entenda mais sobre o zika vírus

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VITÓRIA, ES, DOMINGO, 21 DE FEVEREIRO DE 2016 ATRIBUNA
7
Cidades
AVANÇO DE DOENÇA
Vírus estão cada vez mais perigosos
Sars, gripe A e ebola
foram motivo de
preocupação nos
últimos 15 anos.
Médicos agora temem
pandemia de zika
Texto: Fábio Andrade
Arte: André Félix
ars, gripe A, ebola e, agora,
zika. Nos últimos 15 anos,
esses vírus preocuparam as
autoridades sanitárias. Somente
em 2009, a gripe A matou pelo menos 10.582 pessoas em mais de 75
países, levando a Organização
Mundial da Saúde (OMS) a decretar estado de pandemia mundial.
“O perigo dos vírus aumenta
porque nosso modo de vida nos
deixa mais vulneráveis. Há milhares de anos, estávamos isolados,
mas agora estamos adensados e
avançando sobre as matas, onde
esses micro-organismos circulavam” diz Átila Iamarino, doutor
em Biologia e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP).
Para o infectologista Fábio Coutinho, o risco de uma pandemia de
zika é plausível.
“Pessoas infectadas facilmente
chegam a países onde a infecção
ainda não chegou. Além disso, o
próprio mosquito pode migrar de
carona nos aviões e iniciar o contágio em outras regiões”, explica.
As mudanças climáticas são
mais um agravante. “A probabilidade de aquecimento global e a intensificação das chuvas tendem a
aumentar os criadouros e dificultar o combate”, opina o infectologista Crispim Cerutti.
S
Origem na selva
OS NÚMEROS
508
ÁFRICA
CASOS DE
1
PRIMATAS
Zika é uma floresta tropical de
Uganda, na África,
onde o vírus foi isolado pela primeira
em 1947. Entre os
macacos, o vírus se
propagava por relações sexuais e picada de mosquito.
MICROCEFALIA
FORAM
CONFIRMADOS
DESDE OUTUBRO
NO PAÍS
MICRONÉSIA
POLINÉSIA
FRANCESA
BRASIL
13
ESTADOS
TIVERAM
CASOS
REGISTRADOS
UGANDA
UGANDA
2
TRANSMISSÃO
Nos anos 1960, o homem passou a
ser infectado e o zika vírus se espalhou
até a Ásia, nas asas do Aedes aegypti.
Uma mutação pode ter dado ao vírus a
capacidade de infectar o homem.
3
O COMEÇO DOS SURTOS
Em 2007, na Micronésia, 5.050 dos 6.892 moradores das Ilhas Yap foram infectados. Em 2013, na Polinésia
Francesa, mais de 8.500 casos foram registrados. A partir
daí, casos ocorreram em outros continentes, mas com
pouco alarde, já que a doença era considerada branda.
4
IMPORTADO
Suspeita-se
que o vírus chegou
ao Brasil trazido por
espectadores da Copa do Mundo de
2014. Desde então, o
País registrou as primeiras três mortes
pela doença no mundo e surgiu a suspeita
de ligação entre
o vírus e os casos
de microcefalia.
A CARA DO INIMIGO
Esse é o zika vírus, em representação eletrônica digitalmente colorida e aumentada do Centro de
Controle de Doenças dos Estados Unidos.
Tratamento
O Ministério da Saúde informou que se
prepara para enfrentar os novos casos de
microcefalia desde
2015, quando foram
lançados 14 novos
Centros Especializados em Reabilitação
(CER). Outros 11 estão em fase de construção. A Secretaria
de Estado da Saúde
(Sesa) informou que
crianças com microcefalia são encaminhadas ao Hospital
Infantil de Vitória e
devem ser acompanhadas em unidades
de saúde e serviços
de reabilitação como
Apae, Centro de Reabilitação Física e Núcleo de Apoio à Saúde da Família.
PRÓXIMA
AMEAÇA?
Pesquisadores temem que a
febre mayaro seja o próximo vírus
a atormentar as autoridades sanitárias no Brasil. A doença, que
também causa febre, dores musculares e de cabeça, já é endêmica
na região amazônica, mas existe o
temor de que o vírus se adapte
ao )A@AI =ACOFJE e
se espalhe.
CHAVE-FECHADURA
AQUECIMENTO
O combate ao )A@AI =ACOFJE vai
seguir como um desafio. As mudanças climáticas tendem a deixar o clima mais quente. Combinando com a possibilidade de intensificação de eventos como as
chuvas, o resultado é mais calor
e umidade, tipo de ambiente onde o mosquito fica confortável e
encontra facilidade para se reproduzir.
Um dos obstáculos para o
desenvolvimento de antivirais
contra o zika é que os vírus têm
capacidade de mutação. Os
remédios são chaves com
formato específico, enquanto os
vírus podem mudar a forma da
fechadura e impedir a ação dos
medicamentos.
PRESSÃO
Desde outubro, 508 casos de
microcefalia – má-formação
no crânio de bebês – foram
confirmados no País, contra
uma média 150 por ano antes
da chegada do zika vírus.
Caso se confirme a relação
com o vírus, serão
necessários grandes
investimentos para tratar o
excedente de pacientes.
VACINA
Uma vacina pode ser
desenvolvida para imunizar a
população e a vacina contra
a dengue, recentemente
aprovada, pode ajudar no
desenvolvimento, já que os
vírus são da mesma família.
No entanto, segundo
especialistas, o
desenvolvimento de uma
vacina segura leva, no
mínimo, três anos.
Fonte: Crispim Cerutti, Fábio Coutinho e Viviane Dias (infectologistas); Átila Iamarino (doutor em Biologia e pesquisador da USP); Marcelo Pillonetto (farmacêutico microbiologista e professor da PUC-Paraná); Ministério da Saúde e Sesa.
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