ESCOLA SUPERIOR DE ADMNISTRAÇÃO, DIREITO E ECONOMIA

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A Filosofia de Platão
Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior

Platão funda em Atenas uma instituição de ensino, a
Academia.

A Academia torna-se o protótipo de todos os colégios
e universidades futuras (Luce).

A intenção de Platão, ao fundar essa instituição, era
de ordem prática.

Pretendia formar as novas elites políticas e dirigentes
para as cidades- estado gregas.
Platão no Jardim de Academos – Ilustração de John Millar Watt

Ao contrário dos sofistas, Platão não queria apenas
formar “hábeis políticos” (Hadot).

Pretendia formar homens que tivessem amor pelo
bem e pela verdade.

Deste modo, os membros da academia consagravamse à vida de estudos e a práticas espirituais (Hadot).

Para Platão o ponto de partida da Filosofia é o
espanto e a indignação.

Espanto diante da infinitude do real.

Indignação perante o fato que os homens não são o
que deveriam ser (Mattéi).

O espanto e a indignação dependem de uma
“abertura da alma”.

De um despertar a outras dimensões da existência.

É uma abertura da alma para a imensidão do real e
para o bem.
 Conhecer o real e julgar os acontecimentos só é
possível quando a alma realiza uma “parada”.
 Quando “suspende” o curso habitual da vida.
 Esta suspensão que leva o nome de scholê (escola)
é a condição essencial do exercício da Filosofia
(Mattéi).
 A scholê (ócio-repouso) é uma ruptura com o
movimento da vida que se compraz na ignorância
(Mattéi).
 O ócio nos conduz ao espanto perante o real, e
assim, ao pensar.
 O repouso-parada nos impele a nos indignar
perante o mal e, assim, julgar.
 Em Platão, a Filosofia tem sua origem na resistência
da alma à sua destruição pela sociedade (Voegelin).

É um ato de ordenação da alma diante da desordem
circundante.

A Filosofia de Platão não diz respeito à idéias
abstratas.

É um investigação que refere-se à realidade da ordem
na alma e na sociedade (Voegelin).

O homem é visto como um ser intermediário (entre
os deuses e os animais), vivendo suspenso entre dois
mundos o finito e o infinito.

Platão falava em “três partes da alma”.

Isto corresponderia a três tendências ou impulsos
principais no homem: o aquisitivo; o combativo e o
intelectual.
HOMEM VITRUVIANO- DESENHO DE LEONARDO DA VINCI

Na base da personalidade há uma massa desordena
de desejos e instintos que ele chama de elemento
apetitivo.

Acima e distinta desta parte está o elemento
impetuoso.

É a nossa parte que sente cólera e indignação.

A parte mais elevada de nossa alma se chama “elemento
racional”.

As três “partes da almas” se relacionam com três partes
do corpo: a cabeça, o coração e o ventre.

A existência de partes diferentes é provada pelo conflito
de impulsos que sentimos com freqüência (Luce).

Ex: o desejo de ingerir bebidas alcoólicas em conflito
com ponderação racionais.

A parte superior da alma(razão) deve dominar a parte
inferior (desejo).

A alma está ordenada quando há uma hierarquia de
funcionamento entre as partes.

A fonte suprema da ordem na alma é a visão do divino, o
Agathon (Voegelin).

A visão do Bem supremo proporciona forma à alma por
meio de uma experiência de transcendência(Voegelin).

Para Platão, em síntese, o homem é, essencialmente
uma alma imortal, cujo destino é vir ao mundo para
encontrar aí seu lugar (Mattéi).

A alma-psique como centro do homem (doutrina da
preexistência da alma).
Psique sendo resgatada por Eros – pintura
de William Bouguereau.

Íntima relação entre Educação e Ética em Platão.

A educação é uma educação moral, do caráter.

É, além disso, uma educação que leva em conta todas as
dimensões do homem.

É uma educação do corpo e da alma, do intelecto, do
coração, do gosto e da vontade, e para o exercício da vida
pública.

Correlação entre as “partes da alma” e as virtudes
cardeais (sabedoria, coragem, temperança e justiça).

A sabedoria é a virtude do elemento racional.

A coragem é a virtude do elemento impetuoso, dando
força e objetivo ao intelecto.

A temperança é concebida como um acordo, ou
consentimento, das forças mais elementais serem
governadas pela parte mais elevada da alma.

As virtudes são virtudes da alma.

As virtudes são os “poderes” ordenadores da alma.

Conforme Platão, com a educação ocorre um
“conversão”, “uma virada da alma”.

A educação é a “arte de virar” - PAIDEIA AGATHON

Segundo Platão, o dever do homem é “assemelhar-se a
Deus”.

Pois Deus é “ medida de todas as coisas”, em contraste ao
homo-mesura de Protágoras.

A psique é a parte divina no homem.

Assim, o discernimento de sua superioridade sobre os
bens do corpo e os bens materiais é a primeira condição
para tornar-se semelhante a Deus (Voegelin).

Segundo Platão a sociedade é o homem escrito em
letras grandes.

Deste modo, a desordem social e política (externa) é
um reflexo da desordem na alma humana (interior).

Uma sociedade está doente quando os homens que a
governam e a compõem estão moral e
espiritualmente doentes.

Uma pólis (sociedade) está em ordem quando é
governada por homens com almas ordenadas, está em
desordem quando as almas dos governantes estão
desordenadas (Voegelin).

Há uma paralelo entre cidade e indivíduo (Mattéi).

Os costumes de uma cidade vêm dos costumes dos
cidadãos.

Assim, para construir uma sociedade justa não se deve
mudar a cidade, mas os homens que a compõem (Mattéi).

A “cidade”, a sociedade política ordenada deve ser sábia,
corajosa, temperante e justa.

Platão vê a sociedade política constituída por três
estamentos ou “classes”:
1)
Estamento dos produtores,
funcionamento da economia.
responsável
pelo
2)
Estamento dos guardiões da leis, responsáveis pela
defesa e segurança.
1)
Estamento dos guardiões-governantes, designados
por reis-filósofos.

A)
B)
C)

Estes três estamentos correspondem às três partes da
alma:
Razão – (Guardiões-governantes, reis-filósofos);
Ardor – (Guardiões das leis);
Desejo- (Produtores).
Corresponde três partes do corpo: Cabeça =
reis-filósofos; Coração = Guardiões das
Leis;Ventre = produtores.

Corresponde, também, às três virtudes:
Sabedoria (Reis-filósofos);
Coragem (Guardiões da Leis);
3) Temperança (Produtores).
1)
2)

Para Platão há cinco formas de constituição política e
cinco formas de alma humana – monarquia, timocracia,
oligarquia, democracia e tirania (Mattéi):

A) à monarquia corresponde o homem monárquico,
perfeitamente bom e justo;

B) à timocracia corresponde o homem timocrático,
sempre em busca de honrarias;

C) à oligarquia corresponde o homem oligárquico, ávido
de novas riquezas;

D) à democracia corresponde o homem
democrático, submisso a todos os seus
desejos;

E) à tirania corresponde o homem tirânico cuja
violência suscita o parricídio, o incesto e a
violação da lei.

Segundo Platão há uma realidade visível e outra
invisível.

De um lado a realidade sensível, submetida à
mudança e de outro a realidade inteligível,
permanente e imutável.

Por trás da face mutável do mundo visível, há o
mundo das “idéias ou formas eternas” (Luce).

O mundo das idéias ou formas eternas não é
mero pensamento na mente de alguém.

É sim algo que existe por si mesmo como
parte imutável da realidade (Luce).

A “IDÉIA” em Platão é um espécie de
“fórmula das coisas”.
 Para ele a relação expressa por um fórmula como “igual
a dois ângulos retos” é mais real (porque mais
permanente) que qualquer triângulo específico (Luce).

A FORMA-IDÉIA é a estrutura essencial ou essência
invisível de um ser.

As coisas visíveis são cópias imperfeitas e fugazes das
“formas eternas”.

“Imitam” e “participam” do mundo das formas.

Assim, a idéia de homem é o homem perfeito e
universal de que os indivíduos humanos são
imitações transitórias e defeituosas (Franca).

As IDÉIAS-FORMAS existem num mundo
“separado”, o mundo dos inteligíveis, situado nas
“esferas celestes” (Franca).

A influência da Filosofia de Platão na história
intelectual do ocidente é vastíssima.

Whitehead afirmava que a tradição filosófica e
científica do ocidente não é senão uma série de notas
de rodapé das páginas de Platão.

Em Platão se encontram e dele provém quase todos
os temas da filosofia (Jaspers).

O próprio da Filosofia platônica é a direção para o mundo
intelectual, supra-sensível, a elevação da consciência ao
reino espiritual (Hegel).

Em Platão, conhecimento (ciência) não é algo
absolutamente teórico, é transformação do ser e virtude
(Hadot).
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