Múltipla ovulação e transferência de embriões em pequenos ruminantes POSTADO POR: Site Farmpoint AUTOR: OLIVEIRA, Maria Emilia Franco A biotecnologia de múltipla ovulação e transferência de embriões (MOTE) tem contribuído para a multiplicação dos pequenos ruminantes em todo o mundo. O impacto é evidente nos programas de melhoramento genético, zootécnicos e sanitários, bem como, no resgate e conservação de raças ameaçadas de extinção e no apoio a outras biotécnicas relacionadas. A simplificação da técnica, assim como, o aumento no número de técnicos capacitados, pode acelerar ainda mais este desenvolvimento. Atualmente, a MOTE nos pequenos ruminantes é uma realidade. Essa técnica engloba o conjunto de atividades necessárias para induzir crescimento e ovulação de vários folículos, formação e retirada de embriões do útero de uma fêmea doadora e a posterior deposição desses no útero de fêmeas receptoras com a finalidade de completarem o período gestacional. Dessa forma, possibilita que uma fêmea produza um número de descendentes muito superior ao que seria possível obter fisiologicamente durante sua vida reprodutiva. A seleção de fêmeas geneticamente superiores como doadoras, garante a multiplicação desse potencial genético, conferindo aceleração e maior precisão no processo de seleção e melhoramento animal. No aspecto sanitário, a MOTE garante a introdução nos rebanhos de material genético de alto valor zootécnico e comercial, sem oferecer risco de transmissão de doenças infectocontagiosas. Rigorosas medidas preventivas de higiene e desinfecção de equipamentos, meios e soluções utilizadas no manuseio dos embriões, bem como, técnicas específicas são implementadas para evitar a disseminação de doenças entre rebanhos, regiões ou países. O sucesso dos programas de MOTE é dependente de diversos fatores intrínsecos e extrínsecos aos animais. Inclui-se a estacionalidade, raça, idade, nutrição, manejo de ordem geral, sanidade das doadoras e receptoras, estresse, qualidade dos produtos farmacológicos e protocolos utilizados. Mesmo que a maioria destes fatores tenha sido minimizada ou eliminada, a resposta ao tratamento gonadotrófico é ainda muito variável entre indivíduos, principalmente devido à variabilidade na resposta folicular, indução de regressão prematura de corpos lúteos e falhas de fecundação dos oócitos. Em todo programa de MOTE existe fêmeas que não respondem aos estímulos superovulatórios ou apresentam resposta considerada moderada. A explicação para estes acontecimentos tem sido intensamente estudada por diversos grupos de pesquisa do Brasil e do mundo, entretanto, as razões não são claras. Acredita-se que exista uma inter-relação de fatores. Informações atuais indicam que essa variabilidade na resposta superovulatório seja relacionada, mais precisamente, a dinâmica folicular. Tradicionais tratamentos para estimulação ovariana em pequenos ruminantes foram delineados há vários anos e não se basearam no conhecimento do comportamento do crescimento dos folículos. Contudo, as pesquisas têm apresentado novas estratégias para melhorar a produção de embriões em programas de MOTE nos pequenos ruminantes. Ainda assim, a indústria da múltipla ovulação e transferência de embrião tem se tornado um negócio de escala internacional, visto as inúmeras vantagens relacionadas e a crescente exigência mundial por produção de alimentos seguros de forma sustentável, buscando o aumento da eficiência reprodutiva e produtiva dos animais em áreas cada vez menores. Referências bibliográficas: Gonçalves, P. B. D.; Figueiredo, J. R.; Freitas, V. J. F. Biotécnicas aplicadas à reprodução animal. 1ª Edição, Varela editora, São Paulo, 340p., 2002. González, R. S.; Hernández, J. A. M. Reproducción de ovejas y cabras. UNAM Cuautitlán. 1ª Edição, México, 335p., 2008. Menchaca, A.; Vilariño, M. Crispo, M, de Castro, T.; Rubianes, E. New approaches to superovulation and embryo transfer in small ruminants. Reproduction, Fertility and Development, 22:113-118, 2010. Rubianes, E. & Menchaca A. Dinâmica folicular, sincronização do estro e superovulação em ovinos. Acta Scientiae Veterinariae. 34 (Supl 1): 251-261, 2006.