 Radiação Global Quanto a irradiação global no Verão de 2010 (figura 5), o valor mais elevado foi observado no Observatório Príncipe Alberto de Mónaco na Horta (cerca de 2 milhões de kJ/m2). O valor mais baixo foi observado na estação do Nordeste (cerca de 1,5 milhões de kJ/m2), evidenciando o efeito local causado pela nebulosidade de origem orográfica. Por outro lado, as restantes ilhas não apresentam diferenças significativas entre si, tendo em conta as diferenças orográficas e geográficas existentes, pelo que o valor relativamente elevado encontrado no Observatório da Horta representa por isso uma anomalia espacial positiva no campo da irradiação global à superfície. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 6/7 Instituto de Meteorologia, I. P. Rua C – Aeroporto de LisboaTel: (351) 21 844 7000 1749-077 Lisboa – Portugal Fax: (351) 21 840 2370 e-mail: [email protected] URL: http://www.meteo.pt à frente do nosso tempo Figura 5. Irradiação global para o Verão (JJA) de 2010 para várias estações dos Açores. Referências Kalnay, E. and Coauthors, 1996: The NCEP/NCAR Reanalysis 40-year Project. Bull. Amer. Meteor. Soc., 77, 437-471. IM, 2010: Boletim Climatológico Mensal de Junho de 2010. IM, 2010: Boletim Climatológico Mensal de Julho de 2010. IM, 2010: Boletim Climatológico Mensal de Agosto de 2010. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 7/7 Instituto de Meteorologia, I. P. Rua C – Aeroporto de LisboaTel: (351) 21 844 7000 1749-077 Lisboa – Portugal Fax: (351) 21 840 2370 e-mail: [email protected] URL: http://www.meteo.pt