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Caros Candidatos às vagas de AFRF:
No ano passado, em concurso para preenchimento de vagas para o cargo de
analista administrativo do Ministério Público da União, a ESAF apresentou duas
questões com o mesmo enunciado na prova de Língua Portuguesa. São duas
questões de modelo “sinistro”, até então não utilizado pela banca examinadora
daquela instituição.
Nos concursos que se seguiram àquele, este modelo de questão não voltou a
surgir, o que é muito bom, tendo em vista a dificuldade que traz para os
candidatos. De imediato, esclareçamos que tal dificuldade está muito mais na
extensão da questão e no que se deseja encontrar, do que em fatos de natureza
gramatical.
Pelo sim, pelo não, a proximidade deste concurso para AFRF levou-me a pensar
em colocar no site da Editora Ferreira uma das questões de que falamos,
acompanhada de sua solução. É uma forma de ajudá-los.
No entanto, minha maior ajuda estará representada, tenham certeza disto, pelas
preces ardentes de que a banca examinadora não cometa, novamente, este
desatino.
Vamos à questão 63, da prova de analista administrativo do MPU, aplicada no dia
1º de agosto de 2004:
63- Entre as diferentes versões
representa a melhor opção estilística.
a)
do
mesmo
texto,
escolha a que
Pioneiros da conquista do trópico para a civilização, tiveram os
portugueses, nessa proeza, sua maior missão histórica. E, sem embargo de
tudo quanto se possa alegar contra sua obra, forçoso é reconhecer que
foram não somente os portadores efetivos como os portadores naturais
dessa missão. Nenhum outro povo do Velho Mundo achou-se tão bem
armado para se aventurar à exploração regular e intensa das terras
próximas à linha equinocial, onde os homens depressa degeneram, segundo
o conceito generalizado na era quinhentista.
b) Foram os portugueses os pioneiros da conquista do trópico para a civilização,
tendo nessa proeza sua maior missão histórica. Não obstante tudo
quanto se possa alegar contra sua obra, forçoso é reconhecer que eles
foram não somente os portadores efetivos como os portadores naturais
dessa missão. Nenhum outro povo do Velho Mundo achou-se tão bem armado
para se aventurar à exploração regular e intensa das terras próximas da
linha equinocial, onde os homens depressa degeneram, segundo o conceito
generalizado na era quinhentista.
c) Os portugueses é que foram os pioneiros da conquista do trópico para a
civilização, e eles tiveram nessa proeza sua maior missão histórica.
Independentemente de tudo quanto se possa alegar contra sua obra,
nós temos forçosamente de reconhecer que eles foram não somente os
portadores efetivos como os portadores naturais dessa missão. Nenhum
outro povo do Velho Mundo achou-se tão bem armado para se aventurar
na exploração regular e intensa das terras próximas da linha equinocial,
onde os homens depressa degeneram, segundo o conceito generalizado
na era quinhentista.
d) Os portugueses foram pioneiros da conquista do trópico para a civilização e
eles tiveram, nessa proeza, sua maior missão histórica. E sem embargo de
tudo quanto se possa alegar contra sua obra, forçoso é reconhecer que eles
foram não somente os portadores efetivos como os portadores naturais
dessa missão. Nenhum outro povo do Velho Mundo achou-se tão bem
armado para se aventurar à exploração regular e intensa das terras próximas
da linha equinocial, onde os homens depressa degeneram, segundo o
conceito generalizado na era quinhentista.
e) Os portugueses, que foram pioneiros da conquista do trópico para a
civilização, tiveram, nessa proeza, a maior missão histórica deles. Sem
embargo de tudo quanto possamos alegar contra sua obra, forçosamente
nós temos de reconhecer que eles foram não somente os portadores
efetivos como os portadores naturais dessa missão. Nenhum outro povo
do Velho Mundo achou-se tão bem armado para se aventurar à exploração
regular e intensa das terras próximas à linha equinocial, onde os homens
depressa degeneram, segundo o conceito generalizado na era quinhentista.
Comentário
Como podemos observar, a dificuldade maior da resolução de questão com este
enunciado resulta do fato de não estarmos procurando alternativa que apresente ou que o faça – erro gramatical de qualquer natureza. Não se solicita que o
candidato examine as estruturas dos textos das diversas alternativas em busca de
eventuais deslizes de concordância, de regência, de colocação pronominal, enfim,
de qualquer mecanismo gramatical. Quando isto ocorre, sabemos que uma das
alternativas apresentará fato gramatical incorreto e, de certo modo, estamos
preparados para buscá-lo. Afinal, já fizemos centenas de questões com esta
característica. Já resolvemos dúzias de simulados em nossos cursos.
A extensão física das alternativas, em questões nas quais procuramos deslizes
gramaticais – ou não –, ainda que desagradável, não nos intimida tanto. Quem sabe
o erro procurado está logo na alternativa “a”? Ou na alternativa “c”? Mesmo que
surja na alternativa “e”, e neste caso teremos que ler todas as alternativas, animanos a idéia de que estamos à procura de algo “concreto”, de alguma passagem que
nossos olhos treinados aprenderam previamente a localizar.
Com este tipo de questão, entretanto, nossa atitude será diferente. Não estamos
em busca de erro de natureza gramatical. Na verdade, todas as alternativas
poderão estar corretas, gramaticalmente. Estamos buscando, isto sim, a alternativa
que melhor expõe a mensagem, levando-se em conta características estilísticas.
Isto altera todo o nosso modo de enfocar a questão. Outras questões estão, agora,
em pauta: a concisão textual, a escolha vocabular, a elegância com que expomos
nossas idéias, ...
Sugerimos que, surgindo questão deste modo, trabalhemos com calma,
analisando as diversas alternativas por partes, período por período. Não nos parece
prudente lermos uma alternativa inteira para confrontá-la com outra, e com outra, e
com outra, e com outra. Melhor será, certamente, analisarmos os períodos de cada
alternativa. Desta forma, quem sabe, já eliminaremos algumas delas. Com um
pouco de sorte – ou com muita sorte – resolveremos a questão sem chegarmos,
necessariamente, ao fim da leitura das diversas alternativas.
Procedamos assim, nesta questão. Vejamos, então, o período inicial de cada
alternativa:
a) “Pioneiros da conquista do trópico para a civilização, tiveram os portugueses, nessa
proeza, sua maior missão histórica.”
Nada ruim chamou-nos a atenção neste período. Abriu-se o texto com o aposto de um
sujeito que surgirá em ordem inversa – “os portugueses”. Esta inversão pôs em realce o
fato de os portugueses terem sido “Pioneiros da conquista do trópico para a civilização”.
Chamou-se a atenção para tal fato. As inversões – que fazem os termos oracionais
saírem de suas ordens naturais de surgimento - representam recurso estilístico que, bem
usado, produz excelente efeito. Na continuidade do texto, vemos um pronome possessivo
“sua” alusivo a “portugueses” e evitando a repetição deste vocábulo. Temos, então, um
período estilisticamente irrepreensível. Confrontemo-lo com o primeiro período da
alternativa “b”.
b) “Foram os portugueses os pioneiros da conquista do trópico para a civilização, tendo
nessa proeza sua maior missão histórica.”
No confronto, percebemos que esta segunda forma de redação do período não é
melhor do que a primeira. Inicialmente, a inversão do sujeito com a forma verbal
“Foram” não produziu efeito estilístico algum. Principalmente porque o agora
predicativo do sujeito “os pioneiros da conquista do trópico para a civilização” tem
como núcleo (“pioneiros”) um substantivo plural, tanto quanto o sujeito “os
portugueses”. De certo modo, a inversão dificultou a percepção imediata de qual
dos dois termos é sujeito ou predicativo do sujeito. Tente olhar este período
despojando-se da informação que já é de sua posse, uma vez que leu a alternativa
“a”. Você poderá comprovar o que afirmamos: a inversão mais confundiu do que
pôs algum dos termos oracionais – “pioneiros” ou “portugueses” – em destaque. Por
outro lado, o emprego do gerúndio “tendo” não é adequado, nesta passagem. A
coesão textual da passagem em que surge não fica bem estabelecida. Entre os dois
primeiros períodos até então vistos, indiscutivelmente o da alternativa “a” é melhor.
Podemos, então, descartar a alternativa “b”. Passemos, agora, ao mesmo período
do item “c”.
c) “Os portugueses é que foram os pioneiros da conquista do trópico para a
civilização, e eles tiveram nessa proeza sua maior missão histórica.”
Não teremos receio algum em afirmar que este período, estilisticamente, está
ruim. De início, não há qualquer razão para que se empregue a expressão de realce
“é que”. Seu emprego não põe em destaque o sujeito “Os portugueses”, que,
considerando-se que os termos estão postos em ordem direta, já está, naturalmente,
destacado como sujeito. Além do mais, a utilização do pronome reto “eles” é
rigorosamente desnecessária e representa, por isso, uso vocabular abusivo. Pecou-se
pela falta de concisão. Não vimos nesta alternativa, também, os recursos estilísticos
apontados na alternativa “a”. Continuamos, então, com a alternativa “a” como a que
melhor redigiu a informação do primeiro período. Já havíamos descartado a
alternativa “b”. Podemos eliminar, agora, o item “c”. Vejamos o item “d”.
d) “Os portugueses foram pioneiros da conquista do trópico para a civilização e eles
tiveram, nessa proeza, sua maior missão histórica.”
Outro período que peca por falta de concisão. Como vimos, não há necessidade do
emprego do pronome reto “eles”, uma vez que a desinência verbal em “tiveram”
seria suficiente, no período, para o leitor perceber o agente da ação verbal. Não se
notam, também, os recursos estilísticos traduzidos pelas inversões constantes na
alternativa “a”. No confronto com o item “a”, a alternativa agora apontada sai
perdendo de muito.
e) “Os portugueses, que foram pioneiros da conquista do trópico para a civilização,
tiveram, nessa proeza, a maior missão histórica deles.”
Sem sermos exagerados, poderemos afirmar que, estilisticamente falando-se, a
construção deste período é um desastre. O emprego da forma pronominal oblíqua tônica
“deles” – contração da preposição “de” com o pronome pessoal “eles” – é muito ruim.
Seu vínculo com “portugueses” é estabelecido sem nenhuma elegância textual. Em seu
lugar, seria recomendável o emprego do pronome possessivo “sua”, evidentemente
antecedendo o adjetivo “maior”. Não há como aceitarmos este período como melhor do
que o redigido na alternativa “a” da questão. Já havíamos desconsiderado as alternativas
“b”, “c” e “d”. Desconsideraremos, finalmente, a opção “e”. Deste modo, chegamos,
então, à resposta, expressa pela alternativa “a”.
Gabarito da questão: A
Como vimos, a questão, que se apresentava enorme, com alternativas que, na folha
da prova, diagramada em colunas, apresentavam uma média de doze linhas de texto,
resolveu-se com a leitura atenta do período inicial da alternativa “a” e seu evidente
confronto com o período inicial das demais alternativas.
Deste fato podemos extrair uma lição: questões desta natureza não necessariamente
consumirão muito tempo. É claro que em outras situações poderemos ter mais trabalho.
No entanto, o método de as resolvermos por períodos é, sem dúvida, o melhor. Aos
poucos vamos eliminando opções, até chegarmos à resposta.
Apesar disto, melhor será, de qualquer modo, endereçarmos nossas preces aos céus,
solicitando que não apareçam em nossa prova do dia 18 de dezembro próximo questões
semelhantes a esta.
Espero ter sido útil a todos vocês que farão esta prova.
Boa sorte a todos!
Décio Sena
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