a joalheria fenícia e o seu aproveitamento no design

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A JOALHERIA FENÍCIA E O SEU APROVEITAMENTO NO DESIGN
CONTEMPORÂNEO1
BISOGNIN, Edir Lucia2; LISBÔA, Maria da Graça Portela3; KREBS, Marloá
Egress4; TABARELLI, Taiane Elesbão5; CANTARELLI, Liana6; LINK, Luiza7;
STAGGEMEIER, Caroline8.
1
Trabalho do Grupo de Pesquisa do Curso de Design - UNIFRA
Docente do Curso de Design do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil. E-mail: [email protected]
3
Docente do Curso de Design do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil. E-mail: [email protected]
4
Docente do Curso de Letras do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil. E-mail: [email protected]
5
Assessora externa. E-mail: [email protected]
6
Acadêmica do Curso de Design (UNIFRA) E-mail: [email protected]
7 Acadêmica do Curso de Design (UNIFRA) E-mail:[email protected]
8 Designer de Jóias E-mail: [email protected]
2
RESUMO
Os resultados da presente pesquisa são aqui apresentados tendo como objetivo aprofundar a
joalheria produzida pelos Fenícios, na antiguidade, para que possam inspirar o design de joias
contemporâneo. Conhecer a história, suas técnicas e a estética produzida por esse povo significa
aprofundar conceitos e saberes criados em épocas muito distantes e resgatá-los, dando-lhes outra
ressignificação. A metodologia utilizada é a revisão bibliográfica com a tradução do livro “Historia
Universal De Las Joyas”, de Margarita Wagner de Kertsz (1947) e estudo das imagens localizadas
em museus consultados com acesso à visitas virtuais. Por meio do aprofundamento e análise estética
e técnica dos objetos inventariados, bem como dos materiais utilizados, o estudo poderá contribuir
para o desenvolvimento de produtos da joalheria contemporânea.
Palavras-chave: Joalheria. Fenícios. Design.
INTRODUÇÃO
A região ocupada pelos fenícios compreendia uma estreita faixa de terra entre o mar
Mediterrâneo e as montanhas, onde organizaram diversas cidades-estado como Sidon, Tiro
e Biblos, principalmente no litoral. Atualmente, compreende a região do Líbano. Os fenícios
foram os grandes comerciantes da antiguidade e de lá criaram uma ampla rede de colônias
comerciais, atingiram a Hispania e as Ilhas Britânicas. Não possuíam exército, dedicavamse à pesca e ao comércio marítimo, este último responsável pela formação de uma elite que,
na maioria das cidades passou também a
controlar o poder político. Os mercadores
exportavam pescado, vinho, azeite, madeira e a produção artesanal e ainda negociavam
escravos, obtidos em outras regiões. Tiveram destaque também, principalmente a produção
de tecidos, armas, jóias e vidros. A necessidade de obter alimentos e matérias-primas fez
com que a construção naval se desenvolvesse.
Entre os muitos objetos e produtos que foram transportados encontram-se metais
(ouro), madeira (cedro), cerâmica grega, objetos egípcios, vidro, óleo, presas de elefante,
âmbar (uma resina utilizada para ornamentos), perfumes e muitos tipos de joias. Com todas
essas viagens os Fenícios também foram os homens que proporcionaram a mescla de
formas culturais como o cultivo de vinhas e oliveiras, armadilhas de pesca, criaram o
alfabeto, e a forma urbana da Mesopotâmia religiosa, o tear, o torno para cerâmica, e o sal
empregado como moeda.
Kertsz (1947) destaca: “é evidente no artesanato fenício um fino detalhamento pela
mistura de estilos egípcios e assírios. Importante característica de sua arte, elevou as joias
fenícias a um novo patamar artístico”.
Os gregos, possivelmente desde os tempos micênicos, chamavam os fenícios,
habitantes da terra de Canaã. A terra de Canaã foi no tempo dos fenícios estreita faixa
costeira limitada a oeste pelo mar, os desertos da Síria e da Arábia para o sul e leste, e as
cadeias montanhosas e só era possível chegar à Fenícia através da região de Aleppo ao
norte de Damasco. Etnicamente, os fenícios eram um povo de origem semita, estabelecido
desde os tempos antigos na região, que se acredita nativa. No entanto, as tradições da
antiguidade clássica foram atribuídas diversas origens. Heródoto referiu-se que teriam vindo
do Mar Vermelho. Já Estrabão e Plínio colocaram
sua origem no Golfo Pérsico e,
finalmente, em Canaã. Sabemos hoje que habitavam Canaã, pelo menos a partir do terceiro
milênio a.C. Mais tarde, outros elementos hurritas e Indo-iranianos estabeleceram-se no
país, e na segunda metade do segundo milênio, se juntaram a eles outros grupos semitas
como os sírios e os israelitas, que aparentemente chegaram em Canaã, por volta de 1300
a.C. (KERTSZ, 1947).
Um século mais tarde novos elementos étnicos se estabeleceram na região, como
os filisteus, que deram nome ao país entre Ashkelon e Gaza, na Palestina. Os filisteus
tiveram de competir por um longo tempo com os israelitas para o controle do território, e,
finalmente, eles foram isolados e dispersos em um país que foi mantida a cultura, apesar do
ecletismo étnico, essencialmente fenício.
Desde o início do século X a.C., o território de domínio político fenício caiu em
grande parte devido à concorrência de outras nações instaladas
na região mas a
comunidade cultural e linguística que permaneceu na área por muitos séculos, e mesmo
depois da ocupação romana, dá provas da sobrevivência desta civilização.
O fenício pertencia, juntamente com o hebraico, o grupo de dialetos semitas. Houve
um fenício arcaico que durou até o início do segundo milênio a.C. A partir daí, à língua
fenícia foram incorporados elementos do amorreu, criando o fenício clássico, que viria a se
tornar a língua comum da região, pelo menos até o segundo século d.C. (KERTSZ, 1947).
Colônias fenícias ainda conservavam a língua púnica ocidental que era falada no
tempo de Santo Agostinho, mas não foi preservada, apenas inscrições epigráficas, e
nenhum documento literário veio até nós, embora fossem precisamente os fenícios que
inventaram o alfabeto que deu origem ao grego e ao latim. A paisagem da região fenícia era
muito fragmentada por uma sucessão de vales aluviais e colinas íngremes, o que
condicionou, os fenícios
ao desenvolvimento desta região. A exploração dos recursos
agrícolas foi difícil devido a paisagem, e fez a agricultura extensiva impossível. No entanto, a
riqueza do solo permitiu o desenvolvimento da agricultura intensiva, como cereais. Havia
também uma abundância de pastagens para a criação de gado e ovelhas. As florestas
tornaram-se a principal riqueza natural da região sendo um dos motores da civilização
fenícia. O vale do Bekaa, rico em cobre, pesca e sal abundante sustentou a economia dos
habitantes por muito tempo.
A Fenícia nunca foi uma entidade nacional e política. O acordo estava disponível em
cidades autônomas, formando pequenos reinos independentes. Temporariamente, algumas
dessas cidades poderia adquirir uma certa hegemonia sobre as outras, mas isso não
significava o desaparecimento de dinastias locais. Cada cidade tinha seu próprio sistema de
governo, seguindo o esquema das monarquias semitas: uma sucessão real, hereditária e
de caráter sagrado, em que a rainha tinha um papel muito ativo. Os reis eram aconselhados
nas suas tarefas por um conselho de governo de idosos, pertencentes às famílias mais
poderosas e um grande corpo de funcionários civis e militares (escribas, correios,
comissários) (KERTSZ, 1947).
O tipo de governo era uma oligarquia comercial e consistia de um conselho colegiado
de magistrados civis. As cidades-estado fenícias foram organizadas em torno de templos
locais e palácios, alojadas em uma acrópole murada com vista para a área urbana, por sua
vez, protegidas por uma parede exterior. A organização econômica durante a Idade do
Bronze foi o sistema palaciano, pelo qual o excedente de produção agrícola e do artesanato
era
centralizada no palácio. Artesãos foram agrupados em corporações, que também
dependiam do palácio ou templo que lhes fornecia matérias-primas. Em troca, os artesãos
fabricavam produtos e o pagamento recebido em terras. A organização social era em forma
de pirâmide hierárquica. Em torno da monarquia existia uma aristocracia administrativa e
militar que recebia terras como pagamento por seus serviços e ligada ao desenvolvimento
comercial. Abaixo era
a classe média de camponeses proprietários, artesãos e
comerciantes. Foi, provavelmente, a exploração dos recursos florestais na região de Canaã
que causou o desenvolvimento de uma civilização urbana florescente, dos fenícios. Biblos,
a mais antiga das cidades de Canaã, estava localizada no sopé da floresta e tornou-se o
principal porto no Mediterrâneo. Entre 2.900 e 2.300 a.C. encontrava-se Tiro, outra cidade
importante de Canaã, que acabaria por substituir Biblos em hegemonia comercial e cultural
sobre a Fenícia (KERTSZ, 1947).
A madeira, especialmente a dos cedros, era cobiçada pelos países vizinhos que não
tinham recursos florestais, como o Egito e a Mesopotâmia. Em troca, Biblos recebia tecidos
de linho e objetos preciosos de ouro e prata, produtos agrícolas e manufaturados de outras
regiões. Biblos foi também um importante centro político e religioso que aparentemente
impôs sua hegemonia durante este tempo para outras cidades fenícias, como Tiro ou Sidon.
Garbini (1979, p. 105) elucida que:
A grande expansão do comércio fenício promovia a produção de
artigos de luxo, inclusive têxteis, vidro colorido imitando modelos
egípcios, marfins e importantes trabalhos em metais preciosos, como
taças e pratos de bronze e prata.
Por outro lado, (BURNS, 1977, p.143) enfatiza:
Os Fenícios não foram conquistadores nem construtores de um
império. Exerceram a sua influência através das artes pacíficas e
especialmente do comércio. Durante a maior parte da sua história, o
sistema político fenício foi uma vaga confederação de cidadesestados que frequentemente compravam a sua segurança pagando
tributo a potências estrangeiras.
Os contatos entre a Fenícia e o Egito data do início da história egípcia. Os egípcios
obtinham de Biblos a madeira de cedro e metais, e obsidiana da Ásia Menor, tendo se
tornado uma troca muito frutífera. A influência fenícia se refletiu em muitos mitos egípcios e,
por sua vez, a Fenícia assumiu grande parte das inovações artísticas que se originaram na
terra do Nilo. Por volta de 2.300 a.C., a devastação tomou conta da região, cujos achados
arqueológicos mostram a chegada dos invasores a Fenícia. Provavelmente foi um povo
semi-nômade de pastores que atingiram a região de Canaã e se estabeleceram sobre as
ruínas de suas cidades, sem reconstruí-las. Esta migração é quase totalmente
desconhecida, mas abriu um período de crise que terminou com o início da Idade do Bronze
na região.
O momento da destruição continuou, seguindo-se um período de estabilidade e
esplendor do comércio fenício. Este período coincidiu com a instalação dos amorreus na
região, mas isso não significa uma ruptura nos negócios, mas as cidades foram fortificadas
contra ataques dos novos ocupantes do território. Achados arqueológicos sugerem um
grande florescimento da civilização fenícia nesse período (KERTSZ, 1947).
Após a crise do final do terceiro milênio, a Fenícia renovou suas relações com o
Egito. Este, abrangendo a era de expansão do Reino Médio ampliou sua presença nas
cidades de Canaã, tanto em Beirute e Biblos como Siquém, estabelecendo um protetorado,
respeitando a autonomia local das cidades. Biblos ressurgiu sob a proteção egípcia, mas
aparentemente, a dominação egípcia foi respondida em outras cidades. As cidades-estado,
que neste momento eram frequentemente geridas por governantes com nomes amorreus,
iniciaram revoltas contra o poder egípcio. No entanto, o domínio egípcio continuou até o
tempo do Faraó Amenemat IV, quando o enfraquecimento do império egípcio estava
encolhendo suas esferas de influência. Pouco depois da invasão do Egito pelos Hicsos,
povo nômade da Ásia, marcou o rompimento definitivo do poder egípcio fora da Fenícia,
inaugurando um período de independência para as cidades de Canaã (KERTSZ, 1947).
O declínio sofrido pelo Egito sob o domínio dos Hicsos fez a Fenícia se voltar para as
áreas da Síria e da Mesopotâmia. Biblos e Ugarit mantiveram relação comercial frutífera
com o reino sírio de Mari, um grande centro econômico do tempo. Neste momento Tiro,
ocupou um lugar importante entre as cidades de Canaã e próxima a ela experimentou
cidades de crescimento significativas, como Sidon.
No início do século XVI, quando começou a Idade do Bronze Final (1600-1200 aC),
os fenícios viveram o final deste período de independência que tinha sido tão frutífero. A
expulsão dos Hicsos do Egito afetaram as cidades de Canaã e este período foi seguido por
uma nova regra egípcia. As campanhas realizadas pelo faraó Amenhotep I restaurou o
protetorado egípcio na fenícia , especialmente nas cidades de Beirute, Tiro, Biblos, Sidon,
Arvad, Sarepta e Sumur.
Durante o séculos XIV e XV a.C, a Fenícia foi ainda mais abalada pela concorrência
e pelo domínio da região e egípcios hurritas envolvidos em primeiro lugar e, em seguida,
egípcios e hititas. Estes impérios tentaram estender sua esfera de influência para várias
cidades fenícias, que mal conseguiram manter um delicado equilíbrio entre as ambições de
seus vizinhos mais poderosos.
Os faraós da XIX dinastia tiveram de lidar com a rebelião de algumas cidades
fenícias, e Ramsés II realizou uma série de campanhas que culminaram em 1284 a.C. com
um tratado de paz. No entanto, o final da Idade do Bronze marcou uma mudança profunda
na situação das cidades fenícias. Principais portos que tinham até então sido centros de
atividade econômica, como
Biblos e Ugarit, entraram
em um período de declínio e
gradualmente foram substituídas por outras cidades. O desaparecimento do império hitita e
o declínio do Egito fez com que a Fenícia assumisse sua autonomia política.
Além disso, uma série de fatores internos foram fundamentais para este
desenvolvimento. Primeiro, a Fenícia experimentou um notável crescimento de sua
população, provavelmente devido ao longo período de paz e estabilidade política que se
seguiu à invasão. Em segundo lugar, o país sofreu as conseqüências do dano ecológico que
a exploração sistemática dos seus recursos ocorrida a partir do terceiro milênio a.C. A
região sofreu com processo muito antigo de desmatamento para criação de gado, que
quebrou seu clima e condições do solo. Assim, o desaparecimento dos recursos florestais
na região de Biblos parece que foi diretamente relacionada ao declínio da cidade.
A nova dependência em países vizinhos no que diz respeito aos produtos agrícolas
fez com que os fenícios desenvolvessem novas estratégias econômicas para atender as
importações de grãos. Surgiu, então, uma produção industrial (vidro, têxteis, recipientes de
metal, marfim, móveis e joias) com refinamento especializado e altamente técnico. Pedrosa
(2011) registra que:
Exímios navegantes e negociantes, os fenícios souberam “assimilar”
a arte e os processos de confecção de inúmeros povos com os quais
tiveram contato em suas rotas de comércio. A arte que produziram
tinha não só propósitos comerciais, mas também religiosos e, além do
impacto visual, procurava transmitir idéias e conceitos.
As fábricas e um desenvolvimento do comércio com o artesanato local chegou a um
tal volume que pode-se falar de um sistema industrial. Esta produção forçou os fenícios a
encontrar matérias-primas para suas indústrias fora do ambiente físico já esgotado. Esta foi
a origem de sua expansão marítima.
Baseando-se nas rotas marítimas abertas pela civilização micênica anterior, os
fenícios foram lançados no comércio do Mediterrâneo e passaram a controlar a exploração
de matérias-primas, entre as quais a do ferro cuja indústria tinha substituído a do brnze. A
política externa de Tiro e de outras cidades fenícias foi baseada a partir do século X, em seu
papel de intermediário comercial entre as grandes potências orientais, especializadas na
produção de bens de luxo e da oferta de metais preciosos aos estados asiáticos.
Durante o primeiro milênio, o ferro foi o mais importante e estratégico material dos
estados da Ásia usados para equipar seus exércitos, mas especialmente importante foi a de
prata, seu valor nas transações comerciais, o metal mais cobiçado pelo assírios. Pedrosa
(2011) elucida que:
A maioria dos objetos fenícios que chegaram até nossos dias, assim
como os de outras civilizações já desaparecidas, pertencem a sítios
arqueológicos de contexto funerário, como tumbas, cemitérios ou
templos. Nas antigas tumbas fenícias já descobertas foram
encontradas jóias em ouro, prata e gemas, escaravelhos e outros
objetos simbólicos ou religiosos feitos em vidro ou terracota, tigelas
de metal (ouro, prata e bronze) e também em terracota, caixas
decoradas em marfim, cosméticos e outros itens que denotam o
status social do ocupante da tumba. Uma enorme quantidade destes
objetos possui tamanho pequeno, outros em madeira decorada ou
tecidos são itens muito raros em achados arqueológicos nos sítios
fenícios, estando, porém, documentados em diversos escritos
descobertos, onde foram registradas as trocas comerciais entre
comerciantes fenícios e de outros povos.
Tradições gregas colocam a fundação das primeiras colônias fenícias, depois da
queda de Tróia, que data de 1184 a.C. Depois das convulsões que levaram ao colapso da
civilização micênica, os fenícios buscavam uma extensa rede de relações com o mundo
Egeu, que sofreu um declínio profundo, cultural e econômico. A expansão ocorreu através
da rede de ilhas no Mediterrâneo. Finalmente, os fenícios se aventuraram para as Ilhas
Baleares e de lá passaram a dominar o Estreito de Gibraltar,em cujas margens
estabeleceram várias fábricas. Junto com Rhodes, cidades cipriotas eram os principais
centros de fabricação de produtos, como
cerâmicas, bronzes, jóias, móveis que foram
distribuídos em todo o Mediterrâneo.
A localização geográfica da ilha tornou-se o núcleo do comércio marítimo no
Mediterrâneo oriental, uma posição que manteve, apesar dos problemas políticos que se
espalhavam pelas cidades fenícias costeiras, ao longo do tempo. Desde o início do século
VIII, ocorreu no Mediterrâneo Ocidental a chegada de grupos populacionais fenícios que
foram se estabelecendo ao longo das rotas marítimas na Sardenha e Tartessos.
Muitas outras colônias foram fundadas, como Cartago e Gadir. Cerca de 600 a.C,
começou uma nova fase no processo de colonização, em que as colônias foram
gradualmente perdendo sua conexão com as cidades orientais de Canaã, devido à crise
prevalecente na região. Chipre tornou-se o principal elo entre o leste do Mediterrâneo e as
colônias ocidentais.
Em Celoria (1970) encontramos que:
Uma vez que a arte de fundir o cobre se tornou conhecida, os
mineradores não tiveram dificuldade de encontrar novas jazidas. O
ferro e o estanho são minérios menos óbvios e mais difíceis de
trabalhar. Embora o cobre não seja um metal duro, é possível fazer,
com ele, instrumentos de corte mais eficientes que os de pedra. De
modo geral, os primeiros utensílios de cobre foram fundidos no
Oriente próximo depois do ano 6.000 a.C, mas existem exemplos
ocasionais de objetos de bronze fundido ou forjado anteriores a essa
data (ibidem p. 80).
Esta região tem localizada a maior concentração conhecida de arcaicas colônias
fenícias do Mediterrâneo ocidental. Estas pequenas colônias foram localizadas na foz dos
principais rios no leste da Andaluzia, permitindo a seus moradores dominar as formas de
penetração nas planícies de Granada e de Almeiria e explorar vales aluviais garantindo a
oferta agrícola.
A região, com vista para a entrada do campo de Sevilha e Córdoba (isto é Tartessos)
desenvolveu uma agricultura intensiva de joias. Além disso, a mineração intensiva em torno
da região de Huelva necessitava de grandes quantidades de madeira como combustível,
resultando em um intenso processo de desmatamento. Outros assentamentos próximos,
tinha este mesmo caráter de colônias agrícolas e centros especializados na produção e
armazenagem de mercadorias para o comércio com as populações do interior.
Durante este período (900-550 aC), a rede de colônias fenícias tornou-se um império
comercial graças ao seu domínio do tráfego de ferro. Portanto, os impérios da Mesopotâmia
repetidamente tentaram subjugar as cidades fenícias do leste, a fim de garantir o controle
do comércio do Mediterrâneo. Assim, a Fenícia sofreu o final do período de autonomia com
muitas invasões de povos do mar. Primeiro os assírios e depois os babilônios e persas
recorreram a campanhas militares para impor o seu protetorado ou dominação direta sobre
as cidades de Canaã.
As cidades reais e setores aristocráticos tinham sua fonte de riqueza na propriedade
da terra e no poder político, enquanto os artesãos urbanos e comerciantes defendiam uma
aliança com o Egito como um meio de se livrar dos impostos honerosos para os assírios,
que caiam principalmente, sobre o comércio dos produtos. Estas tensões geraram lutas
internas dentro de algumas monarquias, e, no caso de Tiro levou à divisão da dinastia.
Desde então, somente Biblos, Arvade e Tiro mantiveram alguma autonomia, mas
sujeitas ao pagamento de tributos e à presença de governadores assírios.
Em a Arte nos Séculos (1969, p.133, vol. 1) encontra-se:
Os Fenícios, como os demais povos da Antiguidade, sofreram o
domínio e a influência de civilizações estranhas, como a dos egípcios
e a dos assírios. Disso souberam tirar proveito. Voltados para a
atividade mercantil, vendendo ou trocando vidros, tecidos e metais
que fabricavam, foram responsáveis por consideráveis progressos na
cultura antiga: um alfabeto com apenas vinte e oito sinais, ao invés da
escrita cuneiforme, teve papel decisivo na difusão dos
conhecimentos.
A destruição do Império Assírio pelas forças de coalizão da Babilônia em 612 a.C.
marcou o fim do domínio assírio na Fenícia. No entanto, as consequências do período
violento da Assíria já eram irreversíveis: grande parte da população fenícia fugiu de suas
devastações, estabelecendo uma migração que beneficiou os lugares fenícios no exterior.
Este processo tornou-se o mais antigo assentamento populacional e comercial na costa
mediterrânea.
Finalmente, a unificação de todo o Oriente Médio pelo Império Persa também afetou
as cidades de Canaã, que se tornou parte de uma das satrapias ou unidades administrativas
do império. A dominação persa parece ter sido muito menos honerosa para os fenícios
orientais do que antes, pois as cidades desfrutaram de uma ampla
autonomia local.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada na presente pesquisa foi a tradução do livro da autora citada
na introdução, complementada com imagens coletadas de sites de museus. Constou de
pesquisa bibliográfica, seguida de uma análise estética e técnica de imagens de jóias,
produzidas pelos fenícios.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No transcorrer da pesquisa observou-se que a arte do povo fenício não possui muita
originalidade, pois recebeu influências dos povos conquistados e aqueles com quem
mantinham relações comerciais. Contudo de todas as influências sofridas a dos egípcios,
certamente, foram as mais significativas. A arte fenícia era conservadora por natureza.
Sendo assim, motivos decorativos dos Assírios, Egípcios e de outros povos foram repetidos
por séculos. Pode-se considerar que o ecletismo é a grande marca da arte fenícia, já que
combinaram, de forma pouco usual, variados padrões de diferentes culturas, sem
preocupação com as simbologias empregadas.
Por vezes, simplesmente imitavam estilos de outros povos sem modificá-los, o que
em alguns achados arqueológicos foi difícil reconhecer o que era autêntico de uma
determinada cultura e o que era “cópia” fenícia. É importante observar que todas as culturas
existentes, já desaparecidas ou não, costumavam "inspirar-se" em fontes diferentes da sua
própria.
CONCLUSÃO
Esta investigação nos mostrou que os Fenícios produziram uma joalheria muito rica,
esteticamente, mesmo tendo copiado as técnicas de outros povos. Souberam trabalhar com
requinte os metais como o ouro, a prata, o cobre e o ferro, assim como a arte do vidro. Com
as contas de vidro colorido produziram colares preciosos, pois souberam combinar cores e
formas com maestria. O conhecimento dessa realidade histórica é muito importante para o
grupo de pesquisa, cujas informações podem ser passadas a futuras gerações e inspirar o
design contemporâneo.
REFERÊNCIAS
BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental. Porto Alegre: Editora Globo,
1977.
CELORIA, Francis. Arqueologia. Trad. Fernando de Castro Ferro. Edições Melhoramentos.
Edusp: São Paulo, 1970.
CIVITA, Vitor. Arte nos séculos. São Paulo: Abril Cultural, vol. 1,1969.
GARBINI, Giovanni. O Mundo Antigo. The Hamlyn Publishing Group Limited, Londres:
Tradução para o Português Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações LTDA, 1966.
KERTSZ, Margarita Wagner de. Historia Universal De Las Joyas. Buenos Aires: Ediciones
Centurión, 1947.
PEDROSA, Julieta. In http://www.joiabr.com.br/artigos/jan09.html. Acesso em: 02/04/2012.
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