II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 O USO DO SENE NO TRATAMENTO DE CONSTIPAÇÃO INTESTINAL 1 1 BORGES, Bruna Giannocaro ; SOUSA, Cássia Ilario da Silva de ; SILVA, Alexsandro Macedo da 2 1 Graduanda do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo-SP. Professor orientador do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo- SP. e-mail: [email protected]; 2 Palavras- Chave: CONSTIPAÇÃO INTESTINAL; PLANTA MEDICINAL; SENE. INTRODUÇÃO A constipação intestinal é um problema de origem funcional, decorrente de um mau funcionamento intestinal relacionado à evacuação insatisfatória, esforço excessivo para evacuar, evacuação incompleta e fezes endurecidas. Ainda podem ocorrer períodos prolongados entre uma e outra evacuação, causando distensão abdominal e flatulência. As principais causas são hábitos alimentares errados, questões emocionais e uso de fármaco, inclusive o uso excessivo de laxantes. Um dos recursos a ser utilizado no tratamento da prisão de ventre é o uso terapêutico de plantas medicinais. Uma pesquisa sobre os aspectos botânicos e farmacológicos das principais plantas medicinais com efeito laxativo é necessária para indicar a espécie que apresente o melhor perfil para ser cultivada num horto de uma UBS para o tratamento da constipação intestinal. Realizou-se, portanto, uma pesquisa com as principais plantas medicinais empregadas para o tratamento da constipação intestinal e o resultado desta tem apontado o sene como melhor opção terapêutica. Seu nome científico é Senna Alexandrina Mill, também conhecida como Cassia angustifólia Vahl e Cassia senna L. O sene pertence à família Leguminosae. É uma planta originária da Índia e Somália, cujo sua introdução na fitoterapia foi feita por médicos árabes no século IX. No Brasil chegou por volta do século XIX trazidas pelos árabes. A maior concentração do sene no Brasil ocorre na região do planalto da Serra do Cipó, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. É um pequeno arbusto que atinge 1 metro de altura, com caule ereto, lenhoso e de flores amarelas. As flores são colhidas no amadurecimento de sua floração, sendo uma planta que necessita de muito do sol, pois se reproduz na semente durante o verão. É constituída por mais de um princípio ativo, sendo seus constituintes químicos derivados antracênicos (antraquinonas), tendo atividade terapêutica. Seus principais princípios ativos são substâncias antraquinônicas livres e combinadas, senosídeo A e B, mucilagens, resinas, glicosídeos naftalênicos e pinitol. É usada no tratamento de constipação intestinal, causando efeitos laxativos, mas sem causar irritação estomacal ou no intestino delgado. Sua ação se manifesta após oito horas de sua administração, sendo recomendável seu uso a noite. É um dos fármacos mais conceituados como laxante, por não provocar inflamações secundárias muito comuns quando se utilizam laxantes drásticos. Possui atividade laxativa e catártica. OBJETIVO Realizar uma pesquisa bibliográfica abordando as principais plantas medicinais utilizadas no tratamento de constipação intestinal, observando todos os aspectos botânicos, farmacológicos e toxicológicos, com a finalidade de identificar uma planta medicinal utilizada para o tratamento de prisão de ventre que possa ser cultivada e posteriormente prescrita por um farmacêutico responsável numa Unidade Básica de Saúde. Realização II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 METODOLOGIA Inicialmente realizou-se uma pesquisa bibliográfica, levantamento de dados, sendo coletados em livros, artigos científicos e consulta a órgãos especializados, com a finalidade de escolher uma planta medicinal a ser utilizada no tratamento de constipação intestinal para ser cultivada num horto de uma Unidade Básica de Saúde. Após a coleta foi feita análise dos dados coletados e a redação do trabalho. Utilizou-se cinco plantas para esta análise, seus nomes populares são ameixeira, babosa, cáscara-sagrada, sene e tamarindo. RESULTADOS E DISCUSSÕES Observaram-se vários aspectos durante a pesquisa, levando em consideração os possíveis riscos com o uso da planta e as condições de cultivá-la num espaço provavelmente pequeno de uma UBS. A pesquisa realizada apontou que a planta mais apropriada para o tratamento seria o sene, por ser uma planta de ação farmacológica comprovada, fácil cultivo, pequeno porte e crescimento rápido (de 9 a 12 meses). Todos os dados relevantes para o cultivo do sene foram levantados, inclusive alguns dados rurais importantes para o desenvolvimento de plantas medicinais, tais como: O local de escolha para implantação de plantas medicinais deve conter água suficiente e ser exposta ao sol. O solo deve ser leve e fértil para que as raízes tenham facilidade de penetração. Caso, o solo, não seja úmido, pode ser incorporado algum composto orgânico que fornecerão nutrientes, ajudando na retenção de umidade. A colheita deve ser feita no momento certo e o ponto da colheita varia segundo o órgão da planta, estágio de desenvolvimento, época do ano, hora e dia. Os frutos devem ser coletados assim que estiverem maduros, ao atingir a maturidade eles tendem a cair, e as folhas devem ser coletadas antes do florescimento. As partes colhidas devem passar pelo processo de secagem, onde ocorre a redução do ter de água, impedindo a ação enzimática e consequentemente a deterioração por micro-organismos. A secagem também reduz o peso da planta, devido à evaporação da água contida nos tecidos e nas células, promovendo a concentração de princípios ativos. Quando o material começa a apresentar características quebradiças, está pronto para ser embalado e guardado. O período de armazenamento deve ser mínimo, com a intenção de impedir a perda de princípios ativos. O local de armazenamento deve ser escuro, seco e arejado, impedindo entrada de insetos e poeiras. Formas de preparo e uso do sene Pode-se preparar infusão, colocando água fervente sobre a erva e deixar por 10 minutos, após esse procedimento é necessário apenas coar. Usar de 15 a 20g/L. Ou pela maceração: colocando a planta amassada ou picada em água fria de 10 a 24 horas, após esse procedimento, é necessário apenas coar. Como fazer o seguimento do uso do sene Para que o tratamento realizado com a planta medicinal Senna alexandrina Mill possa ser acompanhado, foi criado um formulário de dispensação de planta medicinal. O formulário é um questionário que contém informações sobre o paciente (dados pessoais e estilo de vida), sinais e sintomas da doença, dados da planta medicinal (parte utilizada, posologia, modo de preparo), problemas relacionados ao uso da planta medicinal (reações adversas, interações medicamentosas e efeito tóxico), e acompanhamento do tratamento com a planta (histórico do paciente, contendo todas as considerações referentes ao tratamento prescrito, data do seu retorno, observações e conclusão). Realização II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 24 de maio de 2014 Também foi criado um folder com informações sobre a doença e o tratamento terapêutico com a planta (sene), sendo este, direcionado ao público leigo. Cuidados com o uso do sene Contra- Indicações Pacientes que contenham histórico de hipersensibilidade a qualquer um dos princípios ativos da Senna alexandrina Mill não devem fazer uso do planta. Não deve ser utilizada em pacientes com hemorroidas, apendicite, cistite e insuficiência renal ou cardíaca. Este medicamento é contraindicado para menores de 12 anos, mulheres grávidas e mulheres que amamentam. Não utilizar este tratamento por mais de dez dias. Interação medicamentosa Utilizar com cautela em pacientes em uso de antiarrítmicos, glicosídeos cardíacos e diuréticos; pode reduzir a absorção de anticoncepcionais hormonais; evitar os antiinflamatórios nãoesteróides, diminuem o efeito do sene; diminui a absorção intestinal de medicamentos orais, diminuindo seu trânsito no cólon. Reações adversas O sene pode causar um desconforto abdominal suave, como cólicas, pode provocar vômito, diarreia, aumento do fluxo menstrual, carência de potássio, diminuição das hemoglobinas e pode causar nefrite se utilizado em excesso. CONCLUSÃO A pesquisa realizada apontou o sene como um grande aliado no tratamento de constipação intestinal. O tratamento com a planta medicinal acompanhado de uma alimentação rica em fibras, aumento da ingestão de líquidos e atividade física proporcionará ao paciente um resultado formidável no tratamento de constipação intestinal. Por meio do formulário para dispensação de planta medicinal, será possível acompanhar o tratamento do paciente e observar se houve melhora no seu quadro clínico. A criação do folder poderá orientar pessoas que sofrem desta doença, mas não conhecem este recurso como forma de tratamento. Cabe ao farmacêutico dispensar e orientar quanto ao uso da planta, expondo de forma clara todas as informações necessárias para o sucesso no tratamento. BIBLIOGRAFIA CIAMPO, Ieda Regina Lopes Del; GALVÃO, Lívia Carvalho; CIAMPO, Luiz Antônio Del; FERNANDES, Maria Inez Machado. Prevalência de constipação intestinal crônica em crianças atendidas em unidade básica de saúde. Jornal de pediatria, São Paulo, v. 78, n. 6,p.497-502, Ago. 2002. Disponível em< http://www.scielo.br/pdf/jped/v78n6/7806497.pdf>. Acesso em: 20 Mar. 2014. HERBARIUM LAB.BOT.LTDA. Introdução à Fitoterapia: Utilizando adequadamente as Plantas Medicinais. Brasil: Colombo. 2008. 91 p. ROBBERS, J.E; SPEEDIE, M.K; TYLER, V.E. 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