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II CONGRESSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA UTFPR – CÂMPUS DOIS VIZINHOS
VI SEMINÁRIO: SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
II SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS E BIOLÓGICAS
PARÂMETROS AGRONÔMICOS DE MILHO, CULTIVADO EM SUCESSÃO A
PLANTAS DE COBERTURA, COM E SEM ADIÇÃO DE NITROGÊNIO
Taís Gabriele Garmus 1*, Paulo César Conceição2 [orientador], Ana Regina Dahlem3, Augusto Vaghetti
Luchese4, Nilson Marcos Balim5
1
Aluna do curso de Agronomia, bolsista PIBIC (Entidade Financiadora da Bolsa, CNPQ, UTFPR) Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos, Paraná. E-mail: [email protected].
2
Professor Dr. Ciência do Solo, Bolsista PQ2F, [email protected]
3
Mestranda em Agronomia. PPGAG- UTFPR-Câmpus Pato Branco
4
Pós-Doutorando- PNPD Capes.
5
Aluno do curso Engenharia Florestal.
*Autor para correspondência
Resumo: O milho é produzido na maioria dos continentes, tendo uma grande importância econômica
caracterizada pelas diversas formas de sua utilização, iniciando na alimentação animal até a indústria de alta
tecnologia, tendo exemplo a produção de filmes e embalagens biodegradáveis. O estudo foi desenvolvido na área
experimental da UTFPR – Câmpus Dois Vizinhos visando avaliar o efeito do uso de plantas de cobertura estivais
e de adubação nitrogenada complementar, no desenvolvimento da cultura do milho. O delineamento utilizado foi
de blocos ao acaso em esquema bifatorial, com três repetições, constituído por parcelas principais de 5m x 10m
(sistemas com plantas de cobertura do solo) e parcelas subdivididas de 5m x 5m (COM e SEM adubação
nitrogenada na cultura do milho, aplicada em cobertura). Foram avaliados os parâmetros referentes a altura de
plantas, diâmetro de colmo e número de plantas (stand). Os tratamentos diferiram estatisticamente entre si para a
variável altura de planta, com efeito predominante do uso da adubação nitrogenada. Na ausência da adição de N
mineral a cultura da ervilhaca propiciou o maior desenvolvimento de plantas.
Palavras-chave: Zea mays, adubação nitrogenada, coberturas de inverno, manejo do solo
Introdução
O milho (Zea mays L.) é cultura que apresenta desenvolvimento variado, podendo apresentar ciclo entre
110 e 180 dias, dependente do tipo dos genótipos (superprecoce, precoce, normal). É produzido na maioria dos
continentes, tendo grande importância econômica caracterizada pelas diversas formas de sua utilização, desde a
alimentação animal até a indústria de alta tecnologia, como por exemplo, para a produção de filmes e
embalagens biodegradáveis.
O milho é uma das culturas mais exigentes em fertilizantes nitrogenados, em função disso, é altamente
responsivo a esse nutriente, apresentando desenvolvimento em várias características que influenciam a produção
final (OHLAND et al., 2005). O N é o nutriente que apresenta os maiores efeitos no aumento de produtividade
da cultura do milho, tendo grande importância no início de desenvolvimento da planta, onde absorção é mais
intensa (BASSO & CERETTA, 2000).
Conforme Amado et al., (2002), o cultivo de plantas de cobertura como antecessoras a cultura do milho,
pode influenciar no aumento da produtividade pelo uso das espécies leguminosas, devido sua capacidade de
fixação biológica de N, contribuindo assim com a redução da necessidade de adubo nitrogenado. Já o cultivo de
gramíneas, que possuem maior relação C/N, resulta em um maior período de proteção contra erosão e ocorrência
de espécies invasoras, devido a permanência de seus resíduos sobre o solo, no entanto os microrganismos do
solo podem competir pela disponibilidade de nitrogênio com a cultura do milho.
O consórcio entre espécies de plantas de cobertura de solo, além de proteger o solo e de adicionar
nitrogênio, proporciona uma produção de matéria seca cuja relação C/N seja intermediária àquela das espécies
em culturas isoladas, proporcionando cobertura de solo por mais tempo e fornecimento de N dentro do período
ideal para o desenvolvimento da cultura principal (GIACOMINI et al. ,2003).
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Agronomia
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O trabalho teve como objetivo avaliar parâmetros de desenvolvimento da cultura do milho, cultivado em
sucessão a diferentes sistemas de plantas de cobertura de inverno, com e sem adição de N mineral em cobertura.
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido na área experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR,
Câmpus Dois Vizinhos, situada a 25º 42’ 52”de latitude S e longitude de 53º 03’ 94” W-GR, a 530 metros acima
do nível do mar. O solo local é do tipo NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico. O clima da região é Cfa
(subtropical úmido) sem estação seca definida com temperatura média do mês mais quente de 22°C, conforme
classificação de Köppen.
Os sistemas de coberturas de inverno utilizados foram: Aveia Preta comum (Avena strigosa); Nabo
Forrageiro (Raphanus sativus L.); Tremoço Branco (Lupinus albus L.); Centeio cv. Serrano (Secale cereale);
Azevém Comum (Lolium multiflorum); Ervilhaca Comum (Vicia sativa L.); consorciação entre Aveia+Ervilhaca
(A+E) e Aveia +Ervilhaca+Nabo (A+E+N), e Pousio, onde não houve cultura de cobertura do solo. A semeadura
das culturas foi realizada na primeira quinzena de maio de 2011. Antes da semeadura das plantas de coberturas
de inverno, foi realizado aplicação de herbicida para dessecação das plantas daninhas em área total.
O experimento teve um delineamento de blocos ao acaso em esquema bifatorial, com três repetições,
constituído por parcelas principais de 5m x 10m (fator A), com o estabelecimento dos sistemas das plantas de
cobertura do solo e parcelas subdivididas de 5m x 5m (fator B), COM e SEM a utilização de adubação
nitrogenada em cobertura na cultura principal (milho), tendo o experimento área total de 1.200 m2.
A cultura do milho foi semeada em sistema de plantio direto no início do mês de setembro (13/09/2011)
após 11 dias do manejo das coberturas de inverno, com espaçamento de 0,90m entre linhas, utilizando o híbrido
simples P32R48. Para o presente estudo as parcelas receberam adubação nitrogenada em cobertura com N
mineral (uréia) aplicado aos 33 dias após a semeadura.
As avaliações dos parâmetros agronômicos do milho foram realizadas no inicio do pendoamento
(29/11/11), aos 77 dias após a semeadura. Foram analisadas as variáveis altura de plantas, (mensurada através de
régua graduada de 3 m), diâmetro de colmo (determinado através de paquímetro manual) e estande de plantas
(contagem do número de plantas presentes em 3m lineares em cada parcela).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey
(P<0,05), pelo programa estatístico ASSISTAT 7.6 beta.
Resultados e Discussão
A altura de plantas de milho apresentou interação das médias, entre os sistemas de plantas de cobertura e
a aplicação de N em cobertura na cultura principal (Tabela 1).
Observa-se que sobre os sistemas de plantas de cobertura quando da ausência de N mineral o
desenvolvimento do milho sobre a cobertura com ervilhaca diferiu dos outros tratamentos(Tabela 1),
apresentando média para altura de planta superior aos demais (2,09 m). Com a adição de N mineral, a altura de
planta do milho sobre os sistemas com os consórcios de A+E+N e A+E apresentaram resultados semelhantes
entre si, sendo superiores ao tratamento com nabo forrageiro. Sendo que para essa mesma variável a aveia, o
azevém, o tremoço, a ervilhaca, o centeio e o pousio não diferiram estatisticamente entre si.
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Na comparação entre os tratamentos sem e com a adição de N mineral em cobertura, podemos observar
na tabela 1, que a cultura do milho sobre as coberturas de nabo e ervilhaca não apresentaram diferenças de altura
em relação ao fornecimento de N externo, diferindo-se dos demais tratamentos sem adição de N mineral. Isso
provavelmente devido à disponibilização do N realizada pelas próprias plantas de cobertura, que no caso da
leguminosa (ervilhaca) via fixação biológica e no caso da crucífera (nabo forrageiro) via ciclagem de nutrientes.
Como descreve os autores Bredemeier & Mundstock (2000), o N é o nutriente que mais influencia no
crescimento da planta, por atuar diretamente no desenvolvimento vegetativo.
Quanto ao diâmetro do colmo das plantas de milho, os diferentes sistemas de plantas de cobertura (Tabela
2), não diferiram estatisticamente, apresentando médias variando de 1,94 a 2,11cm, para o diâmetro das plantas
sobre a cobertura com nabo e ervilhaca, respectivamente. Sobre a adubação, o diâmetro de colmo do milho com
a adição de N mineral foi superior (2,09cm), diferindo-se estatisticamente ao tratamento sem adição de N
mineral (1,92 cm). A diferença deste componente representa importância do ponto de vista fisiológico, o colmo
não possui função somente de suporte de folhas e inflorescências, mas principalmente, como uma estrutura para
armazenamento dos sólidos solúveis que são utilizados em seguida na formação dos grãos.
Nos estandes das plantas de milho cobertura (Tabela 2), não ocorreu diferença estatística das médias entre
os sistemas de plantas de cobertura, sendo possível verificar as médias absolutas para a população de plantas
variam de 45.678 á 67.283 mil plantas por hectare, sobre os sistemas com azevém e o pousio, respectivamente.
Sobre os tratamentos, Sem e Com adição de N mineral em cobertura, não houve diferenças estatística, para o
número de plantas. O fator adubação não exerceu influencia sobre o estande devido que a aplicação de N mineral
foi realizada quando as plantas já possuíam 33 dias.
As pequenas diferenças apresentadas entre os tratamentos com diferentes plantas de cobertura podem ser
decorrentes do fato que o experimento é recente, e os efeitos de plantas de cobertura sobre o solo necessitam de
maior tempo de condução do experimento para que possam ser perceptíveis nas culturas sucessoras.
Conclusão
Houve efeito tanto da cultura de cobertura do solo quanto da adição de adubação nitrogenada mineral
para a variável altura de planta do milho. Destaca-se a cultura de ervilhaca que na ausência de N apresentou o
melhor resultado em relação aos demais sistemas e na presença de adubação nitrogenada teve comportamento
similar aos demais tratamentos, com exceção do nabo que foi menos eficiente no desenvolvimento do milho.
Não houve efeito dos sistemas de plantas de cobertura sobre o diâmetro de colmo do milho enquanto que
em relação à adição de N mineral na média dos sistemas de cultura este diferiu do sistema sem uso de N químico
Agradecimentos
À Fundação Araucária através da chamada de projeto 14/2009, à CAPES pela concessão de bolsa de
mestrado e de pós-doutorado e ao CNPq pelas Bolsas de IC e PQ e aporte financeiro ao projeto mediante
processos 558708/2009-9 e 503589/2009-8
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Referências
AMADO, Telmo. J. C.; MIELNICZUK, João.; AITA, Celso. Recomendação de adubação nitrogenada para o
milho no RS e SC adaptada ao uso de culturas de cobertura do solo, sob plantio direto. Revista Brasileira de
Ciência do Solo. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, Brasil, vol. 26, núm.1, p. 241-248, 2002.
BASSO, Claudir. J.; CERETTA, Carlos. A. Manejo do nitrogênio no milho em sucessão a plantas de cobertura
de solo,sob plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 24, n. 4, p. 905-915, 2000.
BREDEMEIER, Christian.; MUNDSTOCK, Claudio. M. Regulação da absorção e assimilação do nitrogênio nas
plantas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n. 2, p. 365-372, 2000.
GIACOMINI, Sandro. J. et al; Matéria seca, relação C/N e acúmulo de nitrogênio, fósforo e potássio em
misturas de plantas de cobertura de solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Brasília, v. 27, p. 325-334,
2003.
OHLAND, Regiane. A. A. et al. Culturas de cobertura do solo e adubação nitrogenada no milho em plantio
direto. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 29, n. 3, p. 538-544, 2005.
SILVA, F. de A. S. e. & Azevedo, C. A. V. de. Principal Components Analysis in the Software AssistatStatistical Attendance. In:WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE, 7, Reno-NVUSA: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2009.
Tabela 1. Médias de interação para altura de plantas de milho (m), cultivado em sucessão a plantas de cobertura
do solo, sem e com adição de N em cobertura. UTFPR, Dois Vizinhos, 2012.
Adubação
Sistemas de Plantas de Cobertura
SEM
COM
1,87 bA
1,90 bA
Nabo Forrageiro
1,84 bB
2,15 aA
A+E+N
1,74 bB
2,10 abA
Aveia Preta
1,70 bB
2,06 abA
Azevém
1,86 bB
1,99 abA
Tremoço Branco
2,09 aA
2,11 abA
Ervilhaca Comum
1,87 bB
1,99 abA
Centeio Serrano
1,83 bB
2,13 aA
A+E
1,84 bB
1,99 abA
Pousio
A+E+N (aveia+ ervilhaca + Nabo) e A+E (aveia+ ervilhaca). *Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e letra maiúscula
na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
Tabela 2. Médias para diâmetro do colmo e estande das plantas de milho, cultivado em sucessão a plantas de
cobertura do solo, sem e com adição de N em cobertura. UTFPR, Dois Vizinhos, 2012.
Sistemas de Plantas de Cobertura
Nabo Forrageiro
A+E+N
Aveia Preta
Azevém
Tremoço Branco
Ervilhaca Comum
Centeio Serrano
A+E
Pousio
Diâmetro de colmo (cm)
1,94
2,01
2,01
2,02
1,97
2,11
1,99
2,01
2,07
CV%
5,9
Adubação
SEM
COM
CV%
1,92
2,09
4,9
*ns
Estande (plantas de Milho ha-1)
56.172
61.110
59.875
45.678
62.962
60.493
50.616
66.666
67.283
ns
21,34
b
a
57.886
60.081
12,5
ns
ns
A+E+N (aveia+ ervilhaca + Nabo) e A+E (aveia+ ervilhaca). *Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey (P<0,05), ns= não significativo.
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