mais graves que ocorriam em Roma naquele momento, ou

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mais graves que ocorriam em Roma naquele momento, ou seja, que a cidade estava
permeada de todos os tipos de problemas morais.
Afirma que a honradez pensada por Calvino já não existia entre os homens
daquela época. Fala da Idade de Ouro dos deuses como se a ingenuidade do interlocutor
viesse de lá.
No entanto, Juvenal descreve o interlocutor de forma irônica porque, enquanto é
ingênuo, de outro lado, pratica a avareza e o apego aos bens materiais. Em outro ponto
da sátira, Juvenal continua mostrando como é seu verdadeiro interlocutor: é incrédulo
em relação aos deuses e sua justiça pois eles não respondem aos seus interesses.
Portanto, Calvino é avarento, incrédulo e hipócrita.
Calvino só vê acalmada sua ira quando, no fim da sátira, Juvenal afirma que os
autores da fraude iriam sofrer castigos impostos pelos homens. Nesse caso, o
interlocutor se anima e não se mostra mais incrédulo nos deuses.
Portanto, como afirma Tovar (2007, p. 148), Juvenal parece não acreditar
totalmente nem no castigo da consciência e nem na eficácia das leis penais. Percebe
uma corrupção generalizada tanto nos valores e crenças espirituais como nas suas
instituições judiciais.
Tomando por base outras sátiras, pode-se observar que a corrupção,
principalmente ligada a religião é tema recorrente e muitas vezes dizem respeito às
novas práticas religiosas que foram relidas em Roma no primeiro e segundo séculos.
O discurso de Juvenal tenta convencer o leitor que havia naquele momento uma
ausência de moral, assim tentando defender os princípios do mos maiorum romano. A
entrada de vários deuses advindos de outras localidades, a mudança e renovação das
práticas, inclusive religiosas, faziam os grupos mais abastados acreditarem que as novas
formas religiosas prejudicariam as práticas já existentes como o culto ao imperador, ou
ainda, a idealizada ―identidade romana‖. As novas práticas eram consideradas ainda por
alguns intelectuais como superstição.
Os discursos podem ser considerados uma estratégia de distinção dos grupos
sociais: os grupos mais abastados e ligados ao poder buscando a defesa de uma
identidade e tentando distinguir-se daquilo que considerava os ―outros‖, o ―diferente‖, o
―estrangeiro‖.
Dessa forma, acredita-se que a religião romana no período tratado corresponde a
várias outras expressões religiosas e não apenas à religião pública oficial como se
costuma, ao culto ao imperador e as festas oficiais.
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