O Grande Sucesso da Crise Tudo é recorde no setor externo da economia brasileira, em 2016. Começando pelo maior superávit comercial da história. Os capitalistas festejam um Balanço de Pagamentos cada vez mais enxuto e equilibrado. Contabilizando-se suas transações correntes (balança comercial e de serviços) e a conta financeira (investimentos externos diretos no país, etc.) – em 2016 entrou mais dólar na economia do que saiu. Isso é bom para o Brasil? Não se entusiasme demais com certos resultados da ilusória contabilidade externa. E não esqueça: tudo que diz respeito a atos praticados pela dissoluta burguesia brasileira esconde sempre alguma coisa perniciosa aos interesses nacionais. Vejamos como isso se realiza praticamente. Observemos primeiramente os dados mais recentes do comércio externo de exportações e importações de bens. No acumulado janeiro-novembro/2016, as vendas ao exterior superaram as compras em US$ 40,829 bilhões. Este superávit comercial pode alcançar US$ 50 bilhões no ano. Recorde histórico! Mas por detrás deste grande sucesso um processo altamente pernicioso aos interesses nacionais. Já analisamos anteriormente essa patologia econômica. Verificamos agora que ela se atualiza de maneira ainda mais grave do que se poderia imaginar. As exportações caíram em 2016. E o superávit bate recorde? Que paradoxo é esse? O valor acumulado das exportações até novembro 2016 (US$ 168,56 bilhões) caiu 2.8% frente ao acumulado no mesmo período do ano anterior (US$ 173,47 bilhões). As vendas para o exterior crescem muito em volume (quantidade de bens) e caem em valor de mercado (dólar). O valor unitário das exportações em queda livre. Desesperada liquidação da produção nacional. Simultaneamente, o valor das importações (US$ 127,73 bilhões) caiu 21% frente ao mesmo período do ano anterior (US$ 161,80 bilhões). Um enfraquecimento nos dois lados da balança comercial. É assim que a irresponsável burguesia brasileira e seus patrões imperialistas conseguiram a proeza de gerar até novembro do ano um absurdo superávit de US$ 40,829 bilhões. Um superávit comercial histórico produzido pelo enfraquecimento da capacidade exportadora, de um lado, e, de outro, pelo desabamento muito mais catastrófico ainda das importações. Como já explicamos anteriormente um comércio externo positivo para o desenvolvimento econômico especificamente capitalista deve ser marcado pela expansão da corrente de comércio (exportação mais importação) e pelo crescimento relativamente equilibrado dos dois lados da balança. Depois da era mercantilista do estéril protocapitalismo, tão duramente criticado por Smith e Ricardo, principalmente, o virtuoso crescimento do comércio externo sem grandes déficits ou superávits. Essa é regra do jogo do moderno regime capitalista. O resto é neomercantilismo Copyright Crítica da Economia © 2016. | 1 O Grande Sucesso da Crise reservado para as economias dominadas do sistema. No caso brasileiro acontece tudo aos contrário desta lei enunciada pela boa teoria do comércio internacional: a corrente do comércio em 2016 (US$ 296,29 bilhões) caiu 12% frente a igual período de 2015 (US$ 335,27 bilhões). Simultaneamente, um superávit comercial recorde do tamanho do patológico desequilíbrio entre os dois pratos da balança. Um recorde altamente pernicioso aos interesses nacionais. Baseia-se unicamente em contínua queda da produção interna e rápida elevação do desemprego dos trabalhadores. Mas uma desvalorização tão radical dos preços de mercado das exportações brasileiras é altamente favorável aos interesses dos chamados “investidores externos”. Na base da liquidação da produção nacional e dos preços de exportação ocorre simultaneamente a liquidação das propriedades capitalistas nacionais. Além das mercadorias exportadas, “o Brasil também ficou barato”. É por isso que o chamado investimento direto externo (IED) continuou jorrando em 2016, as reservas internacionais cresceram um pouco mais e por aí afora. Além do comércio, os fluxos de capitais externos na economia brasileira merecem uma próxima e mais detalhada análise da Crítica. Até lá. Copyright Crítica da Economia © 2016. | 2