Faculdade de Imperatriz FACIMP Fármacos antiinflamatórios não esteroidais (AINES) Disciplina: Farmacologia Prof. Dr. Paulo Roberto da Silva Ribeiro 5o Período de Farmácia e Bioquímica 1o Semestre de 2007 Prof. Dr. Paulo Roberto 1 FARMACOLOGIA DA DOR E DA INFLAMAÇÃO Fisiopatologia da resposta inflamatória e dolorosa Estímulo lesivo celular (físico, químico, biológico) Ativação do sistema do complemento Liberação e ativação de mediadores endógenos cininas: histamina, PGs e 5-HT Lesão celular e liberação de enzimas intracelulares Reação inflamatória aguda alterações morfofisiológicas vasculares, infiltrado celular Sensibilização seletiva por substâncias algésicas durante a inflamação: BK, 5-HT e PGs* Resolução Cronificação Prof. Dr. Paulo Roberto 2 1 FARMACOLOGIA DA DOR E DA INFLAMAÇÃO Temperatura corporal Receptores cutâneos para frio e calor Efetuadores Fluxo sangüíneo Glândulas sudoríparas Ventilação pulmonar Centros Termorreguladores hipotalâmicos (mediação e modulação: PGs, catecolaminas, cininas, Ach) Pirogênios endógenos Leucócitos e outras células Pirogênios exógenos Hipotálamo anterior: calor, sudorese, vasodil. Hipotálamo posterior: frio, tremor, arrepios, vasoconst. Microorganismos Prof. Dr. Paulo Roberto 3 Metabólitos do ácido araquidônico Fosfolipídeos da membrana celular ÁC. ARAQUIDÔNICO Fosfolipase A2 Inibida pelos esteróides 12-HETE Quimiotaxia LOXs: 5, 12 e 15 Inibidas pelos AINEs Prostaglandina H2 Leucotrieno A4 Leucotrieno C4 Broncoconstritores ↑ Permeabilidade Prostaglandina GG2 COX 1-2 5HPETE Quimiotaxia Leucotrieno B4 Esteróides inibem a indução Leucotrieno D4 Prostaciclina PGI2 Tromboxane A2 Vasodilatação, inibe a agregação plaquetária, hiperalgésica Vasoconstrição, Promoção da agregação plaquetária Leucotrieno E4 PGD2 • HPETE = ácido hidroperoxieicosatetraenóico • HETE = ácido hidroxieicosatetraenóico PGF2α PGE2 Vasodilatação e Broncoconstritora Vasodilatação, hiperalgésica inibe agregação e contração do plaquetária miométrio Prof. Dr. Paulo Roberto 4 2 ANALGÉ ANALGÉSICOS, ANTITÉ ANTITÉRMICOS E ANTIINFLAMTÓ ANTIINFLAMTÓRIOS Mecanismo de ação geral • Inibição periférica e central da atividade da enzima ciclooxigenase e subsequente diminuição da biossíntese e liberação dos mediadores da inflamação, dor e febre (prostaglandinas). Mecanismo da ação antiinflamatória • Bloqueio da formação de PGs por inibição da COX; • Inibição da liberação de histamina; • Diminuição da migração PMN e monócitos. Prof. Dr. Paulo Roberto 5 ANALGÉ ANALGÉSICOS, ANTITÉ ANTITÉRMICOS E ANTIINFLAMTÓ ANTIINFLAMTÓRIOS Mecanismo da ação analgésica • Bloqueio da formação de PGs por inibição da COX; • Exceção aos fenamatos que possuem antagonista sobre os receptores das PGs. ação Mecanismo da ação antitérmica • Bloqueio da formação de PGs por inibição da COX. Escolha • Toxicidade relativa • Custo diário • Conveniência Prof. Dr. Paulo Roberto 6 3 As ciclooxigenases COX-1 • Enzima essencial constitutiva • Encontrada na maioria das células e tecidos • Produção de PGs para manutenção de funções fisiológicas COX-2 • formação induzida processo interleucinas - IL1, IL2 e TNFα inflamatório e • Prostaglandinas que mediam inflamação, dor e febre. Prof. Dr. Paulo Roberto 7 As prostaglandinas FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DAS PROSTAGLANDINAS • Estimulação da agregação plaquetária (TXA2) • Inibição (PGI) • Relaxamento vascular (PGE2, PGI) • Contração (PGF, TXA) • Contração brônquica (PGF2, LCT, LTD, TXA) • Relaxamento (PGE) • Proteção da mucosa gástrica (PGE1, PGI) • Manutenção do fluxo renal e regulação do metabolismo de Na+ e K+ (PGE1, PGI2) Prof. Dr. Paulo Roberto 8 4 FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DAS PROSTAGLANDINAS • Indução contração uterina (PGE, PGF2α) • Produção de febre (PGE2) • Hiperalgesia por potencialização dos mediadores da dor • Sensibilização das terminações nociceptivas periféricas APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS DAS PROSTAGLANDINAS • • • • • Estimulação uterina: aborto entr 12a e 20a semana Trato gastrintestinal: anti ulceroso Agregação plaquetária: substituto da heparina Impotência masculina: corpos cavernosos Inibidores dos leucotrienos: asma Prof. Dr. Paulo Roberto 9 SALICILATOS FARMACOCINÉTICA Absorção VO (estômago e intestino delgado) Fatores que influenciam a absorção: composição, velocidade de desintegração e dissolução, alimentos, pH, tempo de esvaziamento gástrico Constante de dissociação ( pKa= 3,5) níveis plasmáticos em 30 min; pico em 2 horas pH 2,5 - 91% não ionizada pH 4,5 - 91 % ionizada Distribuição: livres e ligados a proteína plasmática (albumina) Prof. Dr. Paulo Roberto 10 5 SALICILATOS FARMACOCINÉTICA metabolização e excreção esterases mucosa GI (hidrólise) conjugação com glicina e ácido glicurônico Aspirina ác. Salicílico glicuronídeos (15% urina) ác. Saliciúrico (75 % urina) (10% salicilato free) Prof. Dr. Paulo Roberto 11 SALICILATOS FARMACOCINÉTICA excreção renal influenciada pelos fatores relacionados ao pH urinário e competição com outros ácidos orgânicos INDICAÇÕES CLÍNICAS Analgesia - dores leves a moderadas: cefaléia, dismenorréia, mialgias, artralgias, neuralgias, desconforto pós-operatório, pós-parto, cirurgias odontológicas, procedimentos ortopédicos Antitérmico; Antiinflamatório Antiagregante plaquetário Prof. Dr. Paulo Roberto 12 6 SALICILATOS TOXICIDADE: • TGI: 9 mais freqüentes com tratamento prolongado e elevadas doses 9 intolerância gástrica (dor, desconforto epigástrico, náuseas, vômitos, anorexia) 9 ulceração da mucosa com sangramento 9 exacerbação na presença de etanol • Nefrotoxicidade 9 ingestão crônica de AAS, fenacetina e paracetamol 9 diminuição da função renal • Hepatotoxicidade • Reversível Prof. Dr. Paulo Roberto 13 CONTRA-INDICAÇÕES Pelos efeitos anticoagulantes 9 terapia anticoagulante; 9 alterações na coagulação (hemofilia, hipoprotrombinemia, deficiência vitamina K) 9 cirurgias Pelos efeitos sobre aparelho GI 9 úlcera péptica 9 gastrite ou sangramento gastrintestinal 9 9 9 9 Gravidez gestação prolongada trabalho de parto prolongado risco sangramento materno síndrome de Reye (lesão hepática severa e encefalopatia) Prof. Dr. Paulo Roberto 14 7 ác. acetilsalicílico salicilato de metila OH O O O CH3 1 O 6 O 1 2 5 OH 6 3 5 CH3 4 2 3 4 ác. salicílico salicilamida OH O NH2 O 1 1 OH 6 2 5 3 6 OH 2 5 3 4 4 Prof. Dr. Paulo Roberto 15 DERIVADOS PIRAZOLÔNICOS: EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES: efeitos GI: náusea, vômitos, desconforto epigástrico, diarréia, retenção sódio, fenômenos hemorrágicos, agranulocitose, púrpura, trombocitopenia, hemolítica e anemia aplástica CONTRA-INDICAÇÕES: TGI, insuficiências hepática e renal, discrasias sanguíneas, hipertensão arterial SUBSTÂNCIAS: fenilbutazona oxifenilbutazona dipirona apazona feprazona Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) Prof. Dr. Paulo Roberto 16 8 DERIVADOS PIRAZOLÔNICOS: Analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios. + Na O O dipirona ou metamizol O S 5 N N O 1 4 3 H3C N 2 CH3 H3C Sem atv antiinflamatória Com atv analgésica fenilbutazona O O 5 H 1 3 H3C 5 H3C N 4 N 1 4 N 3 2 O H3C Responsável pela atv antiinflamatória N 2 O derivado inativo Prof. Dr. Paulo Roberto 17 DERIVADOS PARAMINOFENOL FARMACOCINÉTICA menor grau ligação proteína Plasmática metabólito intermediário tóxico EFEITOS FARMACOLÓGICOS não altera tempo sangramento menor potência antiinflamatória EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES doses terapêuticas, baixa incidência CONTRA-INDICAÇÕES hipersensibilidade aos salicilatos, insuficiências hepática e renal SUBSTÂNCIAS: Fenacetina, Acetaminofen ou Paracetamol Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) Prof. Dr. Paulo Roberto 18 9 NH O NH O HO paracetamol acetaminofeno ACETANILIDA ¾ Benorilato: recente. CH3 NH CH3 Derivado CH3 O H3C do O FENACETINA p-aminofenol mais 9 Ação analgésica e antipirética. Prof. Dr. Paulo Roberto 19 DERIVADOS ÁCIDO FENILACÉTICO: analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios. EFEITOS FARMACOLÓGICOS inibição COX superior indometacina e propiônicos EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI (20%): sangramentos, ulcerações ou perfuração parede hepatotoxicidade (15%): aumento transaminases SUBSTÂNCIAS Diclofenaco, ibuprofeno Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) Cl ibuprofeno CH3 diclofenaco de Na NH O CH3 O Cl OH H3C ONa Prof. Dr. Paulo Roberto 20 10 DERIVADOS DO INDOL EFEITOS FARMACOLÓGICOS inibição COX: analgésicos e antiinflamatórios EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES • GI (+ sérios): dor epigástrica, anorexia, dispepsia, náuseas, vômitos, úlcera péptica, sangramento GI • SNC: cefaléia (25 a 50%), vertigens, tonturas, confusão mental, alucinações, distúrbios psiquiátricos (depressão e psicoses) • neutropenia, trombocitopenia, anemia aplástica • erupções cutâneas, prurido, urticária, crises agudas de asma, edema angioneurótico CONTRA-INDICAÇÃO • doenças GI, psiquiátricas, epilepsia, parkinson • insuficiência hepática e renal SUBSTÂNCIAS: Indometacina, Sulindaco. Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) Prof. Dr. Paulo Roberto 21 Cl indometacina O N CH3 O H3C O anel indólico OH O H S CH3 O H3C sulindaco OH anel indeno F Prof. Dr. Paulo Roberto 22 11 DERIVADOS ÁCIDO PROPIÔNICO EFEITOS FARMACOLÓGICOS: analgésicos, antipiréticos antiinflamatórios inibição COX, inibição do sistema das cininas e histamina. e EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI; trombocitopenia, agranulocitose, erupções cutâneas, cefaléia, tonturas prolongamento tempo sangramento CONTRA-INDICAÇÃO hipersensibilidade cruzada, doença GI insuficiência hepática e renal SUBSTÂNCIAS: Naproxeno, Fenoprofeno, Cetoprofeno, flurbiprofeno Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) Prof. Dr. Paulo Roberto 23 DERIVADOS DO OXICAN EFEITOS FARMACOLÓGICOS: antiinflamatórios analgésicos, antipiréticos e EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI: cefaléia, zumbidos, edema, prurido, erupções cutâneas, aumento transaminases, anemias, trombocitopenia, leucopenia, eosinifilia CONTRA-INDICAÇÃO doença do GI, alteração na coagulação SUBSTÂNCIAS: Piroxicam, Tenoxicam, Meloxicam Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) Prof. Dr. Paulo Roberto 24 12 piroxicam OH N HN O R2 oxicams OH N HN CH3 S O O O CH3 N R1 S O S meloxicam O OH N HN O N CH3 S O O Prof. Dr. Paulo Roberto 25 FENAMATOS EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI: dispepsia, desconforto gástrico anemia hemolítica CONTRA-INDICAÇÃO doença GI, alteração na função renal SUBSTÂNCIAS Acido mefenâmico Ácido flufenâmico Ácido etofenâmico Ácido meclofenâmico Ácido tolfenâmico ác. mefenâmico NH H3C anel aril CH3 O OH anel antranílico F NH F F ác. flufenâmico O OH Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) Prof. Dr. Paulo Roberto 26 13 DERIVADOS DO ÁCIDO PIRROLACÉTICO EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES GI: dispepsia, desconforto gástrico SNC: cefaléia, nervosismo, ansiedade, insônia, distúrbios visuais hipersensibilidade SUBSTÂNCIAS Etodolac Tolmetina Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) tolmetina sódica O CH3 N O H 3C anel pirrólico NaO Prof. Dr. Paulo Roberto 27 DERIVADOS DA FENOXIMETANOSSULFANILIDA EFEITOS FARMACOLÓGICOS inibidor PGs fraco mecanismo central analgésico noradrenérgico analgésico somente EFEITOS COLATERAIS MAIS FREQUENTES SUBSTÂNCIAS Nimesulida Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) celecoxib rofecoxib NH2SO2 CH3SO 2 O CH3 S HN N O N O O CF3 O nimesulida N H3C Prof. Dr. Paulo Roberto O + O - 28 14 PRINCIPAIS EFEITOS ADVERSOS DOS ANTIINFLAMATÓRIOS diarréia e hemorragia gastrointestinal dispepsia e úlcera péptica disfunção e falências renal ( necrose papilar aguda, nefrite intersticial crônica, diminuição do fluxo sangüíneo renal e do ritmo de filtração glomerular e da retenção de sal e água) inibição da agregação plaquetária e aumento do tempo de sangramento alteração dos testes de função renal e icterícia interação com outras drogas Prof. Dr. Paulo Roberto 29 Prof. Dr. Paulo Roberto 30 15 Efeitos dos inibidores das COXs na indução de úlceras gástricas e inibição do edema de pata contralateral de ratos com artrite COX-1 ID aspirina piroxicam indometacina meloxicam COX-2 -1 1 50 úlcera (mg kg dia) ID -1 1 50 edema (mg kg dia) 32,4 1,07 2,35 2,47 198 0,76 0,67 0,12 Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) Prof. Dr. Paulo Roberto 31 Classificação dos AINES Inibidores seletivos Inibidores não seletivos da COX-1 aspirina da COX-1 aspirina (altas doses) indometacina piroxicam diclofenaco ibuprofeno nabumetona inibidores seletivos da COX-2 meloxicam etodolac nimesulida Inibidores altamente seletivos da COX-2 celecoxib refecoxib Fonte: Farmacologia ( Penildon Silva, 2002) Prof. Dr. Paulo Roberto 32 16