BOA ALIMENTAÇÃO, ESTÔMAGO SAUDÁVEL março-2014

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BOA ALIMENTAÇÃO, ESTÔMAGO SAUDÁVEL.
Aproximadamente 25% dos adultos apresentam dores ou desconfortos estomacais. O
alarmante número justifica-se nos hábitos de vida adotados por esta população:
estresse, má alimentação, uso de álcool e fumo são fatores de risco para as patologias
do estômago.
As doenças do estômago mais comuns são a dispepsia funcional (na qual há
desconforto gástrico sem alterações estruturais), a gastrite (caracterizada por
inflamação visível do órgão) e a úlcera gástrica, na qual a mucosa estomacal
apresenta ulcerações. Em todos os casos citados, a patogênese inclui colonização
gástrica pela bactéria Helicobacter pylori, secreção deficiente de muco, inflamação da
mucosa e aumento do estresse oxidativo. Tais fatores sofrem grande influência da
dieta, ou seja, uma boa alimentação pode prevenir ou tratar eficientemente as doenças
do estômago.
Um grande mito que permeia o tratamento de úlceras e gastrites é o de que a ingestão
de leites e derivados é benéfica nestas desordens. O leite até pode aliviar os sintomas
em curto prazo, pois reduz a acidez estomacal, mas como é um alimento
extremamente rico em proteínas, estimula ainda mais a secreção ácida, causando
piora dos sintomas, minutos depois. Há também grande possibilidade de uma alergia
às proteínas deste alimento aumentar a inflamação gástrica, agravando o quadro.
Alimentos contendo cafeína podem predispor o estômago à infecção por H. pylori. Por
isso, café, chá mate, chocolate e refrigerante podem piorar quadros de gastrites e
úlceras. O sal em excesso é outro potente agressor do estômago que pode causar
dano tecidual e até aumentar o risco de câncer gástrico. Sendo assim, alimentos
demasiadamente salgados, além de enlatados e embutidos, são também
contraindicados em doenças gástricas. Bebidas alcoólicas agridem diretamente as
células estomacais, aumentando o estresse oxidativo sendo também prejudiciais ao
tratamento de doenças do estômago.
A ciência, porém, tem demonstrado atividade antiulcerogênica de alguns temperos
naturais, como a cúrcuma e o alecrim. A piperina presente na pimenta do reino,
porém, tem demonstrado aumentar a secreção ácida no estômago, tendo efeito
negativo sobre o tratamento de úlceras e gastrites. Quanto à tão temida pimenta
vermelha, não há indícios de que possa agravar quadros de doenças gástricas. Têm
sido descritos como antiulcerogênicos também vegetais da família das brássicas,
como couve e repolho, e fitoterápicos, como Aloe vera e espinheira santa (Maytenus
officinalis). Como cada organismo é único, indivíduos diferentes podem apresentar
reações distintas à ingestão de diferentes alimentos e assim, a tolerância individual
deve ser sempre respeitada.
O tratamento medicamentoso incorreto de tais patologias, visando redução dos
sintomas sem focar em suas causas, pode acarretar em consequências sérias. Os
medicamentos redutores da acidez estomacal podem aliviar sintomas das doenças do
estômago, mas seu uso em longo prazo ou em casos desnecessários resulta em um
ciclo vicioso, em que as deficiências de micronutrientes e a baixa acidez estomacal
facilitam a colonização por H. pylori. Sendo assim, o paciente não consegue se livrar
do medicamento ou da doença.
A elevada ingestão de leite e derivados, alimentos salgados, frituras, bebidas
alcoólicas e alimentos contendo cafeína contribuem fortemente para a grande
prevalência de dores e desconfortos estomacais em países ocidentais. A nutrição
exerce papel central na homeostase do estômago, sendo essencial para a prevenção
e o tratamento de suas doenças.
Déborah Leite Teixeira
Nutricionista - CRN: 2976
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