SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM CUIDANDO DO CÉREBRO HUMANO 14 e 15 de Maio de 2015 ANAIS UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ DIRETORIA DE ENFERMAGEM Anais SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM 14 E 15 DE MAIO COORDENADORAS Darci Aparecida Martins Corrêa – DEN/UEM Sueli Mutsumi Tsukuda Ichisato – DEN/UEM MARINGÁ-2015 Comissão Organizadora/Científica Ana Carla Borghi Célia Maria Gomes Labegalini Darci Aparecida Martins Corrêa Élia Aparecida Quirino dos Santos Ellen Santana C. Aleixo Flávia Maria Derhun Giovana Aparecida de Souza Scolari Francisco Leidyani Karina Rissardo Mislaine Casagrande de Lima Lopes Paloma Ramos Giselle Fernanda Previato Paula Cristina Gerhardt Sueli Mutsumi Tskuda Ichisato Vanessa Daniele Zambon Valério Pelizzari Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Vivian Carla de Castro Reitor Prof. Dr. Mauro Luciano Baess Vice-Reitor Prof. Dr. Julio César Damasceno Pró-Reitoria de Administração Pró-Reitora: Profª. Drª. Maria Helena Ambrósio Dias Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Pró-Reitor: Prof. Dr. Antônio Carlos Bento Pró-Reitoria de Extensão e Cultura Pró-Reitora: Profª. Drª. Itana Maria de Souza Gimenes Pró-Reitoria de Ensino Pró-Reitora: Profª. Drª. Ana Tiyomi Obara Assessoria de Comunicação Assessora: Marialva Ferreira Taques Centro de Ciências da Saúde Diretora: Profa. Dra. Terezinha Inez Estivalet Svidzinski Vice-Diretora: Profa. Dra. Sandra Marisa Pelloso Departamento de Enfermagem Chefe de departamento: Prof. Dr. Herbert Leopoldo de Freitas Goes Vice-Chefe de departamento: Profa. Dra. Jussara Simone Lenzi Pupulim Coordenadora: Profa. Dra. Ana Paula Vilcinski Oliva Coordenadora Adjunta: Profa. Dra. Cely Cristina Martins Gonçalves Hospital Universitário Regional de Maringá Diretor Superintendente: Prof. Msc Maurício Chaves Junior Diretora de Enfermagem: Msc Marli Aparecida Joaquim Balan SUMÁRIO ÁREA TEMÁTICA 1 – CUIDADO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO NOS DIFERENTES CICLOS DA VIDA Assistência de enfermagem no núcleo dos ostomizados: relato de experiência 8-12 Atuação da enfermagem em campo ambulatorial no tratamento de lesões de pele– 13-18 relato de experiência Caracterização de idosos com tendência depressiva em relação a vulnerabilidade e 19-23 capacidade funcional Motivos que levam à recaída e a busca pelo tratamento da dependência química 24-29 Mortalidade por causas externas em idosos: um estudo comparativo 30-35 Perfil dos clientes atendidos no CTA entre 2010 e 2014, Maringá 36-40 Mudanças no cotidiano da pessoa estomizada 41-45 Validação clinica do diagnóstico de enfermagem: risco de perfusão tissular 46-51 periférica ineficaz em profissionais de enfermagem Atendimento ao idoso no serviço de urgência e emergência: revisão integrativa de 52-57 literatura Caracterização das pessoas com deficiência perante as redes de atenção 58-63 Caracterização das gestações acima de 35 anos no município de Maringá-PR 64-67 Atividades instrumentais de vida diária: avaliando a capacidade funcional de idosos 68-72 atendidos pelo PROCERE em Maringá - Paraná Ação educativa sobre primeiros socorros no curso de graduação em engenharia 73-77 mecânica Comunicação dos enfermeiros sob a ótica dos pacientes com feridas crônicas 78-83 O Programa de Educação Tutorial e a formação de enfermeiros 84-88 Repercussão do uso de bebida alcóolica nas relações familiares de trabalhadores da 89-93 construção civil Caracterização da população da vila rural Elza Lerner do distrito de Pulinópolis- PR 94-98 Escuta e acolhimento como ferramentas de avaliação da satisfação do usuário de 99-103 serviço de saúde Vantagens e dificuldades da acreditação hospitalar: a voz dos gestores da qualidade 104-109 Atuação de acadêmicos de enfermagem no Banco de Leite Humano (BHL) do 110-113 HUM A visita domiciliar como instrumento para integrar família e o centro de atenção 114-119 psicossocial: pesquisa bibliográfica Do diagnóstico ao desconhecido: percepções dos familiares de crianças e 120-125 adolescentes com diabetes mellitus Avaliação do processo de implantação e desenvolvimento do programa rede mãe 126-131 paranaense Tecnologia educacional impressa da para cognição de idosos: relato de experiência 132-136 Impacto na qualidade de vida relacionada à saúde de portadores de diabetes mellitus 137-142 tipo 1 Cuidando da cognição: relato de experiência de uma atividade com idosos 143-148 Internações por diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica em idosos 149-154 Estratégias de cuidado adotados por familiares na promoção do bem estar de 155-159 crianças com câncer Idosos e o vinculo familiar: práticas educativas da estratégia saúde da família e do 160-164 NASF do município de Maria Helena/PR Saúde do homem: importância da educação em saúde junto a indivíduos em 165-169 vulnerabilidade social Percepções de cuidadores de idosos em relação às atividades educativas 170-174 Perfil sociodemográfico de idosos internados em unidades de terapia intensiva com 175-180 pneumonia por sthaphilococcus associada à ventilação mecânica O trabalho da pastoral da criança para as famílias atendidas 181-185 ÁREA TEMÁTICA 2 – GESTÃO DO CUIDADO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO NOS DIFERENTES CICLOS DA VIDA A efetivação da política nacional de atenção integral à saúde do homem 187-194 Aplicação de instrumentos para avaliação do grau de dependência de cuidados domiciliares de enfermagem em idosos no município de Maringá-PR Avaliação de notificação de casos novos de HIV em idosos de 2004 a 2013 em município do noroeste do Paraná Busca ativa de casos como metodologia de toxicovigilância em um projeto de extensão universitária Campanha de higienização das mãos: um relato de experiência Caracterização de puérperas adolescentes residentes em Maringá-PR Classificação de risco familiar na estratégia de saúde da família no município de Maringá-PR Drogas de abuso e trauma físico: perfil psicossocial e padrão de uso em eventos sentinela Fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica: conhecimento de profissionais de enfermagem Intoxicação por substância caústica: relato de caso de suicídio Medidas adotadas em reção à toxoplasmose gestacional/congênita, gestantes soro não reagentes e toxoplasmose ocular nos serviços de atenção primaria da 15ªRS/PR Programa de visita domiciliar ao intoxicado: dados de uma equipe interdisciplinar 195-199 200-204 205-210 211-216 217-221 222-227 228-233 234-258 259-243 244-249 250-253 RESUMOS Área temática – Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO NÚCLEO DOS OSTOMIZADOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA Cristina Daiana Bohrer Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Fabieli Borges Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Luis Guilherme Sbrolini Marques Enfermeiro Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Raissa Ottes Vasconcelos Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Thais Vanessa Bugs Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Lorena Moraes Goetem Gemelli Enfermeira Estomatoterapeuta, Mestre, CCBS, campus Cascavel/PR. E-mail: [email protected] Resumo Este trabalho justifica-se em virtude da existência de um Núcleo de Ostomizados localizado em Cascavel/PR que centraliza suas atividades em prol de uma assistência baseada no papel do enfermeiro em orientação ao paciente ostomizado. O objetivo consiste em relatar as experiências vivenciadas no Núcleo dos Ostomizados em relação ao comportamento do público-alvo durante a assistência de enfermagem. Trata-se de um relato de experiência desenvolvido pelos enfermeiros residentes de um Hospital Universitário durante o período de março a abril de 2015, durante consultas de enfermagem no Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná- RENASCER, também caracterizado como projeto de extensão Universitária. Espera-se que este trabalho contribua para motivação na área da enfermagem em visualizar o grande e importante papel no que se refere à assistência daquelas pessoas que passam por determinadas condições clínicas que afetam física e psicologicamente suas vidas. O enfermeiro que atua junto da pessoa ostomizada tem o papel de orientá-lo nessa nova condição, envolver a família nesse contexto para que este se sinta inserido na sociedade a fim de alcançar maior qualidade de vida. Palavras Chave: Ostomia; Cuidado; Assistência de Enfermagem. 8 Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A ostomia é uma intervenção cirúrgica que permite criar uma comunicação entre o órgão interno e o exterior, esse procedimento cirúrgico pode ocorrer no intestino ou na bexiga, por um orifício no abdômen, chamado estoma. A presença do estoma gera a dependência da bolsa coletora de fezes ou urina (SMELTZER; BARE, 2006). As causas dos estomas são abundantes, diversificadas e têm diferentes formas de categorização: quanto ao segmento exteriorizado (intestino delgado, grosso ou bexiga), ao tempo de permanência (reversível ou irreversível), à forma de exteriorização, à continência, à maturação e à via de acesso (SMELTZER; BARE, 2006). A adaptação ao novo trânsito intestinal e/ou urinário modifica a identificação pessoal, ocasionando ao seu portador, na maior parte dos casos, estranhamento, revolta e até mesmo rejeição. As alterações causadas no corpo dos portadores de uma ostomia originam também consequências psicológicas e sociais. Muitos ostomizados enfrentam este nova fato com constrangimento, aversão e pena de si, tornando-os vulneráveis (SOUSA, GOMES, BARROS, 2009). De acordo com Brunner e Suddarth (2006) o paciente que se submete a uma ostomia precisa de cuidados específicos, um acompanhamento especializado que atenda às suas necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais, e promove um plano de cuidados de enfermagem abrangente e contínuo. Na recomendação de uma ostomia, deve-se praticar um programa pré-operatório criterioso a fim de se impedir problemas pós-operatórios. Esses dados tendem o melhor a assistência ao usuário, em todos os níveis de atenção à saúde, desde a atenção primária, passando pela secundária e alcançando a terciária, desenvolvendo o papel e o compromisso profissional do enfermeiro desde a prevenção até a reabilitação do paciente, produzindo no cuidar a intervenção da educação na procura da autonomia para o autocuidado e qualidade de vida (CASCAIS, MARTINI, ALMEIDA, 2007). Nesse sentido, em busca de melhor qualidade de vida e convívio social, em 08 de junho de 1988, profissionais de saúde e Ostomizados reuniram-se e fundaram o Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná (N. R. O. O. P.), associação civil sem fins lucrativos com o objetivo prevenir, habilitar, reabilitar e integrar o ostomizado à vida comunitária, desenvolvimento do desejo de aprender a lidar com a sua nova 9 situação; facilitação da relação com seus familiares, buscando manter os seus processos de desenvolvimento psicossocial e de aceitação dos seus limites e possibilidades, advindos de sua condição de ostomizado ou incontinente urinário (CASCAVEL, 2015). Atualmente o Núcleo conta com mais de 200 ostomizados e incontinentes urinários provenientes dos 25 municípios da 10° Regional de saúde. O atendimento é realizado de segunda à sexta das 13:30h às 17:30h. As reuniões mensais são desenvolvidas na primeira quarta-feira de cada mês (CASCAVEL, 2015). Objetivo Relatar a assistência de enfermagem realizada aos pacientes portadores de ostomia em acompanhamento no Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná – RENASCER. Materiais e Métodos Relato de experiência vivenciado por enfermeiros da Residência em Gerenciamento de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE – Campus de Cascavel-PR durante consultas de enfermagem realizadas no Núcleo dos Ostomizados. Discussão de Resultados Papel do enfermeiro em relação às ostomias e causas sociais No desenvolver das atividades no Núcleo, foi possível realizar a assistência para as diversas classificações de ostomias. Destacaram-se em sua maioria, pessoas portadoras de Colostomias seguidos de ileostomias, jejunostomias e cistostomias. De uma forma geral, para Gemelli e Zago (2002) as ostomias são classificadas de acordo com o segmento exteriorizado, recebendo nomes diferenciados: no intestino grosso = cólon = colostomia, no intestino delgado = íleo = ileostomia. A comunicação da bexiga urinária com o meio externo chama-se cistostomia e a comunicação do estômago com o meio externo, gastrostomia. As causas que levam à realização de uma ostomia são variadas. Entre as mais frequentes estão os traumatismos, as doenças congênitas, as doenças inflamatórias, os tumores e o câncer do intestino (GEMELLI; ZAGO, 2002). Entre os pacientes atendidos, destacaram-se alguns diagnósticos tais como: CA (câncer), acidente automobilístico e ferimento por arma de fogo (FAF). Observou-se também que, dependendo da etiologia da doença havia descrição de 10 ostomia classificadas como temporária ou definitiva. As ostomias temporárias são realizadas para proteger uma anastomose, tendo em vista o seu fechamento num curto espaço de tempo. As ostomias definitivas são realizadas quando não existe a possibilidade de restabelecer o trânsito intestinal, geralmente na situação de câncer (GEMELLI; ZAGO, 2002). Os pacientes com ostomias definitivas requerem apoio contínuo, pois seus problemas são duradouros e cíclicos. Independentemente de ser temporária ou definitiva, a realização desse procedimento acarreta uma série de mudanças na vida do paciente e requer um cuidado especializado de enfermagem (GEMELLI; ZAGO, 2002). Nessa perspectiva, conforme Mauricio et al (2012), o enfermeiro, como membro da equipe multiprofissional, tem papel importante ao orientar o ostomizado, possuindo competência e ferramentas assistenciais, para identificar o paciente em todas as suas dificuldades de adaptação à nova condição. Também, elabora em conjunto o plano de cuidados para o mesmo objetivando a minimização e superação de tais dificuldades. Assim sendo, no Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná, fizemos acolhimentos e atendimentos às pessoas que estavam procurando pelo serviço pela primeira vez e aos ostomizados que haviam retornado para fazer reavaliação. Por meio do prontuário e ao conversar com os ostomizados, tínhamos informações a respeito da patologia responsável pela ostomia, em relação ao tempo de uso, entre outros. Verificamos como estava sendo realizado no domicílio o cuidado ao trocar a bolsa, podendo observar como a mesma estava colocada anteriormente, a maneira de fixação e posição, a integridade da pele ao redor. Também, observando possíveis alterações nas ostomias. Nesse momento, orientamos quanto ao seu uso, estilo de vida, alimentação, cuidados com a higiene e com a pele, fizemos questionamentos quanto ao autocuidado, ao apoio dos familiares, ouvindo-os e esclarecendo suas dúvidas. Conclusão e Considerações finais O Núcleo Regional dos Ostomizados do Oeste do Paraná exerce um papel social de suma importância para seus usuários e colaboradores, uma vez que todos participam direta ou indiretamente do desenvolvimento das atividades do núcleo, e recebem suporte por parte da instituição que é caracterizado por reuniões que proporcionam compartilhamento de experiências vividas, recepção dos pacientes que estão entrando no núcleo pela primeira vez, esclarecimentos de dúvidas e principalmente através das consultas de enfermagem desenvolver uma avaliação e educação em saúde com o 11 intuito de que o paciente aprenda sobre sua nova condição de ostomizado e desenvolva a capacidade do auto cuidado, visando qualidade de vida. Referências CASCAIS, A. F. M. V; MARTINI J. G; ALMEIDA, P. J. S. O impacto da ostomia no processo de viver. Texto Contexto Enferm. Jan-Mar; v.16, n.1, p.163-7. 2007. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/tce/v16n1/v16n1a17.pdf>. Acesso em: 11 abr 2015. CASCAVEL, Núcleo dos Ostomizados do Oeste do Paraná. O núcleo. Disponível em: <http://www.ostomizadoscascavel.com.br/nucleo.asp>. Acesso em: 11 mar. 2015. GEMELLI, L. M.; ZAGO, M. M. F. A INTERPRETAÇÃO DO CUIDADO COM O OSTOMIZADO NA VISÃO DO ENFERMEIRO: um estudo de caso. Rev Latino-am Enfermagem. São Paulo, v. 10, n. 1, p. 34-40, jan/fev. 2002. MAURICIO, V. C.; LISBOA, M. T. L.; SOUZA, N. V. D. de O. O enfermeiro e sua participação no processo de reabilitação da pessoa com estoma. Esc Anna Nery (impr.). 2013, v. 17, n. 3, pp. 416 – 422. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v17n3/1414-8145-ean-17-03-0416.pdf. Acesso em: 11 abr 2015. NONINO, E. A. P. M.; ANSELMI, M. L.; DALMAS, J. C.. Avaliação da qualidade do procedimento curativo em pacientes internados em um hospital universitário. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 16, n. 1, Fev. 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692008000100010&ln g=en&nrm=iso>. Acesso em: 11 março 2015. SMELTZER; S.C; BARE, B.G. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. SOUZA, J.L; GOMES, G. C; BARROS, E. J. L. O cuidado à pessoa portadora de estomia: o papel do familiar cuidador. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, out/dez. v.17, n.4, p.550-5. 2009. Disponível em:< http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a17.pdf.>. Acesso em: 11 abr 2015. 12 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM EM CAMPO AMBULATORIAL NO TRATAMENTO DE LESÕES DE PELE– relato de experiência Eliane Aparecida Sanches Tonolli Doutora em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Cely Cristina Martins Gonçalves Doutora em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Jorseli Ângela Henrique Coimbra Doutora em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Marli Aparecida Joaquim Balan Mestre em Enfermagem. Diretoria Enfermagem HURM- UEM E-mail: [email protected] Thais Botelho Junqueira Mestre em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Viviani Camboin Meirelles Mestre em Enfermagem. Departamento de Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Resumo Este artigo tem como objetivo relatar uma experiência formativa com a ótica na integração ensino-serviço, por intermédio de um projeto de extensão em Ambulatório de Especialidades, para assistência ao usuário com lesões de pele. Propõe-se explorar a memória pedagógica rememorando-se este período da implantação do projeto, o atendimento e o cuidado do usuário, de outubro de 2013 a dezembro de 2014. Desta forma, atuou-se em vários momentos, a saber: Na preparação dos acadêmicos, discussões entre a equipe sobre as atividades de educação para saúde para os usuários, das condutas na avaliação de lesões de pele. Detectou-se no habitus dos profissionais deste campo um fazer-saber que necessita a participação ativa do usuário no seu tratamento. Com isto, enfrentam-se desafios para se ambientar o usuário com este projeto assistencial, que não represente para ele dificuldade ou estranheza o uso de tecnologias e assumir novas condutas, que se exige para o tratamento de lesão de pele. Desta vivencia da equipe percebe-se que, o cuidado com o usuário do ambulatório, que sofre com lesão de pele carece ainda constituir-se em uma relação dinâmica com os usuários um conjunto que valorize os recursos e trajetórias pessoais, o habitus se pode traduzir, em estilos de vida, e importante dizer; valores estéticos. Ele é uma forma de relações sociais, de forma de socialização que permeia um meio de ação que permite criar ou desenvolver estratégias individuais ou coletivas de mudança por meio da educação em saúde. Palavras Chave: Lesão de pele; Cuidado de enfermagem; Educação permanente. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. 13 Introdução Este relato se refere ao campo do cuidado de enfermagem ambulatorial para a integridade tissular e tratamento de feridas, de um hospital de universitário do noroeste do Paraná. Referendamo-nos em BALAN (2012), JORGE (2004), NATIONAL PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL – NPUAP (1989), DOMANSKY & BORGES (2012), dentre outros autores que nos tem contribuído para a reflexão sobre a prática do ensino da saúde e no emprego de tecnologia assistencial no que tange ao cuidado de enfermagem na atenção ambulatorial, em especial, a temática da integridade tissular. A condição de lesão de pele reporta-se a um duplo desafio: a meta da formação dos profissionais da enfermagem, com perfil científico adequado para o cuidado a este ser humano, aliada a uma abordagem humanizada e holística. E o segundo, ao foco do campo de BOURDIEU (1983; 1989) para entender esta prática em meio do trabalho de enfermagem em equipe e o usuário originado de um meio social, mediado pelos valores, costumes e culturas especificas. Conformado em termos de habitus individuais mediado por relações sociais específicas, por diferentes sistemas de disposições produzidos em condicionamentos e trajetórias diferentes, em espaços distintos como a família, a escola, o trabalho, os grupos de amigos e a cultura de massa. O relato passa pela realidade de um campo, isto é, de um sistema de relações, onde se geram a integração da cultura, do saber, da ciência e da tecnologia, que fomentam as novas práticas de trabalho e da formação. Dentro desta perspectiva, o Departamento de Enfermagem em parceria com a Diretoria de Enfermagem (DEE) do Hospital Universitário Regional de Maringá HURM implantaram o projeto de extensão no ano de 2013 sob titulo: “Socializando o conhecimento da comunidade de práticas em viabilidade tecidual e tratamento de feridas na promoção do cuidado de enfermagem” realizado com o objetivo de atuar na área de lesão tecidual deste hospital nas áreas científico-educacional e assistencial. O projeto de extensão obteve apoio da Comunidade de Práticas em Viabilidade Tissular e Tratamento de Feridas do HURM/DEE e conta com a participação de sete docentes do Departamento de Enfermagem- DEN da UEM, de um enfermeiro Estomatoterapeuta do ambulatório de Especialidades da Diretoria de Enfermagem do HURM e de acadêmicos do curso de Bacharelado de Enfermagem da UEM. 14 Objetivo Relatar uma experiência formativa com a ótica na integração ensino-serviço, por intermédio de um projeto de extensão em Ambulatório de Especialidades, para assistência ao usuário com lesões de pele. Materiais e Métodos Trata-se de um relato de experiência – memória pedagógica, uma vez que se propõe explorar um cenário específico (ANDRÉ, 1995) um período no Ambulatório de Especialidades, de implantação de atendimento e de cuidado do usuário no ambulatório, com lesões de pele, de outubro de 2013 a dezembro de 2014. No caso, o uso didático da memória pedagógica rememora este período do projeto de extensão. O projeto se desenvolve nas dependências do Ambulatório de Especialidades do Hospital Universitário Regional de Maringá – HURM. O HURM foi criado em 1988, iniciou suas atividades em 20 de janeiro de 1989 e foi certificado como hospital de ensino por meio da Portaria Interministerial número 2.378, em 26 de outubro de 2004. E efetivou a contratualização por meio da portaria GM número 1.885, em 13 de outubro de 2005. E no ano de 1993 foram ativadas as unidades de clínica cirúrgica, a ginecologia e obstetrícia, o centro cirúrgico, o berçário, o ambulatório de especialidades e o serviço social. O Ambulatório de Especialidades atende a mais de 60 especialidades clínicas, no horário das 7:00 às 18:00 horas, de segunda a sexta-feira, com consulta agendadas através dos Postos de Saúde, CISAMUSEP e Secretaria de Saúde de Maringá. E os usuários com lesões de pele são referidos para o ambulatório após alta do hospital universitário, em especial, advindos da Unidade de Clinica Cirúrgica, da Unidade de Clinica Médica e da Unidade de Pronto Atendimento. Discussão de Resultados Assim sendo, dentre as atividades, no inicio, buscou-se a integração entre os docentes, os discentes do DEN e os técnicos do serviço por meio das reuniões de avaliação das necessidades do serviço, seguidas de planejamento das atividades do projeto primeiramente centrado no ambulatório. Desta forma, atuou-se em vários momentos, a saber: Na preparação dos acadêmicos para atuar na área de tratamento e prevenção de lesões de pele por intermédio de aulas teórico-práticas e de orientação. Nas discussões entre a equipe das atividades de educação para saúde para os usuários com afecções cutâneas atendidos no 15 Ambulatório de Especialidades. No estabelecimento de condutas na avaliação de lesões de pele, baseado na bibliografia e pesquisas atualizadas na área de tratamento de lesões de pele, e, em no aprofundamento de uma ferramenta tecnológica – o Protocolo de Feridas do HURM. Neste projeto assiste-se aos usuários adultos que sofrem o impacto sobre suas vidas de uma lesão de pele. Muitos deles experimentam sentimentos de rejeição e exclusão social ao longo de vários anos. Percebe-se que quanto menor a possibilidade de cura, maiores as contingências a superar ao longo da sua vida, com períodos de remissão e exacerbação da lesão. A percepção da complexidade do usuário com lesão de pele remete-nos a Bourdieu (1983) quando salienta as relações algumas vezes conflitantes, entre o usuário, sua família, seu trabalho, com a equipe, no que tange a cultura de massa/popular por um lado, e, pelo outro, a equipe com o uso da ciência e da tecnologia consubstanciado em um projeto assistencial. Isto posto, detecta-se no habitus dos profissionais deste campo um fazer-saber que necessita a participação ativa do usuário no seu tratamento. Contudo, ainda representa um desafio no planejamento das ações dos profissionais enfrentarem as dificuldades de ambientar o usuário com este projeto assistencial, pois o vínculo com o usuário deve ser tal, que não represente para o usuário dificuldade ou estranheza o uso de tecnologias e assumir novas condutas que se exige para o tratamento de lesão de pele. Neste aspecto, percebe-se como necessitam de apoio especial da equipe para obter-se um tratamento adequado frente a processos de revisão de modo de vida que necessitam fazer mudança de hábitos de vida, de alimentação, de higiene, entre outros. Desta forma, em que pese os usuários atendidos no cotidiano do trabalho da equipe, que sofrem com sérias lesões, como do Mal Perfurante Plantar, de Enxertos de Pele, de Queimaduras, da Síndrome de Fournieu, e, principalmente, muitos com Ulceras Venosas, denota-se que a maioria vivencia um processo muito doloroso e, altamente frustrante em decorrência da cronicidade das lesões. Portanto, percebeu-se avanço importante em decorrência da efetivação do protocolo de feridas, decididamente um avanço tecnológico importante criado pelo serviço, uma ferramenta cientifica e benéfica que orienta a prevenção e o tratamento de lesões de pele em usuários acompanhados no ambulatório de Especialidades e em pacientes internados no Hospital Universitário Regional de Maringá. Com a utilização dele pode-se perceber um melhor assistência direta aos usuários no ambulatório e 16 também no domicilio. Contudo, pode-se analisar desta vivência até o momento que, o cuidado com o usuário do ambulatório, que sofre com lesão de pele carece ainda constituírem-se em uma relação dinâmica criada pelo serviço, professores, alunos e usuários num conjunto entremeados pelos recursos e trajetórias pessoais. Em suma, coube ao grupo do projeto e do serviço proceder a uma assistência com base na avaliação criteriosa e no uso do protocolo adequando o cuidado a cada necessidade desses indivíduos, apoio para a formação e para a assistência de enfermagem. Conclusão e Considerações Finais Neste trabalho objetivou-se descrever por meio da memória pedagógica o processo vivenciado pela equipe em um projeto de extensão para o cuidar de usuários com lesão de pele. Nele todos se empenharam com o fim de atingir o êxito para a integração do ensino com o serviço em prol da prevenção/ cura do usuário com lesão de pele. Deste o foco percebeu-se a conquista de espaço para a enfermagem na área integridade tissular no serviço, na extensão e na pesquisa. E ainda, amplia-se com o acesso às tecnologias do cuidado por parte da enfermagem o rol de segurança para a tomada de decisão, aprimora-se a assistência, implementa-se a educação continuada e pontuam-se desdobramentos para pesquisas nesta área de conhecimento. Contudo, outro desafio se impôs como ampliar a discussão de curar/ mudanças enquanto habitus “uma matriz” determinada pela posição social do indivíduo que lhe permite pensar, ver e agir nas mais variadas situações. Entende-se que o habitus traduz, dessa forma, estilos de vida, julgamentos políticos, morais e estéticos. Ele é uma forma de relações sociais, de forma de socialização que permeia um meio de ação que permite criar ou desenvolver estratégias individuais ou coletivas de mudança por meio da educação em saúde. Acredita-se que no campo profissional implantar protocolos assistenciais na área contribui não apenas para a consolidação do saber, para a pratica social em saúde fortalece o papel do enfermeiro na área de integridade tissular por meio da atenção integral, da avaliação de lesões de pele e do planejamento científico do cuidado. E ainda, que no campo da cultura de massa as experiências que se acumulam e se constroem no processo do saber popular, na competência e na autoridade das referencias culturais que sempre estão sujeitas a revisões. 17 Referências ANDRÉ, M. E. D. A. Etnografia da prática escolar. Campinas. Papirus, 1995. BALAN, M. A. J. Guia terapêutico para tratamento de feridas. 2. ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2012. BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In: ORTIZ, R. (org.) Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983, p.46-81. ______. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. DOMANSKY, R. C.; BORGES, E. L. Manual de prevenção de lesões da pele: recomendações baseadas em evidências. Rio de Janeiro: Rubio, 2012. JORGE, S. A.; DANTAS, S. R. P. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2004. 18 CARACTERIZAÇÃO DE IDOSOS COM TENDÊNCIA DEPRESSIVA EM RELAÇÃO A VULNERABILIDADE E CAPACIDADE FUNCIONAL Giselle Fernanda Previato Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna voluntária do Projeto Assistência Domiciliar a Família de Idosos E-mail: [email protected] Célia Maria Gomes Labegalini Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Iara Sescon Nogueira Enfermeira. Programa Centro de Referencia do Envelhecimento (PROCERE) E-mail: [email protected] Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Enfermeira. Doutora em Ciência, Professora na Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Resumo A depressão é a doença psiquiátrica mais comum entre idosos, que quando acometidos por tal agravo possuem tendência a apresentar maior comprometimento físico, social e funcional. O objetivo do estudo foi caracterizar os idosos com tendência à depressão em relação à vulnerabilidade e capacidade funcional. Foi realizado um estudo documental, transversal, quantitativo e descritivo, onde foram analisadas as fichas cadastrais de caracterização e condições de saúde de idosos (Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS-15), Protocolo de Identificação do Idoso Vulnerável (VES-13), Índice de Katz e a Escala de Lawton e Brody de uma área sem cobertura de Estratégia Saúde da Família e atendidos pelo projeto de extensão: “Assistência domiciliar de enfermagem as famílias de idosos dependentes de cuidado (ADEFI)” integrante do PROCERE da Universidade Aberta À Terceira Idade da Universidade Estadual de Maringá. De um levantamento total de 117 idosos, 10,25% (n=12) apresentaram prédisposição a depressão segundo a GDS-15. Sobre o sexo, 75,0% era feminino (n=9) e 25,0% masculino (n=3). Três idosos (25,0%), apresentaram pré-disposição grave a depressão e vulnerabilidade de média a grave pelo VES-13 e um com capacidade funcional prejudicada. Os demais idosos (9- 75,0%) foram classificados com tendência leve a moderada a depressão geriátrica. No VES-13, dois desses idosos foram classificados como vulneráveis. Dos 12 idosos, seis (50,0%), não apresentaram nenhuma fragilidade ou incapacidade funcional. A partir dos resultados encontrados, surge a necessidade de maior avaliação dos idosos quanto a pré-disposição a depressão, e os aspectos multidimensionais relacionados a vulnerabilidade e capacidade funcional. Palavras Chave: Geriatria; Depressão; Enfermagem. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução 19 A terceira idade é a faixa etária que mais cresce no Brasil, e em proporção crescem também doenças causadas pelo envelhecimento, destacando-se a prevalência de doenças neurológico-degenerativas, crônicas e mentais (NASCIMENTO et al, 2013). Tais doenças acometem cerca de um terço da população idosa. Dentre elas temos a depressão, que é a doença psiquiátrica mais comum entre os idosos, e é um sério e crescente problema de saúde pública, trazendo prejuízos à vida familiar e à comunidade tendo impacto negativo em todos os aspectos da vida (SILVA et al, 2010). A Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que em 2020 o transtorno depressivo será a segunda maior causa de incapacidade no mundo, perdendo apenas para doenças cardíacas. Indivíduos idosos acometidos pela depressão tem tendência a apresentar maior comprometimento físico, social e funcional (FELICIANO; MORETTI, 2015). Visto a importância desse transtorno, se faz necessário uma avaliação sistemática aos indivíduos idosos, contribuindo assim para melhorar a detecção dessa patologia e a saúde da população. Portanto, o Ministério da Saúde recomenda que dentro de uma avaliação global da pessoa idosa sejam incluídos testes que verifiquem o estado de saúde mental e funcional desse indivíduo para que se estabeleça um diagnóstico, prognóstico e implementação das ações terapêuticas necessárias (BRASIL, 2012). Objetivo Caracterizar os idosos com tendência à depressão em relação à vulnerabilidade e capacidade funcional. Materiais e Métodos Estudo documental, transversal, quantitativo e descritivo. Foram analisadas as fichas cadastrais de caracterização e condições de saúde de idosos residentes em uma área sem cobertura da Estratégia Saúde da Família e atendidos pelo projeto de extensão: “Assistência domiciliar de enfermagem as famílias de idosos dependentes de cuidado (ADEFI)” integrante do Programa Centro de Referência do Envelhecimento (PROCERE) da Universidade Aberta À Terceira Idade da Universidade Estadual de Maringá, em parceria com uma unidade básica de saúde do Município de Maringá-PR. De um total de 117 idosos levantados pelo projeto, compuseram o estudo 12 idosos que apresentaram pré-disposição a depressão através de avaliação feita utilizando 20 a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage (GDS-15), e na avalição da fragilidade por meio do Protocolo de Identificação do Idoso Vulnerável (VES-13), e da capacidade funcional pelos Índice de Katz e a Escala de Lawton e Brody. Foram ainda analisadas informações sociodemográficos para caracterização dos sujeitos. Os dados foram coletados nos prontuários dos idosos e analisados utilizando estatística simples. O estudo possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Maringá, sob número 875.081/2014 - CAAE: 37457414.6.0000.0104 e respeita todos os preceitos éticos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, preservando o anonimato e a confidencialidade dos dados. Discussão de Resultados De um levantamento total de 117 idosos, 10,25% (n=12) dos idosos apresentaram pré-disposição a depressão segundo a GDS-15. Estudos apontam que em idosos vivendo na comunidade, a prevalência de depressão situa-se entre 2 e 14%, indo de acordo ao nosso estudo (EDWARDS, 2003). Houve predominância do sexo feminino, com 9 mulheres (75,0%), corroborando com dados da literatura, que sugerem serem as mulheres mais vulneráveis ao desenvolvimento de sintomas depressivos durante a velhice (SILVA et al., 2012). Os homens representaram 25,0% da população estudada (n=3). Em relação a idade, nove idosos se encontravam na faixa etária de 60 a 74 anos de idade (75,0%), entre 75 e 84 anos 16,7% da população (n=3), e apenas um idoso acima de 85 anos (8,3%). Por meio do escore apresentado na GDS-15, três idosos (25,0%), do sexo feminino, apresentaram pré-disposição grave a depressão, com escore 12. Tais idosos, em relação ao VES-13, apresentaram-se como frágeis, dois com alto risco para vulnerabilidade, com pontuação sete e oito, respetivamente, e um com médio risco, com escore 6. Pesquisas internacionais verificaram a associação entre síndrome de fragilidade e depressão. Investigação conduzida com idosos na China evidenciou que as condições de vulnerabilidade nos idosos estiveram associadas ao aumento do número de sintomas depressivos, com maior prevalência entre os frágeis (TAVARES et al., 2014). Um idoso foi avaliado como parcialmente dependente para Atividades Instrumentais de Vida Diária, com capacidade funcional prejudicada segundo a Escala de Lawton e Brody, com escore 12. A depressão apresenta associações e impactos importantes na incapacidade funcional, como mostrou um estudo realizado na Região Oeste de São Paulo em 2011, onde 25,0% do total de incapacidade funcional grave 21 levantado nos idosos teve como causa a depressão (SILVA, 2013). Apenas um idoso apresentou-se com escore 5 para Katz, devido a incontinência urinária. Os demais idosos (9- 75,0%) foram classificados com tendência leve a moderada a depressão geriátrica, com escore variando de 6 a 10 pontos. No VES-13, dois desses idosos foram classificados como vulneráveis, com escores maiores que 3. A fragilidade é considerada um fator de risco para o desenvolvimento e persistência de sintomas depressivos (TAVARES et al., 2014). Em relação a Lawton e Brody, nenhum idoso com pré-disposição leve a moderada apresentou alguma dependência, e dois apresentaram escore 5 para Katz, pela incontinência urinária. Dos 12 idosos, seis (50,0%), não apresentaram nenhuma fragilidade ou incapacidade funcional, todos com tendência leve a moderada a depressão. A avaliação da condição funcional em estudos populacionais é relativamente nova e a prevalência de incapacidade entre idosos pode variar de 2% a 47%, segundo a população, a faixa etária considerada e as escalas utilizadas (GIACOMIN et al., 2012). Conclusão e Considerações Finais Em síntese, a presente pesquisa permitiu caracterizar os idosos com tendência depressiva atendidos pelo ADEFI, em relação a presença de vulnerabilidade e incapacidade funcional, e a partir de demais aspectos como idade e sexo. A presença de idosos com pré-disposição a depressão foi semelhante ao encontrado na literatura, assim como a identificação do maior número de mulheres com tendência depressiva. Foi possível perceber que os três idosos classificados como com pré-disposição a depressão grave foram avaliados como idosos vulneráveis, indicando que a vulnerabilidade é considerada um fator de risco para o desenvolvimento de sintomas depressivos, e um deles com capacidade funcional prejudicada para atividades diárias instrumentais e um para atividades diárias básicas. Dos idosos com tendência de leve a moderada para depressão, dois apresentaram vulnerabilidade, os demais não apresentaram incapacidades funcionais para atividades diárias instrumentais, e somente um apresentou certa incapacidade para atividades diárias básicas. A partir dos resultados encontrados, surge a necessidade de maior avaliação dos idosos quanto a pré-disposição a depressão, e os aspectos multidimensionais relacionados a esses idosos, como sua vulnerabilidade e capacidade funcional. Deve-se buscar maneiras para se subsidiar o planejamento das atividades desenvolvidas nos serviços que prestam assistência à saúde dos idosos, assim como no Centro de 22 Referência do Envelhecimento, levando a atividades de assistência domiciliar neste grupo etário e melhorando a qualidade de vida dessa população com tendência depressiva, vulnerável e dependente. Novas pesquisas devem ser realizadas analisando a influência de fatores, como escolaridade, estado civil, presença de patologias e prejuízo cognitivo, que podem estar associados à depressão geriátrica, e a criação de programas nacionais com o objetivo de promover a saúde mental, diagnosticar precocemente e diminuir os sintomas depressivos entre os idosos. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abcad19.pdf. Acesso em 29 de abril de 2015. EDWARDS, J. Dementia and Depression in older people. International Psychigeriatric Association, 2003. FELICIANO, M.F.C; MORETTI. L.H.T. Depressão, suicídio e neuropsicologia: Psicoterapia cognitivo comportamental como mobilidade de reabilitação. Portal dos psicólogos. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0857.pdf. Acesso em: 30 de abril de 2015. GIACOMIN, K.C; et al. Estudo de base populacional dos fatores associados à incapacidade funcional entre idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, v.24, n.6, p.1260-1270, Rio de Janeiro, 2012. NASCIMENTO, D.C; BRITO, M.A.C; SANTOS, A.D. Depressão em idosos residentes em uma instituição asilar na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil. J. Manag Prim Health Care, V.4, N.3, P.146-150, Juazeiro do Norte, 2014. SILVA, E. R.; SOUZA, A.R.B; PEIXOTO, H.M; FERREIRA, L.P; Prevalência e fatores associados à depressão entre idosos institucionalizados: subsídio ao cuidado de enfermagem. Rev. esc. enferm. USP. v. 46, n. 6, São Paulo, 2012. SILVA, G.B; SILVA, V.B; LOPES, R.C; SILVA, J.W.F. Caracterizando a depressão no idoso: Uma revisão bibliográfica. Enciclopédia biosfera. Goiânia, 2010. SILVA, S.A. Depressão e incapacidade funcional em idosos: um estudo de base populacional. 2013, 130 f. Tese (doutorado em medicina). Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013. TAVARES, D.M.S; ALMEIDA, E.G; FERREIRA, P.C.S; DIAS, F.A; PEGORARI, M.S. Status de fragilidade entre idosos com indicativo de depressão segundo o sexo. J. Bras. Psiquiatria, v.63, n.4, p.347-353, Uberaba, 2014. 23 MOTIVOS QUE LEVAM À RECAÍDA E A BUSCA PELO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA Leandro Mocci do Nascimento Acadêmico do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá – UniCesumar. E-mail: [email protected] Mariana Moreira Kirchner Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário de Maringá – UniCesumar E-mail: [email protected] Rafael Rodrigo da Silva Pimentel Acadêmico do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá – UniCesumar. E-mail: [email protected] Márcia Glaciela da Cruz Scardoelli Orientadora Mestre em Enfermagem, Professora do Centro Universitário de Maringá – UniCesumar. E-mail [email protected] Resumo Este estudo tem como objetivo conhecer os motivos que levam os usuários a recaírem e a buscarem o tratamento para dependência química. Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva, de abordagem qualitativa, com 21 dependentes químicos internados em um hospital psiquiátrico para tratamento de dependência química. A coleta de dados foi realizada no período de agosto a setembro de 2014, por meio de entrevistas individuais gravadas, com aplicação de um roteiro semiestruturado, contendo questões abertas e fechadas. Os dados coletadas foram analisadas por meio da análise de conteúdo, modalidade temática proposto por Minayo, obtendo duas categorias temáticas: principais motivos que levam os usuários de drogas a recaírem após tratamento e principais motivos da aceitação do tratamento da dependência química. Foi possível observar que existe a necessidade em aprofundar-se nas investigações associadas à prevenção do uso de drogas, com intuito de diminuir os fatores de risco que levam a possíveis recaídas, planejando assim um tratamento que englobe as questões sociais, econômicas, familiares, culturais e pessoais. Palavras Chave: Dependência Química; Tratamento; Usuários de Drogas. Área Temática: Cuidado no Desenvolvimento Humano nos Diferentes Ciclos da Vida. Introdução O uso abusivo de substâncias químicas é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma doença crônica e frequente que se tornou um problema de saúde pública ultrapassando os limites sociais e emocionais, afligindo a sociedade como um todo (ANDRETTA; OLIVEIRA, 2011). 24 Segundo Magrinelli e Oliveira (2006), o elevado número de recaídas dos dependentes químicos independe da particularidade e da quantidade de tratamentos a que estes se sujeitam ao longo de suas vidas, pois é agravado pela baixa adesão e falta de motivação para ingressarem em algum tratamento. De acordo com Gonçalves (2008), além de não ser considerada como um estágio motivacional, a recaída pode ser vista como um estado de transição, já que na maioria dos casos fazem parte do processo de mudança de conduta. Esse o processo de mudança não é tão simples, pois seus estágios podem ser entendidos como um redemoinho em que o indivíduo pode trilhar de um estágio para outro sem uma sequência estabelecida. Neste sentido, se o indivíduo recair, não indica que ele irá regressar para o início do seu processo de mudança. Muitas são as consequências do uso abusivo de substâncias químicas, principalmente no que se refere à dependência. O perfil do usuário, especialmente aquele que tem um nível econômico e social diminuído, é também outro fator importante que interfere negativamente na adesão ao tratamento. O tratamento da dependência química é longo e difícil, visto que se trata de uma doença grave (KESSLER; PECHANSKY, 2008; RIBEIRO; SANCHEZ; NAPPO, 2010). Objetivo Conhecer os motivos que levam os usuários a recaírem e a buscarem o tratamento para dependência química. Materiais e Métodos Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva de abordagem qualitativa, realizada em um Hospital Psiquiátrico localizado na região Noroeste do Estado do Paraná. A coleta de dados foi realizada entre agosto e setembro de 2014, por meio de entrevistas individuais gravadas, com aplicação de um roteiro semiestruturado, contendo questões abertas e fechadas. Foram entrevistados 21 usuários do sexo masculino, com faixa etária acima de 18 anos. Utilizou-se como critérios de inclusão, ser usuário de crack, estar hospitalizado por um período mínimo de 15 dias e encontrarse lúcido, orientado, coerente para participar da entrevista. As informações coletadas foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo, modalidade temática proposto por Minayo, na qual surgiram duas categorias temáticas: principais motivos 25 que levam os usuários de crack a recaírem após tratamento e principais motivos da aceitação do tratamento da dependência química O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos do Centro Universitário de Maringá (UniCesumar), sob o processo n° 32118814.4.0000.5539, conforme a Resolução N° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Para garantir e preservar a identidade dos entrevistados, os mesmos foram identificados pela letra U (U1, U2...), por ser a inicial de usuário de drogas. Discussão de Resultados Dos 21 entrevistados, 15 eram solteiros, sendo que 8 tinham filhos; destes 4 casados, 2 com filhos e 2 restante divorciados por consequência do uso das drogas e também possuindo filhos. Nove deles eram evangélicos, oito católicos e o restante não pertenciam a nenhuma religião. Já a escolaridade, 14 tinham apenas ensino fundamental incompleto, 05 ensino médio completo e 02 ensino médio incompleto. Identificou-se também, que todos iniciaram o uso das drogas na fase da adolescência, começando a usar cocaína e maconha, dando seguimento até o crack. Todos os entrevistados já foram internados, no mínimo uma vez. Quanto à profissão, a maioria não apresentava vínculo formal com trabalho, vivendo de “bicos’’ por conta do próprio vício e alguns se encontravam em situação de rua”. Principais motivos que levam os usuários de crack a recaírem após tratamento Observou-se também que o meio social em que vivem, as mesmas rotinas, as amizades, os lugares em que frequentam e mantém convívio com as mesmas pessoas, tornam-se um convite para à recaída ao uso das drogas. “Porquê meus amigos todo é traficante, é bandido, assaltante, eu não tenho uma companhia pra sair, aí eu pego minha moto a noite saio com dinheiro no bolso, um monte de dinheiro ai eu vou no bar, numa lanchonete e tudo começa na cerveja, bebo uma cerveja, bebo outra, olho pro lado, olho pro outro não tem ninguém que me interessa vou lá compro crack e uso. Toda vez acontece isso”. (U2; “As amizades. Quando eu chego perto dos meus velhos amigos, eu vejo que eles vão usar ai me da logo vontade e eu vou e recaio”. (U14); “Escolhi a rua pra viver e morar. Então minha recaída atribui a isso, quando fico na rua abstinente, eu surto, não dá”. (U16) A desestrutura do convívio familiar cotidiano decorrente do abandono dos familiares, esposas, amigos, sejam elas representadas pelas situações de separações e ausência de um vínculo parenteral é relatada nos depoimentos abaixo como algo 26 significativo na vida do dependente de droga e isso muitas vezes o levam a buscar as drogas para aliviar o seu sofrimento. “Ficar longe das pessoas que a gente ama é um dos motivos”. (U3); “É a solidão. Porque quando eu tinha minha família isso não existia. E ficando sozinho é o que me acolhe”. (U15) Percebeu-se nos depoimentos dos entrevistados uma dificuldade em superar os conflitos vivenciados no cotidiano como, por exemplo, a vivência de estados emocionais negativos, conflitos interpessoais e familiares e a pressão no meio social, acabam contribuindo ao retorno ao uso de substâncias psicoativas. “Brigas familiares, coisas mal resolvidas, não que isso seja desculpa pra uma recaída, mais ajuda, as vezes você ta com a cabeça quente ai você encontra aquele amigo, aquele outro e por ai vai. No dia que você não ta muito bem sabe?! Ta meio fraco assim.. E a maioria das recaídas foi assim que aconteceu”. (U5);“Geralmente são frustrações, ilusões e depressões. A droga mesmo te deixa depressivo”. (U20). Outro relato obsevado foi a não realização de uma atividade laboral, de um meio de distração ou ocupação que resulta na sensação de um vazio e de irritabilidade, fazendo com que busque o preenchimento dessas sensações com as drogas. “Problemas. Às vezes falta de um emprego, um bem material, eu ver que não tenho oportunidade na sociedade e pra não ficar nervoso e fazer besteiras eu uso drogas e sempre recaio”. (U11) Principais motivos da aceitação do tratamento da dependência química A descoberta da impotência de sozinho parar de usar a droga acontece quando há o reconhecimento pelo usuário da necessidade de tratamento, pois aceita que não consegue se livrar sozinho do vício e necessita de um acompanhamento profissional. “É assim quando me sinto revoltado, que eu não aguento mais ai eu busco o tratamento”. (U1); “Eu busco o tratamento porque quero uma mudança, mas e difícil. Não e fácil. Eu mesmo busco porque sei que não consigo parar sozinho. Minha família não queria me internar mais porque eu sempre recaio. (U9) Percebe-se o desejo de recuperar o afeto perdido dentro do vínculo familiar, que se perdeu por causa do vício. O medo de perder o amor dos filhos e dos demais familiares, contribui para o querer parar de usar a droga, resultando assim a busca pelo tratamento, sendo revelado nos depoimentos seguintes. “Porque eu não aguento mais ver minha família sofrer. Porque na minha família nos somo em 10 netos, o único que desandou fui eu, eu fui o primeiro neto”. (U2); “Busquei 27 tratamento porque não aguento mais, to fazendo feriadas em meus familiares, na minha namorada e em mim mesmo. “ (U18) Conclusão e Considerações Finais Os resultados dos estudos apontam que os motivos que atribuem à recaída no uso das substâncias químicas estão relacionados aos mesmos fatores predispostos ao início do uso das mesmas, destacando principalmente o vício que a substância origina e o ambiente favorável para seu uso. Outro fator importante é o relacionamento familiar apresentado desagradável, um ambiente de brigas e a falta de um convívio estável. Sendo assim, essas são as principais variáveis que tornam-se um risco grande para possíveis recaídas. Quanto aos motivos que levam à aceitação de tratamento, o principal fator atribuído a esta variável é o reconhecimento da necessidade de ajuda profissional. Conclui-se, então, que há necessidade em aprofundar-se nas investigações associadas à prevenção do uso de drogas, com intuito de diminuir os fatores de risco que levam a possíveis recaídas, planejando assim um tratamento que englobe questões sociais, econômicas, familiares, culturais e pessoais. Referências ANDRETTA, I.; OLIVEIRA, M. S. A entrevista motivacional em adolescentes usuários de droga que cometeram ato infracional. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. n. 2, p. 218226, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v24n2/02.pdf >. Acesso em: abr 2015. GONÇALVES, A. M. S. Estudo dos níveis motivacionais em relação ao uso de substâncias psicoativas e a espiritualidade (Dissertação de mestrado) - Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2008. Acesso em out 2014. KESSLER, F; PECHANSKY, F. Uma visão psiquiátrica sobre o fenômeno do crack na atualidade. Revista Psiquiátrica. Rio Grande Sul, v. 30, n. 2, p. 96-98, 2008. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rprs/v30n2/v30n2a03>. Acesso em: abr 2015. MAGRINELLI, M; OLIVEIRA, M. Avaliando a motivação para mudança em dependentes de cocaína. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 23. n. 1, p. 3-12, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v23n1/v23n1a01.pdf >. Acesso em: abr 2015. RIBEIRO, L. A.; SANCHEZ, Z. V. D. M.; NAPPO S. A. Estratégias desenvolvidas por usuários de crack para lidar com os riscos decorrentes do consumo de droga. Jornal 28 Brasileiro de Psiquiatria, v. 59, n. 3, p. 210-8, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v59n3/a07v59n3.pdf >. Acesso em: abr 2015. SELEGHIM, M. R; MARANGONI, S. R; MARCON, S. S; OLIEVIRA, M. L. F. Vínculo familiar de usuários de crack atendidos em uma unidade de emergência psiquiátrica. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v. 19, n. 5, [08], 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n5/pt_14.pdf >. Acesso em: abr 2015. SCHEFFER, M; PASA, G. G; ALMEIDA, R. M. M. Dependência de álcool, cocaína e crack e transtornos psiquiátricos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26, n. 3, p. 533-41, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n3/a16v26n3.pdf >. Acesso em: abr 2015. 29 MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM IDOSOS: UM ESTUDO COMPARATIVO Flávia Maria Derhun Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail:[email protected] Giovana Aparecida de Souza Scolari Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail:[email protected] Paula Cristina Gerhardt Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Ana Carla Borghi Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Vivian Carla de Castro Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Lígia Carreira Enfermeira. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Resumo O presente estudo objetivou descrever a mortalidade por causas externas entre idosos brasileiros no período compreendido entre 2007 e 2012. Os dados foram coletados por meio do Sistema de Informação sobre Mortalidade e analisados por meio de coeficientes de mortalidade. A taxa nacional de mortalidade por causas externas em idosos passou de 108,13 no primeiro triênio analisado para 118,90 no segundo triênio. Os coeficientes de mortalidade se mostraram mais elevados no sexo masculino em todo período analisado, no entanto, houve maior percentual de crescimento para as mulheres. Em relação à faixa etária teve-se que idosos com ≥80 anos apresentaram maior coeficiente e percentual de aumento. No que se refere à região, apesar da região Centro-Oeste possuir o maior coeficiente de mortalidade, a região Norte apresentou maior crescimento percentual no período estudado. Conclui-se que, são necessários estudos mais detalhados que avaliem as diferentes realidades nas regiões geográficas do país, bem como especifiquem as causas externas, a fim de subsidiar a elaboração de políticas públicas a essa ocorrência. Palavras Chave: Idoso; Mortalidade; Enfermagem Geriátrica. 30 Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, e vem ocorrendo de forma acelerada trazendo inúmeros desafios às políticas públicas, principalmente nos países em desenvolvimento. Este é um fato preocupante, dado que no Brasil, o número de idosos (≥60 anos) aumentou nos últimos 50 anos de três para mais de 21 milhões, e há estimativas que para o ano de 2050 representem um quinto do contingente populacional (IBGE, 2010). O envelhecimento como um processo natural, traz consigo alterações anatômicas e fisiológicas que tornam o indivíduo mais vulnerável, e consequentemente suscetível a agravos (GRDEN et al, 2014), de modo que, quando vítimas de acidentes ou violência, morrem pelas mesmas razões que pacientes de outras idades, porém, devido a doenças preexistentes morrem por lesões menos graves e de maneira mais precoce do que os jovens (RODRIGUES, CIOZAK, 2012). Deste modo, as mortes por causas externas em idosos configuram-se como um problema de saúde pública (GRDEN et al, 2014). Paralelo à transição demográfica, vivenciam-se mudanças no panorama epidemiológico, com predominância das doenças crônicas degenerativas sobre as doenças infecciosas que ainda subsistem. Em meio a esse cenário, destaca-se também o aumento da mortalidade por causas externas, às quais representam atualmente a terceira causa de morte entre adultos e a sétima causa entre idosos (SIM, 2012). Entende-se por causas externas as lesões físicas, mentais ou psicológicas, que podem ou não levar ao óbito, decorrentes de acidentes (trânsito, afogamento, envenenamento, quedas, queimaduras) e violência (agressão/homicídio, suicídio, abuso físico, sexual e psicológico) (WHO, 2010). Assim, idosos que vivem em contextos urbanos são mais suscetíveis a acidentes e violência, devido a sua maior circulação em espaços públicos. Nesse sentido, analisar os óbitos por causas externas em idosos constitui elemento importante para a compreensão da problemática, delineando parâmetros para o planejamento das ações de prevenção e promoção à saúde desta população, além das informações servirem como subsídio para o planejamento e desenvolvimento de políticas públicas adotadas para reduzir os índices de violência e melhorar os serviços de saúde. Objetivo 31 Descrever a mortalidade por causas externas entre idosos brasileiros no período compreendido entre 2007 e 2012. Materiais e Métodos Tratou-se de um estudo descritivo, retrospectivo de corte transversal. A técnica de coleta de dados utilizada foi consulta documental na base de dados do Datasus, que contém sistemas de informações em saúde disponíveis pela Internet, no website http://www.datasus.gov.br. Os dados sobre mortalidade foram originários do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Os dados foram coletados no mês de abril de 2015 por meio da utilização do programa Tabnet que permitiu a tabulação das grandes massas de dados. Os critérios de inclusão dos sujeitos foram ter 60 anos de idade ou mais e cuja morte tivesse ocorrido em consequência a causas externas, entre os anos de 2007 e 2012. A tabulação dos registros do SIM/SUS sobre idosos incluiu as seguintes variáveis: sexo, idade (60 a 69 anos, 70 a 79 anos e 80 anos ou mais), região (Centro-Oeste, Sudeste, Sul, Nordeste Norte) e ano do óbito. Os dados foram agrupados em triênios, sendo intitulados como primeiro triênio (2007-2009) e segundo triênio (2010-2012) e as taxas de mortalidade calculadas pela razão entre o número total de óbitos de idosos e o total da população idosa para aquele mesmo triênio, multiplicando o quociente por 105, tendo o coeficiente de mortalidade por 100.000 habitantes. Tendo em vista que a pesquisa se baseou em dados disponibilizados em meio eletrônico pelo Ministério da Saúde, sendo estes de domínio público, este estudo dispensa a apreciação e a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Discussão de Resultados O coeficiente de mortalidade por causas externas em idosos passou de 108,13 no primeiro triênio para 118,90 no segundo triênio, tendo aumento de 9,05%. Esses dados destacam a relevância de estudos na área e corroboram as implicações políticas, sociais e decorrentes do processo de envelhecimento populacional (GOMES, BARBOSA, CALDEIRA, 2010). Em relação ao sexo, a distribuição de coeficientes de mortalidade por causas externas também registrou crescimento ao longo dos triênios para ambos os sexos, variando de 152,46 a 157,95 para o sexo masculino entre o primeiro e segundo triênio, e 32 72,45 a 81,12 para o sexo feminino no mesmo período. Foi notória a maior vulnerabilidade de homens idosos a acidentes por causas externas em relação às mulheres, como já registrado na literatura (GOMES, BARBOSA, CALDEIRA, 2010; JUNIOR, LOFFREDO, 2014). No entanto, notou-se maior percentual de crescimento de óbitos para o sexo feminino entre os triênios, com aumento de 11,09%, enquanto para o sexo masculino foi de 3,47%. Estudo realizado no estado do Paraná, demonstrou predominância de atendimentos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência para o sexo feminino, dos quais, mais da metade foram decorrentes de eventos no próprio domicílio, o que pode ser justificado pelo exercício de atividades domésticas das mulheres (aposentadas ou donas de casa) nessa fase da vida (GRDEN et al, 2014). No que se refere à faixa etária, houve crescimento do coeficiente de mortalidade por causas externas no decorrer dos triênios. Para idosos entre 60 a 69 anos variou entre 73,25 no primeiro triênio para 77,54 no segundo triênio; para idosos com idades entre 70 a 79 anos ficou entre 105,58 a 112,64 e para idosos com ≥80 anos entre 247,97 a 292,35. Teve-se que, idosos longevos, além de ter coeficiente mais elevado em relação aos outros, ainda tiveram crescimento de 15,18% entre os triênios. Esse resultado demonstra que cada vez mais as pessoas chegam à idade avançada, no entanto, alterações anatômicas e fisiológicas, normais do envelhecimento, podem comprometer o desempenho funcional do individuo tornando-o mais suscetível aos acidentes por causas externas (GRDEN et al, 2014). Comparando as regiões, considerando o coeficiente de mortalidade e a sua variação entre o primeiro e segundo triênio, teve-se a região Centro-Oeste (136,98152,60); Sudeste (112,14-123,97); Sul (108,57-116,44); Nordeste (97,26-106,32) e Norte (91,26-106,53). Apesar de a região Norte ter coeficientes de mortalidade menor no primeiro triênio em relação às outras, foi a que registrou maior crescimento percentual de óbitos por causas externas, com 14,33% entre o primeiro e segundo triênio. Conclusão e Considerações Finais Em âmbito geral, entre o primeiro e segundo triênio houve aumento dos coeficientes de mortalidade para todas as variáveis (sexo, faixa etária e região). Em relação ao sexo, apesar de homens apresentarem maior coeficiente de mortalidade, registrou-se maior crescimento do número de óbitos para mulheres idosas. No que se refere à faixa etária, o maior coeficiente de mortalidade foi para idosos maiores de 80 33 anos, os quais também registraram maior crescimento entre os triênios. Sobre a região, chamou atenção à região Norte, pois apesar de apresentar o menor coeficiente de mortalidade em relação às outras, foi a que teve maior crescimento no decorrer dos triênios. Este estudo buscou contribuir com a ampliação do conhecimento do perfil de mortalidade por causas externas no Brasil. Espera-se que a identificação das taxas de mortalidades forneçam subsídios para a formulação de políticas públicas, visando minimizar a magnitude do problema. Neste estudo, aponta-se como limitação a não especificação do tipo de ocorrência que levou aos óbitos dos idosos. Assim, sugere-se que sejam feitos outros estudos sobre mortalidade por causas externas, especificando as causas, para que se sejam subsidiados processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas e ações preventivas assistenciais relativas à morbimortalidade por causas externas. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/SUS). Disponível em: http://www. datasus.gov.br/catalogo/simsus.htm DATASUS, SIM/SUS. Acesso em 19 Abr 2015. GOMES, L.M.X; BARBOSA, T.L.A; CALDEIRA, A.P. Mortalidade por causas externas em idosos em Minas Gerais, Brasil. Escola Anna Nery. v.14, n.4, p.779-786, out-dez, 2010. GRDEN, C.R.B; SOUSA, J.A.V; LENARDT, M.H; PESCK, R.M; SEIMA, M.D; BORGES, P.K.O. Caracterização de idosos vítimas de acidentes por causas externas. Cogitare Enfermagem. v.19, n.3, p.506-513, jul-set, 2014. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA- IBGE. Censo 2010. [Internet]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home .Acesso em 18 abr 2015. MAESHIRO, F.L; LOPES, M.C.B.T; OKUNO, M.F.P; CAMAPANHARO, C.R.V; BATISTA, R.E.A. Capacidade funcional e a gravidade do trauma em idosos. Acta Paulista de Enfermagem. v.26, n.4, p389-394, 2013. JUNIOR, R.T; LOFFREDO, L.C.M. Mortalidade de idosos em município do Sudeste brasileiro de 2006 a 2011. Ciência & Saúde Coletiva. v.19, n.3, p.975-984, 2014. RODRIGUES, J; CIOSAK, S.I. Idosos vítimas de trauma: análise de fatores de risco. Revista da Escola de Enfermagem da USP.v.46, n.6.p.1400-14, 2012. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Injury and Violence: The Facts. Geneva, 2010. [Internet]. Disponível em: 34 http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9789241599375_eng.pdf?ua=1. Acesso em 19 Abr 2015. 35 PERFIL DOS CLIENTES ATENDIDOS NO CTA ENTRE 2010 E 2014, MARINGÁ Suelen Teixeira Faria Enfermeira do Centro de Testagem e Aconselhamento. Mestre em Enfermagem E-mail: [email protected] Elizabete de Souza Leopoldo Enfermeira do Centro de Testagem e Aconselhamento Especialista em Formação Pedagógica na Área da Saúde: Enfermagem e UTI E-mail: saú[email protected] Eliane Aparecida Tortola Biazon Enfermeira. Especialista em Administração da Assistência de Enfermagem e Gestão em Vigilância em Saúde Coordenadora do Centro de Testagem e Aconselhamento E-mail: saú[email protected] Resumo Os Centros de Testagem e Aconselhamento são serviços de saúde de referência em DST/HIV/Aids, de caráter sigiloso e gratuito, com o objetivo de promover ações de mudança nos hábitos sexuais, percepção de risco, prevenção e diagnóstico de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Os exames detectam HIV, Hepatite B e C e Sífilis, através dos Testes Rápidos ou dos Testes Convencionais. O objetivo desse estudo é estabelecer o perfil de clientes atendidos no CTA de Maringá, a partir de dados obtidos no Programa SI-CTA 2005, no período de 01 de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2014. Estudo quantitativo, de caráter descritivo e exploratório, totalizando 11.737 atendimentos. O programa disponibiliza uma serie de informações, e dele foram analisados: sexo, idade, escolaridade, estado civil, motivo da procura, uso de preservativo entre parceiros fixos e eventuais e recorte populacional. Os dados apresentam predominância do sexo masculino (61,11%), sendo os jovens e adultos jovens (79,65%), e na maioria solteiro (58,81%), que por muitas vezes se expõe ao risco com o não uso do preservativo. Em 70,36% das fichas, o cliente possuía mais de 8 anos de estudo. Com relação ao uso do preservativo 42,71% não fazem uso entre parceiros fixos e 12,58% entre parceiros eventuais. Segundo o recorte populacional, 69,75% encontra-se na população em geral e 15,96% entre homem que faz sexo com homem. Conclui-se que a população que buscou atendimento no CTA nos últimos cinco anos foram homens, jovens e adultos jovens, solteiros e que passaram por exposição de risco no último ano. Palavras Chave: Centro de Testagem e Aconselhamento; Doenças Sexualmente Transmissíveis; HIV. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O município de Maringá possui 357.077 habitantes, segundo o Censo 2010, e com característica jovem, devido principalmente a presença de várias Instituições de 36 Ensino Superior (IES), incluindo a Universidade Estadual de Maringá (UEM), que recebe por ano aproximadamente 1.590 estudantes de diversos municípios (BRASIL,2015). Os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) são serviços de saúde de referência em Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), HIV/Aids e Hepatites Virais, implantados no Brasil em 1988. O atendimento é de caráter sigiloso e gratuito, oferecido por uma equipe multiprofissional, com o objetivo de promover ações de mudança nos hábitos sexuais, percepção de risco, prevenção e diagnóstico de DST (BRASIL, 2015). O CTA em Maringá está vinculado a Secretaria de Saúde e a Vigilância Epidemiológica, realizando ações de prevenção e diagnóstico em DST/HIV/Aids e Hepatites Virais. A demanda é espontânea ou encaminhada por outros serviços de saúde de Maringá e/ou outros 29 municípios pertencentes a 15ª Regional de Saúde. Os exames detectam HIV, Hepatite B e C e Sífilis, sendo duas metodologias utilizadas para a testagem: os Testes Rápidos (TR), através da imunocromatografia, e os Testes Convencionais (TC), através da metodologia Elisa. No CTA é gerado um cadastro no Programa SI-CTA, que orienta o atendimento de cada paciente e nele encontra-se uma grande quantidade de informações, e consequentemente uma importante fonte de dados epidemiológicos, permitindo não apenas o conhecimento das características dos usuários desse serviço, mas também o desenvolvimento de pesquisa, com vista a melhoria da qualidade do atendimento. Objetivo Estabelecer o perfil de clientes atendidos no CTA de Maringá, a partir de dados obtidos no Programa SI-CTA 2005, no período de 01 de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2014. Materiais e Métodos Estudo quantitativo, de caráter descritivo e exploratório, realizado no CTA de Maringá, entre o período de 01 de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2014, utilizando como fonte de dados o Programa SI-CTA de 2005. Todos os pacientes atendidos no CTA são cadastrados neste programa, totalizando 12.597 registros, 860 registros foram cancelados e nesta pesquisa, estudadas 11.737 fichas. O programa disponibiliza uma serie de informações, e dele foram 37 analisados: sexo, idade, escolaridade, estado civil, motivo da procura, uso de preservativo entre parceiros fixos e eventuais e recorte populacional. Após o cadastro os clientes recebem aconselhamento pré-teste, realizam a testagem, respondem a um questionário gerado pelo programa e em seguida recebem o resultado e o aconselhamento pós-teste. No TR o paciente recebe os resultados em no máximo uma hora após a coleta dos exames, já no TC em até 15 dias, porém nem todos os pacientes retornam para buscar-los. O estudo foi realizado com base em dados secundários, sujeito a limitação, por se tratar de fichas preenchidas por diferentes profissionais e informações falsas dada pelo paciente. Discussão de Resultados Em 2014, estima-se que, 734 mil pessoas estariam vivendo com HIV/Aids no Brasil, uma prevalência de 0,4%. Entre 15 e 49 anos a prevalência seria de 0,6%, sendo 0,7% entre os homens e 0,4% entre as mulheres (BRASIL, 2014). No período estudado, a maioria dos clientes atendidos eram do sexo masculino 7.173 (61,11%), na faixa etária de 15 à 24 anos encontra-se 3.457 fichas (29,45%) e obtemos mais de setenta por cento quando incluímos os adultos jovens, de 15 à 44 anos, 9.349 fichas (79,65%). Em Maringá 180.653 (50,59%) pessoas encontram-se na faixa etária entre 15 e 44 anos (BRASIL, 2015). Segundo o Ministério da Saúde mais de 70% dos casos de Aids estão entre 20 e 39 anos. Acredita-se que no Brasil, uma parcela considerável de pacientes adquiriu o vírus do HIV ainda na adolescência, situação vivenciada ainda hoje, onde se observa que mais da metade dos novos casos ocorre entre os jovens, na faixa etária entre 15 e 24 anos (BRASIL, 2006). Com relação à escolaridade, 8.258 fichas (70,36%) possuíam mais de 8 anos de estudo, fato justificado pelo elevado número de IES, que concentra um grande número de jovens oriundos de outros estados e municípios. Segundo o Jornal da UEM de agosto de 2013, Maringá, apresenta mais da metade da população acima de 18 anos com ensino médio completo, e 20% dos maiores de 25 anos com curso superior, o que proporcionou ao município um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) melhor que o do Brasil, alto se comparado a algumas cidades próximas, porém baixo se comparado a países desenvolvidos. 38 Por se tratar de uma população jovem, a maioria dos clientes que buscaram o CTA para realização das testagens, informaram como estado civil: serem solteiros, 6.902 fichas (58,81%), e tiveram alguma exposição de risco no último ano. Quando se fala em uso de preservativo entre parceiros estáveis, 5.013 clientes (42,71%) não fizeram uso de proteção, pois confiavam no parceiro (42%). Aqueles clientes que responderam a pergunta sobre o uso de preservativo entre parceiros eventuais, foi possível observar que em 1.476 fichas (12,58%) houve exposição ao risco, com o não uso de preservativo, e uma grande parcela que preferiu omitir essa informação. Acredita-se que a dificuldade de acesso, pela exigência de identificação e a oferta de insumos em locais restritos ao público são fatores limitantes para a aquisição de insumos básicos para prevenção das DST, que podem comprometer a abrangência e a efetividade das ações desenvolvidas de prevenção (BRASIL, 2008). Segundo o recorte populacional, a maioria 8.187 fichas (69,75%) encontra-se na população em geral, mas a população de homem que faz sexo com homem (HSH) vem crescendo, nós últimos cinco anos, o CTA atendeu 1.873 clientes (15,96%), uma população considerada vulnerável. Um estudo realizado em Nova York entre HSH, entre 18 e 24 anos, mostrou que um em cada cinco, nunca haviam realizado testagem para o HIV, e destes um terço tiveram envolvidos em comportamentos de risco nos últimos três meses (RENDINA, et al., 2014). Conclusão e Considerações Finais A demanda no CTA vem aumentando a cada ano, e na mesma proporção a detecção de doenças. O estudo apontou que a maioria dos clientes que buscam atendimento no CTA são do sexo masculino, jovens e/ou adultos jovens, que por muitas vezes se expõe ao risco com o não uso do preservativo. Observa-se que, as pessoas entendem a necessidade do uso do preservativo, porém não é uma prática adotada por todos. A cada retorno do cliente ao CTA, ele se percebe no risco, mas não muda suas atitudes em relação a sua proteção. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Centro de Testagem e Aconselhamento. Disponível em: http://www.aids.gov.br/tipo_endereco/centro-de-testagem-e-aconselhamento. Acesso em 17 de abril de 2015 às 9:32. 39 BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=411520. Acesso em 20 de abril de 2015 às 07:44. BRASIL. Ministério da Saúde/ Coordenação Nacional DST/Aids/ Vigilância Epidemiológica. Boletim Epidemiológico Aids e DST ano III nº 1. Brasília; junho de 2013 à junho de 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Contribuição dos centros de testagem e aconselhamento para universalizar o diagnóstico e garantir a eqüidade no acesso aos serviços / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. RENDINA, H. J.; JIMENEZ, R> H.; GROV, C.; VENTUNEAC, A.; PARSONS, J. T. Patterns of lifetime and recent HIV testing among men who have sex with men in New York city who use grindr. Aids Behav (2014) 18:41-49, Springer. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Manual de rotinas para assistência de adolescentes vivendo com HIV/Aids / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. UEM. Universidade Estadual de Maringá. O IDH e a desigualdade na Região Metropolitana de Maringá. Disponível em: http://www.jornal.uem.br/2011/index.php/component/content/article/97-jornal-111agosto/902-o-idh-e-a-desigualdade-na-regiao-metropolitana-de-maringa. Acesso em 04 de maio de 2015 às 10:26. 40 MUDANÇAS NO COTIDIANO DA PESSOA ESTOMIZADA Aline Gabriela Bega Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem - UEM E-mail: [email protected] Ana Patrícia Araújo Torquato Lopes Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem - UEM E-mail: [email protected] Amanda Cristina Xavier Graduanda em Enfermagem na- UEM E-mail: [email protected] Amanda Zaupa Pino Moretti Graduanda em Enfermagem - UEM E-mail: [email protected] Pâmela Yumi Watanabe Hirata Graduanda em Enfermagem na- UEM E-mail: [email protected] Maria das Neves Decesaro Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente no programa de Graduação e PósGraduação em Enfermagem na UEM. E-mail: [email protected] Resumo O objetivo foi descrever mudanças ocorridas no cotidiano de vida da pessoa que necessitou ser estomizada. Estudo qualitativo orientado pela técnica da história oral temática de Meihy. Foram incluídos os recém-estomizados maiores de 18 anos, com estomia de eliminação temporário ou definitiva, e que compareceram à consulta de enfermagem no Ambulatório de Ostomias acompanhados por um familiar, residentes na cidade sede do ambulatório ou nas adjacências de até 40 km. A amostra final foi de dez recém-estomizados. As narrativas foram gravadas e posteriormente analisadas por meio da Análise de Conteúdo Temática de Bardin. Evidenciaram-se as transformações ocorridas em vários níveis do cotidiano de vida do estomizado, tais como nas atividades laborais e lazer, no convívio sócio familiar, no modo de se vestir, nos hábitos alimentares e na sexualidade. Observou-se que a auto exclusão da sociedade, contudo, como o tempo o estomizado passou a aceitar sua nova condição, melhorando assim sua qualidade de vida. Conclui-se que os rearranjos sofridos pelo recém-estomizado devem ser valorizados, possibilitando um maior apoio afetivo e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, facilitando a sua adaptação e a reinserção social. Palavras Chave: Estomia; Acontecimentos que mudam a vida; Enfermagem. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução Atualmente, as enfermidades crônicas são responsáveis por 75% dos gastos 41 públicos mundiais e de 60% dos falecimentos, com uma mortalidade de 38 milhões de pessoas por ano, onde 85% dessas mortes acontecem nos países em desenvolvimento. No Brasil as causas dos óbitos estão em primeiro lugar devido às doenças cardiológicas e, em segundo pelo câncer, Ester ultimo levando, muitas vezes, a necessidade da efetivação de uma estomia (WHO, 2014; VERA et al, 2014). A realização de uma estomia gera uma série de mudanças nas pessoas, tais como no padrão de eliminação, nos hábitos alimentares e de higiene, no uso do equipamento, na atividade sexual, no padrão do sono e na imagem corporal, que danificam a vida da pessoa estomizada. Em consequência, o indivíduo sente-se diferente dos seus e pode vir a excluir-se (SALLES; BECKER; FARIA, 2014; SALOMÉ; ALMEIDA, 2014). Assim, a estomia pode afetar não só o próprio estomizado com alterações profundas no seu modo de viver, mas também atingir todo o seu núcleo social, denotando, muitas vezes, na complexidade da reinserção na sociedade (NIEVES et al, 2013; CETOLIN et al, 2013). Objetivo Descrever as mudanças ocorridas no cotidiano de vida da pessoa que necessitou ser estomizada. Materiais e Métodos Estudo de abordagem qualitativa orientado pela técnica da história oral temática de Meihy. Para a identificação dos sujeitos da amostra utilizou-se de um Ambulatório de Ostomias e Tratamento de Feridas (AMOF). A coleta de dados ocorreu de dezembro de 2013 a maio de 2014. Foram incluídos neste estudo os recém estomizados, com estomia de eliminação temporária ou definitiva, maiores de 18 anos e que compareceram à consulta de enfermagem no Ambulatório de Ostomias acompanhados por um familiar, residentes na cidade sede do ambulatório ou nas adjacências de até 40 km. Excluiu-se os recém estomizados que recusaram participar. A amostra final contou com dez (10) recémestomizados. As narrativas foram gravadas, transcritas na íntegra e posteriormente analisadas por meio da Análise de Conteúdo Temática de Bardin (2011). O estudo respeitou os preceitos éticos e foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Instituição Signatária (Parecer N.º 42 478.982/2013). Todos os colaboradores assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Discussão de Resultados Participaram do estudo 07 (sete) mulheres e 03 (três) homens recémestomizados; com faixa etária de 50 a 72 anos. Em relação ao diagnóstico que resultou na criação do estoma foram identificados o câncer colorretal (07), a infecção intestinal (01), a Síndrome de Fournie (01) e diverticulite (01). Quanto a classificação dos estomas, foram associados nos colaboradores deste estudo, seis (06) colostomias e quatro (04) ileostomias, sendo oito (08) temporárias e duas (02) definitivas Na análise dos relatos evidenciaram-se as temáticas: Alterações no trabalho e no lazer devido a estomização; Mudanças relacionadas ao modo de vestir, alimentação e sexualidade; e, Impacto percebido no convívio sócio familiar. Alterações no trabalho e no lazer devido a estomização Nesta categoria os entrevistados revelam que a estomia significa mudanças nas suas atividades laborais, sejam elas pelo ofício externo que não está se realizando ou nas obrigações no ambiente doméstico. [...] Trabalho, não tem nem jeito de trabalhar [...] nem consigo subir na cabine do caminhão, sinto dor quando tento forçar [...] e eu vou sair com o caminhão e parar no meio da rua? Aí, como é que faz para limpar essa bolsinha? (Topázio) A apreciação dos relatos também evidencia que a não realização de tarefas domésticas e trabalhos externos podem ser considerados penosos, ou seja, aqueles que exigem pegar peso, abaixar-se e/ou mexer muito o abdômen, levam a alterações marcantes nas atividades laborais que, anteriores ao estoma, eram desenvolvidas. Percebe-se que a mudança nas tarefas, hoje não mais realizadas, desconfigura a relação do estomizado com seu meio, prejudicando o seu viver diário, ou seja, desequilibrando sua rotina. Estudos semelhantes mostram que essa condição de ser estomizado leva-os a se sentirem diminuídos ou até mesmo inexistentes neste período de resguardo, restauração e convivência com seu novo modo de viver (UMPIÉRREZ, 2013; SUN et al, 2014). Mudanças relacionadas ao modo de vestir, alimentação e sexualidade Os colaboradores falaram das mudanças que acontecem no modo de se vestir: Deus nos livre! [...] mudou para essas mais largas, essas roupas assim, tudo que eu usava não estou usando mais. (Ametista) 43 Algumas narrativas revelam a preocupação em se esconder a bolsa de estomia, preferindo usar roupas compridas e/ou largas e aderiram, principalmente, ao uso do vestido. As declarações feitas pelos estomizados dizem respeito também as alterações percebidas na sexualidade com o parceiro. Isso aí (sexo) está pendurado (parado) [...] eu tenho um pouco de receio por causa da cirurgia. (Azurita) Percebe-se que quando o estomizado aceita sua condição passa a conviver melhor socialmente, não se privando das atividades de entretenimento, revelando superação do problema com o passar do tempo. Impacto percebido no convívio sócio familiar No que se refere as relações afetivas os discursos apresentaram divergência, contudo, a maioria revela a aproximação no convívio sócio familiar durante o processo de estomização. Não me senti rejeitada, pelo contrário [...] meus filhos de Cuiabá e Japão vieram me ver, até meu ex-marido [...] eu sinto que eu sou querida pela minha família (chorou), pelos meus amigos, por tudo. (Jade) Os discursos apresentados pelos colaboradores notabilizam alterações nas redes de apoio sócio familiar, onde pode ocorrer tanto a aproximação de amigos e familiares, quanto o distanciamento. Durante o processo de estomização pode surgir dificuldades e inseguranças, sendo imprescindível nesta fase a presença da família nuclear ou expandida, funcionando como rede social e auxiliando a mudar as visões negativas do presente, permitindo a aceitação e a reinserção social (NIEVES et al, 2013). Os depoimentos comprovam o papel da família perante a situação vivenciada, reafirmando que os laços entre estomizado, família e amigos devem ser reforçados. No contexto geral, as pessoas que passam pela estomização vivenciam modificações no seu dia-a-dia, não somente fisiológicas, como também de origem psicológica, emocional e social (SUN et al, 2013). Essas mudanças refletem diretamente no “eu interior” do estomizado, em suas relações biopsicossociais e ainda na qualidade de vida. Conclusão e Considerações Finais 44 Esta análise qualitativa forneceu a evidência preliminar que existem desafios e mudanças persistentes no cotidiano de vida do recém estomizado, e que cada pessoa tem um tempo próprio de aceitação e adaptação de sua nova condição. Espera-se que os resultados evidenciados possam ser usados pelos profissionais da assistência e por pesquisadores para projetar intervenções de promoção baseadas em evidências, e inclusive, contribuir para o conhecimento dos graduandos, especialmente os de enfermagem, tecendo uma visão mais crítica-reflexiva diante das pessoas em condição crônica e de difícil adaptação. Referências BARDIN, L. Content Analysis. São Paulo: Edições 70, 2011. CETOLIN, S.F. et al. Dinâmica sócio-familiar com pacientes portadores de ostomia intestinal definitiva. ABCD Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, v.26, n.3, p. 170-172, 2013. NIEVES, C.B. et al. Viviendo con un estoma digestivo: la importancia del apoyo familiar. Index Enfermería, v.22, n.4, p. 209-213, 2013. SALLES, V.J.A.; BECKER, C.P.P.; FARIA, G.M.R. The influence of time on the quality of life of patients with intestinal stoma. Journal of Coloproctology, v.34, n.2, p. 73-75, 2014. SALOMÉ, G.M.; ALMEIDA, A.S. Association of sociodemographic and clinical factors with the self-image and self-esteem of individuals with intestinal stoma. Journal of Coloproctology, v.34, n.3, p.159–166, 2014. SUN, V. et al. From diagnosis through survivorship: health-care experiences of colorectal cancer survivors with ostomies. Support Care Cancer, v.22, n.1, p. 1563– 1570, 2014. SUN, V. et al. 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Geneva: WHO, 2014. 45 VALIDAÇÃO CLINICA DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: RISCO DE PERFUSÃO TISSULAR PERIFÉRICA INEFICAZ EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Ana Paula Vilcinski Oliva Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Graziela Lopes de Oliveira Enfermeira graduada pela Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Resumo O estudo teve por objetivo levantar os fatores de risco do diagnóstico de enfermagem risco de perfusão tissular periférica ineficaz em profissionais de enfermagem. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa realizado no Hospital Universitário Regional de Maringá localizado no município de Maringá – Paraná. Os resultados foram avaliados pela frequência preditiva para cada fator de risco que foi encontrado. Optou-se pela modelo de Fehring de validação clinica de diagnóstico. Participaram do estudo treze enfermeiras e vinte e sete técnicos de enfermagem. O índice de massa corpórea dos entrevistados variou dentro de três categorias: treze estão com peso ideal (IMC= 18,5 a 24,9), dezoito estão sobrepeso (IMC= 25,0 a 29,9) e nove estão classificados como obesidade gral I (IMC= 30,0 a 34,9). Durante o exame clínico cinco participantes (12,5%) apresentaram alteração da cor do membro para avermelhada, oito (20%) aumento da temperatura devido ao tempo em pé; notou-se edema em nove (22,5%) dos participantes. Contudo, mais da metade dos entrevistados, vinte e três (57,5%), relataram que no final dos plantões de 12 horas percebem essas mesmas características, e seis (15%) desses mesmos ainda afirmara sentir dor nas extremidades. Para concluir o exame foram verificados os pulsos poplíteo, tibial e pedial observando pulsação rítmica e cheia, sem alterações, em todos os participantes. Após análise dos resultados conseguimos perceber que os profissionais de enfermagem estão expostos aos fatores de risco de desenvolverem uma perfusão tissular periférica ineficaz, porém, não possuem um alto desenvolvimento de doenças vasculares periféricas como foi esperado na proposta desse estudo. Palavras Chave: Diagnóstico de Enfermagem; Validação Clínica; Enfermagem Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos de vida. Introdução A expressão Processo de Enfermagem (PE) foi pouco utilizada no final do século XIX, mesmo com os ensinamentos de Florence sobre a importância de observar e julgar as situações presenciadas (GARCIA; NÓBREGA, 2009). Somente nos anos 50, o PE foi introduzido ao vocabulário da profissão devido ao método científico de solucionar problemas pela observação, mensuração e análise de dados (GARCIA; 46 NÓBREGA, 2009). O Processo de Enfermagem auxilia a enfermeira a identificar, compreender, descrever, explicar e/ou predizer as necessidades humanas do paciente e organizar o cuidado do mesmo de acordo com as intervenções de enfermagem (GARCIA; NÓBREGA, 2009). Apesar do Diagnóstico de Enfermagem (DE) fazer parte de uma das etapas do PE, sua implementação ocorreu mais tardiamente, devido à necessidade de estruturar a ciência da enfermagem e padronizar uma terminologia assistencial universal (KRUSE et al., 2008). A Palavra ‘Diagnóstico’ vem de origem grega (diagnose) e significa “conhecer mediante”, em outras palavras, “é a investigação cuidadosa dos fatos que determinam a natureza de um evento” (HORTA, 1967). A enfermagem possui uma visão holística, propondo o bem estar geral da(s) pessoa(s) por meio da autorealização, portanto é necessário que o indivíduo esteja ciente do diagnóstico estabelecido e receba as orientações de forma clara, para que o mesmo possa mudar seus comportamentos visando promover, proteger e recuperar a saúde (LUNNEY, 2013). A North American Nurses Diagnosis Association (NANDA, 2012) define o Diagnóstico de Enfermagem como: “Julgamento clinico das respostas/experiências do individuo, da família ou da comunidade a problemas de saúde/processos vitais reais ou potenciais. O diagnóstico de enfermagem constitui a base para a seleção das intervenções de enfermagem para alcançar resultados pelos quais o enfermeiro é responsável”. Segundo a NANDA o diagnóstico ‘Risco de perfusão tissular periférica ineficaz’ é definido como o “risco de uma redução na circulação sanguínea periférica, que pode comprometer a saúde” devido a alguns fatores de risco, como: Conhecimento deficiente de fatores agravantes; Conhecimento deficiente de processo de doença; Diabetes mellitus; Estilo de vida sedentário; Hipertensão; Idade acima de 60 anos; Procedimentos endovasculares; Tabagismo. Além destes fatores de risco citados, dados sugerem que as mulheres possuem maior predisposição para o desenvolvimento de uma perfusão tissular periférica ineficaz, devido aos níveis de hormônios encontrados na circulação feminina, especialmente quando as mesmas se encontram gestantes ou em uso de estrógenos. O histórico familiar de doenças vasculares periféricas também é um fator de risco (LINS et al., 2012). Objetivo Levantar os fatores de risco do diagnóstico “risco de perfusão tissular periférica ineficaz” dos profissionais de enfermagem. 47 Materiais e Métodos Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado Hospital Universitário Regional de Maringá que localizado no município de Maringá – Paraná. Foram considerados para o estudo os profissionais de enfermagem do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) que estavam em atividade no período da coleta de dados e aceitaram participar do estudo por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram coletados por meio de entrevistas realizadas com os profissionais de enfermagem no Hospital Universitário de Maringá (HUM), no período de 01 de junho de 2014 a 30 de outubro de 2014. Elaborou-se um instrumento para a coleta contendo duas partes: A primeira parte do instrumento diz respeito à caracterização da população entrevistada e a segunda parte, sobre os fatores de risco e características definidoras do DE específico. Para realização do exame físico foi pedido que o participante ficasse em posição dorsal durante a entrevista, em torno de 5 minutos, a fim de repousar os membros inferiores proporcionando resultados acurados no exame das onze características definidoras selecionadas. Foi pedido ao participante que elevasse os membros inferiores acima do nível do coração para observar se haveria alteração na cor dos membros. Logo depois foi pedido que o entrevistado deixasse os membros inferiores abaixo do nível do coração observando alguma alteração. Na continuidade do exame foi verificada temperatura, sensibilidade, elasticidade, presença de edema e a distribuição dos pelos dos membros inferiores. Além disso, foram examinadas as unhas dos pés e o tempo de enchimento capilar. Os resultados foram avaliados pela frequência preditiva para cada fator de risco que foi encontrado. Optou-se pela modelo de Fehring de validação clinica de diagnóstico (CHAVES; CARVALHO; ROSSI, 2008). O presente estudo recebeu parecer favorável do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá sob parecer n. 687.311. Discussão De Resultados Participaram do estudo treze (32,5%) enfermeiras e vinte e sete (67,5%) técnicos de enfermagem, sendo quatro (14,8%) desses técnicos do gênero masculino. A idade dos entrevistados variou bastante, seis (15%) em idade entre 20 e 29 anos, quatorze (35%) entre 30 e 39 anos, onze (27,5%) entre 40 e 49 anos e nove (22,5%) entre 50 e 59 48 anos de idade. Com relação à raça/cor tivemos vinte e três (57,5%) brancos, treze (32,5%) pardos, três (7,5%) negros e um (2,5%) amarelo. O índice de massa corpórea dos entrevistados variou dentro de três categorias: treze estão com peso ideal (IMC= 18,5 a 24,9), dezoito estão sobrepeso (IMC= 25,0 a 29,9) e nove estão classificados como obesidade gral I (IMC= 30,0 a 34,9). Doze dos entrevistados (30%) afirmaram histórico familiar de doenças vasculares periféricas sendo que nenhum deles apresenta histórico pessoal. Contudo, entre os vinte e oito (70%) que negaram histórico familiar de doenças vasculares periféricas, nove (32,1%) possuem histórico pessoal de doenças vasculares periféricas. Em relação a pratica de atividades físicas, dezoito (45%) dos participantes afirmaram que fazem algum tipo de atividade física, entre elas houve relatos de musculação, caminhada, artes marciais e natação. A frequência variou de 2 a 6 vezes por semana, com duração de 30 minutos a 2 horas de exercício. Apenas seis (15%) dos entrevistados afirmaram serem tabagistas, média de 13 anos desde o inicio do vicio. E vinte e cinco (62,5%) relataram o consumo moderado de álcool iniciado em média há17 anos. Somente dois (5%) dos entrevistados afirmaram serem portadores de Diabetes Mellitus há 2 e 8 anos, ambos insulinodependentes. Não houve relato verbal de hipertensão arterial. Quando questionados sobre traumas em membros inferiores, apenas três (7,5%) dos participantes relataram já ter sofrido algum, sendo um acidente automobilístico seguido de cirurgia ortopédica por fratura de fêmur há cerca de 19 anos. Os outros 2 entrevistados descreveram como trauma algum procedimento cirúrgico que fizeram, sendo um por rompimento do ligamento do joelho esquerdo e outro por retirada do menisco esquerdo. Sobre os procedimentos endovasculares, onze (27,5%) afirmaram já terem passado por algum, dentre eles temos oito escleroterapia (aplicação), duas cirurgias de varizes e uma safenectomia. Durante o exame apenas três dessas características foram observadas, cinco (12,5%) apresentaram alteração da cor do membro para avermelhada, oito (20%) aumento da temperatura devido ao tempo em pé; notou-se edema em nove (22,5%) dos participantes. Contudo, mais da metade dos entrevistados, vinte e três (57,5%), relataram que no final dos plantões de 12 horas percebem essas mesmas características, e seis (15%) desses mesmos ainda afirmara sentir dor nas extremidades. Para concluir o exame foram verificados os pulsos poplíteo, tibial e pedial observando pulsação rítmica e cheia, sem alterações, em todos os participantes.Após analise dos resultados 49 conseguimos perceber que os profissionais de enfermagem estão expostos aos fatores de risco de desenvolverem uma perfusão tissular periférica ineficaz, porém, não possuem um alto desenvolvimento de doenças vasculares periféricas como foi esperado na proposta desse estudo.Apesar da NANDA trazer como uma das características definidoras do diagnóstico de “perfusão tissular periférica ineficaz” a distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos, não foi possível realizar este teste com os entrevistados devido a entrevista ter sido feita durante a jornada de trabalho dos participantes e não dispormos dos aparelhos adequados para realizá-lo. Conclusão e Considerações Finais Os resultados obtidos nessa validação clínica demonstraram que os fatores de risco do diagnóstico de enfermagem de “risco de perfusão tissular periférica ineficaz” mais frequentes nos profissionais de enfermagem entrevistados foram o sedentarismo e a obesidade. Entretanto, os demais fatores de risco analisados (tabagismo, trauma em MMII, diabetes mellitus, idade maior que 60 anos e procedimentos endovasculares) também apareceram no estudo, porém, com menor ocorrência preditiva, sendo necessários novos estudos com populações maiores ou em outro contexto para validalas. Referências CHAVES, E.C.L; CARVALHO, E.C.; ROSSI, L.A. Validação de diagnósticos de enfermagem: tipos, modelos e componentes validados. Rev. Eletr. Enf. [Internet], vol.10, n.2, p. 513-520, 2008. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n2/v10n2a22.htm>. Acesso em 05 de outubro de 2013. Garcia TR, Nóbrega MML. Processo de enfermagem: da teoria à prática assistencial e de pesquisa. Esc Anna Nery Rev Enferm, vol.13, n.1, p. 188-193, mar. 2009. HORTA, W.A. Considerações sobre o Diagnóstico de Enfermagem. Rev Bras Enferm; vol.20, p.7-13, 1967. KRUSE, M.H.L.; SILVA, K.S.; RIBEIRO, R.G., FORTES, C.V. Ordem como tarefa: a construção dos Diagnósticos de Enfermagem. Rev Bras Enferm, Brasilia, vol.61, n.12, p. 262-266, mar/abr. 2008. LINS, E.M.; BARROS, J.W.; APPOLÔNIO, F.; LIMA, E.C.; JUNIOR, M.B.; ANACLETO, E. Perfil epidemiológico de pacientes submetidos a tratamento cirúrgico de varizes de membros inferiores. J Vasc Bras, vol.11, n.4, p. 301-304, 2012. 50 LUNNEY, M. Coleta de dados, julgamento clínico e diagnóstico de enfermagem: como determinar diagnósticos precisos. In: Diagnósticos de Enfermagem da NANDA 2013, p. 113-133. North American Nursing Diagnosis Association (NANDA). Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação. Artmed, 2012-2014. RODRIGUES, B. Filhos de mães enfermeiras: o processo de cuidar e suas relações com os contextos de trabalho. PIC 2012. 51 ATENDIMENTO AO IDOSO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA Giovana Ap. de S. Scolari Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail:[email protected] Flávia Maria Derhun Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. E-mail:[email protected] Leidyani Karina Rissardo Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Lígia Carreira Enfermeira. Doutora. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] RESUMO Objetivou-se identificar o conhecimento científico produzido na área da saúde sobre assistência à idosos em serviços de urgência e emergência. Trata-se de uma revisão integrativa a partir de estudos publicados entre 2010 a 2014 nas bases de dados LILACS e SciELO. Utilizou-se como descritores emergência, assistência à idosos e serviços de saúde para idosos, na língua portuguesa. Foram selecionados 13 estudos. Quanto ao método adotado nos trabalhos elegidos, nove (69%) basearam-se nos princípios dos estudos transversais, três (23%) são de triangulação de métodos e um (8%) de coorte prospectivo. Notou-se que mesmo com o aumento da população idosa, tem-se a precariedade de estudos na área de atendimento de urgência e emergência voltado aos idosos, e, assim, sugerem-se que mais pesquisas sejam realizadas sobre a temática, uma vez que a qualidade do atendimento pré-hospitalar é essencial para a sobrevida da população idosa. Palavras Chave: Emergência; Assistência a idosos; Serviços de Saúde para idosos. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução Em âmbito mundial, o envelhecimento populacional vem ocorrendo de forma acelerada nas últimas décadas. Especificamente no Brasil, projeta-se para 2025 um contingente de 32 milhões de idosos, constituindo-se assim, no sexto país em termos de população idosa (IBGE, 2011). 52 Nesse contexto, considerando o declínio típico da senescência, o idoso possui uma combinação de fatores que leva à maior vulnerabilidade às doenças crônicodegenerativas, dentre outras fragilidades que também merecem atenção. Portanto, diante destes fatores, a demanda dos serviços de saúde aumenta, e, por conseguinte, faz necessária a adequação do atendimento para esta população, principalmente no que se refere ao serviço de urgência e emergência (GOMES, 2010). Um dos serviços que exerce função primordial considerado uma das portas de entrada imediata aos usuários são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que unem-se ao componente do sistema de atenção à saúde, instituído pela Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) no Brasil. Têm a finalidade de colaborar na organização das redes de atendimento integral às urgências e emergências no país, responsáveis pelo atendimento a usuários agudos ou crônicos agudizados, com ou sem risco imediato de vida (GEHLEN, 2012). Ao refletir sobre a complexidade do processo de envelhecimento, associada à alta demanda dos idosos aos serviços de saúde, especialmente aos serviços de pronto atendimento, é que surge o seguinte questionamento: qual o conhecimento científico produzido sobre atendimento aos idosos em serviços de urgência e emergência, nas publicações da área da saúde? A partir daí, será possível obter informações dos estudos realizados neste âmbito e localizar as lacunas de conhecimento existentes que precisam ser trabalhadas no atendimento ao idoso no serviço de urgência e emergência. Objetivo Identificar o conhecimento científico produzido na área da saúde sobre assistência a idosos em serviços de urgência e emergência. Materiais e Métodos Utilizou-se como método de pesquisa a revisão integrativa da literatura. Para a construção da revisão foram empregadas as seguintes etapas: seleção da questão do estudo, estabelecimento de critérios para a seleção da amostra e busca na literatura, definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, avaliação dos estudos incluídos na revisão, e ainda serão executadas: a interpretação dos resultados e apresentação da revisão. Para a seleção das publicações incluídas neste trabalho, utilizou-se como critérios de inclusão: estudos primários, publicados no período entre janeiro de 2010 a 53 dezembro de 2014, executados no Brasil, com pessoas de 60 anos ou mais em atendimento no serviço de urgência e emergência. Foram excluídos capítulos de livros, teses de doutorado, dissertações de mestrado, relatórios técnicos, estudos relativos a outros tipos de atendimento e com população não idosa. Realizou-se busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), utilizando os descritores controlados: Emergência, Assistência a Idosos e Serviços de Saúde para idosos. O levantamento foi realizado no mês de abril de 2015, obtendo-se 3061 estudos na Base de dados LILACS e 1559 na SCIELO, totalizando 4620 publicações. Em seguida, executou-se a seleção, considerando-se, a princípio, como potencialmente elegíveis, os estudos nos quais títulos e resumos informaram ter como sujeito idosos ou indivíduos em processo de envelhecer, e também atendimento de urgência/emergência; nesta fase 49 trabalhos foram eleitos. Após esta análise, 12 publicações foram excluídas, três por se tratar de atendimento de serviço móvel de urgência e emergência, uma vez que este estudo propõe-se analisar apenas os serviços fixos de urgência e emergência no atendimento ao idoso. E, nove estudos foram excluídos por não abordarem atendimento de urgência/emergência, permanecendo 36 estudos. Deste total, 23 estudos encontravam-se repetidos nas bases de dados, e foram consideradas somente uma vez, selecionando-se ao final 13 estudos, sendo oito na base de dados LILACS e cinco na SciELO, os quais foram incluídos na amostra desta revisão. Para extração dos dados empregou-se um formulário de coleta de dados elaborado para este fim pelas autoras do estudo, contendo informações sobre autores, base de dados, periódicos, ano de publicação do estudo, objetivos, resultados e conclusões dos estudos. Discussão de Resultados Os estudos incluídos nesta revisão apresentam os seguintes objetivos: dois tiveram o objetivo de realizar análise diagnóstica dos sistemas de saúde de pronto atendimento voltado aos idosos (LIMA et al., 2010; MELLO, MOYSÉS, 2010). Já estudo de Deslandes, Souza (2010) realizado em cinco capitais brasileira objetivou realizar análise diagnóstica da atenção dispensada aos idosos vítimas de violências e acidentes; Referente também a violência, a pesquisa de Correia et al (2012) abordou o perfil da violência sofrida pelo idoso atendido em serviço de emergência. 54 Por conseguinte, foi encontrado um estudo que versava identificar o perfil epidemiológico do idoso atendido em unidade de urgência e emergência (LIMA, CAMPOS, 2010); E outro objetivou identificar os fatores causadores de quedas em idosos de serviços de pronto atendimento (RAMOS et al., 2011); Pedrosa et al (2012) em seu estudo no município de Teresina teve o objetivo de descrever as características dos atendimentos de emergência classificados como “outros acidentes”. Em relação à caracterização do idoso inserido no contexto de urgência e emergência foi identificada uma pesquisa realizada no município de Ribeirão Preto, que caracterizou os idosos internados na clínica médica de um hospital de emergência e identificou as fragilidades dos mesmos (STORTI et al., 2011); além disso, dois trabalhos tiveram o mesmo objetivo: caracterizar aspectos sociodemográficos, de saúde, e o apoio social de idosos usuários do Serviço de Emergência (SERBIM, GONÇALVES, PASKULIN, 2013; CUNHA, NASCIMENTO, SÁ, 2014). Os outros manuscritos apresentaram as seguintes finalidades: identificar e analisar as escolhas e as justificativas de profissionais de saúde pública em situações hipotéticas de priorização de pacientes em casos de escassez de recursos no atendimento de emergências médicas (FORTES, 2012); calcular a ocorrência e documentar as evidências clínicas de trauma vascular em punções periféricas de adultos e idosos em serviço de urgência e emergência (KREMPSER, ARREGUY-SENA, BARBOSA, 2013); correlacionar a capacidade funcional do idoso com a gravidade do trauma e compará-la nos momentos antes e após a ocorrência deste (MAESCHIRO et al., 2013); Quanto ao método adotado nos trabalhos elegidos, nove (69,2%) basearam-se nos princípios dos estudos transversais, três (23%) utilizaram triangulação de métodos e um (8%) coorte prospectivo. Conclusão e Considerações Finais Os achados preliminares do estudo em questão apontam significativa escassez de pesquisas referentes ao atendimento de urgência e emergência voltado aos idosos, principalmente no que concerne o atendimento do idoso nas UPAs, visto que é um serviço de grande relevância nas políticas de urgência e emergência, não sendo encontrado até o momento nenhum estudo voltado para a população idosa neste ambiente pré-hospitalar. Diante desta problemática, sugere-se que mais pesquisas sejam realizadas sobre a temática, uma vez que a qualidade do atendimento pré-hospitalar é essencial para a sobrevida da população idosa. 55 Referências CORREIA, T.M.P. et al. Perfil dos idosos em situação de violência atendidos em serviço de emergência em Recife-PE. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. v.15, n.3, p.529-536, 2012. CUNHA, B.S.S.; NASCIMENTO, A.S.; SÁ, S.P.C.S. Perfil clínico e sociodemográfico de internação de idosos na unidade de emergência de um hospital geral. Estudos interdisciplinares sobre Envelhecimento. v.19, n. 1, p. 189-200, 2014. DESLANDES, S.F.; SOUZA, E.R. Atendimento pré-hospitalar ao idoso vítima de violência em cinco capitais brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva. v.15, n.6, p.27752786, 2010. FORTES, PAC; PEREIRA, PCA. Priorização de pacientes em emergências médicas: uma análise ética. Revista da Associação Médica Brasileira. v.58, n.3, p.335-340, 2012. GEHLEN, G.C. A organização tecnológica do trabalho dos enfermeiros na produção de cuidados em unidades de pronto atendimento de Porto Alegre/RS. 2012. 110 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. GOMES, L.M.X.; BARBOSA, T.L.A; CALDEIRA, A.P. Mortalidade por causas externas em idosos em Minas Gerais, Brasil. Escola Anna Nery. v. 14, n. 4, p.779786, 2010. 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Fragilidade de idosos internados na clínica médica da unidade de emergência de um hospital geral terciário. Texto contexto - enfermagem. v.22, n.2, p. 452-459, 2013. 57 CARACTERIZAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA PERANTE AS REDES DE ATENÇÃO Letícia Zito Zulato Discente de Graduação em Farmácia E-mail: [email protected] Herbert Leopoldo de Freitas Góes Enfermeiro. Professor Adjunto do DEN/UEM, Coordenador PET REDES Deficiência E-mail: [email protected] Decio Roberto Calegari Educador Físico. Professor Associado DEF/UEM, Tutor PET REDES Deficiência E-mail: [email protected] Eliane Aparecida Sanches Tonolli Enfermeira. Professora Adjunta do DEN/UEM, Tutora voluntária PET REDES Deficiência E-mail: [email protected] Edilson Almeida de Oliveira Farmacêutico. Doutorando em Biociências e Fisiopatologia PBF/UEM Preceptor PET REDES – Deficiência E-mail: [email protected] Larissa Kelen Rossi do Espírito Santo Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva, Preceptora PET REDES – Deficiência E-mail: [email protected] Resumo Estudo descritivo quantitativo cujo objetivo foi caracterizar o perfil epidemiológico sociodemográfico de pessoas com deficiência em dois bairros de Maringá- PR. Como instrumento para a coleta de dados utilizou-se a entrevista estruturada com 63 famílias, de fevereiro a abril de 2015. Identificou-se a prevalência de 63 pessoas com alguma deficiência, 53% são mulheres, 65% brancos, 35% solteiros, 34% casados, 60% com 1 a 3 filhos, 55% com baixo grau de escolaridade, 92% com baixa renda familiar mensal, 96,8% vivem com a família, 65% não necessitou hospitalização e 68% sofre de alguma comorbidade. Ademais, no que tange ao tipo de deficiência apresentada: 61,9% apresentam deficiência física, 19% deficiência mental, 7,9% deficiência auditiva, 7,9% deficiência visual. Das pessoas com deficiência física foram detectados 7,5% com paralisia cerebral infantil, 5% com traumatismo raquimedular, 7,5% com deformações ósseas, 47,5% com seqüelas de AVC, 2,5% com seqüelas da poliomielite, 7,5% com distrofia muscular, 10% com deficiência postural, 10% com amputação, dentre as pessoas com deficiência auditiva 50% apresentaram leve perda e 50% severa ou profunda perda auditiva, das pessoas com deficiência visual, 15,3% são cegos e 84,6% tem baixa visão. Diante desses resultados, concluiu-se que estas pessoas fazem parte de uma parcela populacional, que apresentaram alterações na biomecânica corporal. Palavras Chave: Programa de educação pelo trabalho; deficiência; redes de atenção. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. 58 Introdução Mundialmente, discussões sobre a temática da deficiência física reconhecem que “as anomalias físicas ou mentais, deformações congênitas, amputações traumáticas, doenças graves e de consequências incapacitantes, sejam elas de natureza transitória ou permanente, são tão antigas quanto a própria humanidade” (SILVA, 1986, p.21). Ao termo “deficiência” estão associadas, indiscriminadamente, as idéias de incapacidade, impedimento e invalidez, comprometendo, assim, uma importante reflexão em torno do significado político, econômico e social das restrições impostas pelas características das pessoas com deficiência, levando, por consequência, ao impedimento do exercício pleno da cidadania (CAPUTO & GUIMARÃES, 2003). “A palavra deficiência não deveria gerar esse reflexo negativo, pois deficiência não é o contrário de eficiência. O contrário de eficiência é ineficiência”. Quando se refere a seres humanos, esta palavra não deve ser traduzida como ‘imperfeição ou defeito’, já que não existe por assim dizer, uma ‘perfeição’ ou ausência total de defeitos em qualquer ser humano. Desta forma, não podemos dizer que pessoas sem deficiência são pessoas perfeitas (FÁVERO, 2004, p. 23-24). A deficiência não deve ser entendida como um problema atribuído à própria pessoa, considerada culpada pelas desvantagens de suas restrições corporais, mas, antes, à incapacidade da sociedade em prever e ajustar-se a essas condições (OLIVER, 1990). O modelo médico vigente promove uma visão de pessoas com deficiência como um grupo dependente, que necessita ser tratado e curado. O que justificaria, talvez, a forma como esse grupo tem sido, sistematicamente, excluído da sociedade (RIOUX, 1999). Já no modelo social, têm-se uma visão mais ampla e afirma que a capacidade de realizar atividades depende de ambientes acessíveis (HUMPHREY, 2000; SHAKESPEARE & WATSON, 2002). A condição de deficiência remete a um duplo desafio: a preocupação com a formação dos profissionais da saúde com perfil adequado para o cuidado a este ser humano na lógica da Estratégia em Saúde da Família (ESF) e no contexto da Atenção Primária. Destacando-se que, ao associar a deficiência com causas sociais, a presença de alguma lesão deixa de ser significada como uma tragédia pessoal para ser compreendida como uma das possibilidades de habitar um corpo. Objetivo 59 Caracterizar as pessoas com deficiência acompanhadas pelo Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde em Rede de Cuidados à Pessoas com Deficiência (PET REDES), entre os anos 2014 e 2015. Material e Métodos Este estudo é do tipo quantitativo, com abordagem descritiva e o delineamento transversal. Estudos descritivos objetivam observar, descrever e documentar os aspectos da situação, que nesse caso, trata-se de um estudo sobre a caracterização das pessoas com deficiência, realizado por acadêmicos, preceptores, tutores e coordenador envolvidos no Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde em Rede de Cuidados a Pessoas com Deficiência (PET REDES) que busca geração de conhecimento e solução problemas de saúde das pessoas com deficiência. O grupo situa-se na sede do Campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e tem desenvolvido abordagem interdisciplinar desde maio de 2013 na perspectiva de enfrentamento da problemática da exclusão das pessoas com deficiência por meio do PET REDES. O projeto é de iniciativa do Departamento de Enfermagem (DEN), em parceria de outros Departamentos da UEM e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), desenvolvendo o projeto PET REDES a fim de oportunizar ações específicas e realmente eficazes para a realidade da pessoa com deficiência, interagindo com toda família. Assumimos princípios gerais que fundamentam o respeito pela diferença e aceitação da deficiência como parte da diversidade humana e humanidade (CORDE, 2007). O estudo fez parte do processo de desenvolvimento do PET REDES – Deficiência em parceria com o Ministério da Saúde (MS), por intermédio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), como projeto que se alinham às prerrogativas do PET para a Saúde – PET/Saúde Redes de Atenção à Saúde, sendo que o projeto está associado às Redes de Atenção à Saúde: rede de cuidados à pessoa com deficiência iniciado em maio de 2013 e término em julho de 2015. As ações desenvolvidas contaram com a coordenação do DEN, equipes de Atenção Básica da SMS, preceptores do PET. Participam como bolsistas os acadêmicos dos cursos de graduação da saúde, à saber: Odontologia; Educação Física; Farmácia; Enfermagem, Psicologia e Medicina. 60 Fizeram parte da amostra deste estudo, 63 pessoas com deficiência (n= 63), pertencentes à área de abrangência das UBS Dr. Primo Marcelo Monteschio (Zona Sul) e UBS Requião no município de Maringá-PR. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um formulário de pesquisa estruturado, cujas questões foram indagadas oralmente. A coleta dos dados compreendeu o período de fevereiro a abril de 2015. Os dados foram coletados pelos acadêmicos participantes do PET, com a colaboração dos Agentes Comunitários de Saúde e sob orientação dos preceptores e tutores. O instrumento de coleta teve por base a Ficha A do cadastro familiar, utilizada para a territorialização e caracterização sócioepidemiológica das famílias cobertas pela Rede Atenção Primária em Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Maringá-PR. Os dados foram organizados e consolidados em planilha do Microsoft Excel para análise descritiva e a análise foi realizada por meio do pacote estatístico Stata 12. Os dados foram apresentados sob a forma de frequência simples. Em relação aos aspectos éticos, no presente estudo utilizou-se de dados secundários, oriundos da Ficha A do cadastro familiar da ESF. Bem como, o projeto do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde em Rede de Cuidados a Pessoas com Deficiência (PET REDES) possui aprovação para sua execução por meio da Portaria Conjunta N° 9, de 24 de junho de 2013, da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação da Saúde. Discussão de Resultados Identificou-se a prevalência de 63 pessoas com alguma deficiência, das quais 53% são mulheres, 65% brancos, 35% solteiros, 34% casados, 60% com 1 a 3 filhos, 55% com baixo grau de escolaridade, 92% com baixa renda familiar mensal, 96,8% vivem com a família, 65% não necessitou hospitalização, 57% se auto com saúde boa a excelente, 68% sofre de alguma comorbidade. Ademais, no que tange ao tipo de deficiência apresentada: 61,9% apresentam deficiência física, 19% deficiência mental, 7,9% deficiência auditiva, 7,9% deficiência visual. Das pessoas com deficiência física foram detectados 7,5 com paralisia cerebral infantil, 5% com traumatismo raquimedular, 7,5% com deformações ósseas, 47,5% com sequelas de AVC, 2,5% com sequelas da poliomielite, 7,5% com distrofia muscular, 10% com deficiência postural, 10% com amputação, dentre as pessoas com deficiência auditiva 50% apresentaram leve 61 perda e 50% severa ou profunda perda auditiva, das pessoas com deficiência visual, 15,3% são cegos e 84,6% tem baixa visão. A partir do diagnóstico das pessoas com deficiência na área adstrita da UBS Zona Sul e UBS Requião, as equipes do PET caracterizaram sociodemográficamente essas pessoas e estabeleceram a etiologia da deficiência. O programa PET REDES Deficiência da UEM tenta estabelecer um vínculo participativo em relação à temática. Sair de práticas assistencialistas e envolver o processo educativo que engloba a inclusão como uma proposta permanente à comunidade na qual o projeto busca atuar, transcendendo o princípio exclusivamente biomédico e buscando promover uma nova concepção da pessoa com deficiência, que valorize a pessoa acima de tudo, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais. Conclusão e Considerações finais Por meio dos dados obtidos é possível a elaboração de futuras estratégias de intervenção em saúde, baseadas no contexto sociodemográfico e etiológico das pessoas com algum tipo de deficiência, que pertençam a área de abrangência das UBS Zona Sul e Requião, contribuindo assim, para que os serviços ampliem e qualifiquem atendimentos articulados em rede, em resposta às demandas em saúde da população em foco. Pretende-se assim, desenvolver ciclos de palestras com os usuários permeando temáticas como a prevenção e auto-cuidado da deficiência, aspectos comportamentais adjuvantes em tal processo e, como estratégia complementar, será confeccionado material informativo, na forma de folder/flyer para pessoas com deficiência na rede de atenção, com abordagem sistemática, linguagem simples e adaptada às características das pessoas com deficiência, no que tange aos cuidados gerais de prevenção e autocuidado das deficiências. Referências CAPUTO, ME; GUIMARÃES, M. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro, RJ. DP&A Ed., 2003. CORDE. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Brasília: CORDE, SEDH, 2007. 62 FÁVERO, EAG. Direitos das pessoas com deficiência: garantia da igualdade na diversidade. Rio de Janeiro: WVA Ed,. 2004. HUMPHREY, JC. Researching disability politics, or, some problems with the social model in practice. Disabil Soc 15: 63- 85, 2000. OLIVER, M. The Politics of Disablement. Basingstoke: Macmillan, 1990. RIOUX, MH. When myths masquerade as science: disability research from na equalityrights perspective. In Disability Studies: Past, Present, and Future, edited by L. Barton and M. Oiver. Leeds: The Disability Press, 1999. SHAKESPEARE, T.; WATSON, N. The social model of disability: an outdated ideology? Res Soc Sci Disabil 2: 9-28, 2002. SILVA, OMA. Epopéia Ignorada: a Pessoa Deficiente na História do Mundo de Ontem e de Hoje. São Paulo, S.P. CEDAS, 1986. 63 CARACTERIZAÇÃO DAS GESTAÇÕES ACIMA DE 35 ANOS NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ-PR Mislaine Casagrande de Lima Lopes Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Nathalia Thais Fava Enfermeira da Maternidade do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Maringá E-mail: [email protected] Resumo A gestação tardia é definida como aquela que ocorre após os 35 anos de idade e essa tem ganhado espaço na mídia e em pesquisas pelo mundo. Essa pesquisa teve como objetivo caracterizar as mulheres que tiveram gestação após os 35 anos, residentes em Maringá-PR, nos anos de 1995 a 2010. Foram analisados os dados de mulheres residentes no município que engravidaram após os 35 anos e de seus bebês. Utilizou-se um banco de dados de domínio público, o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), acessado pela internet. Os resultados mostraram evolução crescente no número de mulheres que engravidaram após os 35 anos, com maior incidência do parto cesáreo, predomínio da gestação única, a maioria das mulheres realizando 7 ou mais consultas de pré-natal, com idade gestacional de 37 a 41 semanas. O peso ao nascer dos bebês variou de 3000g a 3999g, 90% dos recém nascidos não apresentou anomalias congênitas e o Apgar no 1° e no 5° minuto foi de 8 a 10. Dessas mulheres, 90% eram de raça branca, com 8 a 11 anos de estudo e a maioria era casada. Dessa forma, fica evidente que apesar da faixa etária foram encontrados resultados perinatais favoráveis. Palavras Chave: Gestação tardia; Idade Materna; Resultados Perinatais. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução Durante a última década, a gestação em idade avançada tem ganhado destaque na mídia e em pesquisas pelo mundo todo. Mesmo estando envolta de preocupações e riscos, observa-se que, com o avanço da medicina, a gravidez passou a ficar mais segura em qualquer época da vida reprodutiva da mulher (SILVA; SURITA, 2009). A gestação tardia é definida como aquela que ocorre após os 35 anos de idade. A partir dessa idade, a taxa de fertilidade da mulher começa a declinar. A possibilidade de engravidar espontaneamente dos 35 aos 39 anos é 75% menor do que na segunda década de vida da mulher (CAETANO et al., 2009). Segundo a literatura, algumas situações possuem maior probabilidade de ocorrer em gestações em idade avançada, tais como: doenças crônicas (hipertensão 64 arterial e diabetes mellitus e o impacto da idade da mulher sobre os resultados perinatais, que pode acarretar efeitos sobre os ovários e sobre as doenças do aparelho reprodutor feminino, adquiridas ao longo dos anos (BRASIL, 2012). As mulheres com gestação tardia apresentam risco mais elevado para o abortamento espontâneo, gravidez ectópica, anormalidades cromossômicas e malformações congênitas (FRETTS, 2009). Objetivo Essa pesquisa teve como objetivo caracterizar as mulheres que tiveram gestação após os 35 anos, residentes em Maringá-PR, nos anos de 1995 a 2010. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo. Foram analisados os dados de mulheres residentes no município de Maringá-PR que tiveram filho a partir dos 35 anos nos anos de 1995 a 2010. Para este estudo foi utilizado para definir a gestação tardia a idade acima dos 35 anos, objetivando a correspondência dos dados no Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) (SILVA E SURITA, 2009). Para obtenção destes dados foi utilizado o SINASC, disponível em home page do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), do Ministério da Saúde (MS), que utiliza informações das Declarações de Nascidos Vivos (DNV) para obtenção de seus dados. Este banco possui informações disponíveis desde o ano de 1995 e o último ano informado é o ano de 2010. Por isso, este é o período em que as informações foram colhidas. Analisou-se as seguintes variáveis da mãe: idade, escolaridade, estado civil e cor/raça. Com relação às características da gestação, observou-se as variáveis duração da gestação, tipo de gestação, número de consultas de pré-natal e tipo de parto. Para as características do recém-nascido: peso, Apgar do 1° e do 5° minuto e presença de anomalia congênita. Discussão de Resultados O número de gestações acima de 35 anos aumentou gradativamente nos últimos 15 anos no município de Maringá e revela a necessidade de maiores estudos sobre o tema, para melhor atender o perfil desta população. Abaixo de 30 anos, observou-se um redução do número de gestações, o que pode estar relacionado com a implementação de políticas públicas para a redução da gravidez na adolescência e/ou a preferência destas mulheres em postergar a gestação para uma idade mais avançada. Em 65 relação ás características das mulheres que gestaram a partir dos 35 anos, observou-se que em sua maioria, tinham entre 8 e 11 anos de estudo (41,5%), seguido por 12 anos ou mais de estudo (39,2%), sendo que esses números foram aumentando gradativamente durante os anos estudados. Esse resultado também foi encontrado em outras pesquisas (CAETANO; NETTO; MANDUCA, 2011). A maior parte das mães acima de 35 anos eram casadas no momento do nascimento do filho (73,1%), o que pode revelar uma estabilidade nos relacionamentos das mulheres de maior idade. Por outro lado, observou-se um aumento gradativo entre as mães com estado civil solteira. A duração da gestação durante os anos de 1999 a 2010 das mães acima de 35 anos foi de 37 a 41 semanas (90%) em sua maioria. Em relação ao número de consultas de pré-natal, observa-se que a maior parte das mulheres acima de 35 anos realizaram 7 ou mais consultas ao longo da gestação. Também pode-se notar o número de mulheres que realizou 7 ou mais consultas de pré-natal foi crescente de 1999 a 2010. Esse resultado está de acordo com a literatura e pode ser relacionado com a pesquisa de Santos et al. (2009), em que as mulheres acima de 35 anos começam o pré-natal no primeiro trimestre, possibilitando a realização de maior número de consultas. A gestação única foi o tipo de gravidez com maior ocorrência em mulheres com idade acima de 35 anos em todos os anos. O tipo de parto que teve maior ocorrência em mulheres acima de 35 anos, em todos os anos, foi o cesáreo, seguido pelo vaginal e após pelo fórceps Este dado corrobora com outros estudos (GRAVENA et al., 2012) em que encontraram relação significativa entre idade materna avançada e parto cesáreo. A ocorrência deste tipo de parto pode também estar relacionada com as condições patológicas maternas (diabetes gestacional, pré-eclânpsia, placenta prévia) em que o parto cesáreo é o mais indicado (SANTOS et al., 2009). Em relação ao Recém-Nascido (RN), observou-se que o peso dos bebês que nasceram de mulheres acima de 35 anos foi em maior número na categoria de 3000g a 3999g com 4.724 bebês, representando 63% do total de bebês nascidos. 53 RNs apresentaram anomalia congênita, representando 10% do total. Em relação ao Apgar no primeiro minuto, 89% apresentaram a pontuação entre 8 a 10 e 4% apresentou pontuação de Apgar menor que 5. Conclusão e Considerações Finais 66 Em relação às limitações da presente pesquisa, observou-se que o uso de dados secundários não permite ao pesquisador controlar possíveis erros decorrentes de digitação e de registro. Porém acredita-se que por se tratar de dados nacionais oficiais e de preenchimento obrigatório em todos os serviços de saúde, seus resultados permitiram o alcance do objetivo proposto. Observando os dados, pode-se considerar que a idade materna acima de 35 anos, por si só, não pode ser considerada um fator de risco sem que haja associação com outros fatores que podem ocasionar risco para a gestação. O número de consultas de pré-natal maior que sete e o alto nível de escolaridade das mulheres acima de 35 anos pode ter contribuído para os resultados perinatais favoráveis encontrados nesta pesquisa. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Linha Guia da Rede Mãe Paranaense. 2012. CAETANO, L.C.; NETTO, L.; MANDUCA, J.N.L.; Gravidez depois dos 35 anos: uma revisão sistemática da literatura. Rev. Mineira de Enfermagem. Vol. 15.4. 2011. GRAVENA, A.A.F.; SASS, A. MARCON, S.S.; PELLOSO, S.M. Resultados perinatais em gestações tardias. Rev. Escola de Enferm USP. V.46, n.1, 2012 p. 15-21. FRETTS, R.C. Effect of advanced age on fertility and pregnancy in women. 2009. Disponível em:<http://www.6.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=~kEI9dCJoVmso mVg#1>. Acesso em 20 de março de 2013. SANTOS, G.H.N. et al. Impacto da idade materna sobre os resultados perinatais e via de parto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009. SILVA, J.L.C.P.; SURITA, F.G.C. Idade materna: resultados perinatais e via de parto. Rev. Bras. Ginecol. Obstet, v.31, p.321, 2009. 67 ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA: AVALIANDO A CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS PELO PROCERE EM MARINGÁ - PARANÁ Rayane Nascimbeni Maldonado Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Giselle Fernanda Previato Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Iara Sescon Nogueira Enfermeira. PROCERE – Programa Centro de Referencia do Envelhecimento de Maringá-PR E-mail: [email protected] Paula Cristina Gerhardt Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Resumo O envelhecimento associado às doenças crônicas é responsável pela perda de capacidade acentuada dos idosos, podendo levar à dependência destes. Com isso, objetivou-se avaliar a capacidade de idosos atendidos pelo Programa Centro de Referência do Envelhecimento no município de Maringá – PR. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e descritivo, realizado entre julho e setembro de 2014. Foram entrevistados 116 idosos, observando-se a predominância do sexo feminino (62,07%), maior número de idosos com idade entre 60 e 74 anos (76,72%) com idade média de 69, 03 anos (DP= 9,19). Em relação à capacidade funcional, cento e onze (94, 87%) dos idosos foram considerados independentes; cinco (4,27%), parcialmente dependentes e apenas um indivíduo foi considerado dependente (0,89%). Portanto, pode-se caracterizar os idosos atendidos pelo PROCERE e avaliar a capacidade funcional destes, a qual tende a declinar com idade – requerendo o desenvolvimento de atividades de assistência domiciliar. Palavras Chave: Saúde do Idoso; Atividades Instrumentais de Vida Diária; Envelhecimento. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O envelhecimento normal é responsável pela diminuição da capacidade funcional, mas não é determinante para a dependência. Porém, quando associado às 68 doenças crônicas, as quais geralmente surgem com o aumento da idade, o déficit das capacidades é ainda mais acentuado, provocando entao, o surgimento das incapacidades (OLIVEIRA; MATOS, 2012), causando um impacto negativo na qualidade de vida dos idosos. Lourenço (2011) define capacidade funcional como aptidão em desenvolver atividades ou ações, ou seja, ausência de dificuldade ou impossibilidade de desenvolver as atividades da vida cotidiana. Sabe-se que a incapacidade funcional do idoso o torna mais vulnerável à dependência, gerando implicações para sua família, comunidade, serviços de saúde e também, principalmente, para o bem-estar e qualidade de vida do próprio idoso (BISPO, et. al 2012; LOURENÇO, 2011), torna-se necessário a utilização de instrumentos que avaliem a capacidade funcional e autonomia dos idosos. Neste estudo, optou-se pela utilização da Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária de Lawton e Brody (1969), a qual avalia a capacidade funcional dos idosos em relação às atividades cotidianas. Objetivo Considerando-se as implicações trazidas pela incapacidade funcional na vida do idoso, família, sociedade e serviços de saúde, este trabalho teve como objetivo determinar a capacidade funcional relacionada às atividades instrumentais de vida diária de uma população de idosos residentes em uma área descoberta da Estratégia Saúde da Família (ESF) e que é atendida pelo Programa Centro de Referencia do Envelhecimento (PROCERE) no município de Maringá - PR. Materiais e Métodos Estudo transversal, quantitativo e descritivo, o qual utilizou a Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) de Lawton e Brody (1969) para avaliar a capacidade funcional dos idosos cadastrados por meio do projeto “Assistência Domiciliar de Enfermagem as Famílias de Idosos Dependentes de Cuidado (ADEFI)” e que são atendidos no PROCERE em parceria com a Unidade Básica de Saúde NIS III Pinheiros do Município de Maringá – PR. Utilizou-se de dois instrumentos para a coleta de dados: o primeiro para coletar informações sociodemográficas para caracterização dos idosos da pesquisa e uma pergunta sobre a presença de um cuidador para auxiliá-los na realização das atividades 69 cotidianas. O outro instrumento foi a Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) de Lawton e Brody (1969), a qual tem como objetivo avaliar a capacidade funcional dos idosos. Esta escala é composta por nove perguntas relacionadas às atividades instrumentais de vida diária, tendo como resposta três opções com escore determinado: sem ajuda (3 pontos), com ajuda parcial (2 pontos) e não consegue (1 ponto). A avaliação da capacidade funcional do idoso ocorre mediante somatório das nove respostas, na qual o valor máximo é de 27 pontos e o mínimo 9 pontos. Sendo assim, quando o somatório fica entre 19 e 27 pontos, o idoso é considerado independente; capazes com assistência, quando o somatório fica entre 10 e 18 pontos; e quando o somatório é 9 pontos, o idoso é considerado dependente. Neste estudo foram estudados 116 idosos, os quais tinham 60 anos ou mais, entre julho e setembro de 2014. Os idosos foram divididos em três grupos etários: 60 a 74 anos; 75 a 84 anos e maior ou igual a 85 anos conforme o Protocolo de Identificação do Idoso Vulnerável (VES – 13) (LUZ, 2013). Para análise dos dados foi utilizada a estatística simples, considerando-se a pontuação da variável de Lawton e Brody (1969) em cada faixa etária pré-definida. Discussão de Resultados O estudo foi realizado com 116 idosos e foi verificada a predominância do sexo feminino (n=72), representando 62,07%, assemelhando-se com outros estudos, como de Bispo et. al (2012) e Marchon; Cordeiro; Nakano (2010), nos quais as mulheres representaram 55% e 56%, respectivamente. Os homens representaram 37,93% da população estudada (n=44). Quanto à idade, os idosos tinham entre 60 e 92 anos, com média de 69,03 anos (DP = 9,19), inferior à média encontrada por Barbosa et. al (2014), na qual foi de 71,2 anos, variando entre 60 e 103 anos. Neste trabalho, a maioria dos idosos estava no grupo etário de 60 e 74 anos (76,72%), o que correspondeu a 89 idosos. Na faixa etária de 75 e 84 anos teve-se 24 idosos (20,69%), e apenas três idosos apresentaram idade igual ou superior a 85 anos (2,59%). Como a faixa etária foi definida conforme preconizado no VES – 13 e este ser um instrumento atual, não foram encontrados estudos que utilizaram esta classificação de idade, porém nota-se que o número de octagenários em estudos como de Barbosa et. al (2014), Bispo et. al (2012) e Marchon; Cordeiro; Nakano (2010) assim como no presente estudo, também são inferiores quando comparados com o número de idosos 70 com menos de 80 anos. De acordo com os resultados obtidos pelos escores da Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) de Lawton e Brody (1969), 111 idosos (94,87%) apresentaram pontuação entre 19 e 27, sendo classificados como independentes para AIVD, ou seja, possuem suas capacidades funcionais preservadas, enquanto no estudo de Oliveira; Matos (2012), apenas 16,3% da amostra foi considerada independente. Com escore variando entre 10 a 18 pontos, cinco idosos (4,27%) foram considerados como capazes com auxílio, ou seja, com capacidade funcional parcial, sendo quatro indivíduos do sexo feminino e um do sexo masculino. Segundo Pereira et. al (2012), a maior incapacidade nas mulheres provavelmente está associada também ao fato de as mesmas apresentarem maior prevalência de condições incapacitantes não fatais e, com isto, uma sobrevida maior, tornando-se mais suscetíveis ao desfecho em questão. Quanto à dependência total para AIVD, assim como no estudo de Gomercindo e Garzes (2012), apenas uma idosa (0,89%) de 92 anos de idade, caracterizando incapacidade funcional. Segundo Giacomin et.al (2012), no Brasil, a avaliação da capacidade funcional em estudos nas populações é relativamente nova e a prevalência de incapacidade entre idosos pode variar de 2% a 47%, segundo a população, a faixa etária considerada e as escalas utilizadas, tal variação pode ser também observada no presente estudo, onde 5,13% (n=6) dos idosos apresentaram certa incapacidade quanto a realização de AIVD. Conclusão e Considerações Finais Em síntese, verificou-se que a maioria dos idosos atendidos pelo Programa Centro de Referência do Envelhecimento em Maringá tem entre 60 e 74 anos (76,72%) com média 69,03 (DP= 9,19), além disso, notou-se a predominância do sexo feminino. De maneira geral, quanto às AIVD, percebeu-se que a população idosa estuda é totalmente independente (94,87%) segundo a Escala de Lawton e Brody, a qual aborda a capacidade de utilizar o telefone, se deslocar utilizando algum tipo de transporte, fazer compras, preparar as refeições, arrumar a cama, realizar pequenos trabalhos manuais domésticos, lavar e passar roupa, tomar os medicamentos nos horários e em dose correta e cuidar de suas finanças. A partir dos resultados encontrados, surge a necessidade de maior avaliação dos idosos quanto ao seu grau de dependência, e a busca de maneiras para se subsidiar o planejamento das atividades desenvolvidas nos serviços que prestam assistência à saúde 71 dos idosos, assim como no Centro de Referência do Envelhecimento, levando a atividades de assistência domiciliar neste grupo etário e melhorando a qualidade de vida dessa população em questão. Referências BARBOSA, B.R. et. al. Avaliação da capacidade funcional dos idosos e fatores associados à incapacidade. Ciênc. Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 8, p. 3317 – 3325, ago. 2014 BISPO, E.P.F; ROCHA. M.C.G; ROCHA, M.F.M.R. Avaliação da capacidade funcional de idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família na comunidade do Pontal da Barra, Maceió-AL. Caderno de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos. v.20, n.1, p.81-87, São Carlos, 2012. GIACOMIN, K. C; et. al. Estudo de base populacional dos fatores associados à incapacidade funcional entre idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 6, p. 1260 – 1270, 2012. GOMERCINDO, M.C.H; GARCEZ, E.M.S. Avaliação da capacidade funcional de idosos de uma comunidade do município de Porto União em Santa Catarina Rev. Saúde Públ. Santa Cat., Florianópolis v. 5, n. 2, p. 30- 45, 2012. LOURENÇO; T. M. Capacidade do idoso longevo admitido em unidades de internação hospitalar na cidade de Curitiba – PR. 2011. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. MARCHON, R. M.; CORDEIRO, R. C.; NAKANO, M. M. Capacidade funcional: estudo prospectivo em idosos residentes em uma instituição de longa permanência. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro v. 13, n. 2, p. 203 – 214, jan. 2010 OLIVEIRA, P. H. de; MATTOS, I. E. Prevalência e fatores associados à incapacidade funcional em idosos institucionalizados no Município de Cuiabá, estado de Mato Grosso, 2009 – 2010. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 21, n. 3, p. 395 – 406, set. 2012. PEREIRA, G.N.; BASTOS, G.A.N.; DUCA, G.F.D.; BÓS, J.A.G. Indicadores demográficos e socioeconômicos associados à incapacidade funcional em idosos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.28, n.11, p. 2035 - 2042, 2012. 72 AÇÃO EDUCATIVA SOBRE PRIMEIROS SOCORROS NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Luciana Casavechia Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM E-mail:[email protected] Embert Luan Corrêa Pereira Graduando em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM E-mail: [email protected] Gabriela Roscosz Marçal Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM E-mail: [email protected] Giselle Fernanda Previatto Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM E-mail: [email protected] Mayara Marcelino da Penha Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM E-mail: [email protected] Paloma Luana de Azevedo Ramos da Silva Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM. E-mail: [email protected] Resumo O objetivo do trabalho é relatar a experiência de uma atividade de formação em primeiros socorros junto a estudantes de um curso de graduação em Engenharia Mecânica. Trata-se de um relato de experiência de alunos bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET) - Enfermagem que envolveu uma ação educativa realizada em maio de 2014, com 35 alunos formandos, cujos temas solicitados foram: maceramento, amputações, quedas, queimaduras e choque elétrico. Foi utilizado o data show como recurso didático-pedagógico para orientar exposição dialogada sobre o tema. A temática sobre primeiros socorros e cuidado de enfermagem ao ciclo de vida adulto se fez necessária uma vez que os futuros profissionais ingressantes no mercado de trabalho estão suscetíveis a acidentes de trabalho e possuem carência de conhecimento em relação à temática. Conclui-se que os alunos de Engenharia Mecânica, enquanto futuros profissionais em sua área, poderão ser disseminadores do conhecimento apreendido, bem como estar aptos a atuar rápida e eficientemente em situação de emergência. Além disso, evidencia-se a grande a importância da atuação de enfermeiros nas mais diversas áreas do conhecimento, inclusive na saúde do trabalhador, com ações de promoção, prevenção, cuidado e reabilitação em saúde. Palavras Chave: Primeiros socorros; Educação em saúde; Saúde do trabalhador. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. 73 Introdução Os seres humanos passam por vários estágios de crescimento e transformações em todo o seu ciclo de vida, tanto no aspecto físico quanto no desenvolvimento mental e biopsicossocial. A idade adulta é a fase mais duradoura do ciclo da vida humano, que se estende a partir de 20 anos até os 50, sendo que por volta dos 35 anos os adultos são considerados de "meia-idade” (AUGUSTINE, 2015). Quando se tornam adultos maduros, geralmente os indivíduos são mais independentes e estão inseridos de forma ativa no mercado de trabalho. Contudo, é nessa fase que também aumentam os riscos e a probabilidade de mortes resultantes de acidentes no trabalho. Há diversas razões para explicar o elevado número de ocorrências, podendo envolver falhas nos projetos dos sistemas de trabalho, nos equipamentos, o uso incorreto das ferramentas, o uso inadequado ou o não uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e em destaque o fator humano como uma das principais causas, por englobar inúmeras características biopsicossociais do trabalhador. É crescente o número de profissionais brasileiros que sofrem acidentes de trabalho. O afastamento do trabalho pelos acidentes e doenças, além de incapacitar o trabalhador, encarece a produção e reduz a competitividade do Brasil no mercado externo. O Ministério do Trabalho estima que o tempo de trabalho perdido, ocasionado pelos afastamentos, chega a 106 milhões de dias (BRASIL, 2004). Acidentes que ocorrem no ambiente de trabalho não somente trazem danos físicos ou emocionais ao trabalhador, mas podem levá-lo à morte, com repercussões negativas em sua família e na sociedade em geral (BUDEL, 2012). Portanto, em uma situação perigosa e, em local distante do ambiente hospitalar, a vítima fica dependente de quem presencia a situação, ou seja, geralmente um companheiro de trabalho. Este irá realizar a prestação dos primeiros cuidados em casos de acidentes de trabalho, os quais podem salvar a vida do trabalhador ou minimizar muitos danos (FERREIRA, et al., 2001). Mas, não é incomum encontrar nas empresas muitos trabalhadores e gestores despreparados ou mesmo incapazes de prestar qualquer tipo de cuidado quando necessário, principalmente em casos com maior gravidade. Por ser esta uma lacuna muitas vezes presente também nos cursos de graduação, nas diferentes áreas do conhecimento, houve o convite ao grupo do Programa de Educação Tutorial (PET) - Enfermagem para desenvolver atividade educativa sobre primeiros socorros junto a uma turma de alunos formandos do curso de Engenharia Mecânica, foco do presente trabalho. 74 Objetivo Relatar a experiência de uma atividade de formação em primeiros socorros junto a estudantes de um curso de graduação em Engenharia Mecânica. Materiais e Métodos Trata-se de um relato de experiência de uma ação educativa sobre primeiros socorros realizada junto a 35 alunos do quinto ano do curso de Engenharia Mecânica de uma universidade pública do noroeste do Estado do Paraná. Os itens solicitados foram: maceramento, amputações, quedas, queimaduras e choque elétrico, por serem estes alguns dos principais acidentes que ocorrem nos espaços de trabalho desta área de atuação. A atividade ocorreu no dia 16 de maio de 2014, no período da tarde, em sala de aula do respectivo curso. A ação educativa foi realizada por estudantes do curso de Enfermagem da mesma instituição de ensino, bolsistas do grupo PET Enfermagem, com a presença do docente responsável pela turma. Foi utilizado o data show como recurso didático-pedagógico para orientar a exposição dialogada sobre o tema. Discussão de Resultados Alunos do último ano de um curso de graduação em Engenharia Mecânica estão prestes a adentrar o mercado de trabalho. E, tratar com eles o tema de primeiros socorros significa orientá-los sobre como agir e reagir diante de um acidente de trabalho de risco. Essa temática compõe o seu cotidiano, principalmente por serem trabalhadores da indústria mecânica, da construção civil e da indústria transformadora e afins. Tal fato justifica os esforços de capacitação para situações em que possam presenciar qualquer tipo de acidente em seu ambiente de trabalho, consigo mesmos ou com colegas. Ao exercer suas atividades laborais, os colaboradores podem se envolver em acidentes que implicam na súbita interrupção do trabalho e o consequente ferimento humano (DWAYER, 1989). Um atendimento eficaz, ou seja, os primeiros socorros antes da realização dos cuidados especializados aumenta a sobrevida e colabora com a recuperação precoce da vítima (FERREIRA; GARCIA, 2001). Os primeiros socorros compreendem os atendimentos que podem ser realizados pela população em geral, que possua o conhecimento e capacidade mínimos para realizar os primeiros cuidados em as pessoas doentes ou feridas (VELDE, et al., 2007). A assistência de enfermagem à saúde do trabalhador vem ampliando o seu campo de atuação. Nessa perspectiva, o cuidado como um sistema dinâmico e contínuo 75 em que os enfermeiros promovem ações de trabalho com o fim de produzir e proteger a vida constitui a base filosófica de articulação entre a enfermagem como profissão e a saúde do trabalhador como foco de intervenção (ERDMANN, et al., 2006). As ações na área são voltadas à formulação e implementação de políticas de proteção à saúde, visando à redução e eliminação do adoecimento e morte resultantes das condições, dos processos e dos ambientes de trabalho, bem como o aprimoramento da assistência à saúde dos trabalhadores. Assim, a atuação do enfermeiro frente à vigilância à saúde do trabalhador consiste na atuação contínua e sistemática, no sentido de promover e proteger a saúde, por meio da execução de programas e avaliação do processo saúdedoença e da realização de ações educativas, como esta realizada com os futuros profissionais de Engenharia Mecânica. Durante a exposição dos temas, ou seja, a atuação frente a cortes, quedas, choque elétrico, queimaduras, esmagamento e amputação, os alunos mostraram-se bastante interessados e participativos, quando indagados sobre quais os primeiros socorros, procedimentos e condutas a serem tomadas em diferentes situações de emergência. Também mostraram-se apreensivos e impressionados com várias imagens apresentadas, evidenciando a carência de informações e principalmente da vivência com tais situações de risco, o que pode tornar-se uma grande dificuldade no momento em que sua atuação imediata possa vir a ser requerida, aumentando os riscos do acidente para a vítima. Além de dados e cuidados específicos sobre os agravos citados, alguns aspectos gerais foram enfatizados e tiveram grande receptividade por parte do público-alvo. Entre eles: em qualquer tipo de trauma, principalmente decorrente de quedas, jamais se deve movimentar a vítima; deve-se ligar imediatamente para o número 192, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), comunicando o maior número possível de informações para os socorristas; em caso de a vítima estar consciente, deve-se tranquilizá-la e orientar para que não se movimente; em caso de perda de consciência, verificar respiração e batimentos cardíacos; ainda, é muito importante que, antes de prestar qualquer atendimento à vítima, deve-se atentar para a sua própria segurança, evitando contato com sangue e fluídos corporais que podem transmitir doenças graves como AIDS, Hepatite B e outras. Ao final, todos avaliaram como extremamente positiva a abordagem realizada e a interação entre graduandos de cursos diferentes sobre um tema que os aproximou. 76 Conclusão e Considerações Finais As informações e orientações sobre primeiros socorros, oportunizadas mediante uma ação de educação em saúde, possibilitam a tomada de decisão diante de um acidente de trabalho de risco. Os alunos de graduação em Engenharia Mecânica serão futuros profissionais em sua área e poderão ser disseminadores do conhecimento apreendido, além de estarem aptos a atuar rápida e eficientemente em situação de emergência. Para os bolsistas do PET Enfermagem, a atividade proporcionou desenvolvimento pessoal e exigiu habilidades de pesquisa, oratória e interação com o público-alvo. Além de contribuir para a formação profissional, evidenciou a importância da atuação de enfermeiros nas mais diversas áreas do conhecimento, inclusive na saúde do trabalhador, com ações de promoção, prevenção, cuidado ou reabilitação em saúde. Referências AUGUSTINE, R. Ciclo de Vida dos Seres Humanos. Disponível em: <http://www.ehow.com.br/ciclo-vida-seres-humanos-fatos_96530/>. Acesso em: 27 de abril de 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. Brasília, DF, 2004. BUDEL, DGO. Acidente do trabalho: caracterização, conceito e competência. 2012. DWAYER, T. Acidentes do Trabalho: em busca de uma nova abordagem. Rev adm empres vol.29, n.2, São Paulo,1989. ERDMANN, A.L.; ANDRADE, S.R.; MELLO, A.L.S.F.; MEIRELLES, B.H.S. Gestão das práticas de saúde na perspectiva do cuidado complexo. Texto & Contexto Enferm, Florianópolis, n.15, vol.3, 2006, p.483-91. FERREIRA, AVS, GARCIA, E. Suporte básico de vida. Rev Soc Cardiol, São Paulo, n.11, vol.2, 2001, p.214-25. FERREIRA, DF; QUILICI, AP; MARTINS, M; FERREIRA, AV; TARASOUTCHI, F; TIMEMAN, S. Essência do suporte básico de vida: perspectivas para o novo milênio, chame primeiro, chame rápido. Rev Soc Cardiol, São Paulo, n.11, vol.2, 2001, p.209-13. VELDE, SV; BROOS, P; BOUWELEN, MV; WIN, R; SERMON, A; VERDUYCKT, J. European first aid guidelines. Resuscitation. n.72, vol. 2, 2007, p.240-51. 77 COMUNICAÇÃO DOS ENFERMEIROS SOB A ÓTICA DOS PACIENTES COM FERIDAS CRÔNICAS Josemar Batista Enfermeiro. Especialista em Enfermagem e Saúde no Trabalho. Pós-graduando em Gestão em Saúde pela Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] Rita de Cássia Martins da Silva Carneiro Enfermeira. Especialista em Docência do Ensino Superior. Docente do Departamento de Enfermagem da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected] Veronice Kramer da Rosa Reis Enfermeira. Mestre em Educação. Docente do Departamento de Enfermagem da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected] Resumo A comunicação verbal e/ou não verbal como instrumento facilitador do processo de interação entre enfermeiro/paciente torna-se de extrema relevância no processo de cuidar e essencial na promoção e recuperação à saúde. Estudo descritivo-exploratório com abordagem qualitativa com o objetivo de levantar a percepção dos pacientes com feridas crônicas sobre a comunicação enfermeiro/paciente e identificar iatrogenia na comunicação do enfermeiro no atendimento aos pacientes com feridas crônicas. Em relação ao número de sujeitos entrevistados foi considerado o critério de saturação dos dados e, desta forma, 10 pacientes constituíram o grupo estudado. A coleta de dados ocorreu entre os meses de Agosto e Setembro de 2011 por meio de entrevista semiestruturada, e analisados pela técnica de análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin emergindo quatro categorias: Percepção do usuário quanto à comunicação enfermeiro/paciente; Comunicação na prática profissional do enfermeiro; Falha comunicacional versus consequências e Iatrogenia comunicacional versus impactos profissional/paciente. Os resultados revelam que os pacientes estão mais atentos a comunicação verbal e reconhecem que o ato de conversar é fundamental para o cuidado. Os enfermeiros comunicam-se suficientemente, contudo, essa comunicação seja ela verbal ou não, é falha e constituíram fator iatrogênico, que relacionada ao cuidado acaba acarretando em consequências como abandono da terapêutica e perda da credibilidade profissional. Conclui-se que é necessário praticar a comunicação entre enfermeiro/paciente com proficiência diante da sua importância como qualquer outro procedimento técnico e assim, minimizar os desconfortos provenientes do processo comunicacional. Palavras Chave: Comunicação; Relações Enfermeiro-Paciente; Iatrogenia. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução 78 O desenvolvimento linguístico está em constante modificação, onde indivíduos aprendem e vivenciam por meios de gestos, sinais e através da fala. A linguagem desde o nascer faz parte da vida, adquirindo-se habilidade em decorrência da convivência com outros sujeitos da sociedade. (BATISTA; FACHIN, 2010) A linguagem serve com um instrumento de comunicação fortalecendo nas relações sociais, capaz de promover mudanças perante as situações vivenciadas no âmbito dos serviços de saúde. A comunicação é toda interação que ocorre em um determinado contexto, regido por regras sociais e depende essencialmente do tipo de relação existente e das necessidades dos indivíduos. (SEQUEIRA, 2014) Nesse sentido, existem duas principais modalidades para ocorrer o processo comunicacional que são a “comunicação verbal quando utiliza-se da linguagem escrita e falada e a não verbal realizada através de gestos e símbolos gráficos, e ambas necessitam de interação de emissão, recepção e compreensão das mensagens. (MOURÃO et al., 2009, p. 140) Estudos demonstram que 55% dos sentimentos são expressos através da comunicação não verbal; 38%, pela voz, e somente 7% são representados por palavras. (SILVA, 2010 apud FREITAS et al., 2014, p.929) Dessa forma, a comunicação em saúde quando bem utilizada proporciona bem estar psicológico, atendimento acolhedor, melhora a adesão do paciente ao serviço de saúde e minimiza os eventos adversos à saúde. (ORMONDE JUNIOR; LIMA, 2014) Assim sendo, “a promoção de uma assistência holística que envolva as necessidades bio-psico-sócio-espirituais e emocional devem passar por um processo comunicativo eficaz entre terapeuta-sujeito”, (RAMOS; BORTAGARAI, 2012, p. 168) que neste estudo resume-se a eficácia da comunicação entre enfermeiro e paciente. Aliás, “a comunicação deve fazer parte do exercício profissional dos enfermeiros, para que estes possam garantir o êxito dos procedimentos técnicos”, (COELHO; SIQUEIRA, 2014, p.32) tornando-se a comunicação uma ferramenta indispensável para a realização do cuidado, este considerado a essência da enfermagem. Através do relacionamento interpessoal entre enfermeiro e paciente é possível desenvolver ao longo do cuidado uma ação ou ato terapêutico. A comunicação assume um papel fundamental na relação entre um profissional e uma pessoa, grupo, família ou comunidade, alvo de atenção e de cuidados, na medida em que, a comunicação é o contexto em que se desenvolve a relação e é, ou pode ser uma ação terapêutica, por si só ou completar a ação terapêutica de outra intervenção. (SEQUEIRA, 2014, p.06) 79 Portanto, define-se como comunicação terapêutica a habilidade a ser desenvolvida pelo enfermeiro, consistindo de uma ferramenta para a obtenção de informações acerca do cliente. (STEFANELLI, 1993 apud OSMONDE JUNIOR; LIMA, 2014, p.3393) Ademais, é utilizada por profissionais de saúde para apoiar, informar, educar e capacitar às pessoas no processo de transição de saúde doença, e/ou na adaptação a dificuldades, requerendo a capacidade de escuta, disponibilidade, aceitação. Para sua operacionalização é necessário à utilização de um conjunto de técnicas/habilidades de comunicação verbal e não verbal, nas quais a empatia e a assertividade desempenham um papel central. (SEQUEIRA, 2014, p.07) Há, porém, estudos relatando que o relacionamento interpessoal e a comunicação não estão sendo efetivos entre a enfermagem. (ARAÚJO et al., 2007 apud MOURÃO et al., 2009) Outra investigação sugere o aprofundamento de aspectos relacionados com a comunicação terapêutica na formação dos enfermeiros. (COELHO; SEQUEIRA, 2014, p.31) A ideia de que vivemos numa sociedade onde a comunicação é bastante generalizada e difundida, comunicar-se mais não significar obrigatoriamente comunicar-se melhor, (COELHO; SEQUEIRA, 2014) e, diante das premissas apontadas, justifica-se o presente estudo que visa contribuir para a prática dos profissionais enfermeiros, desvelando a relação existente entre enfermeiro/paciente com ferida crônica durante o processo comunicacional. Objetivos Levantar a percepção dos pacientes com feridas crônicas sobre a comunicação enfermeiro/usuário e identificar iatrogenia na comunicação do enfermeiro. Materiais e Métodos Estudo descritivo-exploratório com abordagem qualitativa, realizado no ambulatório de feridas do Município de Cascavel/Paraná, durante os meses de Agosto e Setembro de 2011, com coleta de dados por meio de entrevistas individuais através de um roteiro semiestruturado, sendo gravadas e transcritas na íntegra. Em relação ao número de sujeitos entrevistados foi considerado o critério de saturação dos dados e, desta forma, 10 pacientes constituíram o grupo estudado. As entrevistas foram agendadas conforme a disponibilidade dos entrevistados, em local, data e horário 80 previamente combinado. Para analisar os resultados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo segundo a proposta de Bardin (2011) emergindo assim quatro categorias: Percepção do usuário quanto à comunicação enfermeiro/paciente; Comunicação na prática profissional do enfermeiro; Falha comunicacional versus consequências e Iatrogenia comunicacional versus impactos profissional/paciente. Os entrevistados foram identificados em seus depoimentos com nomes de personagens de desenhos infantis, para manter o rigor da pesquisa científica. Discussão de Resultados Entre os participantes do estudo, seis eram do sexo masculino e quatro do feminino com tempo médio de 16 anos convivendo com a ferida, variando entre 02 e 30 anos. Os resultados revelam ainda que a comunicação é fundamental no cuidado, sendo entendida pelos pacientes com feridas crônicas como o ato de conversar. Foi identificado que a comunicação é importante para o tratamento, auxiliando na cura e podendo tornar-se terapêutica na interação entre enfermeiro/paciente, e quando a mesma é ineficaz acarreta em prejuízos na assistência prestada, colocando em risco a credibilidade e competência do profissional enfermeiro e abandono da terapêutica. Em relação ao uso do silêncio como forma terapêutica, gerou nos pacientes momentos de tensão, ficando aflitos, sem saber o que poderiam estar acontecendo, se o problema era com eles ou com o profissional que estava executando o procedimento técnico do curativo. O fator iatrogênico está equivalente entre a comunicação verbal e não verbal trazendo desconforto ao paciente do serviço de saúde. Mostra-se que os enfermeiros não estão tendo controle na sua comunicação verbal, por ela ser consciente equiparada a não verbal que ocorre por meio inconsciente. Conclusão e Considerações Finais A efetividade da comunicação esta relacionada ao processo de empatia demonstrada pelo enfermeiro e paciente dentro dos serviços de saúde. A comunicação auxilia na promoção de saúde, e deve ser utilizada por todos os profissionais que atuam diretamente ou indiretamente ao paciente com ferida crônica. Percebe-se neste estudo que para a comunicação ser eficaz e terapêutica, é necessário primeiramente ter habilidade de relacionamento interpessoal e que este seja capaz de auxiliar em mudanças comportamentais e atender as necessidades básicas do paciente. 81 Nessa perspectiva, a comunicação entre enfermeiro e paciente no âmbito da assistência de enfermagem é primordial para a persuasão de políticas de saúde, ou seja, é impossível acolher e humanizar o atendimento aos pacientes, se os profissionais de saúde, inclusive os enfermeiros não desenvolvem ou apresentam extrema dificuldade em adquirir habilidades e competências comunicacionais. Assim sendo, é necessário criar estratégias nos serviços de saúde, entre capacitações e formação acadêmica profissional para aprofundar os conhecimentos dos enfermeiros perante a comunicação terapêutica. Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: 70; 2011. BATISTA, J; FACHIN, P.C. Educação, identidade e linguagem: algumas considerações sobre o ensinar e o aprender [monografia]. Cascavel (PR): Universidade Pan-americana; 2010. COELHO, M. T. V; SEQUEIRA, C. Comunicação terapêutica em enfermagem: como a caracterizam os enfermeiros. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental. n.11, p.31-38, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S164721602014000200005&script=sci_arttext>. Acesso em 27 Abr 2015. FREITAS, F.F.Q; COSTA, K.N.F.M; REBOUÇAS, C.B.A., et al. Comunicação não verbal entre enfermeiros e idosos a luz da proxêmica. Rev Bras Enferm. v.67, n.6, p.928-35, nov-dez. 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/00347167.2014670610>. 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UEM E-mail: [email protected] Resumo O trabalho tem como objetivo descrever a influência do Programa de Educação Tutorial (PET) na formação acadêmica dos discentes do curso de graduação em enfermagem na Universidade Estadual de Maringá. O relato se baseou na análise dos documentos ‘planejamento anual’ e ‘relatório anual’, inseridos no sistema de gestão do programa, no período de 2009 a 2014, com enfoque para algumas atividades e temáticas consideradas centrais pelo grupo nesse período e o seu impacto na formação dos petianos de enfermagem. Desde 2009, quando o grupo iniciou suas atividades, a tríade ensino, pesquisa e extensão vem sendo alcançada mediante ações diversas e com temáticas como o controle social, cidadania fiscal, educação em saúde, educação sexual, controle da dengue, o trabalho em equipe multiprofissional, medicação, entre outros. O trabalho do grupo pauta-se em metodologias de ensino que privilegiam a avaliação formativa e a tomada de decisão individual e coletiva, sendo que as vivências, reflexões e discussões do grupo ocorrem em clima de cooperação e respeito. Observa-se que alunos egressos, desde 2011, estão inseridos no mercado de trabalho ou em programas de pós-graduação, tanto lato quanto stricto senso, no Estado do Paraná e fora dele, situação que pode ter sido favorecida pela influência do PET. Conclui-se que a experiência do grupo PET Enfermagem tem proporcionado resultados que convergem com as metas gerais do programa, com resultados positivos sobre todo o curso de graduação a que se vincula. Palavras Chave: Enfermagem; Educação tutorial; Formação de profissionais da saúde. 84 Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O Programa de Educação Tutorial (PET) visa formar profissionais críticos e atuantes, produzir uma formação acadêmica de alto nível, estimular a melhoria do ensino de graduação e pós-graduação e integrar a formação cidadã com a formação profissional (BRASIL, 2010; BRASIL, 2013). Para isso, o ensino, a pesquisa e a extensão constituem a tríade central sobre a qual os grupos planejam e desenvolvem as suas atividades anualmente, resultando no fortalecimento da formação universitária e na produção do conhecimento, em estreita articulação com a extensão, um dos braços sociais da universidade. Integrando há mais de vinte anos a história nacional do programa, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) conta atualmente com quinze grupos ligados aos seus respectivos cursos em diversas áreas, quais sejam: Agronomia, Educação Física, Economia, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia Química, Engenharia Têxtil, Farmácia, Física, Informática, Matemática, Odontologia, Pedagogia, Química e Zootecnia. Todos esses grupos reúnem-se por meio da União dos Grupos PET (UniPET). O PET Enfermagem da UEM, criado em 2009, está em seu sétimo ano de atuação. O perfil proposto pelo grupo tem como objetivo capacitar os seus integrantes a atuarem como agentes de mudança na sociedade e na área da saúde, envolvendo a comunidade universitária, trabalhadores, gestores e usuários dos serviços de saúde e demais recursos do município e região. As vivências, reflexões e discussões do grupo ocorrem em um clima de cooperação, baseando-se em metodologias variadas de ensino e de trabalho. O PET-Enfermagem atualmente é composto por uma docente tutora e doze alunos bolsistas, os quais, além de planejarem e organizarem as atividades do grupo, também participam ativamente das reuniões quinzenais e ações conjuntas do UniPET. Objetivo Descrever a influência do Programa de Educação Tutorial (PET) na formação acadêmica dos discentes do curso de graduação em enfermagem na Universidade Estadual de Maringá. 85 Material e Métodos O relato foi pautado na análise dos documentos denominados ‘planejamento anual’ e ‘relatório anual’, inseridos anualmente no sistema de gestão do programa de educação tutorial junto ao MEC. O período de abrangência foi de 2009 a 2014, com enfoque para algumas atividades e temáticas consideradas centrais pelo grupo nesse período e o seu impacto na formação dos petianos de enfermagem. Discussão de Resultados Com temáticas e ações diversas, o PET Enfermagem da UEM realiza anualmente um projeto construído em conjunto entre tutor e petianos, de modo a dar continuidade às atividades que vão se consolidando como específicas do grupo e incluir novos assuntos e/ou metodologias de trabalho. A tríade ensino, pesquisa e extensão norteia a proposição das atividades do PET Enfermagem, e o aprendizado não se limita aos alunos integrantes do grupo, mas aos demais discentes do curso e demais membros da comunidade universitária e comunidade externa. Assim, sua influência na formação ocorre mediante os diferentes temas e formas de organização e execução das atividades. Baseando-se em metodologias de ensino e trabalho que privilegiam a avaliação formativa e a tomada de decisão individual e coletiva, as vivências, reflexões e discussões do grupo ocorrem em um clima de cooperação. O ensino tem proporcionado o desenvolvimento de diversas atividades, como palestras abordando diversos temas e o ciclo de seminários, com temas de interesse dos graduandos, organizados e ministrados pelos próprios petianos. A extensão tem viabilizado a descoberta de recursos da comunidade nos campos da saúde e da cidadania, a otimização de espaços da mídia para a educação em saúde e a participação em espaços formais de organização popular e controle social sobre o SUS, como Conselhos Locais de Saúde. Projetos como o intitulado ‘Atividades Volantes’ permite aos petianos desenvolver atividades diversas em variados locais, como escolas e Organizações Não Governamentais, onde há uma troca de experiências entre o público e os alunos do PET. Além de projetos, há uma efetiva atuação na participação ou organização de eventos de extensão, em parcerias com outros PETs e cursos da graduação para abordagem de temas diversos e de comum interesse, como a questão ambiental com o PET Agronomia, medicação com o PET Farmácia, prevenção de acidentes de trabalho 86 com alunos da graduação da Engenharia Mecânica, ações de educação em saúde em uma casa de reabilitação para usuários de drogas em parceria com o PET Zootecnia, entre tantos outros. Na pesquisa, iniciativas individuais e coletivas procuram construir novos conhecimentos ou compartilhar experiências sobre temas diversos. Ao longo de seis anos, como um aprendizado e como oportunidade para compartilhar as experiências, procurou-se sempre estimular o interesse do grupo pela produção científica, concomitante àquela produção oriunda das demais atividades acadêmicas desenvolvidas na universidade. Os resultados envolvem alguns textos publicados, trabalhos em eventos científicos, organização de eventos, participação em comissões entre outros. Em relação à qualificação acadêmica, o programa PET ajuda a manter um alto nível na formação de seus alunos, preparando-os tanto para a prática profissional quanto para programas de pós-graduação, tanto lato quanto stricto senso. Exemplos disso são os egressos do programa que, desde 2011, após a conclusão do curso de graduação têm sido aprovados em cursos de Residência ou cursos de Especialização no Estado do Paraná e em outros Estados, e/ou em Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Enfermagem, além da aprovação em concursos públicos ou processos seletivos em serviços de saúde. Atualmente, aqueles que já finalizaram seus estudos sequenciais à graduação, atuam como enfermeiros em diferentes serviços e/ou como docentes em cursos de nível técnico e de graduação em Enfermagem, com uma excelente inserção no mercado de trabalho. Tais resultados são indicativos da qualidade do curso de graduação ofertado, enriquecido com os inúmeros projetos extracurriculares, a exemplo do PET. Conclusão e Considerações Finais Considera-se que o Programa de Educação Tutorial desenvolve atividades acadêmicas em padrões de qualidade de excelência, mediante grupos de aprendizagem tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar e também contribui para a elevação da qualidade da formação acadêmica dos alunos de graduação. Ainda, estimula a formação de profissionais de elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica, estimulando também o espírito crítico bem como a atuação profissional pautada pela cidadania e pela função social da educação superior. Conclui-se que a experiência do grupo PET Enfermagem tem proporcionado resultados que convergem com tais metas 87 gerais do programa, com resultados positivos sobre todo o curso de graduação a que se vincula. Referências BRASIL, Ministério da Educação. Portaria MEC nº 976, de 27 de julho de 2010: Dispõe sobre o Programa de Educação Tutorial – PET. Brasília/DF, 2010. BRASIL, Ministério da Educação. Portaria MEC nº 343, de 24 de abril de 2013: Altera dispositivos da Portaria MEC nº 976, de 27 de julho de 2010, que dispõe sobre o Programa de Educação Tutorial – PET. Brasília/DF, 2013. 88 REPERCUSSÃO DO USO DE BEBIDA ALCÓOLICA NAS RELAÇÕES FAMILIARES DE TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL Beatriz Ferreira Martins Enfermeira. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá - PSE/UEM E-mail: [email protected] Laís Fernanda Ferreira da Silva Enfermeira. Mestranda em Enfermagem no PSE/UEM E-mail: [email protected] Bárbara Reccanello Beraldo Graduanda em Enfermagem no Departamento de Enfermagem da UEM E-mail: [email protected] Suellen Moura Rocha Enfermeira. Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá/UEM E-mail: [email protected] Magda Lúcia Félix de Oliveira Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva. Docente da Graduação em Enfermagem e do PSE/UEM. E-mail: [email protected] Resumo O estudo objetivou analisar a repercussão do uso de álcool em famílias de trabalhadores da construção civil e usuários de álcool. Metodologia descritiva de abordagem qualitativa, com delineamento em uma série de casos de 11 famílias de trabalhadores do Noroeste do Paraná. A coleta de dados deu-se pela aplicação de roteiro para entrevistas semiestruturadas, analisado por meio de análise de conteúdo, com configuração de três unidades temáticas: Relações familiares e uso abusivo de álcool, apontando a preocupação recorrente da família com a segurança e a saúde do trabalhador, e a sobrecarga emocional e física dos membros da família; O álcool destruindo os laços conjugais, com indicação de conflitos e stress nestes relacionamentos; e Violência na família e reflexos na comunidade de convivência, com relatos de violência doméstica, desemprego e instabilidade financeira na família. O consumo álcool foi determinante na co-dependência, no adoecimento do trabalhador e de membros de sua família. Palavras-chave: Relações familiares; Alcoolismo; Enfermagem. Área temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O consumo de drogas de abuso é considerado pelas organizações internacionais de saúde como um grave problema de saúde pública que afeta a população do mundo 89 com problemas sociais, de saúde – acidentes, doenças, e mortes; com predomínio de dependentes químicos no sexo masculino. Esse consumo tem crescido entre os trabalhadores, ocasionando intercorrências indesejáveis no trabalho e na família (GAVIOLI et al., 2014; BERNARDY; OLIVEIRA, 2012). Na família, geralmente, ocorrem atos hostis do trabalhador, como agressões verbais e físicas, mentiras recorrentes, desfalque no orçamento da família que geram prejuízos econômicos, uma vez que uma grande quantia de dinheiro é gasta no consumo de drogas de abuso. No trabalho, podem ocorrer acidentes, imposição a tarefas menos interessantes, rebaixamento de função e o desemprego, levando a dificuldades econômicas familiares, ou findar em vivência de situação transitória ou permanente de rua, com exposição do trabalhador aos riscos da marginalidade e exclusão social (NAPPO; OLIVEIRA, 2010). Estudos relacionados ao uso abusivo de drogas em trabalhadores da construção civil apontaram o álcool como a droga mais frequente. A Construção Civil é responsável por grande parte dos empregos das camadas pobres da população masculina e é considerada uma das áreas mais perigosas em todo o mundo pelo trabalho em alturas significativas, o manejo de máquinas de grande porte e de equipamentos, posturas antiergonômicas. Inseridos nesta situação, refugiam-se no uso abusivo de álcool (GAVIOLI et al., 2014; NAPPO; OLIVEIRA, 2010). Objetivo O presente estudo objetivou analisar a repercussão do uso de álcool em famílias de trabalhadores da construção civil de um município da região Noroeste do Paraná. Materiais e Métodos O estudo foi descritivo de abordagem qualitativa, com delineamento em uma série de casos de 11 famílias de trabalhadores do Noroeste do Paraná. Foi realizado no município de Maringá - Paraná, com casos originários do banco de dados do Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá (CCI/HUM), unidade de referência macrorregional para atenção às urgências toxicológicas. A população foi composta por 11 familiares de trabalhadores da construção civil que foram atendidos em unidades de urgência com diagnóstico médico de intoxicação alcoólica, aguda ou crônica, e cadastrados no CCI/HUM no período de janeiro a junho 90 de 2013. O critério para a escolha do familiar a ser entrevistado seguiu a disponibilidade e prontidão da pessoa de contato. A fonte de dados foi a Ficha de Ocorrência Toxicológica de Intoxicação Alcoólica e/ou Outras Drogas de Abuso - OT/IA, onde foram compilados dados relativos à idade e ao sexo do trabalhador, agente e tipo de intoxicação e histórico e evolução clínica do caso. Os instrumentos de coleta de dados foram dois roteiros para entrevista semiestruturada: Roteiro Trabalhador, constituído pela caracterização do trabalhador e dados da ocorrência toxicológica e desfecho clínico; e Roteiro Família. A coleta de dados foi realizada nos meses de abril a julho de 2013, no domicilio dos trabalhadores. Para análise dos dados, foram utilizados os preceitos da análise de conteúdo temática (MINAYO, 2010). A partir da organização dos dados foram compostas três unidades temáticas, que refletem as dificuldades e transformações familiares, sentimento das famílias frente ao uso de álcool pelo trabalhador: Relações familiares e o uso abusivo de álcool; O álcool destruindo os laços conjugais e Violência na família e reflexos na comunidade de convivência. Para assegurar o anonimato e facilitar a apresentação dos dados, as famílias foram identificadas de acordo com a ordem da entrevista e representadas pelo número do caso, a inicial do trabalhador e sua idade. Todos os aspectos éticos envolvidos na pesquisa foram cumpridos rigorosamente e o projeto recebeu parecer favorável do COPEP-UEM (207.377/2013). Discussão de Resultados Todos os trabalhadores eram do sexo masculino, com faixa etária entre 26 a 67 anos, e média de 44 anos de idade, a maioria pedreiro. Nove eram casados e/ou em união estável, com pelo menos um filho. A maior parte tinha baixa escolaridade - nove com ensino fundamental incompleto; e baixa renda individual - seis trabalhadores com remuneração menor de três salários mínimos. O número de familiares dos trabalhadores da construção civil habitando na mesma residência variou de duas a sete pessoas. Relações familiares e o uso abusivo de álcool As relações interpessoais entre a pessoa alcoolista e os demais membros familiares modificam o cotidiano familiar - da pessoa alcoolista e das pessoas com ela convive (SAIDE, 2011). No presente estudo, as principais repercussões na vida familiar foram adoecimento do trabalhador e preocupação recorrente com a saúde do familiar, 91 segurança, afastamento e/ou rejeição entre os membros da família e sobrecarga emocional e física dos membros familiares. Diversos sentimentos são vivenciados por famílias de usuários de álcool, tais como angústia, tristeza, dor, insegurança, dificultando o enfrentamento da doença. A preocupação com o ente usuário de álcool interfere, ainda, negativamente no trabalho, pois, para o cuidador, é difícil administrar as tarefas de cuidar com o tempo dedicado ao emprego; a tarefa de cuidar pode dificultar a execução das atividades extradomiciliares (BERNARDY; OLIVEIRA, 2012). O álcool destruindo os laços conjugais Para duas respondentes do estudo, o uso abusivo de álcool foi responsável pela separação do casal, apesar da reaproximação posterior. O álcool no seio da relação conjugal aumenta a probabilidade de ocorrência de rupturas e divórcios, pois os cônjuges consideram a separação como forma de solução do problema. As relações conjugais de casais álcool discordantes, em que um dos parceiros não é alcoolista, são afetadas por efeitos destrutivos na vida da família, preditores de uma baixa qualidade na relação e de instabilidade conjugal (MONTEIRO, 2011). O uso dessa substância pode ocasionar elevados níveis de conflitos, violência, agressividade e stress (NAPPO; OLIVEIRA, 2010), corroborando o presente estudo, em que as esposas demonstraram sofrimento e descontentamento com o casamento. A violência doméstica também foi evidenciada nas entrevistas, três respondentes familiares informaram que os trabalhadores “brigam” com as esposas quando ingerem álcool, com agressões verbais e ameaças, culminando em problemas na relação marido e mulher. Violência na família e reflexos na comunidade de convivência Além da repercussão na família e na vida conjugal, o consumo de bebida alcoólica pode ter consequências no meio laboral e interferir na vida da comunidade de convivência e no contexto de vida social da família (NAPPO; OLIVEIRA, 2010), Os relacionamentos descritos pelos familiares mostraram, também, que a violência estava presente no cotidiano, após o uso abusivo de álcool. A convivência com a família, muitas vezes, mostrava-se “desgastada”, com presença constante de ameaças verbais aos familiares e à comunidade e, então, não conseguiam manter uma relação pacífica com os usuários de álcool. Quatro entrevistados citaram alguma forma de agressividade após a ingestão da bebida alcoólica. 92 Conclusão e Considerações Finais O consumo abusivo do álcool foi causa determinante de adoecimento, crise conjugal, afastamento da família nuclear, desemprego e sobrecarga de outros membros familiares, corroborando outras investigações constantes na literatura. Diante das entrevistas e o histórico dos trabalhadores, foram apontadas preocupações recorrentes da família com a segurança e a saúde do trabalhador e a sobrecarga emocional e física de membros da família, indicação de conflitos e stress nestes relacionamentos, e relatos de violência doméstica, desemprego e instabilidade financeira na família. O estudo em questão contribui para que nós, enfermeiros, (re)pensemos atitudes frente a essas famílias, assim como prestemos assistência ao usuário e ao conjunto familiar de forma menos preconceituosa e repressiva, a partir do apoio biopsicossocial e da busca, junto à família, por meios efeitos para a recuperação do dependente químico. Referências BERNARDY, C. C. F.; OLIVEIRA, M. L. F. Uso de drogas por jovens infratores. Cienc. Cuid. Saude, Maringá, v. 11, supl, p. 168-175, 2012. GAVIOLI A, MATHIAS, T.A, ROSSI, R.M; OLIVEIRA, M.L. Risco relacionado ao consumo de drogas em homens trabalhadores da construção civil. Acta Paul Enferm, São Paulo, v. 27, n.5, p. 471-478, 2014. GONÇALVES, J. R. L.; GALERA, S. A. F. Assistência ao familiar cuidador em convívio com o alcoolista, por meio da técnica de solução de problemas. Rev. LatinoAm. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 18, n. esp., 2010. LOURENÇO, S. T.; MONTEIRO F. O. “O Álcool entre Nós”: impacto do consumo de álcool no casal. Revista CES Psicología, Medellín, v. 4, n. 2, p. 15-28, 2011. NAPPO, S.; OLIVEIRA, L. G. O crack em São Paulo, 20 anos depois: consciência alterada o universo paralelo das drogas. Sci. Am., São Paulo, v. 8, n. esp., 2010. Edição especial. Brasil. Editora Duetto. SILVA, M. C. M.; SOUSA, R. M. C.; PADILHA, K. G. Destino del paciente después de recibir el alta médica de la unidad de cuidados intensivos: ¿unidad de internación o intermedia?. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 18, n. 2, 2010. 93 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DA VILA RURAL ELZA LERNER DO DISTRITO DE PULINÓPOLIS- PR Jessika de Oliveira Cavalaro Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Camile do Amaral Marino Dias Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna bolsista do projeto “Estratégias para monitoramento do Programa de Humanização na Atenção Básica” E-mail: [email protected] Vanessa dos Santos Macedo Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Ana Cláudia Saito Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Rayane Nascimbeni Maldonado Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Herbert Leopoldo de Freitas Góes Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Resumo Estudo descritivo, quantitativo, de corte transversal com resultados parciais, cujo objetivo foi caracterizar clinicamente e sociodemograficamente os residentes da Vila Rural Elza Lerner, pertencente ao distrito de Pulinópolis, através do projeto de extensão “Promovendo saúde em Vila Rural”. A principio foram mapeado 86 domicílios (100%) com prevalência de pessoas acima de 60 anos (22,22%). Desta população 49,21% pertence a raça branca e 91,27% está com a carteira de vacinação em dia, 45,24% possuí o grau de escolaridade ate o ensino fundamental incompleto, 66,67% apresentam apenas uma doença, prevalecendo a Hipertensão Arterial Sistêmica (33,39%). Através da realização deste estudo foi possível conhecer fatores significantes sobre os residentes da Vila Rural Elza Lerner, de forma a possuir informações necessárias para que ações de promoção em saúde sejam aplicadas futuramente nesta área. Palavras Chave: Vila Rural; Caracterização; Promoção em saúde. Área Temática: Gestão do Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A territorialização é um instrumento muito utilizado na prática da saúde pública 94 uma vez que possibilita a elaboração de estratégias em saúde por meio do mapeamento das áreas de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) e cadastramento das famílias. Ela fornece aos gestores públicos informações referentes à qualidade de vida da população, permitindo a elaboração do plano de Estratégia de Saúde da Família (ESF), o qual se baseia nas necessidades e fragilidades encontradas e permite que as intervenções em saúde sejam coerentes e adequadas a uma determinada população. Este instrumento também possibilita que os profissionais de saúde compreendam a dinâmica que envolve o meio onde se estabelece o processo saúde/doença, por meio de observação da área de abrangência, localização, recursos, espaços geográficos/população, riscos, fixos e fluxos (GADELHA et al, 2010). Para promover a saúde é necessário que haja uma interação entre meio ambiente e população, tendo em vista que o primeiro pode causar forte impacto na saúde. Por isso é necessário que se tenha um monitoramento das mudanças tecnológicas, do trabalho, da produção de energia e urbanização, elementos que afetam o meio ambiente e, consequentemente a saúde. Mas para que isso ocorra há a necessidade de uma reorientação dos serviços de saúde, de modo que os profissionais desenvolvam uma visão holística do individuo com estratégias que estimulem a participação popular direcionada ao serviço de saúde gerando uma troca de conhecimentos entre a população e profissional de saúde, e levando a uma preparação para as diferentes fases da vida. Essa educação em saúde deve ser inserida no meio de vivencia da pessoa com: escolas, lares e locais comunitários. Segundo Paulo Freire, o diálogo deve receber enfoque, ao passo que através dele há a criação do vinculo entre a sociedade e o profissional de saúde, tornando a aprendizagem e a transmissão do conhecimento mais proveitosa para ambos (HEIDEMANN, 2006) Objetivo O estudo tem como objetivo a caracterização sociodemográfica e levantamento do perfil de saúde dos residentes da vila rural Elza Lerner, pertencente ao distrito de Pulinópolis. Espera-se que os resultados auxiliem na averiguação das necessidades e posteriormente na proposta de ações para promoção em saúde. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo de corte transversal, de um projeto de extensão do Departamento de Enfermagem (DEN) da Universidade Estadual 95 de Maringá (UEM), intitulado “Promovendo a Saúde em Vila Rural”, o qual atua na vila rural Elza Lerner, pertencente ao distrito de Mandaguaçú, Pulinópolis, região noroeste do Paraná. O processo de caracterização da população requereu primeiramente a territorialização e mapeamento da vila rural, que permitiu a verificação das condições de vida dos indivíduos, necessidades e riscos de saúde. Posteriormente, iniciou-se o cadastramento das famílias por meio de um instrumento elaborado pelas próprias acadêmicas, o qual aborda aspectos sociodemográficos e de saúde. Os dados de caracterização dos moradores da vila rural Elza Lerner levantados são preliminares e referem-se ao cadastramento de 39 famílias, realizado até abril de 2015.Os dados coletados foram tabulados e analisados através do Microsoft Excel 2010® utilizando estatística simples. Seguindo as categorias de idade do DATASUS do Ministério da Saúde, os indivíduos foram agrupados da seguinte maneira: 0 a 14, 15 a 19, 20 a 29, 30 a 39, 40 a 49, 50 a 59 e > a 60 anos. Discussão de Resultados Com o mapeamento da Vila Rural Elza Lerner, verificou-se que há 86 domicílios no local. Até o momento, foram cadastradas 39 famílias, totalizando um número de 126 pessoas, das quais 62 (49,29%) são do sexo feminino e as outras 64% do sexo oposto, o que difere dos dados da região sul e do Paraná, nos quais a porcentagem de mulheres é superior à masculina, 51,03% e 50,88%, respectivamente (DATASUS, 2012). Em relação à idade, esta variou entre 11 meses e 81 anos, com média de 38,80 (DP= 22,69), verificando-se a predominância de indivíduos com 60 anos ou mais, os quais representaram 22,22% da amostra, sendo superior à porcentagem de idosos no Paraná em 2012, a qual foi de 11,20%, segundo o Datasus. Comparando o número de indivíduos por faixa etária entre a vila e o estado paranaense, verificou-se que, as maiores diferenças são encontradas na faixa etária de 0 a 14, 30 a 39 e maior ou igual a 60 anos. No Parána, em 2012, a população idosa representava 11,20%, crianças de 0 a 14 anos, 22,90% e adultos com 30 a 39 anos, 15,55%, enquanto no local de caracterização essas porcentagens são de 22,22%, 18,25% e 7,14%, respectivamente. (DATASUS, 2012). Em relação à cor da pele, referida pelos próprios entrevistados, observou-se que, assim como nos dados disponibilizados pelo IBGE (2010) sobre o estado do Paraná, a maioria dos indivíduos declara-se branco. Nesta pesquisa, 62 indivíduos (49,21%) declararam-se da cor branca, número ainda inferior divulgado pelo 96 IBGE (2010), o qual totalizou uma porcentagem de 70,1%. Os outros moradores declararam-se como pardos (23,82%), morenos (13,49%) e negros (4,76%). Quanto ao consumo de bebida alcoólica e uso de tabaco, assim como na região Sul do Brasil (DATASUS, 2012), a prevalência foi de não-consumidores de álcool (102 indivíduos), representando 80,95% e 105 pessoas (83,33%) não-fumantes. No que se refere à escolaridade dos moradores, 10 relatam ser analfabetos (7,94%), 57 relatam ter Ensino Fundamental incompleto (45,24%), 10 relatam ter Ensino Fundamental completo (7,94%), 9 tem Ensino Médio incompleto (7,14%), 16 tem Ensino Médio (7,14%), 16 tem Ensino Médio completo (12,70%), 2 tem Ensino Superior incompleto (1,59%), 15 não responderam (11,90%) e 7 indivíduos estavam com idade pré-escolar ou menos (5,55). Sobre o estado vacinal, 115 indivíduos (91,27%) referiram que estão com a carteira de vacinação atualizada e 11 dizem estar desatualizada (8,73%). Dentre os 126 moradores, 87 referiram não possuir alguma doença (69,07%) e 39 referem possuir uma doença ou mais (30,95%). Dos 126 entrevistados, 26 pessoas dizem ter apenas uma doença (66,67%), 09 tem duas doenças (29,08%), 3 tem três doenças (7,69%) e 1 pessoa tem quatro doenças (2,56%). Foram referidas 22 doenças pelos moradores, dentre estas se destacam a hipertensão arterial sistêmica (HAS), a qual foi referida por 19 pessoas (33,39%); Diabete Mellitus (DM), a qual acomete 10 pessoas (17,54%) e hipercolesterolemia, acometendo 03 moradores (5,26%), sendo apontadas como as doenças mais prevalentes na região sul do Brasil também (DATASUS, 2012). Conclusão e considerações finais Com a caracterização da população da Vila Rural Elza Lerner, foi possível tomar conhecimento da realidade social, demográfica e de saúde dos moradores considerando que a área não possui cobertura da Estratégia Saúde da Família, sendo assistida pela Unidade Básica de Saúde de Pulinópolis com a colaboração do projeto 'Promovendo Saúde em Vila Rural'. Os resultados desse estudo contribuem com o planejamento realizado no projeto de extensão e na promoção de ações que visam melhorias na qualidade de vida e bemestar dos moradores, prezando pela promoção da saúde e do cuidado de forma coletiva, humanizada, integral e de acordo com os princípios do SUS. Referências 97 BRASIL. Ministério da Saúde. Datasus: informações de saúde. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060804/tabnet.htm>. Acesso em: abr. 2015. GADELHA, Carlos Augusto Grabois et al. Saúde e territorialização na perspectiva do desenvolvimento. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.16, n.6, p.3003-3016, mai/jun 2010. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n6/38.pdf >. Acesso em: abr.2015 HEIDEMANN, Ivonete Teresinha Schulter Buss. As cinco principais estratégias da nova promoção da saúde. In:______. A promoção da saúde e a concepção dialógica de Freire: possibilidades de sua inserção e limites no processo de trabalho das equipes de Saúde da Família. 2006. 296 f. Tese (Doutorado)- Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006, p.63-82. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-15012007-170858/ptbr.php>. Acesso em: abr.2015 IBGE. "Censo populacional 2010". - Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://cod.ibge.gov.br/235RJ > Acesso em: abr. 2015 98 ESCUTA E ACOLHIMENTO COMO FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DO USUÁRIO DE SERVIÇO DE SAÚDE Alan Henrique De Lazari Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá PR E-mail: [email protected] Jessica Sanches da Silva Bolsista de extensão da Fundação Araucária,Discente do Curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá - PR E-mail:[email protected] Caroline Aparecida Amaral Bolsista de extensão da Fundação Araucária. Discente do Curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá – PR E-mail: [email protected] Bruna Portes Maciel Psicóloga. Residente em Urgência e Emergência Multidisciplinar pela Universidade Estadual de Maringá - PR E-mail: [email protected] Maiara Cristina Pereira Discente do Curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá – PR E-mail: [email protected] Magda Lúcia Félix de Oliveira Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva.Docente Adjunta da Universidade Estadual de Maringá PR, E-mail: [email protected] Resumo O presente estudo tem o objetivo de relatar as atividades desenvolvidas no projeto de extensão universitária “Jovens Acolhedores: avaliando a satisfação dos usuários do Hospital Universitário Regional de Maringá”. Trata-se de um relato de experiência da aplicação da pesquisa de satisfação de usuários, com utilização de dados de fonte documental. O projeto tem como objetivo principal o acolhimento e a escuta dos usuários nos diversos setores de atendimento do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). Esse processo é realizado por estudantes de cursos de Graduação e Pós-graduação vinculados a Universidade Estadual de Maringá. Para a realização da Pesquisa de Satisfação dos Usuários do HUM são utilizados dois modos avaliativos: modo espontâneo (autoaplicável) e modo dirigido, realizado por meio da abordagem direta aos usuários e/ou acompanhantes, utilizando um roteiro para entrevista semiestruturada. A coleta de dados ocorre diariamente e os resultados são tabulados e apresentados em relatórios mensais, enviados à Direção, ao Colegiado Gestor e ao Conselho Local de Saúde do Hospital. Constitui-se uma ferramenta institucional do Serviço de Ouvidoria, para avaliação contínua da qualidade da assistência prestada. Essa ferramenta tem potencial para conhecer como o SUS está acontecendo para o cidadão atendido no HUM, identificando como analisa sua permanência neste ambiente e disponibilizando um meio de verbalizar suas reclamações e/ou elogios com relação ao 99 atendimento, e assim, oferecer subsídios para que os gestores do Hospital realizem planejamento adequado para melhor atendimento as demandas do dia-a-dia e para (re)pensar novas práticas. Palavras Chave: Humanização da assistência; Satisfação do usuário; Acolhimento. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida Introdução Para qualificar a relação estabelecida entre o usuário/família e os profissionais responsáveis pela atenção à saúde, o Ministério da Saúde desenvolve ações de aproximação do serviço de saúde à população, por meio da Política Nacional de Humanização – PNH. Implementada no ano 2000, a PNH tem o objetivo de fortalecer a atenção integral ao usuário dos serviços e humanizar a relação entre eles (BRASIL, 2008). O conhecimento da satisfação do usuário contribui no direcionamento de ações que visam à melhoria dos serviços oferecidos e da relação entre usuários e profissionais de saúde. A satisfação dos usuários é um marcador fundamental para se estabelecer padrões de gerenciamento e qualidade do SUS, portanto avaliá-la constitui uma ferramenta que aproxima o cliente do serviço, mostrando suas necessidades e suas perspectivas em relação ao atendimento prestado. Inúmeros problemas do relacionamento entre usuários e serviços de saúde poderiam ser minimizados por meio de um atendimento humanizado e uma escuta qualificada (SELEGHIM et al., 2013). A Pesquisa de Satisfação dos Usuários colabora para a promoção de mudanças dos serviços prestados e, proporciona um canal de acesso para a população demonstrar o que ela realmente pensa e almeja dos serviços de saúde prestados pelo SUS, possibilitando a reflexão de novos comportamentos que se convertam em melhoria no convívio entre os profissionais e os usuários (REIS et al., 2013). Objetivo O objetivo deste estudo consiste em relatar as atividades desenvolvidas no Projeto de Extensão Universitária “Jovens Acolhedores: avaliando a satisfação dos usuários do Hospital Universitário Regional de Maringá”, que está vinculado ao Serviço de Ouvidoria e ao Grupo Técnico de Humanização do Hospital. Materiais e Métodos 100 Trata-se de um relato de experiência da aplicação da pesquisa de Satisfação dos Usuários do Hospital Universitário Regional de Maringá – HUM. O HUM é um hospital de ensino público, vinculado à Universidade Estadual de Maringá - UEM, onde são desenvolvidas atividades de assistência, ensino e pesquisa voltadas a qualidade e a humanização das ações de saúde. Desde junho de 2009 realiza a Pesquisa de Satisfação dos Usuários. Foram utilizados dados de fonte documental. Será descrito como se dá tal pesquisa e serão apresentadas considerações quanto à vivência das participantes, tendo em vista a importância do acolhimento e da escuta qualificada aos usuários. Discussão de Resultados O Projeto Jovens Acolhedores: avaliando a satisfação dos usuários do Hospital Universitário Regional de Maringá tem como objetivo principal o acolhimento e a escuta dos usuários e busca acolher e avaliar a satisfação do usuário nos diversos setores de atendimento do Hospital. Esse processo é realizado por estudantes do curso de Graduação em Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Para a realização da Pesquisa de Satisfação dos Usuários do HUM - PSE são utilizados dois modos avaliativos. O primeiro é o modo espontâneo (autoaplicável), no qual o usuário responde espontaneamente a um questionário e o deposita preenchido em “urnas” de coleta, instaladas no Ambulatório de Especialidades, no Pronto Socorro e na Recepção Social. O segundo modo é a entrevista dirigida, que é obtida por meio da abordagem direta aos usuários e/ou familiares ou acompanhantes nos setores Ambulatório de Especialidades, Clínica Cirúrgica, Clínica Ginecológica e Obstétrica, Clínica Médica, Clínica Pediátrica e Pronto Socorro, utilizando um roteiro para entrevista semiestruturada. O roteiro de entrevista é constituído de uma área destinada à coleta de dados sóciodemográficos do usuário (idade, sexo, escolaridade, cidade de origem e tempo de internação), e outra, denominada parte específica, composta por questões que avaliam a satisfação do usuário com a estrutura e o processo de atendimento dos serviços e ambientes do hospital: recepção, serviço de radiologia, laboratório de análises clínicas/coleta de material para exames; distribuição de alimentos, limpeza e higiene, acomodações e repouso e silêncio; equipes de enfermagem, médica, serviço de social, psicologia, e equipe multiprofissional do Ambulatório de Especialidades, das unidades 101 de Internamento e do Pronto Socorro. No roteiro, há espaços onde o usuário pode registrar sugestões para a melhoria dos serviços, expor suas críticas e queixas, e o entrevistador pode destacar aspectos observados no decorrer do diálogo. A coleta de dados ocorre diariamente.Cada participante do projeto fica responsável por um setor, no qual são realizadas no mínimo três entrevistas por dia. Os resultados são tabulados e apresentados em relatório mensal, enviado à Direção, ao Colegiado Gestor e ao Conselho Local de Saúde do Hospital.A PSE constitui uma ferramenta institucional do Serviço de Ouvidoria, para avaliação contínua da qualidade da assistência prestada. A escuta qualificada realizada é uma forma de acolhimento tanto verbal quanto emocional do paciente e/ou acompanhante. No trabalho desenvolvido preconiza-se uma escuta empática, isto é, ouvir a todos os conteúdos apresentados pelo sujeito sem fazer julgamento algum, de modo a valorizar sua fala como algo legítimo e digno de respeito e atenção (ROGERS, 1987). Conclusão e Considerações Finais Ao utilizar essa ferramenta, há a possibilidade de conhecer como o SUS está acontecendo para o cidadão atendido no HUM, além de informar como os usuários analisam sua permanência neste ambiente hospitalar e, principalmente, disponibilizar aos usuários um meio de verbalizar suas reclamações e/ou elogios com relação ao atendimento. Tudo isso oferece subsídios para que os gestores do Hospital identifiquem possíveis problemas e reavaliem suas ações, serviços e programas, para que o atendimento prestado seja aperfeiçoado, dando suporte para (re)pensar novas práticas. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde. 2a ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. REIS, L. M.; BELENTANI, L.; SILVA, L. F. F.; SELEGHIM, M. R.; BELLASALMA, A. C. M.; OLIVEIRA, M. L. F. Avaliando a satisfação do usuário: a experiência do projeto jovens acolhedores. Revista de Enfermagem UFPE, v.7, p.1-7, 2013. ROGERS, C. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1987. 102 SELEGHIM, M. R.; TOFFOLI, A. L.; BELLASALMA, A. C. M.; OLIVEIRA, M. L. F. Avaliação da satisfação dos usuários e acolhimento em âmbito hospitalar. Revista Universo& Extensão UFPA, v. 1, n. 1, p. 2013. 103 VANTAGENS E DIFICULDADES DA ACREDITAÇÃO HOSPITALAR: A VOZ DOS GESTORES DA QUALIDADE Nadia Raquel Suzini Camillo Enfermeira. Gerente de Enfermagem do Hospital Rural João XXIII, São Jorge do IvaíPr. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR. E-mail: [email protected] João Lucas Campos de Oliveira Enfermeiro. Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel- Pr. Doutorando em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá, Maringá-Pr. E-mail: [email protected] Kelly Cristina Inoue Enfermeira. Doutora em Enfermagem, Docente da Faculdade Ingá e intensivista do Hospital Universitário Regional de Maringá, Maringá-PR. E-mail: [email protected] Laura Misue Matsuda Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR. E-mail :[email protected] Resumo Pesquisa descritivo-exploratória, qualitativa, com o objetivo de apreender as percepções de gestores da qualidade hospitalar quanto às vantagens e dificuldades advindas da Acreditação. Participaram cinco gestores da qualidade de hospitais de cada um dos três níveis de certificação de Acreditação nacional e também, de um hospital cuja certificação foi cancelada. Realizou-se entrevista gravada e norteada pela questão: Conte-me sobre as vantagens e dificuldades de obter e manter a certificação pela Acreditação. Os dados foram transcritos na íntegra e submetidos à análise de conteúdo, modalidade temática. Os resultados foram sistematizados nas categorias referentes às “vantagens” e às “dificuldades” relacionadas à Acreditação. As vantagens advindas da Acreditação se referem à qualidade gerencial e, também, assistencial, com maior segurança do paciente; mas, para que a Acreditação seja implantada e mantida, é preciso superar dificuldades quanto à cultura organizacional e rotatividade de pessoal. Palavras Chave: Acreditação hospitalar; Gestão da qualidade; Enfermagem. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A Acreditação hospitalar tem ganhado visibilidade internacional no que concerne à avaliação externa da qualidade. Trata-se de um processo sistemático e periódico de apreciação dos serviços do hospital à luz de padrões previamente definidos que além da possibilidade de certificação, tem-se traduzido como um sistema de gestão para o desenvolvimento institucional (ONA, 2014; ALVES, 2012). 104 Para aquisição da certificação e manejo do processo de Acreditação, há necessidade de práticas de gestão modernas e inovadoras (ALVES, 2012). Por isso, considera-se importante que estudos sobre a percepção de gestores que lidam diretamente com esse sistema sejam realizados, inclusive no que tange às vantagens e dificuldades relacionadas à Acreditação, a fim de elucidar questões que possam direcionar as suas próprias tomadas de decisão, ou ainda, daqueles que almejam aderir/buscar a certificação. Ante ao exposto, questiona-se: Como gestores da qualidade hospitalar percebem as vantagens e dificuldades advindas da Acreditação? Objetivo Apreender as percepções de gestores da qualidade hospitalar quanto às vantagens e dificuldades advindas da Acreditação. Materiais e Método Pesquisa descritivo-exploratória, qualitativa, realizada no mês de maio de 2014, com gestores da qualidade de quatro hospitais do Sul do Brasil, assim relacionados com a Acreditação nacional: Hospital Acreditado; Acreditado Pleno; Acreditado com Excelência e certificação cancelada. Como critério de inclusão, considerou-se: ser o gestor da Acreditação, ou seja, exercer cargo de responsabilidade à implantação e manejo do sistema na organização hospitalar. Participaram cinco gestores da qualidade hospitalar (GQH1, GQH2,... GQH5), pois no hospital Acreditado Pleno, havia dois gestores responsáveis pelo manejo da Acreditação, enquanto nos demais, essa atribuição era designada a um único gestor. Após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes, realizou-se entrevista semiestruturada pré-agendada, gravada e norteada pela questão: Conte-me sobre as vantagens e dificuldades de obter e manter a certificação pela Acreditação. Os relatos foram transcritos na íntegra e, posteriormente, submetidos à análise de conteúdo, na modalidade temática, respeitando-se as etapas de pré-análise, exploração do material e tratamento dos dados (BARDIN, 2011). Após tratamento analítico, os resultados foram sumarizados nas seguintes categorias: “Vantagens resultantes da Acreditação hospitalar” e “Dificuldades 105 relacionadas à implantação e manutenção da Acreditação hospitalar”, cada qual com duas subcategorias. As exigências éticas e legais vigentes foram cumpridas e esta pesquisa se encontra registrada sob o n.º de CAAE: 28867014.7.0000.0104 e Parecer n.º 691.924/2014 do Comitê Permanente de Ética em Pesquisas Envolvendo Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Discussão de Resultados As vivências e experiências abordadas pelos gestores da qualidade entrevistados neste estudo coadunam com o fato de que a Acreditação hospitalar está embasada em práticas gerenciais dinâmicas e modernas que resultam em vantagens multifacetadas para a instituição (OLIVEIRA, 2014). Todavia, para a implantação e manutenção dessa certificação, algumas dificuldades foram pontuadas pelos participantes. Vantagens resultantes da Acreditação hospitalar A certificação pela Acreditação hospitalar possibilita vantagens diretamente relacionadas com a melhoria da qualidade do gerenciamento, pois favorece a gestão participativa, inovadora e ativa, onde a busca incessante por melhorias contínuas e manutenção de ações bem-sucedidas são primordiais (ALVES, 2012; MANZO et al., 2012). Neste sentido, na subcategoria vantagens à qualidade do gerenciamento, os gestores da qualidade pontuaram: [...] Acho que são as questões do gerenciamento mesmo. A Acreditação facilita o gerenciamento [...] você começa a nortear. Para onde eu quero ir, quando eu quero chegar. Então, essa foi a grande diferença (GQH4). Acredito que a gente [através da Acreditação] consegue ter os processos muito mais mapeados, mais bem definidos (GQH2). Os excertos indicam que as melhorias gerenciais são produto da Acreditação. Para isso, é indispensável que o gerenciamento se paute na padronização das atividades, com minimização de riscos e mapeamento de processos assistenciais (MANZO et al., 2012). Além do planejamento, houve menção de que a Acreditação influencia na satisfação das pessoas: [...] organização dos seus processos [...] Discussão clara do que tem planejamento na instituição. Organização da sua estrutura para a satisfação das necessidades dos seus clientes internos e externos (GQH3). 106 O excerto GQH3 explicita que as vantagens advindas da Acreditação extrapolam as questões administrativo-burocráticas, viabilizando melhorias assistenciais. Esse resultado converge à subcategoria vantagens à qualidade da assistência, com os seguintes relatos: [...] você foca em quem é o interessado: o cliente. O dia que você centraliza o cliente nesses processos de atendimento, tudo se resolve (GQH3). Em relação ao paciente, eu acho que é a soma. Tanto no nível 1, como nos níveis 2 e 3, o foco é sempre o paciente (GQH5). A Acreditação foi apontada também, como um sistema de gestão da qualidade que coaduna para a melhoria do cuidado, com influência sobre a segurança do paciente: Então, assim: eu não vou deixar de errar, eu vou minimizar. Então, saber que por mais que existam dificuldades, a gente ainda tem processos estabelecidos e que a gente sempre almeja a melhoria daquele atendimento para a segurança do paciente, eu acho que essa é a vantagem número um da Acreditação (GQH2). O depoimento de GQH2 denota a segurança do paciente como outra grande vantagem advinda da Acreditação hospitalar. Isso é importante porque, a Acreditação, intenta promover melhorias em todos os setores do atendimento à saúde. De modo geral, percebe-se que as vantagens advindas da Acreditação se relacionam ao gerenciamento hospitalar, mas se à assistência. Para que isso seja possível, certamente é necessário trabalho árduo, já que existem potenciais dificuldades, especialmente relacionadas à implantação e manutenção da certificação. Dificuldades relacionadas à implantação e à manutenção da Acreditação hospitalar Especialmente nas etapas de implantação e manutenção da Acreditação, a voz dos gestores sinalizam às dificuldades vivenciadas, principalmente àquelas relacionadas a cultura organizacional e à rotatividade de pessoal. No que concerne à subcategoria dificuldades relacionas à cultura organizacional, os participantes mencionaram: A dificuldade maior é aquela questão de quebrar o paradigma. Tem lá, a questão da cultura. Querendo ou não, você vai ter que quebrar paradigmas [...]. No começo foi muito difícil, mas nós conseguimos (GQH4). Eu acho que o grande desafio da qualidade e da segurança do paciente é você implantar a cultura da qualidade na organização [...]. A implantação da cultura, eu acho que é o maior desafio (GQH2). A questão da cultura organizacional como um problema de gestão pode ser intensificada no contexto dos hospitais, já que a peculiaridade do serviço e as heranças 107 históricas, desfavoráveis às mudanças, influenciam negativamente na mudança de cultura. Outra dificuldade elencada à manutenção da Acreditação deu origem à subcategoria dificuldades relacionadas à rotatividade de pessoal: Nós estamos com muita dificuldade [para manter o processo de Acreditação] de mãode-obra. Você prepara para o mercado hoje e amanhã, você não tem mais o profissional para atender com qualidade e segurança (GQH4). Então, essa rotatividade dos colaboradores, de ter que treinar sempre, me desgasta muito e encarece o processo trabalho (GQH2). A rotatividade de pessoal (ou turn over) é um importante indicador de gestão da qualidade e que se alia ao aumento de custos devido à necessidade de treinamento de novos trabalhadores (GABRIEL et al., 2011). Especialmente na área da enfermagem, a rotatividade de pessoal pode influenciar negativamente na segurança e na qualidade da assistência porque, a enfermagem atua no cuidado direto ao paciente e, perfaz o maior contingente de trabalhadores dos hospitais. Conclusão e Considerações Finais Constatou-se que as vantagens advindas da Acreditação se referem à qualidade gerencial e, também, assistencial, inclusive com possibilidade de melhorias na segurança do paciente. Contudo, para que a Acreditação seja implantada e mantida, torna-se necessário superar dificuldades referentes à cultura organizacional e à rotatividade de pessoal. O fato de este estudo ter foco na percepção de gestores da qualidade, pode impulsionar a implantação da Acreditação, já que estes são os responsáveis em manejar o processo. Apesar disso, limitações relacionadas ao recorte transversal e entrevistas pontuais foram evidenciadas, sinalizando à necessidade de novas investigações com participantes de diversas localidades e outros objetos de estudo, como por exemplo, a mensuração do impacto da Acreditação na qualidade do atendimento e na segurança do paciente. Referências ALVES, V. L. S. Gestão da qualidade: ferramentas utilizadas no contexto contemporâneo da saúde. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2012. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011. 108 GABRIEL, C. L.; MELO, M. R. A. C.; ROCHA, F. L. R.; BERNARDES, A.; MIGUELACI, T.; SILVA, M. L. P. Utilização de indicadores de desempenho em serviço de enfermagem de hospital público. Rev. Latino-Am. Enferm., Ribeirão Preto, v. 19, n. 5, 9 telas, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n5/pt_24.pdf>. Acesso em: 15 set. 2014. MANZO, B. F.; BRITO, M. J. M.; CORRÊA, A. R. Implications of hospital accreditation on the everyday lives of health care professionals. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 46, n. 2, p. 388-394, 2012. OLIVEIRA, J.L.C. Compreendendo a acreditação hospitalar na perspectiva de gestores e de trabalhadores. 2014. 117 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)– Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Drª. Laura Misue Matsuda. Maringá, 2014. ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO. Manual das organizações prestadoras de serviços de saúde. Brasília, DF, 2014. 109 ATUAÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM NO BANCO DE LEITE HUMANO (BLH) DO HUM Andressa Hirata Cervilheri Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Deise Serafim Enfermeira. Professora doutora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] Christyna Beatriz Genovez Tavares Enfermeira. Coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Universitário de Maringá. E-mail: [email protected] Bruna Rodrigues Souza Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Letícia Yatsuda Bernardo Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Sueli Mutsumi Tsukuda Ichisato Enfermeira. Professora doutora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá, coordenadora do projeto de extensão Acadêmicos de Enfermagem no Banco de Leite Humano. E-mail: [email protected] Resumo O Banco de Leite Humano é um centro de lactação ligado a um hospital de atenção materna e infantil, especializado em promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, sendo também responsável pela execução de coleta da produção lática da nutriz, seleção, classificação, processamento e controle de qualidade do leite humano, para posterior distribuição sob prescrição médica ou de nutricionista. O projeto de extensão “Atuação do Acadêmico de Enfermagem no Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM)” possibilita a participação dos acadêmicos nas atividades de enfermagem desenvolvidas no BLH, conferindo-lhes maior experiência prática e vivências, levando ao aprimoramento na formação profissional nesta área. O presente relato de experiência tem como proposta descrever as atividades desenvolvidas no BLH do HUM por acadêmicas de enfermagem, da Universidade Estadual de Maringá, nos oito anos de existência do projeto. Atuaram 45 acadêmicas do curso de enfermagem, tendo sido 11 bolsistas, às quais são atribuídas o desenvolvimento de pesquisa na área e apresentação dos resultados em eventos científicos. As demais atividades estão relacionadas a orientações sobre os benefícios do leite materno e ao manejo da lactação. O projeto capacita as acadêmicas a atuarem de forma segura e com conhecimento no manejo do aleitamento materno e nos problemas 110 da lactação, bem como possibilita o desenvolvimento de habilidades de comunicação com a nutriz, que implica em acolher e ajudar, contribuindo com o sucesso da amamentação. Além disso, vivenciam o funcionamento de um banco de leite humano e o trabalho em equipe multiprofissional. Palavras Chave: Banco de Leite Humano; Amamentação; Enfermagem. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos de vida Introdução O projeto de extensão “Atuação do Acadêmico de Enfermagem no Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM)” possibilita o aprimoramento na formação profissional no manejo clínico da amamentação e funcionamento de bancos de leite humano (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008). Objetivo Divulgar as atividades desenvolvidas no BLH do HUM por acadêmicas de enfermagem, da Universidade Estadual de Maringá, nos oito anos de existência do projeto. Materiais e Métodos Trata-se de um relato de experiência no período de oito anos de existência do projeto. Discussão de Resultados Atuaram 45 acadêmicas do curso de enfermagem, tendo sido 11 bolsistas. As bolsistas têm atribuição de desenvolver pesquisa na área e apresentar os resultados em eventos científicos obtendo publicações de resumos e artigos. Com a finalidade de capacitação básica para iniciar as atividades de orientação e assistência à clientela alvo, as estudantes realizam o curso de Manejo Clínico da Lactação, com duração de 20 horas. Com este conhecimento, iniciam as atividades no alojamento conjunto da unidade de ginecologia e obstetrícia do HUM que segue a rotina da IHAC - Iniciativa Hospital Amigo da Criança (OMS, 2001): informações sobre os benefícios do leite materno e o manejo da lactação. Ensinam a técnica do copinho para as mães impossibilitadas de amamentar. As orientações são oferecidas a grupo de gestantes e 111 puérperas do alojamento conjunto ou, individualmente, onde são esclarecidas as dúvidas e entregues folders informativos. É realizado o exame clínico das mamas para avaliar o tipo de mamilo, a presença de lesões e ingurgitamento. É demonstrada a técnica de ordenha manual. São atendidas, também, mães de bebês internados em UTI-Neonatal ou UTI-Pediátrica. Foram assistidas 551 mães e seus bebês. Recebem atendimento mães que tiveram bebês em outros serviços e estão com dificuldades no aleitamento materno. O total destes atendimentos foi de 327. As acadêmicas aprendem a orientar o manejo da lactação e atuar na resolução de problemas de forma prática e integrada com uma equipe multiprofissional (médico, fonoaudióloga, enfermeiras, técnicas de enfermagem, psicóloga e nutricionista). A assistência de enfermagem é desenvolvida por meio da escuta qualificada, do apoio e conforto às mães e familiares, sob a supervisão da coordenadora do projeto, bem como das funcionárias do setor (JUNGES et al., 2010). As acadêmicas do projeto aprendem a rotina da pasteurização do leite materno, desde o recebimento do leite das doadoras externas, acondicionamento e posterior processo de qualificação e pasteurização do leite materno. Preenchem as fichas de cadastro de doadoras, fazem ligações telefônicas para as doadoras cadastradas para confirmar a visita domiciliar e acompanham as profissionais de enfermagem do BLH nas visitas domiciliares. A assistência oferecida no domicílio qualifica o leite recebido, pois as doadoras recebem orientações de higiene do ambiente e da geladeira. É explicada a ordenha, utilizando o kit de higiene (touca, máscara, frasco esterilizado, folder explicativo e etiqueta de identificação), o transporte e o armazenamento adequado do leite ordenhado. As alunas incentivam a amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida da criança. Quando ocorre excesso na produção do leite materno, as mesmas são incentivadas a doar o leite excedente. Conclusão e Considerações Finais A atuação no projeto capacita as acadêmicas a atuarem de forma mais segura e com conhecimento no manejo do aleitamento materno e nos problemas frequentes da lactação. Possibilita o desenvolvimento de habilidades de comunicação com a nutriz, auxiliando-a na tomada de decisões com maior confiança contribuindo, assim, com o sucesso da amamentação. E, ainda, vivenciam todo o funcionamento de um banco de leite humano e o trabalho em equipe multiprofissional. Pode-se afirmar, ainda, que a vivência adquirida propicia melhor compreensão da importância da assistência 112 educativa em alojamento conjunto e da rotina de hospital amigo da criança para favorecer a prática da amamentação. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 171, de 04 de setembro de 2006. Dispõe sobre o regulamento técnico para o funcionamento de bancos de leite humano. Brasília, DF, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Banco de leite humano: funcionamento, prevenção e controle de riscos. Brasília, DF, 2008. JUNGES, C. F.; RESSEL, L. B.; BUDÓ, M. L. D.; PADOIN, S. M. M.; HOFFMANN, I. C.; SEHNEM, G. D. Percepções de puérperas quanto aos fatores que influenciam o aleitamento materno. Rev Gaúcha Enferm., v. 31, n. 2, p. 343-350, 2010. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Evidências científicas dos dez passos para o sucesso no aleitamento materno. Brasília, DF: OMS/CHD/98.9, 2001. 113 A VISITA DOMILIAR COMO INSTRUMENTO PARA INTEGRAR FAMÍLIA E O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Carolina Dominique Dos Santos Enfermeira. Pós-graduada em Saúde Mental. Prefeitura Municipal de Mauá da Serra, Mauá da Serra (PR), Brasil. E-mail:[email protected] Célia Maria Gomes Labegalini Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (PSE/UEM), Maringá (PR), Brasil. E-mail: [email protected] David Roberto do Carmo Enfermeiro. Professor da Universidade Estadual de Londrina (PR), Brasil. E-mail: [email protected] Resumo O objetivo desse trabalho foi compreender a visita domiciliar como instrumento para integrar a família ao Centro de Atenção Psicossocial. Trata-se de um estudo bibliográfico de publicações da equipe multidisciplinar sobre essa temática, utilizando as bases de dados do LILACS, Scielo, Bireme e MEDLINE. A visita domiciliar/busca ativa representa um instrumento que permite ao familiar um maior entendimento sobre a patologia e formas de lidar com o seu ente doente, favorecendo assim um vínculo entre o serviço e a família, melhorando a autonomia, reinserção e reintegração social desse portador de transtorno mental. Palavras Chave: Saúde Mental; Núcleo Familiar; Equipe Multidisciplinar. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução No Brasil, as lutas por uma abertura política e pela saúde pública de acesso universal caminharam juntas, em busca de uma assistência psiquiátrica mais humana, voltadas para a melhoria da qualidade de vida, por redes afetivas e sociais. Na saúde mental, essa luta deu origem à chamada Reforma Psiquiátrica, impulsionada pelo Movimento da Luta Antimanicomial (CAVALCANTI, 2008). A Reforma Psiquiátrica é processo muito complexo que envolve o setor político e social, e é composta de diferentes organizações, que incidem em territórios diferentes nos governos federal, estaduais e municipais, nas universidades, nas associações de pessoas com transtorno mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública. Sendo um conjunto de transformações práticas, saberes, valores culturais e sociais; é no cotidiano das 114 instituições, dos serviços e das relações interpessoais que ela avança, marcada por impasses, tensões, conflitos e desafios (BRASIL, 2005). A visão e o cuidado para a assistência psiquiátrica estão sendo modificados, pois o modelo tradicionalmente hospitalocêntrico, vem sendo trocado por serviços que prestam atendimento ao indivíduo nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), bem como na família e sociedade, e com isso, os profissionais vem aderindo uma postura tecno-política constante, a qual envolve a participação da comunidade. Para isso, deveria haver maior envolvimento e compreensão das pessoas e das famílias, para que juntos, busquem uma melhor qualidade de vida do paciente (SILVA; LIPPI; PINTO, 2005). Os CAPS têm como função a articulação da política de saúde mental num determinado espaço e a organização da rede de atenção às pessoas com transtornos psíquicos, dando um atendimento de regime de atenção diária e promovendo a inserção social desses usuários por intermédio de ações intersetoriais (CAVALCANTI, 2008). A participação dos usuários e de seus familiares não se dá, somente nas instâncias previstas pelas estruturas do SUS, mas sim, no cotidiano desses serviços, nos movimentos sociais, na luta pela sociedade sem manicômios. Com isso, os usuários e familiares vêm conseguindo garantir seus direitos, apoiando-se mutuamente e alterando as políticas públicas e a terrível cultura, a qual ainda considera que deve ocorrer a exclusão desses indivíduos na sociedade. O grande desafio da Reforma Psiquiátrica é construir um novo lugar social para esses excluídos, que ainda são taxados de “loucos” (BRASIL, 2005). Objetivo Compreender a visita domiciliar como instrumento para integrar a família ao Centro de Atenção Psicossocial. Materiais e Métodos Neste trabalho utilizou-se a modalidade de pesquisa bibliográfica, que foi definida a partir de referências teóricas publicadas em documentos. A qual procura conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existente sobre determinado assunto, tema ou problema (CERVO; BERVIAN, 1983). Utilizou-se a base de dados LILACS (Literatura Latino Americana de Ciências da Saúde), Scielo e 115 Medline, que se encontram disponíveis na rede da Biblioteca Setorial do Centro de Ciências de Saúde, para a busca do material analisado. Através das palavras chaves Saúde Mental; Equipe Multidisciplinar e Núcleo Familiar, encontrou-se 8.173 publicações, onde 25 artigos foram utilizados, devido os seguintes critérios: idioma português, com publicações dos últimos 10 anos, compreendendo o ano de 2000 a 2010, e referentes ao CAPS. O material analisado foi analisado através da abordagem qualitativa. Os trabalhos foram agrupados pelos significados manifestos sobre as estratégias de inserção familiar. Os dados foram analisados através da Análise de Conteúdo Temática pela sua proposta de organização para estruturação do conteúdo pautado em três polos cronológicos: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados (BARDIN, 2002). Discussão de Resultados A visita domiciliar é considerada uma medida de intervenção de saúde, que averigua o objeto dos problemas e as necessidades de saúde de um núcleo familiar, com a ajuda de uma equipe multidisciplinar que coloca em pauta o aprimoramento de escolhas saudáveis e cabíveis (BRASIL, 2007). A visita domiciliar vem para promover a participação familiar no conjunto com a equipe multidisciplinar. Com essa atividade é possível que a equipe conheça a dinâmica familiar e compreenda o relacionamento desse meio, salientando também um vínculo entre a família e a equipe, em busca de um melhor tratamento para esse paciente (BRASIL, 2007). Esse tipo de assistência ressalta a importância de direcionar uma pessoa da família à compreensão das experiências relacionadas ao sofrimento mental, às ações de prevenção e cura (SAIDEL et al., 2007). A visita domiciliar é uma prática assistencial, a qual se define em um cuidado mais perspicaz com a família e o usuário, pois propicia o acolhimento no meio no qual habitam. Mostra o quanto importante é, pois nos dá modos alternativos nos cuidados, através da real visão que esses usuários e familiares necessitam (SAIDEL et al., 2007). O cenário domiciliar permite uma assistência diferenciada, atendendo todo o núcleo familiar, não somente o doente. Salientando que a doença não atinge somente o individuo, mas todos aqueles que os rodeiam, pois estão no mesmo convívio diário (SAIDEL et al., 2007). 116 Por ser uma atividade que envolve uma equipe multidisciplinar, facilita a identificação de quais famílias estão ou não participando das atividades que o CAPS fornece quais são as maiores dificuldades que elas têm no cuidado com o seu familiar com psicopatologia, com isso ocorre à aproximação entre a família e o núcleo familiar facilitando um cuidado adequado para o paciente, através da fundamentação na realidade experimentada (BRASIL, 2007; SAIDEL et al., 2007). O atendimento prestado por essa equipe consiste nas ações que visam a melhora da qualidade de vida do paciente e de sua família como um todo, de forma a colaborar com esse portador afim de coloca-lo na reintegração social, diminuir ou eliminar os surtos e tornar esse núcleo familiar mais participativo, sempre cooperando e colaborando com o mesmo e com os profissionais de saúde (CAVALCANTI, 2008). A inserção no domicílio faz com que os profissionais utilizem a humildade, respeito, criatividade e paciência, pois é uma estratégia que exige atenção que abre espaço para o acolhimento, cuidado eficaz e humanizado, relacionamento terapêutico e aceitação da família (6). Através da visita domiciliar, ocorre a possibilidade da equipe compreender e intervir no cuidado desse individuo doente. Tendo um modo de intervir preservando a vida de cada um dessa família, com a finalidade de aumentar as possibilidades de acordo com o meio em que vivem, para que sua potencialidade fique mais eficaz (6). A família sente que nesse serviço ocorre comprometimento, acolhimento das necessidades e responsabilidade por parte da equipe que ultrapassa a estrutura física das práticas assistenciais. Para a equipe, esse modo de trabalho faz com que veja se esse núcleo familiar está distante do serviço, com alguma dificuldade com relação ao cuidado ou até mesmo sem ela tem horário que não possibilita a sua ida ao CAPS (14). Esse modo da prática assistencial é importante porque une a equipe multidisciplinar, a comunidade e a família fazendo fluir as ideias desse serviço (19). Essa estratégia auxilia essa família, retirando suas dúvidas sobre o medicamento ou da patologia do seu portador. Sendo necessário enquadra lá para ser tratada, expondo suas dificuldades, anseios, medos, angústias e ansiedades, realizando um acolhimento. Salientando também a constituição da família, a sua interação, comunicação e relacionamento, para que seja elaborado um plano de cuidados específico, e de acordo com a necessidade dela (9). Porém, devemos colocar a responsabilidade nessa família, pois durante os dias de trabalho do CAPS haverá dias em que não será possível a ocorrência de visita 117 domiciliar, com isso, essa família tem que estar ciente que ela tem responsabilidade com esse doente (16). Vimos que através da visita domiciliar e busca ativa, temos uma visão real desse ambiente familiar, vemos quais são suas dificuldades, relacionamento, o histórico familiar, podendo intervir de modo mais eficaz, tirando seus mitos e estigmas, fazendo com que eles se sintam importantes e com isso possam colaborar mais e melhorar o tratamento do portador de psicopatologia. Conclusão e Considerações Finais A visita domiciliar é um instrumento que aproxima a equipe multiprofissional de saúde as famílias dos usuários do CAPS, pois permite compreender mais profundamente as relações e a organização daquele núcleo familiar, dessa forma promove o vínculo entre família e o serviço, e os benefícios refletem no cuidado do paciente. Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política nacional de Promoção da Saúde. 2. ed. Série Pactos pela Saúde 2006, v.7, Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2007. 52p. BRASIL. Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no Brasil. In: Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas, nov. 2005. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005. p. 1-56. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_15_anos_caracas.pdf>. Acesso em: 02 maio 2015. CAVALCANTI, M. T. A. Reforma Psiquiátrica brasileira: ajudando a construir e fortalecer o Sistema Único de Saúde. Cad. Saúde Pública, v. 24, n. 9, p. 1962-1963, 2008. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia cientifica: para uso dos estudantes universitários. 3. ed. São Paulo: MC Graw-Hill do Brasil, 1983. SILVA, V. A.; LIPPI, P. C. M.; PINTO, C. J. M. Doença mental: dificuldades enfrentadas pela família e o familiar - cuidador. 2008. Disponível em: <http://74.125.93.132/search?q=cache:s9kOJzQ7U7YJ:www.seufuturonapratica. com.br/intellectus/PDF/02_ART_Enfermagem.pdf+DOEN%C3%87A+MENTAL+(LI NO,1997)&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 02 maio 2015. 118 SAIDEL, M. G. B.; TOLEDO, V. P.; AMARAL, G. R.; DURAN, E. C. M. O enfermeiro psiquiátrico numa instituição estatal: estudo exploratório descritivo. Rev. Gaúcha de Enfermagem, v. 28, n. 2, p. 200-206, 2007. 119 DO DIAGNÓSTICO AO DESCONHECIDO: PERCEPÇÕES DOS FAMILIARES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS Rafael Rodrigo Da Silva Pimentel Acadêmico do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá UniCesumar. E-mail: [email protected] Thaise Targa Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário de Maringá - UniCesumar. E-mail: [email protected] Leandro Mocci Do Nascimento Acadêmico do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá UniCesumar. E-mail: [email protected] Marcia Glaciela Da Cruz Scardoelli Mestre em Enfermagem, Docente no curso de Enfermagem do Centro Universitário de Maringá - UniCesumar. E-mail: [email protected] Resumo O Diabetes mellitus tipo 1 é uma doença crônica que afeta milhares de pessoas em todo o mundo, principalmente jovens e crianças. A presença da doença crônica na criança gera na família profundas transformações no contexto social e familiar, fazendo com que essas famílias, muitas vezes, modifiquem seus hábitos e costumes. Esta pesquisa é do tipo exploratório descritiva de natureza qualitativa, cujo objetivo foi compreender a vivência da família de criança e adolescente com diabetes mellitus. Participaram desse estudo onze familiares de crianças e adolescentes portadoras de diabetes mellitus, sendo todas pertencentes à Associação de Diabéticos de Maringá (ADIM). Os dados foram coletados em setembro de 2012, por meio de um questionário semi estruturado. Da análise temática dos dados emergiram duas categorias temáticas: Vivenciando o diagnóstico; Sendo transformado pela doença. Constatamos que o diagnóstico é um momento que gera desespero, sofrimento e ansiedade, e após a sua vivência, a vida se transforma, tendo a família que se adaptar a lidar com seus incômodos físicos, emocionais e sociais. Palavras Chave: Diabetes mellitus; Enfermagem; Família. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A incidência do diabetes mellitus do tipo 1 é de aproximadamente 0,5 casos novos para cada 100.000 habitantes por ano, sendo as crianças, os adolescentes e os 120 adultos jovens os principais acometidos, e a maior idade de ocorrência acontece na adolescência. Vários estudos apontam que a principal incidência mundial do diabetes mellitus do tipo 1 está em crianças menores que 5 anos de idade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2012). O diabetes mellitus do tipo 1 (DM1) é uma doença de cunho metabólico autoimune e multifatorial, que provoca o excesso de glicose no sangue, podendo ocasionar complicações ópticas, vasculares, renais e neurológicas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2012). O apoio social, as relações familiares e a confiança depositada nos profissionais da saúde influenciam no autocuidado e no autocontrole, melhorando a adesão ao tratamento e o controle glicêmico (NASCIMENTO et al., 2011). A doença requer cuidados especiais e exige do paciente comportamento disciplinar, obediência na terapêutica e conhecimento de tudo que envolva o tratamento (RUBIN; AZZOLIN; MULLER, 2011). Quando a doença afeta a criança ou o adolescente o abalo que essa notícia provoca na família, na maioria das vezes, pode ser muito maior, já que é na criança que projetam muitos dos seus sonhos e suas expectativas (MARCON et al., 2007). Diante desse quadro, a assistência às crianças/adolescentes e seus familiares devem visar o viver saudável, indo além do conhecimento sobre as alterações físicas e psíquicas do diabetes, sendo de extrema importância compreender as experiências construídas por essas pessoas no processo de viver com a doença (FRAGOSO et al., 2010). Objetivo Compreender a vivência da família de criança e adolescente com diabetes mellitus. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo tipo exploratório descritivo de natureza qualitativa. Fizeram parte deste estudo onze familiares de crianças e adolescentes que possuem o diagnóstico de Diabetes mellitus tipo 1 (DM1). A idade das crianças e adolescentes variou de 5 a 17 anos. Adotou-se como critério de inclusão: ser da família de criança/adolescente com DM1; ter idade igual ou superior a 18 anos; estar consciente e orientado no tempo e espaço; independente das funções que exerça; do nível social; da 121 escolaridade e que aceitaram livre e espontaneamente a participar da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Essas famílias foram localizadas através do cadastro de seus filhos na Associação dos Diabéticos de Maringá e Região (ADIM), após a autorização do mesmo. O primeiro contato do pesquisador com os sujeitos da pesquisa foi por telefone, no qual foi falado sobre os objetivos da pesquisa e mediante a aceitação foi marcado um encontro no domicílio ou em local de preferência da família. A coleta de dados correu no período de setembro de 2012. Para obtenção dos dados foi utilizada uma entrevista semiestrutura e um diário de campo. Essas entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas na integra para análise dos dados. Após a coleta de dados, passamos a sua exploração utilizando à análise de conteúdo, modalidade temática proposta por Minayo, sendo identificadas duas categorias temáticas: Vivenciando o diagnóstico; Sendo transformado pela doença. A pesquisa foi submetida à avaliação e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do Cesumar (CEP) conforme parecer nº75645/2012, atendendo a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Os familiares que fizeram parte deste estudo, foram identificados por codinomes de sentimentos que vivenciamos durante as entrevistas: Preocupação, Superação, Serenidade, Aceitação, Apego, Esperança, Carinho, Amor, Afetuosa, Cumplicidade e Dedicação. Discussão de Resultados Dessa maneira, os sujeitos dessa investigação foram constituídos por onze familiares, das quais nove foram representados pelas mães das crianças/adolescentes e apenas dois foram representados pelos pais. Observou-se que os familiares tem idade compreendida entre 33 a 46 anos, sendo todos casados, com um bom grau de instrução. Vivenciando o diagnóstico Nos depoimentos pode-se perceber a vivência dos primeiros sinais da doença, antes do diagnóstico médico, nos quais os familiares relataram que o filho apresentava sede insaciável, não controle da urina e emagrecimento súbito: [...] onde foi que ela emagreceu tanto que as perninhas dela era grossa assim e ela emagreceu quase 5 quilos [...] (Apego); Então aconteceu assim, o G. começo a fazer muito xixi na cama, aí eu pensava que isso não é normal [...] (Amor) 122 Na fala de Superação, pode-se evidenciar esse divisor de águas já que após a descoberta a família procurou se reestruturar para, prioritariamente, atender as necessidades do membro doente: [...] ele (pai) dividiu por fotos, porque ele vê fotos e diz “a aqui ela não era doente e nessa ela já ficou doente” e até hoje ele sofre muito e ele ainda precisa de tratamento e até hoje ele sofre muito. (Superação) A maioria dos familiares descreveu o momento do diagnóstico como o mais difícil de suas vidas: Aí o mundo desaba você não ta vendo mais nada e já manda você procura nutricionista, marca uma endócrino pediátrica, já manda fazer exercício, aquela coisa toda [...] (Carinho) Outro ponto merecedor de destaque é o papel dos profissionais de saúde no momento do diagnóstico da doença, o prognóstico exacerbado, ou seja, a ênfase exagerada nos sinais e sequelas, bem como na sobrecarga de responsabilidades aos familiares, evidenciados no depoimento de Dedicação: [...] e as próprias enfermeira falavam “ai porque tem que se adaptar e é assim pra sempre”, a médica também apavorou muito falou que eu tinha que me preparar para o pior, assim me acabou e eu pensei “pronto ta morrendo”. (Dedicação) Sendo transformado pela doença As famílias de criança sem condição crônica têm o cotidiano alterado a partir do estabelecimento do diagnóstico. Após esse impacto, uma das primeiras preocupações da família é saber como será o futuro da criança: Então você muda todo a sua vida de um minuto pro outro e isso é muito difícil né, e é uma coisa pro resto da vida porque você sabe que você vai ter que lidar com aquilo pro resto da vida. (Afetuosa) A diabetes pode ser vista como um estressor que afeta o desenvolvimento normal da criança e do adolescente e também atinge as relações sociais dentro do sistema familiar. A rotina da família muda com constantes visitas ao médico, medicações e hospitalizações: Mudança radical, quer queira, quer não, muda muito. (Dedicação) Dentre as adequações que a família tem que realizar, nesse estudo, a alimentação é citada pela pluralidade dos familiares como a mais radical: Ah foi total né, porque de repente a gente teve que mudar toda a alimentação e junto com ela (filha), como era no começo, a gente mudo todos os nossos hábitos, a gente não tinha mais refrigerante em casa [...] (Serenidade). 123 Umas das exigências que causam sentimentos de aflição, medo e sofrimento aos pais das crianças é a aplicação da insulina. A maioria dos familiares, descreveram esse momento como difícil no tratamento da DM1: No inicio quando foi pra eu aplicar a insulina eu ficava meu Deus, eu não vou conseguir, eu chorava que eu não queria fazer isso, a minha filha era um bebê, meu marido até hoje, ele não mede, ele não aplica, ele acompanha ela mais não faz não e se eu não to em casa tem que faze uma aplicação ele me liga pra eu fazer, ele não faz de jeito nenhum, então essa responsabilidade foi tudo em cima de mim. (Apego) Toda essa superação é um esforço que parte das crianças/adolescentes e seus familiares, e infelizmente os profissionais de saúde não são parte dessa vitória. Essa dificuldade que os familiares enfrentam fica explicito na fala de Afetuosa: Eu sinto que aqui em Maringá, falta muito esclarecimento em relação a diabetes, falta muito apoio aos familiares das crianças diabéticas, falta movimentos, falta união entre essas pessoas sabe?! (Afetuosa) Conclusão e Considerações Finais Conclui-se que o envolvimento de familiares e pessoas próximas influencia o controle e prevenção da doença, seja de forma positiva ou negativa. Os próprios familiares evidenciaram o quanto o surgimento de uma doença como a DM1 pode originar sentimentos diversos, mas que na grande maioria das vezes geram esperança de cura. E que o momento inicial, a descoberta da doença, interfere consideravelmente no modo de vida da família e do próprio diabético. Assim, torna-se fundamental a abordagem inicial dos profissionais de saúde, à criança e ao adolescente diabético, bem como aos seus familiares, principalmente os enfermeiros, que historicamente, são os profissionais que estão próximo das famílias e a realidade que esses estão inseridos. Referências FRAGOSO, L. V.C. et al. Vivencias cotidianas de adolescentes com diabetes mellitus tipo 1. Texto e Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 19, n. 3, p. 443-51, 2010. MARCON, S.S. et al. Dificuldades e conflitos enfrentados pela família no cuidado cotidiano a uma criança com doença crônica. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 6, n. 2, p. 411-9, 2007. NASCIMENTO, L.C.et al. Diabetes mellitus tipo 1: evidências da literatura para o seu manejo adequado, na perspectiva das crianças. Revista da Escola de Enfermagem da USP, Ribeirão Preto, v.45, n. 3, p.764-9, 2011. 124 RUBIN, O.; AZZOLIN, K; MULLER, S. Adesão ao tratamento de Diabetes Mellitus tipo 1 atendidos em um programa especializado em Porto Alegre*. Medicina, v. 44, n. 4, p. 367-76, 2011. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABESTES. Diagnóstico e tratamento do diabetes do tipo 1: atualização 2012. Posicionamento oficial da SBD n° 1 - 2012, São Paulo, 2012, 32 p. 125 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA REDE MÃE PARANAENSE Fernanda de Castro Pereira Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) E-mail: [email protected] Maria Aparecida Baggio Doutora em Enfermagem. Docente do Ensino Superior da Unioeste. E-mail: [email protected] Ana Tereza Bittencourt Guimarães Doutora em Ecologia e Recursos Naturais. Docente do Ensino Superior da Unioeste. E-mail: [email protected] Claudia Silveira Viera Doutora em Enfermagem. Docente do Ensino Superior da Unioste. E-mail: [email protected] Sebastião Caldeira Doutor em Enfermagem. Docente do Ensino Superior da Unioste. E-mail: [email protected] Ana Paula Pereira Moreira Acadêmica de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail: [email protected] Resumo Estudo descritivo, retrospectivo, com objetivo de analisar o processo de implantação e desenvolvimento do Programa Rede Mãe Paranaense referente à estratificação de risco da gestante, na 10ª Regional de Saúde do Estado do Paraná, no período de 2012 a 2013. As variáveis quantitativas (avaliadas por municípios) foram descritas quanto às suas estatísticas descritivas (média, mínimo, máximo, desvio padrão). Para as análises estatísticas estabeleceu-se um nível de significância de 0,05. Os testes foram realizados no programa XLStat (Addinsoft, 2014). Identificou-se que, em média, 66% das gestantes iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre, ocorrendo, em média, 3,6 consultas obstétricas por gestante. Referente à cobertura de pré-natal, 18 (72%) municípios apresentaram menos de 70% das gestantes com sete consultas obstétricas ou mais. Referente à quantidade de consultas odontológicas e de gestantes imunizadas, não se evidencia nenhum registro, em nenhum período (ano). A identificação de classificação de risco das gestantes e a vinculação ao serviço de saúde para o parto não foram evidenciadas no período do estudo. Quanto à existência comitê de análise dos óbitos maternos, dentre os 25 municípios da 10ª Regional de Saúde do Paraná, há Comitê de óbitos em Cascavel, contudo cada município procede a investigação das causas de óbitos, respectivamente. Conclui-se que os índices de adesão às estratégias em saúde não estão em conformidade ao que recomendam a Organização Mundial de Saúde, o Ministério da Saúde, no Brasil e, principalmente o Programa Rede Mãe Paranaense, no Paraná, Brasil, para garantir qualidade na assistência à gestante e ao feto. 126 Palavras Chave: Assistência Pré-natal; Mortalidade Materna; Atenção Primária à Saúde. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos de vida. Introdução O pré-natal efetiva-se pelo acompanhamento periódico e sistemático da gestante e do bebê, desde a confirmação da gravidez, até momentos antes do nascimento da criança. No estado do Paraná, a saúde da mulher e a saúde da criança são assistidas de maneira conjunta a partir do Programa Rede Mãe Paranaense, fundamentado a partir dos programas Rede Cegonha, do Ministério da Saúde e Mãe Curitibana, do município de Curitiba, os quais serviram de modelo para um novo Programa de abrangência estadual, denominado Rede Mãe Paranaense. Rede Mãe Paranaense é um programa que visa à implantação de ações e atenção materno-infantil, que tem como base a análise dos indicadores de mortalidade infantil e materna, que apresentam atualmente uma diminuição lenta e desigual. É um programa definido como prioritário, que abrange 339 municípios do Paraná. Propõe a vinculação das gestantes a um serviço de parto solidário, que ofereça segurança e encaminhamentos necessários para as gestantes e as crianças, conforme classificação de risco (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ, 2012). Objetivo Analisar o processo de implantação e desenvolvimento do Programa Rede Mãe Paranaense referente à estratificação de risco da gestante, na 10ª Regional de Saúde do Estado do Paraná, no período de 2012 a 2013. Materiais e Métodos O estudo foi do tipo descritivo, retrospectivo. A pesquisa foi desenvolvida na 10ª Regional de Saúde (RS), situada no município de Cascavel, Paraná, a qual comporta 25 municípios. A coleta de dados foi referente aos anos de 2010 a 2013. Para a coleta e registro de dados foi elaborado um instrumento a partir das matrizes do Programa Mãe Paranaense. Esse instrumento é composto dos seguintes indicadores de avaliação: Quantidades de gestantes cadastradas no SIS-Prénatal no município, de gestantes que iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre; de gestantes com sete ou mais consultas obstétricas; Quantidade total de consultas obstétricas por 127 gestante; de gestantes que realizaram consultas odontológicas; de gestantes imunizadas; de gestantes que realizaram teste rápido de gravidez, de sífilis, de HIV, de exames realizados por trimestre gestacional, entre outros. A partir dos dados coletados, as variáveis quantitativas (avaliadas por municípios), foram descritas quanto suas estatísticas descritivas (média, mínimo, máximo, desvio padrão). Para as análises estatísticas foi estabelecido um nível de significância de 0,05, sendo os testes realizados no programa XLStat (Addinsoft, 2014). Discussão de Resultados Sobre as variáveis Quantidade de gestantes, Quantidade de consultas obstétricas, Quantidade de gestantes que iniciaram o pré-natal no 1º trimestre, o registro de tais informações iniciou apenas em 2013, não havendo informações referentes ao período anterior (2010 a 2012). Quanto a variável quantidade de gestantes cadastradas no SIS-Prénatal, no ano de 2013, identifica-se que 58% dos municípios apresentam 7 a 14 gestantes / 1000 hab.; 13% dos municípios apresentam de 14,1 a 17,5 gestantes / 1000 hab.; 30% dos municípios apresentam de 0 a 7 gestantes / 1000 hab. Quanto à consistência dos dados do SIS-Prénatal, o estudo pode apresentar fragilidade, visto que a coleta dos dados aponta possível incongruência entre número de habitantes e número de gestantes cadastradas no sistema. Exemplo disso é o município de Cascavel, PR, que, segundo dados do IBGE (2015), possui uma população superior a 300 mil habitantes, e, no entanto, apresenta cinco gestantes cadastradas no ano de 2013. Ao avaliar a quantidade de gestantes que iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre, em média, 66% das gestantes iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre. Em 52% municípios, mais de 70% das mulheres iniciam o pré-natal no primeiro trimestre. Porém, em 48% municípios, menos de 70% das gestantes iniciam o pré-natal no primeiro trimestre. A atuação das equipes de saúde da atenção básica visa à captação precoce das gestantes de sua área de atuação para início do pré-natal e o monitoramento das gestantes por meio da visita domiciliar, considerando prioritárias àquelas em situações de risco e recorrendo à busca ativa, se necessário (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ, 2012). No entanto, provavelmente a falta de sensibilização das gestantes pelos profissionais de saúde para ingressarem precocemente no serviço, a falta de informação das mães sobre a importância desse atendimento, a busca ativa e 128 captação de gestantes não eficazes ou falta de vínculo entre profissional de saúde e gestante (VILARINHO, NOGUEIRA E NAGAHAMA, 2012) podem justificar o início tardio do pré-natal. Referente ao ano de 2013, quanto à cobertura de pré-natal, 72% municípios apresentaram menos de 70% das gestantes com sete consultas obstétricas ou mais. Identificou-se, em média, 3,6 consultas obstétricas por gestante. Salienta-se que o preconizado pelo Programa Rede Mãe Paranaense totaliza sete consultas. A Organização Mundial da Saúde recomenda que as gestantes realizem, no mínimo, quatro consultas durante o período gestacional (WHO, 2015). No Brasil, o Ministério da Saúde (2012), de acordo com o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento, instituído por meio da Portaria/GM n.569, de 1/6/2000, preconiza a realização de, no mínimo, 6 consultas no pré-natal e uma no puerpério (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). No Estado do Paraná, Brasil, o Programa Rede Mãe Paranaense segue as recomendações do Ministério da Saúde, discriminando que das consultas a serem realizadas, uma deve ocorrer no primeiro trimestre gestacional, duas no segundo trimestre, três no terceiro trimestre e uma no puerpério (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ, 2012). Portanto, conforme o estudo, os dados de cobertura do pré-natal encontrados não estão em consonância com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2015), com os critérios do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento, do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002), nem com o que preconiza o Programa Rede Mãe Paranaense (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ, 2012), sendo também inferiores aos de outras realidades brasileiras (POLGLIANE et al., 2014; VIELLAS et al., 2014; ROCHA, SILVA, 2012). Sobre a variável Quantidade de consultas odontológicas e gestantes imunizadas, não há evidência de registro em nenhum período. Atribui-se a esses achados que, provavelmente não tem ocorrido o adequado registro dessas informações nos sistemas de saúde. Contudo, assevera-se que é a partir dos registros / dados da realidade em saúde de uma determinada população que se determinam as ações e estratégias para promoção da saúde, prevenção de doenças e assistência em saúde (POGLIANE, NETO, ZANDONADE, 2014). Quanto à realização de exames e testes rápidos, responsáveis por detectar precocemente possíveis problemas de saúde da mãe ou do feto, como diabetes, AIDS, sífilis, toxoplasmose, rubéola, hepatite, entre outros, identifica-se baixa porcentagem de 129 mães que realizaram os exames / testes de HIV e sífilis, situação que alega a baixa aplicabilidade desses pelos profissionais de saúde (POGLIANE et al., 2014). Conclusão e Considerações Finais De acordo com o que é preconizado pelo Programa Rede Mãe Paranaense, os municípios da 10ª Regional de Saúde do Estado do Paraná obtiveram resultados insatisfatórios no que diz respeito ao início do pré-natal no primeiro trimestre de gestação, visto que em sua totalidade, não alcançaram nem 70%. Além disso, neste estudo, também foram encontradas fragilidades relacionadas à falta de informações referentes aos dados de quantidade de gestantes imunizadas e quantidade de mulheres que realizaram consultas odontológicas. Considerando os dados que foram obtidos, outros estudos devem ser realizados para que seja possível avaliar as ações de saúde e seus registros, com o objetivo de melhorar a qualidade e as condições de assistência à mulher gestante. Entendemos que as ações em saúde têm melhorado a cada dia, porém, é necessário que os índices de adesão às estratégias em saúde atendam o que recomendam a Organização Mundial de Saúde, o Ministério da Saúde, no Brasil e o Programa Rede Mãe Paranaense, no Paraná, Brasil, para que seja possível garantir uma qualidade na assistência à gestante e ao feto. Referências ANTENATAL CARE. World Health Organization: Global Health Observatory. 2015. Disponível em:<http://www.who.int/gho/maternal_health/reproductive_health/antenatal_care _text/en/>. Acesso em 22 de janeiro de 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento. Humanização no parto. Humanização no Pré-natal e Nascimento. Brasília, DF, 2002. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/parto.pdf>. Acesso em 12 de fevereiro de 2015. POLGLIANE, Rúbia Bastos Soares et al. Adequação do processo de assistência prénatal segundo critérios do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento e da Organização Mundial de Saúde. Ciênc. saúde coletiva, 2014, v. 19, n. 7, pp. 1999 – 2010. POGLIANE, Rúbia Bastos Soares; NETO, Edson Theodoro dos Santos; ZANDONADE, Eliana. Informações dos cartões de gestantes e dos prontuários da atenção básica sobre assistência pré-natal. Rev Bras Ginecol. Obstet. 2014, v.36, n.6, pp. 269-275. 130 ROCHA, Rebeca Silveira; SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da. Assistência pré-natal na rede básica de Fortaleza – CE: uma avaliação da estrutura, do processo e do resultado. Rev Bras Promoç Saúde. 2012, v. 25, n. 3, pp. 344-355. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ. Programa Rede Mãe Paranaense. Linha guia. Paraná, 2012. VIELLAS, Elaine Fernandes, et al. Assistência pré-natal no Brasil. Cad. Saúde Pública. 2014, v.30, supl. 1. VILARINHO, Lílian Machado; NOGUEIRA, Lidya Tolstenko; NAGAHAMA, Elizabeth Eriko Ishida. Avaliação da qualidade da atenção à saúde de adolescentes no pré-natal e puerpério. Esc Anna Nery. 2012, v. 16, n. 02, pp.312-319. 131 TECNOLOGIA EDUCACIONAL IMPRESSA DA PARA COGNIÇÃO DE IDOSOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA Geisieli Maria Sgrignoli Dias Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM) E-mail: [email protected] Rayane Nascimbeni Maldonado Acadêmica do Curso de Enfermagem da UEM. Aluna bolsista do Programa Centro de Referência do Envelhecimento (PROCERE), Maringá (PR), Brasil E-mail [email protected] Iara Sescon Nogueira Enfermeira. PROCERE/UEM, Maringá (PR), Brasil. E-mail: [email protected] Célia Maria Gomes Labegalini Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UEM Maringá (PR), Brasil . E-mail: [email protected] Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Enfermeira. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem UEM Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Lígia Carreira Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da UEM, Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Resumo Este estudo relata a experiência dos acadêmicos de enfermagem durante a elaboração de uma tecnologia educacional impressa para a cognição dos idosos, atendidos pelo projeto de extensão: Assistência domiciliar de Enfermagem às Famílias de Idosos Dependentes de Cuidado (ADEFI) vinculado ao Programa Centro de Referência do Envelhecimento (PROCERE) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). A tecnologia educacional impressa foi desenvolvida no período de janeiro e fevereiro de 2015 pelos integrantes do referido projeto que optaram por desenvolver um folheto composto por exercícios simples de estimulação cognitiva, pautado na questão: “Você sabe como estimular sua memória?”, tendo em vista que esta temática tem sido amplamente discutida por vários estudiosos em diversas áreas da saúde, em especial no envelhecimento ativo, o mesmo foi realizado para ser aplicado na sala de espera de uma Unidade Básica de Saúde localizada no município de Maringá-Paraná. Palavras Chave: Envelhecimento; Tecnologia Educacional; Enfermagem. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. 132 Introdução O envelhecimento populacional é um fato marcante do século XXI e foi resultante das evoluções científica, tecnológica e social que aconteceram no século anterior. O aumento da expectativa de vida é, portanto, um grande desafio para os setores sociais (MENDONÇA et al., 2013; DANTAS et al., 2015). O envelhecer traz novas demandas, sobretudo de cuidado e organização dos serviços de saúde. Nesse sentido, conhecer as necessidades de saúde dos idosos torna-se imprescindível para a gestão e para o cuidado permitindo a promoção da saúde. Nesse contexto, as práticas educativas integram-se aos cuidados de enfermagem, objetivando construir em conjunto saberes relativos ao processo saúde-doença-cuidado (SANTIAGO; LUZ, 2012; BORBA et al., 2012). Afirma-se que as práticas educativas podem fomentar tecnologias educacionais na medida em que os materiais forem elaborados a partir dos resultados concretos das experiências cotidianas e da pesquisa, em conjunto com os conhecimentos científicos, provocando intervenções sobre uma determinada situação prática (TEIXEIRA, 2010). Dessa forma, o uso da tecnologia educacional impressa pode auxiliar na manutenção cognitiva durante o envelhecimento. Objetivo Relatar a experiência dos acadêmicos de enfermagem durante o desenvolvimento de uma tecnologia educacional impressa para a promoção cognitiva dos idosos. Materiais e Métodos Trata-se de um relato de experiência baseado nas atividades de planejamento e elaboração de uma tecnologia educacional impressa para a promoção da memória dos idosos, realizadas por acadêmicos de Enfermagem do projeto “Assistência Domiciliar de Enfermagem às famílias de Idosos Dependentes de Cuidado” (ADEFI), vinculado ao Programa Centro de Envelhecimento (PROCERE) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O projeto ADEFI tem como objetivo assistir aos cuidadores familiares de idosos da área sem cobertura da Estratégia Saúde da Família de uma Unidade Básica de Saúde 133 localizada no município de Maringá-PR, a partir das demandas relativas às condições de vida e dependência dos idosos e é desenvolvido desde 2014. A tecnologia educacional impressa foi desenvolvida, no formato de um folheto, no período de janeiro e fevereiro de 2015 pelos integrantes do referido projeto em cinco encontros, composto de 05 acadêmicos de enfermagem (2 bolsistas), 04 mestrandos em enfermagem, 01 enfermeira e 02 professoras. Realizada para ser aplicada na sala de espera de uma Unidade Básica de Saúde localizada no município de Maringá-Paraná. Discussão de Resultados O desenvolvimento de materiais educativos voltados à promoção da saúde cognitiva de idosos iniciou a partir da reflexão sobre a necessidade da população idosa da UBS pelos participantes do projeto. Assim, foram realizados cinco encontros com os integrantes do projeto, dos quais dois foram destinados à discussão dos assuntos relevantes à população idosa atendida pela referida unidade e nestes escolhidos, como prioridade, o tema ‘promoção da cognição’, tendo em vista que esta temática tem sido amplamente discutida por vários estudiosos em diversas áreas da saúde, em especial no envelhecimento ativo (ARAÚJO et al., 2012; OLIVEIRA et al., 2013). A estimulação continuada favorece a melhora da cognição, a eficiência na compreensão de conceitos abstratos e a agilidade de pensamento, além de promover a vivacidade mental e contribuir na compreensão de conceitos abstratos e na agilidade de pensamento. Neste sentido, o treino cognitivo tem potencial para promover mudanças no funcionamento cognitivo e colaborar para a funcionalidade e independência (SATO et al., 2014). Após a definição do tema, optou-se por desenvolver um folheto composto por exercícios simples de estimulação cognitiva, pautado na questão: “Você sabe como estimular sua memória?”. Foram realizados dois encontros para a elaboração do referido folheto que é composto por seis exercícios de memória, em duas páginas. Todos os exercícios são seguidos por uma ilustração referente ao mesmo. O primeiro exercício teve como foco à estimulação da memória passada, quando os idosos descreveram um acontecimento antigo, tais como: casamento, viagem, aniversário, lembrando-se do local, pessoas que estavam presentes, e um marco daquele momento. O segundo exercício focou na memorização de objetos: o familiar/aplicador do material mostrou dois objetos ao idoso e pediu para que os memorizasse, e após cinco minutos solicitou que falasse os nomes de tais objetos. Quando o idoso lembrou-se dos dois objetos sem 134 dificuldade, o número de objetos foi aumentando para três, e assim sucessivamente, conforme necessidade e desempenho do idoso. O terceiro exercício objetivou estimular a memória de curto prazo. Foi mostrada ao idoso uma imagem por alguns segundos, e posteriormente pedido à ele que memorizasse a imagem e descrevesse seus detalhes. Em casos que não se obtinha sucesso, pode-se questionar: “Qual animal havia na imagem? ”, “Quantas crianças havia no desenho?”, e “Como era o lugar que eles estavam?”. No quarto exercício, também se estimulou a memória de curto prazo. Foi lido um breve texto ao idoso e, após, se fez perguntas sobre o mesmo. Um exemplo utilizado no exercício foi: “O João tem doze anos, adora jogar futebol e a professora disse que ele não gosta de estudar”. “Qual no nome do personagem? ”, “É uma criança ou um adulto? ”, “Qual a idade do personagem? ” e “Ele gosta de estudar? ”. No quinto exercício utilizamos perguntas relacionadas à família do idoso. Nesse exercício foram aplicadas as seguintes perguntas: “Qual o nome dos seus pais?”, “Quais são os nomes dos seus irmãos”, “Quais são os nomes dos seus filhos”, e “Quais são os nomes dos seus netos”. Nesse exercício pôde-se também mostrar uma foto de família ao idoso e pediu-se para que ele listasse os nomes das pessoas. O sexto e último exercício foi um exercício simples de procurar as diferenças/erros entre duas imagens, promovendo a memória a curto prazo. Foi realizado um encontro para avaliação do material educativo pelos integrantes do grupo. Elaborar um material educativo impresso é um processo interessante para a formação de enfermeiros, profissionais educadores em saúde, pois há a necessidade de aprofundamento na temática e também na forma de apresentação, além de representar um material de auxilio no cuidado prestado às famílias. Conclusão e Considerações Finais A elaboração do folheto/tecnologia educacional impressa de acordo com a necessidade dos idosos atendidos na referida unidade por meio de encontros com os integrantes do grupo, foi de extrema relevância para o sucesso do resultado final. A temática foi importante e enriquecedora para a graduação, além de inovadora para a atenção básica. Referências 135 ARAÚJO, Pricila Oliveira et al. Promoção da saúde do idoso: a importância do treino da memória. Kairós. Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Saúde. ISSN 2176-901X, v. 15, n. 4, p. 169-183, 2012. Disponível em <http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/18998/14150>. Acesso em 25 abr. 2015. OLIVEIRA, Cecília Souza et al. Oficina de Memória para idosos: espaço para conhecimento, socialização e ludicidade. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v. 9, n. 2, 2013. http://www.upf.br/seer/index.php/rbceh/article/viewFile/180-192/pdf. Acesso em 22 abr. 2015 MENDONÇA, E.R.T.; AIRES,L.E.; AMARO, M.OL.; MOREIRA, T.R., HENRIQUES, B. D.; ALMEIDA, L.C.; CASTRO, J.A.; FERNANDES, V.C.; BRINATI. L.M. A Experiência De Oficinas Educativas Com Idosos: (Re)Pensando Práticas À Luz Do Pensamento Freireano. Revista APS.n.16, v.4, p.479-484, 2013. SANTIAGO, R.F.; LUZ M.H.B.A.; Práticas de educação em saúde para cuidadores de idosos: um olhar da enfermagem na perspectiva freireana. Revista Mineira de Enfermagem.n.16, v.1, p.136-142, 2012. SATO, A.E.; BATISTA, M.P.P.; ALMEIDA, M.H.M.; Programas de estimulação de memória e funções cognitivas relacionadas: opiniões e comportamentos de idosos participantes. Rev Ter Ocup Univ São Paulo. N.25, v.1, p.51-9, 2014. TEIXEIRA, E. Tecnologias em Enfermagem: produções e tendências para a educação em saúde com a comunidade. Revista Eletrônica de Enfermagem. v.12, n.4, p.598, 2010. 136 IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 1 Michelly Fernanda dos Santos Graduanda do 5º ano de Enfermagem, Unioeste, campus Cascavel, PR Email: [email protected]) Carla Konieczniak Aguiar Especialista em Saúde Pública pela Unioeste, Assistente social da 10ª Regional de Saúde, Cascavel, PR E-mail: [email protected] Ariana Rodrigues da Silva Carvalho Doutora em Ciências pela EERP/USP. Professor Adjunto do Colegiado de Enfermagem da Unioeste, campus Cascavel, PR E-mail: [email protected] Resumo Estudo exploratório, transversal, objetivando investigar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de adultos com Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1), atendidos pelo Programa Farmácia do Paraná da 10ª Regional de Saúde. A coleta dos dados foi realizada por entrevistas individuais, utilizando o Perfil de Saúde de Nottingham (PSN) e o Diabetes Quality of Life-Brasil (DQOL-Brasil), instrumentos válidos e confiáveis, além de uma Escala Visual Analógica (EVA), no período de fevereiro a outubro de 2013, totalizando 67 indivíduos. Foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman para análise da correlação dos escores dos domínios do DQOL entre si e com os escores do PSN. Os dados evidenciaram predominância de mulheres (62,7%), idade média de 39,8 anos, nível médio de instrução de 11,1 anos e renda familiar média de quatro salários mínimos (valor nacional). O tempo médio de diagnóstico de DM1 do grupo foi de 13,2 anos. O grupo apresentou baixo controle glicêmico (hemoglobina glicada=9,2%, em média), sendo que 62,7% deles tinham comorbidades associadas ao DM1, destacando a hipertensão arterial sistêmica (13,4%) e obesidade (13,4%). Obtevese ótima avaliação do estado global de saúde nos domínios totais (média de 8,04), com destaque para a interação social, habilidades e dor, segundo o PSN. A EVA indicou boa avaliação da QVRS do grupo (média de 66,2). O DQOL-Brasil indicou boa QVRS no domínio total (média de 103,4), com destaque no domínio preocupações (social/vocacional). Esperamos que estes resultados colaborem para uma prática que ultrapasse os aspectos fisiológicos, visando melhoria da QVRS dos indivíduos com DM1. Palavras Chave: Diabetes mellitus tipo 1; Tratamento; Qualidade de vida. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução Estima-se que a população mundial com diabetes é composta por 382 milhões de pessoas e que poderá atingir 471 milhões em 2035. Aproximadamente 80% desses indivíduos com diabetes vivem em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem 137 maior intensidade, com crescente proporção de pessoas afetadas em grupos etários mais jovens (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2015). O foco deste estudo, neste momento, está voltado aos portadores de diabetes mellitus tipo 1 (DM1). Mediante as novas necessidades que a condição crônica do portador de DM1 exige, incluindo o uso contínuo de medicação injetável, as mudanças nos hábitos de vida, frequentes punções venosas para realização do teste glicêmico (seja ela a forma rápida, com uma gota de sangue de capilares, ou uma amostra maior, com punção venosa, para coleta de exames laboratoriais), bem como o acompanhamento médico ambulatorial, é natural que isso gere impacto na qualidade de vida desses sujeitos. A investigação da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) tem ocupado lugar de destaque entre pesquisadores, no intuito de conhecer e descrever os vários aspectos das populações, lidando com o enfoque pessoal e subjetivo de como cada um reage ao processo da doença (CARVALHO, 2010). Diante disso, o presente estudo se justifica, pois se propôs avaliar a QVRS dos portadores de DM1, intencionando conhecer, estudar e analisar como essa condição crônica interfere na sua vida diária, como influencia nas suas atividades corriqueiras, no seu trabalho, nas horas de lazer, no convívio com a família, amigos e em grupos sociais. Objetivo Investigar a qualidade de vida relacionada à saúde de adultos portadores de DM1, vinculados e atendidos pelo Programa Farmácia do Paraná da 10ª Regional de Saúde. Materiais e Métodos Tratou-se de um estudo observacional do tipo transversal e exploratório para avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde dos portadores de DM1, atendidos e vinculados à Farmácia do Paraná da 10ª Regional de Saúde, no município de Cascavel, PR, no período de fevereiro a outubro de 2013. A amostra deste estudo se constituiu de 67 indivíduos portadores de DM1. O estudo seguiu as normativas da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Unioeste e aprovado conforme Parecer nº 194/2012 – CEP de 27/09/2012. 138 A coleta de dados aconteceu por meio de entrevista face a face, com a utilização de instrumentos válidos e confiáveis. O instrumento de caracterização sociodemográfica e clínica dos participantes foi construído e validado (face e conteúdo) por especialistas. Para a avaliação da QVRS foram utilizados três instrumentos: um genérico, para avaliar o perfil de saúde geral, denominado Perfil de Saúde de Nottingham (PSN); um instrumento específico, para avaliar a qualidade de vida relacionada ao DM1, o Diabetes Quality of Life-Brasil (DQOL-Brasil) e ainda uma escala visual analógica (EVA) para avaliar a percepção do sujeito sobre seu estado geral de saúde no dia da entrevista. O PSN é um instrumento genérico de avaliação de qualidade de vida, multidimensional formado por 38 itens. É um questionário com formato de resposta sim/não, sendo que cada resposta positiva corresponde ao escore de um (1) e cada resposta negativa a zero (0). Abrange seis categorias: nível de energia, dor, reações emocionais, sono, interação social e habilidades físicas. O cálculo do escore é realizado por somatória simples, quanto menor, melhor a QVRS. Foi adaptado para uso no Brasil e validado para o português por Teixeira-Salmela (et al., 2004). O DQOL-Brasil é um instrumento específico de avaliação de qualidade de vida de adultos diabéticos tipo 1, composto por 44 perguntas distribuídas em uma escala tipo Likert de 1 a 5 pontos conforme o nível de satisfação ou frequência. O cálculo dos escores é realizado pela média simples dos valores dos itens individuais, quanto mais baixo, melhor a qualidade de vida relacionada à saúde. Abrange quatro domínios: satisfação, impacto, preocupações: social/vocacional e preocupações relacionadas a diabetes, sendo que o valor total do DQOL com 44 itens pode variar entre 44 e 220. Foi adaptado e validado para o português do Brasil para adultos com DM1 por Brasil (2011). A Escala Visual Analógica (EVA) apresenta-se como uma linha horizontal de 10 cm, sem marcação. Na extremidade da esquerda está indicado o valor zero (pior estado de saúde) e na outra ponta está indicado o valor 100 (melhor estado de saúde). Foi perguntado ao sujeito da pesquisa: “De modo geral, como você avalia a sua saúde hoje?” e o mesmo deveria marcar um “X” num ponto ao longo da linha que melhor correspondia ao questionamento realizado. Os dados foram analisados no programa Statistical Package for the Social Sciencies (SPSS) version 21.0. Foram realizadas análises descritivas dos dados. A confiabilidade dos instrumentos utilizados (DQOL-Brasil e PSN) foi medida pelo 139 Coeficiente de Alfa de Cronbach, sendo considerados com evidência de confiabilidade os valores acima de 0,70 (FAYERS; MACHIN, 2007). Foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman para análise da correlação dos escores dos domínios do DQOL entre si e com os escores do PSN. Discussão de Resultados Os dados evidenciaram predominância de mulheres (62,7%), idade média de 39,8 anos (variando de 18 a 78 anos), renda familiar média de quatro salários mínimos (valor nacional). O nível médio de instrução foi de 11,1 anos (variando de três a 20 anos), concentrando-se no grupo com mais de 11 anos de estudo (46,3%), ou seja, correspondente ao ensino médio completo, corroborando com outro estudo (BRASIL, 2011). Tal fato apresenta-se como fator positivo na QVRS do portador de DM1, pois o indivíduo necessita de habilidades cognitivas mais complexas para compreender o tratamento medicamentoso, sua adesão e para a manutenção do controle glicêmico (LIMA, 2009). O tempo médio de diagnóstico de DM1 do grupo foi de 13,2 anos. O grupo apresentou baixo controle glicêmico (hemoglobina glicada=9,2%, em média), sendo que 62,7% deles tinham comorbidades associadas ao DM1, destacando a hipertensão arterial sistêmica (13,4%) e obesidade (13,4%). O valor médio do resultado mais recente de HbA1c dos participantes do estudo foi de 9,2% (D.P.=1,9), ou seja, com baixo controle glicêmico; similar ao obtido por Brasil (2011), com valor médio de 9,1% (D.P.=1,92). Os dados do presente estudo indicam que a avaliação do estado global de saúde foi ótima nos domínios totais do PSN (média de 8,04), sendo que a escala varia de 0 a 38. No presente estudo, a média do valor total do PSN foi alta, ou seja, indicando uma boa avaliação do estado global de saúde. Isto pode ser justificado pela predominância de participantes na faixa etária entre 31 a 50 anos, isto é, adultos e não idosos, com níveis mais altos de habilidade. O resultado da avaliação pela EVA indicou uma boa avaliação da QVRS (média de 66,2), sendo que a escala varia de zero a 100 pontos; quanto maior, melhor a percepção do estado global de saúde. Os resultados coletados no presente estudo, por meio do instrumento DQOLBrasil, indicam que a avaliação da QVRS foi boa nos domínios totais (média de 103,4), com variação da escala de 44 a 220, sendo que quanto mais baixo o valor do escore, melhor é a QVRS. Os domínios com melhores avaliações da QVRS para este 140 instrumento foram: preocupações: social/vocacional (média de 12,7), seguido do domínio impacto (média de 42,5) e satisfação (média de 38). O domínio relacionado a preocupações com a DM (média de 10,5) também indicou boa avaliação da QVRS, apesar de ter apresentado escore médio, próximo da média do domínio, que varia entre quatro e 20. Os bons índices de QVRS apontados pelo DQOL-Brasil, podem se justificar, segundo especialistas, pelo fato de o impacto da doença na QVRS dos portadores de DM1 depender da percepção do sujeito e de sua família sobre a doença, de como lidam com o autocuidado e o manejo da doença e até da própria dinâmica familiar. Conclusão e Considerações Finais De maneira geral, os resultados indicam que os participantes do estudo apresentaram boa qualidade de vida relacionada à saúde. Os resultados obtidos neste estudo apontam a importância de se medir e avaliar a QVRS em portadores de DM1, pois através dos resultados podem-se nortear ações para um melhor tratamento e acompanhamento do DM1, possibilitando uma maior compreensão das consequências da doença na vida do indivíduo, bem como subsidiar políticas públicas destinadas a indivíduos com DM1. Referências BRASIL, F. Validação do Instrumento Diabetes Quality of Life Measure (DQOL – Brasil) Para Portadores de Diabete Melitos Tipo 1. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2011. CARVALHO, A. R. S. Qualidade de Vida Relacionada à Saúde e Adesão ao Tratamento de Indivíduos em uso de anticoagulação oral: avaliação dos seis primeiros meses de tratamento. Tese de Doutorado - Ribeirão Preto, (SP) Escola de enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2010. FAYERS, P.M.; MACHIN, D. Scores and measurements: validity, reliability and sensivity. Quality of life. Assessment, analisis and interpretation. Chichester, England: JohnWiley & Sons. 2007. LIMA, L. A. P. Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus tipo 1. 2009. 129f. Dissertação (Mestrado em Atenção à Saúde) - Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção à Saúde, Universidade Federal do Triângulo Mineiro. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Tratamento e acompanhamento do diabetes mellitus: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2015. Disponível em: 141 <http://www.diabetes.org.br/images/2015/area-restrita/diretrizes-sbd-2015.pdf > Acesso em: 30 abr. 2015. 142 CUIDANDO DA COGNIÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA ATIVIDADE COM IDOSOS Ana Caroline Oliveira Gomes Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM),Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Rayane Nascimbeni Maldonado Acadêmica do Curso de Enfermagem da UEM. Aluna bolsista do Programa Centro de Referência do Envelhecimento (PROCERE),Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Flávia Maria Derhun Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UEM Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Iara Sescon Nogueira Enfermeira. Programa Centro de Referência do Envelheciemnto - PROCERE, Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Enfermeira. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da UEM, Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Lígia Carreira Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da UEM, Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Resumo Esse estudo tem com objetivo relatar a experiência de planejamento, execução e avaliação de atividades relacionadas à preservação e estimulação da cognição dos idosos atendidos em uma unidade básica de saúde. A atividade foi realizada em três dias alternativos entre os meses de fevereiro a março de 2015 por meio da aplicação de um folheto de estimulação cognitiva desenvolvido por acadêmicos de Enfermagem do projeto de extensão “Assistência Domiciliar de Enfermagem às Famílias de Idosos Dependentes de Cuidado” vinculado ao Programa Centro de Referência do Envelhecimento da Universidade Estadual de Maringá. Durante a realização das atividades, os folhetos foram explicados e entregues aos idosos, e a seus familiares quando presentes, e, notou-se interesse, boa aceitação e participação dos mesmos, o que contribuiu para o bom resultado da atividade. Além disso, esta atividade contribui para formação acadêmica e profissional dos alunos envolvidos. Palavras Chave: Promoção da Saúde; Cognição; Serviço de Saúde para Idosos. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. 143 Introdução O envelhecimento populacional é considerado um fenômeno mundial decorrente da queda da fecundidade e mortalidade, do controle das doenças infecciosas, do avanço científico e tecnológico na assistência à saúde (FLORIANO, 2013). Concomitante ao processo de envelhecimento e a aumento da expectativa de vida, por vezes, cresce também a prevalência de quadros relacionados a alterações cognitivas, dentre os quais estão alterações relacionadas à memória e atenção (CARVALHO; NERI; YASSUDA, 2010; DE PAULA et al, 2012). A saber, cognição é definida como a função cerebral, formada pela memória, função executiva e viso espacial, linguagem, capacidade de executar ato motor e capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis (ARAÚJO et al, 2012). Tendo em vista essa problemática, um detalhe importante relativo à cognição é que, idosos que passam por algum tipo de treino cognitivo, demonstram capacidades de aprender e empregar estratégias de auxílio da memória, tornando a gravação e a evocação de novas informações mais eficazes, principalmente relacionados às habilidades que envolvam velocidade de processamento, raciocínio indutivo e memória (CARVALHO; NERI; YASSUDA, 2010). Essas atividades auxiliam ainda, no fortalecimento das capacidades relacionadas à manutenção de sua autonomia e qualidade de vida, além de possibilitar a prevenção, promoção e manutenção da saúde do individuo atrelado a um envelhecimento sadio e bem sucedido (MASUCHI, 2010; ARAÚJO et al, 2012) e ainda, diminuem os riscos de institucionalização do idoso (CARVALHO; NERI; YASSUDA, 2010). Dentro dessa ótica, se fazem necessárias orientações por parte dos profissionais e estudantes da área da saúde de como realizar exercícios que estimulem a cognição dos idosos, de modo que proporcionem a eles condições para conhecer seus recursos cognitivos auxiliando-os em relação ao uso de suas capacidades de memória envolvidas (MASUCHI, 2010). Objetivo Relatar a experiência de planejamento, execução e avaliação de atividades relacionadas à preservação e estimulação da cognição dos idosos atendidos em uma Unidade Básica de Saúde. 144 Materiais e Métodos Trata-se de um relato de experiência baseado nas atividades de estimulação da cognição realizadas por acadêmicos de Enfermagem do projeto Assistência Domiciliar de Enfermagem às famílias de Idosos Dependentes de Cuidado (ADEFI), vinculado ao Programa Centro de Envelhecimento (PROCERE) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O planejamento das atividades de estimulação da cognição com os idosos foi realizado por meio de, cinco encontros dos integrantes do projeto destinados à discussão dos assuntos que seriam relevantes para a população idosa atendida pela referida unidade. Foi, então, escolhido como prioridade o tema “Cognição”, tendo em vista que, esta temática tem sido amplamente discutida por vários estudiosos em diversas áreas da saúde, em especial no envelhecimento ativo (ARAÚJO et al, 2012; OLIVEIRA et al, 2013). Após a definição do tema, optou-se por desenvolver um folheto com exercícios simples de estimulação cognitiva, e que focasse na seguinte questão: “Você sabe como estimular sua memória?”. A atividade de estimulação da cognição foi realizada na sala de espera da Unidade Básica de Saúde do Núcleo Integrado de Saúde III (NIS III) Pinheiros do município de Maringá-PR, por quatro graduandas em enfermagem, supervisionada pela enfermeira do PROCERE, durante três manhãs, no período de fevereiro a março de 2015. Destinou-se ao idoso, e ao familiar ou acompanhante, caso o mesmo estivesse presente, enquanto aguardavam o atendimento. Na abordagem, optou-se por explicar sobre os exercícios e investigar os hábitos de promoção à cognição dos participantes. Resultados e Discussão Participaram aproximadamente 100 pessoas entre idosos e familiares nas atividades de estimulação da cognição. Notou-se receptividade e interesse em relação à temática pelos mesmos. Além disso, observou-se que, as outras pessoas que estavam presentes no local também se interessaram pelo assunto, tendo em vista que solicitaram esclarecimentos acerca da temática, seja pelo fato de possuírem um familiar na terceira idade ou até mesmo por julgarem interessante a dinâmica de exercitar a cognição de forma fácil com atividades que não são exclusivos para idosos. Posteriormente, procedeu-se com a leitura do folheto ao idoso e seu familiar. Na abordagem, optou-se por explicar e demonstrar a aplicação dos exercícios, os benefícios 145 que o exercício da cognição a curto e longo prazo proporcionam à saúde mental e a importância do familiar incentivar o idoso a exercitar sua cognição por meio de leituras, caça-palavras e outros exercícios de cognição. Os idosos apresentaram-se participativos e colaborativos, questionando a temática, com as seguintes indagações: “Eu preciso me preocupar caso, às vezes, esqueça o local onde guardei a chave do carro ou de casa?”, “É normal esquecer o nome de uma pessoa da minha família em algum momento?”, “Será que o remédio que eu tomo pode causar perda de memória?”, “Existe algum remédio para memória?”. Essas questões foram sendo respondidas conforme a demanda, buscando conhecer os idosos de forma individual e contextualizada. A literatura demonstra que, muitas vezes, as alterações na cognição não são suficientes para interferir de maneira significativa na manutenção das atividades de vida diária do idoso, contudo, observa-se que o desconhecimento dessas características típicas levam os idosos a acreditarem que estão sendo acometidos por algum tipo de demência, deixando-os angustiados com esse fato (OLIVEIRA et al, 2013; CARVALHO; NERI; YASSUDA, 2010). Buscando atender essa demanda, durante a aplicação da atividade também foi explicado sobre a diferença entre a perda de memória patológica e fisiológica. Araújo et. al. (2012) realizou estudos cujos resultados coadunam com os encontrados em nossa atividade, pois os idosos puderam compreender as reais dificuldades da cognição e os fatores que influenciam seu funcionamento; além disso, desmistificou-se que as perdas de memória são exclusivamente relacionadas ao aumento da idade e reforçou-se a importância da estimulação da memória para um envelhecimento saudável. A interação entre os acadêmicos e usuários do serviço, assim como a criação de vinculo entre usuário e serviço, foi um ponto positivo da atividade. Contudo, acredita-se que a realização das atividades na sala de espera foi um ponto negativo para o desenvolvimento do trabalho, já que os idosos e familiares apresentavam-se muitas vezes ansiosos e preocupados quanto ao atendimento, apesar da boa aceitação da população. Outro ponto que deve ser ressaltado é a impossibilidade de acompanhamento dos idosos e familiares, o que não nos permite conhecer a aplicação dessas atividades em âmbito doméstico. Na perspectiva dos acadêmicos, a atividade teve sucesso devido à temática ser diferente daquelas frequentemente abordadas em ações de promoção à saúde. Além 146 disso, destaca-se o folheto desenvolvido pelos mesmos, o qual trouxe exercícios de fácil compreensão, objetivos, simples e que, principalmente, servem de lazer e promoção de sua saúde. Também se notou que a atividade favoreceu a construção coletiva do conhecimento, pois os alunos precisaram aprofundar seus conhecimentos acerca da temática para poder, primeiramente, elaborar o folheto de forma simples e didática, e também para responder os questionamentos e esclarecer as dúvidas da população. Quanto aos participantes, estes puderam perceber que é possível, a partir de exercícios simples e com custo mínimo, estimular a cognição, a qual é de fundamental importância para um envelhecimento saudável e funcional. Conclusão e Considerações Finais Os resultados encontrados através do desenvolvimento dessas atividades mostram a necessidade que se tem de trabalhar o assunto “cognição”, pois, nota-se o desconhecimento da população quanto a essa temática. Para tanto, ao final da aplicação da atividade de promoção de memória, chegou-se à conclusão de que é imprescindível abordar essa temática por um tempo maior. Posteriormente será discutida a possibilidade de desenvolver uma oficina de estimulação de cognição com os idosos atendidos por essa Unidade Básica de Saúde, pois favoreceria o desenvolvimento de atividades mais amplas e dinâmicas, além de possibilitar maior interação entre idosos, serviço de saúde e academia. Por fim, considera-se que a enfermagem possa colaborar com intervenções de estimulação da cognição, sobretudo ensinando técnicas para que idosos realizem de forma autônoma, tal qual fizemos nessa experiência. Referências FLORIANO, A. L. et al. Cuidado realizado pelo cuidador familiar ao idoso dependente, em domicílio, no contexto da estratégia de Saúde da Família. Texto contexto enferm., v. 21, n. 3, 2012. CARVALHO, F. C. R.; NERI, A. L.; YASSUDA, M. S.. Treino de memória episódica com ênfase em categorização para idosos sem demência e depressão. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 23, n. 2, p. 317-323, 2010. DE PAULA, J. J. et al. Fidedignidade e validade de construto do Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey em idosos brasileiros.Revista de Psiquiatria Clínica, v. 39, n. 1, p. 19-23, 2012. 147 ARAÚJO, P. O. et al. Promoção da saúde do idoso: a importância do treino da memória. Kairós. Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Saúde. v. 15, n. 4, p. 169-183, 2012. MASUCHI, M. H. et al. Intervenção da Terapia Ocupacional com idosos que apresentam queixas de memória da Liga de Saúde do Idoso da Faculdade de Medicina do ABC. Arq Bras Ciênc Saúde, v. 35, n. 2, p. 95-8, 2010. OLIVEIRA, C. S. et al. Oficina de Memória para idosos: espaço para conhecimento, socialização e ludicidade. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v. 9, n. 2, 2013. 148 INTERNAÇÕES POR DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM IDOSOS Ana Carla Borghi Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] Paula Cristina Gerhardt Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] Lígia Carreira Enfermeira. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] Resumo O presente estudo objetivou analisar a tendência temporal das internações por Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus entre idosos residentes no Estado do Paraná, Brasil, no período de 2001 a 2013. Trata-se de um estudo ecológico, de séries temporais, que utilizou dados secundários, coletados no Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde. A idade foi estratificada em três faixas etárias a partir do 60 anos e analisada por sexo. A análise de tendência das internações foi feito por meio dos diagramas de dispersão dos coeficientes e dos anos de estudo e na análise das tendências de regressão utilizou-se o modelo polinomial. Os resultados mostraram declínio nas taxas de internação por diabetes na população idosa feminina residente no Estado do Paraná e aumento no sexo masculino, nas faixas etárias de 60 a 69 anos e 80 anos e mais. E os coeficientes de internação por hipertensão arterial diminuíram tanto para mulheres quanto para homens, em ambas as faixas etárias, entre o período estudado. Palavras Chave: Idoso; Hipertensão; Diabetes Mellitus. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabete Mellitus (DM) configuram importantes problemas de saúde coletiva no Brasil, pelas suas elevadas prevalências, e complicações agudas e crônicas. A HAS é considerada um dos principais fatores de risco modificáveis, de alta prevalência e baixas taxas de controle. A HAS e a DM fazem parte da classe das chamadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que representam a maior causa de morte no mundo atualmente. No Brasil, cerca de 60 a 80% dos casos de HAS e DM podem ser tratados na rede 149 primária de saúde, com o emprego de medidas preventivas e de promoção de saúde. A atenção primária trata-se do primeiro nível de atenção à saúde, que funciona com o apoio do Programa de Agentes Comunitário (PACS) e do Programa de Saúde da Família (PSF). O país, através do Ministério da Saúde (MS), também criou inúmeros programas para o controle das doenças de maior impacto na população. No caso da HAS e do DM, o MS publicou o Programa Nacional de Hipertensão e Diabetes Mellitus - Hiperdia. Entretanto, a simples criação de políticas e/ou programas para a prevenção das DCNT pode não ser garantia de resolutividade do problema. Assim, estudos epidemiológicos são de grande importância para o monitoramento destas doenças, visando estipular medidas de controle e prevenção, para que ocorra detecção precoce e melhor distribuição de recursos humanos e financeiros, para o devido tratamento e controle das mesmas. Objetivo Analisar a tendência temporal das internações por HAS e DM entre idosos residentes no Estado do Paraná, Brasil. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo ecológico de séries temporais, no qual foi analisada a tendência da taxa de internação por HAS e DM, no período de 2001 a 2013, em idosos residentes no Estado do Paraná, Brasil. Os registros de internações hospitalares foram obtidos do Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), a partir das Autorizações de Internações Hospitalares (AIHs) compiladas no SIH-SUS, e as estimativas da população idosa residente no Estado, obtidas através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram coletados segundo sexo e faixa etária. Os idosos foram classificados em três grupos etários: 60 a 69 anos; 70 a 79 anos e 80 anos e mais. Para internações por diabetes adotou os códigos E10, E11, E12, E13 e E14 e para hipertensão os códigos I10 e I11 da classificação fornecida pela CID 10a revisão. Os coeficientes de internação foram calculados dividindo-se o número total de internações de idosos residentes no Estado pelo popular de idosos e multiplicando-se por 10.000, segundo sexo e grupo etário, para o período estudado. Os cálculos das taxas de internações e figuras com as séries históricas foram elaborados em planilhas do 150 software Microsoft Office Excel (versão 2007) e as análises de tendências realizadas pelo software SPSS (versão 18.0). Tendo em vista que a pesquisa se baseou em dados disponibilizados em meio eletrônico pelo Ministério da Saúde, sendo estes de domínio público, este estudo dispensa a apreciação e a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Discussão de Resultados Ocorreram no Paraná no período de 2001 a 2013, 117.428 internações por DM e HAS, sendo 59.623 internações por DM e 57.805 por HAS em indivíduos acima de 60 anos. Quando classificadas por sexo, foram 21.633 internações no sexo masculino e 37.960 no sexo feminino para DM, e 23.615 no sexo masculino e 34.190 no sexo feminino para HAS. Os coeficientes de internação por DM para o sexo feminino apresentaram tendência decrescente de 0,787 internações por 10.000 habitantes ao ano (p<0,011). Por outro lado, para o sexo masculino, houve aumento anual médio de 0,776 internações ao ano. Essa redução pode ser explicada pelo fato da maior demanda pelos serviços de saúde de atenção primária ser majoritariamente por mulheres (SANTOS et al., 2013), ou seja, elas procuram com mais regularidade os serviços básicos de saúde, além de apresentarem maior adesão ao tratamento medicamentoso, melhorando os cuidados com prevenção e promoção da saúde. Para os homens a tendência de internações crescente, pode ser justificada devido a pouca procura dos homens pelos serviços de saúde voltados a promoção e prevenção de doenças, limitando as ações de saúde voltadas a essa clientela (TAVARES et al., 2014). Desta forma, quando vivenciam alterações mais graves no estado de saúde acabam procurando o hospital, e sua entrada nos serviços de saúde acaba ocorrendo na alta complexidade, observado pelo aumento das taxas de internações. Quando observamos as tendências de internações por diabetes segundo faixas etárias, constata-se que quanto mais longevo o grupo etário maior a magnitude do incremento anual. Resultados semelhantes foram encontrados em outros dois estudos, o primeiro realizado em âmbito nacional, do ano de 1999 a 2001 com população adulta, e o segundo no estado do Ceará, no período de 2001 a 2012, com indivíduos adultos e idosos. Este quadro pode ser justificado pelas inúmeras alterações fisiológicas ligadas ao processo do envelhecimento, ou ainda, pode ser reflexo das complicações decorrentes da duração da doença (SANTOS et al., 20140. 151 Observa-se que os coeficientes de internação por HAS diminuíram tanto para mulheres quanto para homens, em ambas as faixas etárias, entre o período estudado. Para o sexo feminino, houve decréscimo de 4,569 internações ao ano para cada 10.000 habitantes e para o sexo masculino o decréscimo foi de 3,112. Duas pesquisas, a primeira referente às internações hospitalares por Condições Sensíveis à Atenção Primária no SUS de 1998 a 2009 (BOING et al., 2012), e a segunda, referente a internações por hipertensão arterial essencial no período de 2008 a 2012, apontam a redução das internações HAS nos períodos estudados, corroborando com os resultados encontrados na pesquisa (SANTOS; VASCONCELOS, 2013). O decréscimo nas internações por HAS no Paraná podem estar relacionadas com o melhor acesso e a qualidade do cuidado na atenção primaria de forma oportuna e eficaz (REHEM et al., 2013), o que leva a melhoria dos cuidados preventivos e consequente redução das hospitalizações. Desta maneira, considerando o aumento da população acompanhada e tratada pela atenção primária, as taxas de internações por esta doença tendem a decrescer (WALKER et al., 2013). O acompanhamento e o controle da DM e HAS pelos serviços de atenção primária se fazem necessários e representam medidas importantes de controle do agravamento destas doenças, bem como do surgimento de complicações, tais como as doenças cardiovasculares, internações e mortalidade (MALFATTI; ASSUNÇÃO, 2011). O maior e melhor monitoramento da pressão arterial, a grande disponibilidade de medicamentos gratuitos ou de baixo custo, e o amplo incentivo financeiro para os municípios implementarem programas de controle da pressão arterial, também podem influenciar positivamente na redução das internações por HAS. Sendo que, a longo prazo, estas medidas na atenção primaria, terão grande impacto não só na HAS, como também naquelas doenças as quais tem a hipertensão arterial como fator de risco, como o AVC (CARDOSO et al., 2013). As tendências dos coeficientes de internação por HAS segundo sexo mostraram decréscimo constante maior para a população feminina. Em ambos os sexos a população de 80 anos e mais se destaca pela magnitude do coeficiente anual médio. Segundo pesquisa realizada em 2013 pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), a prevalência média de HAS autorreferida na população acima de 18 anos, foi de 24,1%, sendo de 26,3 em mulheres e em homens 21,5%. A frequência de HAS tornou-se mais comum com a idade, alcançando cerca de 60,4 % na faixa etária de 65 anos ou mais de idade 4. 152 Tal resultado pode ser observado neste estudo, onde o coeficiente anual médio (β0) tende a aumentar nas faixas etárias mais elevadas. Conclusão e Considerações finais Observou-se um maior número de internações no sexo feminino em ambas as doenças, DM e HAS. Entretanto, houve tendência decrescente das taxas de internações no sexo feminino, o que difere no caso da DM para o sexo masculino, que foi crescente no período. Para HAS as tendências foram decrescentes em ambos os sexos e faixas etárias. Os resultados mostraram-se similares a outros estudos brasileiros, reforçando a necessidade de uso dos sistemas de informação como fonte para o planejamento de ações em saúde voltadas para a população idosa. Referências BOING, A.F.; VICENZI, R.B.; MAGAJEWSKI, F.; BOING, A.C.; MORETTI-PIRES, R.O.; PERES, K.G.; et al. Redução das internações por condições sensíveis à atenção primária no Brasil entre 1998-2009. Rev. Saúde Pública, v. 46, n. 2, p. 359-366, 2012. REHEM, T.C.M.S.B.; OLIVEIRA, M.R.F.; AMARAL, T.C.L.; CIOSAK, S.I.; EGRY, E.Y. Internações por Condições Sensíveis a Atenção Primaria em uma metrópole brasileira. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 47, n. 4, p. 884-890, 2013. SANTOS, F.A.L.; LIMA, W.P.; SANTOS, A.L.; TESTON, E.F.; MARCON, S.S. Hospitalizações por diabetes em adultos e idosos no Ceará, 2001-2012. Epidemiol. Serv. Saúde, v. 23, n. 4, p. 655-663, 2014. SANTOS, S.S.; VASCONCELOS, D.F.S.A. Hospitalizações por hipertensão arterial essencial em caráter de urgência no Brasil, 2008-2012 Rev. Ciênc. Méd. Biol., v.12, n. especial, p.465-471, 2013. SANTOS, V.C.F; KALSING, A; RUIZ, E.N.F; ROESE, A; GERHARDT, T.E. Perfil das internações por doenças crônicas não-transmissíveis sensíveis à atenção primária em idosos da Metade Sul do RS. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 34, n. 3, p. 124-131, 2013. TAVARES, D.M.S.; MARQUES, A.L.N.; FERREIRA, P.C.S.; MARTINS, N.P.F.; DIAS, F.A. Fatores associados à hipertensão arterial sistêmica e ao diabetes mellitus em idosos rurais. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 12, n. 4, p. 662-669, 2014. WALKER, R.L.; CHEN, G.; MCALISTER, F.A.; CAMPBELL, N.R.C.; HEMMELGARN, B.R.; DIXON, E.; et al. Hospitalization for Uncomplicated Hypertension: An Ambulatory Care Sensitive Condition. Can J Cardiol, v. 29, p. 1462-1469, 2013. 153 MALFATTI, C.R.M.; ASSUNÇÃO, A.N. Hipertensão arterial e diabetes na Estratégia de Saúde da Família: uma análise da frequência de acompanhamento pelas equipes de Saúde da Família. Ciênc Saúde Colet,2011; v. 16, Supl. 1, p. 1383-1388, 2011. CARDOSO, C.S.; PÁDUA, C.M.; RODRIGUES-JÚNIOR, A.A.; GUIMARÃES, D.A.; CARVALHO, S.F.; VALENTIN, R.F.; et al . Contribuição das internações por condições sensíveis à atenção primária no perfil das admissões pelo sistema público de saúde. Rev Panam Salud Publica, v. 34, n. 4, p. 227-234, 2013. 154 ESTRATÉGIAS DE CUIDADO ADOTADOS POR FAMILIARES NA PROMOÇÃO DO BEM ESTAR DE CRIANÇAS COM CÂNCER Michele Cristina Santos Silvino Enfermeira. Hospital Universitário Regional de Maringá. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Iara Sescon Nogueira Enfermeira. Programa Centro de Referência do Envelhecimento. Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Beatriz Caroline Dias Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected]. Carla Simone Leite de Almeida Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá.Professora do Instituto Federal de Santa Catarina E-mail: [email protected] Sonia Silva Marcon Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora do Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá. Maringá, Paraná, Brasil E-mail: [email protected] Catarina Aparecida Sales Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora do Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá. Maringá, Paraná, Brasil E-mail: [email protected] Resumo O estudo objetivou apreender as estratégias utilizadas por familiares cuidadores para promover o bem estar de crianças com câncer em tratamento quimioterápico. Estudo de natureza qualitativa, descritivo e exploratório. Foram sujeitos do estudo sete familiares, cadastrados em uma instituição filantrópica de apoio a pacientes com câncer, localizada em um município do Paraná. Os dados foram coletados em maio de 2014, por meio de entrevista gravada e semiestruturada, realizada no domicilio e após submetido à análise de conteúdo modalidade temática. Os resultados permitiram identificar duas categorias temáticas: “Cuidados adotados para o enfrentamento da doença” e “Repercussões decorrentes do cuidado familiar”. Apreender as adaptações familiares no contexto de ter uma criança com câncer mostra a importância de trabalhar de forma singular e humanizada no cuidado centrado na família, levando-nos a não assisti-los meramente de forma técnica e cientifica, mas também ao ouvir seus anseios, medos, dúvidas e contemplar suas necessidades biopsicossociais. Palavras Chave: Cuidado da criança; Relações familiares; Cuidadores. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. 155 Introdução O câncer exerce um impacto negativo na vida dos indivíduos, oriundos da sua repercussão social e econômica, mas também pelos desgastes emocionais a que o paciente e sua família são expostos. Embora, em inúmeras situações o câncer possa ser curado, principalmente quando diagnosticado precocemente, permanece estigmatizado socialmente com dúvidas e sofrimentos. Essa enfermidade provoca uma série de debilidades na vida do doente, implicando em condições de dependências que geram a necessidade de um cuidador, geralmente apresentado na figura familiar (SENA, CARVALHO, REIS, ROCHA, 2011). As vicissitudes causadas pelo câncer ao paciente e a sua família estão presentes na literatura há várias décadas, contudo, surge na atualidade, uma tendência para que a responsabilidade com os cuidados do paciente seja transferida diretamente à família, aumentando a responsabilidade familiar com o cuidado do membro doente (FERREIRA, DUPAS, COSTA, SANCHEZ, 2010). Contudo, ter um filho com câncer representa um evento extremamente desgastante para os pais, sendo capaz de comprometer diversos aspectos de suas vidas (CASTRO, 2010). As complicações advindas e a intensidade do tratamento são raramente modificáveis, levando-os a enfrentar, desde o início da doença, uma realidade de ameaças caracterizadas por separações, perdas, frustrações e mudanças (BRASIL, 2010). Objetivo Apreender as estratégias utilizadas por familiares cuidadores para promover o bem estar de crianças em tratamento quimioterápico. Material e Métodos Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva e exploratória. Foram sujeitos do estudo familiares que vivenciam o cuidar de uma criança com câncer em tratamento quimioterápico, cadastrados em uma instituição filantrópica de apoio a pacientes com câncer e seus familiares, localizada em um município do noroeste do Paraná. Para ter acesso aos sujeitos do estudo, inicialmente levantou-se junto à instituição os registros de todos os pacientes pediátricos com câncer em tratamento quimioterápico. Os dados foram coletados no mês de maio de 2014 por meio de 156 entrevista aberta gravada em mídia digital. Estas tiveram duração média de 25 minutos e durante a mesma foi utilizado um questionário abordando dados de caracterização sociodemográficas e seguinte questão norteadora: “Conte-me como é cuidar de uma criança com câncer em tratamento quimioterápico?”. Fizeram parte do estudo sete famílias. Os depoimentos emitidos foram transcritos na íntegra e os relatos foram analisados por meio da análise de conteúdo temática. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê Permanente de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá, parecer Nº667. 943. Evitando designar os sujeitos de forma genérica, foram usados como pseudônimos nomes de flores. Discussão de Resultados A partir da exploração e da análise das alocuções dos depoentes, emergiu a categoria temáticas contextualizadas a seguir: Cuidados adotados para enfrentamento do processo de tratamento Com as preleções dos depoentes foi possível identificar as estratégias de conforto adotadas por seus familiares para o enfrentamento do processo de tratamento quimioterápico e para manutenção das atividades diárias da vida da criança. Deixamos ele bem à vontade em casa, ele brinca a vontade. Tentamos fazer com que ele tenha uma vida normal e mais à vontade. Os dias que ele pode sair ou se tem alguma criança que a gente sabe que não está indo para a escola e que não está doente, a gente deixa ela vir brincar com ele. Porque ele se sente muito feliz quando fazemos isso (Tulipa). Para a manutenção das atividades as cuidadoras, utilizam distintos recursos na tentativa de promover essa motivação, como o diálogo, o apoio emocional e adaptações no meio social. Estava com dois anos e dois meses, ai eu falei [...] “Meu marido é careca, eu falei você vai ficar careca igual o papai”, ai pronto (risos). Ela nunca mais se queixou por ter que raspar o cabelo (Orquídea) Os aspectos intrínsecos às experiências de pais e mães de filhos com câncer, que já passaram ou que estão passando por tratamento, e que vivenciaram as mudanças ocorridas na vida da família, leva-os a desejar não somente o controle da doença, mas, sobretudo, a cura, para amenizar o sofrimento do filho (WAIDMAN, BENEDETTI, OLIVEIRA, SALES, 2013). 157 As famílias buscaram formas de reorganização da dinâmica familiar, por meio da utilização de adaptações e rearranjos na busca por albergar as necessidades físicas e emocionais das crianças no seu cotidiano. De vez enquanto ele sai, ele joga bola de guarda-chuva, joga “bets” de guarda-chuva e ele vai tomando o rumo dele [...] Nós adaptamos um guarda-chuva pra ele [...] Nós morremos de dar risada do jeitinho dele (Azaleia). Então agora mesmo sem querer ele come, ele pede assim para o pai dele, “Nossa pai hoje é segunda né? Bem que a gente podia fazer um churrasquinho para mim” [...] Ele acha que carne de churrasco não é igual à carne normal, então a gente sempre faz carne assada na churrasqueira (Margarida). A família, durante o processo de tratamento do câncer, desempenha um papel fundamental, atuando como rede de apoio, realizando os cuidados necessários, fornecendo suporte físico, social e psicológico, bem como auxiliando e motivando o enfermo no enfrentamento da sua doença (SOARES, 2014). Conclusão e Considerações Finais Os recursos e as reorganizações utilizados pelas cuidadoras e familiares frente às imposições da doença e tratamento, foram fundamentais para a manutenção das atividades diárias da criança e a transcendência de todos. Utilizaram estratégias de cuidado, conforto, diálogo e apoio emocional, na busca de tornar mínimos os sentimentos de angústias, medos, e incertezas apresentados por todos. Referências SENA, E. L. S.; CARVALHO, P. A. L.; REIS, H. F. T.; ROCHA, M. B. Percepção de familiares sobre o cuidado à pessoa com câncer em estágio avançado. Texto Contextoenferm, v.20, n.4, p.774-81, 2011. FERREIRA, N. M. L.; DUPAS, G.; COSTA, D. B.; SANCHEZ, K. O. L. Câncer e família: compreendendo os significados simbólicos. Ciênc cuid Saúde, v.9, n.2, p. 269277, 2010. CASTRO, E. H. B. A experiência do câncer infantil: repercussões familiares, pessoais e sociais. Ver mal estar subj., v.10, n.3, p.971-994, 2010. Ministério da Saúde (Br). Instituto Nacional do Câncer – INCA. Estatísticas do câncer. 2010 [Internet]. Brasília (Brasil): Ministério da Saúde;2010. [Acesso em: 10 abril 2014]. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/vigilancia/morbidade.html WAIDMAN, M. A. P.; BENEDETTI, G. M. S.; OLIVEIRA, W. T.; SALES, C.A. Relações de cuidado entre enfermeiros da atenção básica e cuidadores familiares de pessoas. Revista Eletrônica de Enfermagem [Internet]. v. 15, n. 2, p.391-399. 2013. 158 [Acesso em: 17 jun de 2014];.Disponível em: http://www.fen.ufg.br/fen_revista/v15/n2/pdf /v15n2a11.pdf. SOARES, F. G. M. A influência do apoio emocional no enfrentamento da terminalidade do paciente oncológico. Cadernos de Graduação - Ciências biológicas e da saúde Unit, v.2, n.1, p.131-139, 2014. 159 IDOSOS E O VINCULO FAMILIAR: PRÁTICAS EDUCATIVAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA E DO NASF DO MUNICIPIO DE MARIA HELENA/PR Daysi Mara Murio Ribeiro Rodrigues Enfermeira Estratégia Saúde da Família - Maria Helena-Pr. Fernanda Pires Vieira Marques Nutricionista Núcleo de Apoio a Estratégia Saúde da Família - Maria Helena-Pr. Marcilene Marques de Freitas Enfermeira Vigilância Epidemiológica - Maria Helena-Pr. Aparecida da Silva Vanderoski Gestora Municipal - Maria Helena-Pr. Resumo O envelhecimento populacional é considerado um fenômeno mundial decorrente da queda da fecundidade e mortalidade, controle das doenças infecciosas, avanço científico e crescimento das tecnologias na assistência à saúde. As demandas dos idosos em cuidados são diversas e frente à ponderação dos profissionais da estratégia saúde da família e do núcleo de apoio a saúde da família acerca das dificuldades apresentadas pelos cuidadores como preocupação das equipes propôs se a realização de visitas domiciliárias a cuidadores, bem como grupo de educação em saúde para cuidadores com o enfoque do acolhimento, como um instrumental para o enfrentamento da questão do cuidado prestado. O presente trabalho, então relata esta experiência. Apresentado o desafio de cuidar de idoso e em circunstâncias de vida familiar das mais diversas, não bastam à disposição e a solidariedade dos cuidadores em assumir o cuidado do idoso, é fundamental que haja apoio institucional e orientações básicas de cuidado conforme as especificidades de cada situação e inovações de como educar em saúde, a troca de experiência e a construção do conhecimento através da criação do grupo de cuidadores de idosos tornou-se a melhor e mais efetiva ferramenta. Palavras Chave: Educação em Saúde; Cuidadores; Idosos. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O envelhecimento populacional é considerado um fenômeno mundial decorrente da queda da fecundidade e mortalidade, controle das doenças infecciosas, avanço científico e crescimento das tecnologias na assistência à saúde. Minayo (2012) destaca a revolução demográfica brasileira. No início do século XX, a esperança de vida no país não passava dos 33,5 anos. Segundo o Instituto 160 Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ela atingiu mais de 73 anos em 2009 (76,5 para as mulheres e 69 anos para os homens). A proporção de idosos subiu de 9,1% em 1999 para 11,3% em 2009, compondo hoje um contingente acima de 22 milhões de pessoas, superando a população de idosos de vários países europeus como a França, a Inglaterra e a Itália, de acordo com estimativas das Nações Unidas. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio, existia no Brasil cerca de 19 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa, pelo menos, 10% do total da população geral. Estimativas apontam que de 1950 a 2025 a quantidade de idosos no país aumentará quinze vezes, contra cinco vezes a população total, fruto da já citada redução da taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida no país. Com isso o Brasil ocupará o sexto lugar quanto ao número de idosos, alcançando, em 2025, aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (IBGE, 2013). Farias; Santos (2012) afirmam que o envelhecimento populacional acontece em decorrência das mudanças de alguns indicadores de saúde, especialmente da queda da fecundidade, da mortalidade e do aumento da esperança de vida. Com o avanço das políticas e a mudança no perfil populacional, sabe-se que existe a possibilidade de as pessoas vivenciarem o processo de envelhecimento com saúde, disposição física e desenvolvendo atividades laborais. Da mesma forma, é possível que adoeçam devido às alterações fisiológicas naturais, que limitam o organismo humano, com tendência ao aparecimento de condições crônicas, o que pode ocasionar perda da autonomia, dependência física, uso de múltiplas medicações, além de alterações emocionais e sociais (TRELHA, et al 2006). As alterações de saúde que ocorrem em alguns idosos pode levá-los à condição de dependência. Surge, então, a necessidade de modificar a forma e o local de cuidado dessa população (domicílios, instituições hospitalares e asilares). Nesse sentido, se destacam os cuidadores que prestam cuidados a estes idosos. Um desafio ao familiar cuidador de idoso é manter no seu familiar a qualidade de vida, respeitando suas individualidades, anseios, e nível de dependência de cuidados. Para Fernandes; Garcia (2009) a experiência de assumir a responsabilidade por idosos dependentes tem sido colocada pelos cuidadores familiares como uma tarefa exaustiva e estressante, pelo envolvimento afetivo e por ocorrer uma transformação de uma relação anterior de reciprocidade para uma relação de dependência em que o 161 cuidador, ao desempenhar atividades relacionadas ao bem-estar físico e psicossocial do idoso, passa a ter restrições em relação à sua própria vida. A equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) e ao Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) é relegada a responsabilidade pelo provimento de orientações e prestação de cuidados aos idosos, visto que essas equipes têm acesso aos domicílios onde estão presentes os idosos e seus cuidadores. Na pratica diária de tais equipes se pode observar que o cuidado realizado pelo cuidador familiar em domicílio é complexo, pois gera sobrecarga física, psicológica e isolamento social; falta de apoio institucional e da família, dificuldade com o ambiente/infraestrutura para realizar o cuidado e dificuldade financeira. Assim sendo, frente à ponderação dos profissionais da Estratégia Saúde da Família e do Núcleo de Apoio a Saúde da Família acerca das dificuldades apresentadas pelos cuidadores como preocupação das equipes propôs se a realização de visitas domiciliárias a cuidadores, bem como grupo de educação em saúde para cuidadores com o enfoque do acolhimento, como um instrumental para o enfrentamento da questão. O presente trabalho, então relata esta experiência. Objetivo Relatar a experiência das equipes Estratégia Saúde da Família e Núcleo de Apoio a Saúde da Família com o trabalho educativo em saúde para com os familiares cuidadores de idosos do município de Maria Helena-Pr. Materiais e Métodos O presente trabalho trata-se de relato de experiência das equipes Estratégia Saúde da Família e Núcleo de Apoio a Saúde da Família do município de Maria HelenaPr. Discussão de Resultados Cotidianamente, na realização das visitas domiciliares da ESF juntamente com o NASF, nos deparamos com freqüência com idosos que necessitam de cuidados domiciliares e com cuidadores familiares de idosos que demonstram necessidade de apreender a cuidar. Os cuidadores encontram angustiados com as demandas de cuidados e com a não compreensão de como realizá-los. O que se depreende desse cenário é uma carência de suporte e uma falta de estrutura mais eficaz, que 162 proporcionasse a esses cuidadores familiares melhor capacidade para prestar um cuidado efetivo ao idoso. As equipes, portanto, reconheceram a necessidade de os cuidadores informais receberem formação em como melhor cuidar dos seus familiares dependentes, tendo em conta as tarefas realizadas serem inadequadas e provocarem acentuados problemas físicos, emocionais, psicológicos e pessoais, e as orientações nas visitas domiciliares não se tornavam efetivas para aliviar as angústias referente aos cuidados com alimentação prestadas pela nutricionista do NASF e de cuidados de higiene, curativos e medicações prestadas pela enfermeira, exigiu-se a formulação de novas estratégias para a educação em saúde para com esse grupo. Após estudo realizado no município onde os próprios cuidadores referiam o anseio para a troca de experiência entre cuidadores como mecanismo de aprendizado, se percebeu a necessidade de inovar, criou-se o grupo de cuidadores de idosos, a fim de disseminar o conhecimento sobre o cuidado de forma mais leve e proporcionar ainda, um momento empático para essa construção de conhecimento. Apresentado o desafio de cuidar de idoso e em circunstâncias de vida familiar das mais diversas, não bastam à disposição e a solidariedade dos cuidadores em assumir o cuidado do idoso, é fundamental que haja apoio institucional e orientações básicas de cuidado conforme as especificidades de cada situação e inovações de como educar em saúde, a troca de experiência e a construção do conhecimento através da criação do grupo de cuidadores de idosos tornou-se a melhor e mais efetiva ferramenta. Considerações Finais A implantação de grupos de cuidadores de idosos como forma de oportunizar espaços de trocas de experiências favoreceu os cuidadores na sua prática diária, tem minimizado angústias referente ao cuidado e surpreendeu as equipes de saúde apresentando um novo horizonte de como fazer educação em saúde. Referências FARIAS, R. G; SANTOS, S. M. Azevedo dos. Influência dos determinantes do envelhecimento ativo entre idosos mais idosos. Texto e Contexto Enfermagem., Florianópolis , v. 21, n. 1, Mar. 2012 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010407072012000100019&lng=en&nrm=iso >. Acesso em 30 Abr. 2015. 163 FERNANDES, M.G. M; GARCIA, T. R. Atributos da tensão do cuidador familiar de idosos dependentes. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 43, n. 4, dez. 2009. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342009000400012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 30 Abr. 2015. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2013. Rio de Janeiro, 2013. MINAYO, M. C. de Souza. O envelhecimento da população brasileira e os desafios para o setor saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 28, n. 2, Feb. 2012 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2012000200001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01 Mai. 2015. TRELHA, C.S. et al. Caracterização de idosos restritos ao domicílio e seus cuidadores. Revista Espaço para a Saúde. v. 8, n. 1, p. 20-27. 2006. 164 SAÚDE DO HOMEM: IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE JUNTO A INDIVÍDUOS EM VULNERABILIDADE SOCIAL Tamiris Sales Ronchi Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM. Email: [email protected] Fernanda Caroline Mattos Silva Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM. Email: [email protected] Lilian Denise Mai Docente do Departamento de Enfermagem. Tutora do PET Enfermagem. UEM. Email: [email protected] Paloma Luana de Azevedo Ramos da Silva Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM. Email: [email protected] Rafaela Ghiraldi Rocha Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM. Email: [email protected] Rafaela Marioto Montanha Graduanda em Enfermagem. Bolsista do PET Enfermagem. UEM. Email: [email protected] Resumo O objetivo é relatar a experiência de uma ação educativa em saúde a um grupo de homens em vulnerabilidade social. Trata-se de um relato de experiência sobre uma ação extensionista realizada junto a um centro de reabilitação de dependentes químicos, em maio de 2014, cujo tema foi ‘cuidados com higiene pessoal’. Em forma de talk show e com o uso de imagens ilustrativas, participaram quatro palestrantes bolsistas do PET Enfermagem; após exposição dialogada, deu-se início a um debate com os 30 participantes, homens de diferentes faixas etárias, sobre suas dúvidas e questionamentos, garantindo a interação entre ministrantes e o público alvo. O tema foi uma demanda da diretoria do centro de reabilitação, pois agravos associados a ele compõem riscos eminentes a essa população. A atividade contribuiu para divulgar o curso de Enfermagem da UEM e proporcionou ao grupo PET Enfermagem maior aprendizado, a busca por atualização no campo da saúde e a possibilidade de uma ação de intervenção real, despertando os discentes para a importância da promoção à saúde, prevenção de doenças e a participação dos enfermeiros em ações e locais diversos inseridos na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Palavras-chave: Educação em saúde; saúde do homem; enfermagem. Área temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A saúde do homem vem sendo muito estudada devido às elevadas taxas de 165 morbidade e mortalidade, e a baixa procura pelos serviços de atenção primária à saúde por esse grupo específico. Isso é decorrente do fato de que a sociedade criou um estereótipo de masculinidade, onde estar doente remete à fraqueza e fragilidade, características típicas da feminilidade, o que torna comum a não valorização da saúde por parte dos homens. Visando reverter esse quadro da saúde do homem, em 2009, o Ministério da Saúde (MS) criou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Homens, com a finalidade de promover ações que contribuam para o conhecimento dos fatores de risco, e sensibilizar o homem para a importância de desenvolver bons hábitos cotidianos (banhos diários, higiene oral, lavagem das mãos, entre outros), prevenindo doenças e melhorando a qualidade de vida (MENDONÇA, ANDRADE, 2010). No cenário da saúde do homem, existe um grupo mais vulnerável, os dependentes químicos. Esses dependentes podem ser de diversas faixas etárias, e devido ao uso das substancias, são mais suscetíveis a contrair outras doenças. Hoje em dia, a dependência química é reconhecida como uma doença, e não tem uma causa única. Ela é proveniente de vários fatores que atuam ao mesmo tempo, relacionados à instabilidade emocional e/ou social pelo qual o indivíduo esteja passando. Objetivo Relatar a experiência de uma ação educativa em saúde a um grupo de homens em vulnerabilidade social. Material e Métodos Trata-se de um relato de experiência sobre uma atividade de extensão, de caráter social, realizado pelo grupo PET Enfermagem por convite do grupo PET Zootecnia, no dia 09 de maio de 2014, no período da tarde, em um centro de reabilitação localizado em um distrito do município de Maringá/PR. É um centro de reabilitação de dependentes químicos que acolhe homens jovens, adultos e idosos provindos das ruas e que se encontram em situação de alta vulnerabilidade social. Esse ponto de atenção tem como objetivo resgatar a dignidade humana, bem como promover a reinserção do indivíduo na família e na sociedade. Por sugestão da direção do centro, o tema geral da palestra foi ‘cuidados com higiene pessoal’, cuja ausência de cuidados é tida como uma grave problemática dos internos. Os aspectos abordados no encontro foram: cuidados de higiene geral; dermatoses; higiene oral; cuidado com os pés; compartilhamento de 166 objetos; lavagem de mãos e gastroenterites, procurando-se evidenciar os cuidados que devem ser tomados no convívio diário com outras pessoas, visando diminuir as doenças causadas por essa convivência. Em forma de talk show e com o uso de imagens ilustrativas, participaram quatro palestrantes bolsistas do PET Enfermagem; após exposição dialogada, deu-se início a um debate com os participantes sobre suas dúvidas e questionamentos, garantindo a interação entre ministrantes e o público-alvo. Discussão de Resultados O talk show contou com 30 participantes, homens de diferentes faixas etárias em situação de vulnerabilidade social. Os objetivos da atividade foram alcançados uma vez que possibilitou, além da integração entre os grupos de graduação envolvidos, também a integração da universidade com a comunidade externa, desenvolvendo-se uma ação de educação em saúde com o público-alvo, levando informações e empoderando os indivíduos para práticas de higiene pessoal e corporal, prevenindo riscos e agravos no processo saúde/doença. Os principais aspectos apontados pelos palestrantes com enfoque nos cuidados de higiene pessoal foram: tipos de infecções inflamatórias que envolvem a pele como dermatoses, foliculites, impetigo, larva geográfica, parasitoses do couro cabeludo e péde-atleta, citando os cuidados necessários para não contrair tais doenças. Higiene oral, entre cáries, gengivite e a importância da limpeza correta e regular dos dentes, assim como as técnicas corretas de escovação e uso do fio dental. Foi abordado também sobre os cuidados com os pés, incluindo micoses, frieiras, bicho geográfico, unha encravada, rachaduras e um enfoque especial ao portador de pé diabético. O uso de objetos e a importância do não compartilhamento dos mesmos, como escovas de cabelos sob os riscos de transmitir dermatite seborreica (caspas) ou piolhos, cortadores de unha, alicates e barbeadores, que podem estar infectados e a importância da lavagem de mãos, pois são as principais vias de transmissão de vírus, como herpes, resfriados e conjuntivite, além de evitar a transmissão de gastroenterites como rotavírus. Os assuntos relatados foram importantes na medida em que abordaram situações vivenciadas pelos indivíduos no dia a dia, discutindo e sanando as dúvidas expressadas pelos participantes. Ainda, atendeu a uma necessidade do local, visto que o tema abordado foi sugerido pela diretoria do centro de reabilitação. E, a atividade contribuiu para divulgar o curso de Enfermagem da UEM e proporcionou ao grupo PET Enfermagem maior aprendizado, a busca por atualização no campo da saúde e a 167 possibilidade de uma ação de intervenção real, despertando os discentes para a importância da promoção à saúde e prevenção de doenças. Também como um feedback positivo da atividade, alguns meses após a sua realização um dos indivíduos presentes reconheceu uma das alunas na sala de emergência de um hospital público do município, quando deu entrada vítima de um ferimento por arma branca. A aluna desenvolvia neste local suas atividades finais de estágio curricular supervisionado, prestes a concluir o curso de graduação em Enfermagem. Esse encontro reafirmou dois aspectos: primeiro, o estado de alta vulnerabilidade social do grupo abordado; e, segundo, o vínculo estabelecido na oportunidade da ação educativa, pois houve uma relação de respeito e reconhecimento mútuos no atendimento em sala de emergência, quando a vítima referiu sentir-se mais confiante e tranquilo diante do atendimento prestado e de suas condições físicoemocionais naquele momento. Tal experiência reforça a idéia de que o enfermeiro é um dos profissionais mais envolvidos com a população usuária, também quando se trata de saúde do homem, pois além da atenção individualizada nos momentos de acolhimento, de consultas e práticas assistenciais, também participa de atividades em grupos de educação em saúde (JULIÃO, WEIGELT, 2011). Este foi o caso do presente relato, que inclusive otimizou outros espaços de educação em saúde que não os serviços de saúde propriamente ditos. Esse contexto de aproximação deve facilitar às equipes dos serviços o desenvolvimento de um trabalho de promoção da saúde junto à população, com ações de informação e educação em saúde visando difundir a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem. Ainda, compete a este profissional participar na organização das ações pautada nas reais condições detectadas por ele e pela equipe de saúde, estimulando e apoiando o processo de discussão sobre a qualidade de vida da população, com a participação dos demais setores da sociedade (JULIÃO, WEIGELT, 2011). Conclusão e Considerações Finais A ação educativa em saúde para um grupo de homens em situação de alta vulnerabilidade social proporcionou um aprendizado recíproco. O grupo PET enfermagem avaliou a atividade como positiva tanto para a capacitação dos alunos, englobando ensino e extensão, como também, contribuiu para a saúde dos participantes presentes. A abordagem do tema, a exposição dos conteúdos de forma visual e lúdica, e 168 a participação dos homens em uma roda de conversa, expondo suas dúvidas, contribuíram para o ensino humanizado, técnico e cientifico de todos os sujeitos envolvidos. Conclui-se que a atividade educativa proporcionou recursos e técnicas de aprendizado para os futuros profissionais enfermeiros, com o intuito de promover benefícios e uma melhor qualidade de vida para a comunidade externa; e, que o programa de educação tutorial oportuniza experiências extracurriculares importantes para a formação universitária em saúde e a vida pessoal dos seus integrantes. Referências JULIÃO, GG; WEIGELT, LD. Atenção à saúde do homem em unidades de estratégia de saúde da família. R. Enferm. UFSM, Santa Maria, n.1, vol.2, 2011, p.144-152. MENDONÇA, VS; ANDRADE AN. A Política Nacional de Saúde do Homem: necessidade ou ilusão? Rev. Psicol..polít. v.10. São Paulo dez. 2010. 169 PERCEPÇÕES DE CUIDADORES DE IDOSOS EM RELAÇÃO ÀS ATIVIDADES EDUCATIVAS Amanda Zaupa Pino Moretti Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Rayane Nascimbeni Maldonado Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna bolsista do Programa Centro de Referencia do Envelhecimento (PROCERE), Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Iara Sescon Nogueira Enfermeira. Programa Centro de Referencia do Envelhecimento (PROCERE), Maringá (PR), Brasil E--mail: [email protected] Célia Maria Gomes Labegalini Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá, Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá. – Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Resumo O objetivo do estudo foi conhecer as percepções de cuidadores de idosos em relação as atividades educativas que auxiliem no cuidado. Trata-se de um estudo exploratório descritivo de caráter qualitativo, no qual os participaram 03 cuidadores de idosos. Os dados foram coletados entre outubro de 2014 e março de 2015, por meio de entrevista semiestruturada. Os depoimentos foram gravados e transcritos na íntegra, respeitando-se a fidedignidade dos discursos e para tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo do tipo temática. Em relação as falas analisadas, emergiram as seguintes categorias: 1. O cuidado: auxílio nas necessidades humanas básicas; 2. Sentimentos ao cuidar: relação de troca e gratificação; 3.Apoio no cuidado: orientações da equipe de saúde; 4. Importância das orientações: apoio e ajuda no cuidado. O estudo possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Maringá, sob número 875.081/2014 - CAAE: 37457414.6.0000.0104 e respeita todos os preceitos éticos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, preservando o anonimato e a confidencialidade dos dados. Palavras Chave: Cuidador; Saúde do Idoso; Envelhecimento. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. 170 Introdução O aumento da longevidade da população brasileira traz desafios para a atenção à saúde, uma vez que os idosos apresentam limitações, sejam pelo aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis e suas consequências, ou pelas perdas cognitivas e funcionais do avançar da idade, vem demandando cuidados domiciliares e mudanças no cotidiano de muitas famílias (PEDREIRA; OLIVEIRA, 2012). Nesse contexto, surge o cuidador informal, que presta cuidado não profissional, representado, principalmente, por familiares, podendo ser também amigos e/ou vizinhos (VIEIRA et al., 2011), o qual assume a responsabilidade de dar suporte ou de assistir as necessidades do individuo, garantindo desde cuidados básicos, como alimentação e higiene, e outras atividades como ir ao supermercado e realizar tarefas financeiras (OLIVEIRA; D’ELBOUX, 2012). Nesta perspectiva, tornam-se necessárias ações de enfermagem que melhorem o enfrentamento do cuidador por meio do ensino sobre saúde e que reforcem a colaboração dele no planejamento dos cuidados. Objetivo Conhecer as percepções de cuidadores de idosos em relação as atividades educativas que auxiliam no cuidado. Materiais e Método Trata-se de um estudo exploratório descritivo de caráter qualitativo, no qual os três cuidadores foram eleitos por meio do levantamento dos idosos com dependência de cuidados identificados no projeto de extensão: “Assistência domiciliar de enfermagem as famílias de idosos dependentes de cuidado (ADEFI)” integrante do Programa Centro de Referência do Envelhecimento (PROCERE) da Universidade Aberta À Terceira Idade da Universidade Estadual de Maringá, em parceria com uma unidade básica de saúde do Município de Maringá-PR. Os dados foram coletados entre outubro de 2014 e março de 2015, por meio de entrevista semiestruturada, utilizando-se como instrumento um roteiro elaborado pelas pesquisadoras, dividido em duas partes: uma para coletar dados referentes à caracterização sociodemográfica e a outra com questões abertas referentes às demandas 171 educativas dos cuidadores familiares de idosos com dependência. Os depoimentos foram gravados e transcritos na íntegra, respeitando-se a fidedignidade dos discursos. Para tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo do tipo temática a qual se desenvolve em cinco etapas: pré-análise; exploração do material; tratamento dos dados com a sua organização sistemática em unidades temáticas; e construção de inferências e interpretação das categorias significativas. A análise temática é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura, e consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja presença ou frequência de aparição possa significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido (BARDIN, 2011). O estudo possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Maringá, sob número 875.081/2014 - CAAE: 37457414.6.0000.0104 e respeita todos os preceitos éticos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, preservando o anonimato e a confidencialidade dos dados. Discussão de Resultados Participaram do estudo três cuidadores de idosos dependentes de cuidados. Cada cuidador será caracterizado individualmente, sendo representados por números, devido à ordem de entrevista. O cuidador 1, exerce atividades de cuidado familiar, do sexo feminino, tem 61 anos, ensino fundamental incompleto, é esposa do idoso. Cuida de 1 idoso do sexo masculino, 70 anos, com 1 à 4 anos de escuto, aposentado, casado, renda de 1 salário mínimo. Em relação às condições de saúde, possui hipertensão arterial sistêmica, gastrite, estrabismo, e história pregressa de infarto e aneurisma, em relação a cognição não apresentou déficit, no que tange a funcionalidade, apresentou independência nas atividades de vida diária (AVD) instrumentais avaliadas pela Escala de Lawton-Brody e dependência nas AVD básicas aferidas pelo Índice de Katz, apresentou baixa vulnerabilidade pelo VES-13 e médio risco para tendência depressiva. O cuidador 2, exerce atividade profissional, do sexo feminino com 43 anos, com ensino médio completo. Cuida de 1 idosa do sexo feminino com 81 anos, sem instrução, aposentada, viúva, com renda de 2 salários mínimos. Em relação às condições de saúde, possui hipertensão arterial sistêmica e osteoporose, em relação a cognição não apresentou déficit, no que tange a funcionalidade, apresentou dependência parcial nas AVD instrumentais avaliadas pela Escala de Lawton-Brody e dependência total nas 172 AVD básicas aferidas pelo Índice de Katz, apresentou alta vulnerabilidade pelo VES-13 e baixo risco para tendência depressiva. O cuidador 3, exerce atividade profissional, do sexo feminino com 45 anos, ensino médio completo. Cuida de 1 idoso do sexo feminino com 85 anos, com 1 à 4 anos de escuto, aposentada, viúva, renda de 2 salários mínimos. Em relação às condições de saúde, possui transtorno mental não especificado, em relação a cognição não foi possível avaliar, no que tange a funcionalidade, apresentou dependência total nas AVD instrumentais avaliadas pela Escala de Lawton-Brody e dependência total nas AVD básicas aferidas pelo Índice de Katz, apresentou alta vulnerabilidade pelo VES-13 e alto risco para tendência depressiva. Em relação as falas analisadas, emergiram as seguintes categorias: 1. O cuidado: auxílio nas necessidades humanas básicas; 2. Sentimentos ao cuidar: relação de troca e gratificação; 3.Apoio no cuidado: orientações da equipe de saúde; 4. Importância das orientações: apoio e ajuda no cuidado. Apesar de o cuidado oportunizar ao cuidador e ao ser cuidado a construção de relações de solidariedade, favorecendo o convívio e o fortalecimento dos vínculos afetivos nas famílias, sabe-se que a repetitividade e o desgaste que representa o ato de cuidar podem trazer várias consequências maléficas ao cuidador, interferindo nas relações familiares, que poderão tornar-se conturbadas, afetando, assim, a sua qualidade de vida do cuidador, já que a maioria dos cuidadores são mulheres que geralmente possuem não apenas essa atividade e acabam conciliando-a com outras tarefas (NOVAIS et al, 2013). Dessa forma, os cuidadores tornam-se carentes de orientação e necessitam de suporte dos profissionais. É imprescindível que haja uma reflexão acerca dessa temática para que se tenha uma visão mais ampla acerca do envelhecimento. A tarefa de cuidar do idoso deflagra diferentes sentimentos que são vivenciados pelos cuidadores constantemente. Muitas vezes, no cotidiano surgem situações conflituosas que culminam na insatisfação com a satisfação do cuidador, produzindo assim um enorme descontentamento no cuidador (MOREIRA; CALDAS, 2007). Frente á isso, o envolvimento do profissional de saúde é de extrema importância, para o estabelecimento de uma relação horizontal com a família, permitindo uma minimização de sentimentos negativos que permeiam esse contexto, promovendo uma assistência integral de qualidade focada nas reais necessidades e expectativas, da família e do idoso (RODRIGUES et al, 2014). 173 Conclusão e Considerações Finais Os participantes relataram satisfação em participar da pesquisa. Desta forma percebeu-se que tanto o método como a temática foi de encontro com as necessidades das participantes. Foi visto que os cuidadores necessitam de orientações de profissionais da saúde para promover uma melhor assistência como também para minimizar seus sentimentos negativos. Foi pertinente caracterizar os idosos em relação a dados socioeconômicos e de saúde, a fim de conhecê-los mais detalhadamente e possibilitar a criação de atividades educativas que vão de encontro com a sua realidade. Diante disso, é de extrema importância ressaltar que há muito que se desenvolver na área da saúde para se melhorar a assistência que pode ser oferecida a uma família que está enfrentando a situação de cuidar de um indivíduo idoso no que tange a educação e saúde e o preparo para a promoção da saúde. Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011. 280 p. MOREIRA, M.D.; CALDAS, P.C. A importância do cuidador no contexto da saúde do idoso. Escola Ana Nery, Rio de Janeiro, v.11, n.3, p. 520-525, 2007. NOVAIS, N. et al. Qualidade de vida e saúde de cuidadores de idosos longevos: Interferências intrafamiliares. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 27, n. 1, p. 64-75, jan./abr., 2013. OLIVEIRA, D. C.; D’ELBOUX, M. J. Estudos nacionais sobre cuidadores familiares de idosos: revisão integrativa. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 65, n. 5, p. 829-38, 2012. PEDREIRA, L. C.; OLIVEIRA, A. M. S. Cuidadores de idosos dependentes no domicílio: mudanças nas relações familiares. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 65, n. 5, p. 730-6, 2012. RODRIGUES, JS. et al. Apoio Informacional À Família Do Idoso com Câncer. Revista Espaço para a saúde. Londrina, v. 15, n. 1, p. 14-24, abr., 2014. VIEIRA, C. P. B. et al. Prática educativa para autonomia do cuidador informal de idosos. REME – Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 15, n. 1, p. 135-140, jan./mar., 2011. 174 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE IDOSOS INTERNADOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA COM PNEUMONIA POR STHAPHILOCOCCUS ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA Raquel Cristina Luis Mincoff Enfermeira, Mestre, Professora do Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR) Maringá (PR), Brasil. E-mail: [email protected] Indianara de Oliveira Alencar Enfermeira, Professora do UNICESUMAR E-mail: [email protected] Célia Maria Gomes Labegalini Enfermeira, Mestranda em Enfermagem no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Universidade Estadual de Maringá (PSE/UEM). Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Resumo O estudo tem como objetivo conhecer perfil sócio demográfico dos idosos internados em unidade de terapia intensiva com pneumonia por Sthaphilococcus associada à ventilação mecânica. Trata-se de pesquisa exploratória documental, retrospectiva, com abordagem quantitativa. Foram analisadas 101 fichas NNISS dos clientes com 60 anos ou mais diagnosticados com pneumonia por S. aureus e S.C.N., das UTIs Geral e Cardíaca nos anos de 2011 a 2013. Os dados foram processados e tabulados em planilha do Microsoft Excel 2010, por meio de frequências simples, absolutas, percentual, média e mediana. A análise resultou em 42,6% dos idosos foram do gênero feminino e 57,4% do gênero masculino, com idade média de 73,3 anos. Na UTI Cardíaca evidenciou-se a presença de 40% do Staphylococcus, e 38% na UTI Geral, com prevalência do S. aureus em ambas UTIs. Concluiu-se que o número de indivíduos do sexo masculino infectados é maior, dessa forma é fundamental o papel do profissional enfermeiro na identificação dos pacientes vulneráveis para o controle e prevenção das infecções hospitalares, no intuito de instrumentaliza-los na elaboração de protocolos preventivos. Palavras-chave: Infecção; Idoso; Enfermagem. Área temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A população idosa cresce em número a nível mundial e nacional. Nos países desenvolvidos é considerado idoso àquele indivíduo com 65 ou mais anos etários (ALVES et al., 2009). No ano de 2011, a população de idosos somava 800 milhões de pessoas, correspondendo a 11%, e as projeções estimadas pelas Nações Unidas, indicam que para o ano de 2050 haverá um contingente de mais de 2 bilhões de idosos (22%) da população (UNIDAS, 2010). 175 O envelhecimento nesses países, assim, como no Brasil, decorreu da diminuição da mortalidade e pelo aumento da expectativa de vida, por meio das conquistas médicas, da urbanização, do avanço nutricional, do aumento das condições de higiene pessoal e ambiental, assim como, pelos avanços tecnológicos (MENDES et al., 2005). A população brasileira atual corresponde a 190.755.199 milhões de pessoas, em relação ao último censo, realizado em 2010, a população de idosos no Brasil era de 20.588.890, 7,4% da população (IBGE, 2010). Há estimativas de que essa proporção chegue a 14% em 2025, ou seja, 32 milhões de idosos (ALVES et al., 2009), assim sendo, as mulheres correspondem a 51% e os homens correspondem a 49% da população total (IBGE, 2010). Com o aumento da expectativa de vida, os indivíduos idosos em consequência da fragilidade e debilidade de suas funções fisiológicas e imunitárias tornam-se suscetíveis às infecções (DALCIN; BARBOSA; FIORINI, 2013). Desta maneira, os indivíduos idosos têm maior risco de internação em Unidade de Terapia Intensiva (SCHEIN; CESAR, 2010). Objetivo Conhecer perfil sócio demográfico dos idosos internados em unidade de terapia intensiva com pneumonia por Sthaphilococcus associada à ventilação mecânica. Materiais e Métodos Trata-se de uma pesquisa exploratória documental, retrospectiva, com abordagem quantitativa. A pesquisa exploratória procura descrever dados a respeito de um determinado fenômeno, para que se tenha melhor seleção do fenômeno a ser estudado, o qual permite dar andamento a pesquisa explicativa e a pesquisa exploratória tem como finalidade fundamental o aperfeiçoamento de idéias ou a descoberta de intuições. Já a pesquisa documental é aquela realizada por meio de materiais que não receberam tratamento minucioso, tais como jornais, fotos, filmes, gravações, documentos legais, etc (GIL, 2010). Segundo Polit, Beck e Hungler (2004) na pesquisa quantitativa há uma coleta organizada de conhecimentos numéricos, proveniente da medição formal a qual é realizada por condições controladas e utiliza-se de recursos e técnicas estatísticas para a análise. 176 O plano amostral compreendeu 235 indivíduos internados nas UTIs, no período entre 2011 a 2013. A população estudada compreendeu 101 pacientes com 60 anos ou mais portadores de pneumonia por Sthaphylococcus que estiveram internados nas UTIs Geral e Cardíaca de um Hospital Filantrópico de um Município localizado no Noroeste do Paraná. A escolha do local para a realização do estudo foi devido a atuação da pesquisadora no setor S.C.I.H. e maior afinidade com a temática. A coleta de dados realizou-se nos meses de agosto a setembro de 2014, o estudo foi dividido em duas fases, na primeira foram selecionadas as fichas de notificação de infecção - National Nosocomial Infections Survellance System (NNISS) de todos os clientes internados nas UTIs Geral e Cardíaca. Posteriormente foram separadas as fichas dos clientes portadores de pneumonia, em seguida dos idosos com diagnóstico de pneumonia, confirmado pelo teste positivo de cultura antimicrobiana. Na segunda fase, foi utilizado o instrumento de coleta de dados elaborado pela pesquisadora, contendo dados sócios demográficos e informações clínicas extraídas da NNISS. Este instrumento foi desenvolvido e padronizado pelo Center for Disease Control (CDC) de Atlanta, Estados Unidos para coleta e análise das taxas de Infecção Hospitalar (CDC – NNISS/MS, 1994). O instrumento de pesquisa apresenta informações referentes ao sexo, idade, ano da notificação da PAV, alta, óbito, unidade de internação e permanência em Unidade de Terapia Intensiva Geral e Cardíaca, internamento clínico ou cirúrgico, realizado coleta de cultura (sim/não), microrganismo encontrado (S. C. N. resistente à oxacilina, S. C. N. sensível à oxacilina, S. aureus resistente à oxacilina, S. aureus sensível à oxacilina), utilizado antimicrobiano (sim/não/qual utilizado), permanência sob aporte ventilatório invasivo, reintubação e realização de traqueostomia. Os dados foram processados e tabulados em planilha do Microsoft Excel 2010, por meio de frequências simples, absoluta, percentual, média e mediana. O projeto foi autorizado pelo Comitê de ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do Centro Universitário – Unicesumar, sob parecer nº 794.595 em conformidade com a Resolução 466/2012do Conselho Nacional de Saúde que apreciou e o aprovou mediante parecer de liberação nº 794.595. Foi dispensado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por se tratar de pesquisa documental. Discussão de Resultados 177 Dos 235 indivíduos internados nas UTI´s Geral e Cardíaca nos períodos de 2011 a 2013, foram selecionados 176 pacientes com pneumonia, destes, avaliados 101 idosos (42,6%) eram do gênero feminino e (57,4%) do gênero masculino. A idade variou entre 60 a 95 anos, com a média de 73,3 anos, sendo que 39% encontravam-se na faixa etária de 60 e 69 anos; 40% entre 70 e 79 anos; 19% entre 80 e 89 anos e 3% entre 90 e 99 anos. Neste estudo, 57,4% dos idosos eram do gênero masculino, semelhante ao encontrado por Anõn (2012), que investigou o prognóstico de pacientes idosos em ventilação mecânica em UTI, onde 67,9% dos 1661 recrutados foram homens, com uma média de idade de 62,1± 16,2 anos. Lisboa et al. (2007), na pesquisa sobre prevalência de infecção nosocomial em unidades de terapia intensiva, dos 174 pacientes, 56% eram homens, e a idade média foi de 56 ± 18 anos. Observou-se que os dados corroboram com os resultados, entretanto a média de idade do presente estudo foi maior em comparação a referida pesquisa. Quanto ao total de pacientes sem pneumonia, observou-se maior proporção de indivíduos internados na UTI Geral, em ambas as idades, porém, o total das internações ocorreram no ano de 2013 em ambas UTIs. Em comparação ao total de pacientes internados sem pneumonia com os internados com pneumonia, os dados apresentaram semelhanças. Houve maior internamento na UTI Geral, em ambas as idades e no ano de 2013. Entretanto, nos anos de 2012 e 2013, 27% dos pacientes com idade menor de 60 anos e com pneumonia apresentaram a mesma proporção em relação ao total de internamentos. O fato do número maior das internações acontecerem na UTI Geral, se justifica, pois esta unidade é responsável pelo atendimento e tratamento de enfermos com multipatologias e variados diagnósticos. Grande parte, oriundos de outros setores, como clínica médica, centro cirúrgico, pronto socorro, maternidade, além, das vagas externas provenientes de outros hospitais e ou unidades de pronto atendimento (UPA). Em relação aos internamentos por pneumonia, maior proporção de internamentos foi evidenciado na UTI Geral e Cardíaca em ambos anos etários. Percentual semelhante, porém menor (5%) de internamentos observou-se entre os anos de 2011 e 2012 na UTI Cardíaca. Os resultados demonstraram que a UTI Cardíaca é o setor o qual são encaminhados os pacientes especificamente para tratamento pós-cirúrgico, ou próprio das comorbidades cardíacas, por isso o número reduzido de internamentos. Entretanto, 178 se considerarmos que do total de 83 pacientes internados no período estudado, 11% tiveram pneumonia, um dado considerável e que agrava as condições dos pacientes cardíacos. Conclusão e Considerações Finais Concluiu-se que os idosos mostraram-se mais suscetíveis as infecções, pois apresentaram elevado índice de infecção por PAV na UTI geral. Predominou o gênero masculino, assim como outras variáveis sociodemográficas foram relevantes. A PAV é fator de risco independente para a mortalidade na UTI. O S. aureus foi o patógeno presente em ambas UTIs, tendo-se prevalência na UTI Geral e o S.C.N. não demonstrou ser um patógeno característico da UTI Cardíaca estando apenas na UTI Geral. Neste contexto, observa-se um crescente no número de infecções por ventilação mecânica, principalmente em idosos hospitalizados em UTIs, o que gera um grande desafio ao referido setor, no que se diz respeito à elaboração de protocolos que auxiliem no controle destas infecções. Referências ALVES, C. J. et al. Avaliação de índices prognósticos para pacientes idosos admitidos em unidades de terapia intensiva. Rev. bras. ter. intensiva, v.21, n.1, p. 1-8. 2009. AÑON, J. M. et al. Pronóstico de los ancianos ventilados mecánicamente en la UCI. Med Intensiva. v. 37, n. 3, p. 149-155. 2012. DALCIN, E. C.; BARBOSA, R.; FIORINI. D. L. S. Pneumonia no âmbito hospitalar: susceptibilidade a idosos. Universo da Enfermagem. v. 02, n. 01, p. 36-50, 2013. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. 2011. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/apps/mapa/>. Acesso em: 16 out. 2014. LISBOA, T. et al. Prevalência de infecção nosocomial em Unidades de Terapia Intensiva do Rio Grande do Sul. Rev. bras. ter. Intensiva. v.19, n.4, p. 414-420. 2007. MENDES, M. R. S. S. B. et al. A situação social do idoso no Brasil: uma breve consideração. Acta paul. enferm. v.18, n.4, p. 422-426, 2005. POLIT, D.F.; BECK, C.T.; HUNGLER, B.P. Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. SCHEIN C. E. L., CESAR, A. J. Perfil de idosos admitidos em unidades de terapia intensiva gerais em Rio Grande, RS: resultados de um estudo de demanda. Rev. Bras Epidemiol, v.13, n. 2, p. 289-30, 2010. 179 UNIDAS, Pesquisa Nacional 2010. Disponível em: <http://www.unidas.org.br/periódicos/arq_periódicos/pesquisa2010.pdf >. Acesso em: 16 out. 2014. 180 O TRABALHO DA PASTORAL DA CRIANÇA PARA AS FAMÍLIAS ATENDIDAS Roberta Tognollo Borotta Uema Mestranda em Enfermagem no Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (PSE/UEM) E-mail: [email protected] Célia Maria Gomes Labegalini Mestranda em Enfermagem no PSE/UEM E-mail:[email protected] Hellen Pollyanna Mantelo Cecilio Doutoranda na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) E-mail: [email protected] Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Doutora, Professora do PSE/UEM E-mail: [email protected] Sonia Silva Marcon Doutora, Professora do PSE/UEM E-mail: [email protected] Ieda Harumi Higarashi Doutora, Coordenadora e Professora do PSE/UEM E-mail: [email protected] Resumo Estudo desenvolvido com o objetivo de analisar o trabalho da Pastoral da Criança na perspectiva das famílias atendidas. Pesquisa descritiva exploratória, com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados no período de maio a julho de 2014, por meio de entrevistas semiestruturadas e, posteriormente submetidas a análise de conteúdo. Foram entrevistados 16 familiares de crianças atendidas pela Pastoral da Criança. Percebe-se que a Pastoral representa para as famílias, fonte de vinculo e apoio no cuidado a sua família. Conclui-se que as famílias atendidas pela Pastoral da Criança recebem orientações e cuidados em relação à promoção, prevenção e cuidado em saúde. Avaliase que estas ações são efetivas e bem aceitas pelas famílias por serem realizadas por meio da formação de um vinculo família-pastoral e de uma estrutura de apoio famíliar. Palavras Chave: Família; Cuidado; Enfermagem. Área Temática: Cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A Pastoral da Criança (PC) criada pela Dra. Zilda Arns, médica sanitarista, em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no ano de 1983, é 181 uma organização sem fins lucrativos e de natureza filantrópica que conta com a atuação de voluntários para realização de acompanhamento a famílias carentes. Atualmente, a Pastoral atua em todos os estados do Brasil, envolvendo uma rede de 230 mil voluntários, sendo 92% deles do sexo feminino. A cada mês, cerca de 1,7 milhões de crianças menores de seis anos e 80 mil gestantes são assistidas pela organização (SANTOS; PIERANTONI; SILVA, 2010; CNBB, 2015). A base da pastoral é a família e a comunidade. Seu trabalho é visto como uma das organizações mundiais mais importantes que atuam nas áreas de saúde, nutrição e educação da criança. O foco de atenção da PC engloba cinco frentes: cuidados com a gestante, aleitamento materno, vigilância nutricional, soro caseiro e vacinação. Os voluntários também ajudam a plantar hortas comunitárias, participam de programas de rádio e orientam as famílias a melhorar a nutrição por meio do aproveitamento adequado dos alimentos, utilizando farelos e folhas verdes, enquanto outros ensinam a preparação e uso do soro caseiro, discutem a utilização de plantas medicinais, incentivam o aleitamento materno, auxiliam no conhecimento do desenvolvimento infantil, atuam em atividades de geração de renda e alfabetização de jovens e adultos (SANTOS; PIERANTONI; SILVA, 2010). Os voluntários da pastoral compartilham informações com as famílias assistidas de um modo positivo e útil, contribuindo para a formação de vínculos e criando forças para a participação de atividades que melhorem não somente sua qualidade de vida, mas também das crianças acompanhadas, construindo uma rede de cuidados entre a pastoral, a unidade básica de saúde e a própria família (BENGOZI; et al, 2010). Objetivo Analisar o trabalho da PC na perspectiva das famílias atendidas. Materiais e Métodos Tratou-se de um estudo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa. Participaram da pesquisa 16 familiares de crianças atendidas pela PC. O estudo deu-se em dois municípios do estado do Paraná: o município “A”, localizado na região Noroeste do Estado do Paraná, com área total de 47,052 Km2 e população de 357.077 habitantes (IBGEa, 2015); e o município “B”, localizado na região Norte do Estado do Paraná, com área total de 208,470 Km2 e população de 4.603 182 habitantes (IBGEb, 2015). A escolha de ambos os municípios foi intencional, visando captar distintas realidades do voluntariado. O processo de seleção dos familiares ocorreu de formas diferentes nas duas localidades: no município “A”, por tratar-se de município de grande porte, a escolha das participantes foi intermediada pela coordenação da PC, que indicou seis paróquias com maior atuação dentro da organização, com participação de um familiar por paróquia. No município “B”, município de pequeno porte e com uma única paróquia, foram abordadas 10 famílias que participam com regularidade das atividades da Pastoral. A coleta de dados ocorreu no período de maio a julho de 2014, por meio de entrevistas utilizando um roteiro semiestruturado, cujos relatos foram registrados com auxílio de um gravador digital e, posteriormente, transcritos na íntegra, no sentido de preservar a completude e fidedignidade das informações. As entrevistas transcritas foram submetidas à análise de conteúdo temática, que consiste em três fases: pré-análise dos dados, exploração do material e formação de categorias e tratamento das categorias obtidas e interpretação (BARDIN, 2011). O projeto de pesquisa foi analisado quanto à sua eticidade pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (COPEP/UEM), e aprovado conforme parecer n0653.826 (CAAE: 29326814.7.0000.0104). Assim, todos os preceitos éticos preconizados pela Resolução n0 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) foram respeitados. Discussão de Resultados Os dados foram coletados em dois municípios pois, a princípio, as pesquisadoras tinham questionamentos se haveria discrepância entre as percepções acerca do trabalho da Pastoral em municípios com portes diferentes. Contudo, em função de não haver se constatado divergência nas respostas, estas serão apresentadas em conjunto. Foram entrevistadas dezesseis familiares, todas do sexo feminino, com idade entre 17 e 72 anos, sendo que dez concentravam-se na faixa de 20 a 39 anos. Entre as participantes, 14 possuíam companheiro (nove eram casadas, cinco viviam em união estável), uma era solteira e uma separada. Sobre o grau de parentesco com as crianças, doze eram mães, uma bisavó e três avós. Em relação ao grau de escolaridade, sete possuíam ensino médio completo, quatro incompleto, quatro possuíam ensino fundamental incompleto e uma era analfabeta. A maioria delas eram donas de casa, duas aposentadas, uma Agente 183 Comunitária de Saúde, uma vendedora, uma cabelereira, uma auxiliar de produção e uma auxiliar de serviços gerais. A renda familiar mensal variou de um salário mínimo e meio a cinco salários mínimos. Na maioria das famílias havia duas pessoas contribuintes, em três famílias havia um responsável pela renda; uma única família apresentava três contribuintes da renda e duas famílias apresentavam quatro contribuintes da renda. As residências possuíam entre quatro e sete cômodos, quatro eram de madeira, três mistas e as demais de alvenaria. O número de integrantes em cada família variou de três a sete pessoas, sendo que sete famílias possuíam quatro pessoas. A quantidade de crianças por família variou de uma a cinco, sendo que seis famílias possuiam apenas uma criança e uma família possuía cinco. Assim, tomou-se conhecimento de vinte e nove crianças atendidas pela Pastoral, sendo dezoito meninas e onze meninos, com idade variando de cinco meses a treze anos. Dentre as crianças, dois tinham anemia e um autismo. Todas as crianças em idade escolar estavam matriculadas e frequentando as aulas. O tempo de acompanhamento variou de um ano e quatro meses a treze anos. A PC realiza o acompanhamento da gestação até os seis anos de idade; contudo o tempo que as famílias relataram foi maior, na medida em que várias delas encontravam-se em acompanhamento do segundo ou terceiro filho. A maior parte das famílias conheceu a Pastoral por meio de voluntárias que foram visita-las ainda durante a gestação. Duas relataram que foram convidadas por vizinhas e amigas que já faziam acompanhamento, uma pela mãe que também era voluntária, uma por indicação da irmã que já foi acompanhada e uma por ter participado ainda quando criança. Após análise dos relatos das participantes, ficou evidenciado que o vínculo e o apoio recebido pela Pastoral são os principais fatores que as fazem participar das atividades. As ações desenvolvidas pela PC compõem um conjunto de práticas educativas simples, baratas e facilmente replicáveis, focalizadas na capacitação das famílias para os cuidados com a criança (EICKHOFF; NOGUEIRA, 2013). Depreende-se que, no trabalho voluntário, o ensino do cuidado permeado por uma relação de carinho, vínculo e acolhimento, promove a continuidade da atenção prestada pela PC, fortalecendo as práticas de saúde, não só através da atuação dos profissionais, mas também por meio de outras entidades dispostas a executar políticas 184 sociais destinadas à redução de mazelas geradas pelo sistema vigente. Neste sentido, a PC auxilia na construção de planos de responsabilização, para maior integralidade da atenção à saúde e exercício do direito à saúde, destacando as ações em favor da criança, um ser especialmente vulnerável (ANDRADE ET AL, 2013). Conclusão e Considerações Finais O trabalho concluiu que as famílias atendidas pela PC recebem orientações e cuidados em relação à promoção, prevenção e cuidado em saúde, e que estas ações são efetivas e bem aceitas pelas famílias, na medida em que são realizadas por meio da formação de um vinculo família-pastoral e de uma estrutura de apoio familiar. . Referências ANDRADE, R.D.; SANTOS, J.S.; PINA, J.C.; FURTADO, M.C.C.; MELLO, D.F. Integralidade das ações entre profissionais e serviços: prerrogativa ao direito à saúde da criança. Esc Anna Nery. v.17, n.4, p.772-780, 2013. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011. 280 p. BENGOZI, T.M.; et al. Uma rede de apoio à família do prematuro. Revista Ciência Cuidado e Saúde. v. 9, n.1, p. 155-160, 2010. CNBB. Confederação Nacional dos Bispos do Brasil. Pastoral da Criança. Promovendo a vida para todas as crianças. Disponível em: http://www.pastoraldacrianca.org.br. Acesso em 27 fev. 2015. EICKHOFF, S; NOGUEIRA, L.A. Acompanhamento de crianças desnutridas e fatores de risco: uma parceria com a Pastoral da Criança. Unopar Cient Ciênc Biol Saúde. v. 15, n.1, p.55-58, 2013 IBGEa. Infográficos: dados gerais do município. Marumbi. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=411550. Acesso em: 23 abr. 2015. IBGEb. Infográficos: dados gerais do município. Maringá. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?lang=&codmun=411520&search=|maringa. Acesso em: 23 abr. 2015. SANTOS, M.R.; PIERANTONI, C.R.; SILVA, L.L. Agentes Comunitários de Saúde: experiências e modelos do Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva. v. 20, n. 4, 2010. 185 RESUMOS Área temática – Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. 186 A EFETIVAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM Aldenisia Bento de Freitas Giovanni Especialista em Gestão em Saúde – UEM Coordenadora do Curso Técnico em Enfermagem da SEED/PR E-mail: [email protected] Jéssica Carvalho de Matos Mestre em Enfermagem – UEM. Doutorando em curso – UNIFESP E-mail: [email protected] Silvio Cesar Franco Giovanni Especializando em Gestão Pública - UNICENTRO E-mail: [email protected] Resumo Este artigo caracteriza os momentos históricos nos quais se consolidaram as políticas públicas de saúde no Brasil, em especial a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), como via de garantia da Seguridade Social, dever do Estado expresso no artigo 194 da Constituição Federal de 1988. Os determinantes epidemiológicoscos, embasados nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) universalidade, equidade e integralidade, evidencia os objetivos dessa Política e aponta as responsabilidades dos envolvidos direto e indiretamente à sua implementação e efetivação, bem como elenca fatores que subsidiaram sua elaboração. Para tanto fez-se uma revisão bibliográfica ressaltando a contextualização histórica das políticas públicas no país, enfocando as políticas públicas de saúde e principalmente a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem e suas contribuições para promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida da população em destaque - a masculina. Palavras Chave: Saúde do Homem. Políticas Públicas. Sistema Único de Saúde. Área Temática: gestão do cuidado no desenvolvimento humano dos diferentes ciclos da vida. Introdução Na tentativa de reduzir a pobreza e as desigualdades sociais necessárias à efetivação da democracia de fato, o Estado brasileiro vem desenvolvendo políticas públicas eficazes especialmente direcionadas à Proteção Social, possibilitando aos segmentos sociais que por variados motivos não obtêm sucesso na sociedade de mercado, a incorporação à cidadania plena. No bojo destas políticas, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem corrobora para o alcance dos objetivos da União expressos na Constituição Federal de 1988 (SANTOS, 2009). 187 Torna-se imperioso conhecer as contribuições da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem para a melhoria da qualidade de vida da população masculina e consequentemente da sociedade brasileira visando à prevenção à saúde num contexto de nova configuração do sistema público de proteção social, que tem como base a universalização, democratização e descentralização das políticas sociais (FLEURY, 2003). Os homens adentram os sistemas de saúde, público e ou privado, por meio da atenção especializada, terapia curativa. Levando ao conseqüente agravo e morbimortalidade pela morosidade na atenção à saúde, causando prejuízos para o próprio homem, sua família e sociedade, também, o aumento dos custos financeiros para o Sistema Único de Saúde (SUS) (SCHRAIBER ET AL, 2005; BRASIL, 2009a). Culturalmente e historicamente a doença denota sinal de fragilidade, a qual não condiz à condição biológica masculina. Ao julgar-se invulnerável, o homem cuida menos de si aumentando as chances dos agravos de saúde, pela maior exposição às situações de riscos. (FIGUEIREDO, 2005; PINHEIRO ET AL, 2008). Objetivo Contextualizar historicamente a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, identificando seus objetivos e contribuições para a melhoria da saúde e aumento da expectativa de vida da população masculina sob a perspectiva de gênero. Materiais e Métodos Realizou-se revisão bibliográfica no período de julho a dezembro de 2011 junto às bases de dados Scientifc Eletronic Library Online – SCIELO (www.scielo.br). Buscou-se artigos científicos tendo como palavras-chaves Saúde do Homem e Políticas Públicas e gênero, foram encontrados 27 artigos. Os mesmos foram selecionados a partir do enfoque dado à relação gênero – saúde. Também foram consultados os documentos do Ministério da Saúde (PORTARIA Nº. 1.944, DE 27 DE AGOSTO DE 2009) e a Constituição Federal Brasileira de 1988. Os 27 artigos selecionados foram publicados entre os anos de 2000 a 2011 tendo em vista que somente a partir de 1980 as questões sobre masculinidades sob a perspectiva de gênero se acentuaram e a instituição da PNAISH pela Portaria nº 1.944/GM, do Ministério da Saúde, de 27 de agosto de 2009. 188 Discussão de Resultados Estudo realizado por Eyken e Moraes (2006) com o objetivo de estimar a prevalência e o grau de simultaneidade dos fatores de risco para doenças cardiovasculares achou que 80% dos pesquisados apresentaram pelo menos um fator de risco para a doença. Em análise da simultaneidade dos fatores, achou que 45,2% apresentavam dois ou mais dos seguintes fatores: sobre-peso/obesidade, atividade física irregular/sedentarismo, tabagismo, hipertensão arterial e pressão arterial limítrofe. Nascimento, Trindade e Nascimento (2011), em estudo com 100 homens de 18 a 25 anos para identificar as representações sociais de saúde e de doença e avaliar o motivo da procura por serviços de saúde, concluíram que, menos da metade (46%) declarou cuidar sempre da própria saúde, 13% referiram que não cuidam, e 41% que cuida às vezes. Culturalmente o cuidado é tido como tarefa das mulheres. Conforme Machin et al (2011) o aspecto cultural está diretamente associado a um ser homem idealmente construído socialmente onde força, virilidade, objetividade, distanciamento emocional, comportamento de risco constituem seu perfil, em oposição ao perfil fragilizado feminino. Estudos como o de Paiva et al (2011), Iser et al (2011), Ministério da Saúde (2008) inferem sobre a desvantagem da população masculina em qualidade e expectativa de vida quando comparada à população feminina, em média eles vivem de 06 a 07 anos menos que elas. Conforme o documento do Ministério da Saúde que prescreve os princípios e diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (BRASIL, 2009) dos oito principais determinantes de mortalidade masculina analisados de 1980-2005, observou variação positiva, para três deles: homicídios (101,4%), acidentes de transporte (9,8%) e doença do fígado/cirrose (24,1%). Os homens lideram os índices de mortes relacionadas ao consumo de álcool (89,1% dos óbitos 2000-2006) e aos acidentes de transporte terrestre (82% em 2006), como principais causas de internamentos no mesmo ano, aparecem causas externas de morbimortalidade em primeiro lugar, seguido de transtornos mentais e comportamentais, com predominância para o sexo masculino (NASCIMENTO, TRINDADE E NASCIMENTO, 2011; BRASIL, 2009b; LAURENTI ET AL, 2005). Segundo o Ministério da Saúde (PORTARIA Nº. 1.944, DE 27 DE AGOSTO DE 2009), as doenças que acometem a população masculina constituem verdadeiros problemas de saúde pública, portanto, formula a Política Nacional de Atenção Integral à 189 Saúde do Homem para nortear as ações de atenção integral à saúde do homem: “Art. 1º Instituir, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem”. De acordo com o exposto no Parágrafo único desse Artigo, a PNAISH objetiva promover a melhoria das condições de saúde da população masculina, contribuindo para minorar a morbidade e mortalidade dos homens de 20 a 59 anos, pelo enfrentamento racional dos fatores de risco e facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à saúde dessa população. Neste sentido, a PNAISH foi lançada com os seguintes objetivos, conforme o Artigo 4 da Portaria nº. 1.944/2009 GM/MS: I - mudança de paradigma em relação à percepção dos homens sobre cuidados em saúde; II - captação precoce da população masculina nas ações preventivas às doenças cardiovasculares e todo tipo de câncer; III - organizar, efetivar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde do homem; IV fortalecimento da atenção básica, facilidade de acesso e qualidade na atenção ao enfrentamento aos fatores de risco à saúde; V - capacitar e qualificar os profissionais da atenção básica no atendimento à população masculina; VI - implantar efetivar a atenção à saúde sexual e reprodutiva; VII - aumentar e qualificar a atenção ao planejamento reprodutivo; VIII estimular a participação dos homens no planejamento da vida sexual e reprodutiva, com ações educativas especialmente relativas à paternidade; IX - garantia a vasectomia voluntária; X - promoção da prevenção das DSTs e HIV; XI - garantia do acesso aos serviços especializados (atenção secundária e terciária); XII - promoção e atenção integral à saúde do homem nas populações indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, trabalhadores rurais, homens com deficiência, em situação de risco, em situação carcerária, e outros; XIII - articulação entre as ações governamentais e sociedade civil organizada, mostrando as reais condições da saúde do homem brasileiro e divulgação das medidas de prevenção; XIV - ampliação do acesso às informações de medidas preventivas aos agravos à saúde da população masculina; XV - inclusão do enfoque de gênero, orientação sexual, identidade de Gênero e condição étnico- racial nas ações de cunho social e educativo; XVI - motivar os homens aos cuidados com sua própria saúde, na realização de exames preventivos e adoção de hábitos saudáveis e XVII aperfeiçoamento dos sistemas de informação visando melhoria do monitoramento a assertiva tomada de decisão (BRASIL, 2009). 190 Soares e Assunção (2011) e Carrara et al (2009) salientam o pioneirismo do Brasil em lançar e fazer cumprir uma Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. A PNAISH está inserida no contexto do Programa “Mais Saúde: Direito de Todos”, alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica, priorizando as ações do Programa Saúde da Família enfatizando a estratégia de “reconhecer a saúde como um direito social básico e de cidadania da população masculina”, através de ações estratégicas integralizadas contribuindo para a redução da morbimortalidade destes. Conclusão e Considerações Finais O percurso das políticas sociais no mundo e no Brasil foi desenvolvido sob a égide de garantir a melhoria da qualidade de vida da humanidade. Historicamente, para apaziguar as mazelas sociais e, promover a sustentabilidade do modo de produção capitalista que se impunha e se impõe até hoje. As políticas sociais assumem diferentes enfoques, ora tem carater negativo – Estado de Bem-Estar Social sob a ótica neoliberal, ora carater positivo enquanto propulsoras da conquista de direitos sociais universais. A atual conjuntura econômica globalizada reduz ao máximo o orçamento do gasto social sob a orientação de políticas neoliberais e políticas focalizadas. No bojo das focalizações a PNAISH de acordo com seus objetivos e princípios, quer garantir a melhoria da qualidade de vida da população masculina, minorar os índices de morbidade e mortalidade contribuindo para o aumento da expectativa de vida da população masculina. É fato que a instituição de uma política que venha a atender homens de 20 a 59 anos não dará conta de resolver os agravos de saúde que acometem os homens caso não sejam de fato desenvolvidas ações efetivas para tal. Faz-se necessário compreender o contexto histórico, político, econômico, construções socioculturais de masculinidade os quais “formatam” o tipo de homem real o qual a saúde pública tem o dever de atender e resolver através de atenção integral seus problemas de saúde. O presente trabalho apresentou sob quais determinantes sociais, políticos e econômicos e epidemiológicos a PNAISH fora elaborada. Novos estudos devem ser realizados no sentido de avaliar quais as contribuições dessa política para a população masculina e suas famílias bem como para a sociedade brasileira, considerando o potencial produtivo da população foco. Referências 191 ARAUJO. Giuliana Bastos. A Questão do Gênero Masculino. Disponível em: http://www.uff.br/psienf/worksaudedohomem2.pdf. acesso em 28 nov. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: princípios e diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2009a. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. 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Acesso em 30 nov. 2011. 194 APLICAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DO GRAU DE DEPENDÊNCIA DE CUIDADOS DOMICILIARES DE ENFERMAGEM EM IDOSOS NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ-PR Iara Sescon Nogueira Enfermeira. PROCERE – Programa Centro de Referência do Envelhecimento - Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Rayane Nascimbeni Maldonado Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Aluna bolsista do PROCERE – Programa Centro de Referência do Envelhecimento – Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Paula Cristina Gerhardt Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá – Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Lígia Carreira Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá – Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Vanessa Denardi Antoniassi Baldissera Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá – Maringá (PR), Brasil E-mail: [email protected] Resumo O objetivo do presente estudo foi descrever os critérios para priorização de visitas domiciliares aos idosos residentes em uma área sem cobertura da estratégia saúde da família. Trata-se de um estudo de natureza descritiva, realizado junto aos idosos residentes em uma área sem cobertura da estratégia saúde da família pertencentes a uma área de abrangência de uma unidade de saúde de um município do norte do estado do Paraná-Brasil. A fonte de dados foi os registros armazenados no projeto ‘Assistência domiciliar de enfermagem as famílias de idosos dependentes de cuidado’ (ADEFI), integrante do ‘Programa Centro de Referência do Envelhecimento’ (PROCERE). A escala de instrumentos para avaliar o grau de dependência de cuidados de enfermagem para priorização de visitas domiciliares foi elaborada a partir de discussões e leituras em grupo baseadas na literatura e adequadas à realidade da população e território em questão. Conforme pontuação, os idosos foram classificados em sem dependência, baixa dependência, média dependência e alta dependência. Foram avaliados 116 idosos, sendo 90 (77,5%) classificados como sem dependência e 26 (22,5%) com algum grau de dependência. Dos idosos que apresentavam dependência parcial ou total, 19 (73%) foram classificados apresentando baixa dependência, cinco (19,3%) com média dependência e apenas dois (7,7%) idosos com alta dependência. A aplicação da escala 195 de instrumentos para avaliar o grau de dependência de cuidados de enfermagem voltada para o idoso possibilitou o planejamento adequado das ações e a melhoria da qualidade da assistência, através da priorização das visitas. Palavras Chave: Saúde do Idoso; Cuidados de Enfermagem; Envelhecimento. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O princípio de equidade do Sistema Único de Saúde garante aos indivíduos ações e serviços em todos os níveis de complexidade conforme a necessidade de cada pessoa, ou seja, todo cidadão é igual perante o SUS e tem o direito de ter acesso a todos os serviços disponíveis no sistema (BRASIL, 2011). Nesse sentido, na saúde pública, destaca-se a visita domiciliar (VD) de enfermagem como um instrumento que garante a assistência em saúde. Ela permite que o profissional aproxime-se da família, permitindo que este entenda o contexto de vida do indivíduo e identifique suas necessidades e, consequentemente, sugira condutas coerentes (KEBIAN; ACIOLI, 2011). Em relação à população idosa, sabe-se que junto ao aumento da idade há o surgimento de doenças crônicas, podendo diminuir a capacidade funcional do idoso (OLIVEIRA; MATTOS, 2012), o que reforça a importância das visitas domiciliares, tendo em vista que, de acordo com a atual assistência em saúde, o idoso incapacitado e acometido por doenças crônicas deve ser cuidado no local onde sempre viveu e adoeceu, ou seja, o próprio lar (SILVA; GALERA; MORENO, 2007). Para que se possam realizar as visitas domiciliares e oferecer cuidados com equidade na assistência, é necessário que o enfermeiro tenha um bom planejamento. Um dos instrumentos utilizados para auxiliar esta organização foi a utilização da Escala de Instrumentos para avaliação do grau de dependência de cuidados de enfermagem. É um instrumento que foi construído por meio do projeto “ADEFI – Assistência de enfermagem as famílias com idosos dependentes de cuidado”, com o intuito de auxiliar na avaliação de dependência de idosos cadastrados no projeto, permitindo desta forma uma priorização das visitas domiciliares por meio do grau de dependência desses idosos. Considerando o aumento da população idosa e sua crescente demanda pelos serviços de saúde, é necessária a organização e estratificação do atendimento desta 196 população, principalmente no que diz respeito aos idosos que necessitam de maiores cuidados. Objetivo O objetivo do presente estudo foi descrever os critérios para priorização de visitas domiciliares aos idosos residentes em uma área sem cobertura da estratégia saúde da família. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo de natureza descritiva, realizado junto aos idosos residentes em uma área sem cobertura da estratégia saúde da família, pertencentes a uma área de abrangência de uma unidade de saúde de um município do norte do estado do Paraná, Brasil. A fonte de dados foi os registros armazenados no projeto ‘Assistência domiciliar de enfermagem as famílias de idosos dependentes de cuidado’ (ADEFI), integrante do ‘Programa Centro de Referência do Envelhecimento’ (PROCERE). São eles: Protocolo de identificação do Idoso Vulnerável – VES-13 (LUZ, 2013), Índice de Katz (KATZ, 1963), Escala de Lawton/Brody (LAWTON e BRODY, 1969), Escala de depressão Geriátrica (YESAVAGE, 1983) e registros das reuniões em que esses dados foram discutidos e as respectivas ações de saúde foram planejadas. Discussão de Resultados A escala de instrumentos para avaliar o grau de dependência de cuidados de enfermagem para priorização de visitas domiciliares foi elaborada a partir de discussões e leituras em grupo baseadas na literatura e adequadas à realidade da população e território em questão. Assim, foram atribuídas pontuações para os instrumentos aplicados, entre mínima, que corresponde á ausência de dependência, e máxima, que corresponde à presença de dependência: Três pontos - Idoso Frágil (VES-13), Muito dependente (Katz), Dependentes (Lawton/Brody) e Depressão Grave; Dois pontos – Idoso com Risco (VES-13), Dependência Moderada (Katz), Capazes com Auxilio (Lawton/Brody) e Depressão leve ou Moderada; Um ponto – Idoso Robusto (VES-13), Independentes (Katz), Independentes (Lawton/Brody) e Sem depressão. Após a soma, e conforme pontuação, os idosos foram classificados em sem dependência (até 4 pontos), baixa 197 dependência – D1 (5 e 6 pontos), média dependência – D2 (7 e 8 pontos) e alta dependência – D3 (acima de 9 pontos). Foram avaliados 116 idosos, sendo 90 (77,5%) classificados como sem dependência e 26 (22,5%) com algum grau de dependência. Dos idosos que apresentavam dependência parcial ou total, 19 (73%) foram classificados apresentando baixa dependência, cinco (19,3%) com média dependência e apenas dois (7,7%) idosos com alta dependência. Podemos observar que apesar da maioria dos idosos serem classificados como sem dependência, é expressivo o número de indivíduos que apresentam algum grau de dependência. Assim, a sistematização das visitas domiciliares torna-se essencial para a que os indivíduos mais vulneráveis tenham um atendimento prioritário, reforçando assim o princípio da equidade (BRASIL, 2011). Desta forma, é considerado um importante instrumento que pode ser utilizado no planejamento e organização das ações da equipe. A elaboração da escala utilizando os instrumentos que avaliam o grau de dependência e funcionalidade dos idosos possibilitou com eficiência, a partir dos instrumentos previamente aplicados e utilizados, identificar os indivíduos com maiores fragilidades e grau de dependência, priorizando assim as visitas domiciliares. Conclusão e Considerações Finais A aplicação da escala de instrumentos para avaliar o grau de dependência de cuidados de enfermagem voltada para o idoso possibilitou o planejamento adequado das ações e a melhoria da qualidade da assistência, através da priorização das visitas. É também um instrumento objetivo e de fácil aplicação, e por utilizar o banco de dados do projeto, não requer outros instrumentos ou fichas, além de otimizar o trabalho. Referências BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. 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E-mail: [email protected] Ligia Carreira Doutora em Enfermagem Fundamental. Docente do curso de Graduação e PósGraduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] Carlos Alexandre Molena Fernandes Doutor em Ciências Farmacêuticas, Docente do programa de pós-graduação em enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] RESUMO Com o aparecimento da Aids, pensava-se que haviam grupos mais suscetíveis, como os homossexuais e prostitutas, assim, as populações, como os idosos, não eram considerados grupos de risco, e as campanhas de prevenção acabaram sendo deficientes. Desse modo a doença apresentou uma tendência crescente nessa população, e tem ganho cada vez mais espaço na atualidade devido ao seu grande impacto na saúde da população idosa. Destarte, o objetivo do estudo foi verificar o número de diagnósticos de pacientes com HIV entre idosos de 2004 a 2013 em Maringá, Paraná, e no estado do Paraná. Trata-se de uma pesquisa de avaliação das informações obtidas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAM) sobre casos de HIV diagnosticados em Maringá e no Paraná de janeiro de 2004 a dezembro de 2013 em idosos com 60 anos ou mais por ano de diagnóstico. O total de casos novos de HIV em Maringá foi de 34. Homens foram a maioria, 70% dos casos. No Paraná o total de casos foi 835, sendo que a maioria foi na faixa etária de 60 a 69 anos, correspondendo a 681 novos casos. Os homens paranaenses também foram maioria, 495, com a maioria (404) na faixa dos 60 a 69 anos. Quando comparamos o município com o estado ambos tiveram uma taxa de incidência igual (0,07) de novos casos diagnosticados. Assim, idosos começam a aparecer no cenário dos que vivem com HIV, este fato deve ser visto como um grande problema de saúde pública a ser enfrentado. Palavras Chave: Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Idoso; Epidemiologia. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. 200 Introdução Mais de trinta anos após a primeira descrição da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), casos da doença ainda são diagnosticados em todas as partes do mundo. Mais de 34 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo HIV e a maioria delas vive em países com baixa e média renda econômica. Somente no ano de 2011, morreram 1,7 milhões de pessoas por causas relacionadas a AIDS no mundo todo (UNAIDS, 2012). Com o aparecimento da AIDS, nos anos 80, pensava-se que haviam grupos mais suscetíveis, como os homossexuais e prostitutas, assim, as outras populações, como os idosos, não eram considerados grupos de risco, e as campanhas de prevenção focadas para esse público eram deficientes. Dessa maneira, doenças transmissíveis sexualmente, como a AIDS, apresentaram ao longo do tempo uma tendência de aumento nessa população, e tem ganho cada vez mais espaço na atualidade devido ao seu grande impacto na saúde da população idosa (ANDRADE; SILVA; SANTOS, 2010). Apesar das inúmeras mudanças de paradigmas relacionadas à sexualidade, grande parte da sociedade ainda não a avalia como saudável e natural em idosos. A desinformação e o grande preconceito acentuam a ideia da velhice assexuada, aumentando a fragilidade do idoso não só ao HIV/AIDS, mas também a todas as DSTs. Campanhas nacionais e ações de promoção e proteção da saúde, realizadas a partir de 2008, têm amenizado a invisibilidade da transmissão do HIV na população geriátrica (SANTOS, 2011). Apesar dos tabus existentes sobre a sexualidade do idoso, o aumento de casos de AIDS em pessoas com idades mais avançadas pode estar relacionado à disponibilidade de medicamentos que auxiliam na ereção e no desempenho sexual, à falta de informações específicas sobre a doença e até às melhores condições financeiras de alguns idosos, o que contribui para o acesso a prazeres e serviços disponíveis, permitindo uma vida sexual mais ativa (SILVA; SALDANHA; AZEVEDO, 2010). Objetivo Verificar o número de diagnósticos de pacientes com HIV em idosos no decênio 2004 a 2013 no município de Maringá, Paraná, e no estado do Paraná. Materiais e Métodos 201 Trata-se de um estudo descritivo transversal no qual desenvolveu-se uma avaliação das informações obtidas na base de dados do DATASUS, do Ministério da Saúde, sobre casos de HIV identificados e diagnosticados em Maringá e no Paraná para o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2013 em idosos com 60 anos ou mais por ano de diagnóstico. O instrumento da coleta de dados foram as notificações de casos novos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAM) disponível no do DATASUS. Para a avaliação foram comparados os casos novos de HIV dos idosos residentes em Maringá, Paraná, com uma população estimada de 44.628 idosos no ano 2012 (IBGE, 2012) com os casos novos diagnosticados do estado do Paraná no mesmo período. Os dados foram coletados segundo sexo e faixa etária. Os idosos foram classificados em três grupos etários: 60 a 69 anos; 70 a 79 anos e 80 anos e mais. Tendo em vista que a pesquisa utilizou base de dados do Ministério Público disponibilizados em meio eletrônico, sendo estes de domínio público, este estudo dispensa a apreciação e a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Discussão de Resultados No período de 2004 a 2013, no município em estudo, o número de casos de HIV em indivíduos com 60 anos ou mais incidiu em 34 pessoas. Nesta pesquisa, entre os idosos notificados como portadores de HIV, o grupo etário mais acometido foi aquele com idade entre 60 e 69 anos (91%), resultado similar foi encontrado em uma pesquisa realizada no estado de Pernambuco, em que esta foi a faixa etária mais acometida (79,5%) (SILVA; VASCONCELOS; RIBEIRO, 2013) Quando observamos o sexo, os homens foram a maioria, apresentando 24 (70%) casos, sendo 22 de 60 a 69 anos. As mulheres corresponderam a 10 (30%), sendo nove casos novos de 60 a 69 anos e somente um de 70 a 79 anos. Este estudo mostrou- se semelhante ao de OKUNO et al, (2012) onde observaram que 62,8% dos pacientes eram do gênero masculino. Na segunda fase da pesquisa, foi comparada a frequência de casos novos apresentados no decênio do município com os valores apresentados para estado do Paraná. No estado do Paraná o total de casos novos de HIV foi de 835 registros no mesmo período. Sendo que a maioria também foi na faixa etária de 60 a 69 anos, 202 correspondendo a 681 novos casos. Além disso, 12 (1,4%) dos casos comprometiam indivíduos com 80 anos ou mais. Os homens paranaenses também foram maioria, 495, com a maioria (404) na faixa dos 60 a 69 anos. No sexo feminino o maior número de casos também foi nesta faixa etária com 277 casos dos 340 novos casos. Mas quando comparamos o município com o estado ambos tiveram uma taxa de incidência igual (0,07) de novos casos diagnosticados em relação ao número de idosos residentes no mesmo período. Conclusão e Considerações finais Pessoas com faixa etária mais elevada começam a aparecer no cenário dos que vivem com HIV, este fato deve ser visto como um grande problema de saúde pública a ser enfrentado. Embora não possa ser possível generalizar os resultados deste estudo para outras populações e regiões do país, eles fornecem informações úteis para subsidiar as políticas de saúde na prevenção e no tratamento do HIV/AIDS de pessoas que vivem com a doença. Dessa forma, faz-se necessário investir fortemente em campanhas de prevenção do HIV/AIDS e DSTs, voltadas especificamente para essa população idosa, além de incluir essa temática no cotidiano dos serviços de saúde durante o atendimento ao idoso, conscientizando a população da importância da prevenção dessas doenças. Referencias ANDRADE, H.A. dos S.; SILVA, S. K. da; SANTOS, M. I. P. de O. . Aids em idosos: vivências dos doentes. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro , v. 14, n. 4, p. 712719, Dez. 2010 . IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas populacionais para os municípios brasileiros. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2012/default.shtm>. 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Maringá- PR- Brasil Magda Lúcia Félix de Oliveira Enfermeira, Doutora em Saúde Coletiva, Professora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá, Maringá- PR- Brasil Resumo O método de vigilância epidemiológica por busca ativa permite registrar casos por agentes pouco alcançados pela notificação passiva e dá visibilidade às ocorrências toxicológicas pelo do uso abusivo de drogas, que acarretam evoluções clínicas de alta complexidade. O estudo objetivou apresentar os resultados de um sistema de toxicovigilância por busca ativa em ambiente hospitalar. Estudo descritivo, com abordagem quantitativa, com dados coletados das fichas de Ocorrência Toxicológica notificadas arquivadas no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá referentes a janeiro de 2010 a dezembro de 2014. Foram encontrados 540 casos novos de intoxicação e o perfil evidenciou predomínio do sexo masculino, faixa etária de 40 a 59 anos, baixa escolaridade e residentes no município de Maringá. A principal circunstância da intoxicação foi o abuso crônico de drogas alcoólica crônica e o agente causal bebida alcoólica. A evolução clínica da maioria foi a alta hospitalar, com menos de cinco dias de internação, no entanto, 41 evoluíram a óbito. O expressivo número de casos subnotificados, espontaneamente encontrados, demonstra a importância do método de busca ativa dos casos como medida efetiva para 205 promover a captação e maior número de registros para o centro de assistência toxicológica, assim como a difusão do conhecimento técnico-científico relativo à prevenção da intoxicação. Palavras Chave: Vigilância Epidemiológica; Toxicologia; Unidades de Internação. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A toxicovigilância representa um conjunto de ações que buscam eliminar ou minimizar as situações que podem afetar a integridade física, mental e social dos indivíduos pela exposição às substâncias químicas. O reconhecimento de possíveis efeitos tóxicos que podem ocorrer durante o processamento de um produto, desde sua manufatura, comercialização, transporte, armazenamento, manejo e utilização, é uma medida tomada pela toxicovigilancia, com vistas a evitar o índice de morbimortalidade ocasionada pela ocorrência de uma intoxicação (SINITOX, 2014; BRASIL, 2010). Considerando que a intoxicação representa o efeito da exposição a substâncias químicas na saúde humana, a notificação das intoxicações passou a ser obrigatória com a publicação da Portaria MS 2.472, de agosto de 2010, formalizando um sistema de toxicovigilância (BRASIL, 2010). O ambiente hospitalar, por ser uma importante fonte para a detecção de doenças e agravos de notificação compulsória e outros eventos de importância para a saúde pública, principalmente os emergentes e reemergentes, foi considerado, então, um elo importante para o desenvolvimento dessa rede de vigilância epidemiológica. Os registros dos centros de informação e assistência toxicológica, integrados às unidades hospitalares, são considerados sentinelas e captadores de problemas sociais passíveis de atuação da Saúde Pública (SILVINO et al., 2012). Neste contexto, o projeto de extensão universitária Toxicovigilância: Busca Ativa e Educação em Saúde é realizado desde 2005 no Centro de Controle de Intoxicações (CCI) do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). Realizado por alunos do curso de graduação e pós-graduação em Enfermagem, mestrandos e técnicos do HUM, a partir da procura de casos diretamente nos prontuários e fichas de atendimento das unidades Clínica Médica, Cirúrgica, Pediátrica, Ginecologia e Obstetrícia, Terapia Intensiva e Pronto Socorro, visa à redução de subnotificação dos casos de intoxicação por meio da busca ativa à beira do leito; bem como a realização de 206 atividades de educação em saúde, fornecendo informações aos pacientes e familiares para a prevenção de agravos e alertando-os sobre os danos do uso indevido de drogas de abuso. Para todo caso encontrado, considerado novo e subnotificado de forma passiva, é preenchida a ficha epidemiológica de Ocorrência Toxicológica (OT), e os dados são cadastrados no Banco de Dados do CCI/HUM e, posteriormente, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Objetivo Apresentar os resultados de um sistema de toxicovigilância por busca ativa em ambiente hospitalar. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo do tipo documental, de abordagem quantitativa, exploratório-descritivo, realizado com dados coletados das fichas de Ocorrência Toxicológica notificadas pelo método busca ativa e arquivadas no CCI/HUM, referentes ao período de janeiro de 2010 a dezembro de 2014. O CCI/HUM é um órgão de assessoria e consultoria na área de urgências toxicológicas, funcionando nas dependências do HUM desde abril de 1990, com as finalidades de fornecer informações toxicológicas a profissionais de saúde e à população leiga, e adicionalmente serve de fonte de informações aos profissionais do HUM. Além disso, o CCI/HUM coleta e armazena dados de ocorrências toxicológicas em âmbito macrorregional, representando uma importante fonte para a avaliação da realidade dos acidentes tóxicos no Estado do Paraná (REIS et al., 2013; SILVINO et al., 2012). Como fontes de dados foram utilizados os dados dos relatórios anuais de acompanhamento do Projeto de Extensão: Toxicovigilância: Busca Ativa e Educação em Saúde no HUM para a seleção dos sujeitos de pesquisa e a ficha de O dos casos selecionados. A ficha epidemiológica OT é o instrumento de registro de casos de intoxicação, com dados referentes ao paciente e da ocorrência toxicológica, bem como, um importante instrumento de notificação e acompanhamento clínico de pacientes. O armazenamento das fichas OT tem objetivo a posterior avaliação da realidade dos acidentes toxicológicos na região Noroeste do Paraná (BRASIL, 2010). 207 Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um formulário composto pelas variáveis sócio-demográficas e da intoxicação: sexo (masculino e feminino), faixa etária, escolaridade (fundamental incompleto e completo; nível médio incompleto e completo; nível superior incompleto e completo, não alfabetizado), município de residência do paciente (pertencentes à 15ª Regional de Saúde), circunstância da exposição (intoxicação alcoólica crônica e aguda; por maconha; por crack; reação adversa a medicamentos; por múltiplas drogas), agente causal (bebida alcoólica; drogas de abuso ilícitas; drogas de abuso ilícitas + bebida alcoólica; reação adversa), diagnóstico (primário e secundário), evolução clínica do caso (alta e óbito), o tempo de internação (agrupado em dias: 0 a 5, 6 a 10, 11 a 20, 21 a 30 e superior a 31dias). Os dados foram compilados no software Microsoft Office Excel 2013, organizados em tabelas com frequências absolutas e percentuais, apresentados descritivamente. Discussão de Resultados Nos cinco anos de estudo foram notificadas 540 ocorrências toxicológicas. O perfil dos casos notificados pelo processo de busca ativa foi de indivíduos do sexo masculino 449 (83,1%), com faixa etária entre 40 a 59 anos com 184 (34,1%), grande parte tinha baixa escolaridade - não concluíram o ensino fundamental 220 (40,7%), e residiam no município de Maringá - 332 (61,5%). A maioria das ocorrências foram ocasionadas pela intoxicação crônica por drogas - 399 (73,9%) e como agente causal a bebida alcoólica - 444 (82,2%). Ressalta-se, portanto, que a predominância do álcool como agente causal pode ser uma das causas da tendência a masculinização das ocorrências subnotificadas, visto que é comprovado que os homens fazem mais uso de bebida alcoólica quando comparados às mulheres (MOTA et al., 2012). O uso nocivo do álcool é um fator causal em mais de 200 doenças e transtornos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em nível mundial, com na base no cálculo de nos anos de vida perdidos Disability-Adjusted Life Years, 5,1% da carga global de doenças e lesões são atribuíveis ao consumo de álcool (DALY) (WHO, 2015). Essa relação causal entre o uso abusivo do álcool versus doenças não transmissíveis e traumas, também foi observada no presente estudo, em que a soma dos diagnósticos por trauma 175 (32,4%) e os efeitos clínicos secundários ao seu uso, como a doença do trato gastrointestinal 116 (21,5%) foram responsáveis por dos 53,9% das internações. 208 O processo de moralização do uso de droga de abuso é proporcionalmente inverso ao resultado e qualidade da assistência. A constatação do grande número de casos de intoxicação alcoólica subnotificados pode inferir pela invisibilidade epidemiológica dessas pessoas nos serviços de saúde. Quanto a evolução clínica, a alta hospitalar aconteceu em 362 casos (67,0%), com tempo de permanência na instituição inferior a cinco dias - 246 (45,6%), no entanto, 41 (7,6%) pacientes evoluíram a óbito. Anualmente, no mundo morrem cerca de 3,3 milhões de pessoas, como resultado do uso nocivo do álcool, o que representa 5,9% de todas as mortes (WHO, 2015). Ressalta-se portanto a importância dos profissionais de saúde, particularmente os da equipe de enfermagem, no processo de educação em saúde e na vigilância de casos, alertando jovens e adultos à prevenção das intoxicações, reconhecendo precocemente os casos de pacientes intoxicados e estabelecendo a vigilância em saúde quanto à disponibilidade de substâncias químicas passíveis de intoxicação. Conclusão e Considerações Finais Conclui-se que o perfil dos casos notificados pelo projeto é de indivíduos do sexo masculino, com faixa etária de 40 a 59 anos, com diagnósticos médicos decorrentes da exposição crônica do uso de drogas de abuso. Como aspectos positivos do projeto, pode-se citar o seu potencial de ampliação do número de registros do CCI/HUM, para que este exerça de forma mais abrangente a sua finalidade básica de promover a sistematização, a ampliação e a difusão do conhecimento técnico-científico relativo à prevenção e que a estruturação do Projeto contribui para uma melhor formação de estudantes nas áreas da Toxicologia, Assistência Toxicológica e Cuidado, além de proporcionar-lhes a compreensão da importância dos registros hospitalares e das notificações epidemiológicas. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.472, de 31 de agosto de 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt2472_31_08_2010.html>. Acesso em: 18 jan. 2015. SINITOX. Toxicovigilância: Módulo 1. Disponível <http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mI.toxic.htm>. Acesso em: 18 jan. 2015. WHO. Media centre: alcohol. 2014. Disponível em: 209 em: <http://www. who.int/mediacentre/factsheets/fs349/en/> . Acesso em: 18 jan. 2015. SILVINO, M. C. S. et al. Operacionalização de evento sentinela para vigilância do uso de drogas de abuso. Saude & Transformação Social, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 59-66, 2012. MOTA, D. M.; MELO, J. R. R.; FREITAS, D. R. C.; MACHADO M. Perfil da mortalidade por intoxicação com medicamentos no Brasil, 1996-2005: retrato de uma década. Ciênc. saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 61-70, 2012. REIS, L. M.; MARTINS, B. F.; GAVIOLI, A.; MATHIAS, T. A. F.; OLIVEIRA, M. L. F. Saúde do homem: internações hospitalares por intoxicação. Esc Anna Nery, v. 17, n. 3, p. 505-511, 2013. 210 CAMPANHA DE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Denise de Fátima Hoffmann Rigo Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Fabieli Borges Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Luis Guilherme Sbrolini Marques Enfermeiro Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Raissa Ottes Vasconcelos Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Thais Vanessa Bugs Enfermeira Residente em Gerenciamento em Enfermagem Clinica Médica Cirúrgica – UNIOESTE/HUOP E-mail: [email protected] Anair Lazzari Nicola Enfermeira, Doutora, Docente da área de Gerenciamento em enfermagem do Curso de Enfermagem da UNIOESTE, CCBS, campus Cascavel/PR E-mail: [email protected] Resumo A higiene das mãos é de primordial importância, quando se trata de Infecções Relacionada a Assistência em Saúde – IRAS, e abrange o profissional de saúde, pacientes, cuidadores e a instituição de saúde como um todo. Segundo o Ministério da Saúde (2009) a higienização das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares (IH). O objetivo deste trabalho foi realizar um Relato de a experiência vivenciada por Enfermeiros Residentes do HUOP referente ao desenvolvimento da campanha de higienização das mãos, bem como sua importância para a prática assistencial no Hospital Universitário do Oeste do Paraná – HUOP. A campanha consistiu em abordagens coletivas e individuais em todas as unidades de atendimento, totalizando 13 setores do hospital. entrega de panfletos, bottons, fixação de cartazes que demonstravam a técnica de higienização das mãos próximo as pias e dispense de álcool em gel. Essa atividade foi desenvolvida durante três dias em todos os turnos de trabalho. Em um primeiro momento houve uma boa aceitação da campanha, por parte da equipe de saúde. Posteriormente foi observada a retirada dos cartazes em alguns setores, baixa adesão a higienização das mãos em várias 211 oportunidades onde é recomendada a higiene das mãos, vislumbramos ainda que diante da situação atual dos funcionários que estão em greve, com numero reduzido de funcionários, com uma demanda de trabalho exacerbada e muitas vezes com falta de materiais básicos nas unidades a campanha deve ser retomada, juntamente com a Comissão de Controle de Infecção – CCIH. Palavras Chave: Higiene das Mãos; Enfermagem; Segurança do Paciente. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução Reconhecendo a magnitude do problema da segurança do paciente a nível global, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu em 2004 a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente em que a finalidade foi definir e identificar prioridades na área da segurança do paciente em diversas partes do mundo contribuindo dessa forma para uma agenda mundial para a pesquisa no campo a respeito desta temática (REIS; MARTINS; LAGUARDIA, 2013). Nesse sentido, o Protocolo de Higienização das Mãos visa uma forma de melhor assistência segura ao paciente. O Protocolo de Higienização das Mãos em Serviços de Saúde desenvolvido pelo Ministério da Saúde e a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2013 tem por finalidade instituir e promover a higiene das mãos nos serviços de saúde do país com o intuito de prevenir e controlar as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), visando à segurança do paciente, dos profissionais de saúde e de todos aqueles envolvidos nos cuidados aos pacientes (ANVISA, 2013). A higienização das mãos consiste na fricção manual vigorosa de toda a superfície das mãos e punhos, utilizando-se sabão/detergente, seguida de enxágue abundante em água corrente, deve ocorrer preferencialmente por 30 a 45 segundos (ANVISA, 2009) Segundo o Ministério da Saúde (2009) a higienização das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares (IH). Visa remover micro-organismos da flora transitória e alguns da flora residente, de células descamativas, de pelos, de suor, de sujidades e de oleosidade. O objetivo da higienização das mãos é reduzir a transmissão de micro-organismos pelas mãos, prevenindo as infecções (OLIVEIRA, 2005). 212 O protocolo de higienização das mãos recomenda: Unhas bem aparada; de preferência sem esmalte; uso de papel-toalha que possibilite uso individual folha a folha; a lavagem das mãos pode ser completada com a fricção de álcool a 70% por 15 segundos (ANVISA, 2009) Para tanto, a lavagem das mãos devem ser feitas por profissionais que trabalham em serviços de saúde quando: contato direto ou indireto com os pacientes; manipulação de medicamentos; alimentos; material estéril ou contaminado (ANVISA, 2009) A técnica consiste em molhar as mãos com água; aplicar sabão neutro para cobrir todas as superfícies da mão; esfregar as palmas das mãos umas nas outras; os dorsos das mãos e punhos; espaço interdigital; proeminências ósseas; polegares; polpas digitais e unhas; na sequência podem-se enxaguar as mãos respeitando o sentido: ponta dos dedos até punho; secar com papel toalha e por fim fechar a torneira com o papel toalha. Essa técnica deve ocorrer em cinco momentos: antes do contato com o paciente; antes da realização de procedimentos assépticos; após contato com o paciente; após contato com o ambiente próximo ao paciente. Objetivo Relatar a experiência vivenciada por Enfermeiros Residentes do HUOP referente ao desenvolvimento da campanha de higienização das mãos, bem como sua importância para a prática assistencial no Hospital Universitário do Oeste do Paraná – HUOP. Materiais e Métodos Relato de experiência vivenciado por enfermeiros da Residência em Gerenciamento de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE – Campus de Cascavel-PR, relacionado a implantação do programa de Segurança do Paciente, entre os tópicos do programa esta a higiene das mão. Durante a disciplina de Segurança do Paciente vigente na grade curricular da Residência Multiprofissional do HUOP, foram discutidas e elaboradas estratégias de educação em saúde a fim de sensibilizar a equipe de profissionais da saúde, comunidade acadêmica, pacientes e cuidadores. A campanha consistiu em abordagens coletivas e individuais em todas as unidades de atendimento, setores administrativos, setor de nutrição, serviço de apoio e setor ambulatorial, no total foram abordados 13 setores do hospital. Por meio de estudo do protocolo da ANVISA, foi elaborado a campanha de higiene das mãos, por meio de 213 entrega de panfletos, bottons, fixação de cartazes que demonstravam a técnica de higienização das mãos próximo as pias e dispense de álcool em gel. Essa atividade foi desenvolvida durante três dias em todos os turnos de trabalho, com o intuito de sensibilizar os profissionais da área da saúde, pacientes e cuidadores sobre a importância da higienização das mãos. Discussão de Resultados A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do HUOP adotou o protocolo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária de 2013, como referência para a higienização das mãos e elaboração da normativa (035/2004) revisada em 2014, que padroniza a pratica de higiene das mãos. A comissão disponibiliza ainda a normativa (073/06) que trata da eficácia da higienização das mãos na eliminação da microbiota residente e transitória. Foi abordada a importância da higiene das mãos com água e sabão ou álcool a 70% e orientação quanto ao uso de adornos vinculado ao controle de infecção hospitalar. Além disso, foram distribuídos bottons adesivo para os funcionários com o slogan “Eu higienizei as minhas mãos para tocar em você” e cartazes fixados nos quartos com o slogan “você higienizou as mãos para tocar em mim?” com o intuito de sensibilizar a todos sobre a importância da pratica para a segurança do paciente. Também, foram distribuídos cartazes com a ilustração da técnica correta de higiene das mãos e caixa em forma de cubo ilustrando os cinco momentos para a higiene das mãos. Em um primeiro momento houve uma boa aceitação da campanha, por parte da equipe de saúde. Posteriormente foi observado a retirada dos cartazes em alguns setores, baixa adesão a higienização das mãos em várias oportunidades favoráveis a higienização das mãos. De acordo com a cartilha da ANVISA (2010) embasado no guia da OMS há cinco momentos da assistência em que se devem higienizar as mãos, sendo eles: Antes de tocar no paciente, após o contato com o paciente, antes de realizar procedimento, após risco de exposição a fluidos orgânicos, após contato com área próxima ao paciente. Visto isto percebemos no dia a dia que há muita falha na adesão da pratica de higiene perante essas oportunidades, bem como no desempenho correto da técnica. Segundo Oliveira; ET AL (2009) a adesão à higiene das mãos pode variar de acordo com fatores individuais, cognitivos e psicológicos, podendo desempenhar papel determinante relacionado ao comportamento dos profissionais, ou seja, conhecer as 214 atitudes, as intenções, as crenças e as percepções, pode favorecer insigth direcionados a adesão da higienização das mãos. Com a realização da campanha, podemos vislumbrar que diante da situação atual dos funcionários que estão em greve, com numero reduzido de funcionários, com uma demanda de trabalho exacerbada e muitas vezes com falta de materiais básicos nas unidades a campanha deve ser retomada, assim que melhorar alguns aspectos citados, visando atividades mais práticas com o intuito de impactar e conscientizar mais a cerca desta boa pratica no serviço de saúde. Conclusão e Considerações Finais Percebe-se que apesar de a higienização das mãos ser uma pratica rotineira, pode ser muito negligenciada pela equipe, necessitando que sempre haja projetos de educação continuada nas instituições de saúde, bem como o incentivo da pratica pela Comissão de Controle de Infecção do Hospitalar, uma vez que este setor contempla os principais indicadores de infecção hospitalar, o que tem relação direta com a higiene das mãos na prevenção de infecções cruzadas e disseminações. Referências ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Segurança do paciente: Higiene das mãos. Brasília – DF. 2013. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf. Acesso em: 20 abr 2015. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos em serviços de saúde. Brasília – DF. 2009. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/higienizacao_maos/apresentacao.htm. Acesso em: 20 abr 2015. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Meus 5 momentos para a higienização das mãos. Projeto Nacional para a Melhoria da Higienização das mãos. Unidade de investigação e prevenção das infecções e dos eventos adversos UIPEA/GGTES/ANVISA. Brasília – DF. Maio, 2010. OLIVEIRA, A.C. Infecções hospitalares: epidemiologia, prevenção e controle. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. OLIVEIRA, A.C. et al. Infecções relacionadas à assistência em saúde: Desafios para a Prevenção e controle. REME - Rev. Min. Enferm. jul./set., 2009. REIS, C.T.; MARTINS, M.; LAGUARDIA, J. A segurança do paciente como dimensão da qualidade do cuidado de saúde: um olhar sobre a literatura. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 7, Jul 2013. Disponível em: 215 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232013000700018&l ng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 Março 2015. 216 CARACTERIZAÇÃO DE PUÉRPERAS ADOLESCENTES RESIDENTES EM MARINGÁ-PR Ana Claudia Saito Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Thais Aidar de Freitas Mathias Doutora em Saúde Pública, Professora Titular da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Emiliana Cristina Melo Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] Resumo A adolescência representa um período de transição da infância para a vida adulta caracterizado por mudanças biopsicossociais, representando muitas vezes a maturação e iniciação à sexualidade. A gravidez na adolescência pode gerar complicações obstétricas que colocam em risco mãe e filho. Neste sentido o acompanhamento prénatal de qualidade é fundamental para assegurar sua saúde e prevenir complicações. Para tanto é preciso considerar também o ambiente social, econômico e físico no qual a pessoa está inserida. Este estudo tem por objetivo a caracterização sociodemográfica e obstétrica de puérperas adolescentes atendidas pela saúde pública do município de Maringá-PR através de abordagem quantitativa, descritiva e transversal. Das 99 entrevistadas, 98% apresentou idade de 15 a 19 anos sendo que apenas 30,3% trabalhavam. Infere-se, portanto que 69,7% depende financeiramente de outro; 75,8% eram primigestas e 41,7% das multigestas apresentou história de abortamento. A maior parte iniciou o pré-natal no primeiro trimestre de gestação (60,2%) e somente 18,2% não atingiram o número mínimo de consultas preconizadas pelo Ministério da Saúde. Houve maior percentual de nascimentos a termo (83,8%) do que nascimentos pré-termo (16,1%), entretanto 52,5% foram submetidas à cesárea. A avaliação do pré-natal evidencia a baixa qualidade do acompanhamento no município uma vez que em 89,9% dos casos o acompanhamento foi inadequado, sendo apenas 2% considerado adequado. Esse estudo permitiu traçar o perfil das adolescentes puérperas residentes em Maringá e atendidas pelo sistema público de saúde. Espera-se que os resultados encontrados sejam úteis para a programação de atividades direcionadas às necessidades dessa população específica. Palavras Chave: Perfil de saúde; Avaliação de Serviços de Saúde; Gravidez na Adolescência. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução 217 A adolescência é um marco importante e representa um período de transição da infância para a vida adulta no qual ocorrem mudanças físicas, psíquicas e sociais. Ela abrange a faixa etária entre 10 a 19 anos e muitas vezes representa a maturação e início da vida sexual (SILVA et al., 2013). Entretanto, o início precoce da atividade sexual pode levar a uma gravidez nos anos iniciais da vida reprodutiva devido a fatores como a falta de conhecimento sobre métodos contraceptivos e dificuldade de acesso a tais métodos, violência, ânsia de obter um relacionamento estável, entre outros (COSTA; SENA; DIAS, 2011). O aumento no número de gestações nessa faixa etária é considerado um importante problema para a Saúde Pública do país uma vez que pode gerar consequências psicossociais, econômicas e complicações obstétricas que colocam em risco o binômio mãe-filho (SANTOS et al., 2014). Nesse contexto o acompanhamento pré-natal de qualidade é fundamental para assegurar a saúde e prevenir complicações além de garantir a continuidade no atendimento da gestação em diferentes níveis de atenção à saúde. Para tanto é preciso ter uma visão holística e considerar não somente o corpo e a mente, mas também o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual a pessoa está inserida (BRASIL, 2006). Diante da necessidade de delinear o perfil das adolescentes usuárias do serviço público de saúde no município de Maringá, este estudo tem por objetivo a caracterização sociodemográfica e obstétrica de adolescentes púerperas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivo Traçar o perfil sociodemográfico e obstétrico de puérperas adolescentes assistidas pela rede pública de atenção à Saúde no município de Maringá-PR nos anos de 2013/2014. Materiais e Métodos Estudo descritivo, transversal, de abordagem quantitativa. A população estudada foi composta por puérperas na faixa etária de 10 a 19 anos, residentes em Maringá, que realizaram pré-natal e parto financiados pelo SUS. A coleta de dados foi realizada por meio de formulário eletrônico, aplicado por uma equipe composta por três doutorandas do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UEM e uma enfermeira, com a participação e apoio de alunas de Iniciação Científica (PIBIC) no período de outubro de 218 2013 a fevereiro de 2014. Além das informações do questionário estruturado foram utilizados dados do cartão da gestante. A pesquisa faz parte do projeto aprovado em Edital da Chamada Universal – 14/2013, com o título “Nascimento pré-termo e fatores associados no estado do Paraná: ferramentas para predição e prevenção” sendo aprovado também pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob o parecer nº. 412.422/2013. Foi solicitado à puérpera autorização por escrito no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) salientando que sua participação seria totalmente voluntária, podendo a mesma recusar-se a participar ou desistir a qualquer momento. Discussão de Resultados A amostra foi composta por 99 puérperas estratificadas em faixas etárias de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos sendo que a segunda representou 98% das adolescentes. Entre as entrevistadas a raça parda predominou (58,6%) e 73,7% possuíam um companheiro. Constatou-se que 22,2% tem o ensino fundamental incompleto, 19,2% ensino fundamental completo, 33,3% ensino médio incompleto, 23,2% ensino médio completo e apenas 2% superior incompleto. No que diz respeito à ocupação 30,3% eram remuneradas, com a renda per capita familiar variando entre menos de um salário mínimo (56,6%), de um a dois salários mínimos (37,4%) e mais de dois salários mínimos (2%) sendo que 4% não possuíam renda familiar mensal ou não souberam informar. Estudo realizado em uma comunidade no Recife-PE apresentou resultados semelhantes, com predominância da gestação em adolescentes de 15 a 19 anos (94,12%) de raça parda (82,35%). 41,17% estavam em uma união consensual e apenas 23,53% trabalhavam podendo ser inferido que, assim como no presente estudo, a grande parte era sustentada financeiramente por um terceiro (OLIVEIRA et al., 2011). Com relação à história obstétrica e de saúde das entrevistadas poucas referiram consumo de álcool, uso de tabaco e de drogas ilícitas durante a gestação (9,1%; 10,1% e 3% respectivamente). 75,8% eram primigestas e entre 24,2% multigestas, 41,7% apresentou história de abortamento e 50% foi submetida à cesárea. Esses resultados corroboram com estudo realizado em um hospital universitário de Porto Alegre no qual o percentual de primigestas foi superior ao de multigestas (85,6% e 14,4% respectivamente). Porém analisando o número de partos anteriores, 74,4% das multigestas tiveram filhos por parto vaginal, situação oposta à encontrada no município de Maringá (RIGOL; ESPÍRITO SANTO, 2001). 219 O delineamento das características obstétricas e da assistência pré-natal na gestação atual evidenciou que apenas 28,3% planejaram engravidar. Apesar da gravidez inesperada, 99% realizou o pré-natal e somente 18 entrevistadas (18,2%) não atingiram o número mínimo de consultas preconizadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006). A maior parte da amostra iniciou o acompanhamento pré-natal no primeiro trimestre da gestação (60,2%) e 5,1% iniciou no último trimestre. Com relação ao risco gestacional, 48,5% das adolescentes foram classificadas como risco habitual, 7,1% como risco intermediário, 7,1% como alto risco e em 37,4% dos casos o risco não foi preenchido. Apesar dos riscos elevados de uma gestação na adolescência e da associação entre idade materna e nascimento prematuro mencionada em diversos estudos, os resultados encontrados demonstram maior percentual de nascimentos a termo (83,8%) do que nascimentos pré-termo (16,1%). Contribuindo com esses achados, Santo et al. (2014) traz em sua pesquisa que em 86,5% da amostra o nascimento ocorreu com 37 semanas ou mais. Entretanto o número de consultas pré-natal realizadas foi inferior com apenas 2,2% das gestantes atingindo o mínimo de consultas preconizadas. Apesar de 82,7% terem alegado preferência pelo parto vaginal, 52,5% foram submetidas à cesárea. As altas taxas deste tipo de parto causam maior morbimortalidade e aumentam o custo para saúde já que o tempo de internação e medicamentos dispensados é maior (WHO, 2009). A estratificação do pré-natal em adequado, intermediário e inadequado considerando número de consultas realizadas, início do acompanhamento, registro de exames laboratoriais e registro de procedimentos clínicos evidencia a baixa qualidade do acompanhamento pré-natal no município uma vez que em 89,9% dos casos o acompanhamento foi inadequado, sendo apenas 2% considerado adequado. Outro aspecto que deve ser considerado é a importância do registro de exames e procedimentos clínicos durante o acompanhamento pré-natal, instrumento importante que servirá como guia para avaliação das condições para o parto. Conclusão e Considerações Finais Esse estudo permitiu traçar o perfil das adolescentes puérperas residentes em Maringá e atendidas pelo sistema público de saúde. Observa-se ainda que o município não alcançou as metas propostas pelo Ministério da Saúde para o pré-natal adequado. É preciso atentar para a importância da qualidade do cuidado prestado, uma vez que apenas o número de consultas não garante a qualidade da assistência. Espera-se que os 220 resultados encontrados sejam úteis para a programação de atividades direcionadas às necessidades dessa população específica. Referências SILVA, A.A.A. et al. Fatores associados à recorrência da gravidez na adolescência em uma maternidade escola: estudo caso-controle. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 29, n.3, p. 496-506, 2013. COSTA, E.L.; SENA, M.C.F.; DIAS, A. Gravidez na adolescência-determinante para prematuridade e baixo peso. Com. Ciências Saúde, v. 22, Sup. 1, p. 183-187, 2011. SANTOS, N.L.A.C. et al. Gravidez na adolescência: análise de fatores de risco para baixo peso, prematuridade e cesariana. Ciênc. Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 719-726, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada - manual técnico/ Ministério da Saúde. Brasília, 2006. OLIVEIRA, S.C. et al. Análise do perfil de adolescentes grávidas de uma comunidade no Recife-PE. Rev. Rene. Fortaleza, v. 12, n. 3, p. 561-567, 2011. RIGOL, J.L.; ESPÍRITO SANTO, L.C. Perfil das gestantes adolescentes atendidas em consulta de enfermagem. Rev. Gaúcha Enferm. Porto Alegre, v.22, n.2, p. 122-140, 2001. WHO. Department of Reproductive Health and Research. Technical Cooperation with Countries. World Health Organization. Rising caesarean deliveries in Latin America: how best to monitor rates and risks. 2009. Disponível em: <http://whqlibdoc.who.int/hq/2009/WHO_RHR_09.05_eng.pdf?ua=1>. 221 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO FAMILIAR NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE MARINGA – PR Anderson da Silva Rêgo Enfermeiro. Mestrando do Programa de Pós Graduação em Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Rafaely de Cássia Nogueira da Paz Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Elza Monteiro da Silva Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Fernanda Gatez Trevisan Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Victória dos Santos Laqui Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Cremilde Aparecida Trindade Radovanovic Enfermeira. Doutora em Ciências da Saúde, Docente da Graduação e do Programa de Pós Graduação em Enfermagem – UEM E-mail: [email protected] Resumo Este estudo objetiva identificar fatores de riscos e classificar famílias conforme o grau de risco familiar em uma Equipe de Saúde da Família de Unidade Básica de Saúde em Maringá-PR. Trata-se de estudo transversal – descritivo de caráter quantitativo, realizado na Unidade Básica de Saúde do NIS II Tuiuti, onde foram avaliadas 1345 famílias. Os dados foram coletados do Sistema SIAB e analisados utilizando a Escala de Coelho, entre os meses de Setembro e Outubro de 2014. A escala classifica os riscos em R1 – risco baixo (5 e 6 pontos), em R2 - risco médio (7 e 8 pontos) e R3 – risco alto (acima de 9 pontos). Nos resultados pode ser verificado que a microárea 01 abrange o maior número de famílias, com 21,18% das famílias atendidas, enquanto que a microárea 03 atende o menor número de famílias, com 17,25% do total de famílias. O número de famílias que apresentaram algum risco foi de 131, sendo que 69,4% destas famílias apresentaram R1, 24,4% R2 e 6,2% das famílias foram classificadas em R3. Os fatores de risco mais prevalentes na população estudada foram a Hipertensão Arterial com 28,7%, o analfabetismo com 20,67%, a deficiência mental com 10,92% e Diabetes Mellitus com 8,78%. Os achados contribuem para que a Equipe de Saúde da Família tenha a possibilidade de planejar ações que aperfeiçoem o seu processo de trabalho, implementando estratégias que visem a melhoria da qualidade de vida da população de acordo com o conhecimento dos agravos a saúde da coletividade atendida. 222 Palavras Chave: Estratégia de Saúde da Família; Vulnerabilidade; Fatores de Risco. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O movimento da Reforma Sanitária, na década de 80, culminou em manifestos populares devido à avaliação negativa do acesso as ações em saúde daquela época, instituindo em 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS), pela Constituição da República Federativa do Brasil (CARVALHO et al., 2014). Pautado nas diretrizes de universalidade, equidade e integralidade, o SUS definiu seus princípios e estabeleceu as Leis Orgânicas da Saúde nº 8.080/90 e 8.142/90, para viabilizar o acesso, promovendo e restabelecendo a saúde, com a participação popular e ainda, sobre os financiamentos de recursos responsáveis pelas esferas governamentais (SILVEIRA; ROBAZZI, 2012). Em cumprimento a estes propósitos básicos, para reorganizar a assistência prestada, o Ministério da Saúde (MS) propôs, em 1991, o Programa de Agente Comunitário de Saúde (PACS) com o intuito inicial de suprir o território sem cobertura de atendimento à saúde, onde o Agente Comunitário de Saúde (ACS) realizaria seus trabalhos de forma integrativa em visita ao individuo e sua coletividade familiar, estabelecendo vínculo entre profissional e usuário. Logo depois, em 1994, foi implementado o Programa de Saúde da Família (PSF) (OLIVEIRA; ZANETTI, 2011). O MS classifica o PSF como um modelo assistencial voltado ao sujeito e a família e é caracterizada no intuito promocional a saúde, tornando um novo modelo de atenção prestado e na reorganização do processo de trabalho, com o objetivo de extinguir as diferenças no atendimento das ações em saúde e do modelo assistencial focado na doença (DUARTE et al, 2013). No PSF é importante a identificação de fatores de risco para compreender como as famílias vão reagir frente as dificuldades de saúde. Além dos fatores de riscos que acometem a família, também existem os fatores aliados que auxiliam numa qualidade de vida melhor. Porém, as famílias culminam em estilos de vida que caracterizam condutas favoráveis ou não e, quando negativas, interferem no processo saúde-doença (BRASIL, 2012). Objetivo 223 Identificar fatores de riscos e classificar o grau de risco das famílias acompanhadas por uma equipe de Saúde da Família de Unidade Básica de Saúde em Maringá-PR. Materiais e Métodos Trata-se de estudo transversal – descritivo de caráter quantitativo, realizado na Unidade Básica de Saúde NIS II Tuiuti, do município de Maringá. A população estudada compreendeu todas as famílias cadastradas no sistema SIAB e acompanhadas por uma equipe de Saúde da Família (SF), divididas em 5 microáreas, totalizando 1.345 famílias. Para distinguir e categorizar as famílias conforme a classificação de risco foi utilizada a escala de risco familiar, adaptada de Coelho (2002). A escala é formada por 14 fatores de risco a saúde familiar: Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Indivíduo com idade maior ou igual a 70 anos, indivíduo com idade menor ou igual a 6 meses, analfabetismo e tabagistas (um ponto); o desemprego e o alcoolismo (dois pontos); a desnutrição grave, deficiência mental (DME), deficiência física e acamados (três pontos). Estes fatores citados representam a individualidade do sujeito que compõe a família estudada. Os fatores de risco como as baixas condições de saneamento básico (três pontos) e a relação cômodo/morador (pontua conforme o número de morador para o número de cômodos na residência) são os fatores não individuais, abrangendo a coletividade familiar. Para o preenchimento deste instrumento foram utilizados dados cadastrados na ficha A do SIAB entre o período de janeiro a dezembro de 2014. Para cada família foi preenchida uma ficha de avaliação, identificada com o número da família especificada no sistema de coleta de dados. Esta fase ocorreu entre os meses de agosto e setembro de 2014, e as fichas foram posteriormente identificadas por microáreas e encadernadas, ficando disponível para a equipe na UBS. Os dados foram tabulados no programa Excel e analisados por meio de estatística descritiva. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Cesumar – Unicesumar, com o parecer de nº 743.544. Foi assinado pelos pesquisadores o Termo de Proteção de Risco e Confiabilidade dos dados utilizados para a pesquisa, impedindo à utilização em prejuízo a terceiro. Discussão de Resultados 224 A equipe de Saúde da Família estudada, atende aproximadamente 1.345 famílias, divididas em cinco microáreas (MA). A MA 01 abrange o maior número de famílias, totalizando 21,18% das famílias atendidas, seguida pela MA 04, MA 05 e MA02 que atendem 20,82%, 20,53% e 20,22% das famílias, respectivamente; MA 03 atende o menor número de famílias, com 17,25% das famílias atendidas. A MA 05, segundo a classificação de risco, apontou o maior número de famílias classificadas com risco baixo (R1), diferenciando da MA 03 que apresentou risco alto (R3), e as famílias da MA 02 mostrou uma proporção maior de famílias com risco médio (R2). No geral, o número de famílias que apresentaram algum risco familiar foi de 131 famílias, sendo que 69,4% destas famílias apresentaram R1, 24,4% R2 e 6,2% apresentaram maior probabilidade de risco e foram classificadas em R3. É possível identificar que as famílias estudadas possuem diferentes aspectos sociais, econômicos e demográficos, mesmo pertencentes à mesma área de abrangência, que influenciam na qualidade de vida desta população e nos manejos das ações em saúde. Os fatores de risco mais prevalentes na população estudada foram a Hipertensão Arterial, com 28,7% (386); o analfabetismo, com 20,67% (278); a deficiência mental, com 10,92% (147); e a Diabetes Mellitus com 8,78% (118). Neste aspecto, a Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus, prevalentes na pesquisa, caracterizam não só os agravos biológicos, como também os sociais e econômicos do sujeito, incapacitando o indivíduo a executar suas atividades diárias, ocasionando criação de medidas intervencionistas e gerando custos para sua execução (VIRGOLINO et al., 2013). O analfabetismo, considerado uma vulnerabilidade social importante no processo de adoecimento, possui uma alta incidência no processo de qualidade de vida da população, já que o analfabeto possui um risco maior em adoecer devido às dificuldades em obter as informações e compreender as orientações (DONOSO et al., 2013). Por sua vez, Moreno et al (2013) relata que os novos modelos assistenciais destinados aos sujeitos portadores de algum distúrbio mental, possui uma nova ótica, minimizando as internações hospitalares, optando por uma intervenção terapêutica voltadas ao acesso, prevenção e restabelecimento da saúde, contextualizando a Estratégia de Saúde da Família, inserindo novamente o indivíduo na comunidade, cumprindo suas ações sociais e seu direito de cidadania. 225 Conclusão e Considerações Finais As vulnerabilidades sociais e de saúde estão presentes na área estudada, apontando que 131 famílias apresentam algum grau de risco à saúde. O instrumento que nos possibilitou a identificação dos riscos mostrou-se importante na classificação das vulnerabilidades, bem como na organização do processo de trabalho da equipe e na criação de ações estratégicas que busquem a melhoria da qualidade de vida da população. Este estudo possibilita, ainda, a discussão da Equipe de Saúde da Família em estabelecer o controle dos agravos, de acordo com as diretrizes do programa, promovendo, principalmente, a educação em saúde como foco nas estratégias assistencialistas a população. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. PNAB: Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2012. CARVALHO, Aline Macedo; SANTOS, Izabel Vilas Boas dos; ALMEIDA, Candisse Alves de; BARBARA, Josele de Farias Rodrigues Santa. Dialogando sobre o sistema único de saúde com a comunidade: Um relato de experiência no contexto da educação em saúde. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 08, p. 478-483, 2014. DONOSO, Miguir Terezinha Vieccelli; ROSA, Elizabeth Geralda; BORGES, Eline Lima. Perfil dos pacientes com pé diabético de um serviço público de saúde. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 07, n. 07, p. 4740-4746, jul. 2013. DUARTE, Karen Moura; DUARTE, Vanessa da Silva; VALENTI, Vitor Engrácia; SOUSA, Milena Nunes Alves de; FEITOSA, Ankilma do Nascimento Andrade; ASSIS, Elisangela Vilar. Importance of Physical Therapy in the Family Health Strategy: Integrative Review. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 07, n. 12, p. 6874-6882, 2013. Disponível: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/view/5335/pdf _4150 COELHO, Flavio Lucio; SAVASSI, Leonardo Cançado Monteiro. Aplicação da Escala de Risco Familiar como instrumento de priorização de visitas domiciliares. Revista Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, v. 01, n. 02, p. 19-26, 2002. MORENO, Emilly Anne Cardoso; BARBOSA, Fernanda Elizabeth Sena; LEITE, Rafaela Travassos Ferreira Mascarenhas; CUNHA, Marina Burégio Lemos da; SANTOS, Cândida Maria Rodrigues dos; CAVALCANTI, Ana Márcia Tenório de Souza. Transtornos Mentais em Usuários Assistidos na Atenção Básica. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 07, n. 01, p. 90-95, jan. 2013. OLIVEIRA, Kelli Cristina Silva de; ZANETTI, Maria Lúcia. Conhecimento e atitude de usuários com diabetes mellitus em um Serviço de Atenção Básica à Saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 04, p. 862-868, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n4/v45n4a10.pdf 226 SILVEIRA, Renata Cristina da Penha; ROBAZZI, Maria Lúcia do Carmo Cruz. Articulation in teaching-service within the Sistema Único de Saude and the implications for nursing. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 06, n. 04, p. 947-955, 2012. Disponível: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/view/2554/pdf _1096 VIRGOLINO, Joyce Lane Braz; SANTOS, Sérgio Ribeiro dos; OLIVEIRA, Clecia Kelly do Nascimento; CUNHA, Rafaela Jeane Pereira. Sistema Hiperdia: Estudo Longitudinal em um Distrito Sanitário. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 07, n. 10, p. 6006-6012, out. 2013. 227 DROGAS DE ABUSO E TRAUMA FÍSICO: PERFIL PSICOSSOCIAL E PADRÃO DE USO EM EVENTOS SENTINELA Lúcia Margarete dos Reis Doutoranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil Cleiton José Santana Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil Érica Gomes de Almeida Graduanda em enfermagem na Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil Mirella Machado Ortiz Graduanda em enfermagem na Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil Marcelo da Silva Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Maringá- PR- Brasil Magda Lúcia Félix de Oliveira Doutora em Saúde Coletiva, Professora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá, Maringá- PR- Brasil Resumo A investigação de eventos sentinela é um método inovador de vigilância epidemiológica e monitoramento locorregional dos efeitos sociosanitários das drogas de abuso na saúde da população. No presente estudo foi investigado o evento sentinela internação hospitalar com diagnóstico de trauma associado à intoxicação por drogas de abuso, considerando-o como evitável por meio de políticas públicas e indicador de maior gravidade das condições de vida e de saúde dos pacientes internados. O estudo objetivou identificar o perfil psicossocial e o padrão de abuso de drogas em usuários internados por trauma físico. Estudo exploratório-descritivo, por meio de investigação epidemiológica de eventos sentinela registros de um centro de assistência toxicológica no período de abril a setembro de 2014, com análise documental e entrevista com familiar. A renda familiar per capita média era de R$ 689±652,06 reais. O perfil dos usuários apontou predomínio do sexo masculino, idade entre 13 e 65 anos e média de 40,1 anos, baixa escolaridade e desemprego. A droga mais utilizada foi o álcool, isolada ou associada a outras drogas, e a metade deles fazia uso diariamente. Houve relatos de violência na infância, manobras ilícitas para aquisição da droga, ocorrência de traumas anteriores, alterações de comportamento no âmbito domiciliar e comportamento aditivo nas famílias. A amostra estudada não se assemelha a de inquéritos transversais, mas 228 trata-se de casos que deveriam ter sido acessadas pelas políticas públicas de enfrentamento do uso de drogas, uma vez que os resultados apontam para famílias vulneráveis. Palavras Chave: Vigilância de evento sentinela; Drogas de abuso; Internação Hospitalar. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O abuso de drogas constitui-se como fator de risco para acidentes, violências, com consequentes traumas físicos, que culminam em mortes, perdas funcionais temporárias, permanentes, e em agravos, gerando elevados custos sociais e econômicos (JANG et al., 2013). Considerando que, não existem ferramentas padronizadas de vigilância epidemiológica e monitoramento locorregional efetivo das intoxicações e dos efeitos sociosanitários das drogas de abuso na saúde da população, a investigação de eventos sentinela configura-se como um método inovador nesta área. Tem sido utilizada por grupo de pesquisadores, em sistemas locais de saúde, seguindo o referencial proposto por Rutstein e colaboradores (SANTANA et al., 2014; SILVINO et al., 2012; RUTSTEIN et al., 1976). No presente estudo foi investigado o evento sentinela internação hospitalar com diagnóstico de trauma associado à intoxicação por drogas de abuso, considerando-o como evitável por meio de ações de políticas públicas e indicador de maior gravidade das condições de vida e de saúde dos pacientes e familiares. A identificação do perfil de usuários e do padrão de uso de drogas é uma das primeiras ações para a elaboração de políticas públicas, sendo útil para classificar os usuários quanto aos tipos de drogas, estabelecer o nível de consumo, identificar as razões de uso e a gravidade do quadro da dependência, que permitirão avaliar a eficácia e os resultados da terapêutica pela mudança no padrão de consumo (REIS; UCHIMURA; OLIVEIRA, 2013; ARNAUTS; OLIVEIRA, 2012). Objetivo Identificar o perfil psicossocial e o padrão de abuso de drogas em usuários internados por trauma físico. 229 Materiais e Métodos Estudo exploratório-descritivo, por meio de investigação epidemiológica de eventos sentinela, com seleção de casos a partir dos registrados em um centro de informação e assistência toxicológica – CIAT, localizado no município de Maringá – Pr. A amostra foi escolhida intencionalmente, sendo composta por 30 pacientes, registrados no período de abril a setembro de 2014, considerados eventos sentinela, independente do sexo e idade, com vínculo familiar, e residentes no município de Maringá – Pr; e um familiar, denominado informante-chave. Como fontes de dados foram utilizadas a Relação de Pacientes Internados, para identificar os casos intoxicação por drogas de abuso; e, a Ficha de Ocorrência Toxicológica de Intoxicação Alcoólica e/ou outras Drogas de Abuso (Ficha OT/IA) arquivadas no CIAT, e o prontuário hospitalar do paciente arquivado no Serviço de Prontuário do Paciente, que permitiram a identificação de eventos sentinela, a análise epidemiológica dos casos, e o acesso às famílias utilizando os dados cadastrais. A coleta de dados foi realizada a partir da análise documental, e da entrevista domiciliar com um familiar elegido pela família como informante-chave. O instrumento de coleta de dados foi composto por dados socioeconômicos e demográficos; dados do evento sentinela; dados do domicílio e da família, e da conclusão da investigação. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (COPEP/ UEM) com parecer favorável Número 458.185. Discussão de Resultados A renda per capita das famílias variou entre R$ 150,00 e R$ 3500,00, com média de R$ 689±652,06 e mediana R$ 512,50. Embora a média nacional de rendimento domiciliar per capita fosse de R$ 668,00 em 2010, 25% da população recebia até R$ 188,00 e metade dos brasileiros recebia até R$ 375,00 – menos do que o salário mínimo naquele ano que era R$ 510,00 (IBGE, 2010). Os eventos sentinela eram majoritariamente do sexo masculino (29 – 96,7%), mas já se sabe que, o sexo masculino é predominante em todas as estatísticas, independente das drogas de abuso. Fogem ao padrão etário – idade de 13 a 65 e média de 40,1 anos, que é menor na literatura. Dez usuários (33,3%) possuíam menos de 230 quatro anos estudados e um adolescente (13 anos) não estudava e não trabalhava. O índice de baixa escolaridade encontrado no presente estudo é maior que o padrão nacional (LARANJEIRA et al., 2012; IBGE, 2010) . O álcool foi a droga referida pela maioria dos eventos sentinela (28 – 93,3%), mas 13 deles faziam uso associado de várias drogas - álcool, maconha e crack (9), álcool e maconha (2), álcool, maconha, cocaína/crack (2), metade dos usuários fazia uso diário da droga de abuso. Este padrão acompanhou a tendência nacional e caracterizou-se pelo uso múltiplo ou poliuso, com início de drogas lícitas e ilícitas na adolescência/juventude. Essa trajetória confirmou uma escalada no uso das substâncias psicoativas, iniciando com o tabaco e/ou álcool e finalizando com o uso de crack (LARANJEIRA et al., 2012). Em relação aos antecedentes para a iniciação ao uso de drogas no âmbito individual e familiar, verificou-se que (12 - 40,0%) eventos sentinela tinham vivenciado algum tipo de violência na infância; (14 - 46,7%). Segundo estudos de vertente psicossocial, quanto mais precoce o trauma vivenciado mais prematuro poderia ser o primeiro contato com as drogas de abuso consideradas "porta de entrada", como álcool e maconha, ainda que esse efeito possa estar associado igualmente à experimentação de cocaína tipo crack (SANTANA et al., 2014; BERNARDY; OLIVEIRA, 2012). Metade dos usuários realizavam manobras ilícitas para aquisição da droga, sete mendigavam dinheiro na rua e dois “trabalhavam em troca de droga”; e vinte e seis usuários (83,3%) sofreram traumas anteriores ao evento sentinela investigado. Tais manobras ilícitas para aquisição de drogas configuram uma situação de extrema vulnerabilidade e marcadoras de gravidade do abuso de drogas, pois o indivíduo se expõe a vários fatores de risco que podem contribuir para situações de violências e traumas (SELEGHIM et al., 2011) Em relação ao comportamento do indivíduo na família e na sociedade, a maioria dos familiares (17 – 56,7%) relatou que o usuário apresentava comportamento agressivo com violência doméstica e social devido ao abuso de drogas. Além disso, apresentava dificuldade para estabelecer vínculos familiares e de trabalho. Treze familiares indicaram outro membro alcoolista, casos nos quais nove eram os pais e um irmão era dependente de crack; por influência de amigos ou más companhias (18 – 60%). Sabe-se que fatores como relacionamento ruim com os pais, ter membro da família que abusa e/ou é dependente de alguma substância, violência doméstica, desorganização familiar, viver apenas com um dos pais, pouca comunicação entre familiares e falta de suporte e 231 monitoramento familiar têm sido associado ao uso de álcool, tabaco e outras drogas, sendo estes fatores encontrados na amostra estudada (SANTANA et al., 2014; BERNARDY; OLIVEIRA, 2012; SELEGHIM et al., 2011). Conclusão e Considerações Finais Conclui-se que o perfil dos casos investigados apresenta alguns aspectos diferentes ao descrito na literatura, mas trata-se de eventos sentinela que deveriam ter sido acessados pelas políticas públicas de enfrentamento do uso de drogas, uma vez que os resultados apontam para famílias vulneráveis. Nesse sentido, sugere-se que a metodologia de investigação de eventos sentinelas seja um processo contínuo, pois permite identificar os casos mais graves que necessitam de intervenção imediata das políticas públicas. Referências ARNAUTS, I.; OLIVEIRA, M. L. F. Padrão de consumo de álcool por jovens vítimas de trauma e usuários de álcool. REME: Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 16, n. 3, p. 410-418, 2012. BERNARDY, C. C. F.; OLIVEIRA, M. L. F. Uso de drogas por jovens infratores; perspectiva da família. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 11, p. 168-175, 2012. Suplemento 1. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico: resultado final – Paraná. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/tabelas_pdf/total_popul acao_parana.pdf>. Acesso em: 01 mai. 2015. JANG, H. S. et al. Comparative analysis of acute toxic poisoning in 2003 and 2011: analysis of 3 academic hospitals. Journal of Korean medical science, Seoul , v. 28, n. 10, p. 1424-1430, 2013. LARANJEIRA, R. et al. (Org.). II Levantamento nacional de álcool e drogas. São Paulo: INPAD; UNISFESP, 2012. Disponível em: <http://inpad.org.br/wpcontent/uploads/2014/03/Lenad-II-Relat%C3%B3rio.pdf>. Acesso em: 01 mai. 2015. REIS, L. M.; UCHIMURA, T. T.; OLIVEIRA, M. L. F. Perfil socioeconômico e demográfico em uma comunidade vulnerável ao uso de drogas de abuso. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 26, n. 3, p. 276-82, 2013. RUTSTEIN, D. D. et al. Measuring the quality of medical care: a clinical method. New England Journal of Medicine, Boston, v. 294, n. 11, p. 582-588, Mar. 1976. 232 SANTANA, C. J. et al. Potencialidade de um evento sentinela para vigilância epidemiológica do abuso de drogas. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 8, n. 12, p. 321-327, dez. 2014. SELEGHIM, M. R. et al. Aspectos da estrutura familiar de jovens usuários de crack: um estudo do genograma. Revista Ciência Cuidado e Saúde, Maringá, v. 10, n. 4, p. 795802, 2011. SILVINO, M. C. S. et al. Operacionalização de evento sentinela para vigilância do uso de drogas de abuso. Saúde & Transformação Social, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 59-66, 2012. 233 FRICÇÃO ANTISSÉPTICA DAS MÃOS COM PREPARAÇÃO ALCOÓLICA: CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Andressa Martins Dias Ferreira Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Flávia Maria Derhun Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Maria Antonia Ramos Costa Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Docente da Universidade Estadual do Nororeste do Paraná – Campus Paranavaí E-mail: [email protected] Verusca Soares de Souza Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá. Docente da Universidade Estadual do Noroeste do Paraná – Campus Paranavaí E-mail: [email protected] Kelly Cristina Inoue Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Faculdade Ingá e Intensivista do Hospital Universitário Regional de Maringá E-mail: [email protected] Laura Misue Matsuda Enfermeira. Docente do Curso de Graduação e de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Resumo Estudo descritivo-exploratório, quantitativo, realizado em janeiro de 2014, com objetivo de analisar o conhecimento de profissionais de enfermagem sobre fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica. Participaram 267 trabalhadores de dois hospitais do interior paranaense que responderam ao Teste de Conhecimento a Respeito da Higienização das Mãos para Profissionais de Saúde. O conhecimento foi considerado “Seguro” (IP=84,6%) à necessidade de as mãos estarem secas para o uso da solução; “Adequado” à necessidade de cobertura total das mãos (IP=96,6%) com a solução e também, dispensa de secagem mãos após fricção (IP=90,3%). O conhecimento foi considerado “Sofrível” no que diz respeito ao tempo mínimo do procedimento (IP=30,3%). Concluiu-se que, nas instituições investigadas, há lacunas no conhecimento da enfermagem relacionado à fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica. Palavras Chave: Segurança do paciente; Higiene das mãos; Enfermagem. 234 Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A higienização das mãos é uma ação simples, primária e reconhecida mundialmente como medida de controle das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) e se relaciona diretamente com a segurança do paciente por levar à ruptura do elo de transmissão de patógenos (BRASIL, 2010). As mãos dos profissionais de saúde, principalmente da equipe de enfermagem, devido ao contato direto e frequente com o paciente, podem se tornar vetores de disseminação de microrganismos quando não higienizadas de forma correta; seja pela sobrecarga de trabalho ou tempo insuficiente à realização deste procedimento (LOCKS, 2011; SOUZA et al., 2013). Em substituição à higienização das mãos com água e sabão, tem-se recomendado a fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica, que viabiliza a eliminação da maioria dos germes em curto período de tempo (BRASIL, 2010). A saber, a fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica deve durar em torno 20 a 30 segundos, e consistem na aplicação desse produto em quantidade suficiente, de modo a abranger todas as áreas de ambas as mãos não necessitando, portanto, de enxágue e nem de secagem com papel toalha ou outro tipo de material/equipamento (BRASIL, 2013). No Brasil, em 2010 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº. 42, de 25 de outubro, que aborda sobre a obrigatoriedade das instituições de saúde em disponibilizar a preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos (BRASIL, 2010) e em 2013, reforçou a importância da higienização das mãos, por meio da Portaria 2095 (BRASIL, 2013). Considerando que a prática de higienização das mãos se constitui medida importante para a segurança do paciente, a obtenção de dados atuais sobre o conhecimento de profissionais de enfermagem sobre a sua realização, possibilita identificar lacunas para o estabelecimento de ações efetivas que contribuíam à prevenção e/ou redução de IRAS. Objetivo 235 Analisar o nível de conhecimento de profissionais de enfermagem acerca da fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica. Materiais e Métodos Estudo descritivo e exploratório, de abordagem quantitativa, realizado no mês de janeiro de 2014, em um hospital público de ensino e um hospital próprio de operadora de plano privado de saúde da região Noroeste do Paraná, que juntos possuem o quadro de 354 profissionais de enfermagem (122 enfermeiros e 232 técnicos de enfermagem). A amostragem ocorreu por meio de censo, com reposição consecutiva de perdas, até obtenção de pelo menos 80% dos profissionais de ambas às instituições. Com isso, participaram 267 (81%) profissionais, dos quais 92 (34,5%) eram enfermeiros e 175 (65,5%) eram técnicos de enfermagem. Para a coleta dos dados, utilizaram-se questões de identificação pessoal e específicas sobre a técnica de fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica (questões 18, 19a, 19b e 19c) contidas no Teste de Conhecimento a Respeito da Higienização das Mãos para Profissionais de Saúde (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2008). Os dados foram compilados e tratados em planilhas eletrônicas e após, foi realizada análise estatística descritiva no programa Statistical Package for Social Sciences 20 (SPSS). Às respostas das questões específicas sobre a técnica de fricção antisséptica das mãos com preparação alcoólica, foram analisadas de acordo com o Índice de Positividade (IP). O IP é calculado a partir do percentual de respostas positivas (corretas) para cada questão e interpretado da seguinte forma: Desejável (100% de positividade); Adequado (90% a 99% de positividade); Seguro (80% a 89% de positividade); Limítrofe (71% a 79% de positividade); e Sofrível (70% ou menos de positividade) (SAUPE, HORR, 1982). O Projeto desta Pesquisa foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisas Envolvendo Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de Maringá sob Parecer de no. 435.164/2013, CAAE no. 22926613.1.0000.0104. Discussão de Resultados Dentre os 267 profissionais de enfermagem que participaram do estudo, houve predomínio do sexo feminino (88,4%); a média de idade foi de 41,54 anos (desvio 236 padrão = 10,203); o tempo médio de trabalho na Enfermagem foi de 194,49 meses (desvio padrão = 112,685); e o tempo de trabalho na instituição foi de 119,89 meses (desvio padrão = 94,906). Desses, 241 (90,3%) participaram de treinamento sobre higienização das mãos e 262 (98,1%) afirmaram conhecer a disponibilidade/existência de preparação alcóolica na sua instituição. A afirmativa quanto à disponibilização da preparação alcóolica por parte da instituição, indica adaptação das instituições à normativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2010). Em relação às questões direcionadas ao uso da preparação alcóolica para a fricção antisséptica das mãos, nenhuma questão atingiu nível de conhecimento Desejável (IP=100%). Contudo, identificou-se nível de conhecimento Adequado (IP=96,6%) para “cobertura total das mãos pela preparação alcóolica”; secar as mãos (IP=84,6) e; Dispensa de secagem das mãos após fricção (IP=90,3%). Apesar dos resultados satisfatórios, os profissionais apresentaram nível de conhecimento Sofrível em relação ao tempo mínimo exigido para o procedimento de fricção antisséptica das mãos (IP=30,3%). A coexistência de dificuldades para aplicabilidade correta do procedimento de higienização pode ser justificada, pela preferência de profissionais ao uso de água e sabão (SOUZA et al, 2013), mas também, à falta de conhecimento na íntegra, da técnica orientada em protocolo (ANVISA, 2010). Desta forma, cabe aos gestores se atentarem às fragilidades existentes e propor intervenções à adesão e melhorias na higienização das mãos. Diante da problemática apresentada e da necessidade de se promover melhoria contínua nos indicadores que abordam a higienização das mãos, a literatura (KRUMMENAUER, 2013) sugere que às instituições de saúde adotem estratégias educativas eficazes como a Educação Permanente, para sensibilizar, motivar e orientar os seus trabalhadores. Conclusão e Considerações Finais Obteve-se índices de conhecimento que remetem à cuidados “Seguros” sobre a Necessidade de as mãos estarem secas; “Adequados” para a necessidade de Cobertura total das mãos com a solução e Dispensa de secagem das mãos após fricção. Além disso, obteve-se índice “Sofrível” para o conhecimento sobre o Tempo mínimo de fricção das mãos. Tais resultados apontam que o conhecimento acerca da higienização 237 das mãos, por meio da preparação alcóolica possui espaço para melhorias, sendo necessário o desenvolvimento de estratégias de educação permanente que supram as lacunas de saberes e motive a adesão dos profissionais. Pondera-se que é pertinente conhecer a aplicabilidade da higienização na prática assistencial, e por esta razão sugere-se a realização de estudos observacionais que avaliem a qualidade e a adesão dos profissionais a esse procedimento. Referências BRASIL. Portaria nº. 1.377, de 9 de julho de 2013. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2013. [Anexo 01: Protocolo para a prática de higiene das mãos em serviços de saúde]. BRASIL. Resolução RDC nº. 42, de 25 de outubro de 2010. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2010. Seção 1:27-8. KRUMMENAUER, E. C; ADAM, M. S; MULLER, L. B; MACHADO, J. A. A; CARNEIRO, M. Are awareness strategies effective in improving adherence to hand hygiene in health care?. Jornal of Infect Control. Santa Cruz do Sul, v.2, n. 2, p. 1267, 2013. Avaliable in: http://jic.abih.net.br/index.php/jic/article/viewFile/18/pdf_1. Acess: 22 setembro, 2014. LOCKS, L.; LACERDA, J. T.; GOMES, E.; SERRATINE, A. C. P. Qualidade da higienização das mãos de profissionais atuantes em unidades básicas de saúde. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 569-575, 2011. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia Para Implementação: Um Guia para a implantação da estratégia multimodal da OMS para a melhoria da higienização das mãos a observadores. Brasília, DF: Organização Pan-Americana da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2008. SAUPE, R., HORR, L. Auditoria em enfermagem. Revista de Ciências da Saúde. Florianópolis, v.1, n. 1, p.23, 1982. SOUSA, J. R. M; SANTOS, L. F. D; CAVALCANTE, A. A. C. M.; NEVES, T. M. A; MASCARENHAS, M. M; CHAVES, T. V. S. Higienização das mãos: uma análise do entendimento e atitudes dos profissionais de saúde. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 5, n. 6, p. 142-150, 2013. Disponível em: <http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/viewFile/3399/pdf_11 40>. Acesso em: 22 set. 2014. 238 INTOXICAÇÃO POR SUBSTÂNCIA CAÚSTICA: RELATO DE CASO DE SUICÍDIO Camila Cristiane Formaggi Sales Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem – Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Gesica Aparecida Giopato Piraccini Psicóloga. Centro de Controle de Intoxicações. Hospital Universitário Regional de Maringá E-mail: [email protected] Jessica Torquetti Heberli Graduanda em Psicologia – Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Jessica Sanches da Silva Graduanda em Psicologia – Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Laís Fernanda Ferreira da Silva Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem – Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Magda Lúcia Félix de Oliveira Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva. Docente graduação e pós-graduação em Enfermagem – Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Resumo A tentativa de suicídio é considerada um agravo multidimensional e uma das causas mais frequentes de atendimento em urgências toxicológicas. O presente estudo teve por objetivo descrever um caso de intoxicação fatal atendido no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá - CCI/HUM, com diagnóstico de tentativa de suicídio por ingestão de substância cáustica, a soda cáustica. Delineamento descritivo e documental, na modalidade estudo de caso, com base nos documentos hospitalares e na ficha epidemiológica de ocorrência toxicológica, realizado mediante autorização da instituição hospitalar e consentimento dos familiares. Caso feminino, 17 anos, casada, vítima de acidente de motocicleta após ingerir intencionalmente grande quantidade de soda cáustica e conduzir o veículo em movimentos erráticos. Encaminhada ao HUM pelo serviço de saúde do município de origem. O caso foi orientado pelo CCI/HUM segundo o protocolo de procedimentos para tratamento de intoxicação por substâncias cáusticas e corrosivas. Após estabilização inicial e avaliação dos riscos e benefícios para a continuidade dos procedimentos, a jovem foi encaminhada ao centro cirúrgico para procedimento de laparoscopia exploratória e transferida para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Evoluiu ao óbito no terceiro dia de internamento e alguns fatores chamaram a atenção no caso: sexo e faixa etária vulnerável, história de tentativa de suicídio anterior, a 239 ingestão de grande quantidade de soda cáustica e a utilização de substância de fácil acesso adquirida em supermercado. Palavras-chave: Envenenamento; Centro de Controle de Intoxicações; Suicídio. Área temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução O suicídio tornou-se um problema de saúde pública em âmbito mundial e estima-se que uma morte decorrente do suicídio ocorra a cada 35 segundos, e o número de tentativas de suicídio sejam ainda maiores: para cada suicídio existem pelo menos 25 tentativas. O enforcamento e o uso de armas de fogo são os métodos mais violentos, e frequentemente fatais em todas as idades, porém o uso de agentes tóxicos, caracterizado como método de menor letalidade, tem aumentado e indicado novos parâmetros para o comportamento suicida (ROSA et al., 2015). O suicídio é considerado ato consciente de aniquilação autoinduzida, encarado como enfermidade multidimensional. O suicídio não é um ato casual ou sem finalidade, representa a “melhor” solução para uma situação conflituosa, de muita ansiedade e intenso sofrimento. Está presente em nosso cotidiano, seja nos noticiários ou na vivência de conhecer alguém suicida (AVANCI et al., 2009). A tentativa de suicídio é uma das causas mais frequentes de atendimento em urgências toxicológicas. O serviço de urgência desempenha papel importante na intervenção, mas também na prevenção do suicídio, pois a pessoa é vulnerável a novas tentativas. Os profissionais de várias áreas da saúde devem ajudar a perceber o contexto social, biológico e psicológico da pessoa, a fim de suprir as necessidades do intoxicado em na sua integralidade (SANTANA et al., 2011). Objetivo O presente estudo teve por objetivo descrever um caso de intoxicação fatal de uma jovem atendida no Centro de Controle de Intoxicações, com diagnóstico de tentativa de suicídio por ingestão de substância cáustica- soda caustica. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo descritivo e documental, na modalidade estudo de caso, com base nos documentos hospitalares e na ficha epidemiológica de Ocorrência 240 Toxicológica, arquivada no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá. Os centros de informação e assistência toxicológica brasileiros são unidades especializadas, cujas funções variam segundo sua inserção e recursos. Entre essas funções estão: o fornecimento de informação e orientação telefônica sobre o diagnóstico, o prognóstico, o tratamento e a prevenção de intoxicações e sobre a toxicidade das substâncias químicas e os riscos que elas ocasionam para a saúde, e o registro dos atendimentos e a disponibilização dos dados; e a capacitação de profissionais de saúde para atendimento nessas áreas (ABRACIT, 2009; TAVARES; OLIVEIRA, 2012). O Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá (CCI/HUM) é um órgão de assessoria na área de urgências toxicológicas para a região Noroeste do Paraná. A partir de uma equipe multidisciplinar técnica e de estudantes, realiza vários tipos de serviços toxicológicos, destacando os atendimentos ambulatoriais e a assistência domiciliar, por meio do Programa de Visita Domiciliar ao Intoxicado. O estudo foi realizado mediante autorização da instituição hospitalar e consentimento dos familiares, e será apresentado nos aspectos descrição e discussão do caso. Discussão de Resultados Feminino, 17 anos, casada. Vítima de acidente de motocicleta, choque com obstáculo, após ingerir intencionalmente grande quantidade de soda cáustica, aproximadamente um litro, segundo informação da família e conduzir o veículo em movimentos erráticos, provavelmente pela franca dor abdominal. Encaminhada ao HUM pelo hospital do município de origem, apresentou vários episódios de vômitos no trajeto, e foi admitida na Sala de Estabilização e Reanimação do HUM, com índice 3 na Escala de Coma de Glasgow, edema e lesões de grande intensidade em cavidade oral e orofaringe. Foi instituída a ventilação mecânica, com sangramento intenso à intubação orotraqueal, e medidas de suporte. O caso foi notificado ao CCI/HUM e orientado segundo o protocolo de procedimentos para tratamento de intoxicação por substâncias cáusticas e corrosivas. Após estabilização inicial e avaliação dos riscos e benefícios para a continuidade dos procedimentos, a jovem foi encaminhada ao centro cirúrgico para o procedimento de 241 laparoscopia exploratória e em seguida transferida para unidade de terapia intensiva (UTI). Evoluiu com diagnóstico médico de tentativa de suicídio, acidente de moto, lesões em face, anasarca, necrose e perfuração de vários pontos do trato gastrointestinal, pós-operatório de laparoscopia exploratória (esofagostomia, gastrectomia, enterectomia, jejunostomia, insuficiência respiratória aguda, hemorragia digestiva alta e choque hipovolêmico. Manteve-se em estado grave, com múltiplas disfunções orgânicas, em choque séptico refratário sem resposta ao aumento progressivo de drogas vasoativas (noradrenalina e vasopressina). Evoluiu ao óbito no terceiro dia de internamento na UTI. A ingestão de substâncias cáusticas e corrosivas é ainda motivo de preocupação em nosso meio pela gravidade dos casos. Em virtude do seu fácil acesso, já que estão presentes em vários produtos de uso doméstico, a ingestão proposital ou acidental ocorre frequentemente. A esse fato, soma-se a falta de informações da população sobre os efeitos deletérios dessas substâncias e a desobediência às instruções de segurança de armazenamento destes produtos (CREMA et al., 2007). Neste relato de caso, destaca-se os seguintes fatores: trata-se de uma intoxicação grave por suicídio em uma paciente do sexo feminino, que geralmente utilizam produtos químicos de baixa toxicidade para tentativa de suicídio, como os medicamentos; paciente jovem, em faixa etária vulnerável para o suicídio; história de tentativa de suicídio anterior, o que poderia ser considerado um fator de risco para uma tentativa fatal e oferecido oportunidades de prevenção; a ingestão de grande quantidade d produto para o suicídio pode indicar um transtorno mental grave; além disso, a jovem utilizou uma substância de fácil acesso, que pode ser adquirida em supermercados como saneante. Conclusão e Considerações Finais O fortalecimento de estratégias nacionais que debatam o assunto e proponham melhorias no sistema de saúde pública, com desenvolvimento de atividades de promoção à saúde e de prevenção de danos e linhas de cuidado integrais em todos os níveis de atenção, são necessárias e urgentes. Também ressalta-se a importância de valorizar as medidas de prevenção de intoxicações intencionais, e cabe aos profissionais da saúde atuarem como educadores em ambulatórios, escolas, centros de saúde e hospitais, envolvendo desde crianças até 242 idosos, com vistas à Saúde Mental. Referências ABRACIT. A inserção dos centros de informação e assistência toxicológica nas redes de atenção à saúde como serviços de apoio e referência em Toxicologia Clínica. Florianópolis: Abracit; 2009. AVANCI, R.C.; FUREGATO, A.R.F.; SCATENA, M.C.M.; PADRÃO, L.G. Relação de ajuda enfermeiro-paciente pós tentativa de suicídio. Rev Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (SMAD). Ribeirão Preto, v.5, n.1, p.1-15, 2009. CREMA, E.; FATURETO, M.C.; GONZAGA, M.N.; PASTORE, R.; SILVA, A.A. Fístula esôfago-traqueal após ingestão caústica. J. bras. pneumol. São Paulo, v.33, n.1; jan/fev. 2007. ROSA, N.M.; CAMPOS, A.P.S.; GUEDES, M.R.J.; SALES, C.C.F.; MATHIAS, T.A.F.; OLIVEIRA, M.L.F. Intoxicações associadas às tentativas de suicídio e suicídio em crianças e adolescentes. Rev enferm UFPE online. Recife, v.9, n.2, p.661-8, fev. 2015. SANTANA, J.C.B. et al. Caracterização das vítimas de tentativa de autoextermínio atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no município de Sete Lagoas e região. Revista - Centro Universitário São Camilo, v.5, n.1, p.84-92. 2011. TAVARES, E.O.; OLIVEIRA, M.L.F. Padrões mínimos de atendimento inicial à urgência toxicológica para abordagem à criança intoxicada. Rev Rene; vol.13, n.1, p.147-57, 2012. 243 MEDIDAS ADOTADAS EM REÇÃO À TOXOPLASMOSE GESTACIONAL/CONGÊNITA, GESTANTES SORO NÃO REAGENTES E TOXOPLASMOSE OCULAR NOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMARIA DA 15ªRS/PR Fernanda Ferreira Evangelista Acadêmica do curso de Enfermagem e membro do grupo de pesquisa de Toxoplasmose, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná E-mail: [email protected] Ana Lucia Falavigna Guilherme Professora Associada da Universidade Estadual de Maringá no Programa de pósgraduação em Ciências da Saúde E-mail: [email protected] Carlos Alexandre Zanzin Manrique Acadêmico do curso de Medicina e membro do grupo de pesquisa de Toxoplasmose, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, Paraná Resumo Na literatura, pouco se conhece sobre as condutas adotadas por profissionais de saúde no Brasil que trabalham com gestantes não reagentes ou sob suspeita de toxoplasmose aguda. Programas eficazes de controle da toxoplasmose são medidas essenciais de prevenção com fins de impedir a transmissão vertical às gestantes soronegativas, bem como medidas de intervenção para aquelas com suspeita de toxoplasmose aguda. A operacionalização do serviço em rede tem gerado o fluxo de cuidados às gestantes sob suspeita de toxoplasmose aguda na maioria dos municípios da 15ª RS/PR, mas há municípios que ainda não buscaram os serviços da rede desenvolvido entre a 15RS/PR e nosso grupo de pesquisa junto ao HU/UEM. Assim, o objetivo deste estudo é observar as medidas adotadas em relação à toxoplasmose gestacional/congênita, às gestantes soro não reagentes e em casos de toxoplasmose ocular atendidos em serviço de atenção primária pertencentes à 15ª RS/PR, bem como atualizar os profissionais com materiais e cursos de atualização sobre profilaxia e medidas adotas em casos suspeitos. As UBS’s serão escolhidas por sorteio e a seguir será levantado o número de profissionais envolvidos nos cuidados às gestantes e em casos de coriorretinite. Da mesma forma, será pesquisado nos últimos dois anos, a quantidade de gestantes atendidas sob suspeita aguda da toxoplasmose, de gestantes soro não reagentes e de casos envolvendo o globo ocular. A seguir, construído um banco de dados que será analisado estatisticamente, com produção de relatório e resumos. Palavras Chave: Toxoplasmose; Profilaxia; 15ª RS/PR Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução 244 A toxoplasmose, causada pelo Toxoplasma gondii, parasito intracelular obrigatório, é uma zoonose que acomete um terço da população mundial, com infecções normalmente assintomáticas (ROBERTS, FRENKEL, 1990). Aproximadamente cinco em cada 1000 gestantes não imunes podem adquirir a infecção, sendo as chances de transmissão ao feto entre 10% a 100% (KRAVETZ, 2010). O parasito pode atravessar a placenta e causar morte intrauterina, retardamento mental, coriorretinite, cegueira, meses ou anos após o nascimento (KRAVETZ, 2010). De maneira geral, os riscos de transmissão ao feto são maiores nos dois últimos trimestres, mas a gravidade é inversamente proporcional (KRAVETZ, 2013). Este protozoário apresenta genótipos altamente diversos na população da América do Sul (KHAN et al, 2011), sendo que nesta região tem sido observado casos mais graves de coriorretinite por toxoplasmose. Há diversas maneiras da gestante se contaminar, como a ingestão de oocistos presentes em água, frutas e verduras, a partir de fezes de felídeos, ingestão de cistos em produtos de origem animal, crus ou mal cozidos e por fim a possibilidade de transmissão congênita pela presença dos taquizoítas, via transplacentária (REMINGTON et al, 2011). Na literatura, pouco se conhece sobre as condutas adotadas por profissionais de saúde que trabalham com gestantes não reagentes ou sob suspeita de toxoplasmose aguda. Apesar do Manual Técnico de Gestação de Alto Risco recomendar a realização de duas avaliações sorológicas, IgM e IgG anti-T. gondii, uma no início do pré-natal e outra no sétimo mês de gestação, é necessário medidas de prevenção da toxoplasmose às gestantes soronegativas, auxiliado por profissionais da saúde. Todavia, na sistematização destas práticas as medidas se encontram diluídas e as secretarias de saúde dos municípios têm encontrado dificuldades, inclusive no acompanhamento de recém nascidos sob suspeita ou em casos confirmados de toxoplasmose aguda, assintomáticos ou sub-clínicos (ROBERT-GANGNEUX, DARDÉ, 2012). Há sete anos foi criada uma rede regional de atendimento para o controle da toxoplasmose gestacional e congênita nos serviços de atenção pública na 15ª Regional de Saúde do Paraná (15RS/PR) juntamente com nosso grupo de pesquisa e o Hospital Universitário da Universidade Estadual de Maringá (HU/UEM), pertencente à região noroeste do Paraná, sul do Brasil. No período do projeto foram entregues às Unidade Básicas de Saúde (UBSs), secretarias municipais de saúde e secretaria regional da 15RS/PR, material instrucional sobre principais medidas preventivas da toxoplasmose, a 245 serem repassados junto às gestantes, de maneira lúdica e de fácil entendimento, produzido de acordo com Breganó et al (2010). Também foram realizadas palestras sobre medidas preventivas, formas de diagnóstico, tratamento e do suporte que o Ambulatório de Gestação de Alto Risco do HU/UEM realiza no tratamento e no acompanhamento das gestantes e seus conceptos diante da suspeita laboratorial e ainda enfatizada a importância da repetição do exame laboratorial no segundo e terceiro trimestre de gravidez às gestantes IgM e IgG anti T. gondii não reagentes (LOGAR et al., 2002). Objetivo Observar as medidas adotadas em relação à toxoplasmose gestacional/congênita, gestantes soro não reagentes e em casos de toxoplasmose ocular atendidos em serviço de atenção primária pertencentes à 15RS/PR e atualizar os profissionais dos locais pesquisados. Materiais e Métodos A região da 15RS/PR será dividida em cinco microrregiões, quatro periféricas e uma central. Um município dentre os municípios de cada uma das microrregiões será sorteado para a presente pesquisa. Em cada um destes será investigado os seguintes critérios: Município, quantidade de UBSs e de Estratégias Saúde da Família (ESFs) existentes e de profissionais envolvidos no cuidado de gestantes, em cada UBS nos últimos dois anos a quantidade observada de gestantes IgM e IgG sororreagentes e soronegativas à toxoplasmose e pacientes com coriorretinite ou qualquer comprometimento ocular diagnosticado como toxoplasmose ocular, procedimento adotado pela UBS e PSF a cada um dos casos acima mencionados, se os pacientes tiveram ou ainda tem acompanhamento dos profissionais destes serviços, e em caso afirmativo, as medidas que são adotadas, o conhecimento que os profissionais têm sobre o suporte que o HU/UEM disponibiliza para os casos com suspeita de toxoplasmose gestacional e congênita, a observância de quais são os materiais instrucionais disponíveis para informar as gestantes soro não reagentes nas UBSs. Em cada um dos cinco municípios será distribuído material instrucional, após palestras com os profissionais das UBSs e PSFs, de acordo com Breganó et al. (2010), após a coleta de dados dos profissionais que assistem as gestantes ou os casos de 246 toxoplasmose ocular e para registrar será realizado uma compilação dos dados no programa Microsoft Excell e aplicação de estatística não-paramétrica. Discussão de Resultados Baseado no relatório parcial, neste período foi trabalhado o município de Maringá que por ser o maior da regional apresenta várias UBSs e foi necessário sortear 25% para que fosse possível contemplar todo o trabalho. Ainda necessitamos trabalhar outras microrregiões. Em Maringá, de maneira geral, pôde-se observar que as gestantes soronegativas não são seguidas mensalmente e que as instruções fornecidas às mesmas são pífias, e falta orientações mais detalhadas e especificas para a prevenção da toxoplasmose. Diante de um quadro de suspeita aguda 64% dos funcionários não sabiam em qual setor do HU/UEM deveria ser encaminhado, 20% não encaminhavam, 16% encaminhavam adequadamente ao HU/UEM ou Hospital Santa Casa, que é o referencial em tratamento das gestantes com suspeita de toxoplasmose. Os casos de toxoplasmose ocular ocorridos nos dois últimos anos foram raros, mas mesmo assim muito desconhecida e o encaminhamento geralmente é feito de forma inadequada pela falta de conhecimentos ou informações atualizadas. No município de Maringá foi realizado atividade educativa com os funcionários em seis Unidades Básicas de Saúde, sendo elas: UBS do conjunto Requião , Posto de atendimento do Jardim Aclimação, UBS Mandacaru, e dos distritos, São Domingos, Floriano e Iguatemi. Em algumas dessas unidades, os profissionais envolvidos foram em geral médicos, enfermeiros, ACS, administrador, nutricionistas, dentistas e psicólogos. Na unidade básica do conjunto Requião estiveram presentes na orientação aproximadamente 13 funcionários, na UBS do Jardim Aclimação estiveram presentes 5, UBS Mandacarú 8, atendimento em São Domingos foram 4, Floriano estiveram 11 e Iguatemi 14 funcionários. Avaliando o número de gestantes sob suspeita aguda de toxoplasmose, nas UBSs acima mencionadas foram detectadas, nos últimos dois anos a média de, seis, quatro, três, dois, três e quatro respectivamente, e os casos oculares foram, respectivamente, dois, um, dois, nenhum caso, um e dois pacientes. Algumas gestantes são soronegativas são bem orientadas, outras são orientadas a cuidar da alimentação de maneira muito geral. Pensando nessa melhoria de qualidade de vida para essas pacientes, foram realizadas atividades educacionais com esses profissionais, no mínimo duas em cada unidade básica para reforçar e esclarecer qualquer duvida que ocorresse em relação à toxoplasmose, seus desdobramentos e os 247 encaminhamentos que poderiam dar aos pacientes. Está sendo entregue materiais específicos (panfletos, cartazes, CD’s) para essas equipes de PSF. E por fim, esses funcionários estão sendo orientados em relação ao encaminhamento adequado de pacientes soropositivas, sob suspeita de infecção aguda, e foi observado que 75% do total de funcionários que participaram das palestras educativas não sabiam para qual setor do HU/UEM ou do Hospital Santa Casa que devem fazer o encaminhamento, e mesmo não encaminhavam. O diagnóstico precoce na toxoplasmose congênita e o tratamento antiparasitário da gestante podem modificar o risco de transmissão ou de sequelas ao feto na medida em que a terapêutica for iniciada precocemente (Gangneux and Darde, 2012). Deve ser considerado que os medicamentos disponíveis atuam sobre os taquizoítas, encontrados durante os processos agudos, não sendo eficazes nas formas císticas do T. gondii, prevalentes na fase crônica (Remington, 2011). Estudo de coorte com neonatos, no Brasil, revelou que 80% apresentaram coriorretinite, com 63% de lesões bilaterais (Vasconcelos et al, 2009). Por tudo isso é importante as medidas de controle à gestante soronegativa, apesar de pouco valorizada, conforme pôde ser observado entre as gestantes e profissionais de saúde, mas que são de importância fundamental na profilaxia. Conclusão e Considerações Finais A operacionalização do serviço em rede, gerando o fluxo de cuidados às gestantes sob suspeita de toxoplasmose aguda, contribuiu para que tivesse maior atenção para os métodos profiláticos com as gestantes soro negativas, que tivesse o acompanhamento das gestantes que já tiveram contato o parasita e cuidado com pacientes com coriorretinite. Embora a toxoplasmose congênita tenha sido incluída na lista de agravos de notificação compulsória em unidades sentinelas, e mesmo assim existem casos sub-notificados, ou não diagnosticado corretamente. Foi observado também que o controle da toxoplasmose encontra ainda desafios mesmo que tenha havido a difusão dos conhecimentos, medidas de integração e de controle junto aos profissionais dos serviços de saúde. Estes por sua vez são os primeiros a manter contato com as gestantes e o seu grau de conhecimento é relevante para conscientizar as gestantes sob risco. Referências 248 BREGANÓ, R.; LOPES-MORI, F.M.R; NAVARRO, I.T. Toxoplasmose Adquirida Na Gestação E Congênita, 2010. VASCONCELOS-SANTOS, D.V.; MACHADO, A.D.O.; CAMPOS, W.R.; ORÉFICE, F.; QUEIROZ-ANDRADE, G.M.; CARELLOS, E.V.; et al. Congenital toxoplasmosis brazilian group. Congenital toxoplasmosis in southeastern Brazil: results of early ophthalmologic examination of a large cohort of neonates. Ophthalmol. v.1, n.16, p.2199-2205, 2009. LOPES-MORI, F.M.R.; BREGANÓ, R.M.; CAPOBIANGO, J.D.; INQUE, I.T.; REICHE, E.M.V.; MARIMOTO, H.K.; et al. Programas de Controle da Toxoplasmose Congênita. Rev Assoc Med Bras.v.57, p.594-9, 2011. REMINGTON, J.S.; KLEIN, J.O.; WILSON, C.B.; NIZET, V.; MALDONADO, Y.A. Infectious disease of the fetus and newborn infant. 7th ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2011:918-1041. ROBERT-GANGNEUX, F.; DARDE, M.L. Epidemiology of and diagnostic strategies for toxoplasmosis. Clin Microbiol Rev. 2012; 25: 264-96. DI MARIO, S.; BASEVI, V.; GAGLIOTTI, C., SPETTOLI, D.; GORI, G.; D’AMICO, R. et al. Prenatal education for congenital toxoplasmosis (Review). The Cochrane Collaboration; 2009. KRAVETZ, J. Congenital Toxoplasmosis. Clinical Evidence BMJ. 6;, p.906, 2010. HIGA, L.T.; ARAUJO, S.M.; TSUNETO, L.; CASTILHO-PELLOSO, M.; GARCIA, J.L.; SANTANA, R.G.; GUILHERME, A.L.F. Prospective study of Toxoplasmapositive pregnant women in southern Brazil: a health alert. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2010;104: 400–5. 249 PROGRAMA DE VISITA DOMICILIAR AO INTOXICADO: DADOS DE UMA EQUIPE INTERDISCIPLINAR Caroline da Costa Tamayo Sanches Graduanda em Enfermagem - Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Aline Gonçales Gabriel Graduanda em Enfermagem - Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Jessica Sanches da Silva Graduanda em Psicologia – Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Márcia Regina Jupi Guedes Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem – Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Catiuscia Rodrigues Guerreiro Psicóloga. Centro de Controle de Intoxicações. Hospital Universitário Regional de Maringá E-mail: [email protected] Magda Lúcia Félix de Oliveira Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva. Docente graduação e pós-graduação em Enfermagem – Universidade Estadual de Maringá E-mail: [email protected] Resumo O Programa de Visita Domiciliar ao Intoxicado – PROVIDI, caracteriza-se como um projeto de extensão universitária, realizado desde 1992 no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá – CCI/HUM, junto às famílias de pacientes egressos de intoxicação por diversas circunstâncias. A partir de 1997 atende famílias de egressos de tentativa de suicídio por agentes químicos. A equipe visitadora é constituída de alunos dos cursos de graduação e pós-graduação em Enfermagem e Psicologia, supervisionados pela equipe técnica do CCI/HUM, que se subdivide em duas equipes de visitadores – Equipe de Enfermagem e Equipe de Saúde Mental -, Atuando integradas. As visitas são agendadas após auditoria semanal das fichas de ocorrência toxicológica, e realizadas aos sábados, sendo três sábados/mês com atividades da Equipe de Enfermagem e um sábado/mês para a Equipe de Saúde Mental. O presente trabalho tem como objetivo caracterizar as visitas domiciliares realizadas pelo PROVIDI no ano de 2014. Estudo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa, com dados coletado das fichas de Ocorrência Toxicológica do CCI/HUM e das fichas de Visita Domiciliar. Foram agendadas 98 visitas, sendo efetuadas 50 (51%), predominância de agendamentos para intoxicação na primeira infância (1 - 4 anos) – 33,6 %. Entre os agentes de intoxicação, destacaram-se os medicamentos (51%). O PROVIDI desenvolve no aluno o cuidado com o outro, num espaço que integra 250 profissionais e usuários dos serviços de saúde,estabelecendo seus papeis sociais no processo, para formação em saúde e garante uma troca que possibilita crescimento e a assistência integralizada ao intoxicado e sua família. Palavras Chave: Visita domiciliar; Envenenamento; Assistência à saúde. Área Temática: Gestão do cuidado no desenvolvimento humano nos diferentes ciclos da vida. Introdução A visita domiciliar - VD, considerada como uma categoria da atenção domiciliar, e um instrumento de intervenção que prioriza o diagnóstico da realidade do indivíduo-família-comunidade, subsidia as ações educativas de forma programada com o intuito de identificar demandas e potencialidades, com visão das condições de vida das famílias (SELEGHIM et al., 2011). O Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá - CCI/HUM é um serviço de atendimento às urgências toxicológicas que presta informação toxicológica profissionais da saúde e à população leiga, por meio telefônico, online ou presencial. Considerando que a intoxicação representa um fenômeno complexo, o CCI/HUM atua por meio de uma equipe interdisciplinar e em diversas áreas, incluindo o PROVIDI – Programa de Visita Domiciliar ao Intoxicado. O PROVIDI é um projeto de extensão universitária, desenvolvido desde 1992 junto às famílias de pacientes egressos de intoxicação por diversas circunstâncias e, a partir de 1997, atende aos egressos de tentativa de suicídio por agentes químicos. Visa acolher a família e orientar sobre a prevenção de intoxicações e autocuidado, e a continuidade ao tratamento, e atende famílias residentes em Maringá e municípios de seu entorno. A equipe visitadora é constituída por alunos dos cursos de graduação e pósgraduação em Enfermagem e Psicologia, supervisionados e acompanhados pela equipe técnica do CCI/HUM, composta por uma enfermeira e uma psicóloga. A equipe subdivide-se em dois grupos de visitadores: a Equipe de Enfermagem, que atua com egressos de diversos tipos de intoxicação, e a Equipe de Saúde Mental, que atua junto a pacientes egressos de tentativas de suicídio. O público alvo prioritário do PROVIDI são pessoas que sofreram algum tipo de intoxicação classificadas como graves, principalmente em casos de tentativa de suicídio, e intoxicação infantil, priorizando as intoxicações que possam ter recidivas ou causar efeitos tardios. 251 A partir da auditoria semanal das fichas de ocorrência toxicológica, que contém informações sobre o paciente, sua intoxicação e a evolução de seu caso, são agendadas as VD, realizadas aos sábados: três sábados/mês com atividades da Equipe de Enfermagem e um sábado/mês para a Equipe de Saúde Mental. Realizada a VD, ocorre a avaliação dos procedimentos e situação das famílias, condições sociais das famílias, forma de recepção à equipe visitadora, atenção e compreensão da família quanto às orientações fornecidas pelos visitadores, conduta frente às queixas referidas, dificuldades encontradas e as impressões pessoais dos visitadores. Os principais objetivos do PROVIDI são avaliar a evolução clínica dos sujeitos que sofreram intoxicação, diminuir reincidências de intoxicações, difundir comportamentos preventivos às famílias, em seu contexto sociocultural, e estabelecer vínculo serviço de saúde – família. Objetivo Caracterizar as visitas domiciliares realizadas pelas equipes do PROVIDI no ano de 2014. Materiais e Métodos Trata-se de estudo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa dos dados das visitas domiciliares. A população do estudo é composta por egressos de intoxicações notificados ao CCI/HUM, independente da faixa etária, circunstância ou agente tóxico, residentes em Maringá e municípios de seu entorno. Os dados foram coletados das fichas de Ocorrência Toxicológica do CCI/HUM e das fichas de Visita Domiciliar – Equipe de Enfermagem e Equipe Saúde Mental, e apresentado a frequência absoluta e relativa. Discussão de Resultados Em 2014 foram agendadas 98 visitas domiciliares, sendo a maioria para o sexo feminino (60,2%). Considerando ambos os sexos, a predominância de faixa etária das visitas agendadas foi para a primeira infância (1 - 4 anos) - 33,6%, seguidos da faixa etária de 30 - 39 anos (12,2%). No que diz respeito ao agente de intoxicação, destacaram-se os medicamentos (51%), os animais (20,4%) e os domissanitários (13,2%). Quanto à circunstância da 252 intoxicação, a maioria ocorreu por acidente individual, com 58,1%, seguido das tentativas de suicídio, com 34,6% e, erro de administração de medicamentos, com 4,1%. Com base nesses dados pode-se perceber que as intoxicações acontecem, muitas vezes, com agentes de fácil acesso e na própria residência do indivíduo. Durante as VD percebeu-se que as pessoas ainda não apresentavam comportamentos preventivos com os produtos químicos, mantendo-os em recipientes inadequados ou em locais de fácil acesso às crianças, e a pessoas vulneráveis ao suicídio. Vale ressaltar que, das 98 visitas programadas, 50 (51%) foram efetivadas. Os motivos mais recorrentes da não efetivação das visitas foram nenhum morador na residência - 18 (37,5%), endereço incorreto na ficha de ocorrência toxicológica - 16 (33,3%). Pode-se apreender, na percepção das equipes visitadoras que houve uma receptividade considerada boa em todos as VD. Desenvolveu-se atividades de educação em saúde, com informações sobre sintomatologia, agente causal, tratamento e prevenção de outras intoxicações. A equipe visitadora informou às famílias como prevenir eventuais acidentes, entregando folders ilustrativos, e proporcionou ao egresso possibilidade de acompanhamento ambulatorial no CCI/HUM. Conclusão e Considerações Finais O PROVIDI desenvolve na equipe visitadora um olhar de cuidado para com o outro, num espaço que integra os profissionais e usuários dos serviços de saúde, estabelecendo seus papéis no processo de visita, bem como auxiliar e acompanhar intoxicados notificados no CCI/HUM, visando acolher a família e orientar sobre a prevenção de intoxicações e autocuidado, e ainda a continuidade do tratamento. Isso propicia a formação em saúde e garante uma troca que possibilita crescimento e a assistência integralizada ao intoxicado e sua família. Além de promover uma integração multidisciplinar que enriquece a trajetória acadêmica dos alunos. Referências SELEGHIM, M.R.; OLIVEIRA, M.L.F.; BALLANI, T.S.L.; TAVARES, E.O.; TREVISAN, E.P.T.; FRANÇOZO, N.R.R. Cuidado de enfermagem a famílias: experiência vivenciada em visitas domiciliares a intoxicados. Sau. & Transf. Soc. Florianópolis, v.2, n.1, p.65-72, 2011. 253