HIPERFLEXÃO DO CARPO EM FILHOTES DE CÃES (REVISÃO BIBLIOGRÁFICA) CARPAL HYPERFLEXION IN DOGS PUPPIES (LITERATURE REVIEW) Autores: Bernardo Kemper (1), Flávia Navas Padilha (2), Fernando de Biasi (3), Leila Isono Pereira(4), Marcela Macedo Daher(5), Tobias Canan Sovernigo(6) Resumo: A hiperflexão cárpica é uma deformidade muscular esquelética que ocorre pelo rápido crescimento ósseo em comparação aos tecidos moles. Acomete comumente filhotes entre 6 a 12 semanas, acredita-se que cães da raça dobermann pinscher são predispostos a afecção, porém já foram descritas muitas outras raças, e não há relatos de predisposição sexual. A causa da anormalidade ainda não é esclarecida, entretanto acredita-se que esteja relacionado ao desmame precoce, seguida de uma alimentação de baixa qualidade nutricional, mas ainda há necessidades de mais estudos para melhor elucidar sua etiologia. Palavras chave: Carpo, Contratura muscular, Cães. Summary: The carpal hiperflexion is a deformity skeletal muscle, that happen by the fast grow carpal bone, compared to soft tissue, affect usually dogs puppies between 6 to 12 weeks of age, it’s believed that Doberman pinscher breed dogs are predisposed to this disease, but have been described many other breeds , and there were no reports of sexual predisposition. The cause of the abnormality is not yet clear, although it is believed that is related to early weaning, followed by diet of low nutritional quality, but are still necessary studies to better elucidate the etiology. Key words: Carpal bones, Muscle contraction, Dogs. Texto A hiperflexão do carpo ou deformidade flexural, consiste no crescimento acentuado dos ossos comparados aos tendões (GREET, et al. 2000), causando uma tensão excessiva dos tendões do músculo flexor carpo ulnar (SLATTER, 2003). Esta afecção pode acometer um ou ambos os membros (VAUGHAN, 1992). Mas, segundo Petazzoni, et al. (2000) a doença usualmente apresenta-se bilateralmente, porém não necessariamente ocorra ao mesmo tempo, e com o mesmo grau severidade. A deformidade flexural é mais comumente observada em potros, bezerros, leitões, cordeiros e menos frequentemente em cães. Alguns autores relatam maior predisposição em raças como, Dobermann pinscher e Shar pei (PETAZZONI et al.2000 apud SCHRADER 1995). Não há predileção pelo sexo (PETAZZONI, et al. 2000), e considera-se que o desaleitamento precoce do filhote seguido de alimentação de baixa qualidade possa predispor ao desenvolvimento da hiperflexão do carpo. Em potros questiona-se a possibilidade de um mal posicionamento intra uterino, doenças maternas durante a gestação, ou traumas (VAUGHAN, 1992). _______________________ 1 - Prof. MSc. HV/UNOPAR; 2- Profa MV. Esp. HV/UNOPAR; 3- Prof. Dr. Med Vet. UEL; 4- Discente Med.Vet. UNOPAR, 5- Discente Med.Vet. UNOPAR,6 -Discente Med.Vet. UNOPAR. Os cães acometidos apresentam idade entre 6 a 8 semanas de vida (ALTUNATMAZ, et al. 2006), e Slatter (2003) e Vaughan (1992) há discrição que pode ocorrer em filhotes até 12 semanas. Para estabelecimento do diagnóstico é importante realizar uma boa anamnese, questionando-se sobre idade do desmame, e o tipo de alimentação oferecida ao animal. No exame físico, pode-se notar moderada atrofia dos músculos flexor do carpo, e músculos adjacentes (HOLLAND, 2005), e realização de exame radiográfico, para excluir alterações ósseas devido a trauma, pois segundo Altunatmaz, et al. (2006) e Vaughan (1992) em casos de hiperflexão do carpo não são observadas alterações radiográficas macroscópicas com relação aos ossos e cartilagens, mas podem apresentar edema nos tecidos moles (HOLLAND, 2005). O tratamento conservativo consiste no uso de orteses para o alinhamento do membro, e mostra-se eficiente na maioria dos casos (VAUGHAN, 1992), devendo ser mantido durante 10 dias aproximadamente, prolongando o tempo de uso, se necessário (ALTUNATMAZ, et al. 2006). É importante associar o balanceamento adequado da dieta (VAUGHAN, 1992), tanto para a correção da deformidade, como para evitar recidiva da afecção (ALTUNATMAZ, et al. 2006). Porém, Altunatmaz, et al. (2006) afirma que o tratamento conservativo não apresenta bons resultados em pacientes com estágio avançado da doença, decorrente a uma maior contratura dos tendões flexores, particularmente em músculos flexores carpo ulnar. Em conseqüência do estágio avançado pode ser necessária a realização de tratamento cirúrgico, no qual realiza-se a transecção da cabeça do tendão ulnar do músculo flexor carpo ulnar, 10 mm proximal a inserção do osso acessório do carpo, mas em alguns casos pode haver recidiva, levando a uma nova junção dos tendões, sendo necessário repetir o procedimento cirúrgico, para seccionar os tendões dos músculos ulnar e umeral, deixando o membro com uma ligeira frouxidão, porém após alguns dias o animal volta a apresentar postura normal (VAUGHAN, 1992). A escolha do tratamento é um tanto controversa, pois como a afecção é pouco descrita, a experiência do clínico em relação à identificação da afecção, torna-se essencial na escolha adequada do tratamento para cada paciente. Referência Bibliográfica: Altunatmaz, K., Ozsoy,S. Carpal flexural deformity puppies. Veterinarni medicina, 2006. Holland,C.T. Carpal hyperflexion in a growing dog following neural injury to the distal brachium. Journal of small animal practice. vol 46. jan 2005. Petazzoni,M., Mortellaro,C.M. Flexural deformity in a dalmation puppy: a case report and review of literature. EJCA, vol 12, Oct 2002. Vaughan, I.C. Flexural deformity of the carpus in puppies. Journal of small animal practice. Vol 33. 1992. Slatter, D. Textbook of Small Animal Surgery. 3rd ed. p. 1986. Editora:Elsevier Science. 2003. 2