CRISE TRAZ DANOS A IMAGEM DO BRASIL NO EXTERIOR

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CRISE TRAZ DANOS A‘ IMAGEM
DO BRASIL NO EXTERIOR
I See Brazil registra percepção mais crítica ao longo do terceiro trimestre de 2015
A
pós ter experimentado uma leve recuperação ao longo do 2º trimestre de 2015, a imagem do Brasil
no exterior voltou a cair – apontando para um retorno ao menor nível dos últimos anos, registrado
nos três primeiros meses do ano. É o que indica o I See Brazil Index, metodologia do I See Brazil
que pondera as avaliações da imprensa e de especialistas internacionais, e atribui uma nota à percepção
externa do país.
A perda de grau de investimento do Brasil, a deterioração de seus indicadores econômicos e a persistência da
crise política pautaram o olhar internacional sobre o país no 3º trimestre de 2015. Com isso, o I See Brazil Index
atingiu 2,4 pontos entre julho e setembro de 2015, em uma escala de zero a dez pontos (0 = extremamente
negativa; 10 = extremamente positiva), na qual notas acima de 5 são consideradas positivas. Um resultado
bastante fraco – ainda mais se comparado a igual período de 2014, quando o índice atingiu a maior gradação da
série histórica do índice, 5 pontos. Com relação ao 2º trimestre, o recuo foi de 0,24 ponto.
Uma leitura mais detalhada dos resultados do I See Brazil Index mostra ainda que a principal queda na
percepção externa ocorreu com relação às perspectivas da economia brasileira. Após ter caído para 0,92 ponto
entre janeiro e março deste ano, O I See Brazil Economia conseguiu uma leve recuperação no trimestre
seguinte, chegando a 1,64 pontos. Agora, contudo, voltou a apresentar declínio, obtendo 1,77 ponto entre julho
e setembro – uma queda de 1,23 ponto. Na comparação com o 3º trimestre de 2014, o recuo foi maior ainda: de
4,89 pontos.
O agravamento da crise política, com o aumento da pressão de setores oposicionistas pelo afastamento
da presidente Dilma Rousseff e a continuidade na revelação de envolvimento de autoridades no esquema
de irregularidades da Petrobras, fez com que o I See Brazil Política também recuasse. O indicador atingiu
0,98 ponto entre julho e setembro – uma queda de 0,65 ponto. Na comparação com o 3º trimestre de 2014,
a queda foi de 2,22 pontos.
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Chamou a atenção no 3º trimestre o
I See Brazil Socioambiental. Apesar de
acompanhar a tendência geral do I See Brazil
até o 2º trimestre deste ano, o indicador apontou
crescimento entre julho e setembro – atingindo
4,83 pontos. O resultado é 1,5 ponto superior ao
do trimestre anterior, e 1,03 ponto maior do que
o registrado entre julho e setembro de 2014.
Políticas econômicas ineficazes reduziram
o grau de liberdade dos responsáveis pelas
políticas para lidar com os choques externos
negativos, como o acentuado declínio nos
preços das exportações brasileiras.
DEUTSCHE BANK, “BRAZIL DAILY UPDATE”,
28 DE AGOSTO DE 2015
‘
OLHAR CRITICO
Considerando-se apenas as reportagens publicadas na
imprensa internacional durante o período, verifica-se
um tom eminentemente negativo – das 488 matérias
analisadas no 3º trimestre, 73,15% foram críticas ao
país. Como comparativo, no 2º trimestre as reportagens
negativas totalizaram 62,87%; e, no 3º trimestre de 2014,
representaram apenas 49,45%.
Observando-se os resultados acumulados dos primeiros
nove meses do ano, fica claro que as historicamente as
matérias mais críticas sobre o Brasil sempre ficaram
abaixo de 50%, atingindo seu menor nível em 2010,
(quando perfizeram apenas 18% do total). Este
quadro começou a mudar no ano passado, quando
atingiram 56,4%; e entre janeiro e setembro de 2015,
as reportagens de teor negativo chegaram à marca
recorde de 72,3% (veja gráfico a seguir).
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Por acompanhar as crises
econômica e política do Brasil em
detalhe, a revista britânica The
Economist foi o veículo que se
mostrou mais crítico com relação
ao Brasil no 3º trimestre dentre
os que habitualmente abordaram
o país: 24 de seus textos (de um
total de 27) foram negativos.
Em termos absolutos, o veículo
mais crítico foi a revista alemã
Der Spiegel, cujas três reportagens
sobre o Brasil publicadas no
período foram todas negativas.
As investigações em curso sobre
suspeitas de corrução contra
indivíduos e empresas bastante
expressivos - tanto no setor público
quanto privado e em vários partidos
políticos - levaram a uma crescente
incerteza política.
STANDARD & POOR’S, “RATINGS DIRECT”,
9 DE SETEMBRO DE 2015
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A DEMANDA EXTERNA NÃO DEVERÁ
RESGATAR A ECONOMIA, DADA A
DESACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO DA
CHINA, QUE É UM MERCADO-CHAVE PARA AS
EXPORTAÇÕES DE COMMODITIES DO BRASIL.
E, APESAR DO REAL FRACO TORNAR AS
VENDAS EXTERNAS COMPETITIVAS, OS
PROBLEMAS DA INDÚSTRIA DEIXAM O PAÍS
MUITO FRACO PARA GANHAR MERCADOS.
DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, “GLOBAL ECONOMIC
OUTLOOK”, 23 DE JULHO DE 2015
‘
CENARIO NEBULOSO
“
Os resultados do I See Brazil Index confirmam
O BRASIL É HOJE UM CASO DIGNO DE ESTUDO,
uma tendência que vem se apresentando
NÃO SOMENTE PELO O QUE OCORRE EM SEU
desde o início do ano. Após a bem-sucedida
INTERIOR, SENÃO PELO EFEITO CONTAMINANTE
realização da Copa do Mundo de Futebol e
QUE PODE TER PARA O RESTO DAS AMÉRICAS.
das eleições presidenciais no ano passado,
EL PAÍS, 30 DE AGOSTO DE 2015
a imagem do Brasil no exterior só tem se
deteriorado. As revelações sobre o esquema
de corrupção na Petrobras, a crise política iniciada em janeiro e a piora da economia têm levado tanto a
imprensa quanto os especialistas internacionais a dedicarem um olhar menos otimista com relação ao país.
Diante deste contexto, o olhar internacional mais benevolente com
relação a assuntos socioambientais chama a atenção – afinal, esse tópico,
apesar de receber menos atenção do que
política e economia, tende a concentrar
questões nas quais o Brasil ainda
encontra dificuldade para solucionar,
como a criminalidade urbana e o
desmatamento da Floresta Amazônica.
No entanto, é importante levar em conta
que a abordagem em torno desses temas
ainda é reduzida, e as poucas matérias
positivas acabam impactando sobre o
resultado final do índice setorial.
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O que vem por aí
Alguns dos temas que poderão continuar presentes no
4º trimestre de 2015 são:
• A desaceleração econômica do país;
• A crise política, com destaque para o eventual processo de impeachment
da presidente Dilma Rousseff e as investigações em torno do presidente
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ);
• Novas repercussões em torno do caso de corrupção na Petrobras.
Outros assuntos que poderão ganhar força entre julho e setembro
deste ano incluem:
• Medidas de ajuste na economia e a permanência de Joaquim Levy como
ministro da Fazenda; e
• Pauta do Brasil nas discussões climáticas de Paris, no final do ano.
• The Economist (Reino Unido);
O I See Brazil é produzido pela agência de comunicação
Imagem Corporativa com a finalidade de mostrar como
está a imagem do Brasil em outros países, reunindo e
analisando referências à política, à economia e aos assuntos socioambientais. Os resultados são ponderados
e geram uma nota de zero a dez – o I See Brazil Index
– que traduz como o país foi visto no exterior naquele trimestre. Sua metodologia leva em conta a avaliação dos
principais veículos da imprensa internacional e de uma
equipe de especialistas de outros países.
• The New York Times (EUA); e
• The Wall Street Journal (EUA).
Além disso, o boletim traz os resultados de uma pesquisa
feita com especialistas internacionais que opinaram sobre
a imagem do país. Participaram desta edição: Roberto
Durán, do Instituto de Ciência Política da Pontificia
Universidad Católica do Chile (Chile); Michael Kuczynski,
do Centre of Latin-American Studies da Universidade
de Cambridge (Reino Unido); Stephanie Dennison,
da Leeds University (Reino Unido); Zhou Zhiwei, do
Centro de Estudos Brasileiros do Instituto da América
Latina, Academia Chinesa de Ciências Sociais (China); e
Walter Astié Burgos, da Universidad Anáhuac México Sur
(México); e Roberto Vecchi, do Departamento de Línguas,
Literatura e Cultura da Universidade de Bolonha (Itália).
O I See Brazil analisa as reportagens sobre o Brasil, publicadas entre abril e junho de 2015, por oito veículos internacionais de imprensa:
• Der Spiegel (Alemanha);
• El País (Espanha);
• Financial Times (Reino Unido);
Foram considerados ainda relatórios e análises sobre
o Brasil elaborados pelo Deutsche Bank, pela Deloitte
Touche Tohmatsu e pela Standard & Poor’s.
• La Nación (Argentina);
• Le Monde (França);
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