NOTAS TRADUZIDAS DO LIVRO MACROECONOMICS DE WENDY CARLIN E DAVID SOSKICE – OXFORD UNIVERSITY PRESS, 2006 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios Este capítulo começa com o processo de definir o modelo de curto e médio prazo. O primeiro objetivo deste capítulo é explicar como o nível de produto e emprego é determinado pelo nível de demanda agregada no curto prazo – i.e. quando salários e preços são rígidos. Isto provê um modelo de ciclo de negócios i.e. como o nível do produto e emprego flutua em resposta a mudanças na demanda agregada. Nós começamos com o enfoque tradicional de induzir o equilíbrio do mercado de bens e o equilíbrio do mercado monetário no modelo IS/LM. O IS se refere ao mercado de bens e o mercado de moeda LM. Existem duas formas de pensar a respeito de como a política monetária é implementada pelos governos ou bancos centrais e portanto sobre a utilidade da análise LM. Por outro lado, o governo ou o banco central pode modelar a política monetária através do controle sobre o nível ou crescimento da oferta de moeda. Nós veremos que este enfoque é melhor tratado pela LM. Por outro lado, o governo ou o banco central pode estabelecer a taxa de juros para estabilizar a economia e levar a economia a meta de inflação. Esta é o chamado enfoque da regra monetária (MR) desenvolvida no Cap. 3. Dada a presença crescente das regras monetárias em política monetária a questão que surge do porque vamos nos preocupar em apresentar a analise LM? Além do mais, mesmo se o banco central usa o enfoque MR, o modelo LM ainda existe desde que representa equilíbrio no mercado monetário. Primeiro, se vamos entender porque os governos e os bancos centras adotaram as regras monetárias, é útil ter um entendimento do enfoque LM como referência. Além do mais mesmo se o banco central está usando o enfoque MR, LM ainda existe já que representa equilíbrio no mercado monetário. Segundo, o enfoque LM é útil para analisar os problemas de deflação, i.e. quando os preços estão caindo na economia. Mesmo se o banco central usa uma regra monetária para ajustar a taxa de juros para obter uma meta de inflação, nós precisamos entender as circunstâncias em que isto pode não ser efetivo. Um exemplo importante é a situação onde a taxa de juros nominal está próxima de zero e a economia é caracterizada por um nível de preço cadente como caracterizada pela economia japonesa por quase uma década. Terceiro, como veremos no cap. 9, muito da análise da economia aberta é conduzida usando o modelo IS/LM. 1 Todas essas três razões sugerem que mesmo se a LM é menos relevante para analise política prática do que uma vez pensávamos, permanece um instrumento útil de analise. O modelo IS/LM pode ser usado para analisar os determinantes do produto no curto prazo quando o governo controla a oferta monetária. Ele também prove componentes que serão úteis mais tarde. Nós veremos que a curva IS é uma parte importante do modelo macro IS­PC­MR de 3 equações desenvolvido no cap. 3 para uso com a regra monetária. Na segunda deste capítulo, o foco muda da demanda agregada para a oferta agregada. Como veremos no médio prazo, salários e preços respondem a mudanças no nível de atividade. A segunda tarefa do capitulo é portanto apontar os determinantes do nível de emprego do médio prazo no qual o mercado de trabalho está nem equilíbrio e as pressões por salários e preços para mudar são ausentes. A integração dos componentes do curto e médio prazo são apresentados no final da seção através do modelo da demanda e oferta agregada. Vamos contrastar as explicações dos ciclos de negõcios baseadas em fudanças na demanda agregadda na presença de salários e preços rígidos no qual nos concentramos neste livro com um completamente diferente, em que mudanças do lado da oferta da economia tal cmo mudanças tecnológicas que produzem expansões e recessões. Este segundo enfoque é chamado de modelo dos Ciclos Reais. 1. Demanda Agregada Para entender como o nível do produto é determinado no curto prazo, nós olhamos para as fontes de mudanças na demanda agregada por produto. O curto prazo é definido aqui como o período durante o qual preços e salários são dados. Existem um número de formas de explicar porque preços e salários podem não responder imediatamente a mudanças na demanda. Arranjos institucionais normalmente que salários são revistos periodicamente e não continuamente. Um argumento comum em suporte para a rigidez de preços é que existem custos associados com mudanças de preços, que são referidos aos custos de menu. É também útil lembrar que é lucrativo para as empresas em mercados imperfeitamente competitivos aumentar o produto em resposta a demanda maiores mesmo se o preço permanece constante. No momento apenas vamos assumir que preços e salários são viscosos – não respondem a mudanças no emprego ou produto no curto prazo. O modelo básico que é usado para sumarizar a forma em que o nível do produto 2 é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens e o mercado monetário. Nós pensamos de um equilíbrio de curto prazo na economia com uma situação em que ambos os mercados de bens e de moeda estão em equilíbrio. O mercado de bens é chamado de IS que vem da versão Investimento­Poupança da condição de equilíbrio do mercado de bens: investimento planejado deve ser igual a poupança planejada para equilibro no mercado de bens. A parte do mercado de moeda é chamada de LM que vem da igualdade entre a demanda de moeda (Liquidez) e oferta de Moeda quando o mercado de moeda esta em equilibro. No equilibro IS/LM o nível do produto(e emprego) e a taxa de juros são constantes. O modelo é útil porque permite entender o que acontece com o produto e a taxa de juros quando há uma mudança na demanda agregada ou quando o governo muda as suas políticas. No lado da IS podemos analisar: mudanças no consumo ou investimento e mudanças na política fiscal isto é nos gastos e taxação do governo. Do lado da LM podemos analisar mudanças na demanda de moeda e mudanças na política monetária isto é na oferta de moeda. 2. O Mercado de Bens: a Curva IS A curva IS mostra as combinações de taxas de juros e nível de produto em que há equilíbrio no mercado de bens. Para que o mercado de bens apresente equilíbrio, a demanda agregada por bens(e serviços) deve ser igual a oferta. Desde que assumimos que salários e preços são fixos, a oferta de produto se ajustará a qualquer mudança na demanda agregada. A demanda agregada se refere aos gastos reais planejados em bens e serviços na economia como um todo. Equilíbrio requer que aquele gasto planejado real em bens e serviços seja igual ao produto real y D =y onde y D é gasto real planejado e y é produto real. A demanda agregada é composta do gasto real planejado em consumo e investimento pelo setor privado e gasto planejado do governo. Pode ser escrito como y D =c y,t,riqueza +I r,A +g onde c é consumo, I investimento real, r taxa de juros real , g gastos do governo, t taxação total e A refere­se aos determinantes do investimento outros que não a taxa de juros. Em geral vamos 3 usar letras minúsculas para variáveis reais e maiúsculas para variáveis nominais. Nem sempre isto é possível então vamos usar i para taxa de juros nominal e I para investimento real. Alguns aspectos importantes do modelo macroeconômico de curto prazo podem ser mostrados de forma mais fácil se assumirmos funções lineares. Usaremos uma função consumo linear simples que diz que consumo é uma função da renda corrente pós taxa (isto é disponível) e outros fatores tais como riqueza que são resumidos no termo chamado de consumo autônomo, que assumimos ser uma constante c=c 0 +c y y−t Renda disponível é renda menos arrecadação de impostos y −t Se considerarmos uma função linear tipo: t=t y y onde 0 <t y 1 e usamos na função consumo temos: c=c 0 +c y 1−t y y Um aspecto notável da função consumo é que o consumo é afetado pelo nível da atividade corrente da economia. No cap. 7, vamos olhar os microfundamentos do comportamento do consumo para ver porque a renda corrente e a renda esperada futura são relevantes para os gastos em consumo. A forma mais simples de incorporar as idéias de um modelo de consumo que olha para frente é incluindo em c0 os determinantes da renda futura esperada. A função consumo muda quando a renda esperada futura muda. A evidência empírica discutida no cap. 7 confirma que a renda corrente e a esperada futura influenciam o consumo corrente. O investimento é dependente negativamente da taxa de juros real e positivamente na rentabilidade futura esperada, os determinantes da qual são aproximados pelo termo A. A idéia simples é que as empresas se defrontam com um conjunto de projetos de investimento, que são ordenados pelos seu retorno esperado. Se a taxa de juros cai, então isto reduz o custo do capital e torna alguns projetos lucrativos que não seriam implementados de outra forma. Similarmente, se os retornos dos projetos aumenta (porque há um aumento do otimismo na economia), então a qualquer taxa de juros, mais projetos serão implementados. Podemos escrever esta função de investimento 4 I=I r,A Às vezes é conveniente usar uma forma linear, I=A−ar onde a é uma constante. Fatores expectacionais ou de confiança são muitas vezes considerados cruciais determinantes do comportamento do investimento. Isto implicaria que mudanças da função investimento que surgem de mudanças em A poderiam ser de maior signficancia do que movimentos ao longo da função investimento em resposta a mudanças da taxa de juros. Um exame mais profundo do comportamento do investimento baseado nos fundamentos microeconomios será dado no cap. 7. A curva IS é definida pela condição de equilíbrio no mercado de bens y D =y Para derivar uma forma explicita da curva IS, nós usamos versões lineares das funções consumo e investimento e substituimos as mesmas na equação dos gastos planejados: y D=c 0c y 1−t y yA−arg A equação dos gastos planejados é substituída na condição de equilíbrio do mercado de bens. Rearranjando e usando o fato de que no equilíbrio do mercado de bens y D =y e substituindo 1−c y pela propensão a poupar, s y , para definir um locus de equilíbrio das combinações da taxa de juros e do produto: y= c 0 +A+g − a r 1−c y 1−t y 1−c y 1−t y 1 y= [ c 0 A−ar +g ] 1−c y 1−t y y= 1 [ c A−ar +g ] s y +c y t y 0 A curva IS estabelece que para uma dada taxa de juros o nível de investimento é fixo; a este nível de investimento é adicionado consumo autônomo e gasto do governo; e o nível associado do produto é encontrado multiplicando a soma pela 1 constante s +c t que é conhecido como um multiplicador. Poupança e y y y taxação ambos representam vazamentos da renda para os gastos. A razão de 5 que a taxa de vazamento t y é multiplicado por c y é que somente aquela parte do imposto de taxa que teria sido gasto constitui um vazamento extra acima da poupança. A curva IS é decrescente porque uma taxa baixa de juros gera um elevado investimento, que estava associado com um produto elevado. Ao contrario, quando a taxa de juros é elevada, investimento e então o produto de equilíbrio é baixo. A curva IS é derivada gráficamente na Fig. 2.1. Em r H são mostrados investimento I0 =A−ar H , consumo autônomo e gasto do governo. Multiplicando I0 +c0 +g0 pelo multiplicador dá o produto igual ao gasto planejado, y o , na curva IS. Usando a mesma lógica, a uma taxa de juros baixa, gasto planejado será elevado devido ao elevado investimento. O mercado de bens determina o correspondente elevado nível de produto. Figura 2.1 Derivando a curva IS 6 Figura 2.2 Ajustamento ao equilibrio do mercado de bens: excesso de demanda no ponto X leva a um aumento no produto: excesso de oferta no ponto Z leva a uma queda no produto Usando a equação da curva IS e o diagrama, nós podemos separar os determinantes da declividade e posição da curva IS em três grupos. 1. Qualquer mudança no tamanho do multiplicador mudará a declividade da curva IS. Por exemplo, um aumento na propensão de consumo aumentará o multiplicador, tornando a IS mais plana: roda a curva no sentido anti horário do intercepto no eixo vertical. 2. Qualquer mudança na sensitividade do investimento a taxa de juros (a) terá como consequência uma mudança na declividade da curva IS: uma função investimento menos elástica à taxa de juros se refletirá numa curva IS mais inclinada. 3. Qualquer mudança no consumo autônomo ou no gasto do governo ( c0, g ) fará com que a curva IS se desloque pela mudança nos gastos autônomos vezes o multiplicador. Uma mudança na variável A na função investimento também desloca IS. Política pode ser usada para manipular a curva IS pelos canais (1) e (3). Por exemplo, se o imposto de renda, i.e. se t =t y y , uma alíquota menor aumenta o tamanho do multiplicador e, como em (1) acima, a curva IS balança para a direita, tornando­se mais plana. Qualquer mudança no gasto do governo deslocará a curva IS na forma descrita em (3) acima. Um aspecto do modelo IS do mercado de bens é que as quantidades se ajustam 7 pelo processo do multiplicador para levar a economia para um equilíbrio estável de curto prazo. Por exemplo, uma queda no investimento planejado leva a uma contração multipla do produto e emprego até que o nível da renda tenha caído na extensão requerida para tornar a poupança igual ao nível de investimento menor. Inicialmente, a renda cai pela queda no investimento, △ I . Como resultado da queda na renda e supondo t y =0 , o consumo declina por △c=c y △ I . Esta queda no consumo por sua vez reduz a renda, e no próximo período o consumo cai uma vez mais: △c=c y c y △I=c 2y △ I . para calcular a queda total na renda, nós somamos a série: △ y=△Ic y △ Ic 2y △ I=c3y △I... △ y=1c yc 2y c3y... △ I = 1 1 ×△ I = ×△I 1−c y sy Outra forma de olhar a quantidade de ajustamento para um novo equilíbrio no mercado de bens é caracterizar posições fora da curva IS (Fig. 2.2). No ponto X com produto y x , a esquerda da curva IS, há excesso de demanda no mercado de bens porque a taxa de juros r 1 , gasto planejado é igual a y 1 . Com a demanda agregada em excesso do produto, estoques vão cair e o produto irá aumentar até que y = y D na curva IS. 3. O Mercado Monetário: a curva LM 3.1 Demanda por Moeda Uma confusão comum que surge quando se estuda pela primeira vez macroeconomia é entre a decisão de poupar e decisão de manter moeda. A decisão de poupar refere­se ao uso que é feito do fluxo de renda. Da renda recebida num dado período (por exemplo um mês) do trabalho e de outras fontes tais como renda do juros, há uma proporção que é poupada e uma proporção que é consumida. Se o consumo excede a renda, então o individuo está despoupando – i.e. eles estão emprestando e acumulando débitos. O que é então 'demanda por moeda' ? Enquanto a poupança é uma decisão sobre alocação da renda, a demanda por moeda é uma decisão sobre a forma em que a riqueza será mantida. Você vai mantê­la como moeda ou outro tipo de ativo? Responder isto é necessáriamente conhecer a diferença entre moeda e outros ativos. Quando alguém pergunta quanto dinheiro você tem, você pode responder contando as notas e a moedas em sua carteira ou você pode incluir o 8 balanço de sua conta corrente porque você tem acesso instantâneo a esta moeda escrevendo um cheque ou usando um cartão de débito. Você pode também adicionar o balanço de suas contas remuneradas, onde você tem que notificar com alguma antecedência se voce quiser retirar sem penalidades. Todas essas contas são moeda e elas variam numa definição estreita (notas e moedas) a uma ampla (depósitos a termo). Quando nos movemos de uma definição estreita para uma definição mais ampla há um ganho na taxa de juros de retorno e uma perda em liquidez. 3.1.1 Moeda e títulos Embora algumas formas de moeda pagam juros, existem outros ativos disponíveis na economia que oferecem um retorno mais elevado do que deposito a termo na medida em que você está preparado a assumir algum risco. Além de ofertar moeda o governo pode tomar emprestado das pessoas vendendo títulos do governo. A diferença entre títulos e moeda é que os títulos não são “capital safe” em termos nominais: se há um aumento na taxa de juros, então o valor de mercado dos títulos cai. Para entender a relação inversa entre o preço de mercado de um título e a taxa de juros, considere um título que foi emitido pelo governo a um valor de face de 100 reais e paga 5 reais por ano perpetuamente. Se a taxa de juros é de 4% então o preço que o título vai vender no mercado será tal que torne o rendimento de 5 reais representar o retorno de mercado de 4%. O valor de mercado do título será x reais onde 0.04x = 5 isto é, x = 5/0.04 = 125. Uma taxa de juros menor do que 5% implica um valor de mercado mais elevado do que o valor de face do título. Se a taxa de juros for menor digamos 2% então x=5/0.02 = 250 e similarmente, se a taxa de juros for maior, digamos 8%, então o valor de mercado será 62.50. Há uma relação inversa entre o valor de mercado de um título e a taxa de juros de mercado. É claro que somente se a taxa de juros for de 5%, o valor de mercado do título será exatamente igual ao seu valor de face. Então diferente de 100 reais em caixa, o valor de mercado nominal de um título de 100 reais subirá sempre que a taxa de juros cair e vice versa. 3.1.2 Demanda por moeda versus títulos Considere a escolha entre alguém manter ativos na forma de moeda ou na forma de títulos, por exemplo, da perspectiva de um negócio que decide como administrar seu caixa. Moeda é necessária para efetuar as transações numa economia de mercado. Já que as transações desejadas variam com o nível da renda, então assim ocorre também com a demanda por moeda. Mas o custo de manter ativos na forma de moeda é a renda de juros perdida. Um aumento na 9 taxa de juros irá deslocar o balanço de vantagem em favor dos ativos que rendem juros incluindo títulos. Podemos resumir a demanda por moeda como segue: MD =L y,i P onde i é a taxa de juros nominal. Retomamos a questão da diferença entre a taxa de juros real, r, que aparece na equação IS e a taxa nominal i que aparece no mercado monetário. Um aumento do nível de renda, mantendo a taxa de ∂L 0 ) e um aumento juros constante, irá aumentar a demanda por moeda (i.e ∂y na taxa de juros, mantendo o nível da renda constante irá diminuir a demanda ∂L 0 ). Observe que a demanda por moeda é expressa em por moeda ( ∂i M termos reais i.e. já que é suposto que um aumento do nível de preços vai P aumentar a demanda por moeda na mesma proporção. Assim como na análise do mercado de bens, algumas vezes ajuda expressar a demanda por moeda como uma função linear do nível de renda e da taxa de juros: MD 1 =L y,i =l−l i i+ y onde l , v T e l i são constantes positivas. O termo P vT l−l i i reflete o motivo ativo para manter moeda e o termo 1 y reflete o vT motivo transações para manter moeda. Na famosa teoria chamada de Teoria Quantitativa da Moeda, o único determinante da demanda por balanços reais monetários é o nível do produto. Em outras palavras, somente o motivo transações está presente. A Teoria Quantitativa da Moeda pode ser apresentada MD 1 como = y onde v é a velocidade de circulação constante. Estamos usando P v a formulação mais geral que supõe que a demanda transacional é apenas uma parte da demanda por moeda. Então, embora a velocidade de transação, v T seja constante, a relação entre demanda por moeda e produto não é: vai variar com mudanças na taxa de juros. 3.1.3 Ativos e motivos especulativos 10 Duas das explicações dadas para a relação inversa entre a demanda por moeda e a taxa de juros são conhecidas como o motivo ativos e o motivo especulativo. Ambos relacionam a escolha entre manter moeda e títulos. Keynes argumentou pela relevância do motivo especulativo como segue: se um individuo acredita que a taxa de juros corrente está acima do nível que ele considera normal, então ele esperará que a taxa de juros vai cair para o nível normal em momento devido. Nestes circunstâncias, ele ira escolher manter ativos financeiros acima da quantidade de moeda requerida para transações na forma de títulos. Ela faz isto porque ela espera obter um ganho de capital nos títulos quando a taxa de juros cair ao seu nível normal. O inverso seria verdade para uma taxa de juros que se acredita estar abaixo da normal. Keynes acreditava que a posição sobre a taxa normal de juros iria variar ao longo da população, produzindo uma relação inversa continua entre a taxa de juros e a demanda agregada por balanços especulativos. Além disso uma implicação central para o argumento de Keynes é que as expectativas lideram os mercados financeiros e que mudanças nas expectativas tem um caráter auto determinante. Se os detentores de títulos de repente acreditam que a taxa de juros aumentará no futuro mais do que eles haviam acreditado, eles irão esperar perdas de capital e venderão os seus títulos, levando os preços dos títulos para baixo e a taxa de juros para cima – expectativa de um aumento na taxa de juros é auto determinado. Esta característica dos mercados financeiros é de grande importância para a política monetária. Uma racionalidade mais geral para a dependência negativa da demanda por moeda sobre a taxa de juros foi desenvolvida por James Tobin em 1958. Em vez de assumir, como Keynes, que cada individuo estava certo a respeito do que êle espera da taxa futura de juros, Tobin concentrou nas implicações da incerteza do investidor. Na versão mais simples do modelo de Tobin, os indivíduos avessos ao risco alocam a sua carteira entre os ativos sem risco que não pagam taxa de juros (moeda) e um ativo arriscado com um retorno esperado positivo (títulos). A utilidade do individuo depende positivamente do retorno de manter um ativo e negativamente no risco de mantê­lo. Para maximizar utilidade, o individuo manterá uma mistura dos dois ativos, compensando os benefícios de um retorno esperado mais elevado contra o risco associado de acordo com as suas preferências. Uma taxa de juros mais alta irá levar êle a substituir moeda por títulos (reduz a demanda por moeda) porque o retorno esperado mais elevado iria compensar o risco adicional incorrido. Isto produz uma relação inversa entre a demanda por moeda e a taxa de juros. 3.2 Equilíbrio do Mercado Monetário 11 O equilíbrio no mercado monetário requer que a demanda e oferta de moeda sejam iguais: MD M S = P P onde a demanda por moeda depende da taxa de juros nominal e o nível do produto, como definido acima, e a oferta de moeda é suposta fixa pelas autoridades monetárias em M S . Esta hipótese permite desenvolver um modelo referencial útil. Se substituímos a função demanda por moeda e a oferta monetária fixa na condição de equilíbrio temos: L y,i = MS P e podemos definir um “ locus” com declividade positiva de equilíbrio da oferta monetária igual a demanda monetária – curva LM no diagrama taxa de juros – produto. A curva LM com declividade positiva pode ser explicada como segue. Em um nível de renda baixo a demanda transacional é baixa porque menos moeda é mantida para financiar as transações. Já que a oferta de moeda é fixa, para que a oferta seja igual a demanda no mercado monetário, deve haver uma demanda correspondente mais elevada de ativos ( ou especulativo). Uma taxa de juros baixa garante isto, já que os retornos de manter ativos relativamente aos riscos envolvidos são baixos. Usando uma função de demanda linear, há uma forma clara de derivar a curva LM tal que fica fácil ver como mudanças na demanda por moeda ou mudanças na sensibilidade da demanda por moeda à taxa de juros afeta a curva LM. O método mostrado na Fig. 2.3 segue em dois passos. Trabalhando com um diagrama é um bom método para entender: 12 Figura 2.3 Derivando a curva LM ● ● ● a demanda transacional de moeda e o papel de v T , a demanda por ativos (ou especulativa) monetários e o papel de l i , o papel do nível de oferta de moeda estabelecido pelo banco central ou pelo governo, M S e a condição de equilíbrio no mercado monetário: MS L= P No passo 1, desenhe a linha vertical da oferta real de moeda. Agora, desenhe o componente sensível a taxa de juros ' para trás ' , isto é relativo a oferta de moeda mostrada na Fig. 2.3. Como se sabe, quando a taxa de juros é alta, a demanda por moeda como ativo financeiro será baixa (no diagrama esta é a distância c ). Agora faça uso da condição de equilíbrio de mercado: MS 1 =l−l i i+ y . P vT 13 Para haver equilíbrio de mercado, a demanda de moeda como ativo l−l i i 1 mais a demanda para transações v y devem ser iguais a oferta de moeda. T Pode­se ver então quanto é a demanda por moeda para transações a taxa de juros i H na Fig. 2.3. Esta é a distância a , então já que v T é constante, é fácil dar o segundo passo calculando o nível de produto, y , que é consistente com a geração desta demanda por moeda: y 1 =v T x demandatransacionalpormoedaaiH Isto fixa o nível do produto, y 1 , ao qual o mercado monetário está em equilíbrio quando a taxa de juros é i H : ponto X no painel de baixo. Ponto Y pode ser derivado da mesma forma. Juntando os pontos X e Y a curva LM é desenhada. Da derivação da curva LM existem quatro formas em que a posição e ou a declividade da curva LM pode ser afetada: 1) Uma mudança na velocidade de circulação. Qualquer aumento na velocidade de transação como resultado de inovação financeira vai rodar a LM para a direita (no sentido horário) reduzindo a declividade. 2) Uma mudança na sensibilidade juro da demanda de moeda enquanto ativo, l i . Uma demanda mais sensível da moeda, refletindo o fato que pequenas mudanças na taxa de juros irão provocar grandes efeitos na composição da carteira irá reduzir a declividade da LM. 3) Uma mudança na oferta de moeda. Um crescimento da oferta monetária vai deslocar a LM para a direita já que para qualquer taxa de juros, dado a demanda por ativos uma oferta maior de moeda irá requerer maiores balanços transacionais para tornar a demanda em linha com a maior oferta. Um produto mais elevado irá gerar uma demanda maior por moeda transacional. 4) Uma mudança no nível de preços. Para uma dada taxa de juros, com um nível mais elevado de preços, os ativos disponíveis para transações podem financiar somente um montante menor de produto. A curva LM se desloca para a esquerda. 14 Figura 2.4 Ajustamento do equilibrio do mercado de moeda: excesso de oferta de moeda no ponto X leva a uma queda na taxa de juros nominal; excesso de demanda por moeda no ponto Z leva a uma aumento na taxa de juros nominal 4. Colocando Juntas a IS e a LM Combinando os mercados de bens e moeda, a taxa de juros e o nível do produto de equilíbrio de curto prazo, para um dado nível de preços, serão determinados. Antes disso, há um problema que precisa ser resolvido. Na derivação da curva IS é a taxa de juros real que interessa já que os gastos de investimento dependem da taxa de juros real. Na derivação da curva LM, é a taxa nominal de juros, i, que é relevante já que a demanda por moeda depende da taxa nominal de juros. 4.1 Taxas de juros reais e nominais Para clarificar porque é a taxa real em vez da nominal que afeta as decisões de gastos reais na economia, pense sobre uma firma considerando um projeto de investimento. Uma taxa nominal de juros maior não irá impor um sacrifício real maior na firma se ela esta balanceada por uma correspondente inflação mais elevada porque os lucros esperados do projeto de investimento irão ser maiores em termos monetários e o balanço entre o custo real e a taxa de retorno real do projeto não terá mudado. A taxa real de juros é definida em termos de bens e a nominal em termos de moeda. Pensando de um bem de consumo, a taxa real de juros, r, é quanto 15 extra em termos deste bem deveria ser pago no futuro para poder dispor de um bem hoje: 1 bemt = 1+r bemt+1 . A taxa nominal de juros é quanto em reais deveria ser pago no futuro para se dispor de um real hoje: 1R t = 1 +i Rt+1 . Se os preços dos bens permanecem constantes então é claro que as taxas reais e nominais serão as mesmas: se você empresta um real hoje você será capaz de comprar 1 +r bens no futuro. Em geral, 1 +r= 1+i π E= P P P Et+ 1 . Se usarmos a seguinte definição de inflação esperada: Et+ 1 P 1 −P então E = Substituindo e rearrumando chegamos: 1 +π E P P t+ 1 1 +r = 1 +i 1+π E e portanto: r= i−π E 1 +π E Quando a inflação esperada é pequena o denominador da expressão acima é próximo de 1 e podemos usar a aproximação entre a taxa de juros real e nominal: i≈r+π E As expectativas de inflação determinam a divergência entre as taxas reais e nominais de juros. É importante notar que apenas um desses três termos é observavel: a taxa nominal de juros, i. A taxa real de juros pode ser estimada de dados históricos da taxa nominal de juros e da taxa de inflação: isto dá uma medida da chamada taxa de juros real “ex post”. Alternativamente, uma medida “ex ante” pode ser derivada de um modelo que é capaz de prever inflação. Finalmente, se títulos tem sido emitidos na economia que são protegidos contra inflação porque o valor de face é indexada a taxa de inflação, então o retorno desses títulos é uma taxa de juros real e pode prover uma terceira medida. 4.2 O Modelo IS/LM Vamos admitir que a inflação é zero e a taxa de inflação esperada se mantem em zero. Podemos com isto abstrair a diferença entre a taxa de juros nominal e a real. A taxa de juros de curto prazo de equilíbrio e o produto serão determinados pela 16 intersecção das duas curvas IS e LM. Para ver como o modelo IS/LM funciona, o equilíbrio inicial IS/LM é perturbado mudando uma das variáveis exógenas. Primeiro, vamos considerar a característica do novo equilíbrio de curto prazo e segundo, vamos discutir o ajustamento da economia ao mesmo. A trajetória de ajustamento da economia em face a uma perturbação irá depender da velocidade de ajustamento em cada mercado. A hipótese mais plausivel é que o mercado monetário equilibra muito rapidamente em relação ao desequilíbrio no mercado de bens e serviços. No diagrama IS/LM isto significa que a economia retorna a curva LM rapidamente – o ajustamento ocorre através da mudança nos preços dos títulos nos mercados financeiros e portanto nas taxas de juros de mercado. O ajustamento no mercado de bens é mais lento já que envolve ajustamentos de produção e emprego. Nós olhamos dois exemplos de mudanças na política do governo. No primeiro exemplo (Fig. 2.5), os gastos do governo aumentam. A nova IS é IS g1 à direita da original. O novo equilíbrio de curto prazo é no ponto A' : o produto e a taxa de juros são mais elevadas. Maiores gastos do governo irão gerar demanda agregada maior e um nível de produto maior. Rendas mais elevadas significam uma demanda por moeda maior mas já que a política monetária não mudou (i.e. a curva LM permanece fixa) uma taxa de juros mais elevada será requerida no novo equilíbrio para reduzir a demanda monetária de ativos. Vamos agora pensar a respeito do processo de ajustamento ao novo equilíbrio. No primeiro instante, o aumento dos gastos do governo produz excesso de demanda por bens e resulta em uma desacumulação não planejada de inventários ou em filas de esperas por serviços maiores. Se o aumento da demanda é sustentável, então o emprego cresce. A economia se move de A para B. O aumento na renda real associado com um maior produto expande a demanda monetária transacional de moeda. Com o resultado há um excesso de demanda por encaixes monetários em B. Títulos são vendidos, causando um queda no preços dos títulos e um aumento na taxa de juros (B para C). O aumento na taxa de juros reduz o excesso de demanda por bens reduzindo a demanda de investimento; entretanto, em C permanece excesso de demanda devido ao aumento de consumo associado com o efeito multiplicador do aumento nos gastos do governo. Produto e emprego crescem mais (C para D). O processo de ajustamento continua até que o novo equilíbrio em A' é atingido. A expansão completa do produto pelo efeito do multiplicador (A para A'') não ocorre porque quando há uma expansão fiscal sem uma mudança da oferta monetária, o aumento da taxa de juros provoca uma queda do gasto sensível ao juros. As implicações de financiar um aumento dos gastos do governo por (i) taxação, (ii) emissão de títulos, e (iii) emissão monetária são comparados 17 usando o modelo IS/LM no cap. 6. No segundo exemplo (Fig. 2.5) o governo ou o banco central aumentam a oferta monetária através das operações do mercado aberto. Isto signfiica que ele entra no mercado monetário comprando títulos em troca por papel moeda emitido. A curva LM se desloca para a direita para LM S1 M P . Novamente, nós vamos considerar primeiro o novo equilíbrio de curto prazo que tem um nível de produto maior e uma taxa de juros menor. Com uma oferta monetária maior, a demanda maior de moeda no novo equilíbrio vai requerer uma taxa de juros menor. Uma taxa de juros menor estará associada com um nível mais elevado de investimento e produto (ponto A' na parte de baixo do painel da (Fig.2.5)). Nós nos voltamos agora ao ajustamento do ponto A para o novo equilíbrio de curto prazo A' . O efeito imediato da ação da autoridade monetária é criar um excesso de oferta de moeda; o excesso de demanda implícita por títulos aumenta os preços dos títulos e reduz a taxa de juros. A economia se move de A para B, atingindo imediatamente o novo equilíbrio no mercado monetário ao longo LM S1 M P . A queda na taxa de juros cria excesso de demanda no mercado de bens estimulando investimento. Demanda maior de investimento estimula o produto e o emprego; aumentando o produto de B para C. Em C, há novamente um desequilíbrio de excesso de demanda por moeda no mercado monetário que acompanha o aumento do produto. A taxa de juros aumenta (C para D). O ajustamento do produto e da taxa de juros irá continuar até que o novo equilíbrio em A' seja atingido. 18 Figura 2.5 Estática comparativa no modelo IS/LM: ajustamento lento no mercado de bens e ajustamento no mercado monetário 19 Figura 2.6 Armadilha pela Liquidez A Fig. 2.6 mostra porque política monetária expansionista pode não aumentar o produto mesmo no curto prazo. Se a taxa de juros é i , a curva LM é plana. Quando o banco central entra no mercado monetário para comprar títulos, não há nenhum efeito no preço dos títulos: se todo mundo acredita que a única direção da taxa de juros no futuro é para cima, isto implica que eles acreditam que os preços dos títulos cairão. Os detentores de títulos estarão dispostos a vender os títulos ao preço existente, sendo indiferentes entre títulos e moeda na medida em que as perdas de capital prospectivas nos títulos apenas compensa o juros recebido, com o resultado que não há aumento no preço dos títulos e nem queda na taxa de juros. A economia esta na armadilha pela liquidez onde moeda nova bombeada para a economia é mantida de bom grado como balanços monetários. O banco central não tem portanto poder de usar a política monetária para deslocar a economia para um nível mais elevado de produto. Por décadas o caso da armadilha pela liquidez era vista como uma possibilidade teórica com pouca relevância prática mas o resurgimento de uma era com taxas nominais de juros muito baixas nos anos 1990 reviveu o interesse nela. Já que a taxa nominal de juros não pode cair abaixo de zero, a noção de que todos acreditam que a taxa de juros aumentará se torna plausível. A armadilha pela liquidez tem um papel na analise da longa recessão japonesa nos anos 1990. 5. Oferta Agregada 5.1 Equilíbrio competitivo no mercado de trabalho No mercado de trabalho competitivo a demanda por trabalho e a oferta de trabalho dependem do salário real. A curva de demanda de trabalho 20 negativamente inclinada mostra o trabalho demandado a um dado salário real. Com um estoque de capital fixo, como nós supomos é o caso no curto e médio prazo, o produto e uma função positivamente inclinada do nível de emprego, isto é: y=f E onde f é a função de produção de curto (e médio) prazo . A hipótese básica é que a função de produção é caracterizada por rendimentos decrescentes, que significam que na medida em que mais trabalhadores são empregados, o incremento no produto declina. No curto, o produto marginal do ∂y trabalho, que pode ser escrito como ou MPL declina quando o emprego ∂E cresce. A curva de demanda por trabalho é muitas vezes referida como a curva MPL já que sob competição perfeita, firmas tomam o salário real como um dado e empregam trabalho até o ponto em que o produto marginal do trabalho é igual ao salário real. A oferta de trabalho é positivamente inclinada e é derivada do comportamento otimizador das famílias quando alocam o seu tempo entre trabalho e lazer para maximizar a sua utilidade. O salário real é considerado como dado e o trabalhador escolhe o montante de trabalho para ofertar. Em um mercado competitivo de trabalho, o mercado se equilibra, estabelecendo o salário real e o nível de emprego. Isto é mostrado na Fig. 2.7 com o nível de salário w 0 e emprego E CE (para equilíbrio competitivo). Qualquer deslocamento da economia do equilíbrio é por hipótese eliminado pelo movimento nos salários reais. Por exemplo se o salário real aumenta acima do nível de equilíbrio do mercado (devido por exemplo a uma queda inesperada no nível de preços) a oferta de trabalho excede a demanda a este salário real . O excesso de oferta de trabalho resultará na queda dos salários nominais até que o equilíbrio competitivo único seja re­estabelecido com o salário w real em w 0 e o 1 emprego em E CE . Neste modelo, o único grupo de pessoas que estarão desempregados serão aqueles voluntariamente desempregados no sentido de que ao salário real vigente eles preferem procurar por um trabalho ou laser acima dos bens que podem obter trabalhando. 21 Figura 2.7 Equilíbrio no mercado competitivo de trabalho: valores de equilíbrio do salário real e do emprego 6. O lado da oferta no modelo de competição imperfeita Uma das tarefas fundamentais da macroeconomia é analisar as causas e consequências do desemprego involuntário. A menos que existam imperfeições no mercado de trabalho, não é possível existir desemprego involuntário quando o mercado de trabalho está em equilíbrio já que os salários iriam cair para equilibrar o mercado. Isto é impedido em um mercado de trabalho imperfeitamente competitivo no qual o salário é determinado pelos empregadores, pelos sindicatos ou um resultado da barganha entre empregadores e sindicatos. O trabalho não é comprado e vendido num mercado “spot” (como trigo) existem contratos de salário que estabelecem o salário acima do nível de equilíbrio de concorrência. Como vimos no cap. 1 a negociação coletiva afeta uma proporção substancial de trabalhadores na maioria das economias desenvolvidas. Mesmo na ausência de sindicatos, problemas de motivar os trabalhadores a trabalhar eficientemente leva os empregadores a estabelecer salários acima dos salários de equilíbrio competitivo. Em modelos de concorrência imperfeita o ERU é a taxa de desemprego a qual o salário real é consistente com as expectativas de salário real tanto dos que estabelecem o salário quanto os que estabelecem os preços. 6.1 Estabelecimento do Salário Com concorrência imperfeita, há uma curva de determinação do salário (WS) positivamente inclinada que é a contraparte da oferta de trabalho do modelo de 22 concorrência perfeita. Por conta das imperfeições do mercado, a curva de determinação do salário fica acima da curva de oferta de trabalho. Na Fig. 2.8, se o salário real é igual a w 1 , então a oferta competitiva seria E 1 . Mas com as imperfeições do mercado w 1 será estabelecido a um nível menor de emprego, E 0 apesar do fato de que um numero adicional de trabalhadores E 1−E 0 estariam preparados para trabalhar àquele salário. Semelhantemente, se E=E 0 , então esta oferta de trabalho é consistente com um salário real de w 0 , mas com concorrência imperfeita, um salário maior, w 1 , é determinado naquele nível de emprego. As condições no mercado de trabalho são os determinantes chaves do salário real. Em termos de salários monetários a equação de determinação do salário é: W=Pxb E onde P é o nível de preços, E é o nível do emprego e b é uma função crescente do emprego. Quando os salários são determinados pelos sindicatos, empregadores, ou através da barganha, é o salário nominal que é controlado. Entretanto, trabalhadores irão avaliar as ofertas de salário em termos do salário real que são esperados ser estabelecidos – i.e. é o salário monetário relativo ao nível de preços do consumo esperado que afeta o custo de vida e portanto a utilidade do trabalhador. Supondo que o nível de preços atual e esperados são iguais a equação do salário pode ser escrita em termos dos salários reais para definir a curva de determinação de salário no diagrama do mercado de trabalho (veja Fig. 2.8) w WS =b E onde w WS≡ W P O excesso do salário real na curva WS acima da curva de oferta de trabalho a qualquer nível de emprego é o “mark up” por trabalhador (em termos reais) associado às imperfeições do mercado. Duas interpretações comuns deste mark up, ambas se baseando na concorrência imperfeita são: 1) salário determinado pelos sindicatos 2) salário de eficiência determinado pelas firmas 23 Figura 2.8 A curva de determinação do salário real: a curva WS e a curva de oferta de trabalho 6.1.1 Salário determinado pelos sindicatos Em lugares sindicalizados os salários são estabelecidos através de negociações entre empregador e sindicatos. Um modelo simplificado de determinação de salários por sindicato toma o caso dos sindicatos monopólios onde o sindicato pode determinar unilateralmente os salários. O sindicato estabelece o salário no interesse dos seus membros que estão preocupados tanto com o salário real como com o emprego. Ele se preocupa com o balanço entre um salário muito alto que empurraria o preço do produto da empresa e decresce a demanda pelo produto da empresa e portanto o emprego e um salário muito baixo que deixaria de usar o poder de monopólio para assegurar melhores padrões de vida. Isto resulta no estabelecimento de um salário a um nível de emprego que é mais elevado do que o salário competitivo e produz uma declividade positiva da curva que estabelece salários que está acima da curva de oferta competitiva. 6.1.2 Salário de eficiência determinado pelas empresas Salário de eficiência é bem diferente: neste caso as firmas estabelecem os salários. Numa primeira impressão é contra intuitivo que um empregador deva voluntariamente estabelecer um salário acima do mínimo ao qual ele pode empregar trabalho no mercado. O argumento é que estabelecendo um salário acima do competitivo, o empregador pode reter uma força de trabalho bem qualificada e cooperativa. O termo salários de eficiência vem da noção de que a 24 firma estabelece um salário que permite a ela resolver eficientemente sua motivação, recrutamento, e/ou problemas de retenção. Esses problemas surgem porque não é possível especificar completamente o que o trabalhador faz, isto é o empregador não pode observar acuradamente o esforço do trabalhador. O empregador deve portanto usar o salário para motivar o trabalhador a se comportar bem. Na medida em que o mercado se torna aquecido, i.e o desemprego cai, torna­se mais difícil para a firma resolver esses problema porque os trabalhadores podem facilmente abandonar a firma e encontrar emprego em outro lugar. O resultado é que o empregador estabelece um salário acima do salário competitivo e seu salário de eficiência aumenta na medida em que o desemprego cai. Esta portanto é a segunda maneira de se entender a curva que estabelece o salário. 6.2 Estabelecimento do Preço Em concorrência perfeita, o salário real resultante do preço competitivo das empresas é a curva do produto marginal do trabalho (ou demanda por trabalho). As empresas tomam o preço de mercado P e o tornam igual ao custo marginal: P=MC P= W MPL W =MPL P Ao contrário, em concorrência imperfeita, as firmas estabelecem um preço que maximiza os lucros. O mark up sobre o custo marginal dependerá da elasticidade de demanda: quando a elasticidade da demanda cresce, o mark­up cai até o caso especial da competição perfeita onde a elasticidade de demanda é infinito. Se nós consideramos o caso mais simples de monopólio, então os lucros são maximizados quando a receita marginal é igual ao custo marginal. Se o (o valor absoluto da) elasticidade da demanda ( , chamado de epsilon) é constante, então há um mark­up constante maior do que um de e temos a formula −1 do preço básico de monopólio: P= W −1 MPL e o salário real é: 25 W −1 = MPL P Fig. 2.9 ilustra a curva PS no caso de monopólio: porque , salário real que surge do processo de determinação de preço é uma fração do produto marginal do trabalho. De forma mais geral , qualquer tipo de imperfeição do mercado do produto causa a curva PS estar abaixo da curva de demanda de trabalho competitiva. O excesso do salário real na curva de demanda acima da curva PS em qualquer nível de emprego é o lucro por trabalhador sobre­normal (em termos reais) associado com a concorrência imperfeita no mercado de produto. Usaremos normalmente uma curva horizontal em vez de uma curva decrescente Figura 2.9 Relação entre a MPL, a elasticidade preço da demanda, e a curva PS como a curva PS. Como já vimos, passando de concorrência perfeita para imperfeita não leva a uma curva PS horizontal. Hipóteses adicionais são necessárias. Três alternativas são: se o produto marginal do trabalho é constante (que implica que é igual ao produto médio) e o “ mark up” é constante, o salário real determinado pelo preço é igual a fração constante da produtividade do trabalho. se o produto marginal do trabalho declina mas o “ mark up” é contra cíclico (declina quando o emprego cresce) então a curva PS se torna menos inclinada. O “mark up” seria contra cíclico se por exemplo, nova entrada fosse encorajada na expansão aumentando a concorrência de mercado se as firmas estabelecem seus preços usando uma regra de bolso, baseando o seu preço no seu custo médio ao longo do ciclo (i.e. quando a economia se move de recessão para a expansão e vice versa) a curva 26 PS se tornaria menos inclinada (mais horizontal). Tal preço baseado na regra do custo normal pode resultar de firmas que desejem limitar a extensão em que modificam os seus preços em resposta a mudanças no custo associada com mudanças na demanda. Mudanças freqüentes de preços em resposta a mudanças na demanda são custosas em si mesmas (esses são os chamados custos de menu das mudanças de preço) e firmas podem também desejar evita­los por razões estratégicas. Quando buscamos explicitamente diferentes padrões de como o salário real se move ao longo do ciclo ou às implicações de políticas do lado da oferta para salários reais, deveríamos considerar a curva PS mais geral e que é negativamente inclinada. Em outros casos, é mais fácil usar uma curva PS sem declividade ou plana. A curva PS plana oferece uma simplificação útil porque implica que firmas não mudam seus preços em resposta a flutuações no produtor(em linha com nossas hipótese de preços viscosos no curto prazo); talvez, eles mudem seus preços somente quando seus custos mudam, como consequência de uma mudança nos salários por exemplo. Sob a hipótese razoável de que as mudanças nos salários ocorrem relativamente com pouca freqüência, são as mudanças de salário que oferecem o disparo natural para o final do curto prazo no modelo. Neste modelo de referencia, usamos hipóteses simples para chegar a uma curva PS plana: produto marginal constante e um mark up constante. Dadas essas suposições, se as firmas estabelecem preços para obter uma margem de lucro específica, então o montante fixo de produto por trabalhador é separado em duas partes: lucros por trabalhador e salários reais por trabalhador. O salário real implícito no comportamento de preços é portanto constante e a curva PS é plana. O estabelecimento de preços pode então ser sumarizado como um mark up sobre uma unidade de custo de trabalho por uma percentagem fixa, , sobre o custo de trabalho unitário. P=1 W em que os custos unitários de trabalho são o custo do trabalho por unidade de y produto isto é W x E dividido por y . Definimos (produto por trabalhador) por E (produtividade do trabalho). É conveniente expressar o “mark up” em uma forma ligeiramente diferente quando apresentando o modelo macro. Se nos definirmos =/1 então a equação de preços pode ser escrita como 27 P= 1 W x 1− onde nos referimos a como o “mark up” daqui para frente. Isto significa que na medida em que a competição aumenta o tamanho do “mark up” cai. Dividindo cada lado por P e rearrumando chegamos: = W P Em outras palavras, dado o “mark up”, o nível de produtividade do trabalho, e o salário monetário, o nível de preço estabelecido pelas empresas implica um valor específico do salário real. Este é o salário real que resulta do estabelecimento de preço. w PS = W =1− P Figura 2.10 A curva do salário real de determinação de preços: curva PS 28 Figura 2.11 Emprego e desemprego de equilíbrio: UICE e EICE 6.3 Equilíbrio no mercado de trabalho sob concorrência imperfeita O mercado de trabalho sob concorrência imperfeita é caracterizado por uma curva WS positivamente inclinada. O mercado de trabalho está em equilíbrio quando as curvas cruzam (ver Fig. 2.11): w WS =w PS bE =1− e define o nível único de equilíbrio de emprego E ICE onde ICE significa equilíbrio de concorrência imperfeita. A taxa de desemprego associada com esse equilíbrio (o ERU) é U ICE / L onde L é a força de trabalho. A hipótese que os preços são estabelecidos logo depois dos salários (i.e sem um atraso) significa que o salário real está sempre na curva PS onde como observado acima, trabalhadores estão na curva WS acreditando que o nível de preços correntes está no seu nível esperado. Para dar um exemplo, vamos supor que o emprego aumenta para E 1 como consequência de uma política fiscal expansionista. No novo período de estabelecimento dos salários, isto provoca um aumento no salário monetário na medida em que os negociadores dos salários tem como objetivo atingir o ponto A . Entretanto, o ajustamento imediato de preços ao aumento de custo significa que os preços aumento em linha com o aumento de salário e a economia se move para o ponto A'. A 29 hipótese da cronologia significa que a economia está normalmente na curva PS; se PP E , os trabalhadores estarão na curva PS a direita do equilíbrio e se E PP , eles estarão na curva PS a esquerda do equilíbrio. Segue­se que se atrasos na determinação de preços fossem introduzidas o salário real estaria entre as curvas WS e PS. O contraste entre as taxas de desemprego do equilíbrio competitivo e do de concorrência imperfeita é mostrado na Fig. 2.12, que sobrepõem as curvas WS e PS no diagrama do mercado de trabalho mostrando a oferta de trabalho competitiva e a curva de produtividade marginal do trabalho. A curva WS está acima da curva de oferta de trabalho para refletir a imperfeição de mercado. Semelhantemente, a curva PS está abaixo da curva de produto marginal do trabalho se houver imperfeição no mercado de produto: com firmas fazendo lucros sobre normais os trabalhadores receberão menos do que o seu produto marginal. Se o mercado de trabalho é imperfeitamente competitivo, desemprego em ERU necessariamente incluirá algum desemprego involuntário. Em outras palavras haverá indivíduos preparados a aceitar um trabalho ao salário real vigente que não conseguem encontrar vaga de emprego. Como nós sabemos disso? A curva de oferta de trabalho indica o salário real ao qual um individuo está preparado para trabalhar. Já que a curva de oferta de trabalho está abaixo da curva de salário, nós sabemos que haverá gente que estaria disposta a trabalhar ao salário real w ICE que não estão empregados quando o emprego está no seu nível de equilíbrio E ICE . Figura 2.12 Conceitos de desemprego Já que há desemprego involuntário em UICE esta não é a taxa ideal da perspectiva de bem estar. Dadas as instituições e práticas na economia que 30 estão por trás das curvas de salário e preço, o ERU é a taxa de desemprego que constitui um equilíbrio no sentido de que os determinadores dos salários e preços não tem razão para modificar o seu comportamento. A separação entre desemprego involuntário e voluntário no modelo de concorrência imperfeita é mostrado no diagrama. A taxa de desemprego de equilíbrio é o resultado de características estruturais ou do lado da oferta da economia que estão por trás das curvas de determinação do salário e dos preços. Podem portanto em princípio serem modificadas por políticas do lado da oferta ou mudanças estruturais Por exemplo, mudanças na legislação para enfraquecer os sindicatos podem levar a uma redução do poder de barganha dos mesmos e isto reduziria o salário real esperado que seria negociado pelos trabalhadores a qualquer nível de desemprego baixando b(E) e deslocando a curva WS para baixo. Mantendo todas as outras características da economia constantes, isto iria reduzir a taxa de equilibro de desemprego. Alternativamente, um aumento no grau de competição do mercado do produto – como resultado, digamos, de mudanças na aplicação da política de competição ou porque o internet torna mais fácil a comparação de preços – iria produzir uma redução na margem de lucro e levara a uma salário real mais alto a cada nível de emprego (a curva PS iria se deslocar para cima). Semelhantemente, qualquer mudança na política governamental que afeta salário e determinação de preços irá deslocar o equilíbrio de desemprego. Políticas relacionadas aos benefícios de desemprego, taxação, regulação do trabalho e mercado do produto e acordos de renda todos são relevantes. É fácil então imaginar que diferenças internacionais em política e nas estruturas institucionais produzem diferenças no desemprego de equilíbrio. 7 . Demanda Agregada e Oferta Agregada Em muitas apresentações da macroeconomia do curto e médio prazo, os dois componentes de demanda agregada e oferta são colocados juntos usando um diagrama em que o nível de preços aparece no eixo vertical e o produto no horizontal. Nós não faremos uso extensivo deste diagrama neste livro porque não é particularmente bom para analisar choques e respostas de política. Entretanto, serve um par de propósitos úteis: primeiro provê uma forma simples de ver como o nível de preços é determinado e segundo ele provê outra forma pela qual modelos macro podem ser comparados. 7.1 A Demanda Agregada: do diagrama IS/LM ao curva AD As condições de equilibro do mercado de bens e monetário podem ser 31 transferidas para o diagrama com o nível de preços no eixo vertical e produto no horizontal. No painel de cima da Fig. 2.13, a economia começa no ponto A (Note MS que a curva LM é indexada pela oferta real de moeda: , que significa que a P1 posição da curva LM é fixada pela oferta real de moeda assim definida) Em seguida, vamos manter a oferta nominal de moeda constante e reduzir o nível de preços P 0 : o novo equilíbrio do mercado de moeda é mostrado por LM MS . O aumento do valor dos encaixes reais de moeda nas mãos do P0 público cria um desequilíbrio no mercado monetário: excesso de moeda, as famílias vão recompor as suas carteiras comprando títulos. Isso eleva o preço dos títulos e baixa a taxa de juros. isto é conhecido como o efeito Keynes. O novo equilíbrio é no ponto B com um nível de produto maior. O equilíbrio em A e B é mapeado no diagrama abaixo com P no eixo vertical e y no eixo horizontal. O equilibro combinado do mercado de bens e moeda para níveis diferentes de preços produzem a curva AD. Segue­se desta derivação que qualquer coisa que desloque a curva IS ou a LM, além das mudanças do nível de preços, desloca a curva AD. A curva AD tem um caráter completamente diferente da curva de demanda do mercado microeconomios, onde a curva de demanda relaciona a quantidade demandada ao preço de um bem particular. Em contraste, a curva AD representa dois conjuntos de condições de equilibro. Uma mudança no nível de preços P perturba o equilibro no mercado monetário que desencadeia uma mudança no comportamento que leva a taxa de juros a mudar. Isto por usa vez cria um desequilibro no mercado de bens e o produto muda quando o equilibro é restabelecido. 32 Figura 2.13 Derivando a curva AD Nós já encontramos de forma indireta o caso em que uma queda no nível de prelos não está associado com um aumento no produto: a armadilha pela liquidez. Se a curva LM é horizontal então uma queda de P desloca a seção horizontal da LM para a direita e a taxa de juros não muda. A razão é que as famílias estão felizes de manter encaixes reais maiores porque eles acreditam que a taxa de juros não cairá mais. Em tais circunstâncias, uma queda dos preços falha em estimular a economia. Esta é uma forma de interpretar a depressão japonesa dos inicio dos anos 2000. Quando Keynes argumentou a relevância da armadilha pela liquidez nos anos 1930 alguns economistas responderam dizendo que mesmo que a taxa de juros não respondesse a uma queda do nível de preços, havia uma outra maneira de reavivar a demanda. O chamado efeito Pigou depende da resposta do consumo a mudanças o valor real da riqueza. Se o feito Pigou funcionar, uma queda dos preços aumenta a riqueza real e estimula o consumo restaurando a declividade da curva AD. Mas parece que o efeito Pigou funciona ao reverso no caso do Japão, onde a queda dos preços levou os consumidores a entesourarem na 33 expectativa que os preços cairão mais: consumo é adiado e não estimulado. 7.2 Oferta Agregada: do diagrama do mercado de trabalho a curva AS Informação a respeito do equilibro do mercado de trabalho pode também ser transferida no chamado diagrama AD­AS. Tanto nos modelos de mercado competitivo quanto de imperfeitamente competitivo existe um nível único de emprego consistente com o equilibro do mercado de trabalho. A função de produção de curto prazo é usada para converter o nível de emprego em nível de equilibro de produto de médio prazo. Já que o equilibro do mercado de trabalho é definido em termos reais mudanças no nível de preços não afetam o equilibro. A curva de oferta agregada é portanto vertical em em y CE ou y ICE que é o nível de produto y 0 na Fig. 2.14. O diagrama pode ser interpretado como representando ou o caso competitivo ou o não competitivo. Um deslocamento para a direita da curva de demanda agregada por um aumento no consumo autônomo, por exemplo, iria estar associado com um mercado de trabalho de equilíbrio no nível não modificado de y CE ou y ICE . Se o nível de preços pula como mostrado na Fig. 2.14, então a economia se movimenta direto de A para Z. O caso especial de ajustamento imediato de salários e preços é representado pela curva AD combinada com uma curva AS vertical. Uma economia deste tipo experimenta flutuações no produto somente em consequência de mudanças no lado da oferta já que flutuações na demanda agregada desloca a curva AD (por ex. política fiscal, política monetária, ou choques do setor privado), que afetam o nível de preços mas não o produto e emprego. Vamos retornar a Fig 2.14 abaixo, mas primeiro vamos olhar com mais cuidado o modelo de ciclos de negócios em que os mesmos são gerados pelo lado da oferta. 7.3 Dois enfoques de Ciclos de Negócios 7.3.1 O Ciclo Real de Negócios: choques de oferta A idéia de que as flutuações do emprego que observamos na economia quando se move de recessão a expansão e de volta novamente são devidas somente aos fatores do lado da oferta e não das flutuações na demanda agregada é central no modelo dos Ciclos Reais de Negócios. Neste modelo, o mercado de trabalho está sempre em equilíbrio. Veremos que isto contrasta com a situação no modelo em que, o ciclo de negócios é provocado por flutuações na demanda agregada onde na expansão, emprego 34 está acima do equilíbrio e na recessão, emprego está abaixo dele. No modelo RBC são os fatores do lado da oferta tais como mudanças na tecnologia que provocam o ciclo. Para ver como isto funciona nós assumimos que na Fig. 2.15, a economia está inicialmente no ponto A. Um choque positivo de tecnologia como uma onda de inovação, desloca a curva de produto marginal do trabalho para a direita (para MPLH ) e a economia se move para o ponto B: esta é a expansão. A oportunidade dos trabalhadores de ganharem salários mais elevados como consequência da nova tecnologia, os leva a ofertar mais trabalho, isto é a mover para cima a curva de oferta de trabalho. B é portanto também uma posição de equilíbrio do mercado de trabalho. Um choque negativo de oferta, por exemplo uma escassez repentina de uma matéria prima, levaria a economia a uma recessão na medida em que a curva MPL se desloca para a esquerda levando a um novo equilibro no ponto C. Em C, os trabalhadores escolhem ofertar menos trabalho. A queda no emprego é inteiramente voluntária no sentido de que dadas as novas circunstâncias em que eles se defrontam depois do deslocamento da curva de produto marginal do trabalho para a esquerda, os trabalhadores escolhem ofertar menos trabalho. Os trabalhadores escolhem mudar o timing de sua oferta de trabalho em resposta a mudanças na demanda trabalhando mais em bons tempos e menos em tempos ruins. Isto é chamado de substituição intertemporal do trabalho. 35 Figura 2.14 As curvas AD e AS Muitos economistas permanecem pessimistas quanto a idéia que as forças do lado de oferta são a fonte dominante das flutuações dos ciclos de negócios e que os ciclos de negócios são unicamente fenômenos de equilíbrio. Como veremos nos cap.s. 13 e 14, mudanças tecnológicas tem um papel fundamental para explicar o crescimento de longo prazo. Entretanto , parece 36 menos plausível que flutuações na taxa de progresso esteja por trás do padrão de expansões e recessões que caracterizam as economias. Quando uma economia recobre de uma recessão a produtividade tipicamente aumenta relativamente ao seu valor de longo prazo, com uma caracterização reversa na recessão. Entretanto, isto não significa que é o padrão de mudança tecnológica que está causando a expansão e a recessão, uma explicação mais simples e consistente com a visão baseada na demanda agregada é que a demanda cai, as firmas mantém os trabalhadores na esperança que a recessão será de curta duração. É custoso empregar e despedir trabalhadores de forma que entesouramento de trabalho é esperado . Isto produzirá um resultado de que a produtividade cai na recessão e cresce na expansão. Figura 2.15 O modelo dos ciclos reais de negócios: flutuações do equilíbrio devido a choques de tecnologia Da Fig. 2.15, é claro que para que o mecanismo do RBC seja capaz de explicar as mudanças substanciais do emprego que acontecem durante o ciclo, uma pequena mudança no salário real deve levar a uma grande mudança na oferta de trabalho, isto é a oferta de trabalho deve ser muito elástica. Entretanto isto parece que não corresponde a evidência empírica que mostra que para o chefe da casa a elasticidade intertemporal da oferta de trabalho é muito baixa. Embora o enfoque RBC não seja a visão dominante sobre os ciclos ele tem tido uma grande influencia na metodologia da moderna macroeconomia na fronteira da pesquisa. 7.3.2 Ciclo dos negócios: os choques de demanda agregada mais salários e preços viscosos 37 No extremo oposto do mundo dos salários e dos preços que se ajustam rapidamente está o modelo IS/LM, onde supomos que salários e preços não se ajustam no curto prazo. Retornando a Fig. 2.14, o ajustamento viscoso dos salários nominais e dos preços implica que a economia não se move diretamente de A para Z em resposta a um choque de demanda. Na Fig. 2.14, o ajustamento de curto prazo devido ao deslocamento para a direita da curva IS é mostrado no painel de baixo e no diagrama AD­AS como o movimento de A para B com o nível de preços constante em P 0 no painel de cima. É claro que o painel do meio que o mercado de trabalho não está em equilibro quando o emprego é E 1 . O curto prazo termina quando os salários e preços começam a se ajustar em resposta ao desequilibro no mercado de trabalho. A natureza do desequilibro é claro: o salário real prevalecente, w 0 , não está nem na curva de oferta nem na curva de demanda na interpretação competitiva da Fig. 2.14; nem tampouco está na curva WS ou PS na interpretação não competitiva. O salário real é muito baixo para prover uma oferta de trabalho E 1 e muito alta para o emprego de E 1 trabalhadores ser lucrativo. Com concorrência imperfeita os controladores de salário não estarão satisfeitos com um salário real de w 0 se o emprego é tão alto como E 1 ; e se o emprego mais elevado é acompanhado de uma produtividade marginal decrescente, então a margem de lucro não pode ser mantida se o salário real permanece em w 0 . Uma forma de explicar o que acontece uma vez que os salários e os preços começam a se ajustar é assumir que os salários nominais sobem por α nós supomos que isto é interpretado com um aumento do salário baseado na sua visão do nível de preços prevalecente. Mas subseqüentemente, os preços aumentam por α+β para restabelecer o equilibro no lado da determinação de preços do mercado de trabalho. Isto deixa a economia no ponto B' no mercado de trabalho e nos diagramas AD­AS. A linha que passa por A e B' no diagrama AD­AS define uma oferta agregada de curto prazo, a SAS P−1 =P 0 . A curva SAS é indexada ao nível de preços do último período P−1 para capturar a hipótese de que quando os salários aumentam, as implicações para o salário real são interpretadas pelos trabalhadores em termos do nível de preços pré­existente, P 0 . A declividade da SAS depende do valor de α e β e portanto na declividade das curvas de oferta de trabalho e da demanda de trabalho (ou as curvas WS e PS). Uma curva PS horizontal produz uma curva SAS menos inclinada (já que β= 0 ). 38 De fato, a economia se move do ponto B para o C em lugar de B' por causa do impacto dos preços mais elevados na demanda agregada. Um aumento no nível de preços leva a uma queda da oferta real de moeda e aumento da taxa de juros, reduzindo a demanda agregada (a LM se desloca para a esquerda, a economia se move para o nordeste ao longo da curva AD). Quando a economia está no ponto C, o desequilíbrio no mercado de trabalho é menor do que antes mas não desapareceu completamente. O ajustamento de C para Z ocorre através do movimento para cima das curvas SAS na medida em o aumento de preço é incorporado nas decisões do mercado de trabalho do período seguinte. O nível de preços tende a preço P Z e a SAS P −1 =P Z cruza a curva AS em Z. Em Z, o equilíbrio no mercado de trabalho é restaurado. ● A curva IS se desloca para a direita e o produto e emprego aumentam com o preço e o nível de salários não modificado no curto prazo. Isto é uma expansão cíclicla (o contrário ocorre com um choque negativo na IS); ● No mercado de trabalho, há um desequilíbrio e os salários e preços se movem em resposta; ● Nível de preços mais elevados levam por outro lado a uma redução na demanda agregada via o Efeito Keynes; ● Trabalhadores atualizam o nível de preços na base do qual eles se comportam, que desloca a SAS para cima; ● No longo prazo, o equilíbrio é restaurado com desemprego em ERU, uma taxa de juros real mais elevada (e uma mudança na composição do produto de investimento para por exemplo, consumo), a um nível mais elevado de preços. 8 Conclusões 39