Estudo dos softwares: VMD, ArgusLab e GROMACS na Simulação de Docking de Sistemas Proteína-Ligante Luis Paulo Barbour Scott Universidade Federal do ABC Centro de Matemática, Computação e Cognição E-mail: [email protected] Cássio Pereira Christianini∗ Universidade Federal do ABC E-mail: [email protected] RESUMO 1 Introdução As proteínas estão entre as principais moléculas para a manutenção da vida, desempenhando papéis importantes como a catálise de reações químicas, transporte e reconhecimento e transmissão de sinal (Fersht,1998) (Dill, 1995) (Dill, 1990). Caracterizam-se por serem compostos orgânicos de estrutura complexa e elevada massa molecular (maior que 5.000 unidades de massa atômica), formados da condensação de moléculas de alfa-aminoácidos, através das chamadas ligações peptídicas. Organizando-se em quatro estruturas básicas, de acordo com o tipo de aminoácidos que possui e o tamanho e a configuração espacial da cadeia polipeptídica. Dentre essas estruturas, aquela que confere atividade biológica à proteína é a chamada terciária, que resulta do enovelamento de estruturas mais simples, proporcionado por interações hidrofóbicas e eletrostáticas. 2 Objetivos O objetivo do presente trabalho é estudar o problema de docking proteínaligante por métodos computacionais de modelagem e dinâmica molecular (GROMACS e ArgusLab) da proteína HIV-1protease e suas mutações e analisar a capacidade do software VMD para a realização de animação, com interesses biológico e médico. ∗ Bolsista de Iniciação Científica PIC/UFABC 3 Teoria O problema de docking Docking se refere ao método de predição da orientação de duas moléculas quando ligadas, formando um complexo estável. É freqüentemente usado para prever a orientação da ligação de uma droga (ligante) a uma proteína alvo (receptor), com o fim de conjecturar suas afinidade e atividade. Assim, docking desempenha um papel importante no desenvolvimento de novas drogas. O docking pode ser visto como um problema de “chave-fechadura”, onde se deve encontrar a correta orientação da chave (ligante) para que se consiga a abertura da fechadura (receptor). Pode ser definido como um problema de otimização, onde tenta-se encontrar a melhor posição relativa entre as moléculas. Como os compostos analisados são flexíveis, ligante e receptor ajustam suas conformações para alcançarem um estado referido como “ajuste-induzido”. O foco aqui é estimular, computacionalmente, o processo de reconhecimento molecular. Seu principal objetivo é alcançar um estado conformacional otimizado para ambas moléculas, de forma a minimizar a energia livre (utilizável) do sistema. Mecanismos de ação do HIV O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, na sigla inglesa) e o causador da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, em português), doença que se caracteriza pela destruição intensa das defesas do sistema imunológico do organismo, quando do ataque viral, principalmente aos linfócitos do tipo T auxiliares, que possuem receptores CD4 (proteínas transmembranares reconhecidas pelo HIV) em profusão. Quando da infecção pelo vírus, as glicoproteinas do envelope que se ligam aos receptores CD4 entram na célula do hospedeiro por fusão direta de suas membranas. Por sua vez, no interior da célula, enzimas do complexo nucleoproteico ficam ativas, dando inicio ao ciclo reprodutivo do vírus. O núcleo do virion se rompe, o genoma do RNA é transcrito em dupla fita de DNA pela proteína Transcriptase Reversa. No núcleo da célula a proteína Integrase catalisa a integração do DNA para o genoma da célula hospedeira, originando o próvirus. Protease de HIV O objeto principal de estudo deste trabalho, a Aspartil Protease de HIV tipo 1 é um homodímero de 99 aminoácidos. É indispensável para a maturação do HIV, fazendo desta proteína um dos alvos primários para terapia com fármacos inibidores. Uma vez que o núcleo da célula infectada comece a produzir longas cadeias polipeptídicas não funcionais, cabe a protease o papel de clivar diversas poliproteínas em proteínas menores e funcionais, possibilitando, assim, a multiplicação do vírus. Métodos de Dinâmica Molecular, por meio da simulação do movimento de um sistema de partículas pertencentes à proteína, obtêm flutuações das posições relativas dos seus átomos em função do tempo. Com o uso de ferramentas de análise estatística, podem ser observadas propriedades físicas macroscópicas e locais. A partir deste conhecimento podem-se obter resultados que vão da predição da estrutura tridimensional até a função biológica da molécula. Softwares GROMACS e ArgusLab são pacotes de simulação de dinâmica molecular de código aberto que apresentam diferentes campos de força (funções e constantes utilizadas para descrever a energia potencial de um sistema de partículas). São amplamente usados por institutos de pesquisa e outras organizações. Neste trabalho serão comparados os resultados das análises realizadas com cada pacote. VMD é um programa de visualização molecular para demonstração, animação e analise de sistemas de macromoléculas usando gráficos 3D. Será analisada sua capacidade de realização de animação das moléculas estudadas. 5 Referências - A. R. Leach, Molecular modelling: principles and applications, 2.ed. Edinburgh Gate: Pearson/ Prentice Hall, 2001. - A. L. Lehninger; D. L. Nelson; M. M. Cox, Princípios de bioquímica, 4.ed. São Paulo: Sarvier, 2006. - T. Lengauer; M. Rarey, Computational methods for biomolecular docking, 2006. 4 Métodos Modelagem Molecular A Modelagem Molecular atua na aplicação de modelos teóricos para representação e manipulação das estruturas de moléculas, estudo de reações químicas e estabelecimento de relações entre estrutura e propriedades da matéria. - A. W. S. Silva, Estudo por modelagem e dinâmica molecular da protease de variantes do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 resistentes a drogas antivirais, Tese de Doutorado, IBCCF-UFRJ, 2003.