O Conhecimento de idosos sobre a prevenção do Câncer

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O Conhecimento de idosos sobre a prevenção do Câncer de Próstata
The knowledge of old people about the prostate câncer
Autores:
Fernada Kerles Rocha de Oliveira
Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Juridícas de Teresina, Teresina – PI, Brasil.
Maria Helena Alencar Trigo
Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Juridícas de Teresina, Teresina – PI, Brasil.
Tassila de Oliveira Meireles Pessoa
Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Juridícas de Teresina, Teresina – PI, Brasil.
Helony Rodrigues da Silva
Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI,Brasil.
Leonardo Wanderley Cavalcante
Universidade Federal do Piaui, Teresina-PI,Brasil.
Resumo
A prevenção em saúde consiste em ações orientadas para que o sujeito não adoeça e possa desfrutar
de melhor qualidade de vida, sendo essencial para a promoção do envelhecimento ativo e saudável.
Esse estudo qualitativo teve como objetivo descrever o conhecimento de idosos sobre a prevenção
do câncer de próstata. Foi desenvolvido com 20 idosos do sexo masculino que são cadastrados na
Estratégia Saúde da Família 176, responsável pela assistência da população do bairro Vila Operária
em Teresina – Piauí, cuja coleta de dados foi feita por meio de uma entrevista semi-estruturada. Os
resultados mostraram que alguns idosos desconhecem os métodos preventivos da patologia; outros,
relacionaram a procura de serviços médicos como a forma de prevenção; e na terceira categoria
identificou-se que idosos mencionaram os exames e outras formas alternativas para a prevenção.
Mediante esses resultados, concluiu-se que a enfermagem deve atuar na socialização das
informações e na efetivação de programas que incluam as práticas preventivas para o fortalecimento
desse grupo como estratégia no desenvolvimento de ações preventivas, buscando suprir lacunas do
serviço de saúde quanto à condução efetiva do auto cuidado e promoção da melhor qualidade de
vida do idoso.
Palavras- Chave: Idoso. Próstata. Enfermagem
Abstract
The prevention in health is based on guided actions to prevent the person of getting sick and enjoy a
better quality of life, this is essential to provide the healthy and active aging. This qualitative study
had as objective to describe the knowledge of elders about the prevention of the prostate cancer. It
was developed with 20 male elderly whose are registered in the 176 Family Health Strategy,
responsible to attend the population living in the Vila Operária in Teresina – Piaui, which data
collection was obtained thru a semi-structured interview. The results has shown that some elderly
presented a shortage of knowledge about this pathology; others, related the search of medical
services as the way of prevention; and in the third category it was identified that elderly had
mentioned the exams and other alternatives for the prevention. By these results, we concluded that
the nursery must act in the socialization of the information and on the effectiveness of programs that
may include the preventive practices for the strengthening of this group as strategy on the
development of preventive actions, trying to supply the lacks of the health service as the effective
conduction of the self-care and of the promotion of the better quality of life of the elderly.
Keywords: Elderly, Prostate .Nursing
Introdução
O envelhecimento da população no planeta é uma realidade e estima-se que em 2050 exista
cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos e mais, a maioria delas vivendo em países em
desenvolvimento. No Brasil, existem, atualmente cerca de 17,6 milhões de idosos. Este
envelhecimento é uma resposta à mudança de alguns indicadores de saúde, como a queda da
fecundidade e da mortalidade e o aumento da expectativa de vida (1).
Em menos de 40 anos, passou-se de um cenário de mortalidade característico de países de
população jovem, para um quadro de morbidades complexas e onerosas, típicas da terceira idade,
com doenças crônicas-degenerativas de grandes diversidades, com demandas assistências múltiplas
e permanentes, doenças que exigem medicamentos contínuos e exames periódicos e freqüentes,
impondo desafios para o governo, para iniciativa privada e para a sociedade como um todo,
exigindo estabelecimento de novos modelos de gestão e de assistência capazes de atender as
demandas crescentes (2).
A proporção de idosos no Piauí segue a tendência nacional, onde eles já somam 251.551
(8,66%) dos 2.904.389 habitantes, sendo que na zona urbana o percentual destes é um pouco
superior a 8,71%. Em Teresina, a estimativa total supracitada corresponde a 715.360, sendo
distribuídos entre mulheres (380.109) e homens (335.251). Já no bairro Vila Operária, localizado na
2
capital do Piauí, existem 3.237 habitantes, no qual 1.376 são do sexo masculino e 1.861 do sexo
feminino. E dessa população, 487 são idosos, sendo 142 do sexo masculino (3).
Atendendo a essa demanda, o governo federal em consonância com a Política
Internacional, vem construindo políticas públicas dirigidas a essa clientela, e em 1999 criou a
Política Nacional do Idoso, em 2003 o Estatuto do Idoso representando um grande avanço na
legalização da atenção integral a pessoa idosa, pois o envelhecimento saudável é um direito pessoal
e sua proteção um direito social (4).
Portanto, o acelerado envelhecimento populacional passa a ser uma problemática de saúde
pública preocupante, pois é um fenômeno que certamente desencadeará demandas sociais e
assistenciais em breve espaço de tempo, e exigirá a implementação de políticas públicas de
assistência, educação e pesquisa, com a conseqüente ampliação da produção de conhecimentos em
todas as áreas inclusive, da Enfermagem (5).
Dentre as demandas assistenciais nessa faixa etária encontram-se as doenças crônicodegenerativas e compondo esse quadro destaca-se o câncer de próstata de alta incidência na
população idosa, considerado o sexto tipo de câncer mais comum no mundo e o mais prevalente em
homens, representando cerca de 10% do total dos cânceres existentes. O número de casos novos de
câncer de próstata estimado para o Brasil no ano de 2010 será de 52.350. Estes valores
correspondem a um risco estimado de 54 casos novos a cada 100 mil homens (6).
Algumas pesquisas têm mostrado uma maior susceptividade dos homens às doenças,
sobretudo as enfermidades graves e crônicas, e que eles morrem mais precocemente, o Ministério
da Saúde lançou em agosto do ano 2009, a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do
Homem, com o intuito de promover a melhoria das condições de saúde da população masculina,
buscando maior interação desta com os serviços de saúde e reduzindo, de modo efetivo, a
morbidade e mortalidade (7,8-9).
Diante a essa situação, pode-se relatar que o conhecimento da patologia e o acesso aos
serviços preventivos e de diagnósticos são considerados pontos importantes na prática preventiva
do câncer de próstata. Dessa forma, conhecendo-se a evolução da neoplasia prostática, os métodos
de diagnóstico precoce, a doença pode ser detectada em uma fase inicial e com isto, na maioria das
vezes, apresentar melhor prognóstico. Por isso, é de suma importância a função da (o) enfermeira
(o) na assistência integral a pessoa idosa que tem na sua atuação primordial a promoção em saúde,
sendo um dos instrumentos fundamentais na dimensão biopatológica, como também na social,
emocional e cultural, respeitando as individualidades e as questões de gêneros.
3
Durante a realização do estágio supervisionado da disciplina Saúde Coletiva no Centro de
Saúde Cidade Verde com a Estratégia de Saúde da Família (ESF) 176, responsável pela assistência à
população do bairro Vila Operária, nos chamou atenção o número de idosos atendidos pela equipe,
sendo 487 idosos e destes 142 são do sexo masculino. E também, a experiência familiar de uma das
discentes com o câncer de próstata. Com isso, veio à afinidade de trabalhar com esse grupo etário e
ampliar os conhecimentos na área de gerontologia. A pesquisa teve como objetivo descrever o
conhecimento de idosos sobre a prevenção do Câncer de Próstata.
Metodologia
Compreende a metodologia como um conjunto de operações que devem ser sistematizadas
e trabalhadas em coerência com: clareza na colocação do problema, atendimento aos objetivos
preestabelecidos, consistente no referencial teórico, escolha adequada dos instrumentos ou técnicas
de pesquisa, definição de um cronograma de atividades, coleta e análise dos dados e conclusão(10).
Para o desenvolvimento dessa pesquisa realizou-se um estudo descritivo de abordagem
qualitativa, por se tratar de um processo de análise da realidade para compreensão do objeto de
estudo. Nesse sentido, o autor, aborda que o método qualitativo se adequa ao estudo das relações,
das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os
humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e
pensam(11).
O cenário do estudo foi realizado na Unidade de Saúde de Atenção Básica, que serve de
base para a Equipe 176 da ESF e tem como território assistencial o Bairro Vila Operária, na zona
norte do Município de Teresina. A escolha deste cenário se deu em decorrência do estágio
supervisionado na disciplina de Saúde Coletiva, pelo CEUT no segundo semestre do ano de
2008.2, com isso, houve o conhecimento da unidade e uma maior aproximação das discentes com a
equipe.
A ESF 176, atualmente, apresenta 487 idosos, dos quais 142 são homens, e destes foram
selecionados 20 sujeitos para as entrevistas, sendo que os critérios de inclusão dos sujeitos eram
idosos do sexo masculino, com faixa etária de 60 anos e mais, orientados, boa condição de
deambulação e que são cadastrados na equipe.
Para o levantamento de dados, utilizou-se uma entrevista individual e semi-estruturada.
Durante sua aplicação, as falas foram gravadas com um gravador digital e logo em seguida
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transcritas integralmente. Antes da respectiva coleta de dados, os participantes assinaram o Termo
de Consentimento e Livre Esclarecimento, conforme preconizado pela Resolução do Conselho
Nacional de Saúde (CNS) de número 196, de 10 de outubro de 1996, confirmando a sua
voluntariedade, anonimato e interesse em colaborar com a pesquisa. Assim, a identificação dos
participantes se deu através de uma numeração de ordem. Ex.: Depoente 01, Ex.: Depoente 02, Ex.:
Depoente 03, etc.
Os dados foram coletados nos dias 16, 22 e 23 de abril do ano corrente, na ocasião
entrevistou-se 20 idosos do sexo masculino, no qual as discentes juntamente com os agentes de
saúde da equipe foram até as residências destes. A análise de dados deu-se a partir dos seguintes
critérios: repetição dos depoimentos, clareza e especificidade das respostas dadas. Durante o
trabalho de categorização dos depoimentos, identificou-se os seguintes grupos empíricos: categoria
01- Conhecimento dos idosos sobre a prevenção do Câncer de Próstata: Sei que existe, mas não sei
os detalhes; Categoria 02 - Na busca da prevenção do Câncer de Próstata: quem decide o que fazer é
o médico; Categoria 03 - Como prevenir o Câncer de Próstata: fazendo exames, melhorando minha
alimentação e procurando me informar. Após essa etapa, as informações obtidas foram confrontadas
com literatura pertinente ao assunto.
Considerações éticas
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade Integral
Diferencial (Facid), em abril/ 2010. (protocolo n° 008/10).
Resultados
Caracterização dos sujeitos
Dentre os sujeitos estudados nessa pesquisa, as idades variaram de 62 a 88 anos, sendo que
a média de idade dos participantes foi de 74,1 anos. Quanto ao estado civil, (1/20) é divorciado,
(3/20) são solteiros, (6/20) são viúvos, (10/20) são casados. No que se refere a profissão, (1/20) é
comerciante, (1/20) é agente administrativo, (1/20) é músico, (17/20) são aposentados. Já no quesito
escolaridade, (1/20) estudaram até o ensino superior completo, (2/20) estudaram até o ensino médio
completo, (5/20) são analfabetos, (12/20) estudaram até o ensino fundamental incompleto.
Categoria 01 - Conhecimento dos idosos sobre a prevenção do Câncer de Próstata: Sei que
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existe, mas não sei os detalhes
Nessa unidade os sujeitos demonstram escassez do conhecimento sobre a prevenção da
patologia, podendo decorrer da falta de efetivação dos programas específicos voltados à saúde do
homem, como a promoção e prevenção de agravos. Ilustram esses aspectos os seguintes
depoimentos:
“Sei que tem ..mais ,é como eu to dizendo ,eu nunca ,procurei mais. Sei
não...eu sei não...sei que existe tudo, mais não sei os detalhes.” (Depoente
14)
“Sei que existe prevenção...eu nunca fiz não...eu já ouvi falar mas não sei
explicar sobre isso não.” (Depoente 10)
De acordo com as falas dos sujeitos, a escassez de conhecimento sobre a prevenção do
câncer de próstata, provavelmente, é advinda não somente da falta de conhecimento sobre a
patologia, mas por ainda não haver a implantação, nos serviços de saúde, dos programas específicos
existentes direcionados a população masculina.
Dessa forma tal pensamento vai de encontro a discussão realizada pelo autor, afirma que
os homens procuram menos os serviços de saúde do que as mulheres e, este acesso deveria ser
estendido a todas as pessoas independentemente de gênero. Refere também que os serviços de
saúde são poucos aptos em absorver a demanda apresentada pelos homens, pois sua organização
não estimula o acesso destes ao serviço e as próprias campanhas de saúde pública não se voltam
para este segmento populacional. Complementa ainda que a ausência dos homens nos serviços de
saúde justificam
pela vergonha da exposição do seu corpo perante o profissional de saúde,
particularmente a região anal, no caso de prevenção ao câncer de próstata, sendo um grande fator
que impede a procura a unidades de saúde(12).
O profissional de saúde deve além de se atentar para as barreiras que dificultam o homem a
buscar os serviços de saúde como também quanto a heterogeneidade das possibilidades de ser
homem, uma vez que, a masculinidade é construída historicamente e sócio-culturalmente e a
significação da mesma é um processo em permanente construção e transformação. Os autores
complementam ainda que a promoção da equidade na atenção a população masculina é de
fundamental importância para tal compreensão, assim , produzir ações de saúde ao homem
pressupõe considerá-lo como sujeito desse processo, de modo a salientar para as diferenças em
relação a idade, condição socioeconômica , étnico-racial e a orientação sexual e identidade de
6
gênero não hegemônica(13).
Pôde-se observar, também, entre os depoentes que os mesmos apresentaram baixa
escolaridade, podendo ser um fator de grande relevância para o desconhecimento da patologia. Os
discursos dos entrevistados abaixo relatam claramente esta questão:
“Minha fia... eu mermo, eu não sei não, não sei de jeito nenhum. ai sei que
tem Ai eu tou neutro. O que é minha fia?” (Depoente 04)
Com base nisso, há autores que associam a falta de informação sobre a prevenção e
tratamento câncer, ao baixo grau de escolaridade e apontam ainda que a desinformação atinge em
maior intensidade a população masculina com menor nível de escolaridade e poder socioeconômico
(14).
Categoria 02 – Na busca da prevenção do Câncer de Próstata: quem decide o que fazer é o
médico
Para alguns idosos entrevistados, a prevenção do Câncer de Próstata está estreitamente
relacionado à procura do atendimento médico, o que pode ser constatado nas seguintes falas:
“Sempre ir ao médico pra fazer os exames.”(Depoente 11)
Ao conceituar prevenção em saúde,
refere que esse termo se relaciona a uma ação
antecipada, baseada no conhecimento da história natural, a fim de tornar improvável o progresso
posterior da doença. Assim, falar de prevenção implica, obrigatoriamente, em fazer referência aos
fatores casuais ou predisponentes. É sobre esses fatores que incide o nível de prevenção primária,
sendo de extrema importância a orientação, como por exemplo, ações de uso de imunizações
específicas, uso de alimentos específicos, proteção contra substâncias carcinogênicas, dentre outras
ações(15).
O autor retrata que o modelo proposto por Leavell e Clark classifica as ações preventivas
em três níveis: primário, secundário e terciário. A prevenção primária é composta por dois níveis,
promoção de saúde e proteção específica, nos quais existe uma série de ações já no período prépatogênico, por exemplo, a adoção de hábitos saudáveis. A prevenção secundária, que inclui o
diagnóstico e o tratamento precoce, além da limitação da invalidez, permite que aquelas pessoas
porventura não tenham sido protegidas sejam corretamente diagnosticadas e tratadas, uma vez que
se tem claro que tal atitude favorece o prognóstico. Já na prevenção terciária, a incapacidade do
paciente se torna definitiva, procurando todas as maneiras possíveis de readaptar o indivíduo na sua
7
comunidade para que desempenhe o máximo de suas atividades e consiga ter de volta a sua
autonomia(16).
Nesse sentido, as intervenções preventivas podem ser tradicionalmente médicas, como a
solicitação da realização exames preventivos ou tratamento com quimioterápicos, ou, ainda
envolver intervenções educativas sobre mudanças de estilo de vida, sendo necessário envolver o
indivíduo com informações relevantes para que se insira ativamente e possa incoporar hábitos
preventivos (17).
“Prevenção...é procurar...prevenção primeiro é procurar um médico pra se
consultar e o médico é que da difinição ne?” (Depoente 02)
“... então, só o medico que sabe mermu né...é isso ai.”(Depoente 08)
Ainda nessa categoria, pôde-se observar que a figura do médico é vista como o único
profissional da saúde que pode interferir na prevenção da patologia, em detrimento dos demais
profissionais, inclusive o enfermeiro. A participação efetiva dos enfermeiros nos programas de
educação comunitária para adoção de hábitos saudáveis de vida (dieta rica em fibras e frutas e pobre
em gordura animal, atividade física e controle do peso ) e profissional é de extrema importância,
pois estes são considerados o principal disseminador das informações de saúde pertinentes ao
câncer de próstata(18).
Com isso, cabe aos profissionais de saúde estarem capacitados e atualizados para orientar
os homens que procuram uma unidade básica de saúde em busca de orientações e exames para
detecção precoce do câncer de próstata.
Categoria 03 – Como prevenir o Câncer de Próstata: fazendo exames, melhorando minha
alimentação e procurando me informar
No que se refere ao conhecimento de exames acerca da prevenção do câncer de próstata,
foi mencionado entre os entrevistados o Exame Retal Digital (ERD) e o Antígeno Prostático
Específico (PSA) Dos vinte idosos estudados, observa- se que oito deles comentam sobre o
conhecimento de exames para a prevenção da patologia, o que corresponde a 40% do total dos
sujeitos. Ilustram esses aspectos os seguintes depoimentos:
“Fazer o PSA, fazer o toque, pra ver se a glândula está normal ou pelo
menos dentro das expectativas de acordo com a idade de cada um... né
isso?! A prevenção é hoje...a...a que eu venho fazendo e realizando é essa: é
o PSA, que é feito no sangue e o toque, que é feito lá...lá no consultório
8
médico faz.....né isso?!São só essas duas que eu...eu...eu tenho
conhecimento e que venho fazendo desde os 45 até hoje.” (Depoente 20)
A fala do depoente 20 reflete o conhecimento da prevenção do Câncer de Próstata, quando
o mesmo ressalta sobre os exames, PSA e o ERD, no qual ainda menciona sobre a glândula
prostática e a freqüência da realização da prevenção a partir dos 45 anos, é o que recomenda a
Sociedade Brasileira ,que em homens sem história familiar para o câncer de próstata, já os homens
com história familiar é acima de 40 anos, que façam os exames periódicos para a detecção precoce
da patologia. Também, constatou-se que o sujeito apresenta um grau de escolaridade elevado
(Ensino Superior Completo) em relação aos demais entrevistados, e como já foi citado na categoria
01, a escolaridade pode influenciar no conhecimento da prevenção(19).
O ERD ou toque retal é um procedimento clínico em que o médico especialista introduz o
dedo indicador, recoberto por uma luva, no ânus do paciente, afim de palpar a porção anterior do
reto, região em que se localiza a próstata. O profissional avalia o tamanho, o formato, a consistência
da glândula, observa a sensibilidade à dor na próstata à palpação, assim como, também, a presença e
a consistência de qualquer nódulo. O ERD é o teste mais utilizado, apesar de suas limitações, uma
vez que, somente as porções posterior e lateral da próstata podem ser palpadas, deixando 40% a
50% dos tumores fora do seu alcance. Quando utilizado em associação à dosagem do Antígeno
Prostático Específico (PSA) com valores entre 1,5 ng/ml e 2,0 ng/ml, sua sensibilidade pode chegar
a 95%, ou seja, apresentando um diagnóstico mais preciso (20-21).
Ainda sobre os exames de detecção precoce do câncer de próstata, a dosagem sérica do
PSA surgiu como teste promissor. A glândula prostática produz uma substância chamada antígeno
prostático específico, que pode ser mensurado em uma amostra de sangue no qual o (PSA) sérico
pode estar alterado no câncer de próstata ou em outras patologias como a prostite e a hiperplasia
benigna da próstata (HBP) assim como após a ejaculação e a realização de uma citoscopia. Segundo
a Sociedade de Urologia, considera-se atualmente que o valor normal varia de 2,5 ng/ml para
pacientes em torno de 50 anos e de 4,0 ng/ml aos de 60 anos (19-21).
Em nosso estudo, observou- se que dois idosos entrevistados referiram o fato da realização
do ERD não interferir na masculinidade. Aponta que frente ao exame digital, os homens podem
apresentar resistência e constrangimento porque tal procedimento viola a masculinidade, em sua
condição de ser ativo(22). Assim, o autor considera que a resistência pode surgir porque os homens
podem ver o toque retal como algo que conspiraria contra a noção de masculino. Observa ainda que
os estudos voltados para a temática não tocam na questão da masculinidade como fator impeditivo
9
para realização do exame de toque retal. Como diz os sujeitos entrevistados:
“Sempre faço exame, já tenho levado muito toque ...risos..saúde da gente, a
gente tem que da a vida... se é para fazer o exame certo, isso ai é que não vai
tirar a masculinidade de cidadão nenhum.’’(Depoente 06)
“Bom, a prevenção assim, só sobre os exames né...porque eu sempre eu faço
, uma vez , duas por anos né ..é que eu vejo muita gente que diz ter medo de
fazer ai, é uma uma ...eu acho até uma ignorância né...porque a gente hoje
no mundo eu que nos tamo nos tamo que tá bem prevenido.’’ ( Depoente 07
)
As barreiras culturais são representadas pelos estereotipos de gênero enraizados há séculos
em nossa cultura, as quais potencializam práticas baseadas em crenças,valores, do que é ser
masculino. Nessa ótica, a doença é considerada como um sinal de fragilidade, que os homens não
reconhecem como inerentes a sua própria condição biológica, assim, jugam se invulnerável. Em
conseqüência, acabam cuidando menos de si e se expondo a situação de risco(13).
Seguindo na discussão dessa categoria, observou-se que os idosos além de mencionarem a
respeito dos exames sobre o conhecimento da prevenção do câncer de próstata, ainda apontaram os
hábitos dietéticos e a busca da informação em programas televisivos sobre a prevenção da doença.
A fala do entrevistado é bastante ilustrativa:
“... eu vejo mais pela televisão, e eu vou assistindo na televisão e me
preparando, como sempre. é, é ...sobre a outra parte , eu vejo sempre na
televisão de alimentação, eu gosto muito de seguir aquilo que eu vejo, eu
assisto os programas é...deixa eu ver...sobre alimentação, frutas, prevenir
com melancia, tomates, essas coisas assim...eu sempre vou acompanhando.”
(Depoente 01)
Entretanto, nota –se que a adoção de hábitos saudáveis pode evitar o aparecimento de
doenças, dentre as quais o câncer de próstata. Pesquisas epidemiológicas, mostram que adoção de
hábitos dietéticos possam influenciar na redução da prevalência da doença, como, por exemplo, a
alimentação pobre em gorduras saturadas, principalmente de fontes de animais, a ingestão
abundante de tomate e seus derivados, ricos em licopeno, que parece reduzir em 35% os riscos para
a patologia, além da suplementação alimentar com vitamina E e selênio(21-23).
Ainda nesse encontro de pensamento, o cenário pela busca de informação na imprensa
televisiva sobre a prevenção da neoplasia prostática é de fundamental importância para a população,
sendo este um meio de comunicação bastante influente e de fácil acesso, tornando um pressuposto
10
que interfere na adoção de práticas preventivas. Considerar esses e outros aspectos mencionados
como, o conhecimento da prevenção para o câncer de próstata relacionados aos exames em
associação com hábitos dietéticos é de suma importância para o diagnóstico precoce de medidas
preventivas mais efetivas, evitando o aparecimento de doenças, dentre as quais o câncer de próstata.
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