Severidade da Rhizoctonia solani em cultivares de soja em relação ao potássio Caroline Pinheiro Woicieckoski1 e Maria Luiza Nunes Costa2 1 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Cassilândia, UEMS-UUC, 79.540-000, Cassilândia - MS, Brasil. [email protected] 2Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Chapadão do Sul - UFMSCPCS, 79.560-000, Chapadão do Sul - MS, Brasil. [email protected] Resumo - A cultura da soja é atacada por diversos patógenos, dentre os mais importantes destaca-se o fungo Rhizoctonia solani devido à sua capacidade de sobreviver no solo e nos restos de cultura e pela severidade das doenças causadas. Dentre as causas da predisposição das plantas a doenças está o desequilíbrio nutricional, sendo que o potássio (K) possui grande importância na resposta de defesa da planta. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses de potássio no manejo da R. solani no início da cultura da soja. O trabalho foi conduzido na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, na Unidade Universitária de Cassilândia, MS. Foram avaliadas quatro doses de K 0; 0,07104; 0,14208 e 0,21312 mg.dm-3 e cinco cultivares NA7337, W711, W799RR, TMG127 e ANTA82. Maior valor de matéria seca da raiz foi observada na aplicação de 0,0104 mg.dm-3 para a cultivar ANTA82 (0,29 g) em relação a NA7337(0,18 g) e TMG127 (0,17 g). Na dose de 0,14208 mg.dm-3 verificou-se maior matéria seca na cultivar W799RR com 0,30 g e 0,18 g na W711. As doses utilizadas não influenciaram a severidade de R. solani nas cultivares de soja, avaliadas neste experimento, mas influenciaram na matéria seca das cultivares. Palavras-chave: nutrição mineral, patógenos do sistema radicular, tombamento. Severity of Rhizoctonia solani in soybean cultivars in relation to potassium Abstract - The soybean crop is attacked by various pathogens, among the most important, stands out the fungus Rhizoctonia solani due to its ability of surviving in soil and crop residues and the severity of diseases caused. Among the causes of predisposition to diseases of plants is the nutritional imbalance, where the potassium (K) has a great importance in plant defense response. The objective of this study was to evaluate the effect of potassium in the management of R. solani in the beginning of soybean cultivation. The work was conducted at the State University of Mato Grosso do Sul, in the University Unit Cassilândia, MS. Four doses of K were evaluated, 0; 0.07104; 0.14208 and 0.21312 mg.dm-3 and five cultivars, NA7337, W711, W799RR, TMG127 and ANTA82. Greater value of root dry matter was observed with the application of 0.0104 mg.dm -3 to cultivars ANTA82 (0.29 g) in relation to NA7337 (0.18 g) and TMG127 (0.17 g). In the dose of 0.14208 mg.dm -3 was observed greater content dry matter in cultivars W799RR with 0.30 g and 0.18 g in W711. The used dosages did not influence the severity of R. solani in soybean cultivars evaluated in this experiment, but influenced in the dry matter of the cultivars. Keywords: Mineral nutrition, root system pathogens, damping-off. Introdução A produtividade de uma lavoura de soja pode ser afetada negativamente pela ocorrência de agentes causadores de doenças, que sendo responsáveis por grandes variações de produtividade entre uma safra e outra. As doenças causadas por patógenos do sistema radicular constituem um complexo etiológico caracterizado pelas perdas de estande de vigor das plântulas, sendo as responsáveis por perdas consideráveis de produtividade do Sudeste e CentroOeste do Brasil (Costa, 2002). O fungo Rhizoctonia solani, causa doenças na cultura da soja conhecidas como rizoctoniose, mela ou requeima da soja, podridão da raiz e da base das hastes e tombamento ou morte em reboleiras. É um fungo polífago, pois ataca um grande número de espécies vegetais habitantes naturais do solo, podendo ser transmitido também através de sementes infectadas. Dentro do “complexo de fungos que causam o tombamento”, é considerado o mais prejudicial devido à intensidade de ataque causando o tombamento de pré-emergência, além daquele de pós-emergência. O desenvolvimento desse patógeno na lavoura pode reduzir significativamente o estande, podendo haver a necessidade de ressemeadura (Goulart, 2001). Em plântulas emergidas do solo, os sintomas são observados quase sempre na região do colo. Inicialmente apresentam-se as manchas encharcadas, as quais crescem rapidamente tornando-se escuras, podendo progredir para lesões deprimidas também de coloração escura, causando a constrição do caule. Devido ao enfraquecimento do caulículo, ocorre o tombamento da plântula e posteriormente colonizada e decomposta pelo fungo. O ataque do fungo não se restringe ao caulículo, sendo comum a presença de raízes escurecidas e em processo de apodrecimento (Almeida et al., 2005; Bedendo et al., 2011) Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.2, p.22-27, abr. 2016 22 Em relação às práticas culturais, de acordo com Gungor (1997), deve se realizar rotação/sucessão de cultura com gramíneas, controlar plantas daninhas, evitar semeadura adensada e solos encharcados, manter a adubação equilibrada e realizar a descompactação do solo, assim como incorporação de restos culturais, além da utilização de tratamento de sementes com fungicidas para minimizar os efeitos negativos das doenças. A nutrição mineral é um fator ambiental de fácil manipulação a ser empregado no controle das doenças, visando diminuir a resistência dos patógenos aos fungicidas ao mesmo tempo em que preserva o meio ambiente (Rodrigues et al., 2002). De maneira geral, a condição nutricional que permite o máximo crescimento e desenvolvimento da planta também favorece a manifestação de doenças (Freitas et al., 2010). O potássio é o segundo elemento mineral mais requerido pela cultura da soja (Mascarenhas et al., 2004). De acordo com Santos et al. (1995) o potássio ativa a formação de enzimas importantes no metabolismo e no crescimento da planta estando também relacionado com a hidratação da planta e com o transporte de carboidratos, com a resistência ao acamamento, a doenças e o déficit de água. Com base nesses estudos o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes doses de potássio no manejo de Rhizoctonia solani nos estádios vegetativos iniciais da cultura da soja em casa de vegetação. Material e Métodos O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação no período de janeiro a agosto de 2014 na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Cassilândia, MS, localizada na latitude de -19,1225º (19º 07' 21"S), longitude de -51,7208º (51º 43' 15"W) e altitude de 516 m (Estação automática de Cassilândia). O delineamento estatístico utilizado foi em blocos casualizados, em um esquema fatorial duplo 5 x 4, constituído por cinco cultivares de soja (NA7337, W711, W799RR, TMG127, ANTA82) e quatro doses de potássio na semeadura (0; 0,07104; 0,14208 e 0,21312 mg.dm-3 de K2O), com quatro repetições. Nos vasos foi utilizado solo arenoso de barranco, retirado de uma área não cultivada, sendo este esterilizado em autoclave por um período de uma hora em temperatura de 120 ºC. Posteriormente o solo foi disposto em vasos de polietileno com capacidade para cinco litros de solo (25 x 20 cm). Os resultados da análise química do solo utilizado no trabalho estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Características químicas do solo utilizado no experimento. c.molc. dm-3 pH mg.dm-3 CaCl2 H2O Ca+Mg Ca Mg Al H+Al K K P(Mel) 4,1 ns 0,5 0,3 0,2 1,05 4 0,14 54 2 g.dm-3 c.molc M.O C.O CTC 16,6 9,6 4,6 % Sat/ bases 13,8 Relação entre bases Sat/Al Ca/CTC 62,1 6,5 A aplicação de calcário foi realizada visando elevar a saturação em bases do solo, utilizando calcário dolomítico, sendo aplicado 0,0295 mg.dm-3 por vaso, 30 dias antes da semeadura. Durante este período os vasos foram irrigados a cada dois dias para otimizar a reação do calcário no solo. A adubação química básica foi calculada de acordo com as características químicas do solo e foi constituída de 0,0005 mg.dm-3 de P2O5 na forma de super fosfato simples. O potássio foi adicionado ao solo antes da semeadura, nas doses de 0; 0,07104; 0,14208 e 0,21312 mg.dm-3 de K2O (na forma de 23 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.2, p.22-27, abr. 2016 Mol/CT C 4,3 K/CTC Ca/Mg Ca/K Mo/K 3 1,5 2,1 1,4 cloreto de potássio), incorporadas ao solo de cada vaso. A semeadura foi realizada com sementes de soja inoculadas com o fungo R. solani, utilizando 10 sementes por vaso. O desbaste foi realizado sete dias após a semeadura deixando quatro plantas por vaso que foram conduzidas até o fim do experimento, quando as plantas atingiram o estágio V4 de desenvolvimento. O fungo R. solani, utilizado para inoculação das sementes utilizadas no experimento, foi cultivado em meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Agar) + manitol mantidos em BOD a 20ºC com o fotoperíodo de 12 horas por sete dias. A inoculação das sementes foi realizada distribuindo as mesmas em placas de Petri contendo o fungo, em uma camada uniforme, onde permaneceram por oito horas em BOD a 20ºC. Ao serem retiradas das placas, as sementes passaram por um processo de secagem natural e em seguida foram distribuídas nos vasos de cultivo. Os vasos foram irrigados diariamente sem que ocorresse a saturação do solo, para evitar uma possível lixiviação de nutrientes. A avaliação da severidade da doença nas plantas de soja foi realizada no estádio V4 de desenvolvimento. As plantas foram retiradas dos vasos, suas raízes foram cortadas e lavadas em água corrente e dispostas em ambiente fresco para a retirada do excesso de água e em seguida feita a avaliação de cada planta seguindo a escala de notas adaptada de Noronha et al. (1995) (Tabela 2). A parte aérea das plantas foi retirada dos vasos, e submetida à secagem em estufa a 65ºC por 48 horas. Para a avaliação de altura de planta, utilizou-se uma trena, medindo a planta desde o coleto até a ponta da última folha emergida. O comprimento da raiz foi avaliado pela mensuração de todas as raízes com o auxílio de uma trena, tomando por base a raiz principal. Em seguida foi avaliada a severidade, com as raízes pesadas com o auxílio de uma balança e obtida a fitomassa fresca do sistema radicular. As raízes foram submetidas à secagem em estufa a 65ºC por 48 horas, e pesadas novamente para obtenção da fitomassa seca do sistema radicular. Os dados foram submetidos à análise de variância com regressão polinomial e as médias de cultivares foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%. Resultados e Discussão Tabela 2. Escala de notas para avaliação de severidade de Rhizoctonia solani em soja. Notas 0 1 2 3 4 5 6 Notas descrição dos sintomas Ausência de sintomas Raízes com lesões menores ou iguais a 2,5 mm Raízes com lesões entre 2,5 e 5,0 mm sem lesões no coleto Raízes com lesões maiores que 5,0 com pequenas lesões no coleto Lesões no coleto sem constrição Coleto com lesões com constrição Tombamento da planta *Adaptada de Noronha et al. (1995). Na Tabela 3, encontram-se os dados referentes à severidade de doença, altura de plantas, comprimento de raiz, fitomassa fresca de parte aérea e fitomassa seca de parte aérea, em função de cultivares e doses de potássio. O fator cultivar influenciou na altura de plantas, sendo que as outras variáveis não foram influenciadas. Sugere-se que as características genéticas das cultivares utilizadas foi o que influenciou na altura de plantas, descartando a influência das doses de potássio no crescimento das plantas. Em relação ao ajuste dos dados a regressão polinomial (doses), em nenhuma das avaliações ocorreu ajuste. Tabela 3. Severidade da doença, altura de plantas, comprimento de raiz, fitomassa fresca de raiz (FFR) e fitomassa fresca de parte aérea (FFPA) em função das cultivares e das doses de potássio na cultura da soja. Cultivares TMG127 NA7337 W711 W799RR ANTA82 Concentrações de K 0 0,07104 0,14208 0,21312 F (Cultivares) Ajuste de regressão Severidade da doença (%) 1,91 a 2,22 a 2,82 a 2,68 a 2,19 a Altura de planta (cm) 11,46 a 11,29 ab 11,26 ab 10,64 bc 10,53 c Comprimento de raiz (cm) 5,49 a 5,40 a 5,53 a 5,53 a 5,50 a FFR (g/plt) 1,49 a 1,45 a 1,27 a 1,27 a 1,32 a FFPA (g/plt) 5,58 a 5,45 a 5,73 a 5,40 a 5,24 a 2,51 a 2,34 a 2,32 a 2,27 a 2,16 ns 0,20 ns 11,02 a 11,13 a 11,08 a 10,91 a 6,68** 0,42 ns 5,59 a 5,48 a 5,41 a 5,48 a 0,26 ns 0,57 ns 1,35 a 1,38 a 1,34 a 1,38 a 2,42 ns 0,13 ns 5,70 a 5,18 a 5,58 a 5,46 a 0,83 ns 1,50 ns Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; **significativo a 1% de probabilidade; ns - Não significativo; CV – coeficiente de variação Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.2, p.22-27, abr. 2016 24 Na cultivar TMG127 foi observada maior altura de plantas com 11,46 cm, em relação a W799RR e ANTA82, com 10,64 e 10,53 cm, respectivamente. Foi possível observar que o parâmetro altura de planta das cultivares não foi influenciada pela adubação e pelo ataque da R. solani, diferentemente dos resultados encontrados por Rosseto et al. (1995) que em experimento utilizando seis cultivares de soja (FT-2, Bossier, IAC11, IAC17, IAC18 e IAC19 com duas doses de potássio (0,04 meq.100 cm-3 e 0,16 meq.100 cm-3) em casa de vegetação, observaram que as cultivares IAC18 e IAC19 apresentaram maior altura de planta com a aplicação do potássio em relação as demais cultivares. Sugere-se que neste caso, as características genéticas das cultivares utilizadas podem ter influenciado na altura de plantas. Para o parâmetro severidade da rizoctoniose causada pelo fungo R. solani não se observou diferença entre os tratamentos. Com relação às doses, a maior dose (0,21312 mg.dm-3) apresentou o menor valor e a dose 0 o maior valor quanto a severidade da doença. Os resultados obtidos neste trabalho condizem com os encontrados por Basseto et al. (2007) que utilizando as doses 0, 20, 40, 80 e 160 mg.dm-3 não obtiveram diferenças significativas entre as variedades de soja e as doses utilizadas quanto à severidade da mela. Sugere-se que as dosagens utilizadas não aumentaram a espessura da parede celular na célula da epiderme da planta, não promovendo assim a rigidez na estrutura dos tecidos necessária para impedir a entrada do patógeno. Rodrigues et al. (2002) com duas fontes de nitrogênio (sulfato de amônio e nitrato de sódio) e seis doses (0, 11, 16, 21, 26 e 31 mg kg-1 de solo) e doses de 0, 1,75, 2,25, 2,75, 3,25 e 3,75 g de calcário dolomítico por quilograma de solo, para controle de severidade da podridão radicular da R. solani no feijoeiro, constataram que houve um acréscimo de 32% no índice da doença, em virtude das doses crescentes de calcário, sendo que após a calagem, a aplicação de sulfato de amônio reduziu em 22% o índice da doença, enquanto o nitrato de sódio o aumentou em 18%, com relação ao controle. Diferentemente deste trabalho que se utilizou como fonte o cloreto de potássio nas doses 0, 0,07104, 014208 e 0,21312 mg.dm-3 e uma dosagem de 0,0295 mg.dm-3 por vaso onde não influenciaram significativamente na incidência da rizoctoniose na soja. Os resultados podem indicar um desequilíbrio entre os nutrientes e a correção do solo, onde podem não ter sido suficientes para impedir o ataque do fungo nas plantas. 25 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.10, n.2, p.22-27, abr. 2016 A resistência das cultivares a doenças de solo também é uma alternativa muito utilizada para o controle desses patógenos, entretanto no presente trabalho não foi observado a influência das cultivares utilizadas (TMG127, NA7337, W711, W799RR, ANTA82) quanto ao controle da rhizoctoniose nas condições em que o experimento fora conduzido, diferentemente de Noronha et al. (2013) em genótipos de feijão caupi em relação a Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum, Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii, que observaram que apenas dois genótipos de feijão-caupi (MNCO1-649 F-2-11 e MNCO1-649F-2-1) foram altamente resistentes a F. oxysporum f. sp. tracheiphilum e para resistência a Rhizoctonia solani destacaram-se os genótipos MNCO1-649F-2-1, MNCO2-684F-5-6 e MNCO2675F-9-5. Para Sclerotium rolfsii os genótipos MNCO1-649F-1-3 e MNCO2-677F-2, todos com reação de mediana resistência concluindo que o genótipo MNCO1-649F-2-1 destacou-se com bons níveis de resistência para os patógenos Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum e Rhizoctonia solani. Este pode ser um indício de que nenhuma das cultivares utilizadas possuem resistência ao fungo Rhizoctonia solani, tornando-se assim mais vulnerável ao ataque. Para comprimento de raiz os fatores estudados também não diferiram estatisticamente, podendo salientar que as cultivares W711 e W799RR obtiveram o maior numero de comprimento de raiz (5,53 cm) e em relação às doses a dose zero se destacou com 5,59 cm de comprimento de raiz. Avaliando este mesmo parâmetro Rosseto et al. (1995) observaram que a cultivar IAC11 obteve melhor desenvolvimento quando comparadas as cultivares FT-2, Bossier e IAC17, porém não diferiu estatisticamente das demais cultivares (IAC18 e IAC19). Os resultados indicam que as doses de K presentes nas plantas não foram suficientes para um bom desenvolvimento radicular, deixando a planta mais suscetível ao patógeno presente no solo. Para fitomassa fresca da raiz a cultivar TMG127 demonstrou maior valor (1,49 g) em relação às demais cultivares, entretanto, não se diferiram entre si estatisticamente. Com relação às doses de potássio utilizadas, as doses 2 (0,07104 mg.dm-3) e 4 (0,21312 mg.dm-3) obtiveram o mesmo valor (1,38 g). Para fitomassa fresca da parte aérea, os maiores valores foram para a cultivar W711 (5,73 g) e para a dose zero (5,70 g), porém também não diferiram entre si estatisticamente. Diferindo de Rosseto et al. (1995) que utilizando diferentes cultivares e doses de potássio concluíram que com a utilização do potássio no solo as plantas apresentaram menor peso e menor volume de raiz e maior relação parte aérea e raiz em peso. Houve interação significativa apenas para a fitomassa seca de raiz apresentada na Tabela 4, onde se verifica que a aplicação de 0,0104 propiciou maior matéria seca para a cultivar ANTA82 (0,29 g), em relação a NA7337 e TMG127, com 0,18 e 0,17 g, respectivamente. A aplicação de 0,14208 proporcionou maior matéria seca para a cultivar W799RR com 0,30 g em relação a 0,18 g da W711, verificando-se diferença significativa entre as demais cultivares. De acordo com os resultados obtidos, as doses de potássio testadas não controlaram a rizoctoniose durante o período avaliado. Dada à importância e a dificuldade de controle da rizoctoniose, se torna necessário testar outras doses de potássio ou ambiente de experimento (a campo), para chegar o mais próximo das condições reais de produção da cultura, especialmente em regiões onde a doença ocorre de forma endêmica. Tabela 4. Desdobramento da interação significativa para fitomassa seca de raiz (g/plt), em função das cultivares e doses de potássio na cultura da soja. Concentrações de K 0 0,07104 0,14208 0,21312 Ajuste de regressão ANTA82 0,26 a 0,29 a 0,29 ab 0,20 a ns W799RR 0,22 a 0,21 ab 0,30 a 0,21 a ns Cultivares NA7337 0,20 a 0,18 b 0,25 ab 0,23 a ns TMG127 0,20 a 0,17 b 0,22 ab 0,19 a ns W711 0,20 a 0,27 ab 0,18 b 0,23 a ns CV(%) = 2,07% Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade ns - Não significativo Conclusão As doses de potássio utilizadas não influenciaram a severidade de R. solani nas cultivares de soja avaliadas neste experimento, mas influenciaram na matéria seca das cultivares. REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A. Manual de Fitopatologia: Princípios e Conceitos Volume 1. 2011. p. 435-436. COSTA, J.L.; Efeito do tratamento de sementes no controle do “Damping-off” do algodoeiro causado por Rhizoctonia solani. EMBRAPA. 2002. p. 8-9. 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