GETH Newsletter Volume 08 Número 02 01 de março 2010 Comentário do Artigo: Risco de Câncer em Portadores de Mutação no Gene MSH6 Erika Maria Monteiro Santos Centro de Pesquisa e Ensino, Hospital A.C.Camargo Baglietto L, Lindor NM, Dowty JG, White DM, Wagner mutações deletérias no gene MSH6. A, Gomez Garcia EB et al. Risks of Lynch syndrome A população de estudo foi selecionada em quatro cancers for MSH6 mutation carriers. J Natl Cancer fontes – o registro de câncer colorretal familiar, que Inst 2010;102:193-201. recrutou famílias dos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Nova Zelândia; um grupo de pesquisas da Holanda; um A Síndrome de Lynch é uma síndrome de predisposição ao câncer com herança autossômica dominante, associada a mutações nos genes de reparo de DNA. Cerca de 70% a 80% das mutações são identificadas nos genes MLH1 e MSH2. Mutações no gene MSH6 são responsáveis dos 10%-20% dos tumores colorretais na Síndrome de Lynch, e aproximadamente 0,4% de todos os tumores colorretais. Os autores expõem que poucos estudos avaliam a penetrância em portadores de mutação no gene MSH6. Desta forma este artigo apresenta a estimativa de penetrância baseada na avaliação de 113 famílias com grupo de pesquisas da Escócia; e um grupo de pesquisa em Columbus, Ohio. Das 113 famílias selecioandas, havia informação disponível sobre 3104 indivíduos. No Registro de Câncer Colorretal Familiar o rastreamento de mutações iniciou-se com a identificação de ausência de expressão proteíca no tecido tumoral através da imunoistoquímica. A análise de mutação se deu pelo sequenciamento, e grandes inserções e deleções foram detectadas pela MLPA (multiplex ligation-dependent probe amplification). Na Holanda os probandos foram selecionados pelo Dutch Lynch Syndrome Study Group. Os probandos foram rastreados com instabilidade de microssatélites, Comentário do Artigo: Risco de Câncer em Portadores de Mutação no Gene MSH6 imunoistoquímica, e posteriormente sequenciamento dois apresentavam apenas tumor de ovário, duas apresentavam tumor de ovário e colorretais, uma e MLPA. Na Escócia os probandos foram identificados apresentava tumor de endométrio e ovário, e um através do Scottish Cancer Registry, e foram definidos probando apresentava um tumor de intestino delgado. como pacientes com câncer colorretal ou de Três não apresentavam câncer. A idade média de endométrio diagnosticados antes dos 55 anos.Todos os diagnóstico de câncer colorretal foi 52 anos, e a idade probandos foram submetidos a sequenciamento. Em Ohio foram selecionados todos os indivíduos de diagnóstico de câncer de endométrio foi 51 anos. O risco cumulativo para câncer colorretal entre com câncer colorretal ou de endométrio, independente os homens foi de 3% aos 50 anos; 9% aos 60 anos; 22% da idade de diagnóstico e história familiar, e os aos 70 anos; e 44% aos 80 anos. Entre as mulheres o probandos com instabilidade de microssatélites foram risco foi de 2% aos 50 anos; 5% aos 60 anos; 10% aos 70 anos; e 20% aos 80 anos. testados para o gene MSH6. Foi calculada a penetrância (risco cumulativo Para os portadores de mutação em MSH6 o HR idade-específico) e o HR (hazard ratio idade- para câncer colorretal em homens não foi estatiscamente específica) para portadores de mutação comparados diferente do HR em mulheres (8,6 versus 6,4 p = 0,4). com a população geral. As taxas foram corrigidas de O HR para indivíduos com menos de 50 anos foi 12, acordo com o tipo de amostra (baseada na população e para os indivíduos com mais de 50 anos foi 6,5 e esta geral ou em grupos de alto risco para câncer hereditário, diferença não foi estatisticamente significativa. Em relação ao câncer de endométrio o risco em razão da história familiar). Das 113 famílias, 31 apresentavam mutação cumulativo foi de 7% aos 50 anos; 14% aos 60 anos; pontual, 77 apresentavam pequenas deleções ou 26% aos 70 anos; e 44% aos 80 anos. inserções, e cinco apresentavam grandes deleções Comparado a população geral, o HR para outros ou inserções. Foram 74 mutações distintas, 22 sendo tumores relacionados a SL, excetuando-se câncer observadas em mais de uma família. Destes 113 probandos, 42 foram selecionados colorretal e de endométrio foi de 6 para mulheres. Os autores referem que está é a maior série de em amostras de câncer colorretal consecutivas, e 65 portadores de mutação em MSH6. Os riscos de câncer foram identificados em clínicas de oncogenética. colorretal são inferiores quando comparados aos riscos Do total, 61 apresentavam apenas câncer de portadores de mutação nos genes MLH1 e MSH2. colorretal, 33 apenas tumor de endométrio, 10 Os achados deste estudo, segundo os autores, apresentavam tumores colorretais e de endométrio, sugerem que o rastreamento destes indivíduos seja GETH Newsletter 2010 Volume 08 Número 02 Comentário do Artigo: Risco de Câncer em Portadores de Mutação no Gene MSH6 distinto do proposto para portadores de mutação nos no MSH6, a colonoscopia pode ser iniciada aos 30 genes MLH1 e MSH2, uma vez que os riscoos para anos, e em razão do aumento na incidência aos 70-80 câncer diferem de acordo com o gênero, e são elevados anos, deve ser descontinuada apenas quando aos riscos com o envelhecimento. Para portadores de mutação superam os benefícios. GETH Newsletter 2010 Volume 08 Número 02