FICHAS DE INFORMAÇÃO TÉCNICA ACETATO DE FLECAINIDA Fórmula Molecular: C17H20F6N2O3·C2H4O2 Peso Molecular: 474,39 Dados Físico-Químicos: Pó cristalino branco ou quase branco, muito higroscópico. Solúvel em água e em etanol anidro, facilmente solúvel em ácido acético diluído e praticamente insolúvel em ácido clorídrico diluído. Ponto de fusão: 145 – 147 °C. 1 g de flecainida (base) equivale a 1,1468 g de acetato de flecainida. Propriedades e usos: A flecainida é um antiarrítmico de classe Ic utilizado para o tratamento de arritmias ventriculares sintomáticas graves (taquicardia ventricular sustentada ou contracções ventriculares prematuras, taquicardia ventricular não sustentada e outras terapias) e arritmias supraventriculares sintomáticas graves (taquicardia recíproca nodal auriculoventricular, arritmias associadas à síndrome de Wolff-Parkinson-White e fibrilação atrial paroxística). A flecainida é quase totalmente absorvida depois da sua administração oral e não sofre um extenso metabolismo hepático de primeiro passo. Metaboliza-se em 2 metabolitos principais, flecainida m-O-desalquilada e lactamo de flecainida m-O desalquilada, ambos com uma certa actividade. O seu metabolismo parece envolver a isoenzima CYP2D6 do citocromo P450 e está submetido a polimorfismo genético. A flecainida é principalmente excretada pela urina, aproximadamente 30% como fármaco inalterado e o resto como metabolitos. Aproximadamente 5% são excretados pelas fezes. A excreção de flecainida está diminuída na disfunção renal, insuficiência cardíaca e em urina alcalina. A hemodiálise elimina aproximadamente apenas 1% da dose de flecainida inalterada. A semi-vida de eliminação da flecainida é de cerca de 20 h e une-se em 40% a proteínas plasmáticas. A flecainida atravessa a barreira placentária e distribui-se no leite materno. A flecainida é administrada por via oral ou por via intravenosa como acetato. O tratamento deve ser iniciado no hospital. Dosagem: Em geral sugere-se um intervalo de concentração plasmática terapêutica de 200-1.000 ng/ml. Para as arritmias ventriculares, a dose inicial habitual de acetato de flecainida por via oral é de 100 mg 2 vezes por dia. A dose máxima total habitual é de 400 mg/dia. A dose deve ser ajustada decorridos 3-5 dias e reduzida quando se tiver conseguido o controlo. Para as arritmias supraventriculares, a dose inicial habitual é 50 mg 2 vezes por dia por via oral com uma dose máxima total de 300 mg/dia. Para o controlo rápido de arritmias podem-se administrar por via intravenosa 2 mg de acetato de flecainida/kg durante 10-30 min, até uma dose máxima de 150 mg. Caso seja necessária uma terapia FICHAS DE INFORMAÇÃO TÉCNICA parenteral mais longa, começa-se como antes e depois continua-se com uma infusão intravenosa de 1,5 mg/kg durante a primeira hora e, posteriormente, de 0,1-0,25 mg/kg. Efeitos secundários: Os efeitos adversos mais frequentes causados pela flecainida afectam o SNC e incluem vertigens, alterações visuais e enjoos. Também podem ocorrer náuseas, vómitos, cefaleias, tremores, neuropatias periféricas, ataxias e parestesias. Estes efeitos adversos são geralmente transitórios e respondem a uma redução de dose. Outros efeitos adversos raramente descritos do SNC incluem alucinações, amnésias, confusão, depressão, disquinesias e convulsões. Também se verificaram reacções dérmicas, incluindo raros casos de urticária e foram isolados casos de fotossensibilidade. Foram raramente descritas alterações da função hepática. Ocorreram depósitos corneais, fibrose pulmonar e pneumonite durante a terapia a longo prazo. Os efeitos cardiovasculares são menos frequentes do que os do SNC, mas podem ser graves e até mesmo mortais. Foram descritas taquiarritmias ventriculares, particularmente em doentes com historial de taquiarrtimias ventriculares, e que tomavam doses elevadas de flecainida. A flecainida provocou um aumento da mortalidade quando foi avaliada para o controlo de arritmias ventriculares assintomáticas em doentes que tinham sofrido previamente um enfarte do miocárdio. Cuidados: O tratamento com flecainida deverá ser instaurado em doentes hospitalizados e deverá estar disponível um resgate rápido quando se utilizar em doentes com defeitos da condução cardíaca. A sua utilização está limitada a arritmias graves ou que ameacem a vida e não deverá ser administrada para o controlo de arritmias assintomáticas, especialmente em doentes com historial de enfarte do miocárdio. A flecainida tem alguma actividade inotrópica negativa e pode precipitar ou agravar uma insuficiência cardíaca em doentes com a função ventricular esquerda comprometida. Desta forma, dever-se-á utilizar com muito cuidado, sobretudo em doentes com insuficiência cardíaca. A flecainida demonstrou que aumenta o limite de velocidade endocardíaca e deve ser utilizada com cuidado em doentes com pacemaker. Os desequilíbrios electrólitos devem ser corrigidos antes da terapia com flecainida. Pode ser necessária uma redução de dose em doentes com disfunção renal. Em doentes com uma acentuada disfunção hepática é necessário um cuidado extremo. A flecainida atravessa a barreira placentária e distribui-se no leite materno. Interacções: A flecainida é metabolizada no fígado e a sua actividade pode ser influenciada por outros fármacos que afectem as enzimas FICHAS DE INFORMAÇÃO TÉCNICA responsáveis pelo seu metabolismo. A utilização de flecainida com outros antiarrítmicos ou fármacos arritmogénicos pode aumentar a incidência de arritmias cardíacas. A amiodarona aumenta a concentração plasmática de flecainida quando se administram concomitantemente os dois fármacos. A utilização com betabloqueantes provoca efeitos inotrópicos negativos aditivos. A administração concorrente de flecainida e propanolol aumenta a concentração plasmática dos dois fármacos. Os efeitos inotrópicos negativos dos dois fármacos sobre a função cardíaca são na sua maioria apenas aditivos, mas o tratamento com esta combinação deverá ser iniciada com cuidado em doentes com uma função ventricular esquerda deteriorada. A acção do sotalol na terapia com flecainida pode provocar bradicardia profunda e bloqueio auriculoventricular seguido de paragem cardíaca e morte num homem com taquicardia ventricular. Descreveu-se que anti-histamínicos H2 como a cimetidina aumentam a biodisponibilidade de flecainida em indivíduos saudáveis, devido provavelmente a uma diminuição no metabolismo da flecainida. Descreveu-se que a quinidina inibe o metabolismo da flecainida em voluntários saudáveis sem alterar a sua eliminação renal, pelo que se verifica uma redução do aclaramento total e prolongamento da semi-vida de eliminação. Conservação: Em embalagens bem fechadas. PROTEGER DA LUZ E DA HUMIDADE. Exemplos de formulação: Flecainida 5 mg/ml solução oral Acetato de flecainida ………..…………………….. 500 mg Metilcelulose 1% ………………………………..... 50 ml Xarope simples q.s.p. ………………………..…… 100 ml Essência ………………………………………..…. 0,05 % Nipagin ……………………………………………. 0,05 % Nipasol …………………………………………….. 0,02% Modus operandi: 1. Pré-dissolver a flecainida num pouco de água purificada num copo. 2. Adicionar parte da metilcelulose até formar uma massa espessa; continuar a adicionar o resto, com agitação, até obter uma consistência líquida. 3. Incorporar lentamente parte do xarope e a essência. 4. Transferir para uma proveta graduada. 5. Lavar o copo com porções do xarope e transferir para a proveta até um volume final de 100ml. 6. Agitar até à homogeneização da suspensão e embalar em frasco topázio sem deixar repousar. Validade e conservação: FICHAS DE INFORMAÇÃO TÉCNICA - Estabilidade: 30 dias em frigorífico (2-8ºC). Conservação: em frigorífico. Proteger da luz. Flecainida 20 mg/ml solução oral Acetato de flecainida …….……………………. 2400 mg Excipiente Acofar xarope q.s.p. ……………… 120 ml Também pode ser utilizado Excipiente Acofar xarope sem açúcar. Modus opernadi: 1. Pôr a flecainida num copo. 2. Adicionar aproximadamente 20 ml do excipiente até formar uma massa homogénea. 3. Adicionar cerca de 60 ml do excipiente em proporção geométrica com agitação. 4. Transferir para uma proveta graduada. 5. Lavar o copo com porções do veículo e transferir para a proveta até um volume final de 120 ml. 6. Agitar durante cerca de 30 minutos até à homogeneização da suspensão e embalar em frasco topázio sem deixar repousar. Validade e conservação: Bibliografia: Estabilidade: 60 dias em frigorífico (2-8ºC). Conservação: em frigorífico. Proteger da luz. - Martindale, Guía completa de consulta farmacoterapéutica, 1ª ed. (2003). - Formulas magistrais em pediatria, Joaquín Callabed (2011).