Ensino Médio articulado com Educação Profissional/EBEP Material

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Núcleo de Negócios SESI Parangaba
Escola SESI Euzébio Mota de Alencar
Programa Escola SESI para o Mundo do Trabalho
Ensino Médio articulado com Educação Profissional/EBEP
Material Complementar de Filosofia-Avaliação BIMESTRAL(1.º Bimestre)
A reflexão filosófica
A reflexão filosófica é o movimento pelo qual o pensamento, examinando o que é pensado por
ele, volta-se para si mesmo como fonte do que foi pensado. É a concentração mental em que o
pensamento busca examinar, compreender e avaliar suas próprias ideias, vontades, desejos e
sentimentos reflexão filosófica é radical, pois vai à raiz do pensamento. Não somos, porém,
somente seres pensantes. Somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com os
outros seres humanos, com os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos.
Exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem e dos gestos como por meio de ações,
comportamentos e condutas. Como vimos, a atitude filosófica dirige-se ao mundo que nos rodeia e
aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. É um saber sobre a realidade exterior
ao pensamento. Já a reflexão filosófica se dirige ao pensamento, à linguagem e à ação. São
perguntas sobre a capacidade e a finalidade de conhecer, falar e agir próprias dos seres humanos.
É um saber sobre a realidade interior aos seres humanos. Filosofia: um pensamento sistemático As
indagações fundamentais da atitude filosófica e da reflexão filosófica não se realizam ao acaso,
segundo as preferências e opiniões de cada um. A filosofia não é feita de “achismos” nem é
pesquisa de opinião à maneira dos meios de comunicação de massa. As indagações filosóficas se
realizam de modo sistemático. Que significa isso? Significa dizer que a filosofia trabalha com
enunciados precisos e rigorosos; E busca encadeamentos lógicos entre os enunciados; E utiliza
conceitos ou ideias obtidos por procedimentos de demonstração e prova; E exige a fundamentação
racional do que é enunciado e pensado. Filosofia é uma Fundamentação teórica e crítica dos
conhecimentos e das práticas. Sob esta perspectiva, fundamentar significa ‘encontrar, definir e
estabelecer racionalmente princípios, causas e condições que determinam a existência, a forma e
os comportamentos de alguma coisa, bem como as leis ou regras de suas mudanças’. Como vimos
anteriormente, crítica também é uma palavra de origem grega, que significa ‘a capacidade para
julgar, discernir e decidir corretamente’; ‘o exame racional, sem preconceito e sem prejulgamento
de todas as coisas’; e ‘a atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, um
costume,um comportamento, uma obra artística ou científica’. A fundamentação crítica significa,
portanto, ‘examinar,avaliar e julgar racionalmente os princípios, as causas e condições de alguma
coisa’. Como fundamentação teórica e crítica, a filosofia ocupa-se com os princípios, causas e
condições do conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro; com a origem, a forma e o
conteúdo dos valores éticos, políticos, religiosos, artísticos e culturais; com a compreensão das
causas e das formas da ilusão e do preconceito no plano individual e coletivo; com os princípios,
causas e condições das transformações históricas dos conceitos, das ideias, dos valores e das
práticas humanas. A atividade filosófica é, portanto, uma análise, uma reflexão e uma crítica. Essas
três atividades são orientadas pela elaboração filosófica de ideias gerais sobre a realidade e os
seres humanos. Portanto, para que essas três atividades se realizem, é preciso que a filosofia se
defina como busca do fundamento (princípios, causas e condições) e do sentido (significação e
finalidade) da realidade em suas múltiplas formas. Para tanto, ela deve indagar o que essas formas
de realidade são, como são e por que são, e procurar as causas que as fazem existir, permanecer,
mudar e desaparecer. Platão definia a filosofia como um saber verdadeiro que deve ser usado em
benefício dos seres humanos para que vivam numa sociedade justa e feliz. ] Descartes dizia que a
filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos
podem alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção das técnicas e das artes
com as quais ficam menos submetidos às forças naturais, às intempéries e aos cataclismos. Kant
afirmou que a filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode
conhecer, o que pode fazer e o que pode esperar, tendo como finalidade a felicidade humana. Marx
declarou que a filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se
tratava,agora, de conhecê-lo para transformá-lo, de modo que se alcançasse justiça, abundância e
felicidade para todos. Merleau-Ponty escreveu que a filosofia é um despertar para ver e mudar
nosso mundo. Espinosa afirmou que a filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser
percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade.
CARACTERÍSTICAS DA REFLEXÃO FILOSÓFICA
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RADICAL- Vai a raiz de todas as coisas, busca a origem.
RIGOROSA- Possui um método,um caminho.
CONJUNTO- Dialoga com as outras áreas do conhecimento.
CRÍTICA-analisa, investiga e problematiza questões além do senso comum.
O que é consciência?
A palavra "consciência" origina-se do latim. A sua formação (com + ciência)sugere uma composição
do tipo: com + ciência. O termo "ciência"aqui tem o sentido de "estar ciente", ou seja, saber algo.
Consciência faz referência, então, à capacidade
humana de estar no mundo ciente de algo (com ciência de algo), ou seja, de apreender uma dada
realidade em si mesmo.
A abelha sabe que produz o mel?
O homem transforma o mel produzido pela abelha em remédio. Por quê?
A consciência humana permite fazer a nossa inteligência ocupar-se dela mesma, para apossar-se de seu
próprio saber,avaliando-o e desenvolvendo-o.
A consciência humana permite-nos saber coisas e ter consciência de que as sabemos. O ser humano é um
sistema aberto a si mesmo e ao outro: pode voltar-se para dentro e sondar o seu íntimo ou projetar-se para
fora e sondar a alteridade (de novo uma palavra de origem latina, alter = "outro"). Dessa forma, a
conscientização faz o ser humano um ser dinâmico, capaz não apenas de saber, mas de saber que sabe e
adequar o seu fazer a esse saber, ou seja, agir de acordo com o que sabe.
A construção da verdade pelas diversas consciências do ser humano:
Consciência
• mítica
• religiosa
• racional(científica/filosófica)
CONSCIÊNCIA MÍTICA
A consciência mítica centra-se no conhecimento do mito e das consequências do significado desse
conhecimento para o indivíduo na sua relação com o coletivo. A consciência mítica é uma
consciência comunitária na qual promove a valorização de discernimentos individuais. Baseada
na imaginação, através de narrativas que construam sentido para a explicação do mundo ao redor.
Quais são as diferenças entre filosofia e mito?
Podemos apontar três como as mais importantes:
1.O mito pretendia narrar como as coisas eram no passado imemorial, longínquo e fabuloso,
voltando--se para o que era antes que tudo existisse tal como no presente. A filosofia, ao contrário,
se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro, as coisas são como
são.
2. O mito narrava a origem por meio de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas
sobrenaturais
e personificadas. A filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos
naturais primordiais.
3.O mito baseia-se na imaginação e a filosofia opera pela razão.
Mito pode ser considerado verdade?
A verdade do mito resulta numa compreensão íntima da realidade, cujas raízes se fundam na
emoção e na afetividade. Os relatos míticos se sustentam se sustentam na crença, na fé em forças
superiores que protegem ou ameaçam, recompensam ou castigam.
(ARANHA,2009, p. 27)
CONSCIÊNCIA RELIGIOSA
A consciência religiosa faz-nos ter uma relação pessoal com Deus, reconhecendo-nos como
indivíduos únicos, que podem se relacionar com uma outra dimensão: a dimensão do Sagrado. Ao
mesmo tempo, essa consciência também permite-nos questionar a nossa relação com o outro,
humano ou não, o que abre uma porta para que construamos uma vida mais plena e significativa.
DOGMATISMO: O QUE É ISSO?
COMO O DOGMATISMO SE APRESENTA EM NOSSO COTIDIANO?
QUANDO ROMPEMOS COM A ATITUDE DOGMÁTICA?
A atitude dogmática ou natural se rompe quando somos capazes de uma atitude de estranhamento
diante das coisas que nos pareciam familiares.
A atitude dogmática é conservadora, isto é, sente receio das novidades, do inesperado, do
desconhecido e de tudo o que possa desequilibrar as crenças e opiniões já constituídas. Esse
conservadorismo se transforma em preconceito, isto é, em ideias preconcebidas que impedem até
mesmo o contato com tudo quanto possa pôr em perigo o já sabido, o já dito e o já feito.
E o senso comum?
O senso comum é um conjunto de crenças aceitas como verdadeiras em um determinado meio
social,mas cujos membros acreditam que tais supostas verdades são compartilhadas por pessoas.
SENSO COMUM
• São subjetivos, isto é, exprimem sentimentos e opiniões individuais ou de grupos, variando
de uma pessoa para outra ou de um grupo para outro, dependendo das condições em que
vivemos.
• Generalizadores, pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só idéia coisas e fatos
julgados semelhantes.
• Não se surpreendem nem se admiram com a regularidade, constância, repetição e diferença
das coisas.
• Nossas certezas cotidianas e o senso comum de nossa sociedade cristalizam-se em
preconceitos com os quais passamos a interpretar a realidade que nos cerca e todos os
acontecimentos.
Consciência racional
A razão é prova viva da confiança humana de que as coisas são possíveis de se organizar,
compreensíveis nelas e por elas mesmas. Em outras palavras, a razão acredita existir e na
realidade, confiando que as próprias coisas são racionais em si mesmas. Por isso é que podemos
conhecer racionalmente essa mesma realidade. A consciência racional procura compreender a
realidade por meio de certos princípios estabelecidos pela razão.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
"A FORÇA MAIS SUTIL”
Num recente pronunciamento, o Papa Francisco vaticinou que a série de conflitos ligados a
intolerância religiosa já corresponde a uma terceira guerra mundial. De fato, enfrentamentos dessa
ordem proliferam nos diversos cantos do mundo, desde a Europa até a África, passando pelo
continente americano. Embora logo venham à mente os atentados ligados a radicais muçulmanos,
a intolerância tem muitas faces e nuances. No Brasil, por exemplo, país de raiz mestiça que abriga
um rico sincretismo cultural, ainda persistem a discriminação e os ataques a religiões de
ancestralidade africana e indígena.
O fenômeno não é de hoje. Já na Antiguidade, os primeiros cristãos foram duramente perseguidos
por judeus e pagãos. Os judeus sofreram o massacre mais cruel durante o século XX, imposto
pelos nazistas. No Brasil, seja de forma explícita ou velada, ocorrem os mais variados tipos de
desrespeito à liberdade de expressão religiosa. Os principais ataques envolvem os
neopentecostais e avançam sobretudo contra religiões de matriz africana. As atitudes
fundamentalistas impactam outras áreas, como a dos direitos sexuais, acabando por intensificar a
violência e, em muitos casos, chegando à barbárie.
Para mudar essa realidade no contexto brasileiro, há que entender as suas origens. A intolerância
religiosa nunca é um fato isolado e deve ser interpretada a partir dos contextos geopolíticos. Em
geral, está circunscrita em conflitos econômicos, sociais e políticos, e se liga com a relação de
poder e dominação dirigida às minorias.
O passo mais imediato para superar esse desafio é a informação. Já nas escolas as crianças
devem ter acesso a um ensino, mais do que confessional, inter-religioso, marcado pelo respeito,
sem interferências ideológicas. Além disso, há que exigir o cumprimento das leis que protegem as
vítimas de intolerância e objetivam garantir a igualdade de direitos de todos os cidadãos, membros
de um Estado laico. Essas ações podem ser fortalecidas, ainda, com políticas públicas e real
comprometimento do Estado para aplicá-las – por exemplo, fortalecendo os movimentos sociais de
combate à intolerância e incentivando a participação da sociedade civil. Um exemplo é o Conselho
de Diversidade Religiosa, implementado com bastante sucesso no Rio Grande do Sul.
Por fim, haverá que ir até os pontos mais críticos do problema, que estão nas raízes de preconceito
e dominação que marcam a nossa história. Superar essa idiossincrasia irá requerer uma mudança
de atitude e de mentalidade dos indivíduos e da sociedade. Como disse Mahatma Gandhi, “o amor
é a força mais sutil do mundo”. É esse amor, que está na base de todas as religiões e que
deveríamos ter mais presente em nossas relações, que pode levar à convivência entre os
diferentes e à disposição de dialogar e aprender uns com os outros."
(Aréa Ramal-colunista do G1)
http://g1.globo.com/educacao/enem/2016/noticia/redacao-do-enem-colunista-do-g1-escreve-textosobre-intolerancia-religiosa.ghtml
Referências
Chaui, Marilena. Iniciação à filosofia : ensino médio, volume único / 2. ed. – São Paulo :
Ática,2013.
Vieira, Alice. Filosofia: ensino médio - Caderno 1. / Alice Vieira e José Luís Marques López
Landeira. 4a reimpressão, Brasília: Cisbrasil - CIB, 2012. 64 p. (Coleção RSE).
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