Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e AIDS VIROLOGIA Curso: Biomedicina Professora: Adriana de Abreu Corrêa ([email protected]) 2016/02 Histórico da AIDS Quando surgiu? O primeiro caso homem que morreu em 1959 na atual República Democrata do Congo. De onde surgiu? ZOONOSE (????) NÃOOOOOO ! - o HIV veio do SIV através dos chimpanzés- vírus diferentes Evidências: organização genômica; relação filogenética; coincidência geográfica; vias de transmissão possíveis Homologia entre HIV-1 e HIV-2: 40 a 50% Homologia entre HIV-2 e SIV: 75 a 80% www.cellscience.com Em 1981, a AIDS foi reconhecida oficialmente com entidade patológica pelo “Center for Disease Control” (CDC, USA) Homossexuais Infecções oportunistas Nova doença Junho de 1981: Surto de 8 casos de Sarcoma de Kaposi 1983 - Isolamento de um novo Retrovírus Montagnier - (LAV – vírus associado a linfoadenopatia) Gallo - (HTLV-III – vírus linfotrópico de célula T humana III) 1986 - Comitê de Taxonomia (ICTV) - HIV-1 1986 - Isolamento do HIV-2 1987- AZT começou a ser utilizado como droga antirretroviral 1997 a terapia antirretroviral potente foi disponibilizada 2009 ,Timothy Ray Brown, conhecido como o “Paciente de Berlim” foi o 1º caso confirmado de cura da doença A epidemia de AIDS, especialmente na África, é comparável as grandes epidemias da história: PESTE NEGRA = Até 75 MILHOES DE MORTES NA EUROPA por peste bubonica seculo XIV GRIPE ESPANHOLA = 100 MILHOES DE PESSOAS século XX 1918 H1N1 1,8 milhões são crianças 15.8 milhoes de pessoas tem acesso à Terapia (Junho 2015), 2,1 milhoes novos casos em 2015. •Brasil • 1980- 2015: 827 mil casos de AIDS, 290.929 mortes • Por ano: 40,6 mil novos casos 11,5 mil óbitos 450 mil estão em tratamento até 2015. Maior incidência 73,8% do total dos casos notificados 3.702 municípios do País com casos de aids (66% dos municípios do País) DEFINIÇÃO DA AIDS ???? Síndrome da imunodeficiência adquiridA = doença infecciosa crônica e progressiva que leva a destruição do sistema imunológico. Caracterizada por alta carga viral e diminuição do número de linfócitos T CD4+ FAMILIA RETROVIRIDAE Classificação Retroviridae Família Sub-família Gêneros Orthoretrovirinae Alfaretrovírus Betaretrovírus Gamaretrovirus Deltaretrovírus Epsilonretrovirus Lentivírus Spumaretrovirinae Spumavírus Classificação Sub-família Orthoretrovirinae Gênero Espécie Alpharetrovírus Vírus da leucose aviária Vírus do sarcoma aviário Vírus da mieloblastose aviária Vírus do sarcoma de Roux Betaretrovírus Vírus do tumor mamário de camundongo Vírus do Carcinoma Pulmonar de Ovinos Gammaretrovírus Vírus da leucemia felina (FeLV) Vírus do sarcoma felino Vírus da reticuloendoteliose aviária Deltaretrovírus Epsilonretrovírus Vírus da leucemia de bovino (BLV) Vírus linfotrópico T humano (HTLV-1, HTLV-2) Vírus de tumor de peixes Vírus da imunodeficiência humana (HIV-1, HIV-2) Lentivírus Vírus da imunodeficiência de bovino (BIV) Vírus da anemia infecciosa de eqüina (AIE) Vírus da imunodeficiência de felino (FIV) Vírus da encefalite-artrite caprina (CAEV) Vírus Maedi-Visna (MVV) Vírus da imunodeficiência de símio (SIV) Spumaretrovirinae Spumavírus - Lentivírus Persistência da infecção Quasispecies!! -GENOMA integrado - REPLICAÇÃO no sistema imune Acumulação de alta taxa de mutação - INFECÇÃO de macrofagos sem lise celular VARIABILIDADE genética coexistência de SUBPOPULAÇÕES Estrutura Viral Diâmetro: 80 – 120 nm Envelope: SU (superfície) GP120 TM (transmembrana) GP41 proteína da matriz (MA) P17 proteína de capsídeo (CA) (simetria complexa) transcripase reversa (TR) integrase (IN) protease (PRO) proteína de ligação ao ácido nucleico (NC) P9 www.stanford.edu genoma diplóide: 2 moléculas de RNA ss (+) Tropismo celular Células alvo do HIV Linfócitos T CD4+ (HELPER) Macrófagos CD4 Outros alvos Células dendríticas Linfócitos T CD8+ Linfócitos B Natural Killer Reservatório, distribuição Biossíntese Viral Etapas: adsorção a célula hospedeira fusão liberação do genoma viral no citoplasma (desnudamento) transcrição reversa integração IMPORTANTE Ação da enzima TR expressão gênica (transcrição) empacotamento (tradução) maturação e brotamento Replicação Viral Fase 2 Fase 1 Patogênese do HIV Entrada Localização em tecido linfóide Ativação do Sistema Imune Eliminação parcial do HIV Amplificação do número de partículas virais Perda progressiva da resposta imune Destruição do tecido linfóide AIDS Transmissão FATORES COMPORTAMENTAIS - Multiplicidade de parceiros - Não uso de preservativos - Relação sexual Anal - Compartilhamento de seringas FATORES BIOLÓGICOS -Concentração de vírus nos fluídos biológicos -Estágio da doença (1 aos 6 meses) -Integridade e vulnerabilidade da mucosa envolvida Formas de transmissão: sexual, parenteral e vertical O HIV não é transmitido por: Contato pessoal casual com saliva, beijo Picadas de insetos Instalações sanitárias Utensílios de comer www.hpedsb.on.ca Evolução natural da infecção por HIV Doença crônica progressiva COM 4 FASES DISTINTAS 1- infecção aguda: sintomática em 30-60% dos indivíduos 2- Fase assintomática (fase crônico-inflamatória) 3- Fase sintomática 4- Aids ~ 70% com Aids em 10 anos ~ 20% evolução rápida ~ 5% evolução lenta (não-progressores) Infecção Aguda (Sindr. Retrov. Aguda) Soroconversão: 4-8 semanas (JANELA IMUNOLOGICA) em média Pode ser assintomática Alta viremia (vírus no sangue) 30-60 % desenvolvem sintomas: Dor de garganta Dor de cabeça Fadiga Dor muscular Linfonodos doloridos e inchados Rash (lesões na pele) Úlceras orais Sintomas desaparecem em 2 semanas Fase Assintomática Pode durar + OU - 15 anos; Linfonodos e baço são Sítios de contínua replicação Equilíbrio entre produção e destruição de CD4. LATÊNCIA CLÍNICA !!! Fase Sintomática INICIAL Organismo não consegue mais manter o equilíbrio Linf. CD4 baixa Carga Viral aumenta (RNA viral) •Linfoadenopatias Sudorese noturna perda de peso Diarréias Síndrome da Imunodeficiência Adquirida AIDS Indivíduo fica com o número de linfócitos T extremamente reduzido; O vírus aumenta muito na corrente sanguínea, órgãos, linfonodos e SNC; Doenças oportunistas tornam o indivíduo enfermo Necessidade de tratamentos especiais infecções oportunistas Malignidades incomuns Síndromes neurológicas Manifestações Clínicas da Infecção pelo HIV Debilidade Foto: TOM STODDART–IPG/MATRIX Alopécia total Caquexia Fathing et al., Atlas Colorido de AIDS e da Doença do HIV. TRATAMENTO?? Considerações na Terapêutica Anti-retroviral HIV Objetivos clínicos Melhorar a sobrevida Reduzir o impacto da doença pelo HIV Melhorar a qualidade de vida Aumentar o peso corporal Objetivos laboratoriais Reduzir a carga viral (RNA viral) Melhorar a função imunológica (número de células CD4) A presente TARV atua da seguinte maneira: 1) Mantém a replicação viral suprimida para reduzir a geração de vírus (incluindo mutantes) e aumenta os níveis de CD4+; 2) A combinação de drogas demanda o desenvolvimento de múltiplos e simultâneos mecanismos de resistência pelo vírus; 3) No entanto, apesar do sucesso da terapia, o surgimento de variantes resistentes é inevitável ao longo do processo, sendo o principal responsável pela falha terapêutica Classes de medicamentos antirretrovirais Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - atuam na enzima transcriptase reversa, incorporando-se à cadeia de DNA que o vírus cria. Tornam essa cadeia defeituosa, impedindo que o vírus se reproduza. São eles: Abacavir, Didanosina, Estavudina, Lamivudina, Tenofovir, Zidovudina e a combinação Lamivudina/Zidovudina. Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - bloqueiam diretamente a ação da enzima e a multiplicação do vírus. São eles: Efavirenz, Nevirapina e Etravirina. Inibidores de Protease – atuam na enzima protease, bloqueando sua ação e impedindo a produção de novas cópias de células infectadas com HIV. São eles: Atazanavir, Darunavir, Fosamprenavir, Lopinavir/r, Ritonavir, Saquinavir e Tipranavir. Inibidores de fusão - impedem a entrada do vírus na célula e, por isso, ele não pode se reproduzir. É a Enfuvirtida. Inibidores da Integrase – bloqueiam a atividade da enzima integrase, responsável pela inserção do DNA do HIV ao DNA humano (código genético da célula). Assim, inibe a replicação do vírus e sua capacidade de infectar novas células. É o Raltegravir. A escolha do tratamento Como é feita a escolha do tratamento? Existem 22 drogas aprovadas pelo FDA (Food and Drug administration, USA) A recomendação atual é fazer uso de combinação de pelo menos 3 drogas, num regime denominado Terapia Antiretroviral Altamente Ativa – TARV (HAART – highly active antiretroviral therapy) NÃO existe um regime de terapia ÚNICO ou MELHOR, a escolha é individual, entre médico e paciente • Resistência aos ARVs: transmitidas (6% a 16%) ou geradas ao longo da doença - Os INTRs são inibidores da telomerase, provocam disfunção mitocondrial e stress oxidativo - Os IPs atuam na musculatura cardiovascular e alteram o metabolismo de lipídios Mudanças na política de HIV/Aids no Brasil em 2013 • Extensão do tratamento para qualquer indivíduos HIV+ ou PVHA: 29% • Intensificação da campanha de teste: 150 mil HIV+ desconhecem seu perfil sorológico: prevenir, testar, tratar • Meta 90/90/90 até 2020: 90% de PVHA com conhecimento do seu estado sorológico; 90% das pessoas HIV+ em tratamento; 90% das pessoas em tratamento com carga viral indetectável. • Tratamento-piloto preventivo em indivíduos de alto risco de contaminação no RS. • Disponibilização da “terapia 3 em 1”: TDF+3TC+EFZ. Prevenção & Controle Campanhas educacionais Evitar promiscuidade sexual Uso de preservativo Tratamento de outras DST Não compartilhar seringas e agulhas Uso de seringas descartáveis Triagem de sangue e hemoderivados Esterilização de instrumentos perfuro-cortantes (alicates de unha, instrumentação médica e odontológica, etc.) Aconselhamento/Tratamento às mães HIV + Orientação aos profissionais quanto às normas de biossegurança para manipulação de líquidos biológicos VACINA????