Centro de Farmacovigilância da UNIFAL-MG Site: www2.unifal-mg.edu.br/cefal Email: [email protected] Tel: (35) 3299-1273 Equipe editorial: prof. Dr. Ricardo Rascado; profa. MsC. Luciene Marques; Jéssica Caroline Corrêa Santos; Marcel Forgerini. No 18 Setembro/2013 Nova vacina frente à cura para a AIDS Boletim Epidemiológico (Ministério da AIDS - Origem e disseminação O AIDS Saúde), em 1982, foram notificados dez identificado no mundo ocorreu em junho casos de AIDS; em 1985, esse número de 1981 com cinco jovens homossexuais aumentou para quinhentos e setenta e três em casos, sendo vinte e dois em mulheres; no Los notificados primeiro caso Angeles ao de (EUA). Center Sendo for Desease ano seguinte, o número já havia dobrado. Control and Prevention – CDC. O caso foi inicialmente pneumonia. identificado Três meses como depois do Atualmente, várias ONGs e programas estatais atuam na prevenção da AIDS. Segundo a Organização primeiro diagnóstico, exames revelaram a Mundial de Saúde, atualmente existem 42 presença de um retrovírus que ataca milhões de pessoas infectadas pelo vírus diretamente as células do sangue. Quando HIV e quem possui o vírus não foi mais bem conhecido, o vírus foi necessariamente desenvolve a síndrome. nomeado “human imunodeficiency virus” Pode levar até vários anos, de 3 a 10, (HIV). Apesar disso, já se descobriu que entre o momento da infecção pelo HIV o vírus HIV circula entre os seres até os primeiros sintomas da AIDS - humanos há mais de cem anos. janela imunológica - e irá depender, A teoria mais aceita para o principalmente, do estado de saúde da surgimento da AIDS entre os humanos é pessoa. Quanto mais cedo à pessoa que o vírus ingressou na nossa espécie a descobrir que tem HIV, maiores suas partir de aldeias no Oeste da África, que chances de manter uma vida saudável. se alimentavam de macacos. No Brasil, as primeiras Síndrome notificações sobre a AIDS ocorreram por adquirida da imunodeficiência volta da década de 80. Ela disseminou-se A sigla AIDS teve sua origem no com incrível velocidade. Segundo o nome científico da língua inglesa, que 1 significa acquired immunological HIV permanece latente, até que comece deficience syndrome (síndrome sua fase de replicação. Esta é feita através da imunodeficiência adquirida). Assim ela foi classificada sua O HIV possui uma enzima, a descoberta, devido ao fato de a doença transcriptase reversa, responsável pela afetar o sistema imunológico do portador, reprogramação dos materiais genéticos da ser caracterizada por diversos sintomas e célula T4 infectada produzindo o DNA de por ser contraída mediante contágio, não filamento duplo. As células infectadas sendo esta uma doença de cunho servem de reservatórios para o HIV, (human permitindo que o vírus se esconda do hereditário. na O época HIV de do material genético do linfócito T: immunodeficiency virus) é o agente sistema causador transportado para infectar vários tecidos da doença e o também responsável pela destruição do sistema imunológico e possa ser corporais. imunológico. A doença possui três estágios: o O vírus HIV, infecta e destrói a primeiro caracteriza-se pela latência. célula que coordena as defesas do Nessa organismo, o linfócito CD-4, um tipo de caracteriza como assintomático, pois não glóbulo branco encontrado no sangue e possui nenhum dos sintomas de soro- em outros tecidos. Essa célula funciona positividade nem da AIDS. Apesar de como não externar os sintomas, possui a o “general do exército” fase, o portador de infectar, ainda encarregado da defesa do corpo, ou seja, capacidade do sistema imunológico. Quando o vírus transmitir o vírus para outra pessoa. se podendo destrói grande quantidade dessas células, No segundo estágio, o sistema desorienta todo o processo de defesa, até imunológico ainda consegue combater ficarem tão fracas que o indivíduo precariamente começa a ter doenças oportunistas. possuindo algum grau de defesa pelo algumas infecções, Em um indivíduo não infectado, organismo. Este já está fraco e debilitado, tais doenças são facilmente curáveis, já mas ainda não está sujeito às doenças para um portador do vírus HIV, tornam- oportunistas e possui carga viral menor se perigosas e às vezes mortais, pois se que a quantidade de células de defesa. aproveitam do progressivo Já o terceiro e último estágio da enfraquecimento do sistema imunológico, infecção é a fase onde ocorre o contudo, esse enfraquecimento não é estabelecimento imediato. Durante algum tempo, o vírus concreto do vírus no organismo humano, e desenvolvimento 2 caracterizado pelas doenças oportunistas. noventa, consistindo basicamente na É quando as infecções oportunistas inibição da transcriptase reversa e da ocorrem ou quando os níveis de linfócitos protease. Através de sua ação, o portador T CD4 + alcançam determinado nível do vírus pode levar uma vida normal sem (abaixo de 200 celulas/mm3 de sangue). previsão específica sobre o tempo em que Estágio esse, onde a doença pode ficará sadio sem manifestar a doença. comprometer diferentes órgãos e sistemas Porém, por enquanto, não existe nenhuma do organismo. forma de retirar o vírus do corpo humano. Não é possível determinar o tipo O tratamento é oferecido pelo SUS e um de pessoa que pode contrair o vírus. direito de todos. Atualmente não mais se usa a expressão A primeira droga anti-HIV "grupos de risco" ou "comportamento de aprovada foi o AZT (1987). Sua função é risco". Assim, pessoas que não possuem inibir a transcriptase reversa. Em 1995, comportamento de risco podem contrair o foi desenvolvido o Saquinavir, o primeiro vírus através de outras que adotam tal inibidor da protease. Outras drogas foram tipo de comportamento. Há ainda a sendo disponibilizadas no decorrer da hipótese de pessoas que contraem o vírus década de noventa para comercialização, por acidente ou responsabilidade de destacando-se as seguintes: DDI, DDC, terceiros. São situações que nada têm a 3TC, D4T, Abacavir e Nevirapina. ver com comportamento sexual de risco. Apesar de proporcionarem maior tempo de vida aos pacientes com AIDS, os efeitos colaterais desses medicamentos Medicações usuais Com a descoberta da forma de atuação do vírus, medicamentos que foram criados combatem chamados coquetéis anti – HIV, que a viral As principais dificuldades para a obtenção de uma vacina eficaz para o diminuição da multiplicação do vírus, HIV é que este se difere dos demais vírus mantendo-o sob controle o maior tempo e ataca uma parte muito sensível do nosso possível, proporcionando uma melhor sistema de defesa e, quando faz isso, qualidade de vida. consegue minar nossa capacidade de começaram através Nova esperança de prevenção da Estes carga abandono do tratamento. o desenvolvimento da doença. São os reduzem constituem um dos principais motivos do a ser induzir uma resposta eficaz contra ele e desenvolvidos no início da década de os princípios de proteção para o HIV se 3 diferem de outras doenças, não bastando computador, selecionaram os peptídeos apenas a produção de anticorpos. que tinham mais chance de serem Apesar das dificuldades impostas reconhecidos pelos linfócitos TCD4 da pelo vírus, uma vacina brasileira contra o maioria dos pacientes. Os 18 peptídeos vírus HIV, começará a ser testada em escolhidos macacos no segundo semestre deste ano. laboratório e codificados dentro de um Com duração prevista de 24 meses, os plasmídeo - uma molécula circular de experimentos têm o objetivo de encontrar DNA. o método de imunização mais eficaz para ser usado em humanos. Denominado foram recriados em Em outro experimento divulgado em 2010 na PLoSOne, em parceria com o Daniela Rosa, da Universidade Federal de imunizante foi desenvolvido e patenteado São Paulo (Unifesp), e Susan Ribeiro, da pelos pesquisadores da Faculdade de FMUSP, Medicina da Universidade de São Paulo administrados a (FMUSP), Edecio Cunha Neto, Jorge geneticamente modificados Kalil e Simone Fonseca. O trabalho teve expressar início em 2001, e em parceria com Kalil, imunológico humano. Nesse caso, 16 dos o sistema 18 peptídeos foram reconhecidos e imunológico de um grupo especial de ativaram tanto os linfócitos TCD4 como portadores do vírus que mantinham o os TCD8. Nos animais imunizados com a HIV sobre controle por mais tempo e vacina, a quantidade do vírus modificado demoravam a adoecer. No sangue dessas encontrada foi 50 vezes menor que a do pessoas, a quantidade de linfócitos T do grupo tipo CD4 o principal alvo do HIV realizados experimentos para descobrir permanecia mais elevada que o normal. se, de fato, a destruição viral aconteceu pesquisador Mas HIVBr18, analisou estudos o posteriores mostraram que um tipo específico de os peptídeos moléculas controle. Agora foram camundongos do estão para sistema sendo por causa da ativação das células TCD4 citotóxicas. linfócito TCD4 poderia também ter ação Contudo, até o presente momento citotóxica sobre as células infectadas. Os não se sabe ao certo a efetividade da pesquisadores então isolaram pequenos vacina. Porém, ela é uma esperança pedaços de proteínas das áreas mais mediante preservadas do vírus HIV - aquelas que medicamentos quanto à ação do vírus do se mantêm estáveis em quase todas as organismo, além de uma série de efeitos cepas. Com auxílio de um programa de colaterais que implicam muitas vezes na a inefetividade dos 4 não adesão ao tratamento por parte do paciente. Referências bibliográficas Brasil testa vacina contra a AIDS. Disponível em: <http://www.dm.com.br/texto/134491>. Acesso em 12 de agosto de 2013 Vacina brasileira contra o HIV será testada em macacos. Disponível em: <http://www.em.com.br/app/noticia/tecno logia/2013/08/06/interna_tecnologia,4316 44/vacina-brasileira-contra-o-hiv-seratestada-em-macacos.shtml>. Acesso em 12 de agosto de 2013. Caso queira notificar reação adversa a algum medicamento, desvio de qualidade ou erro de medicação, acesse o portal do CEFAL (http://www.unifal-mg.edu.br/cefal) e preencha o formulário. https://www.facebook.com/cefal.unifal [email protected] (35) 3299-1273 Descoberta da AIDS completa trinta anos, mas a doença existe a mais de cem. Disponível em: <http://hypescience.com/descoberta-daaids-completa-trinta-anos-mas-a-doencaexiste-ha-mais-de-cem/>. Acesso em 15 de agosto de 2013. AIDS e discriminação: violação dos direitos humanos – Tatyane Guimarães Olivera – Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/defa ult/files/anexos/15775-15776-1-PB.pdf>. Acesso em 15 de agosto de 2013. AIDS no Brasil – Política Brasileira, Dezembro de 2012. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/sites/default/files /anexos/page/2010/36364/aids_no_brasil_ 2012_17137.pdf>. Acesso em 15 de agosto de 2013. AIDS e Sexualidade – Entrevista com Dr. Esper Kallás – Vacina contra a AIDS. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/sexualidade/ vacina-contra-aids/>. Acesso em 15 de agosto de 2013. AIDS e Sexualidade – Entrevista com Dr. Ricardo Hayden –Tratamento da AIDS. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/sexualidade/ tratamento-da-aids/>. Acesso em 15 de agosto de 2013. 5