interdisciplinaridade entre artes visuais e astronomia

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INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE ARTES VISUAIS E
ASTRONOMIA: A LEITURA DE IMAGEM DA OBRA “AS PLÊIADES”
DE ELIHU VEDDER
Letícia Laís Ducheiko – [email protected]
Universidade Estadual de Ponta Grossa
Ponta Grossa- Paraná
Josie Agatha Parrilha da Silva – [email protected]
DEARTES - Universidade Estadual de Ponta Grossa
Ponta Grossa- Paraná
Resumo: O presente artigo realiza a leitura de imagem da obra “As Plêiades” de Elihu
Vedder (1836-1923). Essa leitura buscou identificar e interpretar as relações entre a Arte e a
Ciência, em especial, entre as áreas de Artes Visuais e de Física/Astronomia, de modo
interdisciplinar. Bem como, relacionou alguns conteúdos apresentados nas Diretrizes
Curriculares do Paraná da Educação Básica de Arte e de Física (PARANÁ, 2008). Para a
realização da leitura de imagem foi utilizado o método de Panofsky (2012) que apresenta três
atos para a interpretação da obra: a Descrição Pré-Iconográfica; a Análise Iconográfica e a
Interpretação Iconológica. Em relação à Descrição Pré-Iconográfica foram descritos os
aspectos compositivos da obra. Na Análise Iconográfica observaram-se as relações existentes
entre o tema da obra e a Astronomia, pois, as personagens da obra representam um mito
grego sobre um aglomerado de estrelas chamado Plêiades. Na Interpretação Iconológica, na
qual o pesquisador interpreta o significado da obra, foi possível perceber as influências da
mitologia na interpretação de um tema ligado à astronomia e as influências da astronomia na
representação artística. A partir dos estudos realizados elaborou-se um projeto teóricoprático de leitura da imagem que pode ser desenvolvido na Educação Básica. Estes estudos
confirmaram o estreito relacionamento entre Arte e Ciência, e se percebeu as influências que
a Arte e a Mitologia produziram na Ciência em determinado período. Assim como, a Ciência
e a Mitologia influenciam a Arte, verificando-se uma relação triangular entre Arte, Mitologia
e Ciência.
Palavras-chave: Artes Visuais, Ciência, Interdisciplinaridade, Leitura de Imagem.
1
INTRODUÇÃO
Ao observar a existência de relações entre Arte e Ciência, buscou-se fazer a leitura de
imagem de uma obra de arte e verificar as relações entre a Arte e a Ciência existentes nela. A
obra escolhida para essa análise foi “As Plêiades” de Elihu Vedder (1836-1923), uma vez que
seu tema possibilita análises tanto das Artes Visuais como da Física/Astronomia, bem como,
contempla conteúdos das Diretrizes de Curriculares da Educação Básica (DCE) de Arte e de
Física (PARANÁ, 2008).
O quadro estruturante dos conteúdos básicos das DCE - Física (2008), voltado para o
Ensino Médio, demonstra ser necessário relacionar os conteúdos da Física com outras áreas
do conhecimento e utilizar historicamente os seus conceitos e ideias, para a problematização
inicial. Como as próprias Diretrizes de Física apresentam, em muitos casos, a busca por
explicações sobre a natureza gerou a criação de mitos, como o representado na obra “As
Plêiades”. As Plêiades na astronomia são estrelas que formam um aglomerado próximo da
constelação de Órion, com grande quantidade de material nebuloso brilhante.
Quanto aos conteúdos estruturantes das DCE - Arte (2008), é possível verificar no quadro
de Artes Visuais do Ensino Médio, as relações que podem ser feitas tanto do ponto de vista
dos elementos formais quanto do ponto de vista dos movimentos e períodos – Arte Ocidental
no século XIX ou arte de Vanguarda. Ainda, é possível levar em consideração, os conteúdos
ligados à Composição, como: Bidimensional, Figura Fundo, Figurativo e Abstrato,
Semelhanças e Contrastes e Ritmo Visual, além de poder ser estudado sobre pintura do
gênero Mitologia.
A partir da escolha da obra, foram realizados estudos, seu autor e o período em que foi
concebida, de modo a compreender melhor as condições em que a concepção da obra se deu.
2
“AS PLÊIADES” DE ELIHU VEDDER
A obra “As Plêiades”, do pintor Elihu Vedder (1836-1923), visualizada na Figura 1, é
uma pintura em óleo sobre tela, mede 61,3cmx95,6cm, é datada do ano de 1885 e, atualmente,
se encontra no Metropolitan Museum of Art de Nova York (THE METROPOLITAN, 2014).
O autor da obra, Elihu Vedder, nasceu em Nova York, onde iniciou seus estudos e depois
mudou-se para Paris em 1856, período em que estudou com Picot1. Voltou para os Estados
Unidos durante a Guerra Civil e ao retornar à Europa, estabelecendo-se em Roma. Não
conseguiu muito sucesso na Europa mas, nos Estados Unidos, conseguiu grande fama, em
especial, por suas ilustrações para “O Rubaiyat” 2. Vedder fazia viagens constantes para Nova
York na década de 1880 e, foi neste período que pintou “As Plêiades”, inspiradas em uma de
suas ilustrações para “O Rubayat” (SORIA, 1970; 1979). Taylor (1979, VII) resume bem o
contexto artístico vivido por Vedder: “começou a pintar quando Courbet era um nome para
inflamar os jovens e provocar a ira dos críticos, e morreu quando o cubismo já havia se
tornado acadêmico”.
1
François-Édouard Picot (1786-1868) foi um pintor francês neoclássico que obteve sucesso nos Salões de Paris.
(METMUSEUM, 2014).
2
Rubaiyat é um poema com versos em forma de quadra, foi escrito originalmente em torno de 1120 pelo
matemático, astrônomo e poeta persa Omar Khayyam. (MURRAY, 2014).
Figura 1 – Elihu Vedder. As Plêiades. Óleo sobre tela, 61,3 x 95 cm, 1885.
Fonte: METMUSEUM3, 2014.
O final do século XIX foi também de grande relevância para a Física, pois a era das
crescentes especializações se intensifica neste século. (FORATO, MARTINS E
PIETRECOLA, 2012, p. 123). Martins (2001) afirma que, se compararmos a Física do final
do século XIX com a de cem ou duzentos anos antes, observamos o avanço espantoso, que a
chamada ‘Física Clássica’ (a mecânica, a óptica, a termodinâmica, o eletromagnetismo) já
havia alcançado no século XIX. Quanto à astronomia, o cálculo dos movimentos dos planetas
tinha que ser exato e qualquer diferença entre a teoria e a observação devia ser considerada,
uma vez que o desenvolvimento da mecânica clássica tinha atingido grande precisão
(MARTINS, 2001). Na análise realizada utilizou-se como material tais contextos descritos
acima, tanto do autor da obra como da área Física.
3
O MÉTODO DE LEITURA DE IMAGEM DE ERWIN PANOFSKY
Para a realização da análise da imagem adotou-se o método de leitura de imagem de
Panofsky4 (1892-1978). Para Panofsky (2012) adotar um método para o estudo de uma obra
de arte significa fazer duas formas de análise - uma análise mais objetiva, chamada por
Panofsky de Pesquisa Arqueológica, e uma mais subjetiva, chamada de Recriação Estética
(SILVA, 2013). O autor apresenta três atos para a interpretação: a Descrição Pré-iconográfica,
a Análise Iconográfica e a Interpretação Iconológica.
Para compreensão destes atos de interpretação é necessário o esclarecimento dos termos
Iconografia e Iconologia. Iconografia é "o ramo da história da arte que trata do tema ou
mensagem das obras de arte em oposição a sua forma", ou seja, trata do tema ou do assunto da
obra (PANOFSKY, 2007, p. 47 apud SILVA, 2013). Iconologia é quando "uma iconografia se
torna interpretativa e, desse modo, converte-se em parte integral do estudo da arte, em vez de
3
Disponível em: <http://www.metmuseum.org/Collections/search-the-collections/13070#fullscreen>. Acesso
em: 18 de jan. de 2014.
4
Panofsky nasceu na Alemanha e teve uma longa carreira acadêmica, primeiro na Europa e depois nos Estados
Unidos. Dedicou-se especialmente ao estudo da História da Arte e se considerava um humanista. (INSTITUTE,
2014)
ficar limitada ao papel do exame estático preliminar", sendo o estudo do significado do objeto
e é um método de “interpretação que advém da síntese mais que da análise [...]”
(PANOSFSKY, 2012, p. 54).
Ainda para a compreensão dos atos de interpretação faz-se necessário o esclarecimento
do que se entende por tema e forma. A forma de um objeto é o seu aspecto visível e o tema
pode ser descrito em três níveis. Esses três níveis são: o primário ou natural (identificação das
formas puras - linha, cor, etc. - são os motivos artísticos); o secundário ou convencional
(ligam-se os motivos artísticos aos assuntos e conceitos); e o significado intrínseco ou
conteúdo (é a revelação de princípios qualificados por uma personalidade e condensados na
obra) (PANOFSKY, 2007 apud SILVA, 2013, p. 87). Os três níveis que descrevem o tema da
obra estão intimamente ligados aos três atos para a interpretação.
Quando o objeto da interpretação é o tema primário ou natural, faz-se o ato de
interpretação da Descrição Pré-Iconográfica, familiarizando-se com os objetos e eventos,
compreendendo a maneira pela qual, em diferentes condições históricas, estes objetos e
eventos foram expressos pelas formas presentes na obra. Este primeiro ato da interpretação
refere-se a “história do estilo”. (PANOFSKY, 2007 apud SILVA, 2013). E, quando o objeto
de interpretação é o tema secundário ou convencional, constituindo o mundo das imagens,
estórias e alegorias, faz-se a Análise Iconográfica, familiarizando-se com temas e conceitos
específicos através do conhecimento de fontes literárias, compreendendo-se a maneira pela
qual, sob diferentes condições históricas, os temas ou conceitos foram expressos pelos objetos
e pelos eventos presentes na obra. Este segundo ato da interpretação refere-se a “história dos
tipos”, a compreensão do porquê os temas ou conceitos foram representados por tais objetos e
eventos. É a interpretação dos significados convencionais que os símbolos representados na
obra expressam (PANOFSKY, 2007 apud SILVA, 2013).
A Interpretação Iconológica é feita quando o objeto da interpretação é o significado
intrínseco ou conteúdo, constituindo o mundo dos valores simbólicos. Neste ato familiariza-se
com tendências essenciais da mente humana, condicionada pela psicologia pessoal, através da
intuição sintética, compreendendo a maneira pela qual, sob as diferentes condições históricas,
as tendências essenciais da mente humana foram expressas por tais temas e conceitos
específicos. Este terceiro ato da interpretação refere-se à análise da “história dos sintomas
culturais ou símbolos”, buscando compreender como as tendências especiais da mente
humana foram expressas por temas ou conceitos, ou seja, é a fase em que se apreende o
significado da obra e o que seus símbolos representam na cultura na qual foi produzida
(PANOFSKY, 2007 apud SILVA, 2013).
Observando este método de análise de imagem de Panofsky (2012; 2007 apud SILVA,
2013) foi realizada a leitura da imagem da obra “As Plêiades” que será discutido a seguir.
4
A LEITURA DE IMAGEM DA OBRA “AS PLÊIADES” DE ELIHU VEDDER
A obra “As Plêiades” – Figura 1 – revelou no primeiro ato da interpretação. A descrição
Pré-Iconológica, refere-se a representadas de sete figuras femininas que seguram uma corda
com sete estrelas; uma das personagens está representada de forma mais escura ou apagada e
a estrela que corresponde a ela parece estar se perdendo. A obra toda é bem equilibrada e
harmônica e faz muitas referências à cultura e estilo clássico. Com relação às figuras
humanas, observamos que parecem dançar, vestem roupas em tons de rosas, azuis ou violetas,
cinzas e amarelos, em tons claros, quase brancos. Os tecidos das roupas são leves e
esvoaçantes, sendo uma referência à cultura clássica pela forma em que estão dispostos em
seus corpos. Algumas personagens tem apenas um tecido envolvido no corpo deixando
aparecer partes do corpo, como pernas e seios. Essas figuras femininas tem pele e cabelos
claros - estão apoiadas sobre uma superfície de cores tão parecidas com as de suas roupas que
chegam a misturar-se em alguns pontos. Misturam-se em cores muito sutis o fundo, os tecidos
das roupas e o local em que elas estão apoiadas. Em alguns pontos as figuras se misturam com
o fundo e em outros estão bem demarcados. Na obra toda há um harmônico envolvimento
cromático muito equilibrado formando uma atmosfera celeste e a luz na obra parece vir de
cada uma das estrelas.
Com a Análise Iconográfica averiguou-se que as personagens representadas por Vedder
representam um mito da Grécia antiga no qual as sete irmãs: Alcyone, Maia, Electra, Merope,
Taygete, Calaeno e Sterope, filhas de Atlas e Pleione, foram transformadas por Zeus em
estrelas para fugir de Órion, um caçador gigante. Órion também transformou-se em uma
constelação e continuou a persegui-las no céu. Seis das irmãs tiveram filhos com deuses, mas
Mérope teve um filho com um mortal: Sísifo. (ENCYCLOPEDIA, 2014). É possível
compreender que estas personagens são as do mito grego pelo título da obra que corresponde
diretamente ao mito. Pode-se ver que na obra há a presença de sete mulheres e sete estrelas,
correspondendo também ao número de personagens e estrelas do mito. A forma com que as
personagens foram representadas faz referência à cultura clássica, reforçando a presença de
um mito grego.
Tanto o título da obra quanto o mito grego referem-se a um aglomerado de estrelas
existente perto da constelação de Órion. (CARDOSO, 2004, p. 76). De acordo com a
Encyclopedia Britannica (2014), elas foram fotografadas pela primeira vez por Pau e Prosper
Henry em 1885, mesmo ano em que Vedder pintou “As Plêiades”, no entanto, seus estudos
para a obra antecedem esta data. Estas estrelas encontram-se a cerca de 430 anos-luz do
sistema solar e contém grande quantidade de material nebuloso brilhante e mais de 1000
estrelas, das quais seis ou sete podem ser vistas a olho nu. As mais brilhantes são Alcyone,
Maia, Electra, Merope, Taygete, Calaeno e Sterope. Com um telescópio este número aumenta
consideravelmente. Uma imagem desse aglomerado pode ser vista na figura 2
(ENCYCLOPEDIA, 2014; NATIONAL, 2014).
Figura 2 - The Pleiades. NASA/ESA/AURA/Caltech
Fonte: ENCYCLOPEDIA5, 2014.
5
Disponível em: <http://global.britannica.com/EBchecked/topic/464556/Pleiades>. Acesso em: 04 de fev. de
2014.
A Interpretação Iconológica, que é o passo mais subjetivo da análise, revelou que a
mitologia possui grande influência na representação artística, mesmo que os temas sejam
ligados à astronomia. No caso desta obra, concebida primeiramente como ilustração para um
poema de um astrônomo, pode-se ver que o que predomina é a representação do mito, com
algumas influências da astronomia, já que as personagens e, principalmente as estrelas, estão
envolvidas em um material nebuloso e brilhante. Este material é visível no aglomerado das
Plêiades (ENCYCLOPEDIA, 2014). Após várias tentativas de relacionar mais estritamente a
obra com a ciência, percebeu-se o quanto a mitologia influencia na representação de um tema
ligado a ciência. Procurou-se relações entre o posicionamento das Plêiades na obra e o
posicionamento das Plêiades no universo, mas não foi encontrado nenhuma relação. Murray
(1979, p. 183), afirma que em uma autobiografia de Vedder, ele “menciona seu interesse pela
astronomia (ou astrologia)”, mas neste terceiro passo da análise, que é mais subjetivo, chegase a conclusão de que Vedder se baseou mais no que ouviu dizer sobre o mito do que em
interpretações científicas sobre o assunto. Isso caracteriza em muitos casos a sua arte, já que
ele interessava por pinturas visionárias, porém, ele também observava e pintava paisagens.
Então, poderia ter Vedder observado também o céu para elaborar a obra “As Plêiades”.
Mesmo que a representação do mito seja imperativa dentro da pintura, há influências da
astronomia, já que as personagens e principalmente as estrelas estão envolvidas em um
material nebuloso e brilhante e este material é visível no aglomerado das Plêiades
(ENCYCLOPEDIA, 2014). Por este motivo, afirma-se que há relações nesta imagem entre a
Arte e a Ciência, mais especificamente entre as Artes Visuais e a Astronomia, por mais que
essa relação seja mantida principalmente por intermédio da Mitologia.
Quanto ao mito, Vedder parece ter adicionado um elemento a mais: a corda. Esse fio
brilhante não consta no mito original. Este fio é o que mantêm as irmãs ligadas umas às
outras, mas que uma delas acaba rompendo. Esta irmã é a Plêiade mais escura, mais apagada,
talvez envergonhada, triste, por ter tido um filho com um mortal, enquanto que as outras
tiveram filhos com deuses. Este fato arrebenta à corda que unia as irmãs. Outro aspecto da
obra de Vedder é que cada personagem possui uma estrela, enquanto que na mitologia as
Plêiades são transformadas em estrelas. Enquanto que o mito transforma pessoas em estrelas,
Vedder personifica novamente as estrelas, que agora somente seguram estrelas em uma corda.
Dessa maneira, as emoções das estrelas estão refletidas nas personagens, assim como a luz
das estrelas estão refletidas nas personagens, ou as deixam apagadas como no caso da
personagem central. Esta estrela perdida segue para baixo, parece que a gravidade da Terra,
está a puxando do céu em direção aos mortais que na Terra vivem.
Foram levantados outros aspectos da Física, e não somente da Astronomia: a reflexão da
luz, inércia e gravidade. Estes conceitos da Física estão aplicados na representação artística.
As estrelas emanam luz, mas com essa luz refletem emoções nas personagens. A inércia leva
à estrela que escapou da corda a seguir em linha reta e a gravidade a “puxa” para baixo. Neste
caso, Vedder parece ignorar as distâncias existentes entre a localização das estrelas no espaço
e o planeta Terra, já que há uma força gravitacional, que a interpretação subjetiva leva a
considerar vir do planeta Terra.
Levando em consideração principalmente este último passo da análise, em que se busca
um significado para a obra, percebe-se as relações existentes entre Arte e Ciência, entre Artes
Visuais e Física, a partir da Astronomia e de alguns conceitos. Com base nestes estudos
realizados notou-se, portanto, que há relações entre os conteúdos básicos das DCE Arte e de
Física. E, ao relacionar os conteúdos das Diretrizes de Arte e de Física no que diz respeito ao
Ensino Médio, percebeu-se que alguns de seus conteúdos possibilitam que o aluno formule
uma visão geral da ciência (Física), presente no final do século XIX e compreenda a visão de
mundo dela decorrente, assim como também das Artes Visuais neste mesmo período.
Com os conhecimentos obtidos com a análise da obra, foi elaborado o projeto teórico
prático. Este projeto é voltado à Educação Básica e objetiva-se com ele que os alunos
compreendam as relações existentes entre Arte e Ciência na obra “As Plêiades” de Elihu
Vedder (1836-1923), a partir da metodologia de Leitura de Imagem de Panofsky (2012).
Propõe-se neste projeto que os alunos se coloquem no lugar das personagens, organizem o
cenário, encarreguem-se da luz e tirem fotografias. Em seguida, sugere-se distribuição de
textos sobre o autor da obra, o contexto, a mitologia e a astronomia. Com os alunos dispostos
em círculos as informações dos textos seriam partilhadas. Espera-se que ao final desses passos
os alunos tenham feito os três atos de análise de imagem de Panofsky (2012).
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obra “As Plêiades” apresentou influências que a Arte e a Mitologia produzem na
Ciência, e que a Ciência e a Mitologia produzem na Arte, verificando-se uma relação
triangular entre Arte, Mitologia e Ciência. A partir da trajetória realizada na pesquisa em
relação à leitura de imagem, conclui-se que é possível realizar uma leitura de imagem
segundo a metodologia de Panofsky (2012) de forma interdisciplinar.
Esta leitura de imagem exercitou a apreciação artística em Artes Visuais, e a identificação
de conceitos relativos às Artes Visuais, como os elementos da linguagem visual e os períodos
e estilos envolvidos na análise. Quanto à Ciência representada na obra, a leitura revelou a
forte influência da Mitologia ainda no século XIX. A leitura de imagem de forma
interdisciplinar proporcionou uma compreensão de um todo significativo da obra, levantou-se
questões sobre o humano suas emoções e seus sentidos e instigou uma interpretação do
mundo da Ciência e da Arte no século XIX.
A partir desta experiência interdisciplinar se propõe a utilização da leitura de imagem na
educação básica, uma vez que esta metodologia, pode proporcionar relações interdisciplinares
que contribuam para uma compreensão de mundo, como um todo, e não de forma
compartimentada. No entanto, é importante que o professor tenha uma metodologia adequada
de leitura de imagem para conduzir seus alunos à apreensão de um todo significativo.
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<http://universoracionalista.org/radiotelescopios-resolvem-a-controversia-sobre-a-distanciadas-pleiades/>. Acesso em: 03 de set de 2014.
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<http://www.metmuseum.org/search-results?ft=Pleiades&x=0&y=0 >. Acesso: 30 de jan. de
2014.
INTERDISCIPLINARITY BETWEEN VISUAL ARTS AND
ASTRONOMY: READING IMAGE OF THE WORK "THE PLEIADES"
ELIHU VEDDER
Abstract: This article provides image reading the book "The Pleiades" Elihu Vedder (18361923). This reading was to identify and interpret the relationship between Art and Science, in
particular, between the areas of Visual Arts and Physics / Astronomy, in an interdisciplinary
way. As well as some related contents in the Paraná Art Curriculum Guidelines and Physics
(2008). To perform the reading of the image method Panofsky (2012) which features three
acts to the interpretation of the work was used: the Pre-Iconographic Description; the
Iconographic Analysis and Interpretation Iconological. Regarding Pre-Iconographic
Description compositional aspects of the work were described. Iconographic Analysis on the
observed relationship between the subject of the work and Astronomy, because the characters
of the work represent a Greek myth about a star cluster called the Pleiades. In Iconological
Interpretation, in which the researcher interprets the meaning of the work, it was possible to
realize the influences of mythology in the interpretation of a theme connected to astronomy
and astronomy at the influences of artistic representation. Elaborated a theoretical and
practical reading project the image that can be developed in Basic Education, based on the
studies. These studies have confirmed the close relationship between art and science, and
realized the influences that Art and Mythology Science produced in a given period. As well as
the Science and Art Mythology influence, verifying a triangular relationship between Art,
Science and Mythology.
Key-words: Visual Arts; Science; Interdisciplinarity; Reading Picture.
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