UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE FISIOTERAPIA ANDRESSA DALLÓ MARTINS ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DO MÚSCULO RETO ABDOMINAL PRÉ E PÓS APLICAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE CORRENTE RUSSA ASSOCIADA OU NÃO A EXERCÍCIOS ABDOMINAIS EM MULHERES SEDENTÁRIAS. CRICIÚMA, NOVEMBRO, 2009. ANDRESSA DALLÓ MARTINS ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DO MÚSCULO RETO ABDOMINAL PRÉ E PÓS APLICAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE CORRENTE RUSSA ASSOCIADA OU NÃO A EXERCÍCIOS ABDOMINAIS EM MULHERES SEDENTÁRIAS. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no Curso de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina, UNESC. Orientador Metodológico: Prof. M.S. Barbára L. Coelho Co-orientador: Ivan Bernardes Andrioli CRICIÚMA, NOVEMBRO, 2009. ANDRESSA DALLÓ MARTINS ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DO MÚSCULO RETO ABDOMINAL PRÉ E PÓS APLICAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE CORRENTE RUSSA ASSOCIADA OU NÃO A EXERCÍCIOS ABDOMINAIS EM MULHERES SEDENTÁRIAS. Trabalho de Conclusão de Curso, aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel no Curso de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina, UNESC, com Linha de Pesquisa em Ortopedia. Criciúma, novembro de 2009 Dedico este Trabalho, com muito amor e carinho, a meus Pais, César e Sandra, aos meus irmãos, Alessandra e Anderson, e ao meu namorado Ivan que sempre estiveram ao meu lado e que são muito importantes na minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço inicialmente a Deus por iluminar meu caminho, por me dar força e coragem para enfrentar todos os momentos difíceis e por colocar pessoas muito especiais em minha vida. Agradeço, muito, a meus Pais por todo amor a mim dado, por tudo que fizeram, e continuam fazendo, para que eu me torne uma pessoa admirável e uma grande profissional. Garanto que farei de tudo para que, depois de tantas dificuldades, vocês possam se orgulhar muita de mim. Amos vocês muito. Vocês são tudo para mim. Agradeço a meus irmãos que são meus anjos, que sempre estão por perto, principalmente nos momentos difíceis. Como todo irmão, às vezes a gente briga, mas a verdade é que a gente não sabe viver um sem o outro. Amo muito vocês. Um agradecimento em especial a toda minha família que sempre torceu para que eu conseguisse concluir a minha formação e que sempre estiveram por perto me dando apoio e pro me ensinarem que não há nada mais valioso que a família da gente. Um agradecimento ainda mais especial ao meu namorado, e coorientador, Ivan pela paciência, pela dedicação, pelos ensinamentos e pelo apoio em todos os momentos em que precisei. Agradeço principalmente ao amor e carinho que você tem por mim. Saiba que estes sentimentos são recíprocos. Obrigada por tornar a minha vida mais simples e fácil de viver. Te amo. Agradeço ao professor Adriano Polizelli, que juntamente comigo, deu inicio a este trabalho e a professora Barbára Coelho que aceitou me orientar mesmo com o trabalho já em andamento. Só tenho a agradecer aos dois pela ajuda, paciência e dedicação que me foram oferecidas para a realização de meu TCC. Agradeço a todos meus colegas e amigos pela convivência agradável durante os cinco anos de Faculdade, em especial: Joana Pieri, Gisele Bolan, Ricardo Guedes, Aracheles Luzietti, Karoline Scarabelot , Thaise Cruz e Diuli Hoffnam. A todos os Professores, Mestres e Doutores que sempre se dedicaram em ensinar e passar todos os conhecimentos necessários para a nossa formação. 1 As participantes da pesquisa, pois sem elas não seria possível a realização da mesma. Ao fisioterapeuta Paulo Silveira pela disponibilidade para a realização da parte estatística desta pesquisa. E por fim, aos funcionários e pacientes que sempre estiveram presentes auxiliado em nossa formação acadêmica e principalmente pela amizade e carinho de vocês que nos dão forças para chegar ao fim de mais uma jornada de nossas vida. A todos, muito obrigada por fazerem, cada um do seu jeito, parte da minha vida!!! 2 “Embora tenha passado por tudo que passei, não me arrependo dos problemas em que me meti – porque foram eles que me trouxeram até onde desejei chegar. Agora, tudo que tenho é esta espada, e a entrego para todo aquele que desejar seguir sua peregrinação. Levo comigo as marcas e cicatrizes dos combates testemunhas do – que elas são vivi, recompensas do que conquistei.” Paulo Coelho. e 7 RESUMO O músculo reto abdominal é o músculo mais superficial e o principal músculo vertical da parede abdominal. Uma das formas de fortalecimento dessa musculatura são os chamados exercícios abdominais que apresentam diversas formas de execução. Outra maneira de aumentar a força muscular da região abdominal é através da Corrente Russa (CR) que promove uma estimulação elétrica do músculo fazendo com que o mesmo se contraia. Esta se difere da contração voluntária principalmente na forma de recrutamento das unidades motoras, pois na contração voluntária de baixa intensidade, as fibras do tipo I são recrutadas primeiramente, enquanto que em uma contração provocada pela CR, as fibras tipo IIb se contraem antes das fibras tipo I. Diante desses aspectos, teve-se como objetivo principal, analisar o sinal eletromiográfico do músculo reto abdominal, em mulheres sedentárias, pré e pósaplicação dos protocolos de pesquisa (CR e CR+Exercícios). A amostra foi composta por 12 participantes, sendo estes divididos em 3 grupos (Controle, CR e CR+Exercícios), com 4 participantes cada. Os grupos CR e CR+Exercícios foram expostos a um protocolo de corrente russa e ao mesmo protocolo de corrente russa associada a exercícios abdominais, respectivamente. Foram realizadas análises eletromiográficas pré e pós-aplicação dos protocolos no músculo reto abdominal para efeito comparativo da ativação elétrica muscular. A EMG constatou que o grupo que realizou o protocolo de Corrente Russa associada a exercícios abdominais foi o que produziu maior ativação elétrica da musculatura do músculo reto abdominal. Constatou-se ainda que a EENM é um recurso importantíssimo nos protocolos de reabilitação, principalmente quando o exercício ativo resistido está contra-indicado. Palavras-chaves: Reto Abdominal. Corrente Russa. Exercícios. Eletromiografia. 8 ABSTRACT The rectus abdominal muscle is the most superficial and the main vertical muscle of the abdominal wall. One way of strengthening these muscles are the abdominal exercises that have various forms of execution. Another way to increase the strength of the abdominal area is through the Russian Current (RC) that promotes an electrical stimulation of the muscle causing it to contract. This differs from voluntary contraction mainly in the form of recruitment of motor units, because the squeeze of low intensity, the type I fibers are recruited first, while on a contraction caused by RC, the type IIb fibers are contracted before fiber type I. Given these aspects, had as main objective, to analyze the electromyography signal of the rectus abdominal muscle in sedentary women, pre and post-implementation of research protocols (RC and RC + exercises). The sample consisted of 12 participants, who were divided into 3 groups (control, RC and RC + exercises), with 4 participants each. Groups RC and RC + exercises were exposed to a protocol of Russian current and the same protocol of Russian current associated with abdominal exercises, respectively. Electromyography analyses were performed before and after implementation of the protocols in the rectus abdominal muscle for comparison of EMG muscle. The EMG showed that the group that carried out the protocol of Russian current associated with abdominal exercises was what produced more electrical activation of muscle rectus abdominal. It was further observed that the EENM is a critical resource in the rehabilitation protocols, especially when the resisted active exercise is contraindicated. Keywords: Rectus abdominal. Russian Current. Exercises. Electromyography. 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS C – Controle CAD – Conversor Analógico Digital CEP – Comitê de Ética e Pesquisa CR – Corrente Russa CV – Coluna Vertebral DD – Decúbito Dorsal DV – Decúbito Ventral EENM – Estimulação elétrica neuromuscular EMG – Eletromiografia EMG-S – Eletromiografia de Superfície IMC – Índice de Massa Corpórea MsIs – Membros Inferiores MsSs – Membros Superiores TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Variações positivas da atividade elétrica muscular..................................41 Figura 2 – Perimetria da porção superior do músculo reto abdominal .................44 Figura 3 – Perimetria da porção média do músculo reto abdominal......................45 Figura 4 – Perimetria da porção inferior do músculo reto abdominal....................46 Figura 5 – Percentual de gordura da dobra cutânea abdominal...............................48 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 17 2.1 Anatomia e Biomecanica .................................................................................. 17 2.1.1 Anatomia Esquelética da Coluna Vertebral ................................................. 17 2.1.2 Anatomia Muscular da Coluna Vertebral...................................................... 18 2.1.3 Biomecânica da Coluna Vertebral ................................................................ 19 2.1.4 Anatomia Esquelética da Caixa Torácica ..................................................... 21 2.1.5 Anatomia Muscular da Região Abdominal ................................................... 22 2.1.6 Anatomia Esquelética da Pelve ..................................................................... 23 2.1.7 Anatomia Muscular da Pelve ......................................................................... 24 2.2 Estrutura e Função do Músculo Estriado Esquelético................................... 25 2.3 Tipos de Fibras Musculares ............................................................................. 26 2.4 Tipos de Contração Muscular .......................................................................... 27 2.5 Tipos de Exercício Físico ................................................................................. 28 2.6 Exercício Abdominal ......................................................................................... 30 2.8 Corrente Russa .................................................................................................. 31 2.9 Eletromiografia .................................................................................................. 33 3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 35 3.1 Classificação do Estudo ................................................................................... 35 3.2 Caracterização da Amostra .............................................................................. 35 3.3 Instrumentos e Materiais de Pesquisa ............................................................ 36 3.4 Procedimentos para Coleta de Dados ............................................................. 37 3.5 Procedimento para Análise de Dados ............................................................. 39 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS .............................................................. 40 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 50 12 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52 ANEXOS ................................................................................................................... 56 APÊNDICES ............................................................................................................. 65 13 1 INTRODUÇÃO A coluna vertebral (CV) é considerada o eixo principal do corpo, pois é ela quem dá rigidez e flexibilidade ao corpo. A CV é formada por trinta e três (33) vértebras dispostas em cinco (5) regiões, sendo sete (7) na região cervical, doze (12) na região torácica, cinco (5) na região lombar, cinco (5) vértebras fundidas formando o sacro e mais quatro (4) vértebras fundidas que formam o cóccix (MOORE & DALLEY, 2001). A região lombar da CV é a principal região de sustentação do peso corporal. Por este motivo a lombar é formada por vértebras mais altas, tendo seus corpos mais largos lateralmente do que ântero-posteriormente e seu processo espinhoso é curto, robusto e em forma de machadinha (HAMILL & KNUTZEN, 1999). A coluna lombar é a única estrutura óssea presente na região abdominal. Desta forma os órgãos desta região são protegidos pelos músculos da parede abdominal. Esta parede é formada pelos músculos oblíquo externo, oblíquo interno, transverso do abdômen, piramidal e reto abdominal (DANGELO & FATTINI, 2004). Estes músculos são responsáveis pela flexão do tronco (HAMILL & KNUTZEN, 1999). O músculo reto abdominal é o músculo mais superficial e o principal músculo vertical da parede abdominal. Ele se estende e ocupa todo o comprimento da face ventral do abdômen e é dividido em duas partes pela linha alba (MOORE & DALLEY, 2001). Este músculo é o grande responsável pela flexão da CV, principalmente da região lombar. Com a flexão da CV o músculo reto abdominal provoca uma pressão intra-abdominal (BANKOFF, 2007). O aumento da pressão intra-abdominal provoca o enrijecimento do tronco impedindo que cargas compressivas provoquem deformidades na CV (HALL, 2005). Algumas lesões comuns na coluna lombar são as lombalgias e as fraturas por estresse (espodilólise e espodilolistese). As lombalgias ocorrem quando a coluna lombar encontra-se instável e sobre influência de cargas compressivas. A instabilidade da coluna lombar ocorre quando os músculos do tronco encontram-se enfraquecidos. A espodilólise é uma fratura da parte interarticular, causada por estresse. Já a espondilolistese é o escorregamento anterior de uma vértebra em relação à vértebra abaixo e ocorre, em 90% dos casos, na região lombar. Tanto a 14 espodilólise quanto a espodilolistese não consolidam com o passar do tempo, porém tendem a piorarem com exercícios e posturas de hiperextensão repetida da coluna lombar. Desta forma, freqüentemente recomenda-se o fortalecimento dos músculos abdominais para o tratamento e prevenção de lombalgias e para estabilizar os quadros de espodilólise e espondilolistese (HALL, 2005). Uma das formas de fortalecimento dos músculos abdominais são os chamados exercícios abdominais. São muitas as formas de realizar esses exercícios como, por exemplo, abdominais com joelhos flexionados e os pés no solo, contrações isométricas e abdominais com quadril e joelhos flexionados a 90°. Esta última posição é considerada uma das mais eficazes para a realização dos exercícios abdominais, pois ela inibi a ação dos músculos iliopsoas e outros flexores do quadril (FLOYD & THOMPSON, 2002). Outra maneira de aumentar a força muscular da região abdominal é através da eletroestimulação utilizando a corrente russa (CR). Este tipo de corrente é utilizado para fortalecimento muscular, pois promove uma estimulação elétrica do músculo fazendo com que o mesmo se contraia. A contração muscular através da eletroestimulação se difere da contração voluntária principalmente na forma de recrutamento das unidades motoras. Em uma contração voluntária de baixa intensidade, as fibras do tipo I são recrutadas primeiramente. Logo que a contração torna-se mais intensa as fibras do tipo IIa são recrutadas e logo após, as fibras IIb. Porém em uma contração provocada pela CR, as fibras tipo IIb se contraem antes das fibras tipo I. Desta forma a contração provocada é intensa, já que as fibras do tipo IIb produzem mais força (AGNE, 2005). Contudo, ainda não há uma comprovação científica de que ocorra diminuição do tecido adiposo durante ou após eletroestimulação. Sabe-se apenas que a eletroestimulação provoca a contração muscular de modo que o músculo a ser estimulado impõe um gasto energético, sendo que a gordura poderá ser usada como fonte energética (ROBERTO, 2006). Já para analisarmos a estimulação elétrica do músculo durante a contração muscular faz-se necessário o uso do eletromiógrafo, um aparelho que captura sinais elétricos emitidos pelo músculo durante a contração e os transcreve para análise. Desta forma a eletromiografia permite a quantificação da atividade muscular durante as condições dinâmicas (NORDIN & FRANKEL, 2003). 15 Nos últimos anos a eletromiografia de superfície (EMG-S) tornou-se um dos métodos mais utilizado nos estudos que envolvem neurofisiologia e cinesiologia do complexo muscular superficial. O eletromiógrafo emite sinais que representa a ativação elétrica associada com a contração muscular, denominado sinal eletromiográfico (MANUAL INSTALAÇÃO & OPERAÇÃO, 2002 apud ANDRIOLI, 2008). Com base nas teorias estudadas, elaborou-se a seguinte questão problema: Como ocorre a ativação elétrica muscular do músculo reto abdominal pré e pós aplicação dos protocolos de pesquisa? Baseando-se na questão problema, elaboraram-se as seguintes questões a investigar: a) Qual dos protocolos de pesquisa propostos proporcionará maior alteração eletromiográfica no músculo reto abdominal? Através das correntes de média freqüência, 30 a 40% a mais de fibras musculares são recrutadas em comparação ao exercício físico (ROBERTO, 2006). A eletroestimulação provoca uma contração muscular, através da excitação do nervo motor, maior do que uma estimulação muscular direta, pois na eletroestimulação estímulos de curta duração já são suficientes, enquanto na estimulação muscular direta há a necessidade de estímulos mais prolongados para que ocorra a contração muscular (AGNE, 2005). b) Quais os efeitos da aplicação da corrente russa em mulheres sedentárias? Segundo Agne (2006), a utilização da eletroestimulação provoca o aumento da força muscular quando comparado com grupos musculares que não praticam exercícios. 16 c) Ocorrerá alteração na adipometria da região abdominal após a aplicação dos protocolos? Segundo Roberto (2006), ainda não há uma comprovação científica de que ocorra diminuição do tecido adiposo durante ou após eletroestimulação. Porém, sabe-se que a eletroestimulação provoca a contração muscular de modo que o músculo a ser estimulado impõe um gasto energético, sendo que a gordura poderá ser usada como fonte energética. O presente estudo tem como objetivo geral analisar o sinal eletromiográfico do músculo reto abdominal, em mulheres sedentárias, pré e pósaplicação dos protocolos de pesquisa. Como objetivos específicos foram abordados as seguintes questões: analisar o efeito da corrente russa sob a ação do músculo reto abdominal antes e após aplicação dos protocolos; analisar a eficácia da corrente russa como terapia na reabilitação muscular; verificar o tipo de alteração da força muscular ao utilizar corrente russa associado a exercícios físicos ou tão somente a utilização de apenas corrente russa; comparar os resultados encontrados na realização de corrente russa associada a exercícios com apenas a utilização de corrente russa. Com base no elaborado acima, desenvolveu-se a idéia de criar um protocolo de corrente russa associada a exercícios e outra utilizando apenas a corrente russa para analisar o ganho de força ao unir eletroterapia e cinesioterapia e também para verificar a eficácia da corrente russa no fortalecimento muscular, bem como para comprovar ou retificar resultados encontrados em pesquisas anteriormente realizadas. Ainda referente a presente pesquisa, a pesquisadora identifica-se com a utilização desta modalidade terapêutica para trabalhos de ganho de força muscular e vê na EENM uma possibilidade interessante para este fim, associando ou não a exercícios físicos, para tanto, vem a realizar este estudo para tentar a comprovação de qual maneira se torna mais eficaz, isto é, utilizando apenas a corrente russa ou associando a mesma a exercícios abdominais. 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Anatomia e Biomecanica 2.1.1 Anatomia Esquelética da Coluna Vertebral A coluna vertebral é o eixo principal do corpo humano, sendo um suporte rígido e flexível composto por trinta e três (33) vértebras, de modo que vinte e quatro (24) delas são móveis proporcionando os movimentos do tronco (HAMMIL & KNUTZEN, 1999). Sua função é a de proteger a medula espinhal e os nervos, suportar o peso do corpo, atuar na postura e locomoção, além de desempenhar um importante papel nas funções dos membros superiores (MsSs) e membros inferiores (MsIs). Ela possui quatro curvaturas que fornecem ao corpo um suporte flexível, são elas: cervical, torácica, lombar e sacral (MOORE & DALLEY, 2001). As vértebras apresentam elementos básicos que são o corpo vertebral e o arco neural, porém esses elementos podem apresentar formas diferentes em cada região da coluna (KAPANDJI, 2000). A região cervical é composta por sete (7) vértebras que formam uma curvatura convexa no lado anterior do corpo, sendo que as duas (2) primeiras vértebras dessa região diferem-se das demais. A primeira vértebra cervical é denominada atlas e não apresenta corpo vertebral. Já segunda vértebra é conhecida como áxis e apresenta o processo odontóide, uma proeminência óssea que se articula com a vértebra atlas proporcionando os movimentos da cabeça. Já a sétima vértebra cervical, C7, é denominada vértebra proeminente, pois seu processo espinho é mais longo do que os das vértebras de C3 a C6. (SMITH, WEISS, LEHMKUHL, 1997). Quanto à região torácica, é considerada a região da coluna vertebral com maior restrição de movimentos, devido a suas vértebras se articularem com as costelas. Esta região é formada por vértebras que aumentam de tamanho no sentido crânio-caudal, sendo que T12 é maior que T1(HAMILL & KNUTZEN, 2008). As vértebras dessa região, além de serem maiores que as vértebras cervicais, elas 18 também apresentam as fóves costais, região que se articula com as costelas (MOORE & DALLEY, 2001). A coluna lombar é a região principal para a sustentação do peso corporal e é constituída por cinco (5) vértebras. Estas vértebras são largas, tendo seus corpos alargados mais lateralmente do que ântero-posteriormente. Elas também são mais largas verticalmente na região anterior do que na região posterior, seus pedículos são curtos, os processos espinhosos são largos e os processos transversos pequenos (HAMILL & KNUTZEN, 1999). Os discos intervertebrais desta região são mais espessos, contribuindo para a mobilidade desta região da coluna vertebral (KAPANDJI, 2000). Já a região sacral é a fusão de cinco (5) vértebras sacrais. O sacro tem formato de cunha e situa-se entre os ossos do quadril, fechando posteriormente a pelve. Logo abaixo do sacro encontra-se o cóccix, que é formado pela fusão de três (3) a quatro (4) vértebras coccígenas. O cóccix é considerado um vestígio da calda que os embriões humanos possuem até a oitava semana de gestação (TORTORA, 2000). 2.1.2 Anatomia Muscular da Coluna Vertebral A estabilização da coluna vertebral, tanto lateral quanto ântero-posterior, depende principalmente da força muscular. Portanto, se houver um desequilíbrio muscular a CV fica sujeita a deformidades e lesões (BANKOFF, 2007). Os músculos da coluna vertebral são divididos em superficiais e profundos. Os superficiais são os eretores da espinha (espinhal, longuíssimo e iliocostal) e o esplênio do pescoço. Já os músculos profundos são o longo do pescoço, inter-espinhais, inter-transversos, multífidos, psoas menor, rotadores e semi-espinhal (FLOYD & THOMPSON, 2002). Os músculos eretores da espinha se originam na região inferior do ligamento nucal, nas espinhas cervicais, torácicas e lombares, na região inferior das nove (9) primeiras vértebras, na crista ilíaca e na região posterior do sacro. Eles se inserem no processo mastóide do osso temporal, nas espinhas cervicais, torácicas e 19 lombares e nas doze (12) costelas. Suas ações são extensão, flexão lateral e rotação do tronco (HALL, 2005). Já o músculo esplênio do pescoço tem origem nos processos espinhas da terceira até a sexta vértebra torácica, na parte inferior do ligamento nucal, nos processos espinhosos da sétima vértebra cervical e das quatro (4) primeiras vértebras torácicas. Ele se insere no processo mastóide do osso temporal e nos processos transversos das três (3) primeiras vértebras cervicais. Suas ações são extensão da cabeça e pescoço, rotação e flexão lateral (FLOYD & THOMPSON, 2002). O músculo longo do pescoço é dividido em obliquo superior, oblíquo inferior e vertical. O músculo oblíquo superior tem origem nos processos transversos da terceira a quinta vértebra cervical e se insere no arco anterior do atlas. O músculo oblíquo inferior tem origem nos corpos das três (3) primeiras vértebras torácicas e se insere nos processos transversos da quinta e da sexta vértebra cervical. Já o músculo vertical tem origem nos corpos da quinta a sétima vértebras cervicais e nas três (3) primeiras vértebras torácica e se insere na superfície anterior dos corpos da segunda à quarta vértebra cervical. Esses três (3) músculos têm a mesma ação, realizar a flexão da coluna cervical (FLOYD & THOMPSON, 2002). Os músculos multífidos, inter-espinhais, inter-transversos, rotadores e elevadores das costelas formam os músculos espinhais profundos. Esses músculos têm origem nos processos posteriores das vértebras e no sacro posterior e se inserem nos processos espinhosos e transversos das vértebras. Esses músculos proporcionam a extensão, flexão lateral e rotação do tronco (HALL, 2005). 2.1.3 Biomecânica da Coluna Vertebral Entre as vértebras da coluna vertebral encontra-se o disco intervertebral, de modo que os movimentos que ocorrem nessa articulação são limitados por estes discos, pelos ligamentos e pelas articulações dos processos articulares. Por isso, por mais que as articulações intervertebrais apresentem seis (6) graus de liberdade, elas trabalham apenas como uma articulação de três (3) graus de liberdade (KONIN, 2006). 20 Os movimentos que podem ser realizados pela coluna vertebral são flexão, extensão, flexão lateral e rotação (HALL, 2005). Durante a flexão da coluna ocorre a inclinação anterior dos corpos das vértebras e o deslizamento dos processos articulares inferiores sobre os processos articulares superiores das vértebras subjacentes. Este movimento é limitado pela tensão do ligamento longitudinal posterior, do ligamento inter-espinhal, do ligamento supra-espinhal, dos músculos extensores da coluna, das fibras posteriores do anel fibroso do disco intervertebral e pela elasticidade dos ligamentos amarelos (KONIN, 2006). A flexão proporciona, na região cervical, a aproximação da cabeça ao peito, e na região lombar, é responsável pela inclinação do tórax sobre a pelve (FLOYD & THOMPSON, 2002). No movimento de extensão ocorre a inclinação e o deslocamento posterior dos corpos das vértebras e os processos articulares inferiores deslizam para baixo sobre os processos articulares superiores. A extensão da coluna é limitada pela tensão das fibras anteriores do anel fibroso dos discos intervertebrais e do ligamento longitudinal anterior e pela aproximação dos processos espinhosos (KONIN, 2006). Este tipo de movimento é considerado a volta do movimento de flexão, de modo que na região cervical provocará o afastamento da cabeça em relação ao peito e na região lombar causará o afastamento do tronco em relação à pelve (FLOYD & THOMPSON, 2002). Quando o movimento de extensão ultrapassa a posição anatômica, chamamos de hiperextensão. Este tipo de movimento ocorre principalmente nas regiões cervical e lombar da coluna vertebral (HALL, 2005). O movimento de flexão lateral pode ser descrito como a inclinação lateral do tronco sobre a pelve. Durante este movimento ocorre a rotação das vértebras devido à compressão dos discos intervertebrais e a tensão provocada nos ligamentos da coluna vertebral. Conclui-se então, que o movimento de flexão lateral está associado ao de rotação, que é o movimento giratório da coluna vertebral (KAPANDJI, 2000). A flexão lateral apresenta-se maior na região cervical, sendo permitida pela articulação intervertebral da quarta com a quinta vértebra cervical. Já na articulação entre a quinta vértebra lombar e a primeira sacral é onde ocorre o menor grau de flexão lateral da coluna vertebral. Assim como o movimento de flexão lateral, a rotação da coluna é maior na região cervical, porém, neste caso o movimento é permitido pela articulação entre as vértebras atlas e áxis. E o menor grau de 21 movimento de rotação ocorre na região entre a sétima/oitava vértebra torácica e a articulação lombossacra, devido à conexão dos processos articulares nessa região (HALL, 2005). 2.1.4 Anatomia Esquelética da Caixa Torácica O tórax fica entre o pescoço e o abdômen é considerado a região superior do tronco. Ele é formado por doze (12) pares de costelas, pelo osso esterno e pelas doze (12) vértebras torácicas (DANGELO & FATTINI, 2004). As costelas estão divididas em verdadeiras, que se fixam na região anterior diretamente ao esterno, e em falsas que não se fixam diretamente ou nem se prendem ao esterno. Os sete (7) primeiros pares são considerados costelas verdadeiras e os outros cinco (5) pares considerados costelas falsas. Dos cinco (5) pares falsos, três (3) pares prendem-se indiretamente ao esterno e dois (2) pares ficam com suas extremidades livres. Posteriormente, todas as costelas se articulam com as vértebras torácicas (FLOYD & THOMPSON, 2002). O esterno se localiza na região anterior do tórax sendo um osso plano e estreito, dividido em três (3) partes, manúbrio, corpo e processo xifóide. O manúbrio é a parte superior do esterno e se articula com a primeira costela e com as duas (2) clavículas. O corpo do esterno articula-se com as cinco (5) primeiras costelas e pode variar de largura, afilando-se na direção crânio-caudal. Já o processo xifóide é a parte mais inferior do esterno. Não há nenhuma costela articulada ao xifóide, porém ele serve como ponto de inserção para alguns músculos abdominais. (TORTORA, 2000). A caixa torácica além de proporcionar sustentação aos ossos dos MsSs, ela envolve e protege os vísceras da cavidade torácica e alguns órgãos da região abdominal (MOORE & DALLEY, 2001). 22 2.1.5 Anatomia Muscular da Região Abdominal A única estrutura óssea presente no abdômen é a coluna lombar, de modo que os órgãos da cavidade abdominal são protegidos pela musculatura da parede abdominal. Esta musculatura age sobre os movimentos do tronco, na manutenção da postura ereta e estabiliza a pelve quando os MsIs se movem, em DD ou DV. Os músculos que compõem a parede abdominal são: oblíquo externo, oblíquo interno, transverso do abdômen, piramidal e reto abdominal (DANGELO & FATTINI, 2004). O músculo oblíquo externo localiza-se na região anterior e lateral do abdômen (SMITH, WEISS, LEHMKUHL, 1997). Ele tem origem nas sete (7) últimas costelas e se interdigita com os músculos serrátil anterior e grande dorsal (KAPANDJI, 2000). A inserção das fibras posteriores ocorre na crista ilíaca, já as fibras anteriores fixam-se a uma aponeurose que se liga a linha alba (DANGELO & FATTINI, 2004). O músculo oblíquo interno fica abaixo do músculo oblíquo externo e basicamente se localiza na mesma região, de modo que suas fibras se cruzam. Sua origem ocorre no ligamento inguinal, na crista do ílio e na aponeurose toracolombar (SMITH, WEISS, LEHMKUHL, 1997). A sua inserção ocorre na bainha do músculo reto abdominal que se fixará a linha alba (DANGELO & FATTINI, 2004). O músculo transverso do abdômen tem suas fibras dispostas transversalmente e é o músculo mais interno da parede abdominal (KAPANDJI, 2000). Este músculo tem sua origem nas últimas costelas, na aponeurose toracolombar e na crista ilíaca. Este músculo se insere através de uma aponeurose na linha alba, na crista púbica e na linha pectínea do púbis (MOORE & DALLEY, 2001). O músculo reto abdominal é o músculo mais superficial da parede abdominal e esta dividido em duas (2) partes pela linha alba (SMITH, 1997). Sua origem ocorre no processo xifóide e na quinta, sexta e sétima cartilagem costal. Já sua inserção é feita na sínfise púbica e crista púbica (KAPANDJI, 2000). Ele é o principal músculo flexor da CV, de modo que seu fortalecimento previne lesões e deformidades provocadas por hiperextensão da coluna lombar (HALL, 2005). 23 2.1.6 Anatomia Esquelética da Pelve A pelve é a base do tronco que tem como função principal transferir o peso corporal da coluna para os MsIs, pois estes se ligam através do acetábulo. Ela é formada por dois (2) ossos que se desenvolvem a partir da fusão de três (3) ossos (íleo, ísquio e púbis), além do sacro e do cóccix (MOORE & DALLEY, 2001). Segundo os mesmos autores, as articulações presentes na pelve são cinco (5): articulação lombossacral, articulação sacrococcígea, as duas articulações sacroilíacas e a sínfise púbica. A articulação lombossacral é bastante importante quando a pelve se move em relação à coluna vertebral, devido ao fato da cintura pélvica juntamente com o sacro atuarem como uma só unidade. A sustentação dessa articulação é feita através de ligamentos que atuam de forma semelhante as demais articulações intervertebrais vizinhas. Já articulação sacrococcígea apresenta pouca mobilidade e sua união é mantida pelos ligamentos sacrococcígeo ventral, sacrococcígeo dorsal, sacrococcígeo lateral, ligamentos interarticulares e pela fribrocartilagem interporosa (BANKOFF, 2007). Segundo o autor supracitado, a articulação sacroilíaca é cartilaginosa e sustentada por três (3) dos ligamentos mais fortes do corpo humano, os ligamentos sacroilíacos anterior e posterior e pelo ligamento interósseo. Essa articulação também tem pouca mobilidade. Já a sínfese púbica une os dois (2) pubes através de um (1) grosso disco de fibrocartilagem, o disco interpúbico, e através de ligamentos e tecidos ligamentosos relacionados com o disco interpúbico. Esses ligamentos juntamente com os ligamentos da articulação sacroilíaca se relaxam durante a gravidez, isso ocorre por influencia dos hormônios que os enfraquecem e os relaxam, permitindo poucos movimentos e expansão da pelve. Algo semelhante a este fenômeno ocorre durante a mestruação. A cintura pélvica é uma região morfologicamente diferente entre os sexos feminino e masculino. Esta diferença esta relacionada à gestação e ao parto (KAPANDJI, 2000). A pelve no sexo masculino é mais forte, espessa, profunda, possui acidentes ósseos mais proeminentes e o acetábulo é maior. Já a pelve feminina é mais larga, mais rasa, possui aberturas superiores e inferiores maiores e o acetábulo é pequeno (MOORE & DALLEY, 2001). 24 2.1.7 Anatomia Muscular da Pelve Os músculos da pelve são divididos em dois (2) grupos, os verdadeiros músculos pélvicos e os músculos dos membros inferiores (MsIs) que tem origem dentro da pelve. Os verdadeiros músculos da pelve são o levantador do ânus e o coccígeo que associados a fáscia que os cobre formam o diafragma da pelve, também denominado assoalho pélvico. Já os músculos que tem origem na pelve são o obturador interno e o piriforme (BANKOFF, 2007). O músculo levantador do ânus é dividido em três (3) partes: pubococcígea, puborretal e iliococcígea. O músculo puboccocígeo é a principal parte do músculo elevador do ânus e tem origem na parte posterior do corpo do púbis e vai em direção ao cóccix. O músculo puborretal é a parte mais medial e o iliococcígeo é a parte mais posterior do músculo elevador do ânus. Este músculo serve de suporte para as vísceras abdominais e pélvicas e ajuda na manutenção da pressão intra-abdominal. Ele também apresenta funções no controle voluntário da micção, continência fecal, defecação e suporte do útero nas mulheres (MOORE & DALLEY, 2001). Já o músculo coccígeo tem origem na espinha isquiática e se insere na extremidade inferior do sacro. Tem como ação tracionar o cóccix anteriormente (BANKOFF, 2007). O músculo obturador interno tem origem nas faces pélvicas do ílio e do ísquio e na membrana obturatória e se insere no trocanter maior do fêmur. Ele é responsável pela rotação externa da coxa e auxiliar na manutenção da cabeça do fêmur em contato com o acetábulo (MOORE & DALLEY, 2001). Já o músculo piriforme tem origem na face anterior do sacro, na margem do forame isquiático maior e no ligamento sacroespinhal e se insere no trocanter maior do fêmur. Este músculo é responsável pela rotação externa e abdução da coxa, além de estabilizar a articulação do quadril (BANKOFF, 2007). 25 2.2 Estrutura e Função do Músculo Estriado Esquelético O corpo humano é constituído por mais de quatrocentos (400) músculos esqueléticos, de modo que os mesmos representam de 40 a 50% do peso corporal total (HALL, 2005). Esse tipo de musculatura prove força e proteção aos ossos distribuindo cargas e absorvendo impactos. O músculo esquelético executa trabalhos dinâmicos, que permitem a locomoção e o posicionamento dos seguimentos corporais no espaço, e trabalhos estáticos, que mantém a postura ou posição corporal (NORDIN & FRANKEL, 2003). A musculatura esquelética fixa-se aos ossos através de tecidos conjuntivos resistentes sem nenhuma propriedade contrátil ativa, os tendões. Uma das extremidades do músculo fixa-se a um osso que não se mova, sendo então seu local de origem. Já a outra extremidade une-se a um osso que se move durante a contração, sendo então seu local de inserção. Quando, em uma contração, o músculo diminui o ângulo articular ele é denominado flexor, quando o músculo aumenta o ângulo articular durante uma contração, ele é denominado extensor (POWERS & HOWLEY, 2005). O músculo estriado esquelético tem contração rápida, vigorosa e sujeita ao controle voluntário. Ele é composto por feixes de células cilíndricas, longas, com muitos núcleos e que apresentam estriações transversais. Esses feixes são denominados fibras musculares (BANKOFF, 2007). Cada músculo esquelético é recoberto por uma camada de tecido conjuntivo denominada epimísio, sendo que cada feixe de fibra muscular é envolvido por uma outra camada de tecido conjuntivo conhecido como perimísio. Já as fibras musculares são revestidas, uma a uma, por um tecido conjuntivo denominado endomísio (NORDIN & FRANKEL, 2003). Essas camadas de tecido conjuntivo permitam que as fibras musculares fiquem unidas. Com isso, a força de contração gerada por cada fibra atua sobre o músculo em sua totalidade e é transmitida a outras estruturas como tendões, ossos e ligamentos (BANKOFF, 2007). Segundo Powers e Howley (2005), as fibras musculares são formadas por inúmeras miofibrilas. Essas são estruturas fusiformes que se situam dentro do sarcoplasma (citoplasma da fibra muscular), ficando paralelas umas as outras, se 26 estendendo por toda a fibra muscular e onde encontramos as proteínas contrateis da musculatura esquelética. Essas miofibrilas podem ser subdivididas em vários sarcômeros. Cada sarcômero é delimitado por duas linhas Z e são formados por filamentos grossos (miosina) e filamentos finos (actina). Junto a proteína actina encontramos duas proteínas adicionais, a troponina e a tropomiosina. Essas outras duas proteínas desempenham papel importante na regulação do processo contrátil (BANKOFF, 2007). 2.3 Tipos de Fibras Musculares Segundo Power e Howley (2005), existem dois (2) tipos de fibras musculares: as fibras tipo I, que são as fibras de contração lenta e as fibras tipo II, que são as fibras de contração rápida e que se subdividem em fibras do tipo IIa e IIb. As fibras tipo I ou de contração lenta são vermelhas, pois apresentam alta concentração de mioglobina. Outras características desse tipo de fibra são o grande número de capilares e sua alta capacidade enzimática mitocontrial que associados ao alto teor de mioglobina fazem com que as fibras tipo I tenham uma grande capacidade de metabolismo aeróbico e alta resistência à fadiga (HALL, 2005). Essas fibras de contração lenta são encontradas em grande quantidade nos músculos posturais. Elas apresentam baixos tempos de contração e são adequadas para trabalhos prolongados de baixa intensidade (BANKOFF, 2007). Com já mencionado, as fibras do tipo II ou de contração rápida são subdivididas em fibras do tipo IIa e tipo IIb. As fibras do tipo IIa também apresentam coloração vermelha, pois possuem alto teor de mioglobina. Elas são consideradas fibras intermediarias entres as fibras tipo I e as tipo IIb, pois podem sustentar atividade por longos períodos ou podem contrair-se apenas com um disparo de força e com isso se fadigar (POWERS & HOWLEY, 2005). Já as fibras de contração rápida tipo IIb, são brancas devido a baixa concentração de mioglobina presente nessas fibras. Essas fibras proporcionam rápida produção de força e fadigam rapidamente (COHEN & ABDALLA, 2002). Segundo Powers e Howley (2005), as pessoas sedentárias apresentam em torno de 47% (quarenta e sete por cento) de fibras lentas. Acredita-se ainda que 27 os atletas de potência, como corredores de curta distância, apresentem grande quantidade de fibras rápidas e os atletas de resistência geralmente apresentam grande porcentagem de fibras lentas. 2.4 Tipos de Contração Muscular Basicamente a contração muscular é um processo complexo que envolve muitas proteínas celulares e sistemas de produção de energia. Seu resultado é o deslizamento da actina sobre a miosina provocando o encurtamento do músculo e conseqüentemente provocando tensão sobre ossos, tendões e ligamentos (POWERS & HOWLEY, 2005). Segundo Guirro & Guirro (2002), a contração muscular é dividida em isotônica, quando há movimento da articulação do segmento em questão, e isométrica, quando as articulações não são mobilizadas. A contração isotônica é dividida em concêntrica, quando ocorre aproximação entre origem e inserção muscular, e excêntrica, quando ocorre o afastamento entre a origem e a inserção do músculo. Em uma contração isométrica o músculo esta ativo, porém não há mudança visível ou externa na posição da articulação, ou seja, o músculo desenvolve tensão sem que ocorra seu encurtamento. Essa tensão desenvolvida pela musculatura faz com que o diâmetro do músculo aumente, por isso que fisiculturistas promovem contração isométrica para exibirem seus músculos em uma competição (HALL, 2005). A contração concêntrica é quando o músculo gera tensão ativamente provocando seu encurtamento, acarretando no movimento, geralmente contra a gravidade, de determinada articulação. Uma fibra muscular é capaz de encurtar-se cerca de metade do seu comprimento normal (BANKOFF, 2007). Já a contração excêntrica é quando o músculo que esta sendo estimulado se alonga para desenvolver tensão. Geralmente o movimento gerado por esse tipo de contra é a favor da gravidade. As contrações excêntricas também são usadas para diminuir a velocidade de um movimento (HALL, 2005). 28 Os três (3) tipos de contração são usados combinados e nunca isoladamente. Normalmente a contração isométrica estabiliza uma parte do corpo, enquanto as contrações excêntricas e concêntricas são utilizadas seqüencialmente para aumentar a armazenagem de energia e o desempenho muscular (BANKOFF, 2007). O tipo de contração muscular influencia no rendimento da potência do músculo. Dos três (3) tipos de contração muscular, a contração isotônica excêntrica produz maior rendimento de força e a contração isotônica concêntrica é a que produz a menor força, ficando a contração isométrica em posição intermediária (GUIRRO & GUIRRO, 2002). 2.5 Força Muscular Força muscular é a capacidade que o músculo tem produzir força e gerar tensão ativa. Essa força pode também ser definida como a força máxima produzida em uma contração voluntária única (SHARKEY, 2006). São muitos os fatores que afetam a força muscular, além de fatores neurológicos, metabólicos, endócrinos e psicológicos, outros fatores interferem na força muscular ou em uma contração voluntária máxima. Estes outros fatores são: tipos de fibra muscular, comprimentos do músculo no momento da contração, alavancagem do músculo, velocidade de contração, sexo e idade (SMITH, WEISS, LEHMKUHL, 1997). As fibras musculares podem ser de contração lenta ou de contração rápida. As fibras rápidas apresentam um maior potencial para o desenvolvimento de tensão, portanto, pessoas com uma quantidade maior de fibras de contração rápida têm uma predisposição maior para o desenvolvimento da força (BANKOFF, 2007). Evidências atuais indicam que os tipos de fibras musculares crescem mais com o treinamento de força, porém nas fibras de contração rápida este crescimento é pronunciado. Sabe-se então que o treino de força melhora a capacidade dos dois tipos de fibras musculares, porém não há provas de que o treino transforme um tipo de fibra em outro (SHARKEY, 2006). 29 Quanto o comprimento do músculo no momento da contração, sabe-se que o músculo quando estendido gera mais força, pois as proteínas contrateis apresentam um recuo elástico e um alinhamento favorável. Assim, o comprimento ideal para gerar tensão muscular é um levemente maior que o comprimento do músculo em repouso (BANKOFF, 2007). A alteração na alavancagem mecânica na amplitude do movimento articular é outra maneira que o músculo encontra para evitar a fraqueza em uma contração ativa (SMITH, WEISS, LEHMKUHL, 1997). Em uma posição neutra grande parte da força muscular é transmitida ao longo do comprimento do osso, porém conforme o segmento move-se por uma amplitude média do movimento articular, o ângulo de inserção aumenta e direciona mais força para mover o segmento. Conseqüentemente, iniciar um movimento a partir da posição estendida é mais difícil do que iniciar o movimento a partir de uma flexão na articulação (BANKOFF, 2007). Segundo o autor supracitado, as fibras musculares encurtam-se em uma velocidade específica ao mesmo tempo em que desenvolve força para mover um segmento ou peso. Durante o encurtamento os músculos criam uma força ativa que se iguala ao peso e que se ajusta, continuamente, à velocidade com que o sistema contrátil se move. Em situações de baixo peso, a força ativa é ajustada aumentando a velocidade de contração. Já em situações de pesos altos, a força ativa reduz a velocidade de encurtamento. Sabe-se que os homens são mais fortes que as mulheres e que em ambos os sexos a força muscular é ganha desde o nascimento até a adolescência, chegando ao seu máximo entre vinte (20) e trinta (30) anos e com o passar da idade começa a diminuir. Na adolescência a força muscular é aproximadamente igual em meninos e meninas, porém desta época em diante a força no sexo masculino passa a ser maior. Isto ocorre, pois a partir da puberdade a massa muscular dos homens torna-se em torno de cinqüenta por cento (50%) maior do que nas mulheres, assim como a razão entre a massa corporal magra e a massa corporal total (SMITH, WEISS, LEHMKUHL, 1997). . 30 2.6 Exercício Abdominal Para que possamos proporcionar o fortalecimento de um músculo, este deve ser imposto a uma sobrecarga, ou seja, trabalhar mais efetivamente. Normalmente, os músculos que fazem a flexão do tronco são fortalecidos através de exercícios em decúbito dorsal que realizem a flexão do tronco ou da coxa, de modo que esta musculatura trabalhe contra a gravidade. São os chamados exercícios abdominais (HAMILL & KNUTZEN, 2008). Os exercícios abdominais são indicados principalmente para reabilitação de lesões da coluna lombar. Porém, algumas formas de realização do movimento podem causar riscos de lesões à coluna lombar, pois provocam sobrecarga compressiva sobre esta região da coluna vertebral (NORRIS, 1998). Durante a realização de exercícios abdominais com as pernas estendidas, os músculos abdominais trabalham para flexionar o tronco até as escápulas saírem do solo, a partir desta angulação a flexão do tronco é realizada pelos músculos flexores do quadril. Desta forma, a musculatura flexora do quadril irá provocar um aumento na compressão e até mesmo arquear a coluna lombar. Porém ao flexionar os joelhos e o quadril a 90° a ação dos músculos flexores do quadril será inibida (NORRIS, 1998). Portanto, o melhor exercício abdominal para se trabalhar o músculo reto abdominal é o realizado com os joelhos e quadril flexionados, pois nesta posição a flexão da coluna é realizada principalmente por este músculo, já que a ação da musculatura flexora do quadril encontra-se bloqueada (HAMILL & KNUTZEN, 2008). 2.7 Sedentarismo X Atividade Física As práticas da atividade física associada à saúde e ao bem-estar apresentam vários benefícios, assim o sedentarismo apresenta riscos predisponentes ao aparecimento e ao desenvolvimento de disfunções orgânicas relacionados (GUEDES, 2001). 31 O sedentarismo é um estilo de vida em que o indivíduo apresente um mínimo de atividade física com um gasto energético menor que 500 kcal por semana. Sendo que para uma pessoa ser considerada moderadamente ativa, ela deve fazer atividades físicas que consumam um gasto energético semanal de no mínimo 1.000 kcal. Estudos mostram que níveis moderados de atividade física podem reduzir significativamente o risco de desenvolver várias doenças, em especial as cardiovasculares. Portanto, adicionar apenas atividade física regular a indivíduos com estilo de vida sedentário já proporciona melhoras substanciais na saúde (NAHAS, 2003). Em um exercício físico realizado por aproximadamente quarenta (40) minutos a freqüência respiratória aumenta quase três (3) vezes mais do que a freqüência em repouso e a quantidade de ar que entra nos pulmões passa a ser vinte (20) vezes maior. Ocorre também o aumento da freqüência cardíaca, do volume de sangue bombeado pelo coração e do consumo de oxigênio pelos músculos que estão trabalhando. Essas alterações imediatas das funções orgânicas caudas pelo exercício físico são conhecidas como respostas agudas ao exercício e somem logo após o termino do mesmo. Porém, se os exercícios forem realizados quase que diariamente e por várias semanas, as condições orgânicas começam a se modificar tanto durante o exercício quanto durante o repouso (NIEMAN, 1999). 2.8 Corrente Russa A estimulação elétrica neuromuscular (EENM) é a utilização da corrente elétrica para provocar uma contração muscular e com isso proporcionar fortalecimento e hipertrofia da musculatura (GUIRRO & GUIRRO, 2002). A Corrente Russa, denominada também de Corrente de Kots ou Eletroestimulação Russa, faz parte das EENM e passou a ser conhecida nos anos setenta (70), quando os resultados dos estudos desenvolvidos pelo médico Yakov Kots foram apresentados. Ele defendia a idéia de que contração muscular provocada pela eletroestimulação recrutava mais unidades motoras e com isso o músculo poderia se contrair na sua capacidade máxima, de modo que sessões repetidas de eletroestimulação proporcionariam o fortalecimento muscular. Kots 32 utilizou protocolos de eletroestimulação como um método paralelo ao treinamento dos atletas da delegação russa que participaram das Olimpíadas de Montreal. Ao final do estudo Yakov kots concluiu que a corrente russa é capaz de produzir um aumente de 30 a 40% da força muscular em comparação a contração voluntária máxima do músculo (AGNE, 2005). Segundo o autor supracitado, os parâmetros encontrados na EENM são: duração e forma dos impulsos, freqüência dos impulsos e fases da eletroestimulação. A duração do impulso para proporcionar uma estimulação das fibras motoras deve variar de 150 a 500µs, de modo que para se obter uma boa contração muscular devem-se usar altas intensidades. A freqüência dos impulsos é o principal parâmetro que deve ser ajustado em uma eletroestimulação. As baixas freqüências, de 5 a 10Hz promovem vibração muscular, sendo bastante útil para aquecimentos musculares. Já para se obter uma boa contração muscular devemos usar uma freqüência de, em média, 50Hz (ROBERTO, 2006). Tanto a eletroestimulação quanto a contração voluntária são compostas por duas fases, a fase on e a fase off. A fase on é a fase de contração propriamente dita, já a fase off é a fase de repouso ou pausa da contração e ocorre após a fase on e seu tempo deverá ser igual ou superior ao tempo de contração. Porém na contração provocada pela eletroestimulação encontramos também outras duas fases, a rampa de subida e a rampa de descida. A rampa de subida ocorre entre o relaxamento e a fase on e apresenta um tempo que varia de 0,5 a 2 segundos. Já a rampa de descida ocorre entre o tempo on e off e seu tempo é o mesmo que o da rampa de descida (AGNE, 2005). Segundo o mesmo autor, outra fase que ocorre tanto na contração voluntária quanto na eletroestimulação é o tempo de repouso. Esta fase ocorre, pois durante a contração muscular há uma diminuição da vascularização capilar provocada pela compressão da musculatura. Dependendo do grau da contração, pode ocorrer até mesmo a interrupção temporária do fluxo sanguíneo e caso esta interrupção persista, pode-se levar a um quadro isquêmico. Com a fase de repouso o quadro de insuficiência circulatória deve ser revertido, pois esta fase favorece o retorno do fluxo de O2 e o incremento do metabolismo. Na EENM o impulso elétrico é transferido para a musculatura através de eletrodos de borracha siliconada e autoadesivos posicionados nos pontos motores 33 da musculatura a ser trabalhada. No mínimo dois eletrodos são necessários para completar um circuito elétrico e levar a corrente do gerador até o tecido (ROBERTO, 2006). 2.9 Eletromiografia A EMG constitui-se de um (1) sinal bioelétrico resultante de potenciais de ação das mais diversas fibras musculares do corpo humano, que ocorrem antes de sua contração (CARVALHO, 2001). Essa é uma técnica que monitora a atividade elétrica das membranas excitáveis, que representam a medida dos potenciais de ação do sarcolema, como efeito de voltagem em função do tempo (MARCHETTI & DUARTE, 2006). Os usuários mais comuns na utilização da EMG como método de avaliação da função e disfunção do sistema neuromuscular são os fisioterapeutas. Nos estudos que envolvem respostas musculares, frente a exercícios terapêuticos comumente utilizados nos processos de reabilitação, a EMG cinésiológica tem sido muito utilizada em relação ao início e término da atividade, tipo de contração muscular e até mesmo posição articular. Com isso, a EMG se tornou um meio científico para verificar se as metas terapêuticas estão sendo alcançadas (CARVALHO, 2001). A contração muscular e a produção de forças são provocadas pela mudança relativa de várias moléculas ou filamentos no interior do músculo. O deslizamento dos filamentos é provocado por um fenômeno elétrico conhecido como potencial de ação (AÑEZ, 2000 apud ANDRIOLI, 2008). Dessa forma, um impulso nervoso constitui-se de um potencial de ação transmitido ao longo de uma fibra nervosa, enquanto detectável através de eletrodos sobre a pele (superficiais) ou por eletrodos de agulha (intramusculares) inseridos no músculo, sendo que, em ambos os casos, o distúrbio elétrico registrado, nada mais é, do que a soma dos potenciais de ação produzidos por todas as fibras musculares ativadas na realização movimento e/ou contração muscular (TORRIANI, 2003). 34 O sinal eletromiográfico que é captado através do corpo humano é um sinal analógico que deve ser convertido para um sinal digital, para que a partir disto, o mesmo possa ser registrado pelo computador (MARCHETTI & DUARTE, 2006). Para esta captação do sinal eletromiográfico se faz necessário o uso de eletrodos, sejam eles de superfície ou intramusculares (MALTA et. al., 2006). A função do eletrodo é monitorar o sinal EMG convertendo a corrente bioelétrica (energia iônica) em uma corrente formada por elétrons (FORTI, 2005). Os eletrodos podem ser dispostos sobre o músculo que se deseja avaliar nos modos monopolar ou bipolar. No modo monopolar, o eletrodo é colocado sobre a fonte de sinal. Em contrapartida, o bipolar tem dois eletrodos sobre a fonte de sinal e o resultado é a diferença entre os sinais detectados pelos eletrodos (ENOKA, 2000). Os eletrodos de superfície, mais comumente usados, podem ser ativos ou passivos. Os passivos são sistemas simples que têm como constituição a área de captação, cabo e o pino conector; enquanto os ativos são sistemas mais complexos, com dispositivos eletrônicos que excluem sinais comuns por diferenciação e ampliam o sinal próximo de sua origem, reduzindo os ruídos ambientes e a interferência causada pela movimentação dos cabos (FORTI, 2005). Os eletrodos geralmente utilizados são os passivos, que não possuem amplificação direta nos eletrodos, isto possibilita a detecção apenas do sinal EMG, enquanto que em movimentos mais dinâmicos, onde ocorre movimentação dos cabos com produção de ruídos externos, faz-se interessante a utilização de eletrodos ativos, que realizam a amplificação dos sinais captados antes de enviá-los ao condicionador (MARCHETTI & DUARTE, 2006) Em se tratando de qualidade na aquisição do sinal EMG, faz-se necessário algumas precauções antes da utilização do método de avaliação muscular tais como: limpeza da pele, remoção de pêlos (tricotomia) e leve abrasão para remoção de células mortas, sendo todos estes cuidados relacionados à diminuição da impedância pele/eletrodo (HERMENS et. al., 2000 apud MARCHETTI & DUARTE, 2006). 35 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Classificação do Estudo Conforme Luciano (2001), esta pesquisa é de natureza básica. Em relação ao problema é caracterizada como qualitativa e quantitativa. Quanto ao objeto de pesquisa, enquadra-se como sendo de caráter exploratório e descritiva. Como procedimentos técnicos a mesma encontra-se como sendo bibliográfica, estudo de caso, levantamento e ação. 3.2 Caracterização da Amostra Para a presente pesquisa, foi estabelecido como tipo de amostragem acadêmicos da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Como critérios de inclusão no estudo escolheram-se as acadêmicas do curso de Fisioterapia da UNESC, com faixa etária entre vinte (20) a vinte e cinco (25) anos, do sexo feminino, sedentárias, independente de raça. Como critérios de exclusão estão: estar fora da idade limite; ser portador de alguma lesão de coluna vertebral; ser atleta amador e/ou de ponta; estar fora do índice de massa corpórea (IMC) referente à sua idade; e compor um total de três (3) faltas para cada participante. Na amostra foram incluídos os participantes que estavam dentro dos requisitos impostos pelos critérios de inclusão e exclusão, totalizando um N=12, sendo que os mesmos foram divididos, em quantidades uniformes, em três grupos: Corrente Russa (CR), Corrente Russa associada a Exercícios (CR+E) e Grupo Controle (C). No grupo CR foram incluídos os participantes que foram expostos a um protocolo de Eletroestimulação Neuromuscular através da Corrente Russa. No grupo CR+Exercícios os participantes foram expostos ao mesmo protocolo de Eletroestimulação Neuromuscular através da Corrente Russa, porém associado a 36 um protocolo de exercícios abdominais. E por fim, no Grupo C, foram incluídos os participantes que serviram como o Grupo Controle. Nos três (3) grupos, foram observados os sinais elétricos da musculatura do reto abdominal através de uma coleta eletromiográfica pré e pós-aplicação dos protocolos, além da circunferência e adipometria da região abdominal, também pré e pós-aplicação dos protocolos propostos. 3.3 Instrumentos e Materiais de Pesquisa Como instrumentos e materiais de pesquisa foram utilizados uma avaliação cinésio-funcional (APÊNDICE A), esta validada por professores com experiência no assunto pesquisado (APÊNDICE B), um eletromiógrafo da marca EMG System do Brasil, um aparelho de Corrente Russa da marca Ibramed, e dois protocolos, sendo um somente de corrente russa (APÊNDICE C) e outro associando a corrente russa a exercícios abdominais (APÊNDICE D). Na ficha de avaliação consta: anamnese, inspeção, palpação, perimetria, goniometria, adipometria, teste de encurtamento muscular, testes de força muscular, testes específicos e exames complementares. A mesma serviu para uma avaliação prévia da coluna vertebral e região abdominal, para a realização dos protocolos, bem como para incluir e/ou excluir os possíveis participantes da pesquisa. A análise eletromiográfica foi obtida através do eletromiógrafo da marca EMG System do Brasil com conversor Analógico-Digital CAD 12/32 de oito canais e com um ganho de sinal de 1000 vezes, filtro de 500 Hz (passa baixa) e filtro de 20 Hz (passa alta), freqüência de amostragem de 1000 Hz, software de aquisição de dados AQD5, sendo a técnica bipolar com eletrodos de superfície auto-adesivos (Meditrace) utilizados para a captação dos sinais, sendo que, antecedendo a colocação dos eletrodos na pele, a mesma passou por um processo de tricotomia, quando necessário, e higienização da área com algodão embebido em álcool a 70%, permitindo boa aderência dos eletrodos à pele e assim, uma melhor fidedignidade dos resultados eletromiográficos. Esta análise foi realizada antes e após aplicação dos protocolos da pesquisa para todos os grupos (Grupo CR, Grupo CR+Exercícios e Grupo C). 37 A aplicação do protocolo de corrente russa foi obtida através do aparelho Neurodyn, com dez (10) canais, da marca Imbramed. O protocolo de corrente russa que foi utilizado apresentou primeiramente parâmetros para realização de um aquecimento muscular e logo após parâmetros para fortalecimento da musculatura. Na fase de aquecimento os parâmetros utilizados foram: impulsos com duração de 200µs; freqüência de 10Hz; tempo on de oito (8) segundos; tempo off de dez (10) segundos e tempo total de cinco (5) minutos. Quanto à fase de fortalecimento muscular, os parâmetros utilizados foram: impulsos de 300µs; freqüência de 50Hz; tempo on de oito (8) segundos; tempo off de dez (10) segundos e tempo total de quinze (15) minutos. Em ambas as fases do protocolo de corrente russa (aquecimento e fortalecimento) a intensidade aplicada a cada indivíduo foi estabelecida respeitando a sensibilidade de cada participante. Os eletrodos utilizados foram de borracha siliconada e estavam dispostos sobre os pontos motores do músculo reto abdominal bilateralmente. O protocolo de corrente russa associada a exercícios constou do programa de corrente russa, já explanado no protocolo acima, acrescentado de cinco (5) exercícios abdominais: 1 – Meio rolamento na bola (Half-roll back); 2 – Rolamento (Roll over); 3 – Contração Isométrica; 4 – Abdominais com a perna sobre a bola; 5 – Abdominais com pés apoiados no solo. Ambos os protocolos serviram para proporcionar a análise eletromiográfica do músculo reto abdominal, circunferência e adipometria da região abdominal pré e pós-aplicação dos mesmos. 3.4 Procedimentos para Coleta de Dados O estudo foi realizado no laboratório de biomecânica da Clínica de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, no período de junho a julho de 2009, sendo que o mesmo foi aplicado três vezes na semana (segunda, quarta e sexta-feira) no horário das 17h30min às 19h30min, até completarem dez (10) sessões para cada participante da amostra. 38 Inicialmente, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UNESC, para adequação dos aspectos éticos propostos no estudo, sendo este aprovado pelo mesmo com o protocolo de número 52/2009 (ANEXO I). Posteriormente a aprovação do CEP, foi realizado um contato junto ao coordenador da Clínica de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), apresentando o projeto a ser desenvolvido e, conseqüentemente, a autorização para realização da pesquisa (ANEXO II). Os participantes foram selecionados mediante entrevista de critérios de inclusão e exclusão para a realização da pesquisa. Realizada esta primeira etapa, foi feito, após, a distribuição dos participantes que foram submetidos ao estudo, e agendado uma reunião com os mesmos, no qual foram expostas as características da pesquisa a ser realizada, a freqüência de aplicação do estudo, como seriam realizados os protocolos propostos e feito a leitura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO III) para que o mesmo fosse assinado pelos participantes da pesquisa. Em seguida foi realizada uma avaliação cinésio-funcional, constando dados pessoais, anamnese, exame físico e testes especiais. Após a realização da mesma, foram agendadas as datas de aplicação dos protocolos de pesquisa, que foram acompanhados de uma análise eletromiográfica pré e pós-aplicação dos mesmos, bem como a análise da circunferência e adipometria da região abdominal pré e pós-aplicação dos protocolos, conforme relatado no item 3.3. Durante a análise eletromiográfica os participantes tiveram tempo proposto de oito (8) segundos para realizar um exercício abdominal, até as escapulas saírem do solo, e manter nessa posição até terminar os oito (8) segundos. Os exercícios do protocolo de corrente russa associada a exercícios foram realizados com cinco (5) repetições para cada exercício durante a aplicação da corrente russa, sendo que esses e o protocolo apenas de corrente russa iniciaram um (1) dia após a análise eletromiográfica pré-protocolo. No dia seguinte após completarem dez (10) sessões iniciou-se a análise eletromiográfica pósprotocolo. As coletas eletromiográficas iniciais dos participantes ocorreram no período de 03 à 08 de junho de 2009, enquanto que as coletas finais ocorreram no período de 02 à 08 julho de 2009, sendo todas, realizadas pela mesma pessoa, no caso o autor da presente pesquisa. 39 3.5 Procedimento para Análise de Dados Os dados foram expressos em média e desvio padrão e analisados estatisticamente pelo teste t de Student. O nível de significância estabelecido para o teste estatístico é de p<0,05. Foi utilizado o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 16.0 como pacote estatístico (comparação antes e depois). Ainda referente à análise estatística dos dados foi realizada a análise dos mesmos através do programa estatístico odds ratio com intervalo de confiança de 95%. O nível de significância estabelecido para este teste estatístico, também é de p<0,05. Os dados obtidos estão organizados através de gráficos elaborados através do programa de computador Graphpad. Os mesmos foram analisados e discutidos pelo autor, que na seqüência do capítulo, elaborou suas conclusões que estão acompanhadas das referências, anexos e apêndices. 40 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS O estudo transcorreu com doze (12) participantes como amostra, sendo esses divididos em três (3) grupos (Corrente russa - CR, Corrente russa com exercícios - CR+Exercícios, e Controle – C). O Grupo Controle (C) foi formado por quatro (4) participantes, assim como o Grupo da Corrente Russa (CR) e o Grupo da Corrente Russa com Exercícios (CR+Exercícios) que também foram formados por quatro (4) participantes em cada grupo, sendo que não ocorreram desistências. Os mesmos eram todos do sexo feminino com média de idade de 21,1±1,26 anos, sendo que todos os participantes eram da raça branca (100%), apresentando IMC com média de 20,7±1,49. Todos os participantes foram submetidos a uma coleta EMG pré e pósaplicação dos protocolos do estudo, sendo que o Grupo Controle realizou apenas as análises EMG no mesmo período dos participantes dos Grupos CR e CR+Exercícios. O estudo foi aplicado de maneira que os participantes realizassem dez (10) sessões, sendo estas dispostas três (3) vezes na semana no período entre junho e julho de 2009. 4.1 Comparação das variações positivas da atividade elétrica muscular entre os grupos C, CR e CR+Exercícios. Neste item da discussão, apresenta-se a Figura 1, na qual aparecem as variações positivas do músculo reto abdominal, distribuídos nos Grupos Controle (C), Corrente Russa (CR) e Corrente Russa associada a Exercícios (CR+Exercícios), sendo este último o único que apresentou valores com significância estatística. 41 Figura 1 - Variações positivas da atividade elétrica muscular. Para cada grupo estudado, existiam doze (12) possibilidades de aumento da atividade elétrica muscular, pois cada grupo possuía um total de quatro (4) participantes sendo que a análise EMG foi realizada nas três (3) porções do músculo reto abdominal (superior, média e inferior) totalizando seis (6) coletas por participante, sendo estas três (3) iniciais e três (3) finais para efeito comparativo dos resultados encontrados. A figura mostra que das doze (12) possibilidades de aumento da atividade elétrica muscular por Grupo, os mesmos obtiveram resultados distintos, tendo o Grupo Controle (C) apresentado, ao final do estudo, um aumento em quatro (4) de doze (12) possibilidades; o Grupo da Corrente Russa (CR) apresentou um aumento em oito (8) de doze (12) possibilidades enquanto o Grupo Corrente Russa + Exercícios (CR+Exercícios) apresentou um aumento em dez (10) de doze (12) possibilidades mostrando-se o Grupo que obteve maior efetividade para o aumento da atividade elétrica muscular das fibras (superiores, médias e inferiores) do músculo reto abdominal. O presente estudo se equipara com os resultados obtidos por Orlandi (2005), onde o mesmo evidenciou aumento da força muscular do músculo glúteo máximo em dois (2) dos três (3) grupos analisados, sendo que os grupos que obtiveram este aumento foram os que realizaram exercícios ativos resistidos associados à corrente russa, bem como o grupo que realizou somente corrente russa, sendo o segundo menos efetivo do que o primeiro. Ainda neste estudo o 42 terceiro grupo analisado, que realizou apenas exercícios ativos resistidos, apresentou pequena variação nos valores da força muscular. O principal fator responsável pelos significativos ganhos de força, observados na associação de Corrente Russa ao treinamento de contração voluntária da musculatura analisada, em indivíduos saudáveis, refere-se à capacidade para um maior recrutamento de unidades motoras (NELSON; HAYER; CURRIER, 2003 apud ORLANDI, 2005). Ainda em outro estudo (BRIEL, PINHEIRO e LOPEZ, 2003), foi possível evidenciar um ganho satisfatório de força e trofismo muscular associando a estimulação elétrica por corrente russa a contração voluntária ativa. As evidências encontradas nestes estudos mostram uma evolução na aplicação da corrente russa como forma de aumentar a força muscular (atividade elétrica do músculo) em comparação ao estudo realizado em 1989 por Selkowitz, onde o mesmo observou aumento da força muscular usando o protocolo de corrente russa, e concluiu que havia evidências convincentes de que a força muscular poderia ser aumentada, mas havia poucas evidências de que esta força seria melhor do que aquelas produzidas por exercícios voluntários, ou a combinação do exercício voluntário associado à eletroestimulação neuromuscular (ALIOTO et. al., 2007). Segundo Abdalla (2003 apud ALIOTO et. al., 2007), a estimulação elétrica não substitui satisfatoriamente a atividade voluntária, porém muitos estudos têm demonstrado que a estimulação elétrica, ou a estimulação combinada com exercícios voluntários, levam a ganhos de força similares ou, em alguns casos, até maiores, que aqueles obtidos apenas com exercício voluntário. Dos resultados dispostos por Grupo, os mesmos apresentaram diferenciação na disposição dos mesmos, sendo que o Grupo Controle (C) das doze (12) possibilidades de aumento na ativação muscular duas (2) possibilidades foram em fibras superiores, uma (1) em fibras médias e uma (1) em fibras inferiores; o Grupo da Corrente Russa apresentou um aumento da ativação muscular em oito (8) das doze (12) possibilidades sendo duas (2) em fibras superiores, três (3) em fibras médias assim como nas fibras inferiores; e no Grupo Corrente Russa e Exercícios, como sendo o mais efetivo, só não mostrou aumento nas fibras superiores em duas (2) participantes, tendo as demais fibras trabalhado uniformemente. A Corrente Russa tem base na descoberta da cientista Janda (1979 apud BRIEL, PINHEIRO e LOPEZ, 2003), a qual observou o comportamento clínico da 43 musculatura esquelética classificando sua composição em dois (2) tipos de fibras: fásicas (brancas) e tônicas (vermelhas), sendo as primeiras de velocidade e as segundas de resistência. De acordo com Matsudo (1997, apud SILVA et. al., 2007), a contração muscular voluntária recruta inicialmente as fibras musculares tônicas, enquanto que EENM promove uma inversão, recrutando primeiramente as fibras musculares fásicas que são mais superficiais, estando mais próximas aos eletrodos. Essa teoria de Matsudo, também é confirmada por Zatsiorsky (1999), demonstrando que em teoria a EENM apresenta vantagem em relação a contração muscular voluntária. Portanto, durante a EENM apresenta-se sequencialmente a estimulação das fibras de menor impedância (brancas), depois as fibras de maior impedância (vermelhas), e em seguida ocorrerá um recrutamento sincrônico, onde algumas unidades motoras do músculo contraem-se enquanto outras relaxam, a fim de se evitar a fadiga muscular precoce, permitindo maior número de repetições que proporcionará maior carga e consequente aumento da massa muscular (WEINECK, 1991). Para alcançar-se esta contração muscular seqüencial e ao mesmo tempo oferecer uma agradabilidade ao indivíduo submetido a esta EENM, Selkowitz (1989, apud ELIOTO et. al., 2007), recomenda o uso de uma freqüência de 2500Hz, modulada a 50Hz. No presente estudo, para calibração do aparelho de corrente russa, utilizou-se como protocolo de estimulação uma freqüência portadora de 2500Hz, freqüência modulada de 50Hz, tempo de subida e descida de quatro (4) segundos, tempo de contração de oito (8) segundos e repouso de dez (10) segundos, perfazendo um total de quinze (15) minutos de estimulação e uma média de intensidade de 25 mA, determinada de acordo com a tolerância de cada participante. Quanto ao número de sessões Currier et. al.(1979, apud BRIEL, PINHEIRO e LOPES, 2003), observaram um ganho de força significativo em dez (10) sessões, porém outros pesquisadores encontraram aumento significativo entre doze (12) e vinte e cinco (25) sessões (DELLITO et. al., 1988; MOHR et. al., 1885 apud BRIEL, PINHEIRO e LOPES, 2003). Neste estudo pode-se observar um aumento da força muscular do músculo reto abdominal em apenas dez (10) sessões, com significância maior no grupo de Corrente Russa associada a exercícios abdominais. 44 Grillo e Simões (2003), em suas pesquisas puderam concluir que os dados encontrados nas literaturas apresentam grandes divergências em função dos vários protocolos utilizados nos programas de EENM, pois a freqüência, a intensidade e a relação entre tempo on e tempo off podem influenciar nos diferentes resultados encontrados nas mais diversas pesquisas realizadas com a utilização da estimulação através da Corrente Russa. 4.2 Perimetria do músculo reto abdominal Abaixo encontram-se as figuras 2, 3 e 4 que apresentam as médias iniciais e finais da perimetria da região abdominal separadas por grupo (C, CR, CR+ exercícios). As médias foram calculadas mediante aos valores obtidos no início e final do estudo, respectivamente. A figura 2 mostra a comparação entre as médias iniciais e finais da porção superior do músculo reto abdominal, bem como o desvio padrão das médias apresentadas pelos três (3) Grupos. Figura 2 - Perimetria da porção superior do músculo reto abdominal 45 Nesta figura é possível visualizar uma diminuição dos valores da perimetria da porção superior do músculo reto abdominal nos três (3) grupos analisados. No Grupo CR todos os participantes obtiveram diminuição dos valores da perimetria. Já no Grupo CR+Exercícios dois (2) participantes tiveram aumento da perimetria abdominal, enquanto que no grupo controle apenas um (1) participante apresentou aumento da perimetria abdominal. Na Figura 3 temos a comparação entre as médias iniciais e finais da porção média do músculo reto abdominal, bem como o desvio padrão das médias apresentadas pelos três (3) Grupos. Figura 3 - Perimetria da porção média do músculo reto abdominal. Nesta figura podemos visualizar que apenas no Grupo da Corrente Russa ocorreu aumento da média dos valores da perimetria da porção média do músculo reto abdominal. No Grupo citado acima, houve diminuição da perimetria abdominal apenas em um (1) participante, sendo que no Grupo CR+Exercícios, houve aumento da perimetria em dois (2) participantes e no Grupo Controle, apenas um apresentou aumento da perimetria. 46 A figura 4 mostra a comparação entre as médias iniciais e finais da porção inferior do músculo reto abdominal, bem como o desvio padrão das médias apresentadas pelos três (3) Grupos. Figura 4 - Perimetria da porção inferior do músculo reto abdominal. Nesta figura podemos visualizar que apenas no Grupo da Corrente Russa ocorreu aumento na média dos valores da perimetria da porção inferior do músculo reto abdominal, sendo que os demais grupos apresentaram diminuição entre as médias, de modo que no CR+Exercícios a diminuição foi menor que um (1) centímetro. Nos Grupo CR todos os participantes obtiveram aumento da perimetria abdominal, enquanto que no Grupo CR+exercícios dois (2) partipantes apresentaram o mesmo aumento e ,ainda no Grupo Controle, apenas um (1) participante não obteve aumento da perimetria abdominal. Baseando-se nos resultados das figuras 2, 3 e 4, pode-se analisar que após aplicação do estudo os participantes de cada grupo estudado obtiveram maior diminuição das médias dos valores de perimetria abdominal ao invés de um aumento da mesma. De acordo Williams (1976 apud BRIEL, PINHEIRO e LOPES, 2003), em uma estimulação elétrica o primeiro resultado obtido é o ganho do trofismo muscular e as alterações de força não são significantes. Porém após algumas aplicações o 47 aumento do trofismo torna-se mais lento e os resultados se concentram no aumento da força muscular. Ainda, conforme PARADA (1995 apud BRIEL, PINHEIRO e LOPES, 2003), em um estudo do efeito da EENM no grupo muscular extensor do quadril que sofreu hipotrofia por imobilização funcional, evidenciou aumento do trofismo muscular em 3,5 centímetros após dez (10) sessões de aplicação. Estes estudos vão contra os resultados obtidos nesta pesquisa, pois a mesma apresentou diminuição da perimetria abdominal o que sugere que não houve aumento da massa muscular após aplicação das dez (10) sessões dos protocolos de pesquisa, porém, como já descrito no item anterior deste capítulo, o quesito força muscular obteve aumento nos grupos de pesquisa e de forma mais significativa no Grupo CR+Exercícios. Entretanto, Evangelista et. al.(2003), em um estudo comparativo do uso da EENM associada a atividade física na musculatura abdominal, evidenciou uma diminuição da perimetria abdominal devido ao encurtamento do músculo reto abdominal em sua dimensão longitudinal, de forma mais significativa quando associado Corrente Russa e Exercícios Físicos. Este resultado pode vir a explicar a maior diminuição das médias dos valores da perimetria abdominal encontradas neste estudo. 4.3 Percentual de Gordura mensurado através da adipometria A Figura 5 traz o resultado das médias iniciais e finais, da comparação entre os grupos, do percentual de gordura da dobra cutânea abdomial mensurado segundo Guirro e Guirro (2003). 48 Figura 5 - Percentual de Gordura da dobra cutânea abdominal. Nesta figura podemos evidenciar uma diminuição do percentual de gordura da dobra cutânea abdominal após a aplicação do protocolo de pesquisa nos grupos CR e CR+Exercícios, bem como no Grupo Controle. Esta diminuição obteve uma variação de 1% (CR+Exercícios) a 2% (C e CR). Grillo e Simões (2003) em seus estudos encontraram aumento do percentual de gordura após aplicação da eletroestimulação com corrente russa tanto com exercícios ativos com carga (12,2%), bem como com a própria eletroestimulação (4,4%), esta sendo menos significativa e basearam seus achados em Krotkiewski, Antasson, Grimby, Björntorp e Sjöström (citado por COSTA, 1998), que relatam nenhuma redução local de gordura e nenhum esvaziamento de depósitos de gordura nas áreas de músculos que estavam sendo exercitados. Já em outro estudo recente, Orlandi (2005), analisou três (3) grupos divididos em corrente russa e exercícios (A); somente corrente russa (B); e outro somente com exercícios (C), encontrando diminuição do percentual de gordura nos três (3) grupos demonstrando a mesma efetividade entre eles, porém os grupos B e C se sobrepuseram ao tratamento do grupo A. Segundo Roberto (2006), ainda não há uma comprovação científica de que ocorra diminuição do tecido adiposo durante ou após eletroestimulação. Porém, sabe-se que a eletroestimulação provoca a contração muscular de modo que o 49 músculo a ser estimulado impõe um gasto energético, sendo que a gordura poderá ser usada como fonte energética. Outros estudos comprovam que a eletroestimulação não interfere apenas no fortalecimento muscular, mas influencia também no tecido adiposo, pois a fibra muscular adapta-se a função conforme o músculo é utilizado, o que provocará um aumento temporário do metabolismo muscular, e maior consumo de energia, tornando-se, portanto, um recurso coadjuvante para diminuição do percentual de gordura (EVANGELISTA et. al., 2003). 50 5 CONCLUSÃO Com base nos resultados encontrados nesta pesquisa permitiu-se constatar que: a) Ao final da pesquisa constatou-se, através da análise eletromiográfica pré e pósaplicação dos protocolos de pesquisa, que o grupo que realizou o protocolo de Corrente Russa associada a exercícios abdominais foi o que produziu maior ativação elétrica da musculatura do músculo reto abdominal, sendo esta com significância estatística. Constata-se ainda que a EENM é um recurso importantíssimo nos protocolos de reabilitação, principalmente quando o exercício ativo resistido está contra-indicado, porém quando utilizada isoladamente deixa a desejar, sendo necessária a complementação com exercícios ativos. b) Após a realização da presente pesquisa ficou evidente a importância da EENM não somente para mulheres sedentárias, que eram o foco da pesquisa, mas também para todo tipo de população. Com base nas literaturas e também nos diversos estudos consultados, incluindo o presente estudo, fica claro que a EENM pode ser de grande utilidade atuando em áreas como disfunções estéticas, como a flacidez e gordura localizada, melhora do fortalecimento muscular atuando tanto em fibras brancas quanto as vermelhas, melhora do tônus e do trofismo muscular e ainda, se tratando de mulheres sedentárias, atuando também no pós-parto, no pósemagrecimento e na pré e pós-lipoaspiração. c) Ao final do presente estudo, o mesmo demonstrou uma diminuição do percentual de gordura em todos os grupos, porém o mesmo não teve resultados significativos, necessitando de mais estudos que comprovem a real efetividade da eletroestimulação para a diminuição do percentual de gordura. Portanto, ao final deste, acredita-se que todos os objetivos elucidados no estudo foram alcançados, sendo importante ressaltar a qualidade em se utilizar a associação da corrente russa a cinesioterapia, pois a mesma levou aos melhores resultados da pesquisa, evidenciando que a corrente russa sozinha pode iniciar um 51 trabalho de reforço muscular, mas ao associar ao exercício ativo a mesma mostra-se mais eficiente e os resultados tornam-se mais satisfatórios. Ainda torna-se imprescindível ressaltar a importância da utilização da EMG no presente estudo, pois com a mesma foi possível avaliar a ativação elétrica do músculo reto abdominal (porção superior, média e inferior), proporcionando resultados mais visíveis na obtenção do ganho de força muscular ao aplicar os protocolos de pesquisa. Por fim, sugere-se a continuidade do presente estudo, porém com uma amostragem maior, para que os futuros resultados possam ser ainda mais satisfatórios, melhorando assim a qualidade de aplicação da Corrente Russa para seus devidos fins. 52 REFERÊNCIAS AGNE, Jones E. Eletrotermoterapia, teoria e prática. Santa Maria, RS: Orium, 2005. ALIOTO, O. E.; PEREIRA, B. S.; FERRANTE, A. P. O.; SANTOS, N. C. S.; GONÇALVES, P. Z.; NETO, L. F. M. Avaliação do aumento de força muscular com o uso de exercícios de cadeia cinética fechada e eletroestimulação em indivíduos portadores de condromalácia patelar utilizando a eletromiografia (EMG). In: VII ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PÓS-GRADUAÇÃO, 2007, São José dos Campos. VII ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PÓSGRADUAÇÃO, 2007. ANDRIOLI, I. B. Análise eletromiográfica da funcionalidade dos músculos do manguito rotador na execução de exercícios em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF). 2008. 90 f. 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Após esclarecido(a) sobre as mesmas, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que se apresentará em duas vias. Uma delas é sua e a outra do pesquisador responsável. É importante ressaltar que, você não sofrerá qualquer tipo de penalização caso não aceite participar da pesquisa. Informações sobre a pesquisa Título: Análise do músculo reto abdominal pré e pós aplicação de um protocolo de corrente russa associado ou não a exercícios abdominais em mulheres sedentárias. Acadêmica Responsável: Andressa Dalló Martins Orientador: Prof° Adriano Borges Polizelli Telefones para Contato: (48) 96099291/ (48) 99619915 63 Esta pesquisa está sendo desenvolvida com o objetivo de analisar, através da eletromiografia, a ativação elétrica do músculo reto abdominal, em mulheres sedentárias, antes e após aplicação de um protocolo de corrente russa associada a exercícios e outro utilizando apenas a corrente russa. A realização deste estudo faz-se necessário, para analisar o ganho de força ao unir eletroterapia e cinesioterapia e também para verificar a eficácia da corrente russa no fortalecimento muscular. Serão realizados como procedimentos para o desenvolvimento do estudo, análises eletromiográficas inicial e final, sendo estas aplicadas, respectivamente, pré e pós aplicação de dois protocolos sendo um apenas com corrente russa e outro com corrente russa associada a exercícios abdominais, bem como avaliações cinésiológica-funcionais dos indivíduos participantes, adipometria da região abdominal pré e pós-aplicação dos protocolos e imagens fotográficas da região abdominal. As imagens serão utilizadas apenas na pesquisa, tendo a identidade dos participantes preservada. Não será realizado nenhum procedimento que traga riscos ou desconfortos à sua saúde. Pelo contrário, espera-se com a realização deste trabalho elaborar a análise eletromiográfica do músculo reto abdominal para se tentar a comprovação de qual maneira se torna mais eficaz para o ganho de força muscular, isto é, utilizando apenas a corrente russa ou associando a mesma a exercícios abdominais. Você poderá ter todas as informações esclarecidas e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem qualquer prejuízo. Não será de sua responsabilidade qualquer despesa gasta no estudo, porém, torna-se clara a evidência de que você não receberá qualquer valor em dinheiro pela participação na pesquisa. Se você estiver de acordo em participar, posso garantir que as informações fornecidas serão confidenciais e só serão utilizadas neste trabalho, sendo que seu nome não aparecerá a qualquer momento no estudo. Eu,_________________________________________________________________ ____________________________________,RG/CPFnº______________________ 64 abaixo assinado, concordo em participar do estudo “Análise do músculo reto abdominal pré e pós aplicação de um protocolo de corrente russa associado ou não a exercícios abdominais em mulheres sedentárias”, como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pela acadêmica Andressa Dalló Martins, sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como riscos e benefícios decorrentes da participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade ou interrupção do meu tratamento. Criciúma, ____/____/______. Assinatura: ________________________ 65 APÊNDICES 66 APÊNDICE A – Avaliação Cinésio-Funcional 67 FICHA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA I - IDENTIFICAÇÃO Nome: ___________________________________________________________________ __________ Idade:_____________ Estatura:______________ Peso:____________________ IMC:_____________ Cor: ( ) branco ( ) negro ( ) pardo II – HÁBITOS DE VIDA 2.1 Fumante: ( ) Sim ( Frequência__________________________________________ 2.2 Etilista:( ) Sim Frequência__________________________________________ ( ) Não ) Não 2.3 Pratica alguma atividade física regularmente? ( ) Sim ( ) Não Qual:_______________________________________________________________ _______________ 68 2.4 Com que freqüência semanal a (s) atividade (s) física (s) é (são) feita (s)? ( ) Uma vez ( ) Duas vezes ( ) Três vezes ( ) Cinco vezes ( ) Todos os dias ( ) Quatro a seis vezes III – EXAME FÍSICO 3.1 Inspeção Estática da Coluna Lombar ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ________________________________________________ 3.2 Inspeção Dinâmica da Coluna Lombar ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ________________________________________________ 3.3 Palpação Dor: ( ) Sim ( ) Não Tipo:________________________________ Local:_______________________________________________________________ __________ ADM : normal ( ) com alteração ( ) 69 Contraturas: Local__________________________________ Intensidade:__________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 3.4 ADM (coluna lombar) Movimentos Goniometria Flexão 0° - 95° Extensão 0° - 30° Referência: Marques, 2003 3. 5 Força Muscular Músculos Reto abdominal Obliquo Interno Obliquo Externo Referência: Kendal et al., 1995. Angulações 70 APÊNDICE B – Validação dos Instrumentos de Pesquisa 71 Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC Departamento do Curso de Fisioterapia VALIDAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE PESQUISA Eu Andressa Dalló Martins, acadêmica da 8ª fase do curso de Fisioterapia da UNESC, aluna da disciplina de seminário I, venho através deste, solicitar a vossa colaboração para análise destes instrumentos com vistas à validação do mesmo. O tema do trabalho é: “Análise do músculo reto abdominal após aplicação de um protocolo de corrente russa associada a exercícios e outro apenas com corrente russa em mulheres sedentárias”. Estes instrumentos serão aplicados com os alunos, do sexo feminino, do curso de Fisioterapia da UNESC. Este estudo tem como objetivos: analisar o efeito da corrente russa sob ação do músculo reto abdominal antes e após aplicação dos protocolos; analisar a eficácia da corrente russa como terapia de grande importância na reabilitação muscular; verificar o possível ganho de força muscular ao utilizar corrente russa associada a exercícios físicos ou tão somente a utilização de apenas corrente russa; comparar os resultados encontrados na realização de corrente russa associada a exercícios com apenas a corrente russa. Como instrumentos de pesquisa, serão aplicados uma ficha de avaliação cinésiofuncional, com o objetivo de verificar a integridade da coluna vertebral e da musculatura abdominal para a realização dos protocolos, bem como para incluir e/ou excluir os possíveis participantes da pesquisa. No mesmo estudo serão aplicados dois protocolos de corrente russa, um associado a exrecícios (Grupo B) e outro apenas com a corrente russa (Grupo C). Para tanto, a análise das ativações elétricas dos potenciais de ação do músculo proposto, será realizada através de uma análise eletromiográfica pré e pós aplicação dos protocolos de corrente russa. O estudo também constará de um grupo controle (Grupo A) que será 72 submetido apenas a analise eletromiográfica pré e pós aplicação. Após as aplicações destes os dados serão agrupados, tabulados e apresentados em forma de tabelas, gráficos. Agradeço antecipadamente. Acadêmica: Andressa Dalló Martins Professor Orientador: Adriano Borges Polizelli Telefone: (048) 96099291 / (051) 81735974 – (51) 3666-3241 E-mail: [email protected] 73 APÊNDICE C – Protocolo de Corrente Russa (CR) 74 PROTOCOLO DE CORRENTE RUSSA 1 – Corrente Russa (fase de aquecimento): Os parâmetros utilizados serão: impulsos com duração de 200µs; freqüência de 10Hz; tempo on de 8 segundos; tempo off de 10 segundos e tempo total de 5 minutos. 2 – Corrente Russa (fase de fortalecimento): Os parâmetros utilizados serão: impulsos de 300µs; freqüência de 50Hz; tempo on de 8 segundos; tempo off de 10 segundos e tempo total de 15 minutos. 75 APÊNDICE D – Protocolo de Corrente Russa (CR) Associada a Exercícios 76 PROTOCOLO DE CORRENTE RUSSA ASSOCIADA A EXERCÍCIOS 1 – Corrente Russa (fase de aquecimento): Os parâmetros utilizados serão: impulsos com duração de 200µs; freqüência de 10Hz; tempo on de 8 segundos; tempo off de 10 segundos e tempo total de 5 minutos. 2 – Corrente Russa (fase de fortalecimento): Os parâmetros utilizados serão: impulsos de 300µs; freqüência de 50Hz; tempo on de 8 segundos; tempo off de 10 segundos e tempo total de 15 minutos. 3 – Isometria do músculo reto abdominal: Paciente em decúbito dorsal, realizar contração isométrica do músculo reto abdominal e manter por 10 segundos (tempo on da corrente russa) 4 – Meio Rolamento (Half-roll back): Paciente, na bolo suíça, sentado sobre o sacro, coluna em “C”, abdômen contraído, braços flexionados paralelos às coxas, escápulas estabilizadas, joelhos em um ângulo de 90º e pés apoiados no chão. Inspirar e ao expirar rolar na bola para trás até apoiar a região lombar na bola. Inspirar novamente e manter a posição, logo após expirar e voltar a posição inicial. 5 – Rolamento (Roll over): Paciente em decúbito dorsal, coluna neutra, braços ao longo do corpo, coxas flexionadas de modo que os joelhos fiquem na direção do peito, pernas em um ângulo de 90° pressionando a bola. Inspirar e ao expirar manter a bola pressionada na parte posterior das pernas e flexionar a coluna até a região torácica. Inspirar novamente e ao expirar retornar a posição inicial. 77 6 – Abdominal com os pés apoiados no chão: Paciente em decúbito dorsal, coxas e joelhos flexionados e pés apoiados no chão. Inspirar e ao expirar flexionar o tronco até que as escapulas deixem de tocar o chão. Inspirar novamente e ao expirar retornar a posição inicial. 7 – Abdominal com as pernas sobre a bola: Paciente em decúbito dorsal, coxas e joelhos flexionadas a um ângulo de 90° e pernas apoiadas na bola suíça. Inspirar novamente e ao expirar flexionar a coluna até que as escapulas deixem de tocar o chão. Inspirar e ao expirar retornar a posição inicial. 78 APÊNDICE E – Eletromiografia 79 Eletromiógrafo EMG System Dados da Pesquisadora Eletrodos da Marca Medtrace Dados da Pesquisadora Disposição dos eletrodos para coleta EMG Dados da pesquisadora 80 APÊNDICE F – Corrente Russa 81 Aparelho de CR da Marca Neurodyn da Ibramed Dados da Pesquisadora Posição dos Eletrodos para aplicação da CR Dados da Pesquisadora 82 APÊNDICE G – Fotos dos Exercícios Abdominais 83 Isometria Abdominal – Inicial e Final Dados da Pesuisadora Meio Rolamento – Inicial e Final Dados da Pesquisadora Rolamento – Inicial e Final Dados da Pesquisadora 84 Abdominal com os pés no chão (45º) – Inicial e Final Dados da Pesquisadora Abdominal com as pernas sobre a bola (90º) – Inicial e Final Dados da Pesquisadora