ufvjm faculdade de ciências agrárias

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI - UFVJM
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - FCA
CURSO DE AGRONOMIA
INTERFERÊNCIA DE CENCHRUS ECHINATUS SOBRE O CRESCIMENTO
INICIAL DE PLANTAS DE CAFÉ (COFFEA ARABICA L.)
JULIANO MIARI CORRÊA
Diamantina
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI - UFVJM
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - FCA
CURSO DE AGRONOMIA
INTERFERÊNCIA DE CENCHRUS ECHINATUS SOBRE O CRESCIMENTO
INICIAL DE PLANTAS DE CAFÉ (COFFEA ARABICA L.)
JULIANO MIARI CORRÊA
Orientador (a):
Pro. Dr.ANDRÉ CABRAL FRANÇA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Agronomia, como parte dos requisitos
exigidos para a conclusão do curso.
Diamantina
2012
INTERFERÊNCIA DE CENCHRUS ECHINATUS SOBRE O CRESCIMENTO
INICIAL DE PLANTAS DE CAFÉ (COFFEA ARABICA L.)
Juliano Miari Corrêa
Orientador(a):
Pro. Dr. André Cabral França
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Agronomia, como parte dos requisitos
exigidos para a conclusão do curso.
APROVADO em ..../..../....
______________________________
Mestranda Lilian Alves Carvalho Reis - UFVJM
______________________________
Mestrando Moisés de Avellar - UFVJM
_______________________________
Pro. Dr. André Cabral França – UFVJM
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................
01
2 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 03
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................
04
4 CONCLUSÃO.....................................................................................................
10
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................
11
AUTORIZAÇÃO
Autorizo a reprodução e/ou divulgação total ou parcial do presente trabalho, por qualquer
meio convencional ou eletrônico, desde que citada à fonte.
____________________________________
Juliano Miari Corrêa
[email protected]
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Campus JK - Rodovia MGT 367 - Km 583, nº 5000, Bairro Alto da Jacuba,
Diamantina/MG.
Interferência de Cenchrus echinatus sobre o crescimento inicial de plantas de café
(Coffea arabica L.)
CORRÊA, J. M. (FCA – UFVJM, Diamantina/MG – [email protected]); FREITAS,
A. F. (UFVJM, DIAMANTINA/MG - [email protected]); MARINHO, R. L. S.
(UFVJM, DIAMANTINA/M - [email protected]) FRANÇA, A. C. (DAG –
UFVJM, Diamantina/MG – [email protected]);
RESUMO: Objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos da interferência de
Cenchrus echinatus em diferentes densidades de infestação sobre o crescimento de mudas de
café (Coffea arabica L.). Utilizou-se de quatro cultivares de C. arabica, sendo: IAC99,
Oeiras, Sacramento e Paraíso. Quando as mudas se apresentaram com quatro a cinco pares de
folhas definitivas, as mesmas foram plantadas em vasos de 10 dm³. Utilizou-se do
delineamento experimental em blocos casualizados, em esquema fatorial (5 x 4) (sendo cinco
densidades de C. echinatus, 0, 2, 4, 6, 8 plantas/vaso e quatro cultivares de café), com quatro
repetições. Ocorreu uma relação negativa entre a densidade de plantas daninhas com a as
variáveis de crescimento matéria seca da raiz e matéria seca da parte aérea da planta daninha.
A planta daninha Cenchrus echinatus, em todas as densidades, proporcionou interferência
negativa em todas as características avaliadas como altura, área foliar, matéria seca da raiz e
matéria seca da parte aérea. As cultivares Sacramento e IAC99 mostraram-se mais sensíveis
pela competição com esta planta daninha.
Palavras-chave: Interferência, planta daninha, densidade, competição.
ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the effects of interference from
Cenchrus echinatus at different infestation densities on the growth of coffee seedlings (Coffea
arabica L.) at 30 and 90 days. Cultivars were used four C. arabica, with: IAC99, Oeiras,
Sacramento, and Paradise. When the seedlings were presented with four to five pairs of true
leaves, they were planted in pots of 10 dm ³. The experimental design was randomized blocks
in factorial scheme (5 x 4 + 4) (five densities of C. echinatus, 0, 2, 4, 6, 8 plants / pot, four
varieties of coffee and four additive treatments C. echinatus in all densities away from the
coffee plants), with four replications. At 30 and 90 DAP were determined height and leaf area
of the coffee plant and at 90 DAP were determined the dry mass of shoots and roots of the
plants. The weed in all densities resulted in negative interference characteristics. The
Sacramento and IAC99 was the most sensitive cultivar by competition with this weed.
keywords: Interference, weed, density, competition.
INTRODUÇÃO
Dentre as culturas de grande importância na economia do Brasil, o café é uma das
mais importantes, sendo uma commodity internacional, gerando cerca de US$ 90 bilhões a
cada ano e envolvendo cerca de 500 milhões de pessoas no manejo, do cultivo ao produto
final de consumo (Antunes et al., 2008).
O Brasil sendo o maior produtor mundial de café, a produtividade dessa cultura é
baixa em relação ao potencial das áreas implantadas. Entre as principais causas dessa baixa
produtividade destaca-se a interferência das plantas daninhas com a cultura do café jovem.
Essas possuem elevada capacidade competitiva pelos recursos do meio como água, nutrientes
e luz, e se não manejadas corretamente afetam negativamente o crescimento vegetativo do
cafeeiro (Ronchi et al., 2006).
A fase inicial de crescimento do cafeeiro – compreendida entre o transplantio das
mudas até o segundo ano pós-plantio – é considerada a mais sensível à interferência das
plantas daninhas, sobretudo quando permanecem na linha de plantio da cultura (Ronchi et al.,
2003; 2007). Além disso, devido à rusticidade das plantas daninhas, estas se destacam na
rapidez e eficiência da utilização dos recursos do ambiente, levando vantagem sobre o
crescimento das culturas. Ronchi et al. (2007) observaram que plantas de café tiveram menor
acúmulo da matéria seca do sistema radicular quando se desenvolveram na presença de
Bidens pilosa e Sida rhombifolia.
Dentre as várias formas possíveis de interferência que ocorrem entre plantas daninhas
e cultura, três representam os efeitos negativos da interação: competição, amensalismo e
parasitismo, sendo a primeira a forma mais estudada (Radosevich et al., 1996). McNaughton
& Wolf (1973) definem competição como a interação biológica que ocorre entre dois ou mais
indivíduos quando os recursos são limitados ou quando a qualidade destes varia e a demanda
é dependente da qualidade. Segundo Barbour et al. (1987), competição é o efeito mutuamente
adverso de plantas que utilizam um recurso escasso. Plantas denominadas ‘boas
competidoras’ são aquelas que se utilizam de um recurso rapidamente ou que são capazes de
continuar a crescer mesmo com baixos níveis de recursos de produção (Radosevich et
al.,1996).
De acordo com Njoroge (1994) e Alfonsi et al. (2005), a competição de plantas
daninhas na cultura do café é bem destacada, haja vista que as raízes absorventes do cafeeiro
crescem superficialmente no solo, onde a maioria das raízes das plantas daninhas também se
desenvolvem. Ademais, as plantas daninhas interferem de tal forma sobre o cafeeiro que o
torna mais sensível ao déficit hídrico e dificulta prática no manejo como a varrição,
permitindo, assim, que grande número de grãos seja perdido na colheita. Isso, além de causar
quedas de produtividade, propicia a proliferação de pragas como a broca do cafeeiro
(Njoroge, 1994).
Dentre os vários fatores que determinam o grau de competição, merecem destaque o
período de convivência e a densidade de plantas daninhas. O período de competição refere-se
à época em que as plantas daninhas competem com as plantas cultivadas pelos fatores de
crescimento (Blanco, 1972). Blanco et al. (1982) demonstraram que, nas primeiras quatro
safras, em lavouras localizadas em regiões como a Sudeste, que apresentam estações “das
águas” e da “seca” bem definidas, o período de convivência situou-se entre os meses de
outubro e março, coincidindo com o período de maior precipitação e, também, com a floração
e frutificação do cafeeiro. Sugeriram, ainda, que o aumento na produção de café é
proporcional ao aumento do número de meses em que a lavoura fica livre (sem competição)
de plantas daninhas, no período de outubro a abril.
As plantas daninhas normalmente são vistas pelos cafeicultores apenas como
competidoras por água, luz e nutrientes e, por isso, são erradicadas do cafezal. Esse fato devese à divulgação de resultados de pesquisas (Ronchi et al., 2003) que evidenciaram a
interferência negativa das plantas daninhas sobre o cafeeiro. Atualmente, tem se nova visão
dos resultados das pesquisas citadas, considerando também o efeito benéfico dessas espécies
não cultivadas. Portanto, evidencia-se nova fase nas pesquisas sobre a competição com
plantas daninhas, em que conceitos de manejo integrado precisam ser explorados (Mortensen
et al., 2000). A presença de outras espécies na entrelinha do café pode trazer benefícios para a
cultura, como o aumento da diversidade biótica e o aumento da proteção da superfície do solo
contra o processo de erosão e imobilização de grandes quantidades de nutrientes.
Existem vários métodos para se estudar a competição entre diferentes espécies de
plantas, e cada um apresenta um tipo característico de bioensaio, no qual a resposta de uma
espécie é usada para descrever a influência de outras. Esses métodos agrupam-se em quatro
tipos comuns de experimentos: “aditivos”, “substitutivos”, “sistemáticos” e “vizinhança”. O
experimento aditivo consiste de duas espécies de plantas crescendo juntas num determinado
ambiente, em que a densidade de uma é mantida constante e a da outra é variável.
Objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos da interferência de Cenchrus
echinatus em diferentes densidades de infestação sobre o crescimento de mudas de café
(Coffea arabica L.)
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado em casa de vegetação no Departamento de Agronomia da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina/MG. Foram
utilizadas quatro cultivares de café (Coffea arabica ): IAC99, Oeiras, Sacramento e Paraíso.
Quando as mudas apresentaram com quatro a cinco pares de folhas completamente
expandidas, foram transplantadas para vasos com capacidade de 10 dm³ de solo argiloso,
adubado no plantio e em cobertura, de acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo de
Minas Gerais (Guimarães et al., 1999). Como substrato, utilizou-se terra de subsolo peneirada
e esterco de curral curtido (3:1). Para fornecimento de P 2O5, utilizou-se de superfosfato
simples (50 g por vaso), além de calcário dolomítico, a fim de elevar a saturação de bases para
60%. Adicionaram-se K2O (20 g por vaso) e N (5 g por vaso) aos vasos, sendo parcelados aos
30 e 60 dias após o transplantio. Depois de dez dias das mudas de café já transplantadas para
os vasos, foi realizado o transplantio de plântulas de C. echinatus. Para germinação da planta
daninha utilizou-se de bandejas com areia lavada, onde as plântulas depois de emergidas
foram transplantadas aos vasos. Os vasos em competição foram irrigados diariamente.
O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados em esquema
fatorial 5 x 4 (sendo cinco densidades de C. echinatus, 0, 2, 4, 6, 8 plantas/vaso e quatro
cultivares de café) , com quatro repetições. A unidade experimental foi constituída por um
vaso com uma muda de cafeeiro. O período de convivência das plantas de café com as plantas
daninhas foi compreendido do transplantio até o florescimento das plantas daninhas (90
DAT).
As avaliações nas plantas de café foram realizadas aos 30 e 90 dias após o plantio da
planta daninha, sendo mensuradas: altura (cm) e área foliar (cm²) do café, seguindo
metodologia proposta por Antunes et al. (2007). Aos 90 DAT, as plantas de café e as plantas
de Cenchrus echinatus foram coletadas, seccionadas rente ao caule e subdivididas em parte
aérea e sistema radicular onde foram acondicionadas em sacos de papel e levadas a estufa de
circulação forçada de ar (60˚ C) até massa constante, para determinação da massa seca de
raízes, do caule, das folhas e total das plantas de café e massa seca da planta daninha.
Para interpretação dos dados empregou-se a análise de variância, utilizando-se o teste
F (p ≤ 0,05). Efetuou-se o desdobramento da interação significativa, empregando-se o teste
tukey a 5% para comparação entre as cultivares de café e análise de regressão para as
densidades de Cenchrus echinathus.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para as variáveis matéria seca da raiz do café e Cenchrus echinathus, observou-se
efeito significativo da interação entre os fatores tempo, densidade e cultivar, assim como para
a densidade houve efeito significativo para a variável altura e área foliar nos cultivares de
café.
As plantas de sacramento, cultivadas com C. echinatus, independentemente da fase de
desenvolvimento do cafeeiro (30 ou 90 DAT), apresentaram menores índices de altura em
relação às outras cultivares (Gráfico 1). Para a variável área foliar, houve efeito significativo
para a densidade de plantio, sendo a IAC99 a que mais sofreu redução em relação às outras
cultivares aos 30 DAT, e sacramento aos 90 DAT.
Em relação massa seca da raiz das plantas de café, a diferença proporcionada pelas
plantas daninhas foi observada aos 90 DAT, quando o C. echinatus apresentou maior redução
dessa relação em convívio com o café, quando se comparada a variável de massa seca da parte
aérea de café. Assim, houve maior alocação dos fotoassimilados para a raiz e menor alocação
para a parte aérea do café. Houve, também, maior razão sistema radicular/parte aérea das
plantas de café em convivência com a C. echinatus, provavelmente devido a maior alocação
de fotoassimilados para a raiz nas plantas de café em convívio com esta espécie. Essa é uma
tentativa da planta em investir em determinado compartimento devido a maior carência de
recurso (Poorter & Nagel, 2000).
A matéria seca da parte aérea das plantas de café apresentaram diferenças entre as
densidades de plantas daninhas com as quais foram analisas aos 90 DAT, sendo sacramento a
cultivar que proporcionou menor acúmulo desta variável. As plantas de café que conviveram
com as plantas daninhas até 90 DAT apresentaram pouca redução na matéria seca. Este
resultado é devido ao maior tempo de desenvolvimento das mudas não podendo ser atribuído
somente ao efeito da competição das plantas daninhas. Silva et al. (2008) constataram que no
sistema convencional de cultivo, 80% da matéria seca das plantas daninhas foi atribuída à B.
plantaginea, afetando diretamente o rendimento das culturas. Esses resultados reforçam a
importância do manejo dessa espécie em áreas de cafeicultura em implantação. Essa é uma
tentativa da planta em investir em determinado compartimento devido a maior carência de
recurso (Poorter & Nagel, 2000). Para matéria seca da raiz das plantas de café, todos os
cultivares apresentaram diferenças bem próximas uns dos outros, sendo o IAC99 o que
apresentou a maior diferença, com 9,67g em relação ao cultivar livre de competição. Fialho et
al., 2011, estudando quatro espécies de plantas daninhas (Digitaria horizontalis, Brachiaria
decumbens, Brachiaria plantaginea e Mucuna aterrima), observou que M. aterrima foi a que
mais afetou o crescimento do cafeeiro (altura de plantas, área foliar, matéria seca do caule e
das folhas e diâmetro do coleto), mesmo em baixas densidades.
As plantas de café que conviveram com a planta daninha apresentaram modelo de
redução quadrática para a variável altura à medida que se aumentou a densidade de C.
echinatus, tanto aos 30 com aos 90 DAT. Entre as cultivares, o sacramento foi o que mais se
alterou com a máxima densidade. Com o aumento da densidade dessa espécie daninha, a
altura do cultivar passou de 42,45cm para 25,88cm aos 30 DAP, sofrendo uma redução da
taxa de crescimento na ordem de 16,57 cm (38,99%), sendo que aos 90 DAP, essa redução foi
de 14,1cm, passando de 44,50cm para 30,40cm (31,68%), quando comparadas com a planta
livre da competição. Nessa densidade, IAC99, oeiras e paraíso, sofreram redução da taxa de
crescimento, com menor incremento de altura na ordem de 30,34%, 13,55% e 12,70% aos 30
DAP e 31,18%, 17,23%, 19,87% aos 90 dias, respectivamente, quando comparadas com as
plantas livres da competição (Figura 1).
A
B
YIAC99 = 38,07-0,5584X-0,09357X2; R2 = 0,94
- - - - - YOeiras = 39,07 + 0,303X - 0,1175X2; R2 = 0,98
2 2
...... Y
Paraiso = 39,01 + 0,1970X - 0,0875X ; R = 0,82
-- -- -- YSacramento = 41,84 - 2,404X + 0,0619X2; R2 = 0,97
45
50
Altura de plantas de café (cm)
Altura de plantas de café (cm)
50
40
35
30
__ __ __
45
YIAC99 = 42,87-1,759X; R2 = 0,98
YOeiras = 42,53-0,0002X4,9886; R2 = 0,96
YParaíso = 42,82-0,0281X2,7075; R2 = 0,96
YSacramento = 44,38-1,625X; R2 = 0,96
40
35
30
25
0
0
0
2
4
6
8
Densidade de Cenchrus echinatus/vaso
0
2
4
6
8
Densidade de Cenchrus echinatus/vaso
Figura 1 – Altura de plantas de café submetidas à competição de Cenchrus echinathus
em diferentes densidades de plantas, aos 30 (A) e 90 (B) dias após o início da convivência.
As plantas de café que passaram a conviver com as plantas daninhas até os 90 DAP
apresentaram maiores índices de altura, este resultado é devido ao maior tempo de
desenvolvimento das mudas não podendo ser atribuído somente ao efeito da competição das
plantas daninhas. Em trabalhos similares com plantas de café, vasos de 12 L podem ter
superestimado a competição de plantas daninhas, pelo tamanho reduzido do vaso associado ao
tempo de cultivo prolongado (Ronchi et al., 2006). Observou-se, que o efeito negativo
causado pelo aumento da densidade de plantas daninhas foi mais expressivo em plantas mais
jovens de café, sendo estas mais sensíveis à interferência das plantas daninhas. Ronchi et al.
(2006), estudando a interferência de plantas daninhas sobre plantas de café em sua fase inicial
de desenvolvimento (30 DAT), observaram que Bidens pilosa, Commelina diffusa, Leonurus
sibiricus e Richardia brasiliensis causaram redução drástica no crescimento de plantas de
café, principalmente com o aumento da densidade.
Observou-se redução quadrática da área foliar do café à medida que se aumentou a
densidade de plantas daninhas (Figura 2), sendo que apenas para a cultivar sacramento,
observou-se uma redução linear com o aumento da densidade de plantas daninhas. Para as
plantas de café que desenvolveram na ausência de plantas daninhas aos 30 DAT, o maior
índice de área foliar foi observado na cultivar oeiras, sendo de 2.600,49 cm², tendo uma
redução de 33,56% quando se comparada com a maior densidade de plantas daninhas,
enquanto que para as plantas de café que conviveram com a máxima densidade de plantas
daninhas este índice chegou a apenas 1.049,6 cm², observado na cultivar IAC 99, oque
YIAC 99 = 2346,0 - 30,56X - 23,74X2; R2 = 0,99
YOeiras = 2612,63 - 28,89X - 17,91X2; R2 = 0,98
YParaíso = 2206,25 - 69,44X - 23,06X2; R2 = 0,99
__ __ __
YSacramento = 2167,93 - 136,04X; R2 = 0,96
Área foliar de plantas de café (cm2)
2800
2600
2400
2200
2000
1800
1600
1400
1200
1000
Área Foliar de plantas de café (cm²)
representa uma redução de 55,26%.
YIAC 99 = 3155,91 - 291,69X + 17,2954X2; R2 = 0,98
YOeiras = 3006,05 + 48,25X - 28,68X2; R2 = 0,98
YParaíso = 3158,34 - 111,88X - 8,158X2; R2 = 0,98
2 2
__ __ __ Y
Sacramento = 3164,14 - 385,42X + 25,46X ; R = 0,98
3300
3000
2700
2400
2100
1800
1500
1200
0
0
0
2
4
6
Densidade de Cenchrus echinatus/vaso
8
0
2
4
6
8
Densidade de Cenchrus echinatus/vaso
Figura 2 – Área foliar do café em função da densidade de plantas daninhas aos 30 e 90 DAT
respectivamente.
Segundo Marcolini et al. (2009), em trabalhos avaliando a interferência da densidade
de B. decumbens sobre plantas jovens de café, todas as características avaliadas foram
afetadas negativamente pela interferência da gramínea, sendo que a área foliar e a matéria
seca de folhas mostraram-se mais sensíveis à interferência. Foi observado aos 30 DAT que a
cultivar IAC99 teve o índice de área foliar reduzido em 1.296,67m² em comparação com as
plantas livres de competição e com a maior densidade de plantas daninhas, enquanto que a
cultivar Oeiras foi a que apresentou um menor índice de redução (872,95 m²). Para o período
de 90 DAT, foi observado que Sacramento e Oeiras tiveram as maiores reduções, sendo as
mesmas na ordem de 47,51% e 46,95% respectivamente, e a cultivar IAC99 teve o menor
índice, sendo o mesmo de 40,80%, na densidade de oito plantas por vaso. (Figura 2).
Independentemente da idade do cafeeiro, houve redução linear da matéria seca da
parte aérea com o aumento da densidade das plantas daninhas. Somente para a cultivar IAC
99 que houve uma redução quadrática. Observou-se que, para a cultivar Sacramento aos 90
DAT, a diferença de matéria seca foi de 11,68 g (45,48%) entre a testemunha e a máxima
densidade de plantas daninhas. Para as cultivares Oeiras e Paraíso, os índices observados
foram de 34,26% e 32,23% respectivamente, sendo que para a IAC99 foi de 5,9g (25,54%)
(Figura 3). Marcolini et al. (2009), verificaram que a B. decumbens, quando se desenvolveu
perto das plantas de café, proporcionou efeito negativo pronunciado com o aumento da
densidade das plantas daninhas, enquanto aos 10 e 20 cm de distância, o efeito foi mais
pronunciado com a densidade de 16 plantas m².
Matéria seca da parte aérea de
plantas de café (g)
35
30
__ __ __
YIAC99 = 23,42 - 0,0500X - 0,1100X2; R2 = 0,95
YOeiras = 29,50 - 1,332X; R2 = 0,96
YParaíso = 26,87 - 1,085X; R2 = 0,97
YSacramento = 26,28 - 1,5580X; R2 = 0,98
25
20
15
10
0
0
2
4
6
8
Densidade de Cenchrus echinatus/vaso
Figura 3 – Variação da matéria seca da parte aérea das cultivares de café em relação à
densidade de plantas daninhas aos 90 DAT.
As plantas de café que passaram a conviver com as plantas daninhas a te os 90 DAT
apresentaram reduções quadráticas no acúmulo da matéria seca de raiz do café para todas as
cultivares (Figura 4). Estudos mostram que às plantas de café aos 180 DAT apresentaram
maior formação de sistema radicular e, portanto, menor interferência das plantas daninhas
Todavia para as plantas de café que passam a conviver com as plantas daninhas aos 180 DAT,
na densidade de duas e quatro plantas por vaso, a B. plantaginea proporcionou menor
acúmulo de matéria seca de raízes do café. Segundo McCully, 1999, as interações entre raizraiz e raiz-solo são muito complexas. Uma série de fatores tanto do meio de desenvolvimento
como do próprio sistema radicular (fisiologia da raiz, tamanho do sistema radicular,
distribuição, arquitetura, taxa de crescimento) vão influenciar no desenvolvimento e na
capacidade competitiva de cada planta. Além disso, a importância desses fatores vai depender
do meio de cultivo, disponibilidade de água, nutrientes, toxicidade, deficiências, estrutura do
solo e doenças (Dunbadin, 2007). Provavelmente, devido ao maior desenvolvimento do café
aos 180 DAT, que proporcionou maior sombreamento das plantas daninhas, ou pela própria
limitação física de desenvolvimento das raízes das plantas daninhas. Sendo assim, as plantas
mais jovens de café são mais sensíveis à interferência das plantas daninhas. Outro fator de
competição entre planta daninha e a cultura do café são as raízes absorventes do cafeeiro que
crescem superficialmente no solo, onde a maioria das raízes das plantas daninhas ocorre
(Njoroge, 1994). Estudos revelam que o que confere a capacidade competitiva as plantas
daninhas é a capacidade de ocuparem o volume do solo e a alta taxa de crescimento,
característica que a maioria destas espécies possui, aumentando a interferência durante o
estabelecimento da cultura (Craine, 2006).
__ __ __
Matéria seca da raiz de plantas de café (g)
25
YIAC99 = 21,03-0,6824X-0,0911X2; R2 = 0,91
YOeiras = 23,04 - 0,1821X - 0,0829X2; R2 = 0,96
YParaíso = 23,09 + 0,1134X - 0,1141X2; R2 = 0,95
YSacramento = 21,87 - 0,7414X - 0,0409X2; R2 = 0,91
20
15
10
0
0
2
4
6
8
Densidade de Cenchrus echinatus/vaso
Figura 4 - Variação da matéria seca da raiz das cultivares de café em relação à
densidade de plantas daninhas aos 90 DAT.
Em experimentos de curta duração, com suprimento homogêneo de recursos, as
plantas alocam maior proporção de fotoassimilados para os órgãos responsáveis pela
aquisição de recursos que estão limitados no ambiente (Shipley & Meziane, 2002). Por outro
lado, em condições de campo e por período de tempo mais longo, a disponibilidade de
recursos do ambiente costuma ser temporalmente heterogênea, não se verificando alocação
diferenciada de carboidratos entre raízes e parte aérea das plantas (Cahill Jr., 2003). O menor
desenvolvimento do sistema radicular das plantas de café pode estar relacionado ao maior
acúmulo de matéria seca das raízes de plantas daninhas, devido à sua maior habilidade
competitiva por nutrientes (Fialho et al., 2011). A competição por recursos do solo e radiação
solar não é independente, e tanto o sistema radicular como a parte aérea das plantas efetuam
trocas rápidas no que se refere à alocação de fotoassimilados, quando uma ou outra fração é
mais exigida para enfrentar a competição (Cahill Jr., 2002).
Segundo Bianco et al. (2005), a B. decumbens é espécie muito exigente em termos
nutricionais comparado a outras gramíneas. Dessa forma, dependendo da fase de
desenvolvimento da planta e da intensidade da competição, pode ocorrer alternância na
importância relativa da competição por recursos abaixo e acima da superfície do solo.
Contudo, a competição que ocorre nas fases iniciais de desenvolvimento por recursos do solo
(Semere & Froud-Williams, 2001) e a modulação do crescimento devido à qualidade de
radiação solar (Ballaré & Casal, 2000; Almeida & Mundstock, 2001) definem o padrão de
crescimento futuro de uma planta em relação aos seus vizinhos. As plantas daninhas,
desenvolvendo-se juntamente com o café, proporcionaram interação negativa para ambas as
espécies, havendo menor acúmulo da variável de altura, área foliar e matéria seca total das
plantas de café, principalmente à medida que se aumentou a densidade das plantas daninhas.
As plantas de café mais jovens (30 DAT) parecem ser mais sensíveis à interferência das
plantas daninhas, pois houve menor acúmulo das variáveis de crescimento, principalmente
com a máxima densidade de plantas, sendo que as cultivares sacramento e IAC99
apresentaram as maiores reduções para a maioria das variáveis.
No tocante relação às características das plantas daninhas, a matéria seca da parte
aérea e a matéria seca da raiz variaram com a densidade. O crescimento inicial das plantas
daninhas diminui com o aumento da densidade, ou seja, em baixas densidades, a produção
total de biomassa é determinada por poucas plantas maiores, e em altas densidades, por
muitas plantas menores. (Fialho et al., 2011). O acúmulo de matéria seca do sistema radicular
das plantas daninhas na maior densidade foi de 1,87 g sendo que para a menor densidade foi
de 2,7g, sendo que para a matéria seca da parte aérea, foram observados 1,83 e 3,29 g para a
maior e menor densidade respectivamente. (Figura 5).
Matéria seca de Cenchrus echinatus (g)
3,5
YMSRPD = 3,0050 - 0,1385X; R2 = 0,99
2 2
....... Y
MSPAPD = 4,0950 - 0,4430X + 0,0200X ; R = 0,97
3,0
2,5
2,0
1,5
0,0
2
4
6
8
Densidade de Cenchrus echinatus/vaso
Figura 5 - Variação da matéria seca da raiz e da parte aérea de Cencruhs echinatus em
relação à densidade.
CONCLUSÃO
Há relação negativa entre a densidade de plantas daninhas em competição com plantas
jovens de café e as variáveis de crescimento dessas plantas, evidenciando a necessidade de
controle inicial das plantas daninhas na linha da cultura, principalmente pelo rápido
crescimento e alta habilidade competitiva dessas espécies daninhas com a cultura do café. Em
campo, nas plantações jovens de café, as densidades de plantas daninhas são muito superiores
às estudadas (até 64 plantas m-2), podendo haver efeitos semelhantes aos encontrados neste
trabalho, com atraso no desenvolvimento do cafeeiro e posterior redução da produtividade.
Para as plantas de café que passaram a conviver com as espécies de plantas daninhas
aos 30 DAT, houve maior sensibilidade à competição com a C. echinatus, sendo que a
cultivar Sacramento apresentou as maiores reduções para incremento de altura (30 e 90 DAT),
e área foliar aos 90 DAT. Foi observado também, para essa cultivar a maior redução na
matéria seca da parte aérea. Houve maior redução para a área foliar aos 30 DAT para a
cultivar IAC99 como também para matéria seca da raiz do café. O aumento da densidade de
plantas daninhas promoveu reduções significativas para as cultivares estudadas.
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