Manual Educativo de Pacientes e Familiares 1 ÍNDICE MANUAL EDUCATIVO DE PACIENTES E FAMILIARES O MANUAL ............................................................................................04 1. O QUE É CÂNCER?............................................................................05 2. SINAIS DE ALERTA PARA O CÂNCER..................................................10 3. RECOMENDAÇÕES PARA EVITAR O CÂNCER....................................11 4. principais TIPOS DE CÂNCER............................................................13 4.1. Câncer de Mama ...................................................................13 4.2. Câncer de Próstata .................................................................15 4.3. Câncer de Pulmão ..................................................................19 4.4. Câncer de Colo de Útero ........................................................21 4.5. Câncer de Estômago ..............................................................23 4.6. Câncer de Cólon e Reto ..........................................................25 4.7. Câncer de Boca e Garganta ..................................................28 4.8. Câncer de Esôfago ................................................................29 5. TRATAMENTOS DO CÂNCER..............................................................30 5.1. Quimioterapia .......................................................................31 5.2. Radioterapia ..........................................................................36 5.3. Cirurgia .................................................................................38 O MANUAL Neste manual de orientação, você vai encontrar informações importantes sobre o câncer: definição da doença, sinais de alerta, tipos de câncer, formas de prevenção e tratamento. Estamos à sua disposição para tirar qualquer dúvida ou encaminhar suas solicitações. 4 1. O QUE É CÂNCER? O câncer é uma doença que ocorre quando células de determinado órgão passam a crescer de forma desordenada e sem controle. Como consequência acontece a formação de uma massa de tecido que chamamos de tumor. Tumores podem ser benignos ou malignos. Os tumores benignos não são considerados câncer. Geralmente podem ser removidos através de uma cirurgia e na maioria das vezes não voltam a crescer. Esses tumores raramente colocam em risco a vida das pessoas. Tumores malignos são considerados câncer. As células desses tumores têm a capacidade de se disseminar para outros locais do organismo. Elas fazem isso se soltando do tumor primário, atingindo outros órgãos através da circulação do sangue, do sistema linfático ou até avançando nos tecidos vizinhos. Ao chegar a outros órgãos essas células geram novos tumores que chamamos de metástases. 5 Existem mais de 100 tipos diferentes de câncer. Eles são nomeados de acordo com o órgão de origem do tumor. Cada tipo de câncer apresenta um comportamento particular. Por isso, é muito importante que o diagnóstico e o tratamento de cada paciente seja individualizado, de acordo com as características do seu caso específico. Para o diagnóstico de um câncer é necessária a obtenção de uma biópsia que é a retirada de um pequeno fragmento de tecido para ser examinado no microscópio por um patologista. Após a confirmação do diagnóstico do tipo de câncer são realizados alguns exames num processo que chamamos de estagiamento. Esses exames servem para determinar se o tumor está localizado ou se já disseminou para outros órgãos (isto é, se já gerou metástases). Uma vez definida a extensão do tumor, o médico define junto com o paciente o melhor tratamento para seu caso particular. A comunicação entre o médico e o paciente é muito importante. Existem várias formas de tratamento para os diferentes tipos de câncer. As mais frequentemente utilizadas são: a cirurgia onde se retira o tumor; a radioterapia onde se aplica radiação para matar as células do tumor e a quimioterapia 6 onde se aplicam medicações com a intenção de matar as células tumorais. Com frequência essas formas de tratamento são combinadas para o tratamento de alguns tumores. A escolha do melhor tratamento depende do tipo do câncer e da extensão da doença no momento em que ela é detectada. Ao contrário da crença popular, câncer é curável, especialmente quando diagnosticado precocemente. As chances de cura diminuem quando a doença se encontra em fases mais avançadas. Algumas doenças mesmo disseminadas são curáveis pela medicina atual com a quimioterapia. Existem recomendações de exames de rotina para detectar tumores precocemente. É importante que qualquer pessoa, mesmo as que não apresentam sintomas, conheça e realize esses exames de forma rotineira. Também é muito importante que qualquer pessoa com sintomas que possam estar relacionados a um câncer procure atendimento médico o quanto antes, para definir a causa do problema. Muitos progressos têm acontecido no tratamento do câncer. Aliado ao diagnóstico cada vez mais precoce, o uso de novas drogas pode contribuir para uma perspectiva cada vez melhor no tratamento dessa doença. 7 8 9 2. SINAIS DE ALERTA PARA O CÂNCER Se você está preocupado(a) com o câncer, você não deve estar sozinho(a). Procure o seu médico para discutir suas preocupações e qualquer anormalidade que lhe chame a atenção. Mas lembre-se, não existem manifestações que sejam exclusivas do câncer. Vários sintomas ou achados podem estar relacionados a outros problemas. Esta lista de sinais deve ser usada para você detectar algo que pode ser sério. É muito importante que seu médico seja consultado para esclarecer a origem de cada sintoma. Procure seu médico em caso de: • Perda de peso sem explicação, especialmente se comendo normalmente; • Perda persistente do apetite, especialmente se estiver perdendo peso; • Suor ou transpiração abundante, fora do habitual e diferente dos que o cercam; • Crescimento de caroços ou nódulos, persistentes, onde não existiam; • Ínguas não dolorosas, persistentes; • Surgimento ou mudança de tamanho ou cor de sinais de pele; • Qualquer tipo de perda de sangue, fezes negras e pastosas; • Caroços ou nódulos nos seios das mulheres, secreção pelo bico do seio; • Sangramento vaginal em mulheres idosas fora da época menstrual; • Dificuldade para engolir ou dor ao engolir; • Feridas na boca e garganta que não cicatrizam; • Tosse persistente ou alteração do padrão de tosse de fumantes ou escarro 10 com sangue. Caso algum desses sinais esteja presente, discuta-o com seu médico para que esse possa orientar uma avaliação cuidadosa. 3. RECOMENDAÇÕES PARA EVITAR O CÂNCER • Não fume. Se for fumante, deixe de fumar o mais rápido possível. Não fume próximo a outras pessoas, especialmente crianças. • Se ingerir bebidas alcoólicas, faça-o com moderação; • Aumente seu consumo diário de frutas e vegetais frescos; • Coma frequentemente cereais ricos em fibras; • Evite o excesso de peso, aumente sua atividade física e consuma poucos alimentos ricos em gorduras; • Evite a exposição excessiva ao sol e as queimaduras solares, especialmente nas crianças. Não deixe de usar protetor solar; • Siga com rigor as regras destinadas a evitar a exposição a substâncias conhecidas como causadoras de câncer. Siga as instruções de saúde e segurança, sobretudo no seu local de trabalho, principalmente em relação a substâncias que possam causar câncer; • Consulte seu médico se detectar um caroço no corpo, uma ferida que não cicatriza (inclusive na boca), um sinal de pele que muda de forma, tamanho ou cor, ou qualquer perda anormal de sangue; 11 • Procure seu médico se tiver problemas de saúde que não melhoram, como tosse ou rouquidão persistentes, problemas ao urinar, perda de peso sem explicação ou alterações do comportamento do intestino, como diarreia ou prisão de ventre sem explicação; • As mulheres devem fazer com regularidade um exame ginecológico e coletar um raspado vaginal (chamado teste de papanicolau), que é o exame preventivo do câncer de colo de útero; • As mulheres devem aprender a fazer o autoexame dos seios com regularidade. A partir dos 50 anos é recomendado que seja feita uma mamografia anualmente. Em casos especiais pode ser recomendada uma mamografia anual a partir dos 40 anos; • Os homens com mais de 50 anos devem realizar o exame da próstata pelo médico. Se houver algum sintoma urinário esse exame deve ser feito com qualquer idade. O exame de sangue PSA não substitui o exame médico, mas auxilia no diagnóstico precoce do câncer de próstata; • Mudanças na regularidade do funcionamento do intestino e da urina, se persistentes, devem ser avaliadas em tempo. 12 4. principais TIPOS DE CÂNCER 4.1. Câncer de Mama O câncer de mama é muito frequente no Brasil. A maior parte dos casos ocorre em mulheres entre 50 e 60 anos. Mulheres com casos de câncer de mama na família têm maior risco de desenvolver a doença. Geralmente a primeira manifestação de um câncer de mama é um nódulo ou caroço no seio, na maioria das vezes, indolor. Outras alterações que devem chamar a atenção da paciente são: saída de secreção ou sangue pelo bico do seio, endurecimento ou alteração na forma da mama. Toda mulher deve procurar o seu médico caso apresente um desses sintomas. Na maior parte das vezes, tais manifestações não correspondem a um câncer, mas é importante a avaliação médica para descartar a doença. A investigação inicial para um caroço no seio é feita com uma mamografia. Algumas mulheres também necessitam fazer uma ecografia da mama. Após isso, pode ser recomendada uma biópsia, que pode ser realizada no consultório com uma agulha e anestesia local. Em alguns casos, é necessária a obtenção de uma biópsia cirúrgica, 13 onde se retira um pedaço do nódulo que está sendo investigado. O material obtido é enviado para exame por um patologista que determina o diagnóstico. Após a confirmação de um câncer de mama, são solicitados exames para definir se a doença está localizada ou se já aconteceram metástases (isso é, se já disseminou para outros locais do corpo). Conhecer a extensão da doença é muito importante para definir o melhor tratamento. A cirurgia é o tratamento inicial mais frequentemente utilizado. Em alguns casos pode ser feita a retirada do nódulo com um pouco de tecido mamário em volta, de forma a permitir a conservação da mama. Em outros é necessária a retirada de toda a mama. No momento da cirurgia, também são retirados os gânglios que estão debaixo do braço do mesmo lado em que foi realizada a cirurgia, que devem ser examinados junto com o tecido mamário para determinar se foram comprometidos pelo tumor. Após o tratamento inicial, deverá ser discutido se há necessidade de um tratamento complementar como radioterapia, quimioterapia ou hormonioterapia. Esses tratamentos têm o objetivo de diminuir as chances de a doença voltar a se manifestar, tanto no seu local de origem quanto em qualquer outro órgão. A maioria 14 das mulheres tratadas nas fases iniciais da doença são curadas. Uma vez concluído o tratamento inicial, a paciente deverá combinar com o seu médico uma rotina de acompanhamento em intervalos regulares. 4.2. Câncer de Próstata O câncer de próstata é um tumor muito frequente em homens. O risco de desenvolver esse tipo de tumor é maior naquelas pessoas que têm familiares com o mesmo diagnóstico. As manifestações mais comuns de um câncer de próstata são: dificuldade para urinar, alteração do jato da urina, urgência urinária ou frequência urinária aumentada. Esses sintomas também acontecem quando a próstata aumenta de tamanho com a idade, por isso é importante que o médico seja consultado para realizar uma avaliação. Quanto mais precoce o diagnóstico maiores as chances de cura da doença. Todo homem a partir dos 50 anos deve ser examinado anualmente com um toque retal. O exame com ecografia e o exame de sangue conhecido como PSA são complementares ao exame médico. Em caso de alguma alteração, a retirada de fragmentos de próstata deverá ser feita para confirmar o diagnóstico. 15 16 17 Após o diagnóstico de um câncer de próstata é importante que seja definida a extensão da doença com exames adicionais, como tomografia computadorizada e cintilografia óssea. Nos casos de câncer de próstata inicial, os tratamentos existentes são a cirurgia ou a radioterapia. Ambos podem ter efeitos colaterais como: incontinência urinária e impotência ou redução da capacidade sexual. É fundamental que esses problemas potenciais sejam discutidos com o seu médico antes de definir o melhor tratamento para cada caso. O câncer de próstata avançado ou disseminado geralmente compromete os ossos e com frequência causa dor. O tratamento dessa situação baseia-se em terapias hormonais ou radioterapia nos locais comprometidos. Os tumores de próstata dependem do estímulo do hormônio masculino chamado testosterona. A retirada dos testículos, que elimina a produção de testosterona é uma alternativa muito eficaz. Existem outras medicações que podem ser usadas para combater os efeitos da testosterona. O uso dessas medicações compromete a função sexual dos pacientes. O melhor tratamento depende das características 18 de cada caso e deverá ser discutido entre o médico e o paciente. Em alguns casos, os pacientes também podem ser tratados com quimioterapia após o tratamento hormonal inicial. 4.3. Câncer de Pulmão O câncer de pulmão é um dos tumores mais frequentes tanto em homens como em mulheres. O cigarro é o fator de risco mais importante. Existem substâncias no tabaco que causam danos diretos nas células do pulmão que com o tempo podem transformar-se em câncer. O risco de câncer aumenta se a pessoa começa a fumar quando jovem, fuma por muitos anos ou fuma em grande quantidade. O abandono do cigarro reduz progressivamente o risco de desenvolver o câncer. Os principais sintomas ou sinais de alerta para o câncer de pulmão são: • Rouquidão; • Tosse, que não desaparece e piora com o tempo; • Dor constante no tórax; • Sangue no escarro; • Surgimento de falta de ar ou chiado no peito; • Pneumonias de repetição; • Perda de apetite ou perda de peso; • Cansaço persistente. 19 Esses sintomas podem estar relacionados ao câncer de pulmão ou a outros problemas, e devem ser relatados ao seu médico. Após entrevistar e examinar o paciente, o médico poderá solicitar exames. Os exames iniciais geralmente incluem uma radiografia do tórax e exame do escarro. Para a confirmação do diagnóstico é necessária uma biópsia, que é a retirada de um fragmento do tumor, que deverá ser examinado para definir o diagnóstico. Existem diversos tipos de câncer de pulmão e esse conhecimento é importante na escolha do tratamento. Após a confirmação do diagnóstico, o médico deverá determinar a extensão da doença. Nessa fase, diversos exames serão realizados para determinar se a doença está localizada ou não. A escolha do tratamento depende de diversos fatores que incluem o tipo, tamanho e localização do tumor, e a extensão da doença. Nos casos mais iniciais, o tratamento visa à cura definitiva da doença. Nos casos mais avançados, o tratamento se preocupa principalmente em controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da pessoa. Se o tumor não puder ser operado, ou se houver extensão da doença para outros órgãos, outras modalidades de tratamento podem 20 ser necessárias. Elas são a quimioterapia e a radioterapia. Em alguns casos, a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia podem ser associadas para obtermos melhores resultados. Muitos progressos têm sido feitos no tratamento do câncer de pulmão. Em especial, drogas mais eficazes foram desenvolvidas nos últimos anos, aumentando a expectativa de vida e melhorando a qualidade de vida das pessoas atingidas por essa doença. 4.4. Câncer de Colo de Útero O câncer de colo uterino é uma doença muito comum em nosso meio. A doença pode atingir a qualquer mulher. Antes do câncer se estabelecer ocorrem alterações que o precedem e podem ser identificadas sendo importantes para o diagnóstico precoce. Quando é feito o diagnóstico numa etapa precoce, o câncer de colo de útero é curável em 100% dos casos. O exame citopatológico ou papanicolau é um teste muito simples que coleta amostras do colo uterino para exame no microscópio. Todas as mulheres devem fazer exame ginecológico e teste preventivo pelo menos a cada 3 anos a partir dos 18 anos de idade. 21 22 No caso de diagnóstico de câncer de colo uterino, o tratamento e o prognóstico dependem da extensão da doença. O exame ginecológico realizado no consultório do médico é o elemento mais importante dessa avaliação. O câncer de colo de útero pode ser curado na grande maioria dos casos iniciais. A cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia são as formas mais comuns de tratamento. A combinação desses tratamentos tem sido empregada com sucesso. Em alguns casos de mulheres jovens com câncer de colo de útero em estágios iniciais, é importante discutir com o médico aspectos de planejamento familiar e o desejo de engravidar posteriormente, o que tem influência na definição do tratamento a ser feito. 4.5. Câncer de Estômago As manifestações iniciais do câncer de estômago são inespecíficas, já que frequentemente podem estar associadas a outras doenças. Indigestão, distensão do estômago após a alimentação, náuseas e vômitos, azia, perda de apetite, presença de sangue nas fezes, perda de peso e dor no estômago podem representar um câncer. Geralmente elas estão relacionadas a outros problemas, mas se forem persistentes é importante que sejam avaliadas por um médico. 23 Para a investigação inicial é feita uma radiografia com ingestão de um líquido de contraste, assim como uma endoscopia. Essa permite, em casos de visualização de qualquer anormalidade, a retirada de pequenos fragmentos que serão posteriormente examinados para confirmação da presença ou não do tumor. Uma vez confirmado o diagnóstico de câncer no estômago, a chance de recuperação depende da extensão da doença, que pode estar localizada ou espalhada em outros órgãos. O tratamento inicial do câncer de estômago é cirúrgico, uma operação que remove o estômago ou parte dele junto com o tumor. O tipo de cirurgia dependerá da extensão da doença no momento da operação. Aplicações de radioterapia e quimioterapia após a cirurgia podem ser indicadas em alguns casos com a intenção de prevenir a recorrência da doença. Caso o tumor não possa ser removido pela cirurgia, a aplicação de radioterapia em combinação com quimioterapia poderá resultar em controle da doença e dos sintomas com grande benefício para o paciente. Se o câncer atinge órgãos distantes do estômago ou reaparece após o tratamento inicial, o emprego da quimioterapia pode resultar num controle apropriado dos sintomas da doença. 24 4.6. Câncer de Cólon e Reto O câncer do intestino grosso pode acontecer no cólon ou no reto e é muito frequente no nosso meio. O risco de desenvolver esse tipo de câncer é maior em pessoas que têm familiares com o mesmo diagnóstico no passado. Os sintomas mais comuns, que podem indicar a presença de um câncer do intestino grosso são: dor abdominal, mudança do hábito intestinal (isso é, alternância de diarreia e prisão de ventre) e sangramento intestinal. Entretanto, esses sintomas não são específicos e podem estar presentes em muitas outras doenças ou em pessoas sem nenhuma doença. É importante que quando eles aconteçam o médico seja consultado para uma avaliação. O câncer de cólon e reto em geral não produz sinais ou sintomas nas suas fases iniciais, daí a importância de realizar periodicamente exames de detecção precoce. Esses exames incluem: pesquisa de sangue oculto nas fezes, toque retal e o exame endoscópico do intestino grosso chamado de colonoscopia. Durante a consulta, também é importante que seja feito o toque retal, que é o exame de toque do reto, feito pelo médico, para verificar se há alguma anormalidade. 25 O tipo de tratamento a ser indicado depende da extensão da doença e das condições gerais de saúde do paciente. Após o diagnóstico inicial, vários testes e exames devem ser realizados para se verificar a extensão e auxiliar o médico na decisão de qual o melhor tratamento. Geralmente utilizamos três tipos de tratamento para o câncer de cólon e reto: a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. A cirurgia retira a parte do intestino grosso que inclui a área do tumor, e é essencial no tratamento mesmo em casos mais avançados. Após a cirurgia, o paciente deve ser avaliado para definir a necessidade de tratamento complementar com quimioterapia. Esse tratamento complementar é muito eficaz e visa diminuir os riscos de que a doença retorne no futuro. Geralmente, a quimioterapia é feita por um período de 6 meses e é bem tolerada. Quando o tumor se localiza no reto, que é a porção terminal do intestino grosso, o tratamento complementar, caso necessário, pode também incluir a radioterapia. Em algumas situações particulares a quimioterapia e a radioterapia podem ser realizadas antes de uma cirurgia para facilitar o trabalho do cirurgião. 26 27 4.7. Câncer de Boca e Garganta Os tumores da boca e da garganta se manifestam pelo aparecimento de feridas ou aumento dos gânglios ou ínguas no pescoço. Dor de garganta contínua, dificuldade para engolir, alteração na voz ou dor no ouvido são sintomas que devem ser imediatamente avaliados por um médico. Isso pode permitir um diagnóstico mais precoce da doença. Lesões pré-cancerosas da boca também podem ser identificadas em visitas regulares ao dentista e o seu tratamento muitas vezes pode evitar o desenvolvimento de um câncer. Para confirmar o diagnóstico de câncer o médico deve realizar uma biópsia. O câncer da boca e da garganta podem ser tratados por cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Frequentemente, duas ou três formas de tratamento são combinadas. Isso ajuda a melhorar os resultados do tratamento e às vezes permite preservar os órgãos atingidos. Na maior parte dos casos, quando a lesão é inicial, a cirurgia é considerada como tratamento capaz de curar. A radioterapia é uma alternativa que igualmente resulta em altas taxas de cura em tumores iniciais. Casos mais avançados são geralmente tratados pela combinação de radioterapia e cirurgia. Em algumas 28 situações, a adição da quimioterapia também é indicada. Tumores da laringe podem ser tratados com radioterapia e quimioterapia com a intenção de preservar a voz. Depois do tratamento inicial, muitos pacientes necessitam de programas de reabilitação que ajudam na sua recuperação. 4.8. Câncer de Esôfago As manifestações mais frequentes do câncer de esôfago são: dificuldade ou dor para engolir e emagrecimento. Quando esses sinais e sintomas estão presentes o médico deverá iniciar uma investigação com exames que incluem um raio x do esôfago ou uma endoscopia digestiva. Na endoscopia pode-se retirar uma amostra de tecido, que é examinada por um patologista para confirmar o diagnóstico. No câncer de esôfago, a chance de cura depende da extensão da doença e das condições de saúde do paciente, que serão determinados pelo seu médico. A escolha do melhor tratamento deverá ser feita considerando a extensão do câncer e as condições de saúde do paciente. Existem três tipos de tratamento que podem ser utilizados individualmente ou em combinação: a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. 29 Uma atenção muito especial deve ser dada à condição de nutrição do paciente. Para os pacientes com dificuldades para engolir a cirurgia e a radioterapia ajudam a minorar o problema, assim como o uso de uma sonda para alimentação temporária. 5. TRATAMENTOS DO CÂNCER Existem muitos motivos para sermos otimistas com relação ao câncer. Na atualidade o médico tem várias opções na luta contra os diferentes tumores. É sempre importante lembrar que, quanto antes for diagnosticado, maior será a chance de cura para qualquer tumor. Em geral, cirurgia, radioterapia e quimioterapia são as principais formas de tratamento que utilizamos no combate ao câncer. As descrições a seguir procuram esclarecer conceitos básicos relacionados a esses tratamentos. É muito importante que o paciente tenha uma clara noção da natureza de sua doença e das características do seu tratamento, dessa forma poderá colaborar com o médico contribuindo para o melhor resultado. 30 5.1. Quimioterapia A quimioterapia é uma forma de tratamento na qual o paciente recebe substâncias químicas que são chamadas de quimioterápicos. Eles podem ser administrados de diferentes formas: alguns são líquidos e são administrados diretamente na veia do paciente, outros são ingeridos pela boca na forma de comprimidos. Uma vez administrados ou ingeridos, a corrente sanguínea distribui a medicação por todo o corpo. A ação e o efeito dos quimioterápicos acontecem em todo o organismo. Dessa forma, esses remédios podem atacar células que tenham se separado do tumor inicial formando metástases em algum outro órgão distante. Existem dezenas de agentes quimioterápicos. A escolha de qual deles deve ser utilizado depende de cada caso. O médico leva em consideração o tipo de tumor, a extensão da doença e as condições de cada paciente para fazer a escolha mais adequada. Cada medicamento tem suas características particulares. Muitas vezes são administrados vários medicamentos em combinação para tratar alguns tumores. Isso faz com que o tratamento seja mais eficaz. 31 32 33 Normalmente, os quimioterápicos são administrados em intervalos que variam de três a quatro semanas. Também existem tratamentos semanais e até mesmo diários. Os quimioterápicos tratam o tumor interferindo com a função das suas células. Mas ao mesmo tempo em que matam as células cancerosas, eles também podem interferir no funcionamento de células normais. Alguns tecidos ou órgãos são mais sensíveis aos efeitos dos quimioterápicos como o tecido que faz o sangue, o tubo digestivo e o couro cabeludo. Os efeitos que resultam da ação dos quimioterápicos nos tecidos normais, dão origem aos chamados efeitos colaterais. Cada droga quimioterápica tem suas características, funciona de uma forma determinada e causa efeitos colaterais também particulares. Os efeitos mais conhecidos são: náuseas e vômitos, queda do cabelo e diminuição das defesas sanguíneas. Esses efeitos secundários são temporários e desaparecem com a recuperação dos tecidos normais o que pode levar de dias a semanas. Antes de iniciar qualquer tipo de tratamento oncológico seu médico deverá explicar as características dos medicamentos que serão administrados, a frequência das administrações ou sessões, quais os efeitos colaterais esperados e o que 34 deve ser feito no caso de surgir qualquer problema. Muitos efeitos colaterais podem ser previstos, controlados ou eliminados com medicamentos complementares específicos. A quimioterapia pode ser utilizada em vários momentos durante o tratamento do câncer. Existem situações em que ela é administrada antes de uma cirurgia para diminuir o tamanho do tumor e possibilitar uma cirurgia de menores proporções, preservando determinados órgãos. Com frequência é administrada depois da retirada do tumor com o objetivo de prevenir uma eventual recorrência da doença. Também pode ser usada quando a doença já gerou metástases em outros órgãos. Normalmente, durante o tratamento, o paciente é acompanhado a intervalos regulares antes de cada aplicação. Nesses encontros, o médico avalia como o paciente está respondendo ao tratamento e sua tolerância ao mesmo. Ajustes de dose e de combinações são frequentemente realizados dependendo dessa avaliação. 35 5.2. Radioterapia A radioterapia é frequentemente utilizada contra o câncer. Consiste na aplicação de radiação, numa área determinada do corpo, onde está localizado o tumor. Essa radiação ataca as células cancerosas impedindo que se dividam e provocando a morte das mesmas. Ao contrário da quimioterapia, que funciona em todo o organismo, a ação da radioterapia está restrita à área onde ela é aplicada. Existem efeitos colaterais que resultam da irradiação de tecidos normais na vizinhança da área tratada e incluem entre outros: irritação, queimaduras superficiais, inflamação de mucosas e eventualmente diminuição das contagens de células no sangue. Queda de cabelo acontece somente na área que recebe a radioterapia. Esses efeitos colaterais são temporários e em geral são facilmente controlados. A radioterapia é realizada sob a supervisão de um médico especialista na área: o radioterapeuta. Antes de iniciar um tratamento é necessário que a região do corpo que será irradiada seja precisamente demarcada. Essa fase inicial é conhecida com planejamento e é muito importante para o sucesso do tratamento. Uma vez definida com precisão a área 36 que será irradiada, a mesma é marcada na pele do paciente para garantir que receba a radiação durante todo o tratamento. A radioterapia é administrada em sessões ou aplicações diárias de segunda a sexta-feira. Essas aplicações duram apenas alguns minutos e são repetidas por algumas semanas. A duração do tratamento depende da dose total que desejamos administrar, isso varia conforme o tipo do tumor. Ocasionalmente, a radioterapia pode ser administrada ao mesmo tempo que a quimioterapia, procurando somar efeitos benéficos e melhorar os resultados do tratamento. Pode também ser combinada com a cirurgia em alguns casos. O regime mais adequado para cada situação deve ser discutido com cada paciente pelo oncologista, o cirurgião e pelo radioterapeuta antes de ser iniciado. A radioterapia é um dos tratamentos mais eficazes de que dispomos para tratar a dor em pacientes que apresentam comprometimento dos ossos pelo seu tumor. Também na radioterapia o paciente é acompanhado em intervalos regulares para que o médico avalie como o paciente está respondendo ao tratamento e sua tolerância ao mesmo. Ajustes são feitos e eventualmente o tratamento pode ser temporariamente interrompido para permitir 37 a recuperação de efeitos colaterais. Durante o tratamento não existe nenhum perigo do paciente tornar-se radioativo e transmitir radiação para outras pessoas. 5.3. Cirurgia A cirurgia é a mais antiga forma de tratamento dos tumores e é a principal modalidade de tratamento dos tumores sólidos. Ela consiste em extirpação do tumor benigno ou maligno, tanto como tratamento como para diagnóstico. A principal ideia frente a qualquer câncer é a sua eliminação por completo e a cirurgia sempre tentará remover os tumores para alcançar as melhores chances de cura. O cirurgião oncológico é o especialista preparado para a realização dos procedimentos cirúrgicos oncológicos de diagnóstico e tratamento. Cada vez mais, temos a necessidade de tratar câncer em centros especializados onde o cirurgião esteja preparado para saber qual é o momento em que a cirurgia possa estar atuando. Algumas vezes o tratamento pode iniciar por outras modalidades, como quimioterapia ou radioterapia, para que a cirurgia seja mais fácil e para que se obtenha 38 melhores resultados. A integração com os demais profissionais e a experiência de um tratamento realizado por uma equipe multidisciplinar farão toda a diferença na busca pelo melhor resultado. O cirurgião deve ser parte fundamental do tratamento dos tumores, pois o maior impacto no prognóstico dos pacientes com câncer sempre é dado pelo resultado obtido na cirurgia. Muitas vezes a cirurgia é indicada para remoção de partes dos tumores para biópsia ou diminuição na quantidade de tumores para que a quimioterapia e a radioterapia tenham efeito mais adequado. A cirurgia também se destina à colocação de sondas para alimentação diretamente no trato gastrointestinal como jejunostomias e gastrostomias. Com a inclusão de novas tecnologias pode-se realizar procedimentos minimamente invasivos por videolaparoscopia e videotoracoscopia. A cirurgia videolaparoscópica vem sendo cada vez mais utilizada no diagnóstico e tratamento de tumores. Os resultados oncológicos das cirurgias realizadas por vídeo têm se mostrado semelhantes ou até superiores aos convencionais. Vale ressaltar que esses resultados 39 40 41 são alcançados por profissionais treinados em cirurgia oncológica convencional e que utilizam o vídeo como método para a realização. Alguns procedimentos videolaparoscópicos estão bem aceitos e outros estão em fase de pesquisa e somente deverão ser oferecidos em estudos clínicos. O cirurgião oncológico desempenha ainda a colocação de cateteres para a realização de quimioterapia. Sabemos que as veias dos braços muitas vezes são inadequadas e inseguras para a colocação de quimioterapia. Para a infusão segura de quimioterapia muitas vezes será necessária a colocação de portocath que são reservatórios implantados totalmente sob a pele e que servem como via de infusão de quimioterapia. Sempre pergunte ao seu cirurgião qual é a melhor maneira para realizar o seu tratamento e em que momento a cirurgia deverá ser realizada. 42 43 UNIDADE AMBULATORIAL DE QUIMIOTERAPIA Centro Clínico do Hospital Mãe de Deus Rua Costa, 40 - 2º Andar - Menino Deus Porto Alegre - RS - CEP 90810-270 - Brasil Telefones: (51) 3230.2507 - (51) 3230.2530 Fax: (51) 3230.2508 E-mail: [email protected] UNIDADE AMBULATORIAL COR MÃE DE DEUS RADIOTERAPIA E QUIMIOTERAPIA Rua Orfanotrófio, 299 - Alto Teresópolis Porto Alegre - RS - CEP 90840-440 - Brasil Telefone: 3252. 3900 • Fax: (51) 3252.3909 E-mail: [email protected] UNIDADE DE INTERNAÇÃO HOSPITAL MÃE DE DEUS Rua José de Alencar, 286 - 8º Andar - Menino Deus Porto Alegre, RS - CEP 90880-480 - Brasil Telefone: (51) 3230.2248 E-mail: [email protected] Para mais informações, entre em contato. HOSPITAL SISTEMA DE SAÚDE MÃE DE DEUS w w w. i n s t i t u t o d o c a n c e r. c o m . b r 44