A JOALHERIA FENÍCIA E O SEU APROVEITAMENTO NO DESIGN CONTEMPORÂNEO1 BISOGNIN, Edir Lucia2; LISBÔA, Maria da Graça Portela3; KREBS, Marloá Egress4; TABARELLI, Taiane Elesbão5; CANTARELLI, Liana6; LINK, Luiza7; STAGGEMEIER, Caroline8. 1 Trabalho do Grupo de Pesquisa do Curso de Design - UNIFRA Docente do Curso de Design do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected] 3 Docente do Curso de Design do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected] 4 Docente do Curso de Letras do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected] 5 Assessora externa. E-mail: [email protected] 6 Acadêmica do Curso de Design (UNIFRA) E-mail: [email protected] 7 Acadêmica do Curso de Design (UNIFRA) E-mail:[email protected] 8 Designer de Jóias E-mail: [email protected] 2 RESUMO Os resultados da presente pesquisa são aqui apresentados tendo como objetivo aprofundar a joalheria produzida pelos Fenícios, na antiguidade, para que possam inspirar o design de joias contemporâneo. Conhecer a história, suas técnicas e a estética produzida por esse povo significa aprofundar conceitos e saberes criados em épocas muito distantes e resgatá-los, dando-lhes outra ressignificação. A metodologia utilizada é a revisão bibliográfica com a tradução do livro “Historia Universal De Las Joyas”, de Margarita Wagner de Kertsz (1947) e estudo das imagens localizadas em museus consultados com acesso à visitas virtuais. Por meio do aprofundamento e análise estética e técnica dos objetos inventariados, bem como dos materiais utilizados, o estudo poderá contribuir para o desenvolvimento de produtos da joalheria contemporânea. Palavras-chave: Joalheria. Fenícios. Design. INTRODUÇÃO A região ocupada pelos fenícios compreendia uma estreita faixa de terra entre o mar Mediterrâneo e as montanhas, onde organizaram diversas cidades-estado como Sidon, Tiro e Biblos, principalmente no litoral. Atualmente, compreende a região do Líbano. Os fenícios foram os grandes comerciantes da antiguidade e de lá criaram uma ampla rede de colônias comerciais, atingiram a Hispania e as Ilhas Britânicas. Não possuíam exército, dedicavamse à pesca e ao comércio marítimo, este último responsável pela formação de uma elite que, na maioria das cidades passou também a controlar o poder político. Os mercadores exportavam pescado, vinho, azeite, madeira e a produção artesanal e ainda negociavam escravos, obtidos em outras regiões. Tiveram destaque também, principalmente a produção de tecidos, armas, jóias e vidros. A necessidade de obter alimentos e matérias-primas fez com que a construção naval se desenvolvesse. Entre os muitos objetos e produtos que foram transportados encontram-se metais (ouro), madeira (cedro), cerâmica grega, objetos egípcios, vidro, óleo, presas de elefante, âmbar (uma resina utilizada para ornamentos), perfumes e muitos tipos de joias. Com todas essas viagens os Fenícios também foram os homens que proporcionaram a mescla de formas culturais como o cultivo de vinhas e oliveiras, armadilhas de pesca, criaram o alfabeto, e a forma urbana da Mesopotâmia religiosa, o tear, o torno para cerâmica, e o sal empregado como moeda. Kertsz (1947) destaca: “é evidente no artesanato fenício um fino detalhamento pela mistura de estilos egípcios e assírios. Importante característica de sua arte, elevou as joias fenícias a um novo patamar artístico”. Os gregos, possivelmente desde os tempos micênicos, chamavam os fenícios, habitantes da terra de Canaã. A terra de Canaã foi no tempo dos fenícios estreita faixa costeira limitada a oeste pelo mar, os desertos da Síria e da Arábia para o sul e leste, e as cadeias montanhosas e só era possível chegar à Fenícia através da região de Aleppo ao norte de Damasco. Etnicamente, os fenícios eram um povo de origem semita, estabelecido desde os tempos antigos na região, que se acredita nativa. No entanto, as tradições da antiguidade clássica foram atribuídas diversas origens. Heródoto referiu-se que teriam vindo do Mar Vermelho. Já Estrabão e Plínio colocaram sua origem no Golfo Pérsico e, finalmente, em Canaã. Sabemos hoje que habitavam Canaã, pelo menos a partir do terceiro milênio a.C. Mais tarde, outros elementos hurritas e Indo-iranianos estabeleceram-se no país, e na segunda metade do segundo milênio, se juntaram a eles outros grupos semitas como os sírios e os israelitas, que aparentemente chegaram em Canaã, por volta de 1300 a.C. (KERTSZ, 1947). Um século mais tarde novos elementos étnicos se estabeleceram na região, como os filisteus, que deram nome ao país entre Ashkelon e Gaza, na Palestina. Os filisteus tiveram de competir por um longo tempo com os israelitas para o controle do território, e, finalmente, eles foram isolados e dispersos em um país que foi mantida a cultura, apesar do ecletismo étnico, essencialmente fenício. Desde o início do século X a.C., o território de domínio político fenício caiu em grande parte devido à concorrência de outras nações instaladas na região mas a comunidade cultural e linguística que permaneceu na área por muitos séculos, e mesmo depois da ocupação romana, dá provas da sobrevivência desta civilização. O fenício pertencia, juntamente com o hebraico, o grupo de dialetos semitas. Houve um fenício arcaico que durou até o início do segundo milênio a.C. A partir daí, à língua fenícia foram incorporados elementos do amorreu, criando o fenício clássico, que viria a se tornar a língua comum da região, pelo menos até o segundo século d.C. (KERTSZ, 1947). Colônias fenícias ainda conservavam a língua púnica ocidental que era falada no tempo de Santo Agostinho, mas não foi preservada, apenas inscrições epigráficas, e nenhum documento literário veio até nós, embora fossem precisamente os fenícios que inventaram o alfabeto que deu origem ao grego e ao latim. A paisagem da região fenícia era muito fragmentada por uma sucessão de vales aluviais e colinas íngremes, o que condicionou, os fenícios ao desenvolvimento desta região. A exploração dos recursos agrícolas foi difícil devido a paisagem, e fez a agricultura extensiva impossível. No entanto, a riqueza do solo permitiu o desenvolvimento da agricultura intensiva, como cereais. Havia também uma abundância de pastagens para a criação de gado e ovelhas. As florestas tornaram-se a principal riqueza natural da região sendo um dos motores da civilização fenícia. O vale do Bekaa, rico em cobre, pesca e sal abundante sustentou a economia dos habitantes por muito tempo. A Fenícia nunca foi uma entidade nacional e política. O acordo estava disponível em cidades autônomas, formando pequenos reinos independentes. Temporariamente, algumas dessas cidades poderia adquirir uma certa hegemonia sobre as outras, mas isso não significava o desaparecimento de dinastias locais. Cada cidade tinha seu próprio sistema de governo, seguindo o esquema das monarquias semitas: uma sucessão real, hereditária e de caráter sagrado, em que a rainha tinha um papel muito ativo. Os reis eram aconselhados nas suas tarefas por um conselho de governo de idosos, pertencentes às famílias mais poderosas e um grande corpo de funcionários civis e militares (escribas, correios, comissários) (KERTSZ, 1947). O tipo de governo era uma oligarquia comercial e consistia de um conselho colegiado de magistrados civis. As cidades-estado fenícias foram organizadas em torno de templos locais e palácios, alojadas em uma acrópole murada com vista para a área urbana, por sua vez, protegidas por uma parede exterior. A organização econômica durante a Idade do Bronze foi o sistema palaciano, pelo qual o excedente de produção agrícola e do artesanato era centralizada no palácio. Artesãos foram agrupados em corporações, que também dependiam do palácio ou templo que lhes fornecia matérias-primas. Em troca, os artesãos fabricavam produtos e o pagamento recebido em terras. A organização social era em forma de pirâmide hierárquica. Em torno da monarquia existia uma aristocracia administrativa e militar que recebia terras como pagamento por seus serviços e ligada ao desenvolvimento comercial. Abaixo era a classe média de camponeses proprietários, artesãos e comerciantes. Foi, provavelmente, a exploração dos recursos florestais na região de Canaã que causou o desenvolvimento de uma civilização urbana florescente, dos fenícios. Biblos, a mais antiga das cidades de Canaã, estava localizada no sopé da floresta e tornou-se o principal porto no Mediterrâneo. Entre 2.900 e 2.300 a.C. encontrava-se Tiro, outra cidade importante de Canaã, que acabaria por substituir Biblos em hegemonia comercial e cultural sobre a Fenícia (KERTSZ, 1947). A madeira, especialmente a dos cedros, era cobiçada pelos países vizinhos que não tinham recursos florestais, como o Egito e a Mesopotâmia. Em troca, Biblos recebia tecidos de linho e objetos preciosos de ouro e prata, produtos agrícolas e manufaturados de outras regiões. Biblos foi também um importante centro político e religioso que aparentemente impôs sua hegemonia durante este tempo para outras cidades fenícias, como Tiro ou Sidon. Garbini (1979, p. 105) elucida que: A grande expansão do comércio fenício promovia a produção de artigos de luxo, inclusive têxteis, vidro colorido imitando modelos egípcios, marfins e importantes trabalhos em metais preciosos, como taças e pratos de bronze e prata. Por outro lado, (BURNS, 1977, p.143) enfatiza: Os Fenícios não foram conquistadores nem construtores de um império. Exerceram a sua influência através das artes pacíficas e especialmente do comércio. Durante a maior parte da sua história, o sistema político fenício foi uma vaga confederação de cidadesestados que frequentemente compravam a sua segurança pagando tributo a potências estrangeiras. Os contatos entre a Fenícia e o Egito data do início da história egípcia. Os egípcios obtinham de Biblos a madeira de cedro e metais, e obsidiana da Ásia Menor, tendo se tornado uma troca muito frutífera. A influência fenícia se refletiu em muitos mitos egípcios e, por sua vez, a Fenícia assumiu grande parte das inovações artísticas que se originaram na terra do Nilo. Por volta de 2.300 a.C., a devastação tomou conta da região, cujos achados arqueológicos mostram a chegada dos invasores a Fenícia. Provavelmente foi um povo semi-nômade de pastores que atingiram a região de Canaã e se estabeleceram sobre as ruínas de suas cidades, sem reconstruí-las. Esta migração é quase totalmente desconhecida, mas abriu um período de crise que terminou com o início da Idade do Bronze na região. O momento da destruição continuou, seguindo-se um período de estabilidade e esplendor do comércio fenício. Este período coincidiu com a instalação dos amorreus na região, mas isso não significa uma ruptura nos negócios, mas as cidades foram fortificadas contra ataques dos novos ocupantes do território. Achados arqueológicos sugerem um grande florescimento da civilização fenícia nesse período (KERTSZ, 1947). Após a crise do final do terceiro milênio, a Fenícia renovou suas relações com o Egito. Este, abrangendo a era de expansão do Reino Médio ampliou sua presença nas cidades de Canaã, tanto em Beirute e Biblos como Siquém, estabelecendo um protetorado, respeitando a autonomia local das cidades. Biblos ressurgiu sob a proteção egípcia, mas aparentemente, a dominação egípcia foi respondida em outras cidades. As cidades-estado, que neste momento eram frequentemente geridas por governantes com nomes amorreus, iniciaram revoltas contra o poder egípcio. No entanto, o domínio egípcio continuou até o tempo do Faraó Amenemat IV, quando o enfraquecimento do império egípcio estava encolhendo suas esferas de influência. Pouco depois da invasão do Egito pelos Hicsos, povo nômade da Ásia, marcou o rompimento definitivo do poder egípcio fora da Fenícia, inaugurando um período de independência para as cidades de Canaã (KERTSZ, 1947). O declínio sofrido pelo Egito sob o domínio dos Hicsos fez a Fenícia se voltar para as áreas da Síria e da Mesopotâmia. Biblos e Ugarit mantiveram relação comercial frutífera com o reino sírio de Mari, um grande centro econômico do tempo. Neste momento Tiro, ocupou um lugar importante entre as cidades de Canaã e próxima a ela experimentou cidades de crescimento significativas, como Sidon. No início do século XVI, quando começou a Idade do Bronze Final (1600-1200 aC), os fenícios viveram o final deste período de independência que tinha sido tão frutífero. A expulsão dos Hicsos do Egito afetaram as cidades de Canaã e este período foi seguido por uma nova regra egípcia. As campanhas realizadas pelo faraó Amenhotep I restaurou o protetorado egípcio na fenícia , especialmente nas cidades de Beirute, Tiro, Biblos, Sidon, Arvad, Sarepta e Sumur. Durante o séculos XIV e XV a.C, a Fenícia foi ainda mais abalada pela concorrência e pelo domínio da região e egípcios hurritas envolvidos em primeiro lugar e, em seguida, egípcios e hititas. Estes impérios tentaram estender sua esfera de influência para várias cidades fenícias, que mal conseguiram manter um delicado equilíbrio entre as ambições de seus vizinhos mais poderosos. Os faraós da XIX dinastia tiveram de lidar com a rebelião de algumas cidades fenícias, e Ramsés II realizou uma série de campanhas que culminaram em 1284 a.C. com um tratado de paz. No entanto, o final da Idade do Bronze marcou uma mudança profunda na situação das cidades fenícias. Principais portos que tinham até então sido centros de atividade econômica, como Biblos e Ugarit, entraram em um período de declínio e gradualmente foram substituídas por outras cidades. O desaparecimento do império hitita e o declínio do Egito fez com que a Fenícia assumisse sua autonomia política. Além disso, uma série de fatores internos foram fundamentais para este desenvolvimento. Primeiro, a Fenícia experimentou um notável crescimento de sua população, provavelmente devido ao longo período de paz e estabilidade política que se seguiu à invasão. Em segundo lugar, o país sofreu as conseqüências do dano ecológico que a exploração sistemática dos seus recursos ocorrida a partir do terceiro milênio a.C. A região sofreu com processo muito antigo de desmatamento para criação de gado, que quebrou seu clima e condições do solo. Assim, o desaparecimento dos recursos florestais na região de Biblos parece que foi diretamente relacionada ao declínio da cidade. A nova dependência em países vizinhos no que diz respeito aos produtos agrícolas fez com que os fenícios desenvolvessem novas estratégias econômicas para atender as importações de grãos. Surgiu, então, uma produção industrial (vidro, têxteis, recipientes de metal, marfim, móveis e joias) com refinamento especializado e altamente técnico. Pedrosa (2011) registra que: Exímios navegantes e negociantes, os fenícios souberam “assimilar” a arte e os processos de confecção de inúmeros povos com os quais tiveram contato em suas rotas de comércio. A arte que produziram tinha não só propósitos comerciais, mas também religiosos e, além do impacto visual, procurava transmitir idéias e conceitos. As fábricas e um desenvolvimento do comércio com o artesanato local chegou a um tal volume que pode-se falar de um sistema industrial. Esta produção forçou os fenícios a encontrar matérias-primas para suas indústrias fora do ambiente físico já esgotado. Esta foi a origem de sua expansão marítima. Baseando-se nas rotas marítimas abertas pela civilização micênica anterior, os fenícios foram lançados no comércio do Mediterrâneo e passaram a controlar a exploração de matérias-primas, entre as quais a do ferro cuja indústria tinha substituído a do brnze. A política externa de Tiro e de outras cidades fenícias foi baseada a partir do século X, em seu papel de intermediário comercial entre as grandes potências orientais, especializadas na produção de bens de luxo e da oferta de metais preciosos aos estados asiáticos. Durante o primeiro milênio, o ferro foi o mais importante e estratégico material dos estados da Ásia usados para equipar seus exércitos, mas especialmente importante foi a de prata, seu valor nas transações comerciais, o metal mais cobiçado pelo assírios. Pedrosa (2011) elucida que: A maioria dos objetos fenícios que chegaram até nossos dias, assim como os de outras civilizações já desaparecidas, pertencem a sítios arqueológicos de contexto funerário, como tumbas, cemitérios ou templos. Nas antigas tumbas fenícias já descobertas foram encontradas jóias em ouro, prata e gemas, escaravelhos e outros objetos simbólicos ou religiosos feitos em vidro ou terracota, tigelas de metal (ouro, prata e bronze) e também em terracota, caixas decoradas em marfim, cosméticos e outros itens que denotam o status social do ocupante da tumba. Uma enorme quantidade destes objetos possui tamanho pequeno, outros em madeira decorada ou tecidos são itens muito raros em achados arqueológicos nos sítios fenícios, estando, porém, documentados em diversos escritos descobertos, onde foram registradas as trocas comerciais entre comerciantes fenícios e de outros povos. Tradições gregas colocam a fundação das primeiras colônias fenícias, depois da queda de Tróia, que data de 1184 a.C. Depois das convulsões que levaram ao colapso da civilização micênica, os fenícios buscavam uma extensa rede de relações com o mundo Egeu, que sofreu um declínio profundo, cultural e econômico. A expansão ocorreu através da rede de ilhas no Mediterrâneo. Finalmente, os fenícios se aventuraram para as Ilhas Baleares e de lá passaram a dominar o Estreito de Gibraltar,em cujas margens estabeleceram várias fábricas. Junto com Rhodes, cidades cipriotas eram os principais centros de fabricação de produtos, como cerâmicas, bronzes, jóias, móveis que foram distribuídos em todo o Mediterrâneo. A localização geográfica da ilha tornou-se o núcleo do comércio marítimo no Mediterrâneo oriental, uma posição que manteve, apesar dos problemas políticos que se espalhavam pelas cidades fenícias costeiras, ao longo do tempo. Desde o início do século VIII, ocorreu no Mediterrâneo Ocidental a chegada de grupos populacionais fenícios que foram se estabelecendo ao longo das rotas marítimas na Sardenha e Tartessos. Muitas outras colônias foram fundadas, como Cartago e Gadir. Cerca de 600 a.C, começou uma nova fase no processo de colonização, em que as colônias foram gradualmente perdendo sua conexão com as cidades orientais de Canaã, devido à crise prevalecente na região. Chipre tornou-se o principal elo entre o leste do Mediterrâneo e as colônias ocidentais. Em Celoria (1970) encontramos que: Uma vez que a arte de fundir o cobre se tornou conhecida, os mineradores não tiveram dificuldade de encontrar novas jazidas. O ferro e o estanho são minérios menos óbvios e mais difíceis de trabalhar. Embora o cobre não seja um metal duro, é possível fazer, com ele, instrumentos de corte mais eficientes que os de pedra. De modo geral, os primeiros utensílios de cobre foram fundidos no Oriente próximo depois do ano 6.000 a.C, mas existem exemplos ocasionais de objetos de bronze fundido ou forjado anteriores a essa data (ibidem p. 80). Esta região tem localizada a maior concentração conhecida de arcaicas colônias fenícias do Mediterrâneo ocidental. Estas pequenas colônias foram localizadas na foz dos principais rios no leste da Andaluzia, permitindo a seus moradores dominar as formas de penetração nas planícies de Granada e de Almeiria e explorar vales aluviais garantindo a oferta agrícola. A região, com vista para a entrada do campo de Sevilha e Córdoba (isto é Tartessos) desenvolveu uma agricultura intensiva de joias. Além disso, a mineração intensiva em torno da região de Huelva necessitava de grandes quantidades de madeira como combustível, resultando em um intenso processo de desmatamento. Outros assentamentos próximos, tinha este mesmo caráter de colônias agrícolas e centros especializados na produção e armazenagem de mercadorias para o comércio com as populações do interior. Durante este período (900-550 aC), a rede de colônias fenícias tornou-se um império comercial graças ao seu domínio do tráfego de ferro. Portanto, os impérios da Mesopotâmia repetidamente tentaram subjugar as cidades fenícias do leste, a fim de garantir o controle do comércio do Mediterrâneo. Assim, a Fenícia sofreu o final do período de autonomia com muitas invasões de povos do mar. Primeiro os assírios e depois os babilônios e persas recorreram a campanhas militares para impor o seu protetorado ou dominação direta sobre as cidades de Canaã. As cidades reais e setores aristocráticos tinham sua fonte de riqueza na propriedade da terra e no poder político, enquanto os artesãos urbanos e comerciantes defendiam uma aliança com o Egito como um meio de se livrar dos impostos honerosos para os assírios, que caiam principalmente, sobre o comércio dos produtos. Estas tensões geraram lutas internas dentro de algumas monarquias, e, no caso de Tiro levou à divisão da dinastia. Desde então, somente Biblos, Arvade e Tiro mantiveram alguma autonomia, mas sujeitas ao pagamento de tributos e à presença de governadores assírios. Em a Arte nos Séculos (1969, p.133, vol. 1) encontra-se: Os Fenícios, como os demais povos da Antiguidade, sofreram o domínio e a influência de civilizações estranhas, como a dos egípcios e a dos assírios. Disso souberam tirar proveito. Voltados para a atividade mercantil, vendendo ou trocando vidros, tecidos e metais que fabricavam, foram responsáveis por consideráveis progressos na cultura antiga: um alfabeto com apenas vinte e oito sinais, ao invés da escrita cuneiforme, teve papel decisivo na difusão dos conhecimentos. A destruição do Império Assírio pelas forças de coalizão da Babilônia em 612 a.C. marcou o fim do domínio assírio na Fenícia. No entanto, as consequências do período violento da Assíria já eram irreversíveis: grande parte da população fenícia fugiu de suas devastações, estabelecendo uma migração que beneficiou os lugares fenícios no exterior. Este processo tornou-se o mais antigo assentamento populacional e comercial na costa mediterrânea. Finalmente, a unificação de todo o Oriente Médio pelo Império Persa também afetou as cidades de Canaã, que se tornou parte de uma das satrapias ou unidades administrativas do império. A dominação persa parece ter sido muito menos honerosa para os fenícios orientais do que antes, pois as cidades desfrutaram de uma ampla autonomia local. METODOLOGIA A metodologia utilizada na presente pesquisa foi a tradução do livro da autora citada na introdução, complementada com imagens coletadas de sites de museus. Constou de pesquisa bibliográfica, seguida de uma análise estética e técnica de imagens de jóias, produzidas pelos fenícios. RESULTADOS E DISCUSSÕES No transcorrer da pesquisa observou-se que a arte do povo fenício não possui muita originalidade, pois recebeu influências dos povos conquistados e aqueles com quem mantinham relações comerciais. Contudo de todas as influências sofridas a dos egípcios, certamente, foram as mais significativas. A arte fenícia era conservadora por natureza. Sendo assim, motivos decorativos dos Assírios, Egípcios e de outros povos foram repetidos por séculos. Pode-se considerar que o ecletismo é a grande marca da arte fenícia, já que combinaram, de forma pouco usual, variados padrões de diferentes culturas, sem preocupação com as simbologias empregadas. Por vezes, simplesmente imitavam estilos de outros povos sem modificá-los, o que em alguns achados arqueológicos foi difícil reconhecer o que era autêntico de uma determinada cultura e o que era “cópia” fenícia. É importante observar que todas as culturas existentes, já desaparecidas ou não, costumavam "inspirar-se" em fontes diferentes da sua própria. CONCLUSÃO Esta investigação nos mostrou que os Fenícios produziram uma joalheria muito rica, esteticamente, mesmo tendo copiado as técnicas de outros povos. Souberam trabalhar com requinte os metais como o ouro, a prata, o cobre e o ferro, assim como a arte do vidro. Com as contas de vidro colorido produziram colares preciosos, pois souberam combinar cores e formas com maestria. O conhecimento dessa realidade histórica é muito importante para o grupo de pesquisa, cujas informações podem ser passadas a futuras gerações e inspirar o design contemporâneo. REFERÊNCIAS BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental. Porto Alegre: Editora Globo, 1977. CELORIA, Francis. Arqueologia. Trad. Fernando de Castro Ferro. Edições Melhoramentos. Edusp: São Paulo, 1970. CIVITA, Vitor. Arte nos séculos. São Paulo: Abril Cultural, vol. 1,1969. GARBINI, Giovanni. O Mundo Antigo. The Hamlyn Publishing Group Limited, Londres: Tradução para o Português Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações LTDA, 1966. KERTSZ, Margarita Wagner de. Historia Universal De Las Joyas. Buenos Aires: Ediciones Centurión, 1947. PEDROSA, Julieta. In http://www.joiabr.com.br/artigos/jan09.html. Acesso em: 02/04/2012.