Relatório de Inflação – Março 2007

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Fontes de Financiamento Alternativas ao Crédito Bancário
O panorama macroeconômico favorável
observado nos últimos anos, evidenciado,
principalmente, pelos reduzidos níveis inflacionários,
vem se refletindo sobre as expectativas dos agentes
econômicos, estimulando os negócios e as decisões
de investimento das empresas. Em conseqüência,
tem sido constatado aumento na demanda de
crédito por parte desses tomadores, suprida tanto
por operações tradicionais do sistema financeiro,
quanto por fontes alternativas de financiamento,
domésticas e externas.
Tabela 1 – Evolução do crédito destinado
a pessoas jurídicas
Discriminação
2002
2003
2004
2005
2006
Recursos Livres
149,6
154,6
179,4
213,0
260,7
Direcionados
146,4
162,6
180,8
203,3
234,1
Total
296,0
317,3
360,2
416,3
494,8
12,2
Volume (R$ bilhões)
Participação (% PIB)
Recursos Livres
9,4
9,7
9,7
10,9
Direcionados
9,2
10,2
9,8
10,5
11,0
18,7
19,9
19,4
21,4
23,1
Total
Gráfico 1 – Emissões consolidadas no mercado de
1/
capitais
R$ billhões
120
100
80
60
40
20
0
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007 2/
Fonte: CVM
1/ Ofertas primárias de ações, debêntures, notas promissórias e cotas de
FIDC registradas na CVM.
2/ Acumulado até fevereiro.
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Nesse contexto, influenciado pela
redução significativa no custo dos empréstimos
e financiamentos em função da flexibilização
monetária em curso desde setembro de 2005, o
volume de crédito destinado às pessoas jurídicas
cresceu 37,2% desde dezembro de 2004, atingindo
R$494,8 bilhões ao final de 2006. Como resultado,
a relação entre o total de crédito para esse segmento
e o Produto Interno Bruto (PIB) evoluiu de 19,4%
para 23,1%, no período (Tabela 1).
Paralelamente à expansão do crédito
bancário para empresas, registrou-se aumento
ainda mais expressivo na utilização de fontes
alternativas de financiamento, com destaque para
a captação de recursos no mercado de capitais
interno. Essa evolução foi beneficiada por medidas
microeconômicas destinadas ao fortalecimento desse
mercado, ressaltando-se a aprovação da nova lei
das sociedades anônimas, a nova lei de falências, a
consolidação das práticas de governança corporativa,
com a criação do Novo Mercado e o aprimoramento
das regras de funcionamento dos Fundos de
Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).
As emissões primárias1 no mercado de capitais,
representadas pela colocação de ações, debêntures,
notas promissórias e cotas de FIDC, totalizaram
R$101,7 bilhões em 2006, registrando crescimento
de 374% em relação a 2004 (Gráfico1).
Gráfico 2 – Participação dos principais instrumentos
nas emissões consolidadas no mercado de capitais
1/
em 2006
FIDC
Ações
26,8%
24,1%
Notas
Promissórias
9,9%
Debêntures
39,2%
Fonte: CVM
1/ Ofertas primárias de ações, debêntures, notas promissórias e cotas de
FIDC registradas na CVM.
As emissões de debêntures totalizaram
R$69,5 bilhões, com expansão de 622% na mesma
base de comparação, constituindo novo recorde
histórico para esse instrumento de captação. Assinalese, entretanto, que as empresas de arrendamento
mercantil responderam pela parcela majoritária
desses lançamentos, com participação de 65,6% em
2006. Dessa maneira, excluídas as colocações dessas
empresas, o volume total de debêntures totalizou
R$23,9 bilhões em 2006, apresentando, mesmo
assim, acréscimo de 151% em relação a 2004.
Ressalte-se que o desenvolvimento desse
instrumento foi influenciado pela criação das
debêntures padronizadas, por meio da Instrução
404 da CVM, de 13 de fevereiro de 2004. Essa
medida buscou uniformizar essas emissões, além
de estabelecer a necessidade tanto de avaliação dos
títulos por agência de classificação de risco, como
de realização da distribuição primária em bolsa de
valores ou no mercado de balcão.
As emissões primárias de ações somaram
R$14,2 bilhões em 2006, com acréscimo de 218%
em relação a 2004, destacando-se as captações dos
setores de construção civil e de energia elétrica,
que responderam por 40% do volume total. O
desempenho favorável do mercado de renda variável
pode ser evidenciado também pelo crescimento no
número de empresas que passaram a negociar suas
ações em bolsa. Segundo dados da Bolsa de Valores
de São Paulo (Bovespa), 26 empresas realizaram
abertura de capital em 2006, enquanto, em 2004,
apenas sete empresas adotaram esse procedimento.
O volume de cotas de FIDC atingiu R$12,8
bilhões, com crescimento de 150% de 2004 a 2006.
Desse total, os títulos de crédito de natureza comercial
e/ou industrial, que efetivamente representam
1/ Ofertas primárias registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
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alternativas ao crédito bancário, totalizaram R$4,2
bilhões, respondendo, em 2006, por 32,8% das
novas emissões.
Gráfico 3 – Emissões primárias de cotas de fundos
de investimento em direitos creditórios
R$ billhões
14
12
10
8
6
4
2
0
2003
2004
Fonte: CVM
1/ Acumulado até fevereiro.
2005
2006
2007
1/
Assinale-se que o significativo crescimento
observado nas captações das empresas por meio do
mercado de capitais foi estimulado por condições
favoráveis para a demanda dos investidores por
esses papéis. Assim, o cenário de estabilidade
econômica, associado ao processo de redução da
taxa básica de juros, contribuiu tanto para a redução
da rentabilidade dos títulos públicos, com impacto
positivo sobre a situação financeira do setor público,
quanto para a diminuição do custo de captação no
mercado de capitais, favorecendo a emissão de
títulos privados corporativos.
A expansão do financiamento das empresas
via mercado de capitais vem ocorrendo, notadamente,
no segmento de empresas de grande porte, implicando
no declínio da participação dessa categoria de
tomadores no crédito bancário. Conseqüentemente, as
instituições financeiras têm procurado ampliar a oferta
de crédito para o segmento empresarial de pequeno e
médio portes, considerando também a rentabilidade
mais elevada associada a essas operações.
Gráfico 4 – Participação do crédito a MPME sobre
o saldo total de crédito a PJ
60
%
50,5
46,0
40,7
40
20
0
2004
2005
Fonte: Demonstrações Financeiras das Instituições
2006
Como resultado desse processo, segundo
dados coletados nos balanços anuais de quatro bancos
privados, de grande porte, a participação relativa das
Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) nas
operações de crédito a pessoas jurídicas passou de
40,8%, em 2004, para 50,5%, em 2006, conforme
Gráfico 4. O estímulo para a inserção dessas empresas
no mercado de crédito bancário está associado, em
parte, às condições mais favoráveis dos empréstimos
e financiamentos, especialmente taxas de juros mais
reduzidas e prazos dos contratos mais alongados, bem
como ao maior dinamismo da atividade econômica.
Complementarmente, deve-se enfatizar a
importância das fontes externas de financiamento
para as grandes empresas não-financeiras,
representadas por empréstimos ou pela colocação de
títulos, as quais foram estimuladas pelas condições
de liquidez internacional conjugadas à queda do
risco-país. Nesse sentido, em 2006, o volume de
crédito externo contratado por empresas brasileiras
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alcançou US$9,3 bilhões2, com aumento de 56% em
relação ao ano anterior.
Os resultados iniciais de 2007 seguem
indicando a consolidação do mercado de capitais
como fonte alternativa de crédito. As ofertas
primárias de ações, debêntures, notas promissórias
e cotas de FIDC registradas na CVM alcançaram
R$6 bilhões no primeiro bimestre de 2007, ante
R$7,1 bilhões no mesmo período de 2006, com
destaque para o crescimento de 90% nas emissões de
ações, que totalizaram R$4 bilhões. As emissões de
debêntures, por outro lado, somaram R$250 milhões,
comparativamente a R$2,5 bilhões em igual período
de 2006. Registre-se que ao final de fevereiro de 2007
havia em análise na CVM dez ofertas primárias de
debêntures, no valor de R$4,6 bilhões, além de vinte
ofertas primárias de ações.
2/ Foram excluídos US$14,5 bilhões de créditos concedidos a empresa do setor de mineração, pelo seu caráter não recorrente.
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