ALFANEWS 2016 1 e 2

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ALFANEWS
Informativo da Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva | Volume 5 | Número 1-2 | Ano 2016
Zika Virus e
Reprodução
Assistida
ARTIGO COMENTADO | Nome do autor
Referências do autor
2 alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016
Newton Eduardo Busso | EDITORIAL
Vice-Presidente da Aliança Latino-Americana de Medicina Reprodutiva – ALMER
Chefe da Clínica de Reprodução Assistida da Santa Casa de São Paulo
Presidente da Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva
FUNDAÇÃO DO GPEmbrio - Grupo Paulista de Estudos
em Embriologia
O GPEmbrio ( Grupo Paulista
de Estudos em Embriologia) foi criado
em agosto de 2015, mediante a verificação da ausência de grupos de discussão técnico-científicas para embriologistas. Assim sendo, o GPEmbrio tem
por objetivo a realização de reuniões
mensais com embriologistas na cidade
de São Paulo, visando o aprimoramento, a transmissão e o compartilhamento
de conhecimentos relacionados a área
de reprodução assistida. Nas reuniões
são ministradas aulas, discussões sobre trabalhos científicos e regulamentações que regem os procedimentos
técnico-laboratoriais.
Durante este período de
gestão, novos membros foram adicionados ao grupo, formado por diversos
profissionais da saúde vinculados a
laboratórios de embriologia. A primeira
reunião, em fevereiro de 2016, abordou
o tema “Laboratório de FIV: Conceitos
e técnicas”, brilhantemente apresentada pela embriologista Maria Cecília R.
M. de Albuquerque, sob coordenação
da também embriologista Françoise
Elia Mizrahi. A embriologista Rita de
Cássia Sávio Figueira foi a convidada
para abrilhantar a discussão. A adesão
à primeira reunião foi maciça, com a
participação de 60 profissionais de diversas clínicas e diversas cidades.
“Gametogênese” foi o tema da
reunião de março, com excelente apresentação e discussão conduzidas pela
geneticista Juliana F. Cuzzi, sob coordenação da embriologista Roberta Wonchockier. Mais uma vez, o espaço físico
ficou pequeno para o número de profissionais interessados nos temas abordados. A reunião de abril abordará o
tema “Andrologia:parâmetros seminais”,
a ser apresentada pela andrologista
Thais Serzedello, com a participação da
também andrologista Priscila Queiroz
D´Elia como debatedora, sob coordenação da pesquisadora Sylvia Cortezzi.
Em maio, a embriologista Raquel Cossiello irá discorrer sobre “Avaliação mor-
focinética time-lapse”.
Com estas discussões, o
GPEmbrio espera contribuir para que
o conhecimento científico possa ser
aplicado às técnicas de reprodução
assistida visando incrementar as taxas de gestação das pacientes. Todos
os interessados estão convidados a
participar. Basta entrar no site www.
gpembrio.com.br, fazer o seu cadastro e
a inscrição na aula desejada. Para cada
aula, artigos científicos relevantes ao
tema proposto são colocados à disposição para download no site.
Contamos com sua presença para o
sucesso do GPEmbrio!
GPEmbrio
E
GRUPO PAULISTA DE ESTUDOS EM EMBRIOLOGIA
SOCIEDADE PAULISTA DE MEDICINA REPRODUTIVA
alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016 3
SUMÁRIO
5
ARTIGO SELECIONADO - GPEmbrio
Otimização do cultivo embrionário e da manipulação embrionária na
manutenção da viabilidade.
8
CONTA GOTAS
9
ARTIGO SELECIONADO - Karina Tafner
Doença Zika vírus: Orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS)
10
PASSO A PASSO
Conduta na insuficiência ovariana
12
TRABALHO CIENTÍFICO - Luciana Leis
Preocupações e receios durante o tratamento de Fertilização In Vitro (FIV)
13
ARTIGO COMENTADO - Ivan Yoshida
Comparação das taxas de aneuploidia, gravidez e nascidos vivos entre
blastocistos de dia 5 e dia 6.
14
AGENDA 2016
É expresamente proibido reproduzir quaisquer matérias ou imagens desta revista,
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A responsabilidade sobre os conceitos e opiniões emitidos nos artigos e nas
propagandas é exclusiva de seus autores e anunciantes.
Imagem da capa Fotolia Brasil
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COMITÊ EXECUTIVO Élvio Tognotti • Jonathas Borges Soares • Nelson Antunes Jr. • Newton Eduardo Busso • Sidney Glina
COLABORADORES Cristiano Eduardo Busso • Karina Tafner • Leopoldo de Oliveira Tso • Luciana Leis • Rodrigo Romano
ALFANEWS É ORGÃO INFORMATIVO DA SOCIEDADE PAULISTA DE MEDICINA REPRODUTIVA.
EDITOR Newton Eduardo Busso | [email protected]
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Jessica Torres | [email protected]
GRÁFICA Hawaii Gráfica & Editora TIRAGEM 3.000 exemplares
4 alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016
GPEmbrio | ARTIGO SELECIONADO
GPE
E
Otimização do cultivo embrionário e da manipulação
embrionária na manutenção da viabilidaDE
Jason E. Swain, Ph.D.,a Doug Carrell, Ph.D.,b Ana Cobo, Ph.D.,c Marcos Meseguer, Ph.D.,c Carmen Rubio, Ph.D.,d and Gary D. Smith, Ph.D.e a CCRM IVF Laboratory
Network, Englewood, Colorado; b Department of Surgery (Urology) and Human Genetics, University of Utah School of Medicine, Salt Lake City, Utah; c Instituto
Valenciano de Infertilidad, Valencia, Spain; d Igenomix, Spain; and e Department ofMolecular and Integrative Physiology, Ob/Gyn, Urology, University of Michigan,
Ann Arbor,Michigan Fertility and Sterility, March 2016, Volume 105, Issue 3, Pages 571–587
esde o estabelecimento do
cultivo embrionário in vitro
foram realizadas muitas
alterações visando a otimização do desenvolvimento
embrionário e a produção de um maior
número de embriões de boa qualidade. Além da qualidade dos gametas,
condições sub-ótimas de cultivo têm
grande impacto negativo no desenvolvimento embrionário. Os laboratórios
de reprodução assistida têm se empenhado em melhorar os procedimentos
laboratoriais para minimizar o estresse
embrionário, pois os embriões devem
ser competentes ao desenvolvimento
mesmo após intensas manipulações.
Esta revisão irá pontuar alguns aspectos laboratoriais para o aprimoramento
da produção de embriões.
Meios de cultivo
A qualidade dos meios de cultivo teve significativa melhora desde
o início do desenvolvimento in vitro. A
utilização de modelos animais permitiu
a realização de testes e a otimização
dos meios, que também passaram a ser
produzidos comercialmente. Isso levou
à maior estabilidade e possibilidade
do cultivo estendido até o estágio de
blastocisto, permitindo maiores taxas
de sucesso nos procedimentos laboratoriais.
Os meios de cultivo foram
desenvolvidos a partir de estudos com
modelos animais que avaliaram a relação da qualidade embrionária com
a alteração do substrato energético do
meio, suplementação com macromoléculas, adição de fatores de crescimento
e modificação de outros constituintes e
das condições de cultivo.
Mas qual é o melhor meio de
cultivo? Meios únicos ou seqüenciais?
Não há uma resposta, devido à ausência de homogeneidade na avaliação de
endpoints de diversos estudos. Alguns
artigos utilizaram randomização de pacientes, enquanto outros randomizaram
oócitos. Assim, não é possível afirmar
qual meio de cultivo permite melhores
taxas de sucesso em FIV/ICSI. O meio
único tem a vantagem de ser adequado para a utilização das incubadoras
do tipo time-lapse, o que diminui o
estresse de avaliação rotineira fora do
ambiente controlado.
Para qualificar um meio de
cultivo, mais do que avaliar o desenvolvimento embrionário, devem ser
mensuradas as taxas de implantação e
de nascidos vivos. O meio de cultivo é
uma das variáveis com grande impacto
na sinalização bioquímica e metabólica
dos embriões, o que influencia a manutenção de uma gestação, independente
da constituição cromossômica. Meios
de cultivo diferentes resultam em diferentes expressões gênicas, mas o impacto a longo prazo destas alterações é
desconhecido.
Sistema de incubação
Variáveis controladas pelo
ambiente laboratorial nas incubadoras, como a tensão de oxigênio, a estabilidade da temperatura e o pH têm
um grande impacto na eficácia do
meio de cultivo e no desenvolvimento
embrionário.
A concentração de oxigênio
no trato reprodutivo varia de 2 a 8%. O
cultivo embrionário em concentrações
reduzidas de oxigênio (5 a 6%), quando
comparado com cultivo em concentração atmosférica (20%) mostrou-se benéfico, aumentando a taxa de implantação, gestação e de bebês nascidos
vivos. Os benefícios são mais evidentes
para cultivos estendidos até o estágio
de blastocisto totalmente mantidos à
baixa tensão de oxigênio. Acredita-se
que a baixa tensão de oxigênio reduza
a geração de espécies reativas de oxigênio e melhore a qualidade do ar por
reduzir os compostos orgânicos voláteis devido à filtragem do nitrogênio.
A temperatura da incubadora
afeta especialmente a estabilidade do
fuso meiótico e possivelmente, o metabolismo embrionário. A manutenção da
alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016 5
ARTIGO SELECIONADO | GPEmbrio
temperatura em 37°C durante a injeção
oocitária aumenta as taxas de fertilização e melhora a qualidade embrionária.
Estudos comparando diversas temperaturas demonstraram que na temperatura de 37°C os embriões apresentavam
maior qualidade morfológica e maior
taxa de formação de blastocisto. Não
houve diferença na taxa de aneuploidia
e implantação, independente da temperatura.
Incubadoras horizontais são a
opção em muitos laboratórios devido à
rápida recuperação da temperatura do
meio de cultivo. As incubadoras verticais, com jaqueta de água, mantém a
temperatura por menos tempo no caso
de uma queda de energia, além de demorar mais para recuperar a temperatura após a abertura da mesma. Independente do tipo de incubadora, deve
ser evitada a abertura constante.
O pH do meio de cultivo é
determinado pela concentração de bicarbonato do meio e de CO2 da incubadora. Embora os embriões possam
se desenvolver em diferentes valores
de pH, estas variações podem impactar
negativamente o desenvolvimento embrionário, por afetar o metabolismo, o
desenvolvimento e até mesmo o crescimento fetal. Oócitos maduros já denudados ou embriões descongelados
podem ser mais suscetíveis ao pH do
meio, por não realizarem uma regulação adequada do pH intracelular. A
determinação do pH ótimo para desenvolvimento de embriões é dependente
do meio de cultivo utilizado. Assim, o
controle de qualidade rigoroso inclui o
controle do pH.
Co - cultivo
O uso de células somáticas
para co-cultivo visa suprir o ambiente
in vivo e melhorar o desenvolvimento
embrionário, as taxas de implantação
e gestação, pela secreção de fatores
embriotróficos e remoção de toxinas.
6 alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016
Apesar da maioria dos estudos mostrar resultados positivos, a melhoria
na composição do meios de cultivo
diminuiu o interesse pela utilização de
células somáticas. As células mais utilizadas para co-cultivo são as células
do cumulus, por já estarem disponíveis
no procedimento e serem essenciais à
maturação oocitária. As células endometriais também podem ser utilizadas.
Todavia, as moléculas secretadas pelas
células do cumulus são diferentes das
células endometriais, por estarem associadas in vivo a estágios diferentes do
desenvolvimento embrionário. Outras
linhagens celulares também podem ser
utilizadas em co-cultivo. O uso de células de linhagens animais é desaconselhado pelo risco de contaminantes.
Mimetizar a fisiologia do trato reprodutivo feminino
Na tentativa de mimetizar as
condições fisiológicas, alguns centros
têm adotado uma redução do tempo de
co-incubação de oócitos e espermatozóides na FIV convencional, de 16-20h
para 2-4h. A exposição prolongada dos
oócitos a uma alta concentração de espermatozoides poderia impactar negativamente o desenvolvimento embrionário e a viabilidade, além de já ter sido
observado que esta curta exposição
melhora as taxas fertilização, implantação e gestação.
No desenvolvimento embrionário in vivo, durante a migração do
zigoto da tuba uterina para o útero, o
embrião está envolvido pelos cílios e
secreções das células epiteliais, cujas
alterações de concentração gradual de
moléculas contribuem para o seu desenvolvimento. O cultivo dinâmico de
embriões busca mimetizar estas condições fisiológicas. A maioria dos estudos
demonstra que as taxas de implantação
e gestação são mais elevadas em sistemas de cultivo dinâmicos, independente do sistema utilizado. Acredita-se que
a movimentação estimule receptores
na superfície celular ou altere o ambiente bioquímico, facilitando a troca
de gases e moléculas.
Biópsia embrionária
A análise cromossômica por
PGS pode melhorar as taxas gestação,
desde que sejam observadas as condições de manipulação para manutenção da qualidade embrionária. Mesmo
assim, há um estresse embrionário pelo
procedimento invasivo em si.
Para facilitar a realização de
biópsias em D3 são utilizados meios
de cultivo livres de cálcio e magnésio.
Além do procedimento, o uso destes
meios já é um fator de estresse. E, se
houver manipulação logo após a biópsia, há o risco de perda de aderência
entre os blastômeros. Para realização
de alguns testes diagnósticos, é necessária a retirada de mais que uma
célula. Contudo, sabe-se que a remoção
de mais de um blastômero compromete
o desenvolvimento embrionário e pode
piorar o resultado clínico. A biópsia em
D3, então, se necessária, só deveria ser
realizada em embriões com pelo menos
seis células.
Para biópsias em blastocisto,
não é utilizado o meio livre de cálcio
e magnésio, e sim o meio de cultivo
convencional, o que reduz o estresse
embrionário. É preciso ter cuidado para
não retirar um número muito grande de
células do trofectoderma. O estresse da
biópsia é menor em blastocistos que
em embriões em estágio de clivagem.
Blastocistos aptos a biópsia em D5 são
de melhor qualidade que aqueles que
atingem estes estágio no sexto dia,
além de permitirem que haja transferência a fresco, apesar da transferência
em ciclo congelado parecer ser mais
vantajosa. A reexpansão da blastocele
deve ser considerada na viabilidade
embrionária em blastocistos após a
biópsia.
GPEmbrio | ARTIGO SELECIONADO
Congelamento embrionário e
oocitário
A manutenção da viabilidade
embrionária após o aquecimento é um
pré-requisito para a obtenção de bons
resultados. A vitrificação embrionária
tem se mostrado mais eficaz que o congelamento lento, por evitar a formação
de cristais de gelo intracelulares. A utilização de sistema aberto ou fechado
não produziu resultados clínicos diferentes. O procedimento de freeze all, ou
seja, de congelar todos os embriões do
ciclo para posterior transferência, poderia aumentar as taxas de gestação e
de bebês nascidos vivos, por transferir
embriões em endométrio não estimulado.
A vitrificação oocitária tem
resultados inferiores à vitrificação de
embriões, possivelmente devido ao
tamanho e ao formato da célula, conteúdo líquido, presença de estruturas
sensíveis como os fusos meióticos,
além da composição lipídica das membranas celulares. Todavia, a análise
microscópica de oócitos vitrificados
demonstrou que há manutenção da
estrutura citoplasmática, inclusive dos
fusos meióticos, demonstrado pelas taxas de aneuploidia similares a oócitos
não vitrificados e resultados perinatais
de bebês nascidos após esta tecnologia. Apesar de ser esperada uma taxa
de sobrevivência pós aquecimento de
90%, há diferença entre pacientes ou
entre diferentes ciclos em uma mesma
paciente, o que impacta diretamente os
bancos de oócitos. Em casos de preservação de fertilidade, seja por motivos
sociais ou oncológicos, pode ser seguramente indicada a vitrificação de oócitos. Esta possibilidade confere flexibilidade aos tratamentos de reprodução
assistida, desde que bem conduzida.
Conclusão
O sucesso nos tratamentos de reprodução assistida está relacionado à qualidade do meio de cultivo, à estabilidade
do sistema e à técnica de incubação, à
viabilidade pós biópsia e pós vitrificação. A melhoria da eficácia nas tecnologias laboratoriais é um desafio para
todos os profissionais de embriologia e
pesquisadores, no intuito de otimizar as
condições laboratoriais para aumento
de viabilidade embrionária.
alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016 7
CONTA GOTAS
KERATOCONUS PROGRESSION INDUCED BY in VITRO FERTILIZATION (FIV) TREATMENT
TITULO
DO ARTIGO
Journal of Refractive Surgery, vol 32, num 1, 2016
TITULO
DO ARTIGO
O autor avaliou
com diagnóstico de Ceratocone que foram submetidas a tratamento de FIV, sem gesTITULO
DOpacientes
ARTIGO
tação após o ciclo. Foi constatado progressão da doença, bilateralmente, em todos os casos analisados, após
acompanhamento por 3 meses. Essa progressão se deve ao aumento da concentração de estrogênio sérico, que
ocorre durante período de estímulo para FIV, pode afetar a córnea, induzindo a progressão do ceratocone. O tratamento com cross-linking pode ser indicado para as pacientes com essa patologia antes do estímulo ovariano,
para evitar sua progressão.
A Comprehensive Analysis of BodyMass Index Effect on in Vitro Fertilization (FIV)
Outcomes.
Sarais V; Pagliardini L; Rebonato G; Papaleo E; Candiani M; Viganò P. Nutrients; 8(3) 2016 Mar
As taxas de gravidez, após FIV, não mostraram diferenças entre as diferentes categorias de IMC.
450UI versus 600UI gonadotropin for controlled ovarian stimulation in poor
responders: a randomized controlled trial
Fertility Sterility, dez 2015
O autor reuniu 356 mulheres com diagnóstico de poor responder e foram submetidas a tratamento de FIV. Todas
receberam micro dose de agonista de GNRH e um grupo utilizou 450UI de FSH para estímulo ovariano e outro grupo
600UI de FSH. Ambos os grupos eram similares em termos de idade, reserva ovariana e causa de infertilidade.
Não houve diferença no número de oócitos maduros recuperados, taxa de fertilização, gestação bioquímica e gestação clínica em ambos os grupos.
Does age of the sperm donor influence live birth outcome in assisted reproduction?
Ghuman NK; Mair E; Pearce K; Choudhary M. Hum Reprod; 31(3): 582-90, 2016 Mar.
A taxa de nascidos vivos e a ocorrência de abortos após ciclos de reprodução assistida, com semên de doador, não
foram negativamente afetados pelo aumento da idade dos mesmos até os 45 anos.
8 alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016
Karina Tafner | ARTIGO SELECIONADO
Médica Assistente da Clínica de Reprodução Assistida da Santa Casa de São Paulo
Médica Assistente do Projeto Beta
Doença Zika vírus: ORIENTAÇÕES DA Organização
Mundial da Saúde (OMS)
vírus Zika e um
vírus
recente,
transmitido
pelo mosquito
do gênero Aedes , pricipalmente o Aedes aegypti.
O vírus foi identificado , em humanos,
pela primeira vez em 1952, em Uganda. Os surtos da doença foram notificados, pela primeira vez, no Pacífico, em
2007 e 2013 , em Yap e Polinésia e em
2015, no Brasil, Colômbia e África.Durante os últimos surtos, as autoridades
sanitárias nacionais comunicaram potenciais complicações neurológicas e
auto-imunes da doença do vírus Zika.
No Brasil foi observado um aumento
de bebês nascidos com microcefalia no
nordeste. As agências que investigam
a infecção encontraram um conjunto
cada vez maior de evidências de que
esta alteração fetal seja decorrente da
infecção maternal pelo vírus.
O diagnóstico da infecção do Zika vírus
é realizado através do PCR ( reação em
cadeia da polimerase) e do isolamento do vírus em amostras de sangue. O
diagnóstico por sorologias pode ser
difícil porque o vírus pode ter reação
cruzada com outros flavivirus como a
da dengue, febre do Nilo Ocidental e
febre amarela.
Para diminuir o número de casos, medidas preventivas são extremamente
necessárias. A prevenção e o controle
dependem da redução dos mosquitos
através da redução das fontes ( eliminação e modificação dos locais de pro-
liferação) e da redução do contato dos
mosquitos com pessoas.
Durante os surtos, as autoridades sanitárias aconselham uso de pulverização
de inseticidas e uso de repelentes. A
doença causada pelo Zika vírus é, normalmente, de poucos dias de duração e
não requer um tratamento específico. A
orientação é de repouso, ingesta abundante de líquidos e tratar dores e febres
com sintomáticos. Se houver piora dos
sintomas , procurar orientação médica.
A OMS está trabalhando para
conter o avanço do Zika vírus através
de reforço da vigilância, estudo e trabalho com os países afetados para :
eliminação do vetor, formação e capacitação dos laboratórios para detecção do vírus em indivíduos suspeitos
e recomendações para tratamento e
monitorização da população.
Resolução da Agência Nacio nal de Vigilância Sanitária
Está para ser aprovada nova resolução
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária relacionada a triagem laboratorial
que deve ser solicitada ao casal que irá
realizar tratamento de reprodução assistida.
A nova resolução mantem os exames
de HIV, Sífilis, Hepatite B, Hepatite C e
HTLVe acrescenta a pesquisa para Zika
virus aos exames citados.
O exame realizado devera ser a pesquisa de anticorpos IgM contra o Zika
virus.
Para paciente mulheres com
resultado reagente ou inconclusivo,
o mesmo devera ser repetido apos 30
dias ou a realizar, na sequencia, o teste
de biologia molecular para marcadores
de infecção do virus Zika.
Para homens com resultados reagentes
ou inconclusivos na triagem sorologica para o Zika, deve ser realizado teste
de biologia molecular em amostras de
sêmen, a qualquer momento, de acordo
com os protocolos definidos pelo estabelecimento.
“A nova resolução
mantem os exames de
HIV, Sífilis, Hepatite B,
Hepatite C e HTLV e
acrescenta a pesquisa
para Zika virus.”
alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016 9
PASSO A PASSO
Conduta na insuficiência ovariana
(fop)
Guideline of European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE) Dez,2015
O diagnostico é baseado na história de distúrbio menstrual e confirmação laboratorial
da falência ovariana.
Critérios segundo A ESHRE
Oligo/amenorréia por, pelo menos,4 meses.
FSH maior que 25 UI medidos em 2 ocasiões com intervalo de 4 semanas entre as medidas.
Quais as causas e como devem ser investigadas.
A análise cromossômica deve ser realizada em toda mulher com FOP não iatrogênica.
Oforectomia deve ser recomendada para toda mulher com presença de cromossomo Y constatado ao exame.
Pesquisa da Síndrome do X- frágil.
Pesquisa do 21-OH- Ab ( ou anticorpos adrenocorticais ) em mulheres de causa desconhecida ou na suspeita de doença
auto-imune.
Pesquisa de anticorpos da tireóide.
Não há evidência suficiente para recomendar pesquisa de FOP para mulheres com diabetes.
A possibilidade da FOP ser conseqüência de alguma medicação ou cirurgia deve ser pesquisada.
Mulheres tabagistas devem ser orientadas a parar de fumar (não há evidência de que o fumo esteja relacionado com FOP,
mas sabe-se que está relacionado com menopausa precoce).
A grande maioria dos casos são idiopáticos.
Com que frequência as dosagens de anticorpos devem ser repetidas nos casos de fop?
Se 21OH-Ab/ACA e anti TPO são negativos, não há indicação de repeti-los a não ser que haja sintomas relacionados ao
aumento dos mesmos.
Testes e suas implicações
Cariótipo: se negativo, pode ser solicitado novo exame com células epiteliais caso haja alta suspeita clínica de cromossomopatia relacionada a FOP.
Pesquisa do cromossomo Y: se positiva, realizar ooforectomia.
Síndrome do X frágil : quando presente, encaminhar ao geneticista.
Anticorpos ACA/21-OH: encaminhar ao endocrinologista.
TPO-Ab: realizar análise de TSH anualmente.
10 alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016
Expectativa de vida
FOP não tratada é associada com diminuição da expectativa de vida devido a doenças cardiovasculares. Deve-se realizar
Terapia de Reposição Hormonal.
Fertilidade e Gestação
Mulheres com FOP devem ser informadas de que há chance mínima de gestação expontânea.
A opção para gestar é a recepção de óvulos/embriões doados.
Paciente com FOP já instalado não tem chances de congelamento de oócitos para preservar fertilidade.
A gestação não tem maiores riscos que o da população geral, a não ser que haja tratamento prévio de alguma malignidade com radiação uterina.
PROJETO BETA: GERANDO VIDAS HÁ 10 ANOS.
Fertilização in vitro
Congelamento de espermatozoides
Congelamento de oócitos
Congelamento de embriões
Pioneirismo no tratamento com responsabilidade social
Tratamento com custo adequado à realidade socioeconômica do paciente
Laboratório de alto padrão técnico com elevadas taxas gestacionais
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alfanews volume 5 número 1-2 ano 201617/04/15
11
11:20
TRABALHO CIENTÍFICO | Luciana Leis
Psicóloga do Projeto Beta
PREOCUPAÇÕES E RECEIOS DURANTE O
TRATAMENTO DE FERTILIZAÇÃO IN VITRO (FIV)*
Luciana Leis, Leopoldo de Oliveira Tso, Rodrigo Sabato Romano, Newton Eduardo Busso
Objetivo
Comparar preocupações e receios em
mulheres antes do tratamento de FIV
com o que realmente vivenciaram durante seus tratamentos.
Metodologia
Estudo transversal e descritivo, com
121 pacientes inférteis, em tratamento de FIV pela primeira vez. Os dados
foram coletados entre abril de 2013
e dezembro de 2015. Aplicou-se um
mesmo questionário antes e depois
do tratamento de FIV com o objetivo
de avaliar preocupações e receios nas
diferentes etapas do tratamento: estimulação ovariana, captação oocitária,
transferência embrionária e espera
pelo BHCG, sendo que, em cada pergunta as pacientes tinham que classificar suas preocupações e receios de 0
a 5 (0= nenhuma preocupação/receio e
5=muitíssima preocupação/receio). Na
análise estatística utilizou-se o teste
de Wilcoxon e adotou-se p=0.05 como
estatisticamente significante.
Resultados
Não houve diferença estatisticamente
significante das preocupaçõese receios
antes e depois da FIV: estimulação ovariana (média – antes: 1.6 e depois – 1.7,
p=0,508), captação oocitária (médiaantes: 1.8 e depois-1,7, p=0,459), transferência embrionária (média- antes: 1.8
e depois: 1.9, p=0,724) e espera pelo
* Trabalho enviado à ESHRE 2016 para aceitação.
12 alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016
exame de BGCH (média- antes: 3.3 e depois: 3.4, p=0,315), ou seja, o tratamento
foi de acordo com o que a maioria das
pacientes esperava. Surpreendentemente, a etapa de maior preocupação
e receio para as pacientes, tanto antes (p<0,001) quanto depois (p<0,001)
da FIV, foi a espera pelo resultado do
BHCG.
Conclusão
O tratamento de FIV não foi pior do
que as pacientes esperavam em suas
diferentes etapas. A orientação adequada, prévia ao tratamento, fornecida
pela equipe médica pode justificar esse
resultado. A fase de maior receio foi a
espera pelo exame de BHCG.
Ivan Henrique Yoshida | ARTIGO COMENTADO
Biólogo do Projeto ALFA
Comparação das taxas de aneuploidia,
gravidez e nascidos vivos entre
blastocistos de dia 5 e dia 6.
otineiramente,
em transferências
de
blastocistos
d e s co n g e l a d o s ,
a maioria dos
embriologistas tendem a escolher o
embrião de melhor aparência morfológica. Por vezes, nos deparamos com
blastocistos de qualidade morfológica
similar, no entanto, criopreservados em
dias diferentes. Em casos de transferência de um único embrião, há outros
parâmetros que podemos considerar na
escolha do melhor embrião? Para tentar responder essa questão, recorri ao
estudo de Taylor et al.1 publicado na
RBM online em 2014.
Neste trabalho, os autores
testaram a hipótese de que blastocistos derivados de dia 6 (D6) apresentam
maiores taxas de anormalidades cromossômicas que os de dia 5 (D5). Para
a condução do estudo, foram recrutadas
pacientes submetidas a Fertilização In
Vitro com biópsia de trofectoderma e
análise genética pela técnica de Hibridação Genômica Comparativa por array
(CGH array), entre 2011 e 2013 no Reproductive Endocrinology Associates of
Charlotte (Charlotte, Carolina do Norte,
EUA).
As análises do trabalho foram
divididas em três etapas: 1) comparação da taxa de aneuploidia entre blastocistos biopsiados em D5 e D6 provenientes do mesmo ciclo; 2) comparação
da taxa de aneuploidia entre blastocis-
tos de D5 e D6 de todos pacientes; 3)
Avaliação dos desfechos relacionados
a gravidez dos blastocistos euploides,
formados em D5 e D6 em ciclos de descongelamento.
Na etapa 1, o grupo de blastocistos biopsiados em D5 mostrou-se
mais euploide quando comparado ao
grupo D6 (125/229; 54,6% e 77/180;
42,8%, respectivamente, p=0,0231). Na
etapa 2, os pacientes produziram 421
blastocistos de D5 e 413 de D6. Destes, 235 (55,8%) e 184 (44,6%) foram
euploides, respectivamente, com diferença significativa entre os grupos
(p=0,0014). Na etapa 3, foram analisados somente embriões euploides. Para
essa análise, os grupos de blastocistos
D5 e D6 não se mostraram estatisticamente distintos para gravidez bioquímica e clínica, taxa de implantação e
nascido vivo.
Os autores encontraram que
o risco de embriões serem aneuploides
foi 10% superior em embriões que não
blastularam até o D5. Esse resultado
corrobora com outras publicações na
literatura e, portanto, reforça a hipótese
de que embriões que possuem atraso
em seu desenvolvimento tendem a ter
mais anormalidades cromossômicas.
Nesse estudo, a ausência de diferenças
nos desfechos relacionados a gravidez
para embriões de D5 e D6 sugere que,
quando euploides, ambos possuem o
mesmo potencial de desenvolvimento.
Baseado nesse trabalho, podemos infe-
rir que a análise gênica também pode
ser um parâmetro utilizado na escolha
de embriões com melhor potencial de
desenvolvimento, uma vez que parece
haver uma considerável diferença na
euploidia entre blastocistos de D5 e
D6. Ainda que os autores não tenham
encontrado diferenças entre desfechos
nas transferências de embriões euploides de D5 e D6, na ausência desse tipo
de análise, é preferível optar por blastocistos que se formaram em D5, posto
que apresentam menores chances de
serem aneuplóides.
REFERÊNCIAS
1Tyl H Taylor, Jennifer L Patrick, Susan A Gitlin, J Michael Wilson, Jack L Crain, Darren K Griffin, Comparison of aneuploidy, pregnancy and live birth rates
between day 5 and day 6 blastocysts, Reproductive
BioMedicine Online, Volume 29, Issue 3, September
2014, Pages 305-310.
alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016 13
AGENDA 2016
EVENTOS 2016
05/05 a
07/05
XXVII Encontro de Atualização em PTGI e Colposcopia - CERVICOLP
Centro de Convenções Rebouças
São Paulo
11/05 a
14/05
13° Congresso Brasileiro de Videocirurgia
Centro de Convenções Rebouças
São Paulo
13/05 e
14/05
1° Simpósio de Reprodução Humana e Genética / 1° Jornada
Multidisciplinar de Doenças Raras - Instituto Ideia Fertil
Hotel Pullman - Ibirapuera
São Paulo
19/05 a
21/05
IX Congresso Brasileiro de Climatério e Menopausa - SOBRAC
Centro de Convenções Frei Caneca
São Paulo
09/06 a
11/06
XXX Jornada de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de São Paulo Centro de Convenções Rebouças
- Santa Casa
São Paulo
03/07 a
06/07
17th Annual Meeting European Society of Human Reproduction and
Embriology - ESHRE
Helsinki - Filândia
04/08 a
06/08
Curso Master em Sutura Laparoscópica - NAVEG - Santa Casa
Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo
25/08 a
27/08
XXI Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia - SOGESP
Transamerica Expo Center
São Paulo
14/09 a
17/09
20° Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida - SBRA
Mercure Lourdes
Belo Horizonte - MG
29/09 a
1/10
V Congresso Brasileiro de Endometriose e Cirurgia Minimamente
Invasiva - SBE
Fecomércio
São Paulo
21/10 e
22/10
III Simpósio de Anatomia Pélvica Laparoscópica- NAVEG- Santa Casa
Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo
15/10 a
19/10
72nd Annual Meeting American Society For Reproductive Medicine ASRM
Salt Lake City, UT - EUA
03/11 a
05/11
27° Congresso Brasileiro de Reprodução Humana - SBRH
Centro de Convenções Rebouças
São Paulo
PROGRAMAÇÃO GPEmbrio 2016
GPEmbrio
E
GRUPO PAULISTA DE ESTUDOS EM EMBRIOLOGIA
SOCIEDADE PAULISTA DE MEDICINA REPRODUTIVA
14 alfanews volume 5 número 1-2 ano 2016
Próximas reuniões do GPE:
11/05 - 08/06 - 13/07 - 10/08 - 05/10 - 09/11
Veja a programação completa no site www.gpembrio.com.br
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TRANSFORMANDO
SONHOS EM REALIDADE.
Nossa missão é investir, ampliar e promover tratamentos em
fertilidade. Além da alta tecnologia em medicamentos para
reprodução humana, buscamos trabalhar em parceria
com as necessidades dos médicos, proporcionando
educação médica continuada de qualidade.
MEN-19 Julho/2014 - Material dirigido exclusivamente à classe médica.
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