UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI - UFVJM FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - FCA CURSO DE AGRONOMIA INTERFERÊNCIA DE CENCHRUS ECHINATUS SOBRE O CRESCIMENTO INICIAL DE PLANTAS DE CAFÉ (COFFEA ARABICA L.) JULIANO MIARI CORRÊA Diamantina 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI - UFVJM FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - FCA CURSO DE AGRONOMIA INTERFERÊNCIA DE CENCHRUS ECHINATUS SOBRE O CRESCIMENTO INICIAL DE PLANTAS DE CAFÉ (COFFEA ARABICA L.) JULIANO MIARI CORRÊA Orientador (a): Pro. Dr.ANDRÉ CABRAL FRANÇA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Agronomia, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do curso. Diamantina 2012 INTERFERÊNCIA DE CENCHRUS ECHINATUS SOBRE O CRESCIMENTO INICIAL DE PLANTAS DE CAFÉ (COFFEA ARABICA L.) Juliano Miari Corrêa Orientador(a): Pro. Dr. André Cabral França Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Agronomia, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do curso. APROVADO em ..../..../.... ______________________________ Mestranda Lilian Alves Carvalho Reis - UFVJM ______________________________ Mestrando Moisés de Avellar - UFVJM _______________________________ Pro. Dr. André Cabral França – UFVJM SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 01 2 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 03 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 04 4 CONCLUSÃO..................................................................................................... 10 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 11 AUTORIZAÇÃO Autorizo a reprodução e/ou divulgação total ou parcial do presente trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, desde que citada à fonte. ____________________________________ Juliano Miari Corrêa [email protected] Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Campus JK - Rodovia MGT 367 - Km 583, nº 5000, Bairro Alto da Jacuba, Diamantina/MG. Interferência de Cenchrus echinatus sobre o crescimento inicial de plantas de café (Coffea arabica L.) CORRÊA, J. M. (FCA – UFVJM, Diamantina/MG – [email protected]); FREITAS, A. F. (UFVJM, DIAMANTINA/MG - [email protected]); MARINHO, R. L. S. (UFVJM, DIAMANTINA/M - [email protected]) FRANÇA, A. C. (DAG – UFVJM, Diamantina/MG – [email protected]); RESUMO: Objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos da interferência de Cenchrus echinatus em diferentes densidades de infestação sobre o crescimento de mudas de café (Coffea arabica L.). Utilizou-se de quatro cultivares de C. arabica, sendo: IAC99, Oeiras, Sacramento e Paraíso. Quando as mudas se apresentaram com quatro a cinco pares de folhas definitivas, as mesmas foram plantadas em vasos de 10 dm³. Utilizou-se do delineamento experimental em blocos casualizados, em esquema fatorial (5 x 4) (sendo cinco densidades de C. echinatus, 0, 2, 4, 6, 8 plantas/vaso e quatro cultivares de café), com quatro repetições. Ocorreu uma relação negativa entre a densidade de plantas daninhas com a as variáveis de crescimento matéria seca da raiz e matéria seca da parte aérea da planta daninha. A planta daninha Cenchrus echinatus, em todas as densidades, proporcionou interferência negativa em todas as características avaliadas como altura, área foliar, matéria seca da raiz e matéria seca da parte aérea. As cultivares Sacramento e IAC99 mostraram-se mais sensíveis pela competição com esta planta daninha. Palavras-chave: Interferência, planta daninha, densidade, competição. ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the effects of interference from Cenchrus echinatus at different infestation densities on the growth of coffee seedlings (Coffea arabica L.) at 30 and 90 days. Cultivars were used four C. arabica, with: IAC99, Oeiras, Sacramento, and Paradise. When the seedlings were presented with four to five pairs of true leaves, they were planted in pots of 10 dm ³. The experimental design was randomized blocks in factorial scheme (5 x 4 + 4) (five densities of C. echinatus, 0, 2, 4, 6, 8 plants / pot, four varieties of coffee and four additive treatments C. echinatus in all densities away from the coffee plants), with four replications. At 30 and 90 DAP were determined height and leaf area of the coffee plant and at 90 DAP were determined the dry mass of shoots and roots of the plants. The weed in all densities resulted in negative interference characteristics. The Sacramento and IAC99 was the most sensitive cultivar by competition with this weed. keywords: Interference, weed, density, competition. INTRODUÇÃO Dentre as culturas de grande importância na economia do Brasil, o café é uma das mais importantes, sendo uma commodity internacional, gerando cerca de US$ 90 bilhões a cada ano e envolvendo cerca de 500 milhões de pessoas no manejo, do cultivo ao produto final de consumo (Antunes et al., 2008). O Brasil sendo o maior produtor mundial de café, a produtividade dessa cultura é baixa em relação ao potencial das áreas implantadas. Entre as principais causas dessa baixa produtividade destaca-se a interferência das plantas daninhas com a cultura do café jovem. Essas possuem elevada capacidade competitiva pelos recursos do meio como água, nutrientes e luz, e se não manejadas corretamente afetam negativamente o crescimento vegetativo do cafeeiro (Ronchi et al., 2006). A fase inicial de crescimento do cafeeiro – compreendida entre o transplantio das mudas até o segundo ano pós-plantio – é considerada a mais sensível à interferência das plantas daninhas, sobretudo quando permanecem na linha de plantio da cultura (Ronchi et al., 2003; 2007). Além disso, devido à rusticidade das plantas daninhas, estas se destacam na rapidez e eficiência da utilização dos recursos do ambiente, levando vantagem sobre o crescimento das culturas. Ronchi et al. (2007) observaram que plantas de café tiveram menor acúmulo da matéria seca do sistema radicular quando se desenvolveram na presença de Bidens pilosa e Sida rhombifolia. Dentre as várias formas possíveis de interferência que ocorrem entre plantas daninhas e cultura, três representam os efeitos negativos da interação: competição, amensalismo e parasitismo, sendo a primeira a forma mais estudada (Radosevich et al., 1996). McNaughton & Wolf (1973) definem competição como a interação biológica que ocorre entre dois ou mais indivíduos quando os recursos são limitados ou quando a qualidade destes varia e a demanda é dependente da qualidade. Segundo Barbour et al. (1987), competição é o efeito mutuamente adverso de plantas que utilizam um recurso escasso. Plantas denominadas ‘boas competidoras’ são aquelas que se utilizam de um recurso rapidamente ou que são capazes de continuar a crescer mesmo com baixos níveis de recursos de produção (Radosevich et al.,1996). De acordo com Njoroge (1994) e Alfonsi et al. (2005), a competição de plantas daninhas na cultura do café é bem destacada, haja vista que as raízes absorventes do cafeeiro crescem superficialmente no solo, onde a maioria das raízes das plantas daninhas também se desenvolvem. Ademais, as plantas daninhas interferem de tal forma sobre o cafeeiro que o torna mais sensível ao déficit hídrico e dificulta prática no manejo como a varrição, permitindo, assim, que grande número de grãos seja perdido na colheita. Isso, além de causar quedas de produtividade, propicia a proliferação de pragas como a broca do cafeeiro (Njoroge, 1994). Dentre os vários fatores que determinam o grau de competição, merecem destaque o período de convivência e a densidade de plantas daninhas. O período de competição refere-se à época em que as plantas daninhas competem com as plantas cultivadas pelos fatores de crescimento (Blanco, 1972). Blanco et al. (1982) demonstraram que, nas primeiras quatro safras, em lavouras localizadas em regiões como a Sudeste, que apresentam estações “das águas” e da “seca” bem definidas, o período de convivência situou-se entre os meses de outubro e março, coincidindo com o período de maior precipitação e, também, com a floração e frutificação do cafeeiro. Sugeriram, ainda, que o aumento na produção de café é proporcional ao aumento do número de meses em que a lavoura fica livre (sem competição) de plantas daninhas, no período de outubro a abril. As plantas daninhas normalmente são vistas pelos cafeicultores apenas como competidoras por água, luz e nutrientes e, por isso, são erradicadas do cafezal. Esse fato devese à divulgação de resultados de pesquisas (Ronchi et al., 2003) que evidenciaram a interferência negativa das plantas daninhas sobre o cafeeiro. Atualmente, tem se nova visão dos resultados das pesquisas citadas, considerando também o efeito benéfico dessas espécies não cultivadas. Portanto, evidencia-se nova fase nas pesquisas sobre a competição com plantas daninhas, em que conceitos de manejo integrado precisam ser explorados (Mortensen et al., 2000). A presença de outras espécies na entrelinha do café pode trazer benefícios para a cultura, como o aumento da diversidade biótica e o aumento da proteção da superfície do solo contra o processo de erosão e imobilização de grandes quantidades de nutrientes. Existem vários métodos para se estudar a competição entre diferentes espécies de plantas, e cada um apresenta um tipo característico de bioensaio, no qual a resposta de uma espécie é usada para descrever a influência de outras. Esses métodos agrupam-se em quatro tipos comuns de experimentos: “aditivos”, “substitutivos”, “sistemáticos” e “vizinhança”. O experimento aditivo consiste de duas espécies de plantas crescendo juntas num determinado ambiente, em que a densidade de uma é mantida constante e a da outra é variável. Objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos da interferência de Cenchrus echinatus em diferentes densidades de infestação sobre o crescimento de mudas de café (Coffea arabica L.) MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em casa de vegetação no Departamento de Agronomia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina/MG. Foram utilizadas quatro cultivares de café (Coffea arabica ): IAC99, Oeiras, Sacramento e Paraíso. Quando as mudas apresentaram com quatro a cinco pares de folhas completamente expandidas, foram transplantadas para vasos com capacidade de 10 dm³ de solo argiloso, adubado no plantio e em cobertura, de acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo de Minas Gerais (Guimarães et al., 1999). Como substrato, utilizou-se terra de subsolo peneirada e esterco de curral curtido (3:1). Para fornecimento de P 2O5, utilizou-se de superfosfato simples (50 g por vaso), além de calcário dolomítico, a fim de elevar a saturação de bases para 60%. Adicionaram-se K2O (20 g por vaso) e N (5 g por vaso) aos vasos, sendo parcelados aos 30 e 60 dias após o transplantio. Depois de dez dias das mudas de café já transplantadas para os vasos, foi realizado o transplantio de plântulas de C. echinatus. Para germinação da planta daninha utilizou-se de bandejas com areia lavada, onde as plântulas depois de emergidas foram transplantadas aos vasos. Os vasos em competição foram irrigados diariamente. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 5 x 4 (sendo cinco densidades de C. echinatus, 0, 2, 4, 6, 8 plantas/vaso e quatro cultivares de café) , com quatro repetições. A unidade experimental foi constituída por um vaso com uma muda de cafeeiro. O período de convivência das plantas de café com as plantas daninhas foi compreendido do transplantio até o florescimento das plantas daninhas (90 DAT). As avaliações nas plantas de café foram realizadas aos 30 e 90 dias após o plantio da planta daninha, sendo mensuradas: altura (cm) e área foliar (cm²) do café, seguindo metodologia proposta por Antunes et al. (2007). Aos 90 DAT, as plantas de café e as plantas de Cenchrus echinatus foram coletadas, seccionadas rente ao caule e subdivididas em parte aérea e sistema radicular onde foram acondicionadas em sacos de papel e levadas a estufa de circulação forçada de ar (60˚ C) até massa constante, para determinação da massa seca de raízes, do caule, das folhas e total das plantas de café e massa seca da planta daninha. Para interpretação dos dados empregou-se a análise de variância, utilizando-se o teste F (p ≤ 0,05). Efetuou-se o desdobramento da interação significativa, empregando-se o teste tukey a 5% para comparação entre as cultivares de café e análise de regressão para as densidades de Cenchrus echinathus. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para as variáveis matéria seca da raiz do café e Cenchrus echinathus, observou-se efeito significativo da interação entre os fatores tempo, densidade e cultivar, assim como para a densidade houve efeito significativo para a variável altura e área foliar nos cultivares de café. As plantas de sacramento, cultivadas com C. echinatus, independentemente da fase de desenvolvimento do cafeeiro (30 ou 90 DAT), apresentaram menores índices de altura em relação às outras cultivares (Gráfico 1). Para a variável área foliar, houve efeito significativo para a densidade de plantio, sendo a IAC99 a que mais sofreu redução em relação às outras cultivares aos 30 DAT, e sacramento aos 90 DAT. Em relação massa seca da raiz das plantas de café, a diferença proporcionada pelas plantas daninhas foi observada aos 90 DAT, quando o C. echinatus apresentou maior redução dessa relação em convívio com o café, quando se comparada a variável de massa seca da parte aérea de café. Assim, houve maior alocação dos fotoassimilados para a raiz e menor alocação para a parte aérea do café. Houve, também, maior razão sistema radicular/parte aérea das plantas de café em convivência com a C. echinatus, provavelmente devido a maior alocação de fotoassimilados para a raiz nas plantas de café em convívio com esta espécie. Essa é uma tentativa da planta em investir em determinado compartimento devido a maior carência de recurso (Poorter & Nagel, 2000). A matéria seca da parte aérea das plantas de café apresentaram diferenças entre as densidades de plantas daninhas com as quais foram analisas aos 90 DAT, sendo sacramento a cultivar que proporcionou menor acúmulo desta variável. As plantas de café que conviveram com as plantas daninhas até 90 DAT apresentaram pouca redução na matéria seca. Este resultado é devido ao maior tempo de desenvolvimento das mudas não podendo ser atribuído somente ao efeito da competição das plantas daninhas. Silva et al. (2008) constataram que no sistema convencional de cultivo, 80% da matéria seca das plantas daninhas foi atribuída à B. plantaginea, afetando diretamente o rendimento das culturas. Esses resultados reforçam a importância do manejo dessa espécie em áreas de cafeicultura em implantação. Essa é uma tentativa da planta em investir em determinado compartimento devido a maior carência de recurso (Poorter & Nagel, 2000). Para matéria seca da raiz das plantas de café, todos os cultivares apresentaram diferenças bem próximas uns dos outros, sendo o IAC99 o que apresentou a maior diferença, com 9,67g em relação ao cultivar livre de competição. Fialho et al., 2011, estudando quatro espécies de plantas daninhas (Digitaria horizontalis, Brachiaria decumbens, Brachiaria plantaginea e Mucuna aterrima), observou que M. aterrima foi a que mais afetou o crescimento do cafeeiro (altura de plantas, área foliar, matéria seca do caule e das folhas e diâmetro do coleto), mesmo em baixas densidades. As plantas de café que conviveram com a planta daninha apresentaram modelo de redução quadrática para a variável altura à medida que se aumentou a densidade de C. echinatus, tanto aos 30 com aos 90 DAT. Entre as cultivares, o sacramento foi o que mais se alterou com a máxima densidade. Com o aumento da densidade dessa espécie daninha, a altura do cultivar passou de 42,45cm para 25,88cm aos 30 DAP, sofrendo uma redução da taxa de crescimento na ordem de 16,57 cm (38,99%), sendo que aos 90 DAP, essa redução foi de 14,1cm, passando de 44,50cm para 30,40cm (31,68%), quando comparadas com a planta livre da competição. Nessa densidade, IAC99, oeiras e paraíso, sofreram redução da taxa de crescimento, com menor incremento de altura na ordem de 30,34%, 13,55% e 12,70% aos 30 DAP e 31,18%, 17,23%, 19,87% aos 90 dias, respectivamente, quando comparadas com as plantas livres da competição (Figura 1). A B YIAC99 = 38,07-0,5584X-0,09357X2; R2 = 0,94 - - - - - YOeiras = 39,07 + 0,303X - 0,1175X2; R2 = 0,98 2 2 ...... Y Paraiso = 39,01 + 0,1970X - 0,0875X ; R = 0,82 -- -- -- YSacramento = 41,84 - 2,404X + 0,0619X2; R2 = 0,97 45 50 Altura de plantas de café (cm) Altura de plantas de café (cm) 50 40 35 30 __ __ __ 45 YIAC99 = 42,87-1,759X; R2 = 0,98 YOeiras = 42,53-0,0002X4,9886; R2 = 0,96 YParaíso = 42,82-0,0281X2,7075; R2 = 0,96 YSacramento = 44,38-1,625X; R2 = 0,96 40 35 30 25 0 0 0 2 4 6 8 Densidade de Cenchrus echinatus/vaso 0 2 4 6 8 Densidade de Cenchrus echinatus/vaso Figura 1 – Altura de plantas de café submetidas à competição de Cenchrus echinathus em diferentes densidades de plantas, aos 30 (A) e 90 (B) dias após o início da convivência. As plantas de café que passaram a conviver com as plantas daninhas até os 90 DAP apresentaram maiores índices de altura, este resultado é devido ao maior tempo de desenvolvimento das mudas não podendo ser atribuído somente ao efeito da competição das plantas daninhas. Em trabalhos similares com plantas de café, vasos de 12 L podem ter superestimado a competição de plantas daninhas, pelo tamanho reduzido do vaso associado ao tempo de cultivo prolongado (Ronchi et al., 2006). Observou-se, que o efeito negativo causado pelo aumento da densidade de plantas daninhas foi mais expressivo em plantas mais jovens de café, sendo estas mais sensíveis à interferência das plantas daninhas. Ronchi et al. (2006), estudando a interferência de plantas daninhas sobre plantas de café em sua fase inicial de desenvolvimento (30 DAT), observaram que Bidens pilosa, Commelina diffusa, Leonurus sibiricus e Richardia brasiliensis causaram redução drástica no crescimento de plantas de café, principalmente com o aumento da densidade. Observou-se redução quadrática da área foliar do café à medida que se aumentou a densidade de plantas daninhas (Figura 2), sendo que apenas para a cultivar sacramento, observou-se uma redução linear com o aumento da densidade de plantas daninhas. Para as plantas de café que desenvolveram na ausência de plantas daninhas aos 30 DAT, o maior índice de área foliar foi observado na cultivar oeiras, sendo de 2.600,49 cm², tendo uma redução de 33,56% quando se comparada com a maior densidade de plantas daninhas, enquanto que para as plantas de café que conviveram com a máxima densidade de plantas daninhas este índice chegou a apenas 1.049,6 cm², observado na cultivar IAC 99, oque YIAC 99 = 2346,0 - 30,56X - 23,74X2; R2 = 0,99 YOeiras = 2612,63 - 28,89X - 17,91X2; R2 = 0,98 YParaíso = 2206,25 - 69,44X - 23,06X2; R2 = 0,99 __ __ __ YSacramento = 2167,93 - 136,04X; R2 = 0,96 Área foliar de plantas de café (cm2) 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 Área Foliar de plantas de café (cm²) representa uma redução de 55,26%. YIAC 99 = 3155,91 - 291,69X + 17,2954X2; R2 = 0,98 YOeiras = 3006,05 + 48,25X - 28,68X2; R2 = 0,98 YParaíso = 3158,34 - 111,88X - 8,158X2; R2 = 0,98 2 2 __ __ __ Y Sacramento = 3164,14 - 385,42X + 25,46X ; R = 0,98 3300 3000 2700 2400 2100 1800 1500 1200 0 0 0 2 4 6 Densidade de Cenchrus echinatus/vaso 8 0 2 4 6 8 Densidade de Cenchrus echinatus/vaso Figura 2 – Área foliar do café em função da densidade de plantas daninhas aos 30 e 90 DAT respectivamente. Segundo Marcolini et al. (2009), em trabalhos avaliando a interferência da densidade de B. decumbens sobre plantas jovens de café, todas as características avaliadas foram afetadas negativamente pela interferência da gramínea, sendo que a área foliar e a matéria seca de folhas mostraram-se mais sensíveis à interferência. Foi observado aos 30 DAT que a cultivar IAC99 teve o índice de área foliar reduzido em 1.296,67m² em comparação com as plantas livres de competição e com a maior densidade de plantas daninhas, enquanto que a cultivar Oeiras foi a que apresentou um menor índice de redução (872,95 m²). Para o período de 90 DAT, foi observado que Sacramento e Oeiras tiveram as maiores reduções, sendo as mesmas na ordem de 47,51% e 46,95% respectivamente, e a cultivar IAC99 teve o menor índice, sendo o mesmo de 40,80%, na densidade de oito plantas por vaso. (Figura 2). Independentemente da idade do cafeeiro, houve redução linear da matéria seca da parte aérea com o aumento da densidade das plantas daninhas. Somente para a cultivar IAC 99 que houve uma redução quadrática. Observou-se que, para a cultivar Sacramento aos 90 DAT, a diferença de matéria seca foi de 11,68 g (45,48%) entre a testemunha e a máxima densidade de plantas daninhas. Para as cultivares Oeiras e Paraíso, os índices observados foram de 34,26% e 32,23% respectivamente, sendo que para a IAC99 foi de 5,9g (25,54%) (Figura 3). Marcolini et al. (2009), verificaram que a B. decumbens, quando se desenvolveu perto das plantas de café, proporcionou efeito negativo pronunciado com o aumento da densidade das plantas daninhas, enquanto aos 10 e 20 cm de distância, o efeito foi mais pronunciado com a densidade de 16 plantas m². Matéria seca da parte aérea de plantas de café (g) 35 30 __ __ __ YIAC99 = 23,42 - 0,0500X - 0,1100X2; R2 = 0,95 YOeiras = 29,50 - 1,332X; R2 = 0,96 YParaíso = 26,87 - 1,085X; R2 = 0,97 YSacramento = 26,28 - 1,5580X; R2 = 0,98 25 20 15 10 0 0 2 4 6 8 Densidade de Cenchrus echinatus/vaso Figura 3 – Variação da matéria seca da parte aérea das cultivares de café em relação à densidade de plantas daninhas aos 90 DAT. As plantas de café que passaram a conviver com as plantas daninhas a te os 90 DAT apresentaram reduções quadráticas no acúmulo da matéria seca de raiz do café para todas as cultivares (Figura 4). Estudos mostram que às plantas de café aos 180 DAT apresentaram maior formação de sistema radicular e, portanto, menor interferência das plantas daninhas Todavia para as plantas de café que passam a conviver com as plantas daninhas aos 180 DAT, na densidade de duas e quatro plantas por vaso, a B. plantaginea proporcionou menor acúmulo de matéria seca de raízes do café. Segundo McCully, 1999, as interações entre raizraiz e raiz-solo são muito complexas. Uma série de fatores tanto do meio de desenvolvimento como do próprio sistema radicular (fisiologia da raiz, tamanho do sistema radicular, distribuição, arquitetura, taxa de crescimento) vão influenciar no desenvolvimento e na capacidade competitiva de cada planta. Além disso, a importância desses fatores vai depender do meio de cultivo, disponibilidade de água, nutrientes, toxicidade, deficiências, estrutura do solo e doenças (Dunbadin, 2007). Provavelmente, devido ao maior desenvolvimento do café aos 180 DAT, que proporcionou maior sombreamento das plantas daninhas, ou pela própria limitação física de desenvolvimento das raízes das plantas daninhas. Sendo assim, as plantas mais jovens de café são mais sensíveis à interferência das plantas daninhas. Outro fator de competição entre planta daninha e a cultura do café são as raízes absorventes do cafeeiro que crescem superficialmente no solo, onde a maioria das raízes das plantas daninhas ocorre (Njoroge, 1994). Estudos revelam que o que confere a capacidade competitiva as plantas daninhas é a capacidade de ocuparem o volume do solo e a alta taxa de crescimento, característica que a maioria destas espécies possui, aumentando a interferência durante o estabelecimento da cultura (Craine, 2006). __ __ __ Matéria seca da raiz de plantas de café (g) 25 YIAC99 = 21,03-0,6824X-0,0911X2; R2 = 0,91 YOeiras = 23,04 - 0,1821X - 0,0829X2; R2 = 0,96 YParaíso = 23,09 + 0,1134X - 0,1141X2; R2 = 0,95 YSacramento = 21,87 - 0,7414X - 0,0409X2; R2 = 0,91 20 15 10 0 0 2 4 6 8 Densidade de Cenchrus echinatus/vaso Figura 4 - Variação da matéria seca da raiz das cultivares de café em relação à densidade de plantas daninhas aos 90 DAT. Em experimentos de curta duração, com suprimento homogêneo de recursos, as plantas alocam maior proporção de fotoassimilados para os órgãos responsáveis pela aquisição de recursos que estão limitados no ambiente (Shipley & Meziane, 2002). Por outro lado, em condições de campo e por período de tempo mais longo, a disponibilidade de recursos do ambiente costuma ser temporalmente heterogênea, não se verificando alocação diferenciada de carboidratos entre raízes e parte aérea das plantas (Cahill Jr., 2003). O menor desenvolvimento do sistema radicular das plantas de café pode estar relacionado ao maior acúmulo de matéria seca das raízes de plantas daninhas, devido à sua maior habilidade competitiva por nutrientes (Fialho et al., 2011). A competição por recursos do solo e radiação solar não é independente, e tanto o sistema radicular como a parte aérea das plantas efetuam trocas rápidas no que se refere à alocação de fotoassimilados, quando uma ou outra fração é mais exigida para enfrentar a competição (Cahill Jr., 2002). Segundo Bianco et al. (2005), a B. decumbens é espécie muito exigente em termos nutricionais comparado a outras gramíneas. Dessa forma, dependendo da fase de desenvolvimento da planta e da intensidade da competição, pode ocorrer alternância na importância relativa da competição por recursos abaixo e acima da superfície do solo. Contudo, a competição que ocorre nas fases iniciais de desenvolvimento por recursos do solo (Semere & Froud-Williams, 2001) e a modulação do crescimento devido à qualidade de radiação solar (Ballaré & Casal, 2000; Almeida & Mundstock, 2001) definem o padrão de crescimento futuro de uma planta em relação aos seus vizinhos. As plantas daninhas, desenvolvendo-se juntamente com o café, proporcionaram interação negativa para ambas as espécies, havendo menor acúmulo da variável de altura, área foliar e matéria seca total das plantas de café, principalmente à medida que se aumentou a densidade das plantas daninhas. As plantas de café mais jovens (30 DAT) parecem ser mais sensíveis à interferência das plantas daninhas, pois houve menor acúmulo das variáveis de crescimento, principalmente com a máxima densidade de plantas, sendo que as cultivares sacramento e IAC99 apresentaram as maiores reduções para a maioria das variáveis. No tocante relação às características das plantas daninhas, a matéria seca da parte aérea e a matéria seca da raiz variaram com a densidade. O crescimento inicial das plantas daninhas diminui com o aumento da densidade, ou seja, em baixas densidades, a produção total de biomassa é determinada por poucas plantas maiores, e em altas densidades, por muitas plantas menores. (Fialho et al., 2011). O acúmulo de matéria seca do sistema radicular das plantas daninhas na maior densidade foi de 1,87 g sendo que para a menor densidade foi de 2,7g, sendo que para a matéria seca da parte aérea, foram observados 1,83 e 3,29 g para a maior e menor densidade respectivamente. (Figura 5). Matéria seca de Cenchrus echinatus (g) 3,5 YMSRPD = 3,0050 - 0,1385X; R2 = 0,99 2 2 ....... Y MSPAPD = 4,0950 - 0,4430X + 0,0200X ; R = 0,97 3,0 2,5 2,0 1,5 0,0 2 4 6 8 Densidade de Cenchrus echinatus/vaso Figura 5 - Variação da matéria seca da raiz e da parte aérea de Cencruhs echinatus em relação à densidade. CONCLUSÃO Há relação negativa entre a densidade de plantas daninhas em competição com plantas jovens de café e as variáveis de crescimento dessas plantas, evidenciando a necessidade de controle inicial das plantas daninhas na linha da cultura, principalmente pelo rápido crescimento e alta habilidade competitiva dessas espécies daninhas com a cultura do café. Em campo, nas plantações jovens de café, as densidades de plantas daninhas são muito superiores às estudadas (até 64 plantas m-2), podendo haver efeitos semelhantes aos encontrados neste trabalho, com atraso no desenvolvimento do cafeeiro e posterior redução da produtividade. Para as plantas de café que passaram a conviver com as espécies de plantas daninhas aos 30 DAT, houve maior sensibilidade à competição com a C. echinatus, sendo que a cultivar Sacramento apresentou as maiores reduções para incremento de altura (30 e 90 DAT), e área foliar aos 90 DAT. Foi observado também, para essa cultivar a maior redução na matéria seca da parte aérea. Houve maior redução para a área foliar aos 30 DAT para a cultivar IAC99 como também para matéria seca da raiz do café. O aumento da densidade de plantas daninhas promoveu reduções significativas para as cultivares estudadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKOBUNDU, I. O. Weed science in integrated pest management. In: LINGMAM, G. C.; NOORDHOFF,F.M. (Eds.). Weed science in the tropics: principles and practices. New York: J. willey, 1989. p. 1-22 ALFONSI, E. L. et al. Crescimento, fotossíntese e composição mineral em genótipos de Coffea com potencial para utilização como porta-enxerto. Bragantia, v.64, p.1-13, 2005 ALMEIDA,F.S. A alelopatia e as plantas. Londrina: IAPAR. 1988. 60p. (Circular,53) ANTUNES, W. C. et al. Allometric models for non-destructive leaf area estimation in coffee (Coffea arabica and Coffea canephora). Ann. Appl. Biol., v. 153, n. 1, p. 33-40, 2008. FIALHO, C.M.T.; FRANÇA, A.C.; TIRONI, S.P.; RONCHI, C.P.; SILVA, A.A. Interferência de plantas daninhas sobre o crescimento inicial de Coffea arábica. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 29, n. 1, p. 137-147, 2011. FIALHO, C.M.T.2, SILVA, G.R.3, FREITAS, M.A.M.4, FRANÇA, A.C.5, MELO, C.A.D.6 e SILVA, A.A. Competição de plantas daninhas com a cultura do café em duas épocas de infestação. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 28, p. 969-978, 2010. Número Especial. BARBOUR, M. G.; BURK, J. H.; PITTS, W. D. Terrestrial plant ecology. 2.ed. Menlo Park: Benjamin Cummings, 1987. BLANCO, H. G.; OLIVEIRA, D. A.; PUPO, E. I. H. Período de competição de uma comunidade natural de mato em uma cultura de café em formação. Biológico, v.48, n.1, p.920, 1982. BLANCO, H. G. A importância dos estudos ecológicos nos programas de controle das plantas daninhas. Biológico,v. 38, n. 10, p. 343-350, 1972. GUIMARÃES, P. T. G. et al. Cafeeiro. In: COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª aproximação. Viçosa, 1999. p. 289-302. MARTINS, D.; PITELLI, R. A. Influência das plantas daninhas na cultura do amendoin das águas: efeitos de espaçamento, variedades e períodos de convivência. Planta Daninhas, Rio de Janeiro, v.12, n. 2, p. 87-92, 1994. McNAUGHTON, S. J.; WOLF, L. L. General ecology.Ney York: Holt, Rinchart and Winston, 1973. 710 p. NJOROGE, J. M. Weeds and weed control in coffee. Exper. Agric., v. 30, n. 4, p. 421-429, 1994. PITELLI, R. A. Interferência de plantas daninhas em cultivos agrícolas. Informe agropecuário, v. 120, n. 11; p.16-27. 1985. PUELESCHEN, L.; LUTZEYER, H. J. Ecological and economic conditions of organic coffe production in Latin America and Papua New guinea. Angewande Botanik, [S.I.], v.67, n.5/6, p. 204-208, 1993. RONCHI, C. P. et al. Acúmulo de nutrientes pelo cafeeiro sob interferência de plantas daninhas. Planta Daninha, v. 21, n. 2, p. 219-227, 2003. RONCHI, C.P. ; TERRA, A.A.; SILVA. A.A. ; FERREIRA, L.R. Acúmulo de nutrientes pelo cafeeiro sob interferência de plantas daninhas. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.21, n.2, p.219-227, 2003 RADOSEVICH, S. R.; HOLT, J.; GHERSA, C. Physiological aspects of competition. In: Weed ecology: Implication for managements. New York: John Willey & Sons, 1996. p. 217-301. SILVA, A. A. et al. Manejo integrado de plantas daninhas em lavouras de café. In: TOMAZ, M. A et al. (Eds.). Seminário para a sustentabilidade da cafeicultura. Alegre:UFES, 2008. p. 251-268. SILVA, A. A.; RONCHI, C. P. Manejo e controle de plantas daninhas em café. In: VARGAS, L.; ROMAN, E. S. (Coords.). Manual de manejo e controle de plantas daninhas. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho-RS, 2004. p.337-396.