Considerações sobre a fenotipagem do antígeno RhD Recentemente, houve uma renovação do interesse na detecção de fenótipos D fraco e D parcial. As recomendações atuais sugerem que para a fenotipagem RhD de pacientes e gestantes não são necessárias investigações adicionais para detectar todos os tipos de D fraco e que o reagente anti-D de escolha seja aquele que não detecta o fenótipo D parcial categoria VI. Esta política é considerada segura porque transfusão de sangue RhD negativo em receptores D fraco não é prejudicial, embora possa ser considerada como um desperdício de unidades RhD negativo. Por outro lado, a transfusão de sangue RhD positivo em receptores DVI classificados equivocadamente como RhD positivo é considerada um evento adverso grave, uma vez que pode provocar a produção de anticorpos anti-D, com possibilidade de complicações em mulheres que venham a gerar um feto RhD positivo. Esta política significa que alguns tipos de D fracos não serão detectados, o que pode ter outras implicações, como a administração de Imunoglobulina RhD profilática antes ou após o parto. Ainda que seja improvável que esta profilaxia cause dano, deve-se considerar a exposição desnecessária de mulheres a componentes do sangue humano e ainda a questão do custo. Em alguns países recomenda-se utilizar 2 reagentes anti-D monoclonais, selecionados de forma a maximizar a detecção de D fraco e D parciais tipo IV, V e VI na fenotipagem RhD de doadores de sangue. Quando ambos os reagentes mostram resultados positivos ou negativos concordantes, não são realizados testes adicionais. É possível que alguns exemplos de D fraco não serão detectados, mas surge a questão sobre a imunogenicidade de tais antígenos se transfundidos em receptores RhD negativos. Outros países continuam a testar os doadores de “primeira doação” que são aparentemente RhD negativos com os soros de rotina, utilizando um anti-D até a fase da antiglobulina humana ou outra técnica especial que seja mais sensível, como por exemplo o gel. Um resultado positivo significa que a unidade de sangue será rotulada como RhD positivo e pode-se evitar a transfusão em um receptor RhD negativo. A fenotipagem RhD estendida utilizando um kit de anti-D’s conhecidos a fim de caracterizar os D parciais mais comuns pode ser empregada. Esta rotina pode ajudar na diferenciação entre D fraco e D parcial, embora muitos fenótipos D parciais sejam também “D fracos”! Atualmente, o limite entre D fraco e D parcial tornou-se muito próximo devido ao grande número de alelos D fracos descritos. Embora alguns alelos tenham sido caracterizados como D fracos, por exemplo, D fraco tipo 4.2, foi demonstrado que este D fraco apresenta o mesmo background molecular responsável pelo fenótipo D parcial DAR. No D fraco tipo 4.2 existe uma mutação adicional, porém silenciosa. Ambos, D fraco tipo 4.2 e o D parcial DAR produzem aloanticorpo anti-D, assim como o D fraco tipo 15. Os D fracos mais comuns são o tipo 1, associado com o halótipo DCe, o tipo 2 associado com o halótipo DcE e o tipo 3, também associado com o DcE. Indivíduos pertencentes a estes (e outros) fenótipos D fracos não produzem aloanticorpo anti-D, mas podem possuir (embora raramente) auto-anticorpo anti-D. Em geral, o background molecular associado com os fenótipos D parciais é devido a presença de genes híbridos (D-CE-D) que afetam o número e/ou conformação dos epítopos D na região extracelular da proteína RhD na membrana eritrocitária. H005373 08.06 01 Mutações que provocam alterações de aminoácidos nas regiões transmembranares ou intracelulares da proteína RhD estão associadas a maioria dos fenótipos D fracos conhecidos. As definições de fenótipos D fraco e D parcial já não refletem mais o conhecimento sorológico passado e atual. Se um D fraco ocorre pela presença de mutações no gene que resultam em menor quantidade de sítios do antígeno D, embora com epítopos intactos, logicamente o aloanticorpo anti-D não pode ser produzido. Isto já foi mostrado não ser verdade para no mínimo 2 fenótipos D fracos conhecidos. Ainda, se um “D fraco” é caracterizado pelo baixo número de sítios antigênicos por hemácia, significa que muitos tipos de D parciais são também “D fraco”. Um doador de sangue cujas hemácias são fenotipadas como D parcial categoria VI será identificado como “RhD positivo”, mas se este doador se tornar paciente suas hemácias serão fenotipadas como “RhD negativo”. Apesar deste fato não ter repercussão clínica, poderia ser mal entendido pelo indivíduo como “mudança de grupo sanguíneo”. Talvez seja tempo de re-examinar e definir qual o significado de “D fraco” e “D parcial” sob a luz dos conhecimentos atuais. Isto poderia ser útil para estabelecer protocolos de fenotipagem para o antígeno RhD. Será que há necessidade de se detectar os fenótipos D muito fracos em todas as situações? Em caso afirmativo, investigações adicionais devem ser realizadas a fim de determinar uma característica particular do antígeno D? No início de 2006, aconteceu em Lisboa, Portugal, um seminário sobre o antígeno RhD para discutir nomenclatura, reagentes e técnicas de fenotipagem. O objetivo era chegar a um consenso para a nomenclatura e estabelecer diretrizes para a fenotipagem RhD de doadores e pacientes. Vários fabricantes foram convidados a apresentar seus reagentes para fenotipagem RhD, de modo que os participantes tiveram a oportunidade de se informarem sobre a disponibilidade e adequação dos reagentes anti-D disponíveis no mercado atualmente. O seminário foi bastante interessante e com muita discussão. Todas as empresas apresentaram reagentes monoclonais anti-D que não detectam DVI e, portanto, adequados para a fenotipagem RhD de pacientes e, reagentes anti-D monoclonais IgG/IgM blend adequados para a fenotipagem RhD de doadores. A maioria das empresas trabalha com apenas 4 clones diferentes, incluindo clones em comum, como por exemplo, os clones 175-2, TH28/MS26 e RUM 1, que estão disponíveis no Gel Teste (ID-System). Nenhuma empresa, entretanto, apresentou um range de reagentes anti-D tão variados como a DiaMed. Neste encontro, a DiaMed anunciou o novo kit para DiaMed Latino América S.A. — www.diamed.com.br fenotipagem dos antígenos RhD parciais denominado “Extended ID-Partial-D Typing kit”. Este Kit utiliza um conjunto de 12 diferentes anti-D monoclonais da Alba Bioscience (Escócia) que possibilta caracterizar muitos antígenos D parciais, incluindo DVI, DFR, DAR, DCS, DOL, DBT e outros. Os reagentes incluídos neste Kit são utilizados com o cartão ID-Anti-IgG e já foram extensivamente avaliados em vários centros de referência pelo mundo. Quando existem resultados discrepantes na fenotipagem RhD, mesmo utilizando-se 2 reagentes anti-D ou quando amostras de doadores aparentemente RhD negativo são submetidas a testes adicionais para investigar a presença do antígeno D, este Kit pode fornecer informações adicionais valiosas, por exemplo, determinar se os resultados discrepantes ocorreram pela presença de D fraco ou D parcial. No caso de D parcial, os resultados encontrados são comparados com a Tabela de Interpretação que acompanha o Kit e, assim o tipo ou categoria do antígeno RhD parcial pode ser caracterizado. Os tipos mais comuns de D fraco apresentarão reatividade com todos os 12 soros, porém bem mais fraca (ou algumas vezes com resultados negativos, dependendo do número de sítios por hemácia) com um exemplo de anti-D presente no Kit. Os tipos caracterizados de D fraco podem, conseqüentemente, ser tratados como RhD positivo, levando a um menor desperdício de sangue RhD negativo e diminuição na administração desnecessária de Imunoglobulina RhD em mulheres no pré ou pós-natal. É claro que existindo qualquer dúvida, as amostras devem ser enviadas aos centros de referência para análise molecular do antígeno RhD . Fonte: DiaMedia nº 29 - Editorial - Imelda Bromilow (Scientific Manager) - DiaMed AG/Suíça 02