Jornal do Commercio - PE 07/09/2016 - 08:18 Alerta para os homens SAÚDE Recife tem reforçado ações para melhoria da qualidade de vida, estimulando população masculina a adotar mais cuidados no dia a dia No Brasil, os homens vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais infarto, acidente vascular cerebral, câncer, taxas elevadas de colesterol e pressão alta do que a população feminina. Esse diagnóstico foi apresentado recentemente pelo Ministério da Saúde, que chama atenção para o perigo de os homens negligenciarem a própria saúde. Com a missão de mudar essa realidade e encorajar o público masculino a assumir cuidados preventivos, o Recife tem reforçado as ações voltadas para a melhoria da qualidade da saúde integral do homem e, dessa maneira, estimular a população masculina a incorporar os cuidados com a saúde no dia a dia. Na rede municipal, há três unidades de saúde com profissionais sensibilizados para direcionar o atendimento a esse público, segundo o gerente de políticas estratégicas da Secretaria de Saúde do Recife, Helton Bruno Feitosa. “Entre elas, estão as Unidades de Saúde da Família Vila das Aeromoças e Jordão Baixo, como também a Upinha Dia Desembargador José Manoel de Freitas UR-4/UR-5 (todas na Zona Sul do Recife). Nelas, há grupos de cuidados com a saúde integral do homem. Mas todas as outras unidades da rede municipal servem também como porta de entrada aos serviços de saúde”, informa Helton Bruno. Em outubro, a Policlínica Gouveia de Barros, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife, passará a integrar a lista de locais com oferta de atendimento voltado para a população masculina. “As consultas serão às quartas-feiras pela manhã. Os homens poderão vir por demanda espontâ- nea, sem necessidade de marcação ou encaminhamento de outras unidades de saúde”, diz o enfermeiro Esmeraldo Rodrigues, do Distrito Sanitário I do Recife e responsável por mutirão realizado na policlínica, no fim do mês passado, que atendeu cerca de 200 homens. Na ocasião, eles passaram por aferição de pressão arterial, testes de glicemia, tuberculose, HIV e sífilis, orientação em saúde bucal e doenças sexualmente transmissíveis/aids. ENCAMINHAMENTO Se for necessário o olhar de um especialista após atendimento em qualquer unidade básica de saúde, os homens podem ser encaminhados para as policlínicas onde há urologistas (são cinco na assistência municipal). “Se houver dificuldade para dar esse suporte na nossa rede, eles podem ser conduzidos às redes conveniadas, como o Imip, o Hospital Santo Amaro e o Hospital Maria Lucinda”, frisa Helton Bruno. Ele cita o Cartão do Homem, lançado há cerca de um ano pela Secretaria de Saúde do Recife, como uma alternativa que permite aos pacientes uma atenção sistematizada de consultas, exames e vacinas. “Os cartões, que registram indicadores de saúde como pressão arterial, glicose e índice de massa corporal, são distribuídos nas unidades básicas de saúde e durante as ações educativas.” Já o exame de toque retal, que possibilita o diagnóstico do câncer de próstata (tumor mais incidente nos homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma), pode ser realizado em algumas policlínicas e também na rede de alta complexidade, que inclui o Hospital das Clínicas, o Otávio de Freitas, o Getúlio Vargas e o Barão de Lucena, além de outras unidades. Jornal do Commercio - PE 07/09/2016 - 08:18 Eles têm medo de descobrir problemas O medo de descobrir problemas de saúde é um dos principais fatores que engrossam as estatísticas relativas a adoecimento e mortalidade entre os homens. Porreceio de receber o diagnóstico de doenças, eles evitam ir a unidades de saúde e até mesmo de fazer testes que fazem parte do rastreamento do câncer de próstata. “Após a realização de um exame de toque, por exemplo, percebo que os homens saem mais aliviados (quando recebem a informação de que estão bem de saúde) do que envergonhados. A maioria deles evita o procedimento por medo de saber que têm um câncer com o qual não saberiam lidar”, diz o médico Ricardo Lyra, coordenador e preceptor do Serviço de Andrologia do Hospital Getúlio Vargas. Outro detalhe, segundo inquérito divulgado pelo Ministério da Saúde e que ouviu 6.141 homens, é que mais da metade (55%) da população masculina no Brasil não têm hábito de ir a serviços de saúde porque acreditam que não precisam desse tipo de atendimento. Por causa dessa conduta, o homem perde a chance de realizar consultas de rotina capazes de detectar doenças em estágio inicial – fase em que há maiores chances de cura e controle de problemas de saúde. Para melhorar essa percepção do homem em relação ao autocuidado, o Ministério da Saúde lançou o Guia do Pré-Natal do Parceiro e o Guia da Saúde do Homem para agentes comunitários. O objetivo é aproveitar o momento em que o homem está mais próximo do serviço de saúde, ao acompanhar a parceira no pré-natal, para que ele adote hábitos saudáveis e realize exames preventivos. Folha de Pernambuco - PE 07/09/2016 - 07:32 Zika: OMS recomenda mais proteção sexual A Organização Mundial de Saúde (OMS) reforçou as recomendações de proteção sexual, no âmbito de seu plano de ação contra o zika. De acordo comum comunicado publicado ontem pela instituição, as pessoas, tanto homens quanto mulheres, que voltarem das regiões afetadas pelo vírus devem proteger-se sexualmente durante seis meses e não apenas por oito semanas. A regra vale para quem apresentar sintomas ou não da infecção viral, ou se há ou não a intenção de engravidar. Até então, as orientações da entidade eram voltadas apenas para homens que visitaram locais onde há transmissão do vírus e determinavam um período de oito semanas para sexo seguro ou abstinência em caso dele não apresentar sintomas, ou de seis meses em caso de quadro viral compatível com zika. De acordo com a OMS, a mudança se baseou em novas evidências de transmissão do vírus de homens assintomáticos para suas parceiras e de mulheres sintomáticas para seus parceiros. Há ainda, segundo a OMS, evidências de que o vírus permanece mais tempo no sêmen do que se pensava, mas ainda não há consenso sobre a presença do zika na secreção vaginal. A estratégia é mais uma clara evidência da preocupação da agência internacional sobre os riscos de transmissão sexual do vírus, principalmente em áreas não endêmicas para vetores, a exemplo do Aedes aegypti. Estudos internacionais já verificaram a presença do zika no sêmen humano por quase três meses após o fim dos sintomas do doente. Recentemente, outra pesquisa feita por cientistas americanos conseguiu identificar grande reprodução, por dia, do vírus na vagina de camundongos fêmeas. A experiência indicou que o patógeno pode se propagar dos genitais até o cérebro do feto provocando malformações, a exemplo da microcefalia. Ao infectá-las pela vagina, os cientistas comprovaram que os fetos se desenvolviam de maneira mais lenta que o normal e sofriam com infecção cerebral. Os testes mais uma vez alertaram para a necessidade do uso de camisinha durante a gestação, principalmente nos primeiros meses da gravidez. Contudo, é preciso mais estudos para comprovar se o mecanismo se repete em humanos. Folha de Pernambuco - PE 07/09/2016 - 07:32 No Rio, muriçoca não é vetor Cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) verificaram que mosquitos Culex quinquefasciatus, mais conhecidos como muriçoca, do Rio de Janeiro não possuem competência vetorial para transmitir o vírus zika. O grupo analisou mais de mil amostras de 392 mosquitos dos bairros de Copacabana, Manguinhos, Triagem e Jacarepaguá, que foram alimentados com sangue contaminado no laboratório. A pesquisa foi divulgada ontem em conjunto com a revista científica PLoS (Public Library of Science) Neglected Tropical Diseases e tem parceria do Instituto Pasteur de Paris. Segundo o estudo, somente em dois exemplares de muriçoca, provenientes dos bairros de Triagem e Manguinhos, foi detectada infecção inicial no abdômen/tórax, no período de 14 dias após a alimentação com sangue infectado, e nenhuma partícula viral foi identificada na cabeça e nem na saliva desses mesmos mosquitos. O resultado da pesquisa do IOC se choca com uma gama de outros experimentos que já evidenciaram a muriçoca como vetor da zika, a exemplo dos estudos da pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Constância Ayres. Ela preferiu não comentar os resultados do Rio de Janeiro. A cientista já conseguiu infectar os mosquitos em laboratório e encontrar o vírus na glândula salivar e estomago dos insetos, em fevereiro. Além disso, em agosto divulgou achados de muriçocas selvagens naturalmente infectadas. Folha de Pernambuco - PE 07/09/2016 - 07:32 “Freio” em ações de saúde na Justiça Ministro Ricardo Barros quer evitar a judicialização do setor. Municípios, estados e União gastam até R$ 7 bi O ministro da Saúde, Ricardo Barros, defendeu um “receituário” para os casos de judicialização da saúde - as ações na Justiça que demandam o custeio de remédios e tratamentos. De acordo com sua proposta, médicos informariam nesse documento itens comoqual é a doença do paciente e por que não são adequadas as terapias já disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). Assim, o CRM, registro profissional do médico, ficaria vinculado ao processo. A declaração foi feita em debate sobre judicialização na medicina promovido pela Academia Nacional de Medicina. Os gastos do poder público com ações judiciais na área são crescentes. Segundo o Ministério da Saúde, só no âmbito federal o total saltou de R$ 122,6milhões para uma projeção de R$ 1,6 bilhão em 2016. Somando o desembolso de Estados e municípios, a pasta estima que o valor chegue a R$ 7 bilhões neste ano. “A nossa preocupação é que a judicialização não produz novos recursos”, disse o ministro. “Ela desloca recursos de uma atenção a saúde prevista no orçamento para outra, e aquela deixará de ser feita.” De acordo com o ministro, apenas quatro dos dez medicamentos mais demandados na Justiça têm registro na Anvisa. Em sua fala, Barros anunciou uma parceria como CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para tratar do tema. O ministério financiará um banco de dados com notas técnicas e jurisprudência para dar subsídios a juízes que recebam as ações. A consulta às informações será opcional, destacou Arnaldo Hossepian, procurador de Justiça e supervisor do Fórum Nacional da Saúde do CNJ. “A iniciativa está longe de querer queimar a autonomia do juiz”, disse. Resolução do conselho aprovada no último dia 2 regulamentou a formação de comitês estaduais de saúde nos tribunais, também com o objetivo de dar subsídios aos magistrados. Diretor da Amil, Antonio Jorge Kropf afirmou que o recurso à Justiça pode ser um bom remédio, mas tem que ser usado “por quem precisa e na dose certa”. Em sua fala, o presidente da Associação Nacional de Medicina, Francisco Sampaio afirmou que a entidade não é contra a judicialização, mas defendeu que ela seja feita de maneira racional. Hossepian afirmou que não são apenas os que têm recursos que entram na Justiça e citou quadrilhas de “mercadores da ilusão”, que usam pessoas mais pobres para obter lucro com os processos. Folha de Pernambuco - PE 07/09/2016 - 07:32 Folha Econômica ANS mais preocupada com o cuidado aos idosos Um dos públicos mais dependente dos planos de saúde, sem dúvida, é os idosos. Eles, por causa das características de morbimortabilidade, requerem uma atenção maior. Tanto da família, como da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na hora de fiscalizar as operadoras. Isso porque, muitas vezes, essa parcela de beneficiários (por gerar mais custos às empresas) é negligenciada. Por causa disso, a agência reguladora do setor implementa mudanças na prestação e remuneração dos serviços, de forma que melhore a assistência. É o projeto piloto ‘Idoso Bem Cuidado’. A ANS pretende monitorar, durante um ano, modelos adotados pelas operadoras que se mostrarem viáveis e possam ser replicados no setor. Por exemplo, os planos Amil, HapVida, Golden Cross e Unimed Caruaru aceitaram a proposta. Uma curiosidade é que, recentemente, a Golden Cross enfrenta um processo na Justiça por causa da exclusão de beneficiários com mais de 23 anos de plano. O objetivo, segundo a diretora de desenvolvimento setorial da agência, Martha Oliveira, é estimular mudanças no sistema de saúde. “Com o projeto, queremos promover a melhoria contínua na prestação de serviços com resultados efetivos na saúde dos beneficiários”, pontua. Jornal do Commercio - PE 07/09/2016 - 08:18 Muriçoca não passa zika ESTUDO Pesquisa da FioCruz realizada no Rio de Janeiro aponta que o mosquito não é vetor da doença Pernilongos e muriçocas não são trasmissores do vírus Zika. Uma pesquisa realizada no Rio de Janeiro pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) entre os meses de janeiro e março de 2016 – auge da epidemia da doença na cidade – comprovou que os mosquitos Culex quinquefasciatus do Rio de Janeiro (o mesmo tipo encontrado em Pernambuco) não têm competência vetorial para transmitir as linhagens locais do vírus Zika. O estudo também realizou comparações com os mosquitos Aedes aegypti e constatou que, em contrapartida, o Aedes continua sendo o maior vilão quando o assunto é a transmissão do vírus. De acordo com a Fiocruz, as evidências científicas reforçam que as estratégias de controle de Zika devem continuar voltadas para o combate ao Aedes aegypti, principal vetor do vírus nas Américas. O Instituto Pasteur de Paris é parceiro do estudo, publicado na revista científica “Plos Neglected Tropical Diseases”. Segundo Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários e coordenador do estudo, para tentar comprovar se o Culex não tinha capacidade de disseminar o vírus, a equipe fez dois tipos de testes: em um deles, os mosquitos foram alimentados com sangue contaminado com zika; em outra, receberam uma “injeção” de sangue contaminado. A equipe de pesquisadores do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC coletou ovos e larvas de Culex quinquefasciatus em quatro bairros da cidade: Manguinhos e Triagem, na Zona Norte, Jacarepaguá, na Zona Oeste, e Copacabana, na Zona Sul. Quando atingiram a fase adulta, foram separados em gaiolas. Em seguida, os insetos foram alimentados com sangue infectado com o vírus Zika. O pequisador explica que foram usadas duas linhagens locais do vírus, isoladas, em janeiro, pelo Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC, a partir de amostras de pacientes do Rio de Janeiro. “Conseguimos o vírus de dois pacientes do Rio e usamos para testes os mosquitos que também estavam no Rio, na mesma época, isso para que o resultado se aproximasse ao máximo da realidade. Há casos em que os testes são feitos com amostras de vírus coletadas em outros estados, em epidemias passadas, mas nosso estudo simulou uma situação que acontece na natureza”, explicou Ricardo Lourenço. Aproximadamente 30 mosquitos de cada gaiola foram analisados 7,14 e 21 dias depois de terem sido alimentados com sangue infectado. O pesquisador explica que era preciso saber se o vírus inoculado sobreviveria até a chegar à saliva, pois só assim seria possível verificar a possibilidade de transmissão do vírus durante a picada. Para verificar se o vírus circulou pelo corpo do inseto e sobreviveu, além da saliva, explica Lourenço, foram testados o abdômen/ tórax e a cabeça do mosquitos. A pesquisa analisou mais mil amostras, referentes a 392 mosquitos. E só em dois exemplares de mosquitos Culex quinquefasciatus (vindos dos bairros de Triagem e Manguinhos) foi achada infecção inicial no abdômen/tórax, no período de 14 dias após a alimentação com sangue. Segundo o pesquisdor, nenhuma partícula viral foi achada nem na cabeça e nem na saliva desses mesmos mosquitos. Teste idêntico foi feito em Aedes aegypti coletados nos bairros da Urca, na Zona Sul, e de Paquetá. Nestes, houve altos índices de infecção no abdômen/tórax (foram verificados entre 85% a 97% dos Aedes aegypti testados após 14 e 21 dias da alimentação com sangue infectado). “O achado indica que o vírus Zika não consegue se disseminar completamente pelo corpo do Culex quinquefasciatus. Logo, os dados mostram que o inseto não é capaz de transmitir o patógeno, uma vez que não há presença de partículas infectantes do vírus na saliva que possam ser expelidas no momento da picada e infectar um ser humano”, diz Lourenço. O pesquisador explica que os resultados “batem” com o de outros testes realizados no México, nos Estados Unidos e na Europa. Jornal do Commercio - PE 07/09/2016 - 08:18 No Recife, resultado foi outro Um teste realizado pela Fiocruz no Recife, no entanto, deu resultado diferente. “Quando se trata de Ciência, nenhum dogma deve ser mantido, conforme vão sendo feitos novos testes, os resultados podem ser modificados de acordo com a metodologia usada. Não tenho informações detalhadas sobre a pesquisa do Recife, mas posso dizer que pode haver variações: dependendo do local, o mosquito pode reagir diferente.” Segundo os pesquisadores da FioCruz, a capacidade de determinado mosquito ser um vetor para transmitir um agente patogênico pode variar de acordo com combinações específicas da linhagem viral e do genótipo do inseto. Estudo realizado por pesquisadores na Fiocruz Pernambuco, divulgado em julho, detectou a presença natural do vírus Zika em mosquitos Culex quinquefasciatus coletados na cidade do Recife. O mesmo grupo anunciou que, durante experimentos de competência vetorial realizados em laboratório, a partir do terceiro dia após a alimentação artificial dos mosquitos, a presença do vírus foi verificada nas glândulas salivares de mosquitos Culex quinquefasciatus, usando-se a técnica de microscopia eletrônica.