Biomateriais II Sistemas de Libertação Controlada de Fármacos = SLCF (drug delivery systems) Fátima Vaz Sistemas tradicionais: via oral via intravenosa Desvantagens dos sistemas tradicionais: elevada concentração do fármaco no momento da libertação apenas uma pequena dose do fármaco alcança o seu objectivo ⇒ necessária administração prolongada ou dosagens maiores Comparação entre os sistemas tradicionais (comprimidos ou injecções) e os sistemas de libertação controlada de fármacos Concentração de fármaco no plasma sanguíneo após uma dose de agente terâpeutico (sistema tradicional): 1º- nível sobe rapidamente 2º - decresce exponencialmente Figura – Linha superior - medicamento produz efeitos laterais Linha inferior - medicamento não é efectivo Intervalo entre as duas linhas = gama terâpeutica Com uma única dosagem só se pode aumentar o tempo da concentração acima do mínimo com um aumento da dosagem ⇒ acima no nível de toxicidade ⇒Manter concentração pretendida no plasma sanguíneo Sem atingir nível tóxico Sem descer abaixo do mínimo Razões económicas: Custo de introdução de novo fármaco ≈ 150 milhões de dólares e desenvolvimento de 10 anos ⇒ empresas tendem a maximizar o investimento prolongando o tempo de vida do fármaco Empresas farmacêuticas – objectivo/desafio - mostrar que uma formulação controlada tem custo mais baixo de modo a penetrar no mercado 1940 – 1º produto pequenas esferas com revestimento solúvel revestimentos com diferentes espessuras ⇒ ⇒ tempos de dissolução variam Desvantagem : dependem do meio exterior (variam de doente para doente) 1960 – produtos com cinética controlada - POLÍMEROS Actual - SLCF = dispositivo + agente terapêutico activo vida útil = 24h até 5 anos Sistemas de libertação controlada de fármacos =SLCF VANTAGENS: )controlar a concentração de substâncias activas ) reduzir o número de dosagens ) evitar sobre-dosagens e manter os períodos efectivos da actuação do fármaco; optimização da terapia ) desenvolver mecanismos com cinéticas conhecidas )Aumentar a tolerância do doente ao fármaco Design condicionado por: ¾ via de administração (Ex: oral, injectada, inalada) ¾Local de entrega (Ex: sangue, fígado, pulmões) ¾ local de activação (Ex: fluidos corporais, superfície celular, intracelular) ¾Mecanismos de libertação (Ex: difusão, degradação, inchamento) ¾Doença (Ex: cancro, glaucoma, diabetes) Agentes terapêuticos SLCF: • esteróides (proteínas) •Narcóticos (vacinas) • anti-psicóticos (ADN , genes) •Anticancerígenos •Antibióticos •Anti inflamatórios Selecção de materiais depende : tipo de fármaco quantidade Taxa de libertação duração Local relação dose-efeito relação dose-efeito: 1- fármaco - cinética = Pk = dose – concentração O que o corpo faz pelo fármaco – define o tempo de absorção, distribuição, metabolismo e excreção do fármaco 2- fármaco – dinâmica = Pd – concentração – efeito O que o fármaco faz pelo corpo– define a resposta do organismo ao fármaco (efeitos pretendidos ou secundários) MECANISMOS DE LIBERTAÇÃO/CONTROLO 1. Difusão do fármaco - de reservatório e matriz - aplicações transdérmicas 2. Difusão de água - Osmose - Inchamento 3. Reacção química - micro-partículas biodegradáveis - veículos poliméricos com ligações degradáveis 4. Térmica e quimicamente activados - gelificação após injecção (gel biodegradável) 5. Partículas - micelas poliméricas - liposomas 6. Outros 1. Difusão do fármaco 1a) sistema de reservatório 1b) sistema de matriz 1c) aplicações transdérmicas 1a) sistema de reservatório O fármaco encontra-se numa solução sobresaturada envolvido por membrana: Vantagem: a taxa de libertação é cte durante tempos longos; sistema mais comum Desvantagens: -dificuldade de produção - caro -quando implantado necessita de ser removido -possibilidade de rotura da membrana ⇒ ⇒ sobre-dosagem Usado no tratamento de glaucomas e na libertação de contraceptivos Ex: contraceptivo hormonal implantável - braço Membrana do reservatório = polímero = elastómeros de silicone Fármaco no interior – se forem moléculas grandes ⇒ velocidade de difusão baixa Reservatório com fármaco ∆C = variação de concentração ao longo da membrana Membrana de controlo de difusão Espessura cte = h Velocidade de difusão = D Coeficiente de solubilidade do fármaco = K Taxa de libertação = k ∆C D K/h constante Aplicações: -tratamento de glaucomas – Ex. Ocusert -contraceptivo hormonal implantável – braço – Norplant; 5 anos 1b) sistema de matriz Sistemas de matriz polimérica sólida • não degradáveis • degradáveis Exemplo : dispersão de proteína (partículas sólidas) no interior de uma matriz sólida Forma de discos Matrizes não degradáveis: - proteínas à superfície dissolvem-se e difundem para fora da matriz - ficam cavidades que permitem ao solvente penetrar até às partículas mais no interior da matriz Matrizes biodegradáveis = PLA e PGA: - as matrizes entram em contacto com água e degradam-se lentamente com taxa pré-determinada Fármaco disperso na matriz Distância de difusão do fármaco aumenta com o tempo d = k Dt Taxa de libertação diminui com o tempo Vantagens: - preparação simples - sem perigo de libertação descontrolada Desvantagens: - taxa de libertação diminui com o tempo - quando implantado necessita de ser removido Ex: Extensores usados em angioplastia revestidos com SLCF de matriz (copolímero de PMMA com o fármaco) ⇒ evita a re-obstrução da artéria 1c) aplicações transdérmicas São os sistemas com mais aplicações comerciais O sistema de libertação é colocado na pele através de adesivo O sistema/dispositivo contém o fármaco: - ou num reservatório com membrana – difusão controlada - ou disperso numa matriz polimérica Muitos dispositivos aprovados pela FDA Ex: Nicotina – Ciba-Geigy; Parke-Davis……. Fluxo = P . A. (Cd – Cr) Coeficiente de permeabilidade = P = D . K/h A = área de contacto D = vel de difusão do fármaco na menbrana ou pele K = coeficiente de partição (adesivo/pele) C = Concentração do dador (adesivo) e do receptor (pele) H = espessura da membrana ou pele Vantagens: - redução de efeitos secundários de passagem no fígado e no estômago - não – invasivo (sem agulhas ou implantes) - auto-administrativo Desvantagens: - irritações da pele - não apropriado a moléculas grandes – desenvolvimentos recentes visam melhorar a permabilidade Terapia Fármaco Enjoo Escopolamina Anti-angina Nitroglicerina Hipertensão Clonidina Anti-tabágica Nicotina Terapias hormonais estradiol, testosterona Vários sistemas transdérmicos 2. Difusão de água 2a) osmose 2b) inchamento e gelificação 2c) inchamento Difusão de água Devido à penetração de água no dispositivo ⇒ fármaco é libertado Osmóse : a pressão osmótica vai controlar o gradiente de concentração para fora do dispositivo ⇒ taxas de libertação ctes - membrana semi-permeável ⇒ difusão de água, mas não de sais ou fármacos - fabrico complexo Inchamento: pentração de água controlada pelo grau de hidrofilicidade da matriz polimérica -a libertação do fármaco ocorre por difusão no hidrogel “inchado” ; erodível - fabrico fácil 2a) sistema de osmóse -O sistema é colocado num meio aquoso -a água passa através da membrana por osmose -Como consequência o volume dentro do compartimento aumenta e -vai exercer pressão sobre a membrana forçando o fármaco a sair pelo oríficio de libertação - Velocidade de libertação = dM/dt dM = dV C dt dt C = concentração do fármaco em solução que é libertado dV/dt = fluxo de volume de água Taxas de libertação >>> do que por difusão Pode libertar macromoléculas Taxa de libertação independente das propriedades do agente activo Membrana = rígida ou flexível SLCF por osmóse - implantáveis -4mm diâmetro , 44 mm comprimento -Cápsula cilindrica em Ti - membrana em poliuretano -Motor : NaCl -Pistão elastomérico -Reservatório de 150 µl -Geometria de saída ajustada às propriedades da formulação 2b) sistema de inchamento e gelificação pílulas Hidrogéis – derivados da celulose – EXPANSÃO NA PRESENÇA DE LÍQUIDOS controlo por difusão – a libertação do medicamento dá-se por dissolução lenta do polímero a libertação do medicamento dá-se por degradação do gel por absorção de água – o agente activo é libertado quando há o aumento de dimensões por absorção de água 2b) sistema de inchamento (entéricos) - agente activo está disperso num polímero/matriz hidrofílica que se expande na presença de água -Tempertura Tg – polímero passa de cristalino a vítreo - em meio aquoso a água penetra na matriz e Tg baixa ⇒ menor que a T do meio ⇒ fármaco difunde - vítreo ⇒ há dissolução - cristalino ⇒ não há dissolução Expansão controlada pela taxa de dissolução do fármaco e pela taxa de expansão da matriz Aplicações = fármacos de controlo de peso Ou: Comprimidos revestidos com material sensível ao pH Revestimento de polímero dissolve-se em função do pH local Sistemas sensíveis a alterações biológicas