IstoÉ Dinheiro O que você precisa saber sobre o PIB de 2016 Carlos DIAS 07.03.17 - 14h56 - Atualizado em 07.03.17 - 14h58 1447 Leia também Meirelles confirma que governo cogita alta de impostos Crescimento deve voltar neste trimestre, dizem economistas PIB do Japão avança 1,2% no trimestre até dezembro em números anualizados Líder do governo diz que PIB era esperado; oposição diz que medidas falharam “Pior ficou para trás”, avalia Fecomércio-RJ sobre resultado do PIB O IBGE divulgou nesta terça-feira 7, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016. O portal da DINHEIRO mostra o que você precisa saber sobre esse dado e como ele afeta a sua vida. Confira. O que é o PIB e qual a fotografia que o IBGE mostrou de 2016? O PIB representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços produzidos em uma determinada região em um determinado período de tempo. É o indicador mais importante da economia de um país. Nesta terça-feira, o IBGE informou que o PIB brasileiro caiu 3,6% em relação ao ano anterior (R$ 6.266,9 bilhões), queda ligeiramente menor que a ocorrida em 2015 (3,8%). O resultado é o pior desde 1930 e indica que o Brasil está em profunda recessão. Por que a situação é tão ruim? Porque não há sinais aparentes de que a retomada da economia seja rápida, muito ao contrário. Como o PIB é apurado a cada trimestre, no último trimestre de 2016 registrou-se uma queda de 0,9% em relação ao trimestre anterior, o oitavo resultado negativo consecutivo. Isto reforça a tese de que após o governo Dilma a economia ainda patina e não conseguiu se levantar. Muito embora o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tenha declarado que “o PIB divulgado hoje é espelho retrovisor e os índices a seguir refletem o que está acontecendo agora”. Nesse mar de cifras, o que se pode dizer que foi “menos pior”? A Agricultura ainda resiste. Embora em 2016 o PIB da agropecuária tenha recuado 6,6% em relação ao ano anterior, o fato é que o último trimestre do ano já se observa uma ligeira melhora (aumento de 1%), enquanto setores como indústria e serviços mantêm-se negativos. Em 2016 em relação a 2015, houve queda de 3,3% do PIB da indústria e recuo de 2,7% nos serviços. O agronegócio está melhor por quê? Porque o Brasil vai colher uma safra recorde em 2016, em torno de 20% a mais do que colheu em 2015, e os preços das commodities agrícolas nos mercados internacionais estão subindo. Trocando em miúdos, mais dólares entrando pela via das exportações. Mas há um problema: o escoamento da safra, principalmente da soja encalhada nos 100 km não asfaltados da BR-163, por causa das chuvas intensas. A rodovia é hoje a principal ligação entre uma grande zona produtora do grão, no Mato Grosso, e os portos do norte do País. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, declarou na última semana que a o “dinheiro que estava na mesa, de uma grande colheita, está indo para o ralo, nos buracos das estradas”, disse. “Dá pena de ver.” No total, o setor estima que o prejuízo na safra de soja será de R$ 350 milhões, segundo informou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli. Que outros sintomas evidenciam a recessão brasileira, nos números do IBGE? Pelo sétimo trimestre seguido, todos os componentes da demanda interna apresentaram queda, sendo que o consumo das famílias (-2,9%) apresentou a oitava queda seguida. Este resultado pode ser explicado pelo comportamento dos indicadores de crédito, emprego e renda ao longo do período, segundo o IBGE. Outro indicador importante na economia é a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que aponta o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital, isto é , aqueles bens que servem para produzir outros bens. São basicamente máquinas, equipamentos e material de construção, uma espécie de termômetro que atesta se os empresários estão confiantes no futuro. Em 2016, o FBCF caiu 5,4%, a 11ª queda consecutiva. Este recuo é justificado, principalmente, pela queda das importações de bens de capital e pelo desempenho negativo da construção neste período, segundo o IBGE. O que o governo vai fazer para reverter este quadro no curto prazo? Está previsto um pacote de 55 concessões que passarão a integrar a carteira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). A lista terá uma novidade: a privatização de 15 companhias de saneamento estaduais, segundo informações da Agência Estado. E traz um novo instrumento para tentar destravar investimentos em concessões de rodovias, que poderá passar pelo fim antecipado dos atuais contratos. Dos 55 projetos que passarão a integrar o PPI, 35 são linhas de transmissão, com investimentos estimados em R$ 12,7 bilhões, que já estavam na programação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O que empresários e economistas esperam? A aprovação de reformas estruturais como a da Previdência, Trabalho e Tributária. Há quase que uma unanimidade entre os empresários que sem essas reformas será difícil evitar novos vôos de galinha na economia brasileira, porque estamos perdendo competitividade em relação a outros países. De outro lado, o ambiente político com a Lava Jato e seus reflexos na economia também preocupam.