saúde notícias 01 de abril 2016

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Diario de Pernambuco - PE
01/04/2016 - 08:05
Vacinas para H1N1 estão a caminho
Frente à grande procura, remessas para redes privadas e pública chegarão na próxima
semana. Estado ressalta que não há motivo para pânico
Alice de Souza
O medo provocado pelo surto de H1N1 em São Paulo e a confirmação de casos em
Pernambuco levou ao esgotamento de vacinas de gripe na rede privada pernambucana.
Uma clínica de vacinação particular do Recife imunizou, só na quarta-feira, mais de
cinco vezes o estimado. Ontem havia fila de espera com mais de duas mil pessoas. As
vacinas devem chegar em 7 de abril. Também na próxima semana, a Secretaria Estadual
de Saúde receberá a primeira remessa do Ministério da Saúde para destinar aos
municípios, com 24% do total necessário para os grupos de risco. Autoridades de saúde
ressaltam que não há motivo para pânico.
Pernambuco tem 13 casos confirmados e dois óbitos em investigação por síndrome
respiratória aguda grave, o que inclui H1N1. Na quarta-feira, foram imunizadas cerca de
300 pessoas em cada uma das seis filiais da Vaccine. A média anterior diária era de 50 a
80 pessoas. A unidade começou a fazer filas de espera. A vacina tetravalente custa R$
110 e há desconto para grupos a partir de 50 pessoas. À empresa, o fornecedor informou
que a prioridade da distribuição é São Paulo.
O mesmo foi dito à Cidrim Vacinas, onde formou-se a fila por duas mil doses. O local
havia recebido, no começo da semana, um lote para durar até o fim de abril ou início de
maio, mas foi surpreendido pela demanda. Em um mesmo dia, 500 vacinados. Foram
solicitadas mais de cinco mil doses, com previsão de chegada para quinta-feira. “A
procura tem sido tão grande que estamos agendando grupos e pedindo para as pessoas
virem antes para realizar os cadastros. Tínhamos quatro funcionários, contratamos mais
três e precisaremos contratar mais três ou quatro”, disse o gerente do Cidrim Vacinas,
Ludovico Freitas.
A contadora Juliana Sarubbo, 40, chegou a passar mais de uma hora e meia esperando,
na última quarta-feira, e não conseguiu vacinar as filhas de 7 e 9 anos. Ela mobilizou
mães de colegas de classe das crianças e juntou mais de 100 pessoas em um grupo para
obter desconto. “Achei que seria difícil juntar 40 pessoas, mas rapidamente passou de
90”, ressaltou.
A preconização do Ministério da Saúde é de vacinar 80% da população inserida no
grupo de risco para gripe. Pernambuco atingiu a meta nos últimos quatro anos, mas em
2014 houve redução do percentual. Foram 92,28% em 2014 contra 84,56% em 2015.
Quase 300 mil pessoas não se imunizaram.
O lote será dividido em quatro remessas, sendo a primeira com cerca de 24% do total.
As remessas chegarão semanalmente e serão distribuídas igualitariamente aos
municípios, de acordo com a proporção de população dentro do grupo prioritário,
composto por crianças menores de dois anos, idosos, gestantes e pessoas com doenças
crônicas. O dia exato que a substância estará disponível nos postos, porém, ainda não
foi definido. Irá depender da data de chegada e da logística de transporte e
armazenamento.
Na segunda-feira, será realizada uma reunião de mobilização com representantes
municipais. “Não estamos em surto, mas é um momento de alerta e sensibilização. É
importante vacinar, mas não precisar entrar em pânico. Ao vacinar a população mais
vulnerável, estamos quebrando a cadeia de transmissão do vírus”, frisou a coordenadora
do programa de Imunizações do Estado, Ana Catarina Melo.
Diario de Pernambuco - PE
01/04/2016 - 08:05
Editorial
O medo agora é do H1N1
Até poucas semanas, quando o brasileiro pensava em saúde temia ser acometido pela
dengue, chikungunya ou zika. A corrida era pelo melhor repelente do mercado. A se
tirar pelo movimento visto ontem nas ruas e em diálogos na internet, houve uma
mudança de foco. O alerta se volta agora para o contágio do vírus H1N1, conhecido
como gripe suína. A nova busca é por vacinas em unidades particulares para aplacar o
surto fora de época.
Grupos de mães usam aplicativos de conversas no celular para se informar sobre
estoques e se organizam em listas de espera para conseguir prioridade e preço mais
baixo. Pediatras informam que não há motivo para pânico, no entanto concordam com a
antecipação da vacinação dos filhos menores na rede privada, caso possível. Idosos
lotam consultórios médicos em busca de informações. A uma senhora com doença
cardíaca foi proibida a ida à missa a fim de se evitar exposição. Faz lembrar a iniciativa
da Diocese Católica de Taubaté (SP), que ordenou a suspensão do abraço da paz, a
entrega da hóstia na boca dos fiéis e a oração de mãos dadas.
O período de vacinação oficial nos postos de saúde está previsto para ser iniciado em 30
de abril e se estende até 20 de maio. O Nordeste receberá 6 milhões de doses. Crianças,
idosos e pessoas com doenças crônicas fazem parte do grupo de risco e, portanto, têm
prioridade.
Até ontem foram confirmados 13 casos de H1N1 em Pernambuco. Desses, três incluem
síndrome respiratória aguda grave; outros dez, síndrome gripal leve. No ano de 2015,
Pernambuco não teve notificações para H1N1. No Brasil, até dia 22 de março,
contabilizou-se 305 casos notificados, 46 mortos.
Alguns epidemiologistas admitem que a chegada do vírus em Pernambuco tenha sido
antecipada. Em geral, quadros de gripes intensas são mais comuns no meio do ano,
durante o inverno. A quantidade de casos aumentou após o carnaval, ao que tudo indica,
em virtude do trânsito de turistas oriundos do Canadá, México e Estados Unidos alguns dos países onde se registrou surto da doença. Os médicos pedem atenção para
episódios de febre alta, obstrução nasal, coriza, dor do corpo e falta de ar ou desconforto
respiratório a partir do terceiro dia. São sintomas do H1N1 e precisam de avaliação de
um profissional de saúde.
Diario de Pernambuco - PE
01/04/2016 - 08:05
Diario urbano
Corrida da vacina
Sem vacinas contra a gripe H1N1 nos postos públicos de saúde, há uma correria às
clínicas particulares. O temor de que os filhos adoeçam tem levado pais e mães a um
estágio próximo do desespero. Simples. Essas clínicas nunca tiveram tamanha demanda,
levando à formação de filas de espera. Em alguns estabelecimentos, mães antecipam o
pagamento para garantir a aplicação da vacina assim que os novos lotes cheguem. Nem
sempre os cronogramas são levados à risca. E um dos fatores é a grande procura pela
vacina em outros estados, principalmente naqueles com registro de mortes pela gripe.
Diante desses relatos, a angústia das famílias aumenta. Mas não é hora de se desesperar
e sim de se respirar - quantas vezes cada um julgar necessário - para se manter tranquilo
e ser capaz de cobrar maior rapidez das autoridades para que disponibilizem a vacina
em unidades públicas. Feito isso, defende-se um direito nosso e contribui-se para
aqueles sem perspectiva de sacar do orçamento doméstico o valor cobrado pela vacina.
R$ 60 ou R$ 65, a média do que se cobra hoje por cada aplicação, está além do alcance
de muitos. Muito além.
Jornal do Commercio - PE
01/04/2016 - 08:17
H1N1 se agrava com síndrome
VIROSES Infectados pelo vírus podem desenvolver doenças respiratórias mais graves,
especialmente idosos e crianças pequenas
Em tempos em que se observa um aumento de casos de infecção pelos vírus da
influenza, especialmente por H1N1, é comum se falar sobre Síndrome Respirató- ria
Aguda Grave (SRAG), que exige internação e tem como sintoma clássico o desconforto
respiratório acompanhado de sinais da síndrome gripal. A SRAG vem à tona em
momentos de vigilância maior dos casos de gripe porque ela pode ser causada por
diversos agentes infecciosos, principalmente pelos vários tipos de vírus influenza, como
H1N1 e H3N2. É bom ficar claro que essas formas mais graves de gripe relacionadas à
SRAG são incomuns. A maioria da população geralmente tem forma atenuada de gripe,
especialmente quando os municípios atingem uma cobertura vacinal satisfatória durante
as campanhas, em torno de 80%.
“Para se ter ideia, aproximadamente 2% dos pacientes com H3N2 terão pneumonia mais
sé- ria, que pode evoluir para insuficiência respiratória e levar à internação. Para H1N1,
esse percentual duplica, mas ainda não é algo significante. A taxa de pessoas que
morrem em decorrência da gripe é pequena, mas o número passa a ser considerável
porque é uma doença muito frequente”, explica o pneumologista Alfredo Leite,
preceptor da residência de clínica médica do Hospital Barão de Lucena.
O médico reforça que outros vírus respiratórios também podem causar SRAG, como o
parainfluenza, o adenovírus e o vírus sincicial respiratório (VSR). “A questão é que,
entre eles, o H1N1 tem uma maior tendência a causar complicações respiratórias do que
os outros vírus, especialmente em grupos de risco, como idosos e crianças muito
pequenas. Além disso, cerca de 20% das pneumonias em adultos são de causas virais, e
isso pode ocorrer mais frequentemente com os vírus da gripe”, acrescenta Alfredo.
No Brasil, segundo o Ministé- rio da Saúde, foram notificados até 12 de março 1.616
casos de SRAG, sendo 975 (60,3%) com amostra processada. Dessas, 23,1% foram
classificadas como SRAG por influenza e 4,4% como outros vírus respiratórios. Entre
os casos de influenza, 83,6% positivaram para H1N1. E entre os 182 óbitos registrados
pela síndrome no País, 34 (18,6%) foram confirmados para o vírus influenza, sendo 30
(88,2%) decorrentes de H1N1. Em Pernambuco, dos 47 pacientes notificados com
SRAG, três tiveram diagnóstico de H1N1 e evoluíram bem. Entre os registros da
síndrome, dois são de pacientes que evoluíram para óbito.
Jornal do Commercio - PE
01/04/2016 - 08:17
Rio de Janeiro registra 1ª morte
O Rio de Janeiro registrou a primeira morte provocada pela gripe H1N1, um dos tipos
da influenza A. Em todo o Estado, foram registrados três casos da doença até o
momento, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. Em 2015, o Rio não registrou
nenhum caso confirmado de H1N1. Em todo o País, o vírus matou cerca de 50 pessoas.
Apesar do número, o calendário nacional da campanha de vacinação contra a gripe,
definido pelo Ministério da Saúde, não será alterado e começa no dia 30 de abril. No
Rio de Janeiro, os casos devem aumentar a partir de junho, quando as temperaturas são
mais baixas.
Em São Paulo, cerca de 40 mortes atribuídas ao vírus H1N1 foram notificadas até o
momento, e a Secretaria Estadual de Saúde antecipou para a próxima semana o início da
vacinação dos mais 530 mil profissionais de saúde. No Estado, a taxa de adesão da
população à campanha de vacinação contra a gripe em 2015 foi a menor dos últimos
três anos e ficou abaixo da média nacional, segundo o Ministério da Saúde. Para
especialistas, a adesão insuficiente à vacina é uma das causas do aumento atípico de
casos.
Na última quarta-feira (30), foi confirmado o primeiro caso de óbito no Mato Grosso.
Em Santa Catarina, já foram confirmadas quatro mortes provocadas pela gripe H1N1.
Os principais sintomas da doença são febre alta, tosse, dor no corpo, dor de cabeça e
indisposição. Lavar as mãos regularmente, usar álcool em gel e evitar aglomerações são
algumas das recomendações para evitar a propagação do vírus. Geralmente, os surtos de
H1N1 acontecem a partir de junho, com a chegada do inverno, mas este ano casos
graves da doença começaram a ser registrados mais cedo e em várias partes do País.
Jornal do Commercio - PE
01/04/2016 - 08:17
Estrutura do zika é revelada nos EUA
Um grupo de cientistas americanos determinou a estrutura do vírus zika. De acordo com
o estudo, publicado ontem na revista Science, desvendar a estrutura do vírus é um passo
fundamental para o desenvolvimento de vacinas. O mapeamento da superfície do vírus,
feito com uma técnica chamada microscopia crio-eletrônica, revela que a estrutura do
zika é muito parecida com a do vírus da dengue, mas com uma diferença fundamental:
ele possui em toda sua parte externa uma glicoproteí- na que pode ser usada para se
ligar às células humanas.
Essa variação nas glicoproteínas na superfície do zika, segundo os cientistas poderia
explicar a capacidade do vírus para atacar células nervosas e também para causar
síndrome de Guillain-Barré, segundo os autores. O mapeamento, com uma resolução
próxima do nível atômico, foi feito por pesquisadores da Universidade Purdue, dos
EUA. O “retrato” do vírus foi feito a partir de uma partícula do ví- rus. O processo
envolve o congelamento de partículas do vírus e o seu bombardeamento com elétrons de
alta energia. Com isso, a amostra gera dezenas de milhares de imagens micrográficas de
duas dimensões, que são combinadas para compor um mapa tridimensional de altaresolução da aparência do vírus.
A principal diferença observada pelos cientistas em relação a outros vírus semelhantes
ao zika está na região das glicoproteínas do envelope externo do vírus – um tipo de
proteína que os vírus desse tipo podem utilizar para se ligar às células humanas. Os
pesquisadores encontraram 180 delas na superfície do zika.
O estudo pode ser importante para o desenvolvimento de vacinas, porque essas
glicoproteínas são consideradas um alvo fundamental para a resposta imune contra o
vírus. Com isso, as informações podem ser úteis para desenvolver tratamentos como
drogas antivirais e anticorpos que possam interferir nas funções das glicoproteínas do
envelope viral.
Diario de Pernambuco - PE
01/04/2016 - 08:05
Cientistas dos EUA desvendam estrutura do zika
Um grupo de cientistas norte-americanos determinou a estrutura do vírus zika. De
acordo com o estudo, publicado ontem na revista Science, desvendar a estrutura do
vírus é um passo fundamental para o desenvolvimento de vacinas.
O mapeamento da superfície do vírus, feito com uma técnica chamada microscopia crioeletrônica, revela que a estrutura do zika é muito parecida com a do vírus da dengue,
mas com uma diferença fundamental: ele possui em toda sua parte externa uma
glicoproteina que pode ser usada para se ligar às células humanas.
Essa variação nas glicoproteínas na superfície do zika, segundo os cientistas, poderia
explicar a capacidade do vírus para atacar células nervosas e causar a síndrome de
Guillain-Barré.
O mapeamento, com uma resolução próxima do nível atômico, foi feito por
esquisadores da Universidade Purdue (Estados Unidos). O “retrato” do vírus foi feito a
partir de uma partícula do vírus, com a técnica de microscopia crio-eletrônica.
O processo envolve o congelamento de partículas do vírus e o seu bombardeamento
com elétrons de alta energia. A principal diferença observada pelos cientistas em
relação a outros vírus semelhantes ao zika está na região das glicoproteínas do envelope
externo do vírus - um tipo de proteína que os vírus desse tipo podem utilizar para se
ligar às células humanas. Os pesquisadores encontraram 180 deleas na superfície do
zika.
Segundo o estudo pode ser importante para o desenvolvimento de vacinas, porque essas
glicoproteínas são consideradas um alvo fundamental para a resposta imune contra o
vírus. As informações podem ser úteis também para desenvolver tratamentos como
drogas antivirais e anticorpos que possam interferir nas funções das glicoproteínas do
envelope viral.
Além disso, segundo os autores, detalhes sobre as diferenças estruturais entre as
proteínas do envelope do zika e do vírus da dengue podem ajudar a produzir novos
testes diagnósticos mais específicos, isto é, mais precisos para distinguir a infecção por
zika ou por dengue.
Diario de Pernambuco - PE
01/04/2016 - 08:05
Estímulo dos pais pode abrandar deficiências
Caso do menino de Trindade acende a discussão sobre o estímulo ao desenvolvimento
das crianças
Marília Parente
Adeclaração da mãe do garoto de nove anos que passou parte da vida confinado em um
quarto, separado da família, em Trindade, no Sertão, de que não se arrependia do
cárcere gerou indignação e comoção nas redes sociais. Ela disse acreditar ter feito o
melhor para os dois outros filhos, durante visita de profissionais do Centro de
Referência Especializado em Assistência Social (Creas), que começaram a acompanhar
a família para um possível retorno do menino à residência no futuro. É consenso entre
especialistas, no entanto, que o quadro do garoto - que não aprendeu a falar e a brincar
nem se acostumou a usar roupas - seria completamente diferente caso seu
desenvolvimento cognitivo tivesse sido estimulado.
O psicólogo Jefferson Campos conta que existem relatos do isolamento de pessoas com
deficiência mental desde a Idade Média. “Qualquer pessoa com algum tipo de
transtorno era tida como louca, possuída pelo demônio e, que deveria ser isolada do
convívio social. É a reforma psiquiátrica, que começou no século 20 e se desdobra até
hoje, que traz com contundência a ideia de humanização no tratamento da pessoa com
deficiência mental.”
Para a psicóloga Tereza Gurgel, da Casa de Acolhimento Rodolfo Aureliano (Craur),
que abrigou o garoto, caso tivesse havido incentivo ao desenvolvimento, seu quadro não
seria tão grave. “Adultos com retardo mental que foram estimulados na infância podem
conseguir bons resultados. Elas requerem cuidado, sacrifício. A depender do nível de
retardo, podem até ingressar em universidades”, concorda Campos.
A terapeuta ocupacional do Centro de Reabilitação da Criança e do Adolescente,
Daniela Freitas, explica que a família é fundamental no processo de estimulação. “Os
pais podem desenvolver atividades em que os filhos sejam incentivados a atuar. Isso
pode aparecer no banho, pedindo que a criança se ensaboe, por exemplo. Levá-la aos
brinquedos de um parque e balançar-se com ela na rede estimula suas noções do próprio
corpo”. A terapeuta reforça a importância da parceria dos pais com especialistas. “É
preciso detectar que estímulo a criança precisa. Esse processo é lento e gradual, cabendo
aos psicólogos e terapeutas dosá-lo e guiá-lo.”
A presença do indivíduo em grupos sociais, por sua vez, reforça a formação de
identidade. “O primeiro grupo social da maioria das crianças é a família. Depois vem a
escola, onde se formam os grupos de amigos. Esse processo obriga a criança a
desenvolver tanto sua habilidade em se relacionar quanto a construir parte de seu
conceito sobre si”, conclui Campos.
Folha de Pernambuco - PE
01/04/2016 - 07:32
Estrutura do zika desvendada
Detalhamento molecular do vírus feito por norte-americanos vai ajudar na vacina e nos
tratamentos
A primeira análise detalhada da estrutura molecular do zika vírus revelou que ele é
praticamente um sósia do vírus da dengue - mas com algumas pequenas diferenças que
podem ser cruciais para a capacidade que esse vilão microscópico tem de invadir as
células humanas. Os resultados, relatados em artigo na revista especializada Science,
abrem caminho para estratégias contra a doença, que ainda é muito pouco
compreendida. Ao determinar exatamente como o vírus vence as defesas do organismo,
fica mais fácil projetar moléculas que “fechem a porta” na cara dele, ou vacinas que
preparem as células para enfrentar a invasão. Michael Rossmann e Richard Kuhn, da
Universidade Purdue, nos EUA, construíram seu retrato do vírus zika a parir de
amostras de um paciente que foi infectado na Polinésia Francesa - na epidemia de 20132014.
MICROSCOPIA
A técnica usada pelos pesquisadores é a microscopia crioeletrônica. Nela, os vírus são
congelados e bombardeados com elétrons (as mesas partículas cujo movimento é
responsável pela energia elétrica). A maneira como os elétrons ricocheteiam nas
partículas virais permitiu criar o mapa da estrutura do vírus.
GENOMA
Ou seja, é quase como se os cientistas conseguissem contar, átomo por átomo, os
componentes do zika. Já se sabia que o genoma do vírus é composto por RNA
(molécula “prima” do DNA do genoma humano) e está protegido por uma primeira
capa de proteína, o chamado capsídeo. Por cima dele está outra carapaça, o envelope
viral, formado por 180 cópias de duas outras moléculas, a glicoproteína E (de
“envelope”) e a proteína M (de “membrana”). O conjunto tem a forma de um icosaedro
- figura de 20 lados.
“Glico” significa açúcar, como a palavra glicose - ou seja, a molécula E é uma proteína
à qual foi adicionada uma molécula de açúcar. E esse provavelmente é o ponto crucial
do esforço para decifrar a estrutura do vírus. Bem em torno do ponto onde o açúcar se
liga à proteína no envelope do vírus, existem diferenças significativas numa lista de dez
aminoácidos (os componentes das proteínas) do zika, quando se compara o vírus ao da
dengue ou a outros parentes, como o da febre amarela.
Ocorre que, no caso dos demais vírus do grupo, é justamente esse pedacinho da
estrutura do envelope que é “oferecido” para as células humanas que serão invadidas
pelo patógeno - os pesquisadores chegaram a compará-lo a um doce oferecido por um
estranho a uma criança. Em contato comessa parte do vírus, a célula “inocente” se liga
ao invasor e acaba sendo capturada. “Caso esse local do envelope funcione como a
região similar no vírus da dengue e esteja envolvida na conexão com as células
humanas, será um alvo para um composto antiviral. Talvez seja possível projetar um
inibidor que o bloqueie, evitando que o vírus infecte as células”, disse Rossmann.
SANGUE MATERNO
Um estudo de caso publicado pela revista médica New England Journal of Medicine
descreveu minuciosamente a gestação de uma mulher infectada pelo zika na 11ª semana
de gravidez. O estudo mostra que a cabeça do feto tinha um valor mediano e acabou
tendo o crescimento defasado de forma expressiva entre a 16ª e a 24ª semanas de
gestação, não tendo ficado pequena o bastante para caracterizar um quadro de
microcefalia. O vírus foi encontrado no sangue materno entre a 16ª e 21ª semana de
gestação. O estudo vai ajudar a estabelecer a relação entre o vírus e os danos no sistema
nervoso central. Também esclareceu que é possível encontrá-lo no sangue após a
primeira semana de infecção.
Folha de Pernambuco - PE
01/04/2016 - 07:32
Teste rápido: ação na web para obter fundos
Pesquisadores de três países - Israel, Reino Unido e Brasil - estão arrecadando dinheiro
pela internet para o trabalho que pretende desenvolver um teste rápido e barato a fim de
detectar com precisão a presença do vírus zika na saliva. Caso o estudo dê frutos, a
promessa da equipe é tornar públicos, na internet e de forma gratuita, todos os
resultados e métodos obtidos, para serem reproduzidos em qualquer parte do mundo.
O teste deve detectar o RNA (sigla em inglês para ácido rionucleico) do vírus na saliva,
caso a pessoa tenha sido infectada. Esse código molecular é uma espécie de identidade
do zika, semelhante ao DNA (ácido desoxirribonucleico, em português), que é único
para todos os organismos vivos. Essas sequências de genes, no entanto, têm partes
semelhantes e podem confundir métodos de testagem.
Para isso, a primeira fase da pesquisa se dedicou a reunir todos os 40 mapeamentos de
variedades do zika feitos no mundo até agora e a cruzar informações para saber que
parte do RNA é inconfundível - ou seja, só tem nesse vírus específico, inclusive em
comparação com humanos e o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
“Fazendo diagnósticos para identificar esse RNA você pode ter um resultado muito
preciso, porque trabalha com o RNA do vírus e não com a proteína que ele produz ou
que o seu corpo produz quando tem o vírus”, diz o pesquisador-chefe do projeto, Gilas
Gomé, da Universidade de Tel Aviv, em Israel.
Depois de conseguir isolar essa sequência genética, a ideia dos cientistas é usar uma
tecnologia simples e barata para identificar a presença do zika na saliva. De acordo com
eles, não é preciso usar qualquer equipamento, laboratório ou profissional altamente
treinado. Basta que se colha uma amostra da saliva ou da excreção do nariz, se coloque
em um pequeno tubo de plástico com um reagente químico e pronto: se ele mudar para a
cor indicada, a pessoa tem o vírus. “Você pode usar isso no meio da selva, em lugares
inacessíveis”, afirma o pesquisador.
Folha de Pernambuco - PE
01/04/2016 - 07:32
Hospital de referência enfrenta dificuldades
Dos 407 leitos do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), apenas 268 estão em
atividade. Referência na pesquisa sobre a microcefalia e no atendimento dos casos de
arboviroses, a unidade de saúde já fechou, no ano passado, mais de cem leitos. A falta
de técnicos de enfermagem, enfermeiros e profissionais da área administrativa também
são reclamações recorrentes do Sindicato dos Servidores da Universidade de
Pernambuco (Sindupe). Na manhã de hoje, a entidade promoverá um ato público em
defesa de melhorias na UPE, de investimentos no Huoc e pela convocação dos
aprovados no concurso público de 2012.
Atualmente, o hospital é referência na pesquisa sobre a microcefalia e no atendimento
dos casos de zika vírus, febre chikungunya e dengue e outras doenças transmitidas pelo
Aedes aegypti. No entanto, de acordo com o presidente do Sindupe, Érico Alves, para
dar suporte ao trabalho dos pesquisadores, é importante ampliar o quadro de servidores
técnico-administrativos, que está insuficiente e defasado. “Há déficit de mais de 20
técnicos de enfermagem e 89 enfermeiros”, afirmou Alves Ele ainda ressaltou que há
profissionais exercendo função excessiva. “Há servido fazendo o trabalho de quatro
pessoas. É inviável”, reforçou o presidente. Em nota, o Huoc afirmou que a UPE está
em negociação, junto à Secretaria Estadual de Administração (SAD) para autorizar a
contratação de pessoal para normalização e funcionamento dos leitos. Essa contratação
seria feita por meio da convocação de profissionais, do concurso vigente de 2012.
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