o papel do enfermeiro na prevenção da depressão pós-parto

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O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO (DPP)
Wendy Geissler Ribeiro 1
Marilda Andrade2
O que é depressão? A palavra
depressão habitualmente pode significar
tanto um estado afetivo normal, quanto um
sintoma, uma síndrome e uma (ou várias)
doença(s). Na maioria das vezes, é associada
a reações normais diante de determinados
sofrimentos e sentimentos de perda. Como
síndrome ou doença, a depressão inclui
alterações
de
humor,
cognitivas,
psicomotoras e vegetativas.
As
mulheres
que
possuem
tendências depressivas anterior à gravidez
requerem maior atenção dos familiares. A
situação da gestação também é um fator a
ser avaliado. Uma gravidez não desejada, ou
uma gestação em que houve problemas mais
sérios em nível pessoal, pode provocar uma
associação deste problema com o bebê. Tais
fatores também podem desencadear um
quadro depressivo caso a mãe acredite que a
gravidez foi um mal.
Dentre tantas doenças psicológicas
que acometem as mulheres no período
gestacional, a DPP destaca-se por ter uma
maior incidência de abandono e/ou
assassinato de bebês por suas próprias mães.
Esse tipo de depressão pode ocorrer de
forma leve a mais grave. No primeiro caso, a
mãe tende a se sentir irritada e sensível logo
nos primeiros dias após o parto, mas com o
apoio e carinho do marido, de familiares e
de amigos o sintoma pode desaparecer,
geralmente a partir do 15° dia após o parto.
A forma mais grave da depressão
pós-parto é menos frequente e afeta
principalmente aquelas que anteriormente
sofreram algum tipo de problema
psiquiátrico, ou que possuem caso de doença
desse tipo na família (BALLONE, 2000).
Segundo
Moraes
(2006),
a
prevalência da DPP está entre 10 e 20% de
acordo com a maioria dos estudos. As
variações entre os índices de prevalência
devem-se, provavelmente, ao uso de
critérios diagnósticos e métodos diversos,
bem como a diferenças econômicas e
culturais entre os grupos estudados. No
Brasil, em um estudo realizado no Distrito
de Anaia, em São Gonçalo, no Estado do
Rio de Janeiro, Moraes e cols. (2006)
observaram prevalência de 12% de
depressão no terceiro mês do pós-parto
(N=33). Outros dois trabalhos brasileiros
encontraram prevalências semelhantes:
13,3% (N=120), no estudo de validação para
o português do Postpartum Depresson
Screening Scale (PDSS) realizado em
Recife, Pernambuco, e 13,4% (N=236) na
validação do Edimburgh Post-Natal
Depression Scale (EPDS) para o Brasil.
As principais manifestações do
sintoma, de acordo com Rocha (1999), são a
ocorrência de tristeza, perda do prazer, choro
fácil, abatimento, alterações do apetite,
distúrbio do sono, fadiga irritabilidade,
hipocondria, dificuldade de concentração e
memorização, redução do interesse sexual e
ideação suicida, podendo ocorrer também
em casos de gravidez na adolescência, o que
nos dias de hoje vem aumentando.
O
tratamento
consiste
em
esclarecimento, compreensão e apoio, por
parte da família e dos profissionais de
enfermagem que estão em contato direto
com
essa
clientela.
Diante
disto,
demonstrando
preocupação
com
a
assistência prestada a puérpera. Assim como
a depressão pós-parto, a psicose puerperal é
um distúrbio do humor, caracterizando-se
por perturbações mentais graves e agudas,
frequentemente alucinatórias tendo início
entre as primeiras duas ou três semanas após
o parto (BALLONE, 2000).
Sabe-se comprovadamente que a
depressão pós-parto é um distúrbio
temporário que pode ser tratado. Algumas
vezes, o repouso e o apoio da família são
suficientes para a recuperação. Mas, se a
depressão é incapacitante, a necessidade de
cuidados médicos se faz presente.
O
tratamento
deve
ser
ginecológico-obstétrico,
pois
há
o
acompanhamento
da
gravidez
e,
consequentemente, um elo por possuir uma
relação forte de seu estado depressivo
através de sessões de apoio; e psicológico,
de confiança com o paciente, que por já estar
acompanhando a gravidez, deverá estar junto
em todo tratamento; psicológico com o
objetivo de mostrar a realidade e possa
proceder à terapia medicamentosa como uso
de antidepressivos, tratamento hormonal ou
a combinação desses métodos, dependendo
da gravidade do caso.
É fundamental a participação dos
profissionais de enfermagem na prevenção
da DPP. Estes podem inclusive auxiliar na
identificação dos sintomas, reconhecendo
sinais. Se a família e os enfermeiros
colaborarem
de
modo
satisfatório,
oferecendo confiança e segurança à mãe
principalmente
nas
realizações
das
Informe-se em promoção da saúde, v.5, n.1.p.07-09, 2009.
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atividades maternas, sem hostilidades e
críticas, fazendo uso da compreensão e
carinho, oferecendo ambiente acolhedor nos
momentos de maior fragilidade emocional, a
DPP vai diminuir de intensidade. Pode
reverter-se em carinho ao bebê e respeito
pelo ritmo de seu desenvolvimento e
progresso (BRASIL, 2001).
É relevante também permitir que a
gestante possa expressar livremente seus
temores e ansiedades, e equipe profissional
bem
treinada
prestando
assistência,
orientação, auxiliando a gestante a enfrentar
as diversas situações de maneira mais
adaptativa, realista e confiante após o parto.
Trata-se de um trabalho preventivo, se tiver
início com o acompanhamento, desde a
consulta no Planejamento Familiar, no prénatal através da consulta de enfermagem
e/ou de suporte ante a crise, no caso da DPP
depois de instalada.
Frente a isso, é prioritária que o
enfermeiro que atua na assistência, considere
em suas ações e intervenções o contexto
familiar, a função desempenhada para cada
membro que compõe a família, bem como a
dinâmica própria nela estabelecida.
Os enfermeiros devem estar
acompanhando cada família de forma
integralizada e individualizada, respeitando
suas escolhas e opiniões a respeito de
determinadas decisões. Cabe ao profissional
contribuir por meio de atividades educativas,
a fim de oferecer a clientela os
conhecimentos necessários para a escolha
livre
e
consciente
do
método
anticoncepcional, número de filhos, como
também reflexão sobre sexualidade. Daí
então o enfermeiro deve estar preparado para
detectar os fatores que possam ser de risco,
se surgir uma futura complicação como a
depressão pós-parto, trabalhamos diante
desses fatores juntamente com outros
profissionais se indicado, preparando as
clientes para que futuramente sua gestação
possa caminhar com segurança e
consciência.
A enfermeira é facilitadora e
colaboradora para que a mulher desenvolva
habilidades
para
desempenhar
o
autocuidado, não somente para ajustar-se,
mas para transformar a sua condição de
saúde. A intervenção pode ser estruturada a
partir de consultas de enfermagem, visitas
domiciliares, grupos educativos e ações na
comunidade (BRASIL, 2001).
A interação com o acompanhante
da puérpera, na tentativa de se buscar
alguma dificuldade não relatada ou não
observada pela enfermagem, torna-se
fundamental.
A mulher obriga-se perante a
sociedade a apresentar-se como um
”modelo” de mãe, sem problemas, ou
queixas, externando plena felicidade e
orgulho. No entanto, os sentimentos
negativos que podem surgir do período
gestacional, não são levados a sério,
trazendo sérias complicações para a mãe e
para o bebê.
A mulher que está sofrendo de DPP
corre o risco de suicídio como em qualquer
outra situação depressiva, as relações
interpessoais são conturbadas, pode haver
ruptura no relacionamento conjugal, o
relacionamento “mãe-bebê” é prejudicado
alterando o comportamento do bebê. Porém,
quando ocorre infanticídio, toda a sociedade
se revolta, sem ao menos saber que o
infanticídio é o resultado de uma patologia
grave e insidiosa e que vem acometendo
grande número de mulheres no período pósparto.
Com isso, acredita-se que a união
de forças entre os profissionais de saúde e os
familiares pode transformar o momento da
DPP em uma fase em que a mulher poderá
se sentir mais firme e mais confiante para
expressar seus sentimentos, sentindo-se
acolhida e ajudada. Nesse caso, os
profissionais de saúde, principalmente os
enfermeiros, devem estar atentos e, quando
necessário, relatar à família que algo não
está bem com a paciente e vice-versa.
A proposta centra-se na superação
das dificuldades da depressão pós-parto, já
que seus maiores aliados são o descaso e a
subestimação do sofrimento da mulher, que
pela equipe de saúde, quer pela família.
REFERÊNCIAS
BALLONE,
Geraldo
J.
(2000).
Depressão
Pós-parto.
<http://www.medsite.osite. com.br>. Acessado em: 02/11/2008.
Disponível
em:
BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência ao Pré-Natal; Parto, Aborto e Puerpero; Política
Nacional de Atenção integral a Saúde da Mulher, 2001.
MORAES, Inácia Gomes da Silva et al. Prevalência da Depressão Pós-Parto e Fatores
Associados. Rev. Saúde Pública, São Paulo, vol.40 nº. JANEIRO, 2006.
Informe-se em promoção da saúde, v.5, n.1.p.07-09, 2009.
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O papel do enfermeiro na
prevenção da depressão
pós-parto (DPP).
ROCHA, Fábio Lopes. Depressão puerperal: revisão e atualização. In: Jornal Brasileiro de
Psiquiatria. Rio de Janeiro, vol.48, nº3, pág.105-114, março, 1999.
REFERÊNCIA DO TEXTO
RIBEIRO, W. G.; ANDRADE, M. O papel do enfermeiro na prevenção da depressão pós-parto
(DPP). Informe-se em promoção da saúde, v.5, n.1.p.07-09, 2009.
1
Enfermeira. Especialista em Promoção da Saúde pelo Curso de Especialização em Enfermagem e Promoção da
Saúde com ênfase em PSF/ UFF.
2
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Adjunta do
Departamento de Enfermagem Médico-cirúrgica da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa UFF.
Coordenadora do Curso de Especialização em Enfermagem e Promoção da Saúde/ UFF.
Informe-se em promoção da saúde, v.5, n.1.p.07-09, 2009.
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O papel do enfermeiro na
prevenção da depressão
pós-parto (DPP).
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