MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA O QUE É?? Material desenvolvido por: Profa. Dra.Maria Elisa P.B. Siqueira Profa. Dra. Isarita Martins Departamento de Análises Clínicas e ToxicológicasUnifal/MG MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA O QUE É?? Monitoramento das concentrações plasmáticas do fármaco com a finalidade de ajuste de dose e individualização da terapia farmacológica para determinado paciente É A MEDIÇÃO DOS TEORES DOS FÁRMACOS NO PLASMA PARA DETERMINAR A DOSE EFETIVA PARA UM PACIENTE E EVITAR SEUS EFEITOS TÓXICOS. APENAS PARA USO PROLONGADO DE ALGUNS FÁRMACOS. Iniciada na década de 1970... MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA Segundo a International Association for Therapeutic Drug Monitoring and Clinical Toxicology (1997) É definida como a medida realizada no laboratório de um parâmetro que, com a interpretação adequada, influenciará diretamente a prescrição do medicamento para o paciente -Pode ser a medida de um xenobiótico -Ou de um composto endógeno para reposição 1 MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA CONCEITO DE HOMOGENEIDADE CINÉTICA Concentração do fármaco no sítio receptor Concentração do fármaco no plasma Resposta farmacológica Concentração do fármaco nos tecidos Condições para realizar a monitorização terapêutica 1. Que a resposta terapêutica ao fármaco se relacione melhor com sua concentração no sangue de que com a dose. 2. Que exista um intervalo terapêutico ótimo no qual a maioria dos pacientes experimentem máxima eficácia terapêutica com um mínimo (ou ausência) de efeitos tóxicos janela terapêutica 3. Que o ajuste da dose e do intervalo de administração com base no nível plasmático do fármaco representa grande benefício para o paciente, o que não poderia ser alcançado com base clínica apenas. 4. Que os efeitos farmacológicos sejam alcançados com maior rapidez e menor risco. FÁRMACOS SUJEITOS AO CONTROLE TERAPÊUTICO OUTROS ANTIBIÓTICOS Cloranfenicol Vancomicina ANTICONVULSIVANTES C b Carbamazepina i Fenobarbital Fenitoína Primidona Ácido valpróico Clonazepam Etosuximida GLICOSÍDEOS CARDÍACOS Digitoxina Digoxina AGENTES PSICOATIVOS Amitriptilina Desipramina Lítio Imipramina Nortriptilina - Importante: Índice terapêutico (I.T.) do fármaco Fármacos podem apresentar: -amplo I.T. uma ampla faixa de concentração que leva ao efeito requerido ("janela terapêutica“) ou estreita janela terapêutica (I.T. < 10) Quadro– Índices terapêuticos de alguns fármacos utilizados na prática clínica Í di Índices Terapêuticos T ê ti Menor que 5,0 Entre 5,0 e 10 Maior que 10 Amitriptilina Barbitúricos Paracetamol Cordiazepóxido Diazepam Propoxifeno Metadona Digoxina Nortriptilina Procainamida Imipramina Hidrato de cloral FÁRMACOS SUJEITOS AO CONTROLE TERAPÊUTICO ANALGÉSICOS Paracetamol Ácido acetilsalicílico ANTIBIÓTICOS Aminoglicosídios A i Amicacina i Dibecacina Gentamicina Kanamicina Metilmicina Estreptomicina Tobramicina ANTINEOPLÁSICO Metotrexato BRONCODILATADOR Teofilina AGENTES CARDIOATIVOS Antiarrítmicos Disopiramido Lidocaína Procainamida Propranolol Quinidina INDICAÇÕES PARA A MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA 1. Boa correlação entre a resposta farmacológica e a concentração plasmática 2. Mesma dose ou regime de doses (dose e respectivo intervalo de doses) produz grande variabilidade nas concentrações plasmáticas do fármaco 3. Tratamentos crônicos com fármacos de estreito índice terapêutico 4. Diferenciar hipo de hiperdosagem 2 INDICAÇÕES PARA A MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA LIMITAÇÕES DA MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA 5. Comprovar o uso do fármaco pelo paciente 1. Janela Terapêutica ainda não bem definida 6. Ao introduzir novos medicamentos 2 Formação de metabólitos dificulta o ajuste de dose 2. 7. Estados patológicos 3. Efeitos tóxicos podem ocorrer tanto nas baixas quanto nas altas concentrações plasmáticas do fármaco 8. Aparecimento de efeitos nocivos A MT é um procedimento para auxiliar o médico na tomada de decisões clínicas 1. O paciente está tomando o medicamento? 2. O paciente está tomando quantidade suficiente de medicamento? 3. O paciente está tomando quantidade muito elevada de medicamento? 4. É necessário ajustar a dose? 5. O medicamento é a causa dos sintomas relatados pelo paciente? CARBAMAZEPINA Concentrações plasmáticas: - Mínima efetiva 4,0 µg/mL -Potencialmente tóxica > 8-12 µg/mL - Intervalo terapêutico 4,0 a 8,0 µg/mL - Início da MT: 2 a 4 semanas do início do tratamento -t 1/2: 12 horas (monoterapia) - % ligação as proteínas plasmáticas: 67-81% - via de excreção: hepática (principal) - metabólitos ativos: 10,11- epóxido carbamazepina FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA 1. Diferenças entre: dose prescrita 2. Vias de administração -Intra- venosa -Intra-muscular -Subcutânea -Transcutânea -Respiratória -Retal -Oral dose administrada FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA 3. Farmacocinética 3.1 Absorção gastrintestinal - Tipo de forma farmacêutica Mecanismos de transporte envolvidos pH da mucosa gástrica e intestinal Estado de plenitude ou vacuidade gástrica Presença de outros fármacos Alterações fisiológicas e/ou patológicas 3 FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA FIGURA - Os processos de absorção que podem ser influenciados por interações de drogas com outras drogas e de drogas com alimentos. - A interação de fármacos com alimentos, outros fármacos e mesmo com os excipientes da formulação farmacêutica podem alterar a função fisiológica GI e influenciar na absorção - A absorção das drogas e as interações estão relacionadas com as diferenças existentes entre as porções do TGI QUADRO 3 - Propriedades Fisiológicas do TGI em estado de jejum A idade e algumas doenças podem alterar a fisiologia GI e intensificar as conseqüências das interações medicamentosas na absorção QUADRO 4 - Alterações na fisiologia GI devido à idade ou a doenças Situação Mudanças na fisiologia GI Idade avançada diminuição da taxa de secreção ácida e aumento do pH gástrico aumento do transporte paracelular e diminuição de transporte mediado por transportadores específicos pH Tempo de permanência Estômago 1.5-2 0-3 horas Irritação ou doenças intestinais inflamatórias Duodeno 4.9-6.4 3-4 horas 4.4-6.4 3-4 horas Remoção cirúrgica do trato GI Diminuição da área de absorção Jejuno Fibrose cística Diminuição do pH intestinal Íleo 6.5-7.4 3-4 horas AIDS Cólon 7.4 mais que 18 horas Diminuição da secreção ácida e aumento no pH gástrico Região 3.2 DISTRIBUIÇÃO Proteínas plasmáticas/ células sanguíneas Compartimento C Central Fração livre x Fração ligada Compartimento C Periférico Lipossolubilidade (pH do meio, pKa) BIODISPONIBILIDADE 4 Volume de distribuição FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA Ligação às proteínas plasmáticas Vd= Dose/ concentração plasmática - Fármacos ionizados ou muito ligados às proteínas= baixo Vd (velocidade de distribuição mais lenta)- varfarina e AAS FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA ¾ Uremia (diminui a ligação à albumina) ¾Concentração do fármaco ¾Concentração da proteína Proteína Concentração mg % Tipo de ligação Exemplo Fármaco Albumina 3,5-4,5 Aniônica, catiônica Fenitoína α1-glicoprotéina ácida 0,04-0,1 Catiônica Lidocaína Lipoproteína Variável Lipofílica Ciclosporina A FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA 3.3 Eliminação ¾ Peso ¾ Idade Id d Biotransformação + Excreção ¾ Gênero ¾ pH do plasma ¾ competição por ligação BIOTRANSFORMAÇÃO É um conjunto de reações por que passam as substâncias químicas no organismo, mediadas por enzimas, e que visam tornar o composto mais facilmente excretado do organismo, isto é, mais hid fíli hidrofílico. A maioria destas reações também diminuem ou eliminam a atividade da SQ (inativação ou destoxificação). Entretanto, às vezes, ocorre a ativação do composto. BIOTRANSFORMAÇÃO Reações de Fase I Reações de Fase II 5 FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA DISTRIBUIÇÃO DO FENÓTIPO ACETILADOR EM VÁRIOS GRUPOS ÉTNICOS grupo étnico 3.3 Biotransformação - Alterações genéticas (polimorfismo) Cinética dose dependente acet. rápidos (%) fármaco esquimós 95-100 ISO japoneses 88 ISO latinoamericanos 70 ISO negros americanos 52 ISO brancos americanos 48 ISO africanos 43 SMT indianos 39 ISO ingleses 38 SMT egípcios 18 ISO ISO= izoniazida; SMT=sulfametazina Figura- Biotransformação do acetaminofem FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA Interações entre fármacos Exemplo carbamazepina - fenitoína, primidona, fenobarbital= aumentam a biotransformação - Cimetidina, isoniazida= diminuem a biotransformação - Ácido valpróico= diminui a biotransformação do epóxido FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA 3.3 Excreção hepática e/ou renal - fluxo de sangue; - competição por transporte ativo. Depuração renal da creatinina: 25 anos= 100 mL/min 50 anos= 75 mL/min 75 anos= 50 mL/min 6 FATORES QUE MODIFICAM A RELAÇÃO DOSERESPOSTA 3.4 Patologias ¾ Hipertireoidismo= aumenta Vd de digoxina: aumenta-se a dose (Cmáx do intervalo terapêutico) Hipotireoidismo= oposto ¾ Hepatopatias: diminuição de albumina, alterações na biotransformação ¾ Nefropatias= aumento em até 2x a meia-vida de aminoglicosídeos MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA Gravidez ¾ Aumento gradual na função renal ¾ Alteração ç do Vd- aumento no volume de plasma e no fluxo sanguíneo (aumento de fluxo para os rins) ¾ Volume de água aumenta cerca de 8L (60% distribuído entre placenta, feto e líquido amniótico e 40% nos tecidos da gestante) ¾ Diminuição da albumina ANÁLISE: material, analito, coleta; métodos Material Exposição ao tabaco ¾ Interferência na biotransformação (nicotina= indutor) ¾ Alteração na meia-vida da teofilina (em torno de 8 horas em NF e 4 horas em F) Exposição ao álcool plasma ou soro; saliva; urina Analito total. Ex. lítio, antibiótico aminoglicosídeo g livre. Ex. fenitoína, varfarina fármaco + metabólito ativo: fenobarbital + primidona; ¾ Uso agudo ¾ Uso crônico ANÁLISE: material, analito, coleta; métodos Horário de coleta (conhecer o Vd, o t ½, a Dt) - paciente no equilíbrio dinâmico (4 a 6 vezes a meia-vida); - após absorção/ distribuição completa; - de maneira geral: no pico plasmático (máxima/ proporcional à dose) ou no vale (mínima ou antes da dose subsequente/ porporcional ao acúmulo no organismo) diazepam + nordiazepam; procainamida + n-acetilprocainamida ANÁLISE: material, analito, coleta; métodos Métodos (TEM QUE SER VALIDADOS) - imunoensaios; - cromatografia gasosa (CG) com detector de ionização de chama, de nitrogênio e fósforo, de captura de elétrons, elétrons espectrometria de massas; - cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE, HPLC), com detector de ultra-violeta, fluorescência ou arranjo de diodos, espectrometria de massas. - eletroforese capilar; - espectrofotometria. 7 FATORES DE ERRO NA DETERMINAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA: INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS ¾ Erros na medicação 1. Controle interno e externo de qualidade analítica. 2. Ficha com as características do paciente: - informações pessoais: nome, idade, peso, hábitos alimentares, uso de tabaco e/ ou de bebidas alcoólicas, entre outras; ¾ Diferentes biodisponibilidade das formulações ¾ Cronofarmacocinética C f i éti 3. Informações quanto à amostragem. ¾ Coleta das amostras 4. Finalidade da análise. ¾ Armazenamento inadequado das amostras 5.Informações sobre os medicamentos usados: nome, marca, via, horário última dose, outros fármacos usados. ¾ Método analítico não validado 6. Pessoal envolvido na MT. MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA: INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS TTP R É Processo total de teste (Total Testing Process TTP) - Se refere a seqüência de 10 etapas dos testes do laboratório, desde as questões clínicas do paciente até o impacto dos resultados nos cuidados com o paciente. A monitorização terapêutica deve ser considerada um processo que envolve uma série de etapas e atividades interrelacionadas e não deve ser vista simplesmente como um valor numérico para a concentração de um fármaco no plasma. MT leva a decisões que determinam um impacto positivo para o paciente e a eficiência econômica do sistema. P P Ó ETAPA ANALÍTICA S 4-amostra preparada 5-análise realizada 6-resultado verificado - - A A N 7-resultado reportado 3-coleta da amostra A L 8-resposta clínica 2-teste selecionado L T T 1-questão clínica I 10-Efeito no cuidado com o paciente C CUIDADO COM O PACIENTE Formulário para a MT Etapas pré-analíticas (1-3) INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS DO PACIENTE - inicia com a entrevista do paciente com o médico – onde é levantada a questão clínica que pode ser respondida com o teste laboratorial; -Nome e endereço - em seguida o clínico seleciona um ou mais testes a serem realizados; -Nome do médico e sua especialidade Etapas analíticas (4-6) - processamento e análise intralaboratorial da amostra; - verificação dos resultados. Etapas pós-analíticas (7-10) - resultado é reportado e interpretado à luz da questão clínica original, ações são tomadas pelo clínico e são avaliados os resultados dessas ações no bem-estar do paciente. C A A TTP - esta etapa p é concluída com com a coleta da amostra e seu transporte até o laboratório clínico. A 9-ação desenvolvida Í Í I N -Número de identificação CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE - idade, gênero, altura, etnia - gravidez - alergias, processos patológicos - dados laboratoriais (albumina, depuração de creatinina etc) 8 Formulário para a MT Formulário para a MT INFORMAÇÕES SOBRE A AMOSTRAGEM -Horário de coleta FINALIDADE DA ANÁLISE - tipo de amostra -Local de coleta -Confirmação do uso do medicamento -Tipo p de material utilizado na coleta -Suspeita de intoxicação/ sobredosagem -Monitorização dos metabólitos ativos INFORMAÇÕES SOBRE O FÁRMACO -Suspeita de interação medicamentosa -Nome do fármaco e do medicamento -Avaliação da farmacocinética -Horário da última tomada do medicamento, frequência, dose, via de administração -Ausência de resposta terapêutica -Outros medicamentos utilizados concomitantemente 9