BOLETIM DE PNEUMOLOGIA SANITÁRIA EDITOR: Gilmário M. Teixeira EDITORES ADJUNTOS: Maria José Procópio Ribeiro de Oliveira Sonia Natal CONSELHO CONSULTIVO: Alfred Lemle Angela Maria Werneck Barreto Anilda Maria Brito Cysne Antonio Anselmo Bentes de Oliveira Antônio Ruffino Netto Germano Gerhardt Filho Gilberto Ribeiro Arantes Hisbello da Silva Campos José Antônio Nunes de Miranda José do Vale Pinheiro Feitosa José Uéleres Braga Joseney Raimundo Pires dos Santos Manoel Lopes dos Santos Margareth Pretti Dalcolmo Miguel Aiub Hijjar Paulo Tavares Rene Mendes Waldir Teixeira do Prado Werner Paul Ott Revisão Lucia de Fátima Cadilhe de O. Costa Editoração Eletrônica Simone de Souza Lino Capa Elias Alves Pereira Catalogação na fonte Biblioteca Walter Mendes Boletim de Pneumologia Sanitária Rio de Janeiro, FUNASA/CENEPI/CNPS/CRPHF, 1993. Vol. 7, Nº 2 – 1999 Título anterior: Boletim da Campanha Nacional Contra a Tuberculose, 1988. ISSN 0103-460X 1. Pneumologia Sanitária – Periódicos. I Brasil. Ministério da Saúde/FUNASA/Centro de Referência Prof. Hélio Fraga. CDD: 616.2056-19. ed. CDU: 616.024 (05) MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE CENTRO NACIONAL DE EPIDEMIOLOGIA CENTRO DE REFERÊNCIA PROF. HÉLIO FRAGA SUMÁRIO Editorial:Tuberculose e cultura através de tempos e espaços - Homenagem ao Prof. José Rosemberg Gilmário M. Teixeira 03 Tuberculose – Aspectos históricos, realidades, seu romantismo e transculturação José Rosemberg 05 Situação bacteriológica dos doentes de tuberculose que abandonaram o tratamento Sonia Natal, Joaquim Valente, Germano Gerhardt, Maria Lucia Penna 30 Metronidazol no tratamento e profilaxia da tuberculose: Possibilidades de uso Fernando Augusto Fiuza de Melo, Jorge Ide Neto e Jorge Barros Afiune 38 Laboratório de tuberculose do CRPHF - Quinze anos de atividades Angela Maria Werneck Barreto e Fátima Moreira Martins 41 Oficina de trabalho para a definição de linhas de investigação prioritárias para a pneumologia sanitária – Relatório final José Ueleres Braga 52 Controle da tuberculose no Brasil - Atividades implementadas em 1999 Antonio Ruffino Netto 58 CRPHF – Resumo do relatório de atividades, 1999 Maria José Procópio 67 Abertura do encontro dos coordenadores do PCT – RJ, 1999 – Saudação Paula Fujiwara 83 Normas de publicação 84 EDITORIAL TUBERCULOSE E CULTURA ATRAVÉS DE TEMPOS E ESPAÇOS HOMENAGEM AO PROF. JOSÉ ROSEMBERG Gilmário M. Teixeira Editor Este número do Boletim de Pneumologia Sanitária traz matéria que velhos tisiólogos, artistas e intelectuais sempre estiveram à espera de vê-la enfeixada em um só trabalho que a abraçasse amplamente em suas múltiplas manifestações. Refiro-me à monografia do Prof. José Rosemberg, intitulada “Tuberculose - aspectos históricos, realidades, seu romantismo e transculturação”, uma fulgurante descrição e análise do impacto da tuberculose no pensamento e na criação daqueles que enquanto intelectuais, artistas, cientistas, tiveram a desdita ou, cruel paradoxo, ventura de sofrê-la. Rosemberg se credencia para esse trabalho não só por seu denso e extenso conhecimento médico, mas, no particular deste caso, por sua intimidade com a história, a literatura, as artes plásticas e a música, enriquecida em suas andanças por bibliotecas, museus e casas de espetáculo, mundo afora. Testemunho desse seu gosto foi certa vez distinguir-nos, ainda nos primórdios do registro em fita magnética, com o presente de uma gravação da “Sonata ao Luar”, Op.27. n.2, de Beethoven, tocada no último piano que pertenceu ao compositor, o qual se encontra na casa que tem o seu nome, na cidade onde nasceu, Bonn, Alemanha. Causa-nos perplexidade admitir que até já bem entrado o século XX quando a tuberculose ainda era uma doença devastadora, fosse ela inspiração e força criadora de obras consagradas em campos tão variados como os da literatura, artes plásticas, música e cinema. Talvez sua qualidade de doença crônica, consumptiva e de evolução, na maioria dos casos, sem dor física localizada, mas carregada de riscos de episódios dramáticos como a hemoptise e de sombras ameaçadoras da morte, sejam condicionantes modeladores de sentimentos e expressões da criatividade humana. Através de tempos e espaços o autor embrenha-se na história, para pinçar, entre seus grandes vultos, aqueles que, vítimas da tuberculose ou com ela envolvidos, deram forma, cor e voz à terrível saga dessa doença que ainda ocupa o imaginário de nosso tempo. Consegue assim rastrear, da antigüidade à idade contemporânea, trezentos e sessenta e quatro figuras de marcante expressão em seu ambiente social e cultural que sofreram a agressão estigmatizante da tuberculose. Destas, particulariza algumas celebridades que, por assim dizer, se identificam por um só nome. São escritores, poetas, pintores, músicos, cientistas, médicos, homens de estado, como, por ordem cronológica: Rafael, Eduardo VI, Luís XIII, Rembrandt, Molière, Priestley, Schiller, Richelieu, Bichat, Laennec, Paganini, Bolivar, Byron, Champollion, Shelley, Poe, Braille, Musset, Chopin, Nigtingale, Grieg, Castro Alves, Gaugin, Ramon y Cajal, Gorki, Thomas Mann, Stravinsky, Kafka, Manuel Bandeira e Camus. Em todo o trabalho, ao tempo em que estuda a influência da tuberculose nos acontecimentos históricos e no processo de criação intelectual, vai descrevendo: os quadros clínicos e epidemiológicos, segundo a visão de cada época; passa pelas estrambóticas terapias anteriores ao pneumotórax - primeiro tratamento racional da doença; detém-se no período dominado pelos sanatórios de montanha, espécie de encruzilhada de gerações, culturas, conflitos e desesperanças, de que o Sanatório Berghof em Davos, Suíça, hoje Waldhotel-Bellevue - numa atitude romântica o visitamos em 1998 - é exemplo famoso por ter ambientado a “Montanha Mágica”, obra prima do Prêmio Nobel de Literatura, Thomas Mann; culmina Rosemberg com uma sensível análise da repercussão da Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ tuberculose no romantismo, com destaque para a “Dama das Camélias”, pessoa e personagem tuberculosos e Chopin, o gênio da música vitimado pela tísica nos meados do século XIX. Este editorial além da chamada de atenção para o trabalho do Prof. Rosemberg, leva o propósito de, os que fazemos o Centro de Referência Hélio Fraga, homenageá-lo neste ano de 1999 que traz o momento de seus 90 anos. O tempo que tanto nos marca, transforma e assusta e é inexorável, há de estar surpreso com o quadro de exuberante vitalidade e destreza mental, com que veio encontrar, passadas nove décadas, este companheiro de lutas. Rosemberg procede de cepa geradora de batalhadores, aqueles que empenham todo o poder de sua inteligência, conhecimento e ação, no processo de conquista das causas que abraçam. Não é fácil puxar do mundo de seu meritório e variado currículo, os destaques com que ataviá-lo para esta homenagem. A sua carreira médica marcada por múltiplas áreas de atividades – clínico, pesquisador, professor, sanitarista - bem traduz as inquietudes que lhe dominam o espírito. Oriundo da clássica escola tisiológica, não hesitou em estender-se à pneumologia, no momento em que chega a quimioterapia e desmantela, para gáudio de todos, o então arsenal terapêutico da tuberculose. Sua cátedra de Tisiologia na Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, da PUC de São Paulo, se transforma em disciplina de Tisio-Pneumologia. De muitas pesquisas médicas que realizou, destacam-se por seu pioneirismo aquelas das décadas de quarenta e cinqüenta que demostraram: a factibilidade da vacinação BCG indiscriminada, sem prova tuberculínica prévia; a positivação da reação de Mitsuda pelo BCG e sua importância para a vacinação antileprótica; a presença, no Brasil, de resistência adquirida à isoniazida ainda em 1952. Mas, é no campo da saúde pública que se identifica a amplitude e grandeza de seus objetivos como profissional de saúde, ao abraçar duas grandes vertentes dentro da especialidade - a campanha contra a tuberculose e a luta contra o tabagismo. Em ambos campos seu trabalho é fecundo e o levou a altas posições como: Diretor do Instituto de Pesquisa de Tuberculose “Clemente Ferreira”, São Paulo; Diretor da Divisão de Tuberculose do Estado de São Paulo; membro do Quadro de Peritos de Tuberculose da Organização Mundial de Saúde; Presidente do Comitê Coordenador do Controle do Tabagismo no Brasil; Presidente Honorário do Comitê Latino-americano; Coordenador do Controle do Tabagismo e outros cargos, dos quais muitos ainda exerce. Entre as honrarias com que foi distinguido sobressaem-se a comenda “Palme Academique” do Governo da França e a medalha “Tabaco e Saúde” da Organização Mundial de Saúde. Trabalhador incansável, até hoje está à frente do ensino de Tisio-Pneumologia na Faculdade de Ciências Médicas da PUC, São Paulo, faz conferências, ministra cursos, leva sua contribuição a congressos, reuniões técnicas, no país e fora dele, e ainda encontra tempo para assessorar o Programa de Tuberculose da Secretaria de Saúde do Ceará. Sua produção científica está expressa, no campo da tuberculose, em 4 livros e 112 trabalhos publicados e, na área de tabagismo, 2 livros - um laureado pela Academia Nacional de Medicina - e 82 publicações. José Rosemberg, um médico culto e ético. Este é o homem que nos compraz homenagear no decurso de seus noventa anos. 4 TUBERCULOSE - ASPECTOS HISTÓRICOS, REALIDADES, SEU ROMANTISMO E TRANSCULTURAÇÃO José Rosemberg1 Jehovah te ferirá de tísica e de febre. Deuteronômio. Cap. 28. Ver. 22. Só se domina completamente uma ciência, conhecendo sua história. Augusto Comte. No curso de milhares de anos a Tuberculose encerrou mensagem ainda não totalmente decifrada. Pela sua influência cultural, seus efeitos sobre a obra humana, suas implicações históricas, sociais, econômicas e políticas, constitui modelo científico peculiar. Modernamente continua causando as maiores devastações. Seu valor epistemológico é imenso. Misteriosa e ameaçadora permanece o paradigma dos temores das paixões e dos conhecimentos humanos. La Tuberculose. Jacques Chretien. Resumo Historicamente a tuberculose constitui inusitado fenômeno de interpenetração cultural com diversas formas da manifestação humana, por ter vitimado cientistas, literatos, poetas, músicos, pintores e monarcas, interferindo inclusive no curso político de países. Na época anterior à moderna quimioterapia os tratamentos foram bizarros, danosos, bárbaros, românticos e eróticos. O pneumotórax foi o primeiro tratamento racional. Nos sanatórios, os dramas dos doentes, os internamentos por longos anos despersonalizavam os pacientes, criando-se o denominado "Hominis Sanatorialis". Após a descoberta do bacilo por Koch, criaram-se a histeria contra o escarro e ambiente propício ao charlatanismo. Nas estâncias climatéricas, havia aspectos peculiares de assimilação dos tísicos e paralelamente o desencadeamento de quadros dantescos, de miséria dos doentes amontoados em verdadeiras mansardas. Os tisiólogos dessa época foram heróis idealistas e humanitários, ajudando os pacientes e lutando contra a doença praticamente de mãos vazias. O apogeu da integração da tuberculose no romantismo, dos dramas e dos lirismos de tuberculosos célebres ocorreu no século 19 e primeira metade do século 20, contrastando com a imensa massa humana anônima dizimada pelo Mycobacterium tuberculosis, cujos sofrimentos permaneceram ignorados restando apenas frios números estatísticos. Summary Historicaly, tuberculosis verifies a singular on of cultural interaction with a variety of aspects of human revealings because it victimized, scientists, literary, poets, musicians painters, philosofers and Kings. Tuberculosis altered political ocurrences of many countries. Before the modern chemotherapy, the treatments were very extravagants, damaging, romantics and erotics. Among the sanatoriums and health resorts, for many years of hospitalization the patients were lacking in personality, being called "Hominis Sanatorialis". After the bacillus discovery by Koch, the hysteria against the sputum unchained. In the developing countries, because of the great number of the tuberculous patients, the lack of hospital beds, many of them live in poor human conditions. The doctors specialized in tuberculosis, before the modern age of chemotherapy, were idealists, and humanitarians, conforting the ill and fighting against tuberculosis with the precarius measures available. The apogee of the tuberculosis integration of the romantism ocurred on the 19th century and the first half of the 20 th century. On the contrary the hug poor human mass anonimous, the died victimized by tuberculosis, there are no description of their suffering of which only exists statiscs numbers. ________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 - Professor Titular de Tuberculose e Pneumologia da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Membro do Comitê Técnico Científico de Assessoramento em Tuberculose do Ministério da Saúde. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ 1. Introdução Este artigo visa abordar alguns aspectos históricos de como foi encarada a tuberculose, pinçando de um lado algumas realidades médicocientíficas, às vezes pitorescas, outras vezes danosas, e os dramas, tragédias e situações estereotipadas, com lirismo e romantismo nas sociedades em geral. Ferindo intelectuais, cientistas, literatos, poetas, artistas e as altas classes sociais, constituiu caso inusitado de integração em todas as formas da manifestação humana, cujo apogeu ocorreu nos dois últimos séculos. Com o advento da moderna quimioterapia, sucedeu notável revolução na tuberculose. O maior impacto foi no mundo rico, onde vários países chegaram ao limiar de sua eliminação. Nos países em desenvolvimento, o efeito, embora significante, foi e é bem menor, pois a doença continua sendo sério problema de saúde pública. A tuberculose, vitimando todas as camadas sociais, sempre feriu mais contundentemente os segmentos pobres, e hoje, no contexto mundial, está essencialmente confinada aos países em desenvolvimento, onde ocorrem 95% dos casos e 98,8% da mortalidade total. Fato marcante é que, tanto nos países ricos como nos pobres, a tuberculose deixou de ser doença das elites para continuar vitimando os segmentos pobres da população. Dessa forma, a tuberculose despiu-se do seu antigo manto aristocrático para tornar-se essencialmente plebéia. De épocas passadas, desde a Antigüidade, a maior informação que nos chega sobre as vítimas da tuberculose é relativa às camadas sociais mais altas. Como disse Marx, a história da humanidade é a história das classes dominantes. Por isso, em relação à tuberculose, sabemos muito mais dos dramas e comportamentos dos doentes mais destacados e sua repercussão social na época considerada. Dos milhões de desvalidos que morreram consumidos pela tuberculose, tanto no passado como na modernidade, praticamente nenhuma notícia se tem relativamente aos seus sofrimentos e dramas. Nada de lirismo, pobre não tem possibilidades de ser romântico. Assim, desde a Antigüidade, como por exemplo o Egito, quase tudo que se sabe da tuberculose refere-se aos faraós e altos sacerdotes. 6 Pela datação com o carbono 14, esqueletos com lesões ósseas compatíveis com a tuberculose têm sido encontrados em várias regiões, sendo o mais antigo de cerca de 5.000 A.C. Não há todavia certeza etiológica, porque, mesmo em casos com presença de micobactérias, pode tratar-se de germes que se desenvolvem nos solos. A primeira evidência mais segura de tuberculose constatou-se em 44 múmias bem preservadas, datando de 3.700 a 1.000 A.C., todas em Tebas; a maioria é da 21a dinastia do Egito. Em muitas, as destruições e sínfises de vértebras são compatíveis com mal de Pott. Uma múmia tinha o pulmão preservado, com lesões pleuropulmonares e sangue na traquéia. Esses achados revelam que muitos faraós foram tuberculosos e morreram extremamente jovens. Amenophis IV e sua linda esposa Nefertiti, cujo busto de ouro maciço é a maior atração do museu egípcio de Berlim, morreram de tuberculose em torno de 1.300 A.C. A primeira múmia plebéia com tuberculose foi identificada em índia do Peru, com técnicas de biologia molecular. É de jovem inca, cujo corpo se mumificou espontaneamente devido às condições peculiares do terreno. No pulmão direito havia volumoso nódulo hilar, contendo bacilos com o DNA conservado. Com a ampliação da PCR, identificaramse seqüências RFLP da inserção IS 6110 específica do complexo Mycobacterium tuberculosis, não sendo possível saber se era o bacilo humano ou bovino. A datação constatou que a índia viveu há 1.100 A.C.; é o primeiro diagnóstico bacteriológico de certeza em múmia milenar, comprovando a existência da tuberculose na América, na era pré-colombiana. Dos últimos séculos bem se conhecem as repercussões da tuberculose nas classes sociais mais altas e os dramas de indivíduos que pela sua posição e notoriedade fizeram história. Deles falaremos adiante. Em contraposição, das multidões populares que sofreram a tuberculose, em condições muitas vezes abaixo da dignidade humana, quase nada foi descrito. Temos apenas índices estatísticos cujos dados são sempre abaixo da realidade. Hordas de tuberculosos existiram, na idade média, por quase toda a Europa. Se temos conhecimento delas é somente porque, nesse quadro epidemiológico, foram implicados os monarcas cristãos, a quem por superstição religiosa atribuíram- Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ se poder de cura. Só por isso sabemos que, naquela fase medieval, havia multidões de tuberculosos, com formas graves disseminadas da primo-infecção, com manifestações linfoganglionares fistulizadas, as escrófulas, que acorriam em massa, muitos, caquéticos, para receber o toque encantado da medalha real (Item 5). Mais tarde, entre o final do século 18 e início do 19, efetuou-se a revolução industrial na Inglaterra, estendendo-se pela Europa. Multidões operárias concentraram-se nos maiores centros urbanos; adultos e crianças, laborando 15 e mais horas por dia, amontoados em mansardas, subalimentados, vivendo abaixo da condição humana, foram vitimados aos magotes pela tuberculose, cuja mortalidade atingiu a 800 por 100.000, e em Londres, o elevado coeficiente de 1.100 por 100.000. Em meados do século 19, operaram-se em Paris grandes reformas urbanas, promovidas pelo Barão de Haussmann, sob o governo de Luis Napoleão Bonaparte. A cidade foi embelezada com imensos jardins e largas avenidas, que hoje se admiram. Extensos quarteirões de casas populares foram demolidos. Multidões imensas de trabalhadores pobres (1 em 8 parisienses estava registrado na Agência de Indigentes) foram jogadas para a periferia nas piores condições imagináveis, em cortiços improvisados, geralmente com uma única privada, sem esgoto, para mais de 100 pessoas. Adultos e crianças, na maior promiscuidade, dormiam amontoados no chão. Nessa massa humana, os óbitos por tuberculose atingiam a 80% da mortalidade geral. Na segunda metade do século 19, a mortalidade tuberculosa nas capitais européias ia de 400 a 600 por 100 mil, atingindo a 30% da mortalidade geral. Na primeira guerra mundial (1914-18), na França e na Alemanha, contraíram tuberculose ativa, respectivamente, 80.000 e 50.000 combatentes, muitos dos quais perambulavam pelas ruas por não haver mínimas condições de hospitalização. Grande mortandade tuberculosa atingiu os pretos senegaleses, recrutados pela França para lutarem contra os alemães. Estes contaminaram-se em massa nas trincheiras e foram dizimados, com quadros graves de primo-infecção, com múltiplas adenomegalias caseosas, torácicas e abdominais, das quais Borrel fez estudo que se tornou clássico. Ante tantos casos ele exclamou: "il neige tuberculose". Em toda a história das conquistas territoriais, das colonizações, onde o homem civilizado chegou, levou também o bacilo da tuberculose, contaminando os nativos, os quais, sem defesas imunitárias, tiveram grandes contingentes dizimados. Descreveram-se episódios semelhantes na colonização dos países da África, Ásia, América, e Polinésia. Ante esse quadro repetido de forma monótona, Webb desenvolveu a tese de que "ante a terrível mortandade provocada pela tuberculose nessas populações expostas, essa doença foi um dos pontos cardeais, como maior aliado dos civilizados nas conquistas dos povos aborígenes". Um parêntesis para lembrar que na colonização do Brasil vieram jesuítas e colonos, na maioria tuberculosos, para cá atraídos e destacados pelos "benefícios do clima ameno". Eles contaminaram os índios, tuberculisando-os em massa, na primeira fase da colonização. Em cartas de Inácio de Loyola (1555) e de Anchieta (1583) dirigidas ao Reino, está descrito que "os índios, ao serem catequisados, adoecem na maior parte com escarro, tosse e febre, muitos cuspindo sangue, a maioria morrendo com deserção das aldeias". Na atualidade, na década dos anos 1990, morreram de tuberculose no mundo 30 a 35 milhões de pessoas, não obstante a quimioterapia, sendo que quase todas, como foi dito atrás, nos países em desenvolvimento (98,8%). De toda essa legião anônima, não há registros dos seus sofrimentos, dramas e tragédias. Só temos números. Frias cifras. 2. Sobre alguns tuberculosos célebres Os personagens que viveram antes de 1840, mencionados como portadores de tuberculose, eram na época chamados "tísicos". O termo tuberculose só foi criado em 1839, por Schoenlein, que aproveitou a raiz "tubérculo", nome dado ao nódulo lesional por Sylvios Deleboe em 1680. Tuberculosos célebres que figuram nas principais enciclopédias são: 16 reis e imperadores, duas rainhas, 53 com titulagem de nobreza, 101 escritores, 110 poetas, 40 cientistas, 8 filósofos, 16 músicos, 9 pintores e 9 santos católicos. É interessante destacar que grande número desses 7 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ tísicos teve laringite como complicação do processo pulmonar, tendo muitos deles morrido sufocados. Esse pequeno grupo de 364 tísicos amalgamou a tuberculose à história cultural das manifestações criativas e à dramaticidade da doença. Somente alguns casos são aqui comentados. 2.1. Médicos de renome internacional Começamos com médicos famosos. Bichat, no início do século 19, morreu tuberculoso com laringite sufocante. Sua contribuição anatomopatológica da doença foi importante, sendo o primeiro a vincular definitivamente a laringite com a tísica. René Jacinto Teófilo Laennec contraiu a tuberculose infectando-se durante os estudos anatomopatológicos, como se descreverá mais adiante. Vindo da província, logo tornou-se professor. Aprofundou seus estudos na clínica experimental e anatomopatologia, entrando para a história como um dos maiores tisiólogos do século 19. Seu grande mérito foi o de dar unidade às lesões tuberculosas, demonstrando que as diferentes lesões, encontradas nos tísicos, eram todas manifestações de uma única doença, "equivalendo, por exemplo, às diferenças aparentes de um mesmo fruto, quando verde e depois maduro". Toda a sua demonstração está condensada no Tratado de Auscultação Mediata, título relacionado com o estetoscópio que inventou. Na época suas idéias foram submersas por Broussais, notável orador, que sustentava a inflamação como geradora de todas as doenças. Levou mais de um século para se aceitar definitivamente a unidade das lesões tuberculosas. No final do século 19, dominava o conceito do prestigioso Wirchow, pontificando que a tísica tinha uma dualidade, de um lado a componente pneumônica caseosa e de outro o tubérculo, complicação gerando a expansão tuberculosa. Esse disparate teve tal difusão, que Niemayer, eminente tisiólogo, chegou a dizer: "o tísico deve resguardar-se de não tornar-se tuberculoso"(!). Laennec feriu-se no polegar esquerdo durante uma autópsia de tuberculoso; alguns dias após surgiu inflamação supurada e adenite axilar. Há portanto evidência de se tratar de complexo primário. Mais 8 tarde desencadeou-se quadro clínico, com tosse, expectoração às vezes hemoptóicas. É de admirar que Laennec não tenha dado a importância devida, "aceitando" a tuberculose somente no período final quando voltou à sua cidade natal. Existe um único quadro de Laennec, muito diferente dos divulgados; nele, ele está com o semblante impressionantemente magro, enrugado, pescoço fino "nadando" dentro do colarinho de celulóide, o qual está no museu da Faculdade de Medicina de Paris. Edward Livingston Trudeau, nos Estados Unidos, foi notável tisiólogo atingido pela tuberculose, contagiado por seu irmão. Doente já antes da descoberta do bacilo da tuberculose, foi viver em Andirondak Lake, onde, como recomendava-se naquela época, fazia longas galopadas diárias e caçava nas matas, com estafantes caminhadas. Usou um casarão, núcleo inicial do que seria o famoso Andirondak Cottage Sanitarium, no qual foram tratados mais de 2.000 tísicos. Na frontada, em letras graúdas, exibia-se o aforismo de Hipócrates: "Curar às vezes, aliviar quando possível, consolar sempre". Esse aforismo foi também a mensagem dos primeiros congressos internacionais de tuberculose, atestando a exigüidade da terapêutica da época. Trudeau fundou o Saranac Laboratory to Study of Tuberculosis que se tornou o mais famoso da América. Os maiores nomes da bacteriologia e patologia ali desenvolveram investigações. Na escola de pós-graduação que fundou formaram-se 600 especialistas. Na auto-biografia escreve que ao receber o diagnóstico de tuberculose pensou: "fiquei siderado. Pareceu-me que o mundo subitamente ficou sombrio, o universo perdeu todo traço de luz. Estava atingido pela tísica, doença das mais fatais que significava a morte sobre a qual jamais sonhei". Não obstante venceu a doença que se cronificou, com a qual conviveu até mais de 50 anos de idade, com capacidade de trabalho e espírito científico para criar uma das maiores organizações de luta contra a tuberculose. Em sua homenagem fundou-se a American Trudeau Society que por anos foi a editora da prestigiosa revista American Review of Turberculosis. Entre outros tisiólogos ilustres que sofreram de tuberculose cite-se Georges Canetti, cuja contribuição para o conhecimento da doença, de sua imunologia, fisiopatologia, bacteriologia, clínica e epidemiologia, trouxe preciosa colaboração com suas Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ pesquisas e publicação de múltiplos artigos e livros técnicos. Figura destacada em todos os congressos e com altas funções em órgãos de luta antituberculose, notadamente da União Internacional Contra a Tuberculose, erigiu-se em um dos mais altos pilares da moderna tisiologia. Foi o idealizador, com a cooperação de Rist e Grosset, do chamado método das proporções para teste da sensibilidade do Mycobacterium tuberculosis, difundido em todos os países, e largamente empregado no Brasil. Priestley - na fase mais intensa de sua tísica acabou com a teoria do flogístico, descobriu e isolou o oxigênio. Morreu com a complicação da laringite. Florence Nightingale, enfermeira, contraiu tuberculose aos 30 anos e não obstante chegou aos 90 anos, trabalhando intensivamente. Conseguiu dar status profissional às enfermeiras e tornar científica a enfermagem. Seu maior empreendimento foi humanizar os hospitais onde os doentes viviam amontoados em condições sórdidas. Teve importante participação na luta contra a tuberculose na Europa e na construção de hospitais específicos para os tísicos, divulgando nos diversos países a concepção da cura sanatorial, melhorando as condições de internação dos tuberculosos como política governamental de saúde pública. Herbert Lawrence, celebrizou-se com "Os Amores de Lady Chatterley", romance que causou escândalo, sendo processado. Franz Kafka, em dois dos seus romances imprime conotações simbólicas com a tuberculose. "O Processo" no qual o personagem central sofre a angústia de não saber de onde e como vem a acusação, incerteza que ocorre no tísico com a inquietação ante a incógnita do futuro. "A Metamorfose", onde o personagem se transforma numa forma de batráquio sem capacidade de reação, como o doente ante a progressão inexorável do mal. Kafka sofreu final dramático, com intensa dispnéia e dores lacinantes; ao seu amigo Klopstok que dele cuidava, implorava injeções de morfina clamando: "se você não me mata, você é um assassino". O'Neill realizou quase toda a sua obra dramática, convivendo com a tuberculose. Roland Barthes tem sua obra pontilhada por surtos episódicos da tísica. Albert Camus no romance "A Peste" descreveu a invasão de ratos que é considerada crítica ao nazismo; para alguns analistas simboliza a difusão da epidemia tuberculosa no norte da África, onde se passa a ação. É extensa a galeria de escritores tuberculosos que em suas obras especularam sobre a doença explicitamente ou simbolicamente ou pelos personagens que criaram: Maximo Gorki, Prosper Merimée, Somerset Maughan, Paul Eluard, Allan Poe, Edmond Rostand (notório pelo Cyrano de Bergerac e pelo L'Aiglon, filho de Napoleão, descrevendo a dramaticidade de sua morte pela tuberculose), Alfred Musset, Henry Murger, Thomas Mann. Sobre os três últimos, voltaremos nos itens 9 e 13. Também sofreram de tuberculose, Chevalier Jackson, pioneiro da broncoscopia, e Ramón y Cajal, prêmio Nobel pelos seus clássicos estudos de anatomia fina do cérebro e da degeneração das fibras nervosas. 2.2. Cientistas e literatos Champollion - tísico - crônico, decifrou a pedra de Rosetta descoberta no Egito numa expedição de Napoleão, podendo hoje ser admirada no Museu Britânico. Nela está inscrito decreto de Ptolomeu V em grego, em caracteres demódicos e hieróglifos. Essa circunstância facilitou a decifração da escrita egípcia e o conhecimento de sua história. Os estudos consumiram 5 anos e historiadores dizem que a faculdade de análise e paciência exaltada nos tuberculosos crônicos foi decisiva para o êxito da decifração. Braille - cego, organista, contraiu a tuberculose e foi obrigado a permanente repouso que lhe facultou a paciência e o tempo para criar um alfabeto com pinos salientes para a leitura dos cegos, universalmente adotado. Dos tuberculosos que suportaram hemoptises, febres, complicações de laringite e outros padecimentos, produzindo sem esmorecer obras para a posteridade, embora quase todos sucumbindo precocemente, há uma lista infinda. Sintetizando lembraremos alguns: Dos poetas de renome mundial, que sofreram de tuberculose, a lista é também extensa, mas bastará chamar a atenção para os quatro seguintes: Shelley desesperava-se por consumir-se na tuberculose, vendo a alegria de viver dos seus amigos. 9 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ E vós outros, ventos selvagens / Podeis dormir em calma / Enquanto tão fortemente palpita/ A tormenta em meu peito? Schiller, não obstante roído pela tuberculose que literalmente destruiu seus pulmões, com otimismo exasperado cantou a "Ode à alegria" que a sentia fugidia. Esses versos com sua mensagem pela confraternização universal foram usados por Beethoven no coral do último movimento da 9a. sinfonia. Byron, poeta inglês que tanto influiu no romantismo, sobretudo da França, transfigurava-se nos versos líricos. Além de outros tratamentos extravagantes submeteu-se a incontáveis sangrias como um dos tratamentos heróicos da tísica, ironizando os médicos: "não tendes outro remédio? Morre mais gente da lanceta dos médicos que da lança dos guerreiros". Seu amor com Tereza Aguacciole será contado no item 13. Antonio Nobre, congenitamente inspirado, afogava-se em hemoptises, tratando-se da ilha da Madeira até Davos na Suíça. Sempre enganado pelos médicos, sabia de sua morte próxima como deixa entrever nestes versos: Poeta: Coveiro, meu amigo! Abre-me a cova / funda, tão funda como o negro mar./ Eu quero nessa recolhida cova / dormir, enfim, a noite milenar. Coveiro: Pálido moço, ó meu pequeno poeta! / Doce fantasia, mística visão! / Dize: que mágoa trágica e secreta / te roeu assim depressa o coração. / Que vens pedir-nos? Paz? Consolação? / Olha que nada posso; eu sou um morto,/ Eu sou um vivo, morto de ilusão. Moliére (Jean Baptiste Poquelin) no século 17 satirizava os costumes e sobretudo os médicos, estes naturalmente porque não aliviavam os padecimentos que a tísica lhe infligia. A maior crítica sarcástica está contida em sua peça "Le malade imaginaire". A espinafração antológica está na cena na qual cinco examinadores se revezavam argüindo o formando em medicina, sobre qual o tratamento da hidropisia, da hipocondria, dor de cabeça, dor no peito, etc., etc. A resposta do doutorando é invariavelmente a mesma para todos esses diferentes males, e os examinadores em coro dão a sua aprovação. A linguagem é um misto de francês-latim 10 grotesco. Assim para o tratamento da hidropesia a resposta é dada: Clisterum donare / Postea seignare / En suita purgare. Dizem os mestres examinadores: Bene, bene, bene respondere/ Dignus est intrare / In nostro docto corpo O exame continua, sempre com a mesma resposta para cada mal diferente, e o candidato afirma no final: Resseignare, repurgare et reclisterizare! A banca examinadora aprova jubiliza exigindo um juramento: Juras gardere statuta/ Per facultatem prescripta,/ Cum sensu et julgamento Moliére, ele próprio em cena representava o formando e ao dizer Juro! com toda a força de sua voz, tem uma hemoptise. O público cai na gargalhada imaginando tratar-se de truque cênico. Carregado para a casa o célebre dramaturgo morreu três dias, após a terceira representação da peça, vitimado pela tuberculose. Ao passar a lista acima, ressalte-se que não há mais possibilidade de surgir um tuberculoso que marque a história da doença, como no passado. Exemplo: tivemos recentemente a tuberculose de Nélson Mandela o grande líder contra o apartheid na África, que pela sua popularidade mundial, se fosse há um século antes, teria capitalizado a doença aumentando-lhe a auréola. A poderosa trinca HRZ tirou-lhe essa chance... Personagens célebres sobre os quais pairam dúvidas quanto ao diagnóstico de tuberculose são: Goethe, Descartes, Kant, Mozart, Beethoven, Rousseau, Balzac, Ana d'Áustria Rainha da França, Henrique VIII da Inglaterra, Hadriano Imperador romano, Ovídio Publio poeta da Roma antiga. Afinal, a literatura mundial da segunda metade do século 19 e primeira deste, coincidindo com suas fases romântica e realista, está impregnada de tuberculose. Escritores que não foram tuberculosos, descreveram e analisaram personagens tuberculosos: os mais proeminentes, Vitor Hugo, Zola, Flaubert, Dickens e Eça de Queiroz. Não há Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ descrição mais realista de criança morrendo com meningite tuberculosa, como a de Aldous Huxley no romance "Point counter point". A palavra meningite não é pronunciada, porém é dela que se trata, pela invulgar capacidade eidética do Autor, descrevendo o quadro com nitidez e profundo realismo. Entre os modernistas, Boris Vian, francês, jazzista, participante do movimento existencialista encabeçado por Sartre, no seu romance "L'ecume des jours", sem citar o termo tuberculose, descreve o progresso de um nenúfar que se desenvolve nos pulmões de uma jovem, cujos ramos e flores multicoloridas vão se entranhando nos alvéolos. A medida que o nenúfar cresce os sintomas respiratórios intensificam-se e o quarto se estreita, o teto se abaixa, tornando-se cada vez mais exíguo, como o tempo da vida da paciente que se encurta. De toda a literatura este romance é do maior lirismo e dramaticidade, descrevendo a tuberculose pulmonar, por um ângulo surrealista. 3. A tuberculose, a poética e literatura no Brasil A poética no Brasil por todo o tempo até o final da primeira metade deste século está quase toda impregnada pela tuberculose. Passa de quarenta a relação dos vates vitimados pela tuberculose, entre os notórios e os menos conhecidos. A imensa maioria faleceu entre os 21 a 35 anos de idade. Eram jornalistas, advogados, rábulas, funcionários públicos, todos boêmios vivendo a noite nos bares, botequins, discutindo, bebendo e fazendo versos. Poetas préromânticos, românticos, parnasianos e modernistas, conforme seu temperamento e evolução da doença, extravasaram seus sentimentos, uns sarcásticos, amargos, outros romantizando seus sofrimentos e outros ainda, fleugmáticos, ironizando sua sorte. Castro Alves, baiano, com 23 anos compôs estes dramáticos versos, alta madrugada, num bar do Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito, em São Paulo: Eu sei que vou morrer... dentro do meu peito /um mal terrível me devora a vida. / Triste Assaverus, que no fim da estrada / só tem por braços uma cruz erguida. / Sou o cipreste qu'inda mesmo florido / Sombra da morte no ramal encerra! / Vivo - que vaga entre o chão dos mortos, / Morto - entre os vivos a vagar na Terra. Álvares de Azevedo sobre a vida que a tuberculose estava lhe roubando: Descansem o meu leito solitário / Na floresta dos homens esquecida / À sombra de uma cruz e escrevam nela: / Foi poeta, sonhou e amou a vida. Casimiro de Abreu revelou a angústia do futuro que o esperava: A febre me queima a fonte / E dos túmulos a aragem / Roça-me a pálida face / Mas no delírio e na febre / Sempre teu rosto contemplo. Eu sofro; o corpo padece / E minh'alma se estremece / Ouvindo o dobrar de um sino. Raymundo Correia, desesperado bradou: Larga essa lira caquética! / Ouve! E desculpa esta epístola! / Porque antes não curas hética, / Pústula, escrófula e fístula? / Larga essa lira caquética! / Ouve! E desculpa essa epístola! Nenhum poeta foi tão amargo e sarcástico ante a tuberculose quanto Augusto dos Anjos. Entre muitas de suas poesias no mesmo tom patético destacam-se estas duas quadras: Falar somente uma linguagem rouca, / Um português cansado e incompreensível, / Vomitar o pulmão na noite horrível / Em que se deita sangue pela boca! Expulsar aos bocados, a existência / Numa bacia automata de barro / Alucinado, vendo em cada escarro / O retrato da própria consciência... Barbosa de Freitas, cearense, trabalhava na imprensa passando as noites na boemia. Muito jovem e já tuberculoso internou-se como indigente na Santa Casa de Fortaleza. Ali morreu abandonado, achandose sob o lençol, longa poesia da qual pinçamos estes lancinantes versos: É cedo ainda, oh pálidos coveiros! / Ainda quero beber venturas, enganos... / Quero cantar a minha doce aurora / Que me sorri, aos meus vinte e dois anos ! É cedo ainda, oh pálidos coveiros. Este poeta plebeu teve seu nome perpetuado em aristocrática rua de Fortaleza. Martins Fontes nas tertúlias bebia por horas seguidas. Tuberculoso, foi se tratar na Ilha da Madeira onde em dramática quadrinha lamentou-se: Longe defronte do mar / Triste, saudoso, sozinho aqui estou / Vim à Madeira buscar / A saúde que seu vinho me levou. Nidoval Tomé Reis, poeta modernista desconhecido, viveu em pensões pobres de Campos 11 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ do Jordão, onde padeceu da doença e da miséria; seus versos foram amargos: Noite alta / Outros dormem venturosos / Eu tenso / Tusso e escarro sangue. / Os outros são felizes! / Eu, caminhando para o fim da vida / Vou jogando pela boca afora / Esponjas sanguinolentas / Dos meus apodrecidos pulmões... Da longa galeria de poetas tuberculosos da qual destacamos uns poucos exemplos, terminamos com Manoel Bandeira, que conviveu com uma tuberculose de surtos agudos nos primeiros anos, para depois cronificar-se e viver por mais de 80 anos. É o exemplo da simbiose da tísica crônica com a vocação literária. Inicialmente tratou-se em sanatório da Suíça, onde também esteve internado Antonio Nobre, e conviveu com Paul Eluard notório escritor. Produziu inúmeras poesias, comentando a doença, as angústias, incertezas do futuro, com tintas tristes pessimistas: Minha respiração se faz como um gemido / Já não entendo a vida e se mais a aprofundo / Mais a descompreendo e não lhe acho sentido ‘- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- Temo a monotonia e apreendo a mudança / Sinto que minha vida é sem fim, sem objeto... / Ah, como dói viver quando falta a esperança. Aos trinta anos Manoel teve o último surto, estabilizando-se depois a doença. Aos poucos vai adquirindo mais confiança no futuro, e como ele mesmo disse, foi depois dos 50 anos que seus horizontes se ampliaram. Embora a morte, quase sempre estivesse presente em seus versos, passou a encarar a tuberculose com fleugma, até dela ironizando: Já fui sacudido, forte,/ De bom aspecto, sadio /Como os rapazes do esporte / Hoje sou lívido e esguio / Quem me vê pensa na morte. O modo irônico e até humorístico para a tuberculose está bem explicitado em famoso verso sobre o tratamento com o pneumotórax que será abordado no item 8. Vários poetas não doentes, porém com familiares tuberculosos, transpuseram em versos suas preocupações com o mal. Jamil Almansur Haddad, poeta modernista com saúde de ferro ante os quadros que presenciou de tísicos, compôs "Tuberculose galopante": 12 Noutros tempos a morte / Tinha asas e voava / Hoje ela me veio / Montando um cavalo / E eu irei na garupa / Numa viagem veloz / Putupum, putupum / - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - Onde eu compro a passagem / No meu leito de doente / Para o país sossegado / País louro da morte / Onde um pulmão escavado / Serve de passaporte, / Putupum, putupum É um país sossegado / Que não tem hemoptise; / É uma terra decente,/ Sem escarros no chão,/ Putupum, putupum. País sem suores frios, / Sem cadeiras de lona, / Sem bacilos de Koch / Putupum, putupum / E onde o vil pneumotórax / Por certo é ignorado ‘ / Putupum, putupum Putupum. A "Balada do Tísico" termina com simbolismos lembrando o romance de Boris Vian já citado: Senhor! Piedade! Meus pulmões negros / Sofrem agora angústias tamanhas / Que eles no seu retiro nefando / Recordam duas torvas montanhas / Que o túnel da amargura vai cavando. No meu pulmão há jardineiros / Que, quando chega a primavera, / Cuidam dos trágicos canteiros / Donde despontam papoulas fluídicas,/ Vermelhas rosas liquefeitas. Sangue que não te estancas! / Suor que não te enxugas! / Andam por meu pulmão milhões de sanguessugas! / Vai prosseguindo o louco a canção otimista: / Pulmão! Pulmão! Ó meu triste pulmão! / Como se o desgraçado tivesse pulmão... Na fase anterior à quimioterapia em que viveram os poetas mencionados, a epidemia tuberculosa minava o País, e até os poetas da literatura de cordel dela se ocupavam, cujos versos eram vendidos nas barracas de jornais; o exemplo abaixo é citado ao acaso entre dezenas: No circo o público era multidão / Nisso a linda trapezista despencou / Boca sangrando, estatelada no chão. / O médico que chamavam a examinou: / "É tuberculose que feriu o pulmão / Fazendo nele um extenso rendado / De cavernas, todo ornado". Não temos conhecimento de exemplo igual ao ocorrido no Brasil, onde dezenas de poetas tuberculosos ou não, tenham se servido da Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ tuberculose para meditar sobre sua interferência humana, seja de forma romântica, realista ou amarga. Contrariamente do ocorrido com os poetas, poucos prosadores nacionais foram tuberculosos. Júlio Ribeiro, popularizado pelo romance, "A carne" não se ocupa da doença nos seus escritos. Paulo Setúbal, notabilizado pelos livros históricos, escreveu grande parte de sua obra em São José dos Campos, onde esteve em tratamento por longo período. Agnóstico que era, converteu-se ao catolicismo e contou-nos que isso sucedeu durante uma semana de alta febre, tempo que levou para contar a transformação no seu livro "Confiteor". Graciliano Ramos superou parcialmente a tuberculose, tabagista inveterado, tinha também bronquite e enfisema e faleceu de câncer broncogênico. Nas "Memórias do Cárcere" transfere suas reações ante a tuberculose para personagens tuberculosos com quem conviveu na prisão. Escassa é nossa literatura de ficção, que trata da tuberculose, destacando-se Dinah Silveira de Queiroz, que tinha tuberculose na família e Paulo Dantas que era tuberculoso. Ambos escreveram sobre Campos do Jordão como se menciona no item 9. 4. Interferência da tuberculose na história política Foi sugerido que a tuberculose de Eduardo VI da Inglaterra, nos meados do século 16, foi responsável pela chamada guerra das rosas, porque o poder passou a ser exercido por seu tio que exilou o futuro Henrique VII. Eduardo VI tuberculoso morreu com 16 anos; se tivesse vivido e reinado efetivamente a guerra entre as casas de York e Lancaster, da qual saiu arruinada toda a nobreza, não teria acontecido. Na França sucedeu que Luis XIII e seu Primeiro Ministro Cardeal Richelieu eram tuberculosos. O primeiro sofria episódios agudos que o prostravam e o retinham no leito. Com tantas sangrias, purgativos e outros tratamentos danosos, com o ventre enorme permanentemente inchado, relegou todas as obrigações do reinado a seu ministro Richelieu que vivia com sua tísica crônica. Especulase que o rei não teria feito a aliança com potências contrárias aos Habsbourg, como foi promovida pelo Ministro, alterando o curso dos acontecimentos políticos da época. Do mesmo modo argumenta-se que vários acordos e manobras com outras potências não teriam se efetuado. Richelieu morreu vários meses antes de Luis XIII, não havendo tempo nem disposição, para este de alterar o quadro político. Historiadores também argumentam que no século 18, se o primogênito Luis, filho de Luis XV e pai do futuro Luis XVI não fosse tuberculoso, teria vivido para assumir o trono governando de modo diferente; Maria Antonieta não teria sido rainha, seu destino não seria trágico como o foi; e a Revolução, se desencadeada, poderia ter curso diferente. Analisese ainda outro ângulo. Com a morte do primogênito de Luis XVI, seu segundo filho, criança, foi entregue pela direção revolucionária, à guarda de um sapateiro, sendo depois proclamado Luis XVII pelo Conde de Provence. Eis que ele morreu de tuberculose com 10 anos, em 1795. Embora persistam dúvidas sobre sua identidade (que agora vão ser derimidas pela análise do DNA) especula-se que se o pequeno príncipe não tivesse sido vitimado pela tuberculose, os acontecimentos pós Revolução poderiam ter obstaculizado a ascensão de Napoleão. Porém ainda perora-se que a Restauração talvez não tivesse ocorrido, se o filho de Napoleão, com o título de Rei de Roma e proclamado Napoleão II pela Câmara dos Cem Dias, não tivesse contraído tuberculose. Doente, foi levado por sua mãe Maria Luísa, para a Corte de Viena, ficando vigiado e retido no Castelo de Schönbrun, com o título de Duque de Reichstadt, onde foi submetido a tratamento contraproducente, como se verá adiante. Na prática, foi assim mantido por Metternich que manobrava para extinguir a dinastia napoleônica. L'Aiglon, como o apelidaram, foi vitimado por tuberculose caquetizante, morrendo sufocado devido a traqueolaringite, aos 21 anos. Sua máscara mortuária no quarto onde faleceu no Castelo de Schönbrun, mostra um rosto magro apergaminhado como se fosse um octogenário. Se L'Aiglon não tivesse sido vitimado pela tuberculose, Luis Napoleão (Napoleão o pequeno, como Victor Hugo o chamava) não teria implantado o 2.º Império. Assim a tuberculose mudou a história, na fase de sua maior transformação operada pela Revolução da França. Na América Latina, Simon Bolívar - "El libertador", considerado um gênio político-militar, foi tuberculoso desde a juventude, quando fez várias curas de repouso. Conseguiu vencer a doença, e embrenhar-se nas lutas pela libertação dos países sob 13 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ domínio espanhol. No final as lesões quiescentes reativaram-se. Morreu em Santa Marta, Colômbia. O laudo da autópsia registra: "grande cavidade no pulmão direito e extenso foco em vias de calcificação à esquerda". Pobre e abandonado, tiveram que procurar até camisa para enterrá-lo. É de interesse mencionar que San-Martin, outro grande lutador pela libertação da América espanhola, hoje venerado na Argentina, também teve implicações com a tuberculose, porém na pessoa de sua mulher que tratou-se na França, lá morrendo 5. O toque da realeza nos escrofulosos É uma incógnita como nasceu a crença do poder real de curar escrófulas, com seu cerimonial romântico-teatral. Há muita probabilidade dessa taumaturgia ter sido iniciada por Clovis, Rei dos Francos, no final do século 6, após converter-se ao cristianismo. Com a finalidade de angariar maior apoio popular surgiu a idéia de tocar com moeda de ouro as escrófulas dos tuberculosos, por ser a única lesão exteriorizada da doença, muito disseminada na Europa. O cerimonial resultou proveitoso, transformando-se em costume e difundindo-se entre os monarcas cristãos. Na França, no século 9 sob os reinados de Felipe e Luis VI, quando se instituiu a frase "o Rei te toca e Deus te cura", essa prática generalizou-se. Carlos II da Inglaterra durante os 25 anos de reinado tocou 90.798 escrofulosos. Ali a doença foi batizada King's evil e na França, mal du Roi. Esse cerimonial atingiu o apogeu com Henrique IV na França, que lhe imprimiu um ritual teatral e Ricardo o Confessor, na Inglaterra. Shakespeare na tragédia Macbeth (que reinou no século 12) menciona o poder do Rei de curar as escrófulas, acentuando como médicos estavam convictos disso, pela afirmativa do personagem médico, na cena 3a do ato 4o: "Há uma multidão de sofredores esperando sua cura (pelo Rei); sua doença resiste a todas as tentativas da arte. Em troca curam-se imediatamente, tão sagrado é o poder que Deus depôs em suas mãos". A taumaturgia dos Reis com o toque da moeda, tinha além de mágica, uma conotação da aproximação do povo com o monarca, pois o doente, último da escala social, era cuidado diretamente pelo 14 Rei que detinha a autoridade divina que Deus lhe concedia. Ângulo a ser ressaltado é o enorme número de escrofulosos, refletindo a epidemia tuberculosa, atingindo grandes contingentes da população por toda a Europa, com formas clínicas de primo-infecção, de disseminação linfohematogênica em indivíduos sem resistência, vivendo em precaríssimas condições sociais. As peregrinações para o toque real constituíam multidões de criaturas com formas extensas da doença, esquálidas e caquéticas. A ligação das escrófulas com a tuberculose foi desconhecida até Sylvius Deleboe que em 1680, a identificou após ter batizado de tubérculo o nódulo encontrado nos pulmões dos tísicos. Com o tempo o toque real nos escrofulosos foi perdendo a mística. No século 17, Guilherme reinando no Principado de Orange, agnóstico, não acreditava nessa taumaturgia. Pela pressão do povo, dos nobres e de médicos teve de realizar a cerimônia, alterando porém a fórmula por: "Deus te dê melhor saúde e mais senso comum". Aos poucos as moedas de ouro, muito caras, foram sendo substituídas por outras de prata e por fim de cobre, perdendo seu encanto. A crença da cura das escrófulas pelo toque real durou 12 séculos e, em 1825, fez-se o último cerimonial no dia da coroação de Carlos X que tocou 130 escrofulosos trazidos por Dupuitren, célebre cirurgião, amigo de Laennec. 6. A tortuosa trajetória do tratamento da tuberculose, quando não havia tratamento Este capítulo não é sobre a história da terapêutica da tuberculose. São apenas citados aspectos peculiares dos tratamentos propostos até a descoberta do bacilo da tuberculose. Desta, até a era quimioterápica, aborda-se também alguns ângulos do pneumotórax e da cura sanatorial, pela universalidade que tiveram. Por quase 3 milênios, desde as primeiras referências sobre tratamento da tísica (civilizações hindu e persa) passando por Hipócrates, as escolas de Cós e Cnide na Grécia, depois Alexandria, Galeno em Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Roma, Salermo, Montpellier, a Renascença até a primeira metade do século 20, recomendou-se repouso e alimentação, enfeixados modernamente sob a denominação regime higienodietético. Climas amenos foram recomendados, crescendo nos últimos cem anos do período considerado, a mística do ar das montanhas. No final aumentaram as indicações de helioterapia, que já vinham sendo feitas, sobretudo para as formas ósseas. O tratamento de sintomas hemoptóicos perdese na noite dos tempos. As primeiras recomendações são de infusão de repolho, de pó de casca de caranguejo, de pulmão de raposa e de fígado de lobo em vinho tinto... O grande Avicena, mais romântico, receitava infusão de rosas vermelhas em mel, administrada por via traqueal! Para as hemoptises graves Erasistrato e Europhilus aplicavam garrotes nos braços e coxas, prática que ainda eventualmente se usa para diminuir o volume de sangue de retorno. É estranho e mesmo inexplicável como esses médicos tiveram essa idéia, visto que não se conhecia a circulação descoberta por Harvey no início do século 17. Para melhorar a respiração e a tosse crônica há receitas persas de comer crocodilo cozido e hindus de pele de burro. Por volta de 75 D.C., Diascoride resolveu empregar resina de múmias egípcias emulsionadas quase sempre em mel. Esse tratamento, só para pacientes muito ricos, foi empregado por séculos. Luis XIII e o primogênito de Luis XV, foram assim tratados. Sete tipos de tratamentos, constituindo o "septeto da panacea", porque eram indicados para todos os males, foram: sangria, purgativos, ventosas, vesicatórios, eméticos, sanguessugas e clisteres. Os seis primeiros constavam do "armamento antituberculoso", de todos os centros médicos. A sangria, cuja técnica de aplicação foi estipulada por Galeno, foi fartamente praticada até quase o final do século 19. Indicavam-se até para os doentes hemoptóicos, imaginando-se que retirando sangue do paciente diminuiriam as hemoptises. Com isso os doentes tornavam-se anêmicos, debilitando-se mais ainda. Sua voga era tão larga que foi satirizada notadamente por Moliére e Byron, como exposto em outros itens. Desde Bayle e Sydenham, que se recomendava alterar o repouso com atividades físicas, exercícios, cavalgadas por longas horas e os doentes extenuavam-se. Livingston Trudeau fazia extensas galopadas, com caçadas. Luis XIII da França, debilitado, com seu enorme ventre, promovia essa cavalgada que o cansava, precisando permanecer no leito por dias. L'Aiglon, filho de Napoleão, mantido vigiado no Castelo de Schönbrun, como dito atrás, era obrigado a montar a cavalo por muitas horas; esse estafante exercício terminava com um banho em emulsão de tripas de porco! A Marquesa de Pompadour, favorita de Luis XV, na realidade, era um encanto de mulher, como se comprova pelo magnífico retrato pintado por Natier (Museu do Louvre). Seu médico, Renait, lhe infringia tratamentos cruéis submetendo-a a exercícios violentos e sangrias sucessivas; mais ameno era o leite de jumenta como se verá adiante. Com a morte do Rei (varíola), espalhou-se a notícia de seus freqüentes escarros de sangue, sendo enxotada de Versalhes. Seu quadro complicou-se com laringite, ficando afônica. Como era hábito, no dia de sua morte, ainda sofreu uma sangria. Finou-se em dia chuvoso, e no enterro, além do sacerdote, uns três amigos fiéis. Assim finou-se a outra poderosa quando detinha poder nas mãos. Na Alemanha, em 1650, após cem anos da chegada do tabaco à Europa, Jean Neander, célebre médico-filósofo, publicou alentado tratado "Tabacologia", traduzido em várias línguas, no qual são tratadas com sucesso quase quatro dezenas de doenças por efeito do fumo. Para a tísica recomendou tabaco emulsionado em mel. Nota a parte foram os tratamentos românticos, alguns com conotações líricas e outros eróticos. Avicena e Averroes mandavam secar rosas vermelhas, moer e espalhá-las no quarto do tísico. Outra receita do primeiro consistia em forrar o chão com pétalas de rosas, sempre vermelhas, e ramos de plantas aromáticas, sobre os quais o tísico deveria passear o maior tempo possível. Galeno propôs aos tísicos viverem em quarto subterrâneo, de temperatura amena, sendo o assoalho coberto de rosas vermelhas e pendurados no teto ramos de palmeiras misturados com ervas coloridas aromáticas. Na renascença, médicos romanos recomendavam temporadas em Veneza, com passeios diários de 15 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ gôndola, devendo o barqueiro cantar canções eróticas. Evidente, esses tratamentos românticos eram para tísicos abastados. Nessa linha integrou-se o leite, cuja recomendação e uso permaneceram por quase 3 mil anos, desde as civilizações antigas da Pérsia e Hindus até o século 19; o preferido era o de jumenta, mas também indicou-se leite de cabra, de fêmea de elefante e de camelo. Para Avicena, os homens tísicos deveriam tomar leite de mulher jovem e bela, e na Renascença, Petrus Forestus explicava que o leite de mulher deveria ser o mais fresco possível, e portanto sugado diretamente da mama, razão porque ela deveria dormir com o doente. Para isso, o tísico sempre muito rico - tinha que contratar uma jovem lactante, o que não era muito fácil; custava os olhos da cara. Porém não havia nada mais erótico romântico! Já se mencionou a tuberculose da Marquesa de Pompadour; esta, durante sua doença, ingeriu centenas de galões de leite de jumenta e de camelo; caríssimo, que sua condição de favorita do Rei, lhe permitia consumir. Uma idéia mais pormenorizada de como se tratava a tuberculose em meados do século 19 nos chega pelos registros das receitas formuladas para a Dama das Camélias e Chopin: opiácios (xaropes e injeções de morfina), ferruginosos, creosoto, pomada de iodeto de potássio nas axilas, exercícios (dança para a primeira), sanguessugas, sangrias, bálsamo de Peru e musgo da Islândia. É interessante que após a descoberta da estreptomicina, estudaram-se muitos musgos, entre eles o da Islândia, do qual se isolou um antibiótico com certo poder bactericida "in vitro" sobre o Mycobacterium tuberculosis. 7. O desastre do tratamento com a tuberculina de Koch Os tratamentos da tuberculose no passar dos séculos, inócuos na maioria, muitos bárbaros e nocivos, e alguns românticos, não causaram a mortandade, que por ironia da história, foi provocada pelo próprio Koch com sua tuberculina. No XI Congresso Médico Internacional, Berlim 1890, Robert Koch soltou a segunda bomba ao anunciar ter descoberto uma substância que se difunde nos meios líquidos de cultura do bacilo da tuberculose (que chamou de "linfa"), a qual "insensibiliza animais de laboratório à inoculação de bacilos tuberculosos, e é capaz de deter o processo tuberculoso nos já 16 infectados, sendo provavelmente de utilidade no tratamento da tísica humana". Em 1891, Koch publicou o histórico artigo "Sobre um remédio para a cura da tuberculose", que ulteriormente recebeu o nome de tuberculina (proposto por Pohl Pincus). A notícia espalhou-se como rastilho de pólvora por toda a Europa e nos Estados Unidos, sendo logo a tuberculina considerada o medicamento milagroso. Em toda a história da medicina, não há exemplo de maior noticiário sensacionalista pela imprensa mundial quanto foi o da tuberculina. Seu preço tornou-se altíssimo, e nos Estados Unidos cobrava-se 1.000 dólares por centímetro cúbico. Na Europa, as passagens nos vagões dormitórios dos trens esgotaram-se por vários meses, tal era o afluxo de doentes à Berlim para se tratar com a tuberculina de Koch. Não tardou muito para que a euforia internacional se transformasse em cruel desencanto. Com as elevadas doses de tuberculina, então usadas, desencadearam-se, nos tísicos, intensas reações sistêmicas e graves progressões lesionais, com grandes destruições pulmonares e generalização da doença, levando rapidamente à morte. Embora não existam dados seguros, estimou-se que em Berlim morreram várias centenas de doentes, os quais, somados com os vitimados em outros países, devem ter totalizado milhares. Koch foi acerbamente criticado pela sua precipitação, inexplicável num cientista do seu padrão. Desculpou-se por não ter resistido à pressão dos centros médicos especializados e do governo alemão, para que divulgasse sua descoberta, sem perda de tempo, aumentando o prestígio da ciência germânica na corrida internacional na luta contra a epidemia tuberculosa. A tuberculina foi abandonada até 1908, quando Von Pirquet, demonstrou seu valor diagnóstico na infecção tuberculosa, sendo hoje uma das mais importantes armas para o estudo epidemiológico da tuberculose. 8. Pneumotórax - primeiro tratamento racional da longa era anterior à moderna quimioterapia Em 1882, Carlo Forlanini, da Itália, consolidando idéias esparsas anteriores, e com suas fundamentais investigações, criou a colapsoterapia médica pelo pneumotórax artificial. A introdução de Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ ar, no espaço intrapleural, faculta ao pulmão, cujo volume é menor que o da caixa torácica, a permanecer como lhe permite sua elasticidade, ocupando seu volume real, propiciando-lhe o que se chamou de repouso fisiológico. Desse modo, as lesões tuberculosas não sofrem o traumatismo provocado pela respiração, pela tosse e outros fatores desfavoráveis, tendo condições para sua regressão. Conforme a capacidade de reabsorção da pleura, as insuflações de ar faziam-se três, duas ou uma vez por semana. Os aparelhos com manômetro para medir a pressão intrapleural, que devia ser subatmosférica, eram de diversos modelos, sendo o mais utilizado o original de Forlalinini. A manutenção do pneumotórax era no mínimo de 2 anos, indo a 5 e até 8 anos em casos especiais. Tinha porém indicações precisas: lesões recentes, cavernas frescas, elásticas, localização nos andares superiores do pulmão; lesões contralaterais, se existentes, não extensas, havendo casos de indicação de pneumotórax bilateral simultâneo. Criou-se uma literatura especializada. Discutiram-se equações matemáticas sobre a elasticidade do pulmão, conforme a altura do segmento pulmonar, sobre o peso do pulmão, partindo do ápice para a base, as diferenças potenciais elásticas dos segmentos, as variações de pressões intrapleurais subatmosféricas e todo um complexo arrazoado, beirando à metafísica para explicar as vantagens do repouso fisiológico. O livro mais manuseado sobre o assunto foi "Fisiomecânica pulmonar" de Parodi. Os tisiólogos, preocupados com esses intrincados problemas, chamavam de "insufladores" os médicos que só praticavam a rotina do pneumotórax. A colapsoterapia médica foi a fase áurea em termos econômicos para os médicos que tratavam a tuberculose em sua clínica particular. A prática do pneumotórax artificial disseminou-se por todos os países, constituindo-se no tratamento heróico até o início da década dos anos 50, quando surgiram as drogas antituberculosas. Nos países desenvolvidos, com menos tuberculosos, o pneumotórax era aplicado com um certo ritual. Nos Estados Unidos, uma insuflação era verdadeiramente teatral; o paciente era coberto com campos esterilizados, deixando-se um pequeno espaço intercostal, com rigorosa assepsia, para introdução da agulha. No Brasil, a prática do pneumotórax simplificou-se. Nos dispensários, os pacientes faziam longas filas. A medida que chegavam, iam tirando a camisa, deitando-se com o braço sobre a cabeça. Rápida passada de algodão embebido em álcool e a agulha era espetada; mal o paciente se erguia, e já outro se deitava. Havia dispensários, como por exemplo o do Instituto Clemente Ferreira, de São Paulo, e o Dispensário Escola da Rua do Rezende, no Rio de Janeiro, entre outros, com filas de 100 a 150 doentes, diariamente, atendidos por vários médicos. O controle radioscópico, após a insuflação, realizava-se por grupos de uns 20 pacientes que iam passando rapidamente pelo ecram. Na década dos anos 30, os célebres Rist e Sergent por aqui passaram, ficando surpresos com o que chamaram "democratização do pneumotórax". O primeiro escreveu a respeito interessante artigo na então Revue de la Tuberculose. Não obstante sua universalidade, o pneumotórax teve rendimento relativo. As melhores estatísticas consignaram 60% de curas clínicas, as demais entre 40% a 50%. Além disso, havia o óbice que só 40% a 50% dos doentes tinham indicação e/ou pleura livre, sem sínfises extensas. Nesses casos havia opções, nenhuma ideal. Havia o pneumotórax extrapleural, pelo descolamento cirúrgico da faixa endotorácica, criando espaço que era mantido com insuflações periódicas de ar, com pressões atmosféricas positivas. A frenicectomia, cortando o nervo frênico no trajeto pré-escalênico e arrancamento da maior porção inferior possível, elevando o hemidiafrágma; indicava-se de preferência nas cavernas situadas na base do pulmão. Para estas era freqüente também a indicação do pneumoperitôneo. Para as cavernas elásticas com sínfise pleural, teve muita voga a drenagem endocavitária de Monaldi, atingindo a caverna com trocate e sonda através da parede torácica e mantendo sistema de aspiração constante até o seu fechamento. Nos casos antigos, fibrosados, de cavernas com paredes rígidas cabia a toracoplastia, cujo pioneiro foi Sauerbruch, com ressecção de número variável de costelas. No início essa cirurgia foi aplicada também em jovens, que com o crescimento do hemitórax oposto encurvava a coluna criando monstruosas deformações torácicas. Outras intervenções preenchiam o espaço, - para manter o pulmão 17 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ colapsado, com óleo, músculo, bolas de lucite e outros materiais. As ressecções pulmonares (lobectomias e pneumectomias) pelas freqüentes reativações focais e disseminações no pulmão oposto, só foram largamente empregadas com o advento da quimioterapia, dando cobertura protegendo contra essa séria complicação(*). Seu apogeu foi nos anos 50 e 60, até que terminou o estoque de doentes crônicos, com lesões extensas ou pulmão destruído. Todos os procedimentos citados eram graves, com grande freqüência de complicações sérias, sendo que a cura clínica, em média, mal passava dos 40%. Dessa forma, a impossibilidade do tratamento com o pneumotórax intrapleural representava para o doente séria decepção, uma sentença negra com a triste perspectiva de tratamentos graves, complicados, pouco eficazes e perda de esperança de cura. Não há melhor descrição e mais crua dessa frustração, que a de Manoel Bandeira, que com ironia e humor negro descreve o impacto quando o médico anunciava a impossibilidade de indicar o pneumotórax: Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos, / A vida inteira que poderia ter sido e não foi. / Tosse, tosse, tosse./ Mandou chamar o médico./ Diga trinta e três./ Trinta e três... trinta e três... trinta e três.../ Respire / O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo / e o pulmão direito infiltrado./ Então doutor, não é possível tentar o pneumotórax? / Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. 9. A cura sanatorial. o hominis sanatorialis No século 19, surge a idéia do tratamento dos tísicos em estabelecimentos fechados, onde deviam permanecer e receber alimentação adequada. Esse conceito foi considerado absurdo por ser a antítese do (*) Em decorrência da quimioterapia irregular, está aumentando assustadoramente no mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento, a multidrogarresistência do Mycobacterium tuberculosis. Para os pacientes nesses casos, estão se realizando ressecções pulmonares. Sem dúvida é tentativa obrigatória para salvar a vida desses doentes. Entretanto sob o ângulo epidemiológico, a volta dessa cirurgia é um melancólico retrocesso de meio século, e em piores condições que antigamente, porque para a tuberculose multirresistente não há meios de impedir as reativações focais e propagação das lesões, por não haver cobertura quimioterápica. 18 recomendado durante séculos, o repouso entremeado com exercícios, galopadas a cavalo e outras extravagâncias. As primeiras sugestões sobre o sanatório foram de Brehmer, mas as bases científicas foram propagadas por Dettweiller, que lutou durante 20 anos para, em 1860, afinal, impor suas concepções. A maior responsabilidade pela estruturação prática dos sanatórios é devido a enfermeira Florence Nightingale, que conviveu com sua tísica crônica (item 2.1). Sanatório e regime higienodietético foi a simbiose fundamental para a cura da tuberculose, entrando por toda a primeira metade do século 20, até o advento da era da moderna quimioterapia. O sanatório foi associado à mística do ar da montanha. Aos poucos, o conceito climático foi se diluindo e os hospitais para tuberculosos passaram a ser localizados nas cidades com qualquer clima. A fase dos sanatórios, com sua tonalidade dramática e romântica, muito contribuiu para impregnar a literatura e a dramaturgia. Ressalte-se, novamente, que essa literatura foi sustentada pelos tuberculosos ricos em cultura, ou em finanças, enfim, pela classe mais elevada. Dessa forma, o arquétipo da obra literária condensando a vida sanatorial é sem dúvida o notável romance Zauberberg (Montanha Mágica) de Thomas Mann, também tuberculoso e prêmio Nobel. A ação se passa no luxuoso sanatório Berghof - Davos, na Suíça. O personagem central, Ans Casptor, vem visitar o primo em tratamento, quando descobre que também está doente. Porém, a ação extrapola para todos os demais internados, com seus comportamentos conforme suas personalidades e seus dramas íntimos. O microcosmos social resulta de um universo fechado com as deformações decorrentes da falta de influência exterior. Há uma dissimulação do conteúdo dramático da doença. O sanatório tornase para o tísico um campo progressivamente ampliado da expressão da tuberculose, provocando uma espécie de ressonância às suas alternativas, ora de esperança, ora de desencorajamento, e seus dramas. A segregação sufocante da vontade, a uniformização ritual dos internados, e acentuada por uma hierarquia rigorosa, dirigida não se sabe por quem, cria um ambiente semelhante ao "Castelo" de Kafka, com sua opressão sutil, cruel e demoníaca. Descreve-se o ritual a que o doente está acorrentado, a obsessiva anotação da temperatura, a ansiedade a cada nova radiografia, as 6 refeições diárias Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ religiosamente a horas certas, agem como oposto à ociosidade forçada e dicotomizam o tempo. Este se torna infinito, dentro de um universo finito em função do espaço confinado. Se o tempo é função do espaço como dispõe a teoria da relatividade, a medida do tempo é circular, fechado sobre si mesmo e o terrível presente repete-se sem cessar por anos. O paradoxo é que surgem duas alternativas: o abandono do pensar, caindo no vácuo vazio, ou a reação mental, acentuando a dramaticidade. Todos esses ângulos e outros são questionados pelos diversos personagens ali internados, empresários, sociólogos, teólogos, políticos e anarquistas. Descrevem-se casos de acelerada reação mental, propiciando a criação intelectual. Na realidade, isso sucedeu com vários intelectuais como são os exemplos de Eugene O'Neill, Roland Barthes, que escreveram toda a sua obra no sanatório, e de Paul Eluard e Albert Camus, que internados por várias vezes, mais produziram quando estavam nos sanatórios. Aliás, já na Grécia havia a expressão "spes phtisica" para descrever a energia que muitos tísicos forjavam, dirigindo-a para uma criatividade especial. Quanto ao comportamento geral dos tuberculosos, por anos internados nos sanatórios, Rist forneceu a definição em poucas linhas. As longas separações, pela lentidão da cura, destruíam os vínculos com os familiares. Esposas e maridos infiéis, famílias desinteressadas ou pouco preocupadas com a sorte do paciente internado, noivados e casamentos desfeitos, aumentavam a solidão, o doente sentia-se exilado, desorientando-se a vida psíquica. Privado de seus alimentos essenciais, como a profissão, o trabalho, a família, a incerteza da cura sempre demorada, produzia sensação de viver num fosso profundo onde a luz não penetrava. Além disso, o tuberculoso convivia por anos numa sociedade de contrastes: introvertidos e exuberantes, místicos e racionalistas, bons e maus, delicados e brutais, resignados e revoltados, inteligentes e pobres de espírito, enfim uma comunidade de heterogêneos condenados a um convívio execrável. Todos esses fatores criaram um tipo de personalidade sui generis que Dumarest chamou de Hominis sanatorialis, que era fruto da incerteza pelo temor do inesperado, fosse a chegada da morte, fosse a cura clínica, após anos e anos de internamento. No sanatório, o doente, com o tempo, incorporava a ociosidade; organizava-se nela como numa profissão, compenetrando-se dos fins indefinidos a que sua doença expunha, desaparecendo do resto do mundo ante essa preocupação. Em resumo, a personalidade do Hominis sanatorialis negativava-se com a longa espera da negativação do escarro, que podia levar até 10 anos! Descreveram-se, em muitos tísicos internados, exacerbação da libido, fomentando paixões, atingindo em alguns, comportamentos mórbidos. Para contar a vida dos tuberculosos nos nossos sanatórios e nas estâncias climáticas, destacase o romance de Dinah Silveira de Queiroz, "Floradas na serra", passado em Campos do Jordão; aborda as reações e dramas dos doentes nos sanatórios, a angústia face à doença, ao abandono e afastamento dos familiares. Episódios amorosos com internados, a dificuldade da readaptação à vida normal. Uma jovem adiciona à doença o sofrimento que lhe ocasiona a paixão por seu médico assistente. A autora contounos que o personagem Dr. Celso, na vida real tornouse notório tisiólogo. “Floradas na serra” fez sucesso no cinema e em novela de televisão. Se são abundantes os relatos dos tuberculosos das classes sociais mais elevadas economicamente, é escassa a literatura dos doentes indigentes. Importante pelo vigor de sua denúncia é o escrito de Maxence Van Der Merch, Prêmio Goncourt na França, sobre as misérias ocorridas com os tísicos nos hospitais públicos, mesmo nos países ricos. Entre nós, Paulo Dantas, que foi tuberculoso e com dificuldades econômicas, descreve de forma crua as tragédias dos doentes pobres em "Cidade enferma" e "As águas não dormem" aprofundando os dramas vividos pelos doentes abandonados em Campos do Jordão. 9.1. A estância climatérica de São José dos Campos A nosso ver, seria de interesse histórico um relato mais aprofundado da estrutura das estâncias climatéricas do Brasil, como por exemplo, São José dos Campos, Campos do Jordão, Correas, Palmira e outras congêneres, sua organização e sua assimilação da população tuberculosa. Por exemplo, São José dos Campos era uma cidade que em 1930 tinha 8.000 habitantes autóctones e albergava cerca de 2.000 19 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ tuberculosos, distribuídos em 4 sanatórios (3 beneficentes com doentes pagantes e indigentes, e um particular de propriedade de um médico), dezenas de pensões e muitas "repúblicas". Os donos de pensões eram tuberculosos ou doentes curados. Poucos desses estabelecimentos eram idôneos. A maioria, com instalações precárias, mantinha 2 a 4 doentes em cada quarto. Geralmente havia uma só privada com chuveiro. Forneciam 3 refeições por dia. Tinham agentes aliciadores (também doentes) que disputavam os tísicos recém-chegados, na estação ferroviária e terminais de ônibus. Nas pensões mistas, eram comuns os casos amorosos. Mulheres, solteiras ou casadas, engravidavam. Em certas ocasiões, instituiuse a indústria do aborto por curetagem, sem anestesia, praticados por pessoas com algumas tintas de enfermagem. Vários casos de perfuração do útero ocorreram. Nas "repúblicas", montadas por grupos de doentes associados, moravam até meia dezena de doentes em um quarto. Havia beliches. Empregava-se uma doméstica bronca, geralmente proveniente "da roça", que mal sabia cozinhar feijão. Era comum comer em marmitas fornecidas por pensões ou famílias que exploravam esse comércio. Havia carência de tudo, de higiene e outros recursos. Doentes miseráveis recebiam assistência de médicos abnegados. Registravam-se casos de doentes injetarem morfina na veia de agonizante, não para praticar a eutanásia, mas para se livrarem do moribundo no beliche ou na cama ao lado. Certa ocasião, prostituta tuberculosa instalou um bordel com mulheres também tuberculosas, cuja freguesia era de tísicos (chamado sanatorinho da Zefa) e que funcionou por alguns anos, extinguindose com a morte ou cura das prostitutas. Doentes com profissões definidas empregavam-se, trabalhavam enquanto se tratavam (geralmente com pneumotórax) ou, conforme os recursos econômicos, instalavam seus próprios negócios: alfaiatarias, sapatarias, barbearias, lojas de armarinhos, bares, etc. Alguns, intelectualizados, movimentavam o jornalismo, montavam peças de teatro e, conforme os dotes artísticos, davam recitais pagos. Muitos deles constituíam família, casando-se com habitante local. Alguns ingressavam na política, vários se elegeram vereadores e um chegou à prefeito da estância; tinha episódios hemoptóicos, e quando um deles surgia, o chefe de gabinete informava:"o senhor prefeito está hoje de bandeira vermelha e as 20 audiências estão canceladas". A estância crescia assim, com tuberculosos assimilados, integrados na comunidade. Era relativamente alto o número de autóctones que se infectavam e desenvolviam tuberculose ativa: empregados nas casas com tuberculosos, moças e rapazes da estância que viviam em promiscuidade com doentes. Na Semana Santa, as irmandades que desfilavam (Filhas de Maria, Sagrado Coração, São Benedito, etc.) contavam com a integração de inúmeros tísicos. No Sanatório Vicentina Aranha, pertencente à Santa Casa de São Paulo, havia uma internada permanente, soprano lírico, que desfilava como Verônica, com véu e longo vestido preto, desenrolando em cada esquina um pergaminho com a efígie de Cristo, e cantando uma litania que terminava: "Pater noster dolor meus". No final da década de 20, aportou à São José, um violinista que tinha sido "spala" da orquestra de companhia lírica italiana, que se dissolveu no Rio de Janeiro. Nome pomposo, Enrico Della Rosa. Tratando-se com pneumotórax, abriu uma sorveteria e ensinava piano às moçoilas para sobreviver. Reuniu vários músicos e fundou a Banda Filarmônica Euterpe. Nas procissões do enterro, na Semana Santa, encerrava o cortejo, e após o canto da Verônica, executava os primeiros compassos da marcha fúnebre da 3a. sinfonia - Eroica - de Beethoven. Aos domingos, no coreto "belle epoque" da praça, a banda Della Rosa embalava os namorados, a maioria tuberculosos que faziam o chamado "footing", com suas melodiosas valsas de Strauss e operetas de Lehar. Esses encantamentos faziam esquecer a triste realidade da doença, criando um toque romântico - terno e repousante naquela cidade enferma. 9.2. A carência quimioterápica dos leitos na fase pré- A carência de leitos para tuberculosos, até meados do século 20, foi geral, devido a dimensão da epidemia tuberculosa, na fase em que não havia tratamento eficaz. O problema evidentemente era mais grave nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. A demanda de leitos era enorme pela gravidade das formas clínicas da tuberculose e as precaríssimas condições econômico-sociais da imensa maioria dos doentes. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ No Brasil, a falta de leitos era aguda. Nos anos 20 e 30, os órgãos oficiais do Rio de Janeiro lançaram mão dos chamados abrigos, que eram casarões alugados nos bairros populares, onde se albergavam tuberculosos, porque os leitos hospitalares eram absolutamente insuficientes. Nas estâncias climatéricas, a situação atingia proporções dramáticas. Doentes, em estado grave e de indigência, eram "despachados" por delegados de polícia e funcionários municipais das cidades de origem com apenas a passagem no bolso. Chegavam por exemplo em Campos do Jordão, onde permaneciam na Estação, no chão, deitados em colchões improvisados sem terem onde se internar. Sanatórios repletos, pensões recusando-os, eles ali ficavam e alguns morriam. Quadro dantesco. Na fase considerada, esforços foram despendidos pelos governos estaduais, pela Campanha Nacional Contra a Tuberculose do Ministério da Saúde e pelas Ligas Assistenciais Contra a Tuberculose, para a construção de hospitais para tuberculosos, minorando parcialmente a situação. Em suma, o leito para o tísico foi uma contingência dramática na fase em que não havia a quimioterapia, e os tratamentos consumiam anos. Isso tornou sem sentido a discussão então travada sobre a política da hospitalização, não importando saber se a razão estava com os que advogavam a generalização dos leitos nos programas, por motivos técnicocientíficos do tratamento, ou com os que questionavam essa finalidade por considerar precárias as terapêuticas vigentes, sendo que o objetivo prioritário não era curar o doente, mas assegurar o seu isolamento, protegendo a coletividade. 9.3. O tisiólogo quimioterápica brasileiro da fase não se via a luz do túnel de um gravíssimo problema de saúde pública. Eram movidos tão somente pela sua fé e ideal que lhes davam forças para um trabalho persistente, desgastante. Pelo longo tempo de convívio com os pacientes, integravam-se nas suas vidas, partilhando dos seus dramas, tragédias e angústias. Aconselhavam, eram árbitros para dirimir as discórdias e abandonos familiares. Médicos sacerdotes. Paralelamente, muitos deles dedicaram-se à luta no plano geral. Organizavam e promoviam cursos de divulgação, atualização e de especialização, fizeram escola, e quando em 1946 foram oficialmente criadas as cátedras de tisiologia, por meio de memoráveis concursos, tornaram-se catedráticos universitários. Participaram e assumiram a direção de órgãos oficias de saúde de controle da tuberculose, nos âmbitos nacional e estaduais. Alguns destacaramse como técnicos em órgãos internacionais de controle da tuberculose. Enriqueceram a literatura científica, com livros e artigos publicados. Em suma, na história da luta contra a tuberculose, muito se deve a esses tisiólogos, que além de técnicos atuando com a visão de saúde pública, ou embrenhados na clínica, bacteriologia, fisiopatologia e outros ângulos da complexa problemática da tuberculose, agiam junto aos doentes com romantismo e até lirismo, para minorar seus sofrimentos físicos e psíquicos, transmitindo-lhes alívio e esperança, embora sofrendo também, por saber que esse lenitivo quase sempre era ilusório, ante a realidade fatal na maioria das vezes. 10. A histeria contra o escarro Com a descoberta do bacilo da tuberculose, Koch afinal comprovou o que Pierrre Dasault afirmou em 1733 que a tuberculose se transmitia pelo escarro, e alertou da necessidade de esterilizá-lo, “para tornálo inofensivo, suprimindo o contágio”. pré- Os tisiólogos de todos os países que labutaram contra a tuberculose, na fase comentada nos itens anteriores, foram heróis especiais, porque sua luta foi de mãos vazias, sustentada apenas por um ideal humanístico. Do tisiólogo brasileiro quase nada se escreveu na nossa literatura. Eles encaravam a tuberculose, de forma romântica, no sentido de que De início todos os médicos tuberculosos ou suspeitos de sofrerem da doença apressaram-se a examinar sua expectoração, que era neles freqüente, pois a maioria fumava cachimbo. Caso dramático foi de Herlich, ideador das cadeias laterais e descobridor do Salvarsan 606 para tratamento da sífilis. Amigo de Koch, pediu a este uma cultura do bacilo para estudar novo processo tintoreal. Entre os escarros que examinou incluiu o de sadios, para controle, inclusive o seu. Sua triste surpresa foi constatar que estava marchetado de bastonetes vermelhos, fazendo assim 21 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ diagnóstico de sua tuberculose. Livingston Trudeau (item 2.1), que se julgava curado de sua tuberculose, teve a surpresa de constatar que sua expectoração era bacilífera. Como disse em sua autobiografia, se ao receber o diagnóstico de sua doença, ficou siderado e o mundo se tornou sombrio, muito mais agoniado e como que paralisado, por ainda estar doente quando pensava estar curado. Com as constatações de Koch da transmissão da doença pelo escarro e com as pesquisas de Pflügge, que obtinha culturas do bacilo da tuberculose nas placas distribuídas nos recantos dos quartos onde viviam tísicos, pelas gotículas produzidas pela tosse e pelas poeiras de material dessecado que nelas se depunham, desencadeou-se verdadeira histeria contra o escarro pelas campanhas alarmantes das instituições médicas e órgãos de saúde pública. Cartazes afixados em todos os locais, nos transportes coletivos, e folhetos distribuídos às populações, alertavam sobre a transmissão da tuberculose pelo escarro e poeiras, com advertência da proibição de escarrar no chão. A comercialização imediatamente entrou em cena. Anunciavam-se escarradeiras próprias para hospitais, escritórios, fábricas, restaurantes, teatros, transportes coletivos, etc. A empresa Truette em Paris fazia propaganda de escarradeiras de bolso; Lutécia vendia bolsas, “pochetes”, porta-lenços com antissépticos e descartáveis. Em Berlim inventaram um preparado aderente para colar nas solas dos sapatos, que matava os bacilos; seus usuários desse “modo não os traziam para a casa”. Houve impermeabilizadores de assoalhos com substâncias bactericidas. A empresa internacional Simmons apurou grandes rendas com seus colchões e travesseiros com antissépticos que matavam os bacilos. Entre nós, nos anos 1930 a 35, médico do Rio Grande do Sul inventou e anunciava travesseiro “com propriedades esterilizantes antituberculosas”. Nos Estados Unidos, o Departamento de Saúde promulgou portaria, proibindo escarrar nos assoalhos, plataformas das estações e viaturas públicas. Os contraventores eram multados em 25 dólares, ou conforme o caso, 10 dias de prisão. Os denunciantes dos infratores recebiam metade do valor das multas. Várias cidades norteamericanas aprovaram resoluções semelhantes com multas atingindo até 500 dólares. Em Viena, a multa ia de 2 a 200 coroas com prisão de 6 horas até 20 dias. Hotéis de primeira categoria, na Europa, ofereciam 22 apartamentos sem tapetes e sem cortinas protegendo os hóspedes das “poeiras transmissoras da tuberculose. O London National and Military Gazette acolheu artigos de médicos, que recomendavam aos homens usar bigodes para proteção contra as poeiras nos locais de trabalho, que poderiam estar impregnadas com bacilos da tuberculose. O mais inusitado ainda foi a portaria da Secretaria de Saúde de Paris, proibindo e multando as mulheres que usassem saias longas, arrastando-se pelo chão, “levantando poeiras e espalhando pelos ares o bacilo da tuberculose". 11. A onda de charlatanismo na tuberculose Com a descoberta do agente causal da tuberculose, após o desastre da terapêutica tuberculínica e outras decepções com a soroterapia, antigenoterapia e de outros produtos biológicos extraídos do bacilo, por uns tempos, até os anos 20 deste século, abriu-se vazio propício à proliferação do charlatanismo. Paradoxalmente, repetiu-se, guardadas as proporções e peculiaridades, o quadro imperante na Roma antiga, que Plínio “O Velho” fustigou clamando contra o “amontoado incrível de receitas as mais bizarras, absurdas e monstruosas, que deviam suportar os pobres tísicos”. No início do século 20, laboratórios e médicos anunciavam a cura da tuberculose com o Xarope Pantauberge. Hemoglobina Dalloz, contra as formas ganglionares, era vendida em toda a Europa. “Eminente especialista, da Faculdade de Medicina de Paris, anunciava ter descoberto “remédio que cura a tuberculose em menos de um mês”. E mencionava o endereço: Proves Higienique Rue de Rívoli, 4, Paris. Dr. Bernay, vedete da tisiologia de Lyon, tinha um “método embolígeno catalítico”, consistindo na tomada de “medicamentos à base de biocatalizadores susceptíveis de regular as reações químicas eletrônicas da série de Mendeleiev sobre o bacilo da tuberculose”, levando à cura da tuberculose. Outro tisiólogo, Victor Simon, curava a tísica com injeções nos músculos do tórax, de óleo extraído de uma folha de palmeira rica em fibras. Foi também muito difundido um remédio “milagroso”, o Vinho Saint Courflor, à base de planta das Antilhas, preparado pelo "eminente" Dr. Acard. A pasta dentifrícia Sarte e o sabão Dalloz matavam os bacilos da tuberculose em minutos. Em 1918, logo após o término da grande guerra, fez grande estardalhaço em todo o Continente Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Europeu o tratamento da tuberculose com injeção, na região glútea, de preparado especial em solução concentrada de certo açúcar cristalizado. O Diretor de Higiene de Paris publicou portaria obrigando os militares tuberculosos, que eram dezenas de milhares, e civis dependentes do serviço de saúde, a se “submeterem metódica e rigorosamente” às referidas injeções, muito dolorosas. No Congresso Internacional de Actinologia, em Berlim, 1929, apresentou-se com grande repercussão o “método Dangerfield”, constante de “raio molecular” que destruía os bacilos da tuberculose “em menos de 2 minutos”, baseado nas “propriedades bactericidas da energia científica vibratória por heterodinação actínica” (!); verdadeiro jargão esotérico incompreensível. Nessa onda, os fabricantes de queijos e outros produtos laticínios anunciavam “Camembert preparado com leite antituberculoso”; produtos preparados com leite de estábulos indenes de tuberculose, a Nestlé vendia um “leite bactericida” e chocolate confeccionado com “leite de vaca indene de tuberculose”. Em vários países, empresas faziam propaganda de “leite antituberculoso”. Foi criada uma sociedade, com sede à Rua du Coq 60, em Marselha, para demonstrar a “estupefaciente atividade do remédio Radiol, produto biológico, na tuberculose não cavernosa”, com convites para presenciar os seus efeitos. A lista charlatanesca era infinda. Uma organização política, o Partido Social da Saúde Pública da França, aproveitou a corrente elaborando, em 1910, programa do qual constava o “seguro obrigatório contra o desemprego, garantindo melhor qualidade de vida, diminuindo a tuberculose no país”. A Alemanha, através da Liga de Pesquisas Sobre a Tuberculose, promoveu a mais larga operação de marketing que se tem notícia sobre tratamentos, com a chamada vacina de Friedmann, preparada com micobactéria isolada da tartaruga, inócua para os animais de sangue quente. A propaganda estendeu-se por toda a Europa nos anos 20 e 30. Foi remetida, em 1936, a Arlindo de Assis, sendo a micobactéria cultivada no laboratório do Hospital São Sebastião, no Rio de Janeiro, onde constatou que a “vacina” não exercia nenhuma proteção contra a infecção tuberculosa experimental em animais de laboratório. A propaganda da Saúde Pública da Alemanha garantia a obtenção de curas clínicas de tuberculosos, embora os protocolos dos casos jamais tivessem sido divulgados. A vacina Friedmann foi largamente usada em vários países. Por fim, estudos controlados realizados em diversos centros tisiológicos europeus, não constataram qualquer modificação favorável nas lesões tuberculosas dos doentes tratados. Em conseqüência, a vacina foi interditada em vários países, inclusive na França, provocando enormes controvérsias. Foi tão intensa a propaganda popular da vacina de Friedmann, que os doentes dos sanatórios rebelaramse, exigindo serem tratados com ela, e em um deles a revolta foi com depredação das instalações, inclusive de aparelhos radiológicos. 12. Símbolos anti-tuberculose. A tuberculose na luta contra o nazismo O selo antituberculose nasceu na Dinamarca em 1904, quando Einar Hollboel, empregado nos correios, teve a idéia de colar, em todos os envelopes, uma etiqueta com frases alertando do perigo da tuberculose. Logo foi editado um selo com a efígie da Rainha, que era tuberculosa. A seguir foi lançado em Portugal o selo da Associação Nacional de Tuberculose com o retrato da Rainha D. Amélia, que também era tísica. Inicialmente vendido no Natal, teve difusão mundial pelas Ligas e Associações de luta e de assistência. Mais de 60 países editaram selos oficiais de correio, a maioria com edições anuais, tornando-se especialização dos filatelistas. Na década dos anos 40, a República Dominicana editou um selo com mensagem dupla contra a tuberculose e o impaludismo. Retratava um sanatório encimado por enorme anófeles; por certo tempo, professores de escolas primárias ensinaram às crianças que a tuberculose se transmitia pelos mosquitos... Aqui no Brasil, todas as ligas assistenciais de luta antituberculose editaram selos, alguns artísticos e até românticos. Nos anos 30, entidade fantasma, criada por espertalhões, arrecadou boa soma, vendendo por “um mil réis” selo com a frase “tudo pela luta antitubercular”. Em 1902, Sendon, médico relativamente obscuro, propôs ao Bureau Internacional de Prevenção da Tuberculose, em Berlim, que a cruzada contra a tuberculose tivesse como símbolo mundial, a cruz vermelha de duplo braço, hasteada na Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém, em 1099, pela 1a. 23 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ cruzada, então chefiada por Godofredo de Bouillon. Em 1920, esse símbolo foi adotado pela União Internacional Contra a Tuberculose, sendo oficializado para todos os países no 6o. Congresso Internacional de Tuberculose, Roma, 1928. O selo e a cruz antituberculose erigiram-se em símbolos de maior curso internacional de toda a história da medicina. Não se esperava que a cruz de braço duplo criasse incidente diplomático religioso com os países muçulmanos, cujas organizações antituberculose negaram-se a adotá-la. O impasse durou até 1959, havendo acordo no Congresso da União Internacional Contra a Tuberculose, no Cairo: os países com crença maometana passaram a usar o quarto crescente como símbolo antituberculose, ficando optativa a representação simultânea da cruz. Na segunda guerra mundial (1939-1945), a luta e a resistência contra o nazismo na França adotou a cruz, símbolo da tuberculose, de modo a confundila com a cruz de Lorena, por sua vez, mensageira da libertação. Assim, a conclamação ao povo pela resistência contra o nazismo realizou-se através da campanha antituberculose. Milhões de panfletos foram periodicamente difundidos nas áreas ocupadas pelos alemães, sem maiores problemas. Com a dupla cruz encimando a mensagem, a proclamação do Comitê de Defesa Contra a Tuberculose dizia “a tuberculose é um risco de guerra. Pensem nos soldados vitimados pelos carrascos bacilos da tuberculose. A vitória só se conquista com um exército que defende a Pátria, e uma Pátria que sabe se defender. Temos esperança de cura e vitória nessa guerra”. Além da cruz referida, o pneumotórax e o BCG foram eficientes auxiliares para salvar inúmeros militantes da deportação para trabalhos forçados nas indústrias alemãs, explorando o grande temor que o exército de ocupação tinha da tuberculose. Nas vésperas da apresentação, médicos da resistência instalavam um pneumotórax e davam ao convocado uma cápsula contendo suspensão de BCG, que na boca era esmagada, tornando a expectoração rica de bastonetes álcool-acido resistentes. Pneumotórax, evidenciado na radioscopia e escarro positivo, constituía passaporte seguro para a rejeição do convocado. Fato singular é que por muito tempo esse 24 estratagema não foi descoberto pelos médicos do exército alemão. Entre os médicos militantes da resistência antinazista, destacou-se o tisiólogo Jacques Arnaud, tuberculoso crônico, diretor de um dos principais sanatórios da França, que mantinha como internados, com pneumotórax, elementos da resistência, que à noite saiam para ações de proselitismo e sabotagem. Afinal, descoberta a trama, Arnaud foi preso pela Gestapo e fuzilado. 13. O romantismo incorporado à turberculose O auge da fase, chamada romântica, da tuberculose ocorreu no século 19, dos meados para o fim, com manifestações anteriores e ulteriores. Na renascença, Rafael, que era tuberculoso, não deixou, em suas telas, traços sobre a doença. Boticelli produziu alegoria indiretamente relacionada com a tuberculose. O modelo preferido pelo pintor, que posou para todas as madonas, foi a linda Simoneta Vespucci, tuberculosa cuidada por notáveis médicos. Lorenzo, o Magnífico por ela arrastou a asa. Nas célebres telas, Alegoria à Primavera e Nascimento de Vênus (Galleria degli Uffizi Florença) ela resplandece, alta, esguia, loura, de face macilenta, olhar distante. Foi consumida pela tuberculose aos 23 anos. Pintores tuberculosos foram Rembrandt, Watteau. Na fase mais intensa do romantismo, temos Gauguin, sabendo-se hoje que abandonou a mulher e filhos, não para libertar o gênio de pintura, mas devido à tuberculose; refugiando-se no Haiti, muitas das nativas que pintou têm o olhar triste do seu próprio sofrimento. Dessa fase, outro tuberculoso, Delacroix, transferiu para a face de Chopin, a sua amargura expressa nos olhos e na contratura do rosto (Louvre). Modernamente, Modegliani, consumido pela doença e o álcool, deixou legado triste e dramático. Mais profundo, porém é o dramatismo de Munch (no quadro “O Grito”) e a doente visitada pelo médico, da fase rosa da juventude de Picasso. Dos músicos, temos Paganini, violinista exímio, encantando toda a Europa, que executava as mais difíceis composições, inclusive o seu Moto Perpetuo, quando era acometido pelos violentos acessos de febre da tísica que o consumiu. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Pergolesi, tísico, morreu aos 26 anos, e todo o seu sofrimento está estampado nas suas obras sacras, sobretudo no Stabat Mater, que traduzem com profunda sensibilidade o seu sofrimento. Compositores tuberculosos, com grande participação na expressão romântica da música, são Pursell, Bocherini (fenomenal violoncelista) Grieg, Weber. Este, com seu famoso Der Freischutz e a ópera Oberon, compôs a cantata Natur un Liebe (Natureza e Amor), com melodias de pungente dramaticidade; deixou um diário com anotações de seus padecimentos até o dia da morte. Stravinsky teve tísica crônica que lhe permitiu longa existência. Sua música, inclusive com incursões dodecafônicas, serviu para as maiores manifestações coreográficas do Balé Bolshoi, em Paris, influindo no romantismo da “belle epoque”. Com Napoleão e após este, a França mergulhou no mais profundo romantismo. Já se viu que seu filho L’Aiglon (item 4) faleceu muito jovem com granulia tuberculosa. Sua irmã, Paulina (magnífica escultura de Casanova, Galeria Borghese, Roma), ficou tuberculosa, dizem, por excesso sexual; é mencionada como exemplo de exaltação da libido pela tuberculose. O auge do romantismo, devido à concentração de intelectuais em Paris, fenômeno que se acentuou a partir de 1820, quando Laennec ainda pontificava, é devido a apenas cerca de 6.000 pessoas, que eram escritores, cientistas, músicos, pintores, críticos literários, jornalistas, que produziam suas obras, faziam conferências, davam concertos, freqüentavam os espetáculos, os restaurantes, os salões intelectuais e clubes noturnos. Paris tornou-se assim o palco onde se desenvolveu toda a representação do romantismo. Alguns estrangeiros como Byron, poeta, tuberculoso, exerceram influência literária no romantismo francês. Na sua época, o romantismo da tuberculose (esta era a doença da moda!) estava tão disseminado na intelectualidade, que uma aura lírica envolvia os tísicos. Byron escreveu: “gostarei de morrer tísico porque as jovens têm a maior compaixão quando vêem um doente no leito de morte”. Atraída pelo seu porte elegante e provavelmente também pela sua tísica, a jovem Tereza Aguacciole por ele se apaixonou: ao sentir que estava perdendo seu amante, fingiu-se de tuberculosa para nele despertar compaixão. Após separações e reencontros, num destes, passeando de gôndola em Veneza, surge sério desentendimento e Byron passa a agredí-la, só parando ante hemoptise que a acometeu. Afinal, para felicidade mútua, ela também estava tísica e não sabia. Nessa época surge Musset, o poeta lírico, precoce, considerado o mais autêntico do romantismo. Em muitas passagens, seus versos refletem a angústia íntima devido à tuberculose que o devorou, superando-se à insuficiência cardíaca que lhe facultou auto-observar-se descrevendo o sinal que nas semiologias levam o seu nome. Os versos seguintes são os mais eloqüentes, quando o poeta antevia seu final próximo: L’Heure de ma mort... L’heure de ma mort, depouis dix-huit mois, / De tous les cotès sonne à me oreilles, / Depouis dixouit mois d’ennuis et de veilles,/ Partoux je la sens, partous je la vois. Plus je me débat contre la misère, / Plus s’èveille en mois l’instinct du malheur, / Et, dès que je veux faire un pas sur terre,/ Je sens tous à coup s’enfler mon coeur. Jusqu’a repos, tout est un combat; / Et, comme un coursier brisè de fatigue, /Mon courage èteint chancelle et s’abat. Henry Murger, escritor, apesar de tuberculoso, consumia sua vida nas noites dos clubes galantes de Paris. Nas noitadas alegres, apaixonou-se pela famosa vedete Maria Cristina Roux. Por fim, cansado de suas infidelidades, abandonou-a e ela também terminou seus dias consumida pela tuberculose, esquecida numa enxerga na Pitiê. Murger fez da Mimi (nome de guerra da Maria Cristina) o personagem central no livro “Cenas da vida boêmia” que causou sensação em toda a Europa. Puccini gostou tanto da estória que a aproveitou para a sua ópera “La Boheme”. Puccini tocou as árias cantadas pela Mimi, para grupos de doentes de um sanatório, para dizerem se sentiam nelas expressões sobre a tuberculose. Alexandre Dumas Filho, defensor de teses sociais causando escândalo como o da emancipação da mulher, o divórcio, o direito das prostitutas, não foi tuberculoso, mas tem seu nome ligado indissoluvelmente à tuberculose. A estória começa na província onde nasceu Alphonsina 25 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Duplessis cujo pai, um devasso, alcoólatra, a entrega aos 14 anos a um velho libidinoso. Depois leva-a a Paris onde a deixa empregada em um bar. Aí passa a comercializar seu corpo. Falando o patois e quase analfabeta do francês, porém bela e graciosa, freqüentando os bailes populares conhece o aristocrata Agenor de Guiche, dândi badalado da alta sociedade e filho do Duque de Gramont; com vestidos caros e coberta de jóias faz sucesso nos salões e clubes da elite, até que o Duque impõe um final a essa ligação. Alphonsine une-se então ao Conde de Perregault, neto do gerente do Banco de França. Troca seu nome para Maria, aprende a falar e escrever corretamente o francês e estuda piano. Em 1842, com 21 anos, liga-se ao Duque Narbon-Pelet e instala-se por tempos em seu castelo. Cronistas sociais a introduzem em suas colunas nos jornais. É quando passa a usar um ramo de camélias vermelhas no decote; quando deseja aceitar um novo amante, dá o sinal com camélias brancas. Pálida, com tosse seca permanente, numa festa do Café Anglais, tem uma hemoptise. Dumas Filho que a acompanhava e por ela se apaixonou, chama Davaine, médico famoso por ter descoberto o bacilo do carbúnculo. Este tornou-se um de seus médicos e por ela também se apaixonou. Com a tuberculose progredindo, tem longo caso com o Conde de Stackelberg, russo riquíssimo, que lhe presenteia com uma carruagem com 8 cavalos, casa, jóias e centenas de vestidos. Entre festas, episódios hemoptóicos e febre ética, conhece Teofilo Gautier, Prust, Balzac, Musset, Dumas o pai, e Liszt, tendo com este um caso amoroso durante os três meses de sua temporada em Paris. O compositor dedicou-lhe as “Valsas Esquecidas” e a “Valsa Triste”, e parece que este foi o único que Maria Duplessis verdadeiramente amou. Há um episódio complicado do seu casamento com o Conde de Perregault, realizado em Londres, sem validade na França. Com a saúde cada vez mais abalada, emagrecimento extremo, hemoptise e febre, confina-se abandonada por todos. Para pagar os médicos e sobreviver, vende quase tudo que tem, desfazendo-se de suas jóias, carruagem, móveis e casas. O tratamento que recebeu foi mencionado no item 6. No dia anterior à sua morte, com 23 anos, Davaine chama Dumas Filho, que recebe enorme choque ao ver aquela ruína, um feixe de pele e ossos, quadro dantesco da caquexia tuberculosa. O que se sabe ao certo é que se Maria 26 Duplessis tivesse se casado com Agenor de Guiche, seu primeiro amor, teria tido destino muito diverso. Não conseguiu mudar sua vida pelas pressões que sofreu em contrário. É impressionante como uma menina analfabeta, em pouco mais de 5 anos, tornou-se letrada, centro das atrações da aristocracia e intelectualidade de Paris. Dumas Filho resolve escrever sua biografia publicando o celebérrimo romance “A dama das camélias”. Transformando Maria em Marguerite Gautier, prostituta de bons sentimentos, impedida de se regenerar no amor, face aos preconceitos sociais. Escreveu também um drama teatral representado com sucesso no Teatro Vaudeville, que Maria tanto freqüentou. As maiores intérpretes dramáticas da Dama das Camélias foram Sara Bernhardt, Eleonora Duse e Cecile Sorel, as três também tuberculosas. Verdi serviuse do tema na ópera “Traviata”; o prelúdio do ato final é uma das composições musicais mais pungentes. Na estréia, porém, a soprano Donatelli no papel de Violetta (que é a dama das camélias) gordissima, com todo o seu peso corporal, ao lançar o grito da agonia “la tisi non le accorda que poche ore”, provocou uma onda de gargalhadas. No correr dos anos até hoje, com sopranos magras e gordas, a Traviata é uma das óperas que mais sucesso alcança. Tanto no teatro como na ópera, massas de expectadores choram até hoje, mas oceanos de lágrimas foram e são provocados pela Greta Garbo no filme dirigido por George Cukor. Não há filmoteca no mundo que não tenha cópia dessa fita, que continua comovendo multidões. Sem dúvida, o fenômeno Maria Duplessis (Dama das Camélias) constitui o acme do romantismo, impulsionado pela tuberculose. Quase todos os personagens tuberculosos do auge do romantismo estão enterrados no cemitério Père Lachaise, em Paris. Este cemitério é “sui generis”, porque praticamente não tem mortos; a imensa maioria dos que ali dormem está viva na história e nossa cultura: Molière, La Fontaine, Claude Bernard, Augusto Comte, Champolion, Gay Lussac, Musset, Oscar Wilde, Lavoisier, Balzac, Proust, Alan Kardec, Bichat, Rossini, Dieulafoy, Dumas Filho e tantos outros. Andando por uma da alas centrais, cujas copas de árvores se entrelaçam, encontra-se uma lápide branca, simples, coberta por um chorão com longos ramos pendentes que, balançando-se, Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ difundem sons harmoniosos, enternecedores e envolventes. Estamos diante de Chopin. Seguramente ninguém, como este poeta da música, vinculou tanto sua capacidade criadora para nos contar sua tragédia. Quando Frederic Chopin chegou em Paris com 20 anos, era moço, esguio e pálido. Com o crescer de sua notoriedade, sua palidez virou moda e os aristocratas empoavam mais e mais suas faces para imitá-lo, e porque a tuberculose estava na moda. Tímido, externava, porém, plena consciência da grandeza do seu destino. Não obstante, a nostalgia do seu primeiro amor adolescente - Constanza Gladkovska - no primeiro encontro com George Sand, descreveu-a como mulher simpática, inteligente, irradiante. Todavia, nos seus retratos, elaborados por Delacroix e Charpentier (Museu Carnavalet), delineiam-se traços sérios e até duros. Aurora Dupin, Baronesa Dedavant (pseudônimo George Sand), caracterizou-se pelas teses de independência da mulher, que a levaram a separar-se do marido. Teve uma ligação com Musset (tuberculoso, como vimos) e por fim, com Chopin. Compreendeu logo que ia ligar-se a um dos maiores gênios artísticos. Com a saúde de Chopin declinando paulatinamente, começam as peregrinações a regiões de climas amenos, sem melhoras substanciais. Mais de três dezenas de médicos, a maioria professores das Faculdades de Medicina da Europa, o examinaram, constataram a tísica e receitaram-lhe as barbaridades da época. Entre eles, Clark, médico da Rainha da Inglaterra, Trousseau, apologista dos ferruginosos, Koreff (que foi também médico da Dama das Camélias), Röemer, Cruveilhier, Louis (que foi discípulo de Laennec), Malfatti que assistiu Beethoven nos últimos dias. Prescreveram-lhe revulsivos, vesicatórios, banhos sulfurosos, sangrias, sanguessugas, exercícios físicos exaustivos. Só Detweiller, em Berlim, que então propagava a doutrina do repouso em sanatório (então considerada um absurdo), aconselhou-o inatividade absoluta, que evidentemente não foi seguido. Da temporada na Ilha Majorca, há uma carta de Sand, queixando-se que eram “tratados como galinha. Um médico disse que Chopin não era tuberculoso, outro diagnosticou tísica crônica e um terceiro prognosticou a morte em breve”. O patrão da pequena casa, que conseguiram alugar, quis processá-los, exigindo de acordo com a lei local que fosse lavada com desinfetantes, e em Barcelona, o senhorio exigiu pagamento pelo colchão no qual Chopin dormiu, pois deveria ser queimado por exigência da saúde pública. Um parêntesis para registrar como em vários países e na França o conceito do contágio da tuberculose estava arraigado na população, pois Chopin, voltando a Paris, não encontrou hospedaria que quisesse aceitá-lo(*). A vida sexual com George Sand teve breve duração; Chopin não era o homem ardente sonhado por Sand e esta não lhe dava o afeto que necessitava. Há a crua declaração em carta de Sand a uma amiga: “tenho a sensação de deitar-me com um cadáver”. Separaram-se um ano antes de sua morte. Nos últimos anos, os sintomas intensificaramse: episódios hemoptóicos, por fim dispnéia intensa que não lhe dá descanso, febre ética, dores agudas que o torturaram. Finou-se em 1849 com apenas 39 anos. Apesar de jovem, após os 30 anos parece um velho como transparece no retrato pintado por Delacroix, que também tuberculoso, soube, como já dito, imprimir no rosto do gênio sofrimento com o qual convivia. Quanto à composição musical, a potência criadora de Chopin parece crescer com a destruição dos seus pulmões, e suas obras são reflexo de suas torturas. Durante a temporada de Liszt em Paris, dos contatos prolongados dos dois gênios, embora de temperamentos diferentes, introvertido o primeiro e extrovertido o segundo, o espírito agudo deste nos (*) A medicina oficial desde o século 16 com os conceitos de Fracastoro adotou a doutrina do contágio que mais se arraigou na Itália e Espanha, onde inclusive promulgaram-se editos regulando medidas contra o contágio da tuberculose. A doutrina contagionista nos séculos seguintes foi questionada e mesmo abandonada. Desse modo no século 19 na França, a medicina oficial não admitia a transmissibilidade da doença; quando Villemín demonstrou-a, infectando animais com catarro ou material de pulmões de tísicos falecidos, a Academia de Medicina de Paris incumbiu Pidoux a repetir essas experiências, o qual “demonstrou” que continham erros. Recebeu um prêmio de 10.000 francos por ter comprovado que a tuberculose não era transmissível! Impressionante, como mesmo após a descoberta do bacilo por Koch, muitas escolas continuaram negando o papel do contágio, considerando a tuberculose conseqüência somente da reativação de focos residuais contraídos na infância, posição essa definida na célebre frase de Behring: “a tuberculose do adulto é o último verso de uma canção recitada pela ama ao pé do berço”. 27 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ deixou uma análise realística quanto a influência da doença na obra de Chopin. Afirmou que em todas as produções de Chopin, desde Majorca até o final, encontram-se os sofrimentos agudos que o torturam, e por isso, sua música é divina, impregnada de ternura e melancolia. Ainda no dizer de Liszt, a primeira grande manifestação desse infortúnio está no famoso prelúdio em Ré Bemol Maior. Considerou também que os 29 prelúdios op. 28, compostos em Majorca, refletem não só as explosões de suas reações, como às vezes a euforia que precede à morte. Em verdade, nos momentos mais agudos do amargo cortejo sintomatológico, Chopin munia-se de forças atingindo o clímax da criação. Daí a maravilha dos seus improvisos que brotavam em borbotões sob influxo da febre para em seguida cair extenuado, como descreveu George Sand. Quanta música sublime, não anotada, se perdeu, a qual ninguém mais ouviu. Em suma, esse mago que fez do piano uma verdadeira orquestra, para este transferiu as sonatas, baladas, noturnos e prelúdios, seus estados de alma, com tons ora líricos, alegres, esperançosos, ora melancólicos, amargos e trágicos. Estranho paradoxo: o bacilo de Koch, ao mesmo tempo que destruiu seu corpo, exaltou-lhe a inspiração e a criação de arte sublime que se tornou eterna. 14. O vilão responsável pela saga O responsável pelo exposto até aqui pertence ao microcosmos, têm duas a cinco micra de comprimento e 0,2 a 0,3 décimos do mícron de espessura, protegido por forte e espessa carapaça cero-lipídica. Seu genoma contém 4.000 genes, dos quais 3.924 já decodificados e 4.411.529 pares de bases nucleotídeas. Diariamente identificam-se novas funções dos genes e novos epítopos. Esses conhecimentos, após 120 anos de sua descoberta, abrem-se enfim melhores perspectivas para enfrentálo e destruí-lo. Escarro positivo. Mycobacterium tuberculosis. Técnica Ziehl-Neelsen. 4a. Edição. Centro de Referência Prof. Hélio Fraga Controle da tuberculose 28 Por enquanto continua vitimando milhões de seres humanos, sendo o maior responsável pela mortalidade nos adultos, e configura-se como o maior agente isolado de morte entre as doenças infecciosas. Entretanto, a estratégia para barrar sua propagação é simples e do menor custo entre as ações de saúde, que é o DOTS (Directly Observed Treatment Short Course), a qual, todavia, não está tendo sua implantação efetuada com a rapidez necessária. Para obviar esse óbice, criou-se a “Stop TB iniciative”, congregando a Organização Mundial de Saúde, a União Internacional Contra a Tuberculose e Doenças Pulmonares, a Real Associação Holandesa de Tuberculose, a Associação Americana de Pulmão, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC-P) e o Banco Mundial. A prioridade da aplicação da estratégia DOTS será nos 22 países que concentram 80% dos casos de tuberculose do mundo, em cujo grupo o Brasil está inserido. Em dezembro de 1999 o Ministério da Saúde instituiu o Plano Nacional de Controle da Tuberculose, no qual está incluída a estratégia DOTS. A Organização Mundial de Saúde enfatiza que para o controle da tuberculose impõe-se a descoberta intensiva dos casos novos, submetendo-os imediatamente à quimioterapia correta pela sua administração diretamente supervisionada (DOTS); esta impede a multidrogarresistência e reduzirá a mortalidade, evitando 70 milhões de óbitos por tuberculose que, sem essa estratégia, ocorrerão até o ano 2020. Germe tão maléfico, no entanto nos campos do microscópio, do escarro corado pela técnica de Ziehl-Neelsen, apresenta-se como traços e vírgulas num emaranhado de trabéculas de fibrina e mucina, encantando os olhos qual quadro abstrato romântico, transmitindo harmonia e tranqüilidade da mesma forma que uma tela abstrata de Jackson Pollock. Paradoxalmente ambos têm poder semelhante de abstração, como se vê nas figuras aqui estampadas. Composição N.º 32. Jackson Pollock Kunstsammlung, Düsseldorf. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Bibliografia 18. MONTENEGRO, T.H. Tuberculose e literatura, Rio de Janeiro. Casa do Livro. 1949. 1. ABBOT, E.C. Composers and tuberculosis: the effects on creavity. C.M.A. J.; 126:534. 1982. 2. ABRAM, H.S. The pschology of physical illness as portrayed in Thomas Mann’s The Magic Mountain. Arch Inter Med; 128:466. 1971. 20. PIERY, M.; Roshen, J. Histoire de la tuberculose, Paris. Doin et Cie. 1931. 1v. 3. BERNARD, E. Phtisiologues et phtisiologie, Paris. Masson, 1951 – 1v. 21. QUEIROS, D.S. Floradas na serra, Rio de Janeiro. Jornal de Letras. 1950. 4. BOUDET, M. La fleur du mal. La véritable histoire de la Dame aux Camèlias, Paris. A. Michel. 1993. 22. ROUILLON, A. La croix a double barre symbale de I’UICT. Quelques informations sur les origins. Bull. Union Int. Tuber.; 57:200. 1982. 5. CHRETIEN, J. 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A coorte foi definida como os casos de tuberculose que iniciaram tratamento de 01/89 a 03/89, com o esquema terapêutico padronizado no Brasil (2 RHZ/4RH), com 15 anos ou mais, no Hospital Raphael de Paula Sousa, no município do Rio de Janeiro. O desenlace do tratamento da coorte selecionada se completou após 6 meses quando os doentes foram classificados como curados, falência, óbitos ou abandono. O abandono foi definido, segundo as normas nacionais, como o não comparecimento ao serviço de saúde por 60 dias ou mais. Após o encerramento do tratamento de tuberculose dos doentes que compunham a coorte, foram incluidos todos os doentes de tuberculose que haviam encerrado o tratamento por abandono – casos - 78 doentes, e selecionados 93 doentes que haviam encerrado o tratamento por cura – controles. Os doentes foram entrevistados e coletada amostra de escarro para a realização do exame bacteriológico e o teste de sensibilidade. Entre os casos, 36 (46,2%) foram positivos à bacteriologia e, entre os 36 positivos, 13 (36,1%) eram resistentes a pelo menos 1 droga. Entre os doentes que haviam encerrado o tratamento por cura, na rotina do serviço (93 controles), foi detectada falência do tratamento em 11 doentes (11,8%), entre estes doentes 8 eram resistentes a pelo menos 1 droga. Palavras-chave: Tuberculose, Resistência, Abandono do Tratamento, Falência Abstract Nested case-control study within a cohort. The study takes place in Rio de Janeiro, at Raphael de Paula Sousa Hospital, from january to march, 1989. It was included 78 cases (treatment abandonment) and it was sampled 93 controls (cure treatment). The aim of this study it was to detect the bacteriological status in patients that abandoned the tuberculosis treatment at the interview. The patients were interviewed after the treatment outcome. Among the cases were detected 36 patients (46,2%) bacteriology positive, and among these positive cases, 13 (36,1%) were resistant at least one drug. Among the 93 controls, that the treatment outcome had received cure, were detected 11 failures (11,8%), among the failure patients, 8 were resistant at least one drug. Key-word: Tuberculosis, Resistance, Abandonment, Failure _______________________________________________________________________________________________________________________________ 1 – Centro de Referência Prof. Hélio Fraga/FUNASA 2 – Escola Nacional de Saúde Pública 3 – Fundação Ataupho de Paiva 4 – Universidade do Estado do Rio de Janeiro Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Introdução O abandono do tratamento figura entre as principais causas do baixo rendimento dos programas de controle da tuberculose, do reingresso ao tratamento e do surgimento da resistência adquirida. Pacientes com tratamentos incompletos, menos que 6 meses, estão sujeitos a apresentar baciloscopia de escarro positiva após o abandono, com piora do prognóstico individual e aumento do risco de transmissão da doença para outros indivíduos1, inclusive com bacilos resistentes. Em estudo com esquemas de tratamento integrados por isoniazida (H), rifampicina (R), estreptomicina (S) e pirazinamida (Z), com duração variando de três a nove meses, verificou-se que, em relação às recidivas, os resultados dos esquemas de seis a nove meses são semelhantes. A redução do tempo de tomada das drogas para níveis mais baixos, determinava aumento acentuado das recidivas1 , como se pode ver na Tabela 1. Tabela 1 - Taxas de recidiva do tratamento de tuberculose com isoniazida, rifampicina, estreptomicina e pirazinamida. (em meses) Número de doentes N % 9 314 4 1.0 6 426 6 1.0 4,5 - 5 589 25 4.0 4 364 43 12.0 3 359 57 16.0 Duração do regime Recidiva No Brasil, principalmente nos grandes centros urbanos, verifica-se um aumento cada vez maior do abandono do tratamento, e uma subutilização da baciloscopia, tanto para o diagnóstico como para o seguimento dos doentes durante o tratamento. A cultura para M. tuberculosis está restrita, praticamente aos serviços de pesquisa e referência. Nacionalmente, o sucesso do tratamento reduziu-se a cerca de 55,0%, devido ao número de abandonos e daqueles sem informação do desfecho 2. No Rio de Janeiro, no período de 1995 a 1997, de 29.823 casos de tuberculose notificados 3, 6.148 (20,6%) referiam tratamento anterior para tuberculose. O conhecimento da situação bacteriológica dos doentes que interrompem a quimioterapia é, portanto, um dado importante para a estimativa do impacto epidemiológico do abandono na dinâmica de transmissão da tuberculose, e, bem assim, para o estabelecimento de novas estratégias de controle desta endemia. Material e Método Realizou-se um estudo de caso-controle aninhado em uma coorte de tratamento definida como os casos de tuberculose com idade de 15 anos ou mais que iniciaram tratamento de Janeiro a Março de 1989, com o esquema terapêutico padronizado no Brasil (2RHZ/4RH), no Hospital Raphael de Paula Sousa, no município do Rio de Janeiro. Após o diagnóstico de tuberculose preenchia-se uma ficha com dados relativos à identificação, forma da tuberculose e situação bacteriológica. Os doentes eram, então, informados sobre as características de sua doença e a importância de retornarem ao serviço de saúde para a continuação do tratamento. O desenlace do tratamento da coorte selecionada se completou após 6 meses quando os doentes foram classificados, pelo serviço do Hospital, em uma das seguintes categorias: curado, falência, abandono e óbito. O abandono foi definido, segundo as normas nacionais, como o não comparecimento ao serviço de saúde por 60 dias ou mais, durante o período de tratamento. Os doentes que encerraram o tratamento por óbito e/ou falência foram excluídos para evitar-se um viés de informação e de seleção, respectivamente. Os pacientes classificados como abandono foram considerados casos, e incluídos todos. Os controles foram selecionados aleatoriamente entre os pacientes curados, pela rotina do serviço, na proporção de 1 caso para 1 controle. 31 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Estes pacientes foram entrevistados após a caracterização do desfecho do tratamento, utilizando-se um questionário padronizado, para a coleta dos dados primários, estruturado com perguntas fechadas e outras abertas, codificadas posteriormente. A entrevista foi realizada com o próprio doente em sua residência, quando era abandono do tratamento (caso), e com o grupo controle no ambulatório. Foi possível entrevistar 89,11% dos casos selecionados e 78,81% dos controles. No momento da entrevista foi coletada amostra de escarro para a realização do exame bacteriológico. Os questionários foram codificados e digitados apenas por uma pessoa. Usou-se o aplicativo dBase para o armazenamento e checagem da consistência dos dados e eliminação dos erros de digitação. Utilizou-se o aplicativo EPIINFO para a análise dos dados univariados e estratificados, com a identificação e categorização das principais variáveis do estudo. Na análise estatística foi utilizado o teste de Qui-quadrado (Chi2), ou o EXATO de Fisher (F), quando indicado. O intervalo de 95% de confiança, da Odds ratio (OR), foi calculado pelo método de Cornfield (IC 95% ). Para o ajustamento do OR, foi utilizado o método de Mantel-Haenszel (OR MH) na análise estratificada. Resultados Dos 392 doentes inscritos para o tratamento de tuberculose, no período do estudo, eram do sexo masculino 271 (69,1%), e do feminino 121 (30,9%), com idade média de 37,6 e 32,4, respectivamente. A proporção de doentes menores de 15 anos foi de 4.3%. Foram identificadas 101 ocorrências de abandono do tratamento (25,8%), no período de estudo, obtendo-se informação de 90 doentes (89,1%). Dos 11 doentes não localizados, apenas 2 apresentavam a confirmação do diagnóstico. Entre os 90 com informação disponível, foram registrados 8 32 óbitos durante o tratamento, e 4 eram menores de quinze anos, restando, para a entrevista, 78 casos. Para controles, foram selecionados 118 doentes com tratamento completo, sendo entrevistados 93; neste grupo registraram-se 3 óbitos e um doente era menor de 15 anos. A distribuição por idade e por sexo, indicou que a população feminina com 50,0% no grupo etário de 15-29 anos, era mais jovem que a masculina, tanto nos casos quanto nos controles, reduzindo a freqüência no grupo seguinte - 30 - 49 anos; já os homens, neste grupo de 30 - 49 anos, alcançavam 52,9%. As proporções de 11.5% (9 casos) e 17.2% (16 controles) da população de 50 anos e mais, indicam que os controles são ligeiramente mais velhos do que os casos. No grupo masculino verificou-se que os doentes entre os controles eram mais velhos que entre os casos; esta diferença foi estatisticamente significativa. De fato, as médias de idade são, respectivamente, para casos e controles, 34.6 e 36.3 anos, com os controles 1.6 anos mais velhos, em média, do que os casos, embora sem significância estatística (p>0.05). Na tabela 2 encontra-se a distribuição, dos casos e controles, segundo o grupo etário e sexo em que ocorreu homogeneidade na distribuição. A distribuição dos casos e controles, segundo sexo e grupo etário mostrou uma distribuição homogênea quanto à variança. Com relação à forma da doença, predominou, em ambos os grupos, a pulmonar, homogeneamente em 93.6% - 73 casos e 87 controles. Todas as outras formas extrapulmonares foram pleurais - 5 casos (6,4%) e 6 controles (6,4%). No momento da confirmação do diagnóstico de tuberculose, a baciloscopia não foi realizada em 29.5% dos casos e 20.4% dos controles, não se detectando uma diferença estatística significativa entre os dois resultados (p>0.05), Tabela 3. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Tabela 2 - Distribuição dos participantes do estudo, segundo o sexo e grupo etário Sexo Grupo etário Masculino Caso Controle N % N % 18 32.1 18 28.6 31 55.4 32 50.8 7 12.5 13 20.6 N 10 10 2 Total IC 95% Média Mediana Desvio padrão 56 100.0 32,80-38,56 35.68 34,50 10.975 63 100.0 35,29-41,53 38.41 38,00 12.615 22 100.0 27,60-36,50 32.05 30,5 10.643 30 100.0 28,05-35,41 31.73 29,00 10.322 Erro Padrão Teste t p valor 1,47 1,59 2,27 1,88 15 - 29 30 - 49 50 + 1.25 0.21 Tabela 3 - Distribuição dos participantes do estudo, segundo a realização de exame baciloscópico, no diagnóstico de tuberculose atual. Baciloscopia Casos N % N Controles % Realizada 55 70.5 74 79.6 Não realizada 23 29.5 19 20.4 Total 78 100.0 93 100.0 Chi 2 = 1.88 p>0.05 Dentre os participantes submetidos à baciloscopia, no momento do diagnóstico, verificouse que o resultado positivo foi mais freqüente nos controles (81.1%), do que no de casos (56.4%) (Tabela 4). Tabela 4 - Distribuição dos participantes do estudo, que realizaram o exame baciloscópico no diagnóstico, segundo o resultado da baciloscopia. Baciloscopia Resultado N Casos % Controles N % Negativa 24 43.6 14 18.9 Positiva 31 56.4 60 81.1 Total 55 100.0 74 100.0 OR= 3.3, IC 95% Feminino Caso Controle % N % 45.5 16 53.3 45.5 11 36.7 9.0 3 10.0 = (1.4, 7.9) Chi 2 = 9.28 , p< 0.005 O abandono ocorreu precocemente – 23 casos no segundo mês e 25 no terceiro. O 0.106 0.92 percentual de abandono acumulado chegou a 80,8% no final do terceiro mês (Tabela 5). Dos doze doentes que receberam o esquema II de tratamento, a maioria abandonou antes do quarto mês e apenas quatro o fizeram do quinto ao sétimo mês. Tabela 5 - Distribuição dos 78 casos de abandono entrevistados, segundo o mês em que se verificou a ocorrência Mês de abandono Número % % Acumulado 0 1 1,3 1,3 1 14 17,9 19,2 2 23 29,5 48,7 3 25 32,0 80,8 4 11 14,1 94,9 5 2 2,6 97,4 6 1 1,3 98,7 7 1 1,3 100,0 O acompanhamento da evolução do tratamento, através da baciloscopia, mostrou acentuada redução da realização do exame dos controles já a partir do segundo mês, com apenas 26.9% dos exames realizados. Entre os que realizaram exame baciloscópico de seguimento do tratamento, verificou-se que a proporção de negativos no segundo mês, entre os controles, era de 80%, e, entre os casos, de 41.7% (Tabela 6). 33 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Tabela 6 - Distribuição dos participantes do estudo, segundo a realização e o resultado da baciloscopia do seguimento do tratamento. Mês Casos realizada Baciloscopia Total* N Baciloscopia negativa N % % Baciloscopia Controles realizada Baciloscopia negativa N % Total N % 1 63 35 55.5 12 34,3 93 65 69.9 15 23,1 2 32 12 37.5 5 41,7 93 25 26.9 20 80,0 3 15 8 53.3 2 25,0 93 23 24.7 21 91,3 4 7 5 71.5 2 30,0 93 23 24.7 20 87,0 5 4 - 93 47 50.5 46 97,9 - - - (*) Excluídos os doentes que abandonaram secundária, a pelo menos uma droga, foi de 72,2% (Tabela 8). A bacteriologia do escarro, no momento da entrevista, apresentou resultado positivo em 46.2% dos casos e 11,8% dos controles, significando, este último, uma taxa de falência, detectada no estudo (Tabela 7). Tabela 8 - Resultado do teste de sensibilidade (TS) dos exames positivos na bacteriologia da entrevista TS Bacteriologia na entrevista Casos N Positiva 36 46.2 11 11.8 negativa 42 53.8 82 88.2 Total 78 100.0 93 100.0 % 13 36.1 8 72.2 Sensível 23 63.9 3 27.2 100.0 11 100.0 Total 36 Entre os abandonos positivos à bacteriologia na entrevista, 61.5% haviam feito tratamento anterior para tuberculose; já aqueles com falência do tratamento, 25.9% tinham história de tratamentos no passado. Os doentes de primeiro tratamento, (VT), apresentaram maior risco de positividade à baciloscopia após o abandono (OR= 9,69; IC 95% = 2,79-36,87) que os que já haviam sido expostos a outros tratamentos (Tabela 9). Os resultados do teste de sensibilidade (TS) dos doentes, positivos à bacteriologia no momento da entrevista, mostraram que, entre os casos, 36.1% eram resistentes a pelo menos uma droga específica. Entre os controles, com falência do tratamento, a resistência Tabela 9 - Tratamento anterior para tuberculose e baciloscopia da entrevista (BAAR). Tratamento anterior BAAR Sim ( RT) Positivo 16 61.5 7 25.9 4,57 Negativo 10 38.5 20 74.1 (1,24-17,64) Total 26 100.0 27 100.0 Positivo 20 38.5 4 6.0 9,69 Negativo 32 61.5 62 94.0 (2,79-36,87) Não ( VT ) N Casos % N Controles % OR (IC 95%) Total 52 100.0 66 100.0 OR Bruto = 6,39 OR MH = 6,88 (2,88-16,64) p <0,0005 34 Controles % N Resistente Controles N % % Casos N Tabela 7 - Distribuição dos casos e controles, segundo o resultado da bacteriologia do escarro, realizada no momento da entrevista. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Discussão No presente estudo de abandono constatou-se um alto percentual de pacientes com bacteriologia positiva entre os casos (46,2%), o que favorece o aumento da prevalência de fontes de infecção na comunidade. Vale ressaltar que, entre estes casos positivos, 36,1% apresentava uma população de bacilos resistentes a pelo menos uma droga. Este problema da resistência, no país, vem de longe. Magarão, no final da década de 50, encontrou altas taxas de resistência a H , 76,0% - e a H e S - 64,9%. Posteriormente, Fraga4 5, determinou uma resistência de 20,0% para H e 34,0% para duas ou mais drogas. Estes resultados foram explicados como decorrentes de tratamentos inadequados. Assim, uma alta proporção de abandono do tratamento entre pacientes com tuberculose não só afeta o possível impacto do programa de controle, ao manter fontes de infecção na comunidade, como contribui para a circulação de bacilos resistentes. Note-se que a proporção de bacilíferos entre pacientes que abandonam é mais que o dobro verificado no estudo realizado pelo Conselho Britânico de Investigações Médicas, sul da Índia, 1961-1968, onde 18% permaneciam bacilíferos, após acompanhamento sem tratamento 6. Nos controles, a taxa de falência foi de 11.8% e neles a resistência foi de 72.7%. Estes resultados demonstram, como esperado, que entre os doentes que abandonam, a resistência esperada é mais baixa do que entre os que permanecem positivos ao final do tratamento. Esta positividade é decorrente da persistência ou da seleção de bacilos mutantes resistentes. Ainda com relação à falência do tratamento, outro aspecto importante a ser destacado é que apenas 3 doentes haviam sido identificados pela rotina do serviço de saúde e não incluídos no estudo. Os 11 doentes identificados e incluídos como falência, tinham recebido alta por cura e fizeram baciloscopia e cultura do escarro quando ingressaram nesta investigação. A incapacidade do sistema para detectar estes casos se deve à falta de seguimento bacteriológico dos doentes durante o tratamento e à não insistência para a realização do exame bacteriológico no momento da alta. Estes doentes, que estão clinicamente estabilizados, apresentarão depois uma piora e reingressarão ao sistema como recidiva. Tal tipo de reingresso significa fazer o mesmo tratamento, sem avaliação da sensibilidade bacteriana que não está indicada nesta circunstância, o que leva o sistema, mais uma vez, a falhar, com redução das chances de cura do doente e a conseqüente disseminação de bacilos resistentes. Este mesmo fato foi verificado no estudo longitudinal, no Brasil, onde as falências só foram identificadas pelo exame de cultura do escarro, pois muitos doentes realizavam apenas uma baciloscopia em uma amostra ou não faziam nenhuma, esta última circunstância justificada, pelo profissional da saúde, como falta de espécimes7. A resistência secundária às drogas antibacterianas é decorrente do uso inadequado destas, seja por problemas de prescrição ou por não-aderência ao tratamento, principalmente em face a uma população bacteriana elevada. Hoje, considera-se que a resistência secundária decorre, muito mais, da não-aderência ao tratamento do que da presença de resistência primária, e que a mesma está mais presente nos países de alta prevalência de tuberculose8 , 9, 10, 11. Fatores associados com a falência como o uso irregular da medicação (p< 0.01) e a resistência primária (p< 0.001), foram detectados em estudo longitudinal com 743 doentes, Brasil 7, onde a taxa de falência foi de 7.34% (IC 95% de 3,03; 10.37). Conseqüências importantes da falência do tratamento são, para o doente, a redução da eficácia dos regimes terapêuticos alternativos, o risco maior de toxicidade e o aumento do tempo de tratamento e, para o serviço, o aumento do custo. Estudo da OMS12, 1995, de uma amostra representativa do Brasil, apresentou resistência primária de 8,6% (180/2095) e secundária de 14,4% (114/793). Porém dados de resistência em um estudo de casocontrole13, no Rio de Janeiro, mostraram resistência primária de 11,7% (51/437), e secundária de 27,0% (31/115), valores superiores aos nacionais. Talvez estas diferenças possam ser explicadas porque o último estudo foi realizado apenas nos centros de saúde do Rio de Janeiro, onde a taxa de reingresso dos doentes é de 22,3%% e, destes, 50,0% informaram abandono prévio2. Estes resultados são preocupantes e nos levam a considerar que, se esta situação permanecer, o controle da endemia estará muito distante. As implicações 35 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ podem incluir, por um lado, a descontinuidade no fornecimento de medicamentos e de insumos em geral e a queda na qualidade do atendimento decorrente da desestruturação dos serviços de saúde, e, por outro, concorrem para o empobrecimento da população e aumento do desemprego. Outro fator positivo para a realização deste exame está na esfera da relação médico-paciente por possibilitar a informação ao doente sobre o prognóstico e evolução do seu tratamento. Esta conduta é importante para que estes aspectos possam ser realizados efetivamente17. O excesso de centralização dos exames em laboratórios distantes dos Centros de Saúde, retarda a liberação dos resultados da baciloscópia, freqüentemente com atraso de mais de 15 dias ou, inclusive, pode até impedir a realização daqueles exames14. A previsão da quantidade necessária de drogas está a cargo do PNCT; sua compra e distribuição se faz através da CEME e o controle de qualidade compete ao INCQS/FIOCRUZ, os três, órgãos que integram a estrutura do MS. Estas funções quando não cumpridas com eficiência, são importantes fatores responsáveis pelo insucesso terapêutico e o baixo rendimento do programa16*. A falta de medicação específica ocorrida no período do estudo, de uma maneira indireta, seria um indicativo de uso irregular das drogas. Denúncias de cápsulas sem a droga ativa foram feitas no Rio de Janeiro e em São Paulo, mostrando a falta do controle de qualidade18 . Este fato, também, está ligado à organização dos serviços de saúde e à real cobertura populacional. Postos de Saúde, onde, pela proximidade da moradia, muitos destes casos deveriam ser tratados, não respondem às necessidades da comunidade, concentrando os doentes nos Centros de Saúde e ambulatórios de nível terciário que, desta forma, não conseguem cumprir, convenientemente, as funções que são atribuídas aos níveis de maior complexidade organizacional. A determinação da resistência inicial ou primária, não é praticada na rotina, medida que não se justifica por razões técnicas e operacionais. Mas, estes doentes, poderiam ser detectados precocemente se houvesse correto controle da evolução baciloscópica durante o tratamento. Na tabela 6, verificamos que a taxa de exames não realizados cresce com o decorrer do tratamento, demonstrando uma grave falha operacional. O CDC, Atlanta, EUA, verificou que exames bacteriológicos, passados 3 meses de terapia só eram realizados em 64% 15, resultado considerado bastante ruim. Neste estudo, nos controles, os exames não realizados no segundo mês do tratamento chegam a 64.3%. Snider16 não considera a evolução baciloscópica como um bom indicador do uso regular da medicação, porque a negativação do exame pode demorar em decorrência de uma resistência primária, e não necessariamente, pela falha dos doentes em não tomar as drogas ou tomá-las de forma irregular, insuficiente para a cura, mas suficiente para a negativação do exame do escarro e posterior chance de uma recidiva. Entretanto, permanece sua importância como um indicador da resposta terapêutica e sua indicação se dá por este fato, e não para medir a aderência ao tratamento. 36 Outro resultado que chama a atenção é o fato dos doentes de primeiro tratamento estarem com maior risco de positividade à baciloscopia do que aqueles que já haviam sido tratados. Uma das explicações possíveis seria que os doentes anteriormente tratados tinham lesões residuais ou complicações destas. Em estudo realizado em um dos maiores centros de saúde no Rio de Janeiro, verificou-se que 53,0% e 43% dos doentes que eram negativos ou sem baciloscopia, respectivamente, no momento do diagnóstico, após serem selecionados e incluídos no estudo, submeteramse a nova baciloscopia e a cultura do escarro, além da avaliação clínica e radiológica. O resultado dos exames confirmou ou conduziu a outros diagnósticos. Dos doentes inicialmente classificados como forma pulmonar negativa, 18,0% mudaram o diagnóstico para tuberculose residual, confirmado após o acompanhamento radiológico da lesão pulmonar19. Como conclusão geral, observou-se um número preocupante de doentes que haviam abandonado o tratamento e continuavam como fontes propagadoras da doença, com o agravamento da transmissão de bacilos resistentes. Várias questões têm que ser levantadas, como as definições de caso de tuberculose e a de encerramento clínico e epidemiológico de um caso. * Nota do editor: A CEME foi extinta em 1996 , desde então a compra de medicamentos é de responsabilidade da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Verifica-se uma grande permissividade nos conceitos e termos operacionais, tais como: aceitação, para tratamento, de grande número de casos de tuberculose sem a realização da baciloscopia; definição de abandono que exige um longo período para caracterizá-lo, para só então desencadear a busca dos doentes; a decisão, adotada em muitos locais, de considerar como curados doentes que não compareceram à última consulta e, por fim, a própria definição de cura, onde não se realiza baciloscopia de controle, condição que não é epidemiológicamente adequada para o controle da doença. A organização espacial de busca e tratamento dos casos de tuberculose tem se mostrado ineficiente, com grandes áreas com oferta satisfatória de serviço de saúde e outras, de grande concentração populacional de baixa renda, sem a devida cobertura. É inadiável uma séria reflexão dos responsáveis pelo controle da tuberculose, sobre os motivos que levam o Programa de Controle da Tuberculose, em nosso país, a nunca alcançar os resultados mínimos necessários. É fundamental refletir sobre a sub-utilização do diagnóstico bacteriológico e a centralização das medidas de controle. Não adiantará propor medidas, como tratamento supervisionado, pagamento por doente curado, quando tudo indica que o rendimento continuará baixo, se não forem questionados os conceitos e as definições utilizados para a avaliação do rendimento do programa Nacional de Controle da Tuberculose. Bibliografia 1. FOX, W. Compliance of Patients and Physicians: Experiences and Lessons from Tuberculosis. 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Bol Unión Int Tuberc Enf Resp. 66: 163-171, 1991. 15. SNIDER, D.E.; Long, M.W.; Cross, F.S.; Farer, L.S. Six months Isoniazid - Rifampicin therapy for pulmonary tuberculosis. Am Rev Resp Dis. 129: 573, 1984. 16. SNIDER, D.E. Reseña sobre el cumplimiento de las prescripciones en los programas de la tuberculosis. Bol Union Int Tuberc. 57 (3-4): 255-260, 1982. 17. CHAULET, P. Compliance with anti-tuberculosis chemotherapy in developing countries. Tubercle. 68: 19-24, 1987. 18. FILHO, A.C. Estudo randomizado controlado para avaliação da efetividade de um esquema intermitente de curta duração no tratamento da tuberculose pulmonar. Tese Doutorado. DIP / EMP, SP, 1988. 19. RIBEIRO, N. S.; Teixeira, G.M.; Penna, M.L.F.; Wanke, B.; Bejgel, I.; Gerhardt, G. Tuberculose Pulmonar sem Confirmação Bacteriológica. Bol Pneum Sanit,. 6 (1): 44-57. 1998. 37 NOTA PRÉVIA METRONIDAZOL NO TRATAMENTO E PROFILAXIA DA TUBERCULOSE: POSSIBILIDADES DE USO Fernando Augusto Fiuza de Melo1, Jorge Ide Neto2 e Jorge Barros Afiune3 Em 1989, Desai e cols.1 , haviam observado em estudo duplo cego, uma melhor resposta com o uso de metronidazol contra placebo, nos 2 primeiros meses, associado à estreptomicina, isoniazida e rifampicina, em 137 (76x61) pacientes com tuberculose avançada. penetração em condições de anaerobiose; ativação por redução com liberação de radicais tóxicos nitro e nitroso livres e formação de derivados nitrosos e hidroxicobalamina. A citoxicidade ainda é desconhecida, sendo provável que a ação lesiva aconteça por conjugação ao DNA8,9. Somente em 1994, entretanto, Wayne & Sramek2, com um engenhoso modelo in vitro, demostraram a atividade do metronidazol, com níveis de 8 mcg/ml, sobre bacilos dormentes do Mycobacterium tuberculosis, sugerindo a possibilidade de seu uso em tuberculose. Do ponto de vista farmacocinético, tem uma absorção oral rápida e quase completa sendo semelhante à injetável. Alcança níveis de pico de 13 a 14 mcg/ml com doses de 500 mg oral ou endovenosa, com uma vida média de 7 horas, caindo para 3,6 mcg/ml após 24 horas. Sua absorção, em presença de alimentos, é retardada porém com biodisponibilidade inalterada. Metabolismo hepático com 85% eliminado pela urina e os 15% restantes pelas fezes. Conta com uma excelente difusão tissular, boa penetração no líquido cefalorraquidiano, humor aquoso e em abcessos, inclusive cerebrais. Na insuficiência renal mantém as concentrações de pico e a meia-vida, com acúmulo de metabólitos hidroxi e acetil que são removíveis por hemodiálise. Exige cautela nestes casos, principalmente se acompanhada de insuficiência hepática, quando a posologia deve ser reduzida, com controle dos níveis séricos8,9. Sua atividade parece limitar-se às populações intra-caseosas em condições de anaerobiose presente no centro do granuloma, sem nenhuma atividade sobre as populações com boa oferta de oxigênio (parede das cavidades)2 e com uma ação mínima para bacilos intra-celulares (interior dos macrófagos), conforme estudos de Paramasivan, Kubendiran e Hebert3 Dhillon, Allen e cols.4 e Brooks, Furney e Orme5, em modelo murino, sabidamente com populações predominantemente intra-celulares. Outros autores acreditam que o metronidazol, eventualmente, possa ser utilizado como droga auxiliar em esquemas especiais de tratamento alternativo de portadores de TBMR, inclusive associado a agentes beta-lactâmicos como a amoxacilina + clavulanato6,7. Derivado nitroimidazólico, sintetizado no final da década de 50, o metronidazol tem um mecanismo de ação ainda não claramente definido, acreditando-se que ocorra em quatro etapas: penetração celular por difusão passiva; aumento da Os efeitos colaterais mais comuns são gastrointestinais, principalmente náuseas e vômitos e sabor metálico. Neutropenia reversível, escurecimento de urina e exantema podem ocorrer. Bem tolerado pela maioria dos pacientes, o metronidazol tem como adversidades mais sérias, ainda que raras, reações relacionadas ao sistema nervoso central, como encefalopatias, convulsões e disfunção cerebelar. Podem ainda, ocasionar neurite periférica e colite pseudomembranosa, porém com extrema raridade e com uso prolongado. __________________________________________________________________________________________________ 1 – Médico do ICF e do DAR-HSPE,SP,Doutor em Medicina pela EPM,UNIFESP; 2 – Médico do ICF; 3 – Médico. Diretor Técnico do ICF,SP. Endereço para correspondência: Instituto Clemente Ferreira/ICF - Rua da Consolação, 717 – Centro - São Paulo, SP - Cep.: 01.301-000 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ Estes para-efeitos, na sua quase totalidade, são dose-dependentes e os mais graves somente observados quando do uso de altas doses do metronidazol. Ainda que suspeitas, não foram comprovadas atividades terato e carcinogênicas em uso curto, sendo necessárias maiores observações no seu uso prolongado. A droga interage com álcool, podendo ocorrer em etilista a Síndrome do Antabuse8,9. Além das características acima descritas, acrescente-se o baixo custo e o fácil acesso no mercado nacional, com aprovação para uso desde a década de 60, para justificar a observação de sua aplicabilidade em esquemas terapêuticos e profiláticos para tuberculose. Assim, o metronidazol, sintetizado no final da década de 50 com indicação inicialmente para o tratamento de protozooses e, desde 1962, com seu uso ampliado para germes anaeróbios, pode alcançar um terceiro estágio como droga antituberculosa. Neste caso, o uso clínico do metronidazol poderia ser aplicado em três campos: 1º) No tratamento da tuberculose multirresistente, não só por ser uma droga de fácil acesso, com grande experiência nacional, bactericida, de boa difusão tecidual e celular, como pela sua ação em germes persistentes, podendo incorporar benefícios aos esquemas que ora estão sendo testados, particularmente nos pacientes de difícil negativação ou com falência a esquemas alternativos anteriores. Encontra-se em curso, desde 1996, um estudo prospectivo, no Instituto Clemente Ferreira, São Paulo, utilizando o metronidazol em associação com amicacina, ofloxacina, clofazimine e etambutol, com resultados parciais, em vias de publicação definitiva, apresentando eficácia de 66,7% e efetividade de 55,5% em 72 pacientes avaliados. A dose diária foi de 500 mg. independente do peso e sua tomada estendida por 18 meses. Intolerância digestiva foi observada em oito pacientes, metade superada com a continuidade e uso de sintomáticos, porém em quatro doentes foi necessário interromper o uso do medicamento. 2º) Uso associado do metronidazol em meningoencefalite tuberculosa, pela excelente difusão liquórica e boa penetração em abcessos cerebrais, quem sabe, justificaria sua incorporação no atual esquema de tratamento para esta forma da doença, mormente nos casos de resistência ou adversidade das drogas usuais. O metronidazol foi usado em dois casos de imunodeprimidos (aids e leucose), que apresentaram hepatite relacionada com a associação rifampicina e isoniazida. Um deles, portador do HIV, usou um esquema associando estreptomicina + etambutol + pirazinamida + metronidazol e, o outro, que também apresentou alterações neurológicas com a estreptomicina, associou rifampicina + etambutol + pirazinamida + metronidazol, ambos evoluindo para a cura do processo infeccioso específico. Um protocolo duplo-cego, comparando o metronidazol contra placebo acrescidos no esquema atualmente recomendado para meningite, poderia se constituir num excelente ensaio clínico. 3º) Em esquemas de quimioprofilaxia secundária, ou seja, aproveitando sua boa associação com rifampicina, protegendo esta contra germes resistentes, encurtando o tempo de uso das drogas e melhorando a aderência no tratamento preventivo. Do ponto de vista farmacodinâmico, seria esta uma boa indicação para o uso da droga, por sua atuação em bacilos em condições de anaerobise, o que teoricamente deve ocorrer com germes dormentes. Clientes com indicação de quimioprofilaxia estabelecida pelo Manual de Normas do Ministério da Saúde, inicialmente só em adultos e, dependendo dos resultados, ampliando para crianças, poderiam testar a isoniazida (300 mg/dia) em dose diária e única, por 6 meses, contra rifampicina e metronidazol (600 e 500 mg/dia), em dose diária e única por 2 meses. As grandes dificuldades para ensaio deste tipo, seriam o número de doentes, a randomização pelas características do foco (pulmonar bacilífero de acordo com a quantidade de bacilos no escarro), pelo tipo de contágio (intradomiciliar ou institucional, tempo de exposição, formas de exposição, etc.) e o tempo necessário para avaliar a proteção. Portanto, o ensaio poderia ser factível se cooperativo e envolvendo vários centros no país. Bibliografia: 39 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ 1. DESAI, C.R.; Heera, S.; Patel, A.; Babrekar, A.B.; Mahashur, A.A.; Kamat, S.R. Role of metronidazole in improving response ang especific drug sensitivity in advanced pulmonary tuberculosis. J Assoc Physicians India. 37:694-7. 1989. 2. WAYNE, L.G.; Sramek, H. A. Metronidazole is bactericidal to dormant cells of Mycobacterium tuberculosis. Antimicrob Agents Chemother. 38:20548. 1994. 3. PARAMASIVAN, C. N.; Kubendiram, G.; Hebert, D. Action of metronidazole in combination with isoniazid & rifampicin on persisting organisms in experimental murine tuberculosis. 4. DHILLON, J.; Allen, B.W.; Hu, Y.M.; Coates, A.R.; Mitchison, D.A. Int J Tubercle Lung Dis 2:736-42. (Cit. p/Brooks e cols., ref.5). 1988. 5. BROOKS, J.V.; Furney, S.K.; Orme, I.M. Metronidazole therapy in mice infected with tuberculosis. Antimicrob Agents Chemoter. 43:1285-8. 1999. 6. BERMUDES, L.E.; Younh, L.S. New drugs for the terapy of mycobacterial infections. Curr Opinions Infect Dis. 8:428-437. 1995. 7. MIRZANEJAD, Y. The cellular physiology of Mycobacterium tuberculosis and its relationship to antituberculus therapy with b-lactam agents and metronidazole. Antimicrob Inf Dis Newsletter. 164145. 1997. 8. MOLAVI, A.; LeFrock, J.L.; Prince, R.A. Metronidazol in Clin Med NA. Terapia antimicrobiana (trad,port.) Ed. Interamericana Ltda., Rio de Janeiro. 66:129-142. 1982. 9. SCULLY, B.E. Metronidazol in Clin Med NA. Atualização em antibioticoterapia II (trad.port.) Interlivros Edições Ltda. Rio de Janeiro. 72:129-142. 1988. 40 LABORATÓRIO DE TUBERCULOSE DO CRPHF QUINZE ANOS DE ATIVIDADES Angela Maria Werneck Barreto1, Fátima Moreira Martins2 Introdução O Laboratório de Tuberculose do Centro de Referência Hélio Fraga (LTCRPHF) é referência nacional de apoio ao diagnóstico e controle da tuberculose da Coordenação do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública/MS/FUNASA/CENEPI (COLAB). O Centro de Referência foi inaugurado em janeiro de 1986, mas o Laboratório de Tuberculose já desenvolvia suas atividades antes mesmo de estar assentado em suas dependências físicas. Em 1984 promoveu dois cursos macrorregionais em conjunto com o Instituto Adolfo Lutz em São Paulo e o Curso Nacional de Bacteriologia da Tuberculose em parceria com o Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ainda nesse ano, como parte da estratégia de implantação do laboratório, foi firmada uma carta de intenções com a Unidade de Tuberculose e de Micobactérias do Instituto Pasteur de Paris, chefiada pelo Dr. Hugo Aires Lopes David. O objetivo foi o de subsidiar a estruturação técnica do laboratório, desenvolvida a partir de assessorias ao longo de quinze anos e do estágio do chefe do laboratório, naquele Instituto, para conhecer a rotina de um laboratório de referência. Abaixo estão os objetivos definidos para o LTCRPHF: • • • • • • • • • • • • • Manter intercâmbio técnico-científico com laboratórios de referência internacionais; Apoiar e promover eventos, tais como seminários, encontros e outros, visando a troca e a difusão de conhecimentos específicos na área de micobacteriologia; Programar e fornecer complementarmente, insumos (reagentes, meios de cultura) e produtos biológicos aos laboratórios regionais e estaduais; Assessorar e supervisionar as atividades dos laboratórios de referência regionais e estaduais; Desenvolver e participar de estudos de novas técnicas laboratoriais para o diagnóstico da tuberculose; Desenvolver sistema de controle de qualidade; Manter e fornecer coleção de cultura; Desenvolver atividades de acompanhamento do Programa Nacional de Controle da Tuberculose de acordo com a política e as diretrizes nacionais definidas pela Coordenação Nacional de Pneumologia Sanitária (CNPS); Participar, junto com a Coordenação de Laboratórios, da definição das atividades de apoio ao diagnóstico laboratorial e ao controle da tuberculose; Participar, junto com a Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis/AIDS das atividades de apoio diagnóstico e controle da tuberculose em pacientes HIV positivo; Promover treinamento e desenvolvimento de recursos humanos; Elaborar plano de trabalho anual; Elaborar relatório de avaliação semestral e anual. 1 – Chefe do Laboratório de Tuberculose (CRPHF) 2 - Responsável pela Produção de Insumos do Laboratório de Tuberculose (CRPHF) Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Os laboratórios centrais de saúde pública localizados nas capitais das Unidades Federadas são referência em seus estados e relacionam-se diretamente com o Laboratório Nacional, tendo este como sua referência. Baseado no fato de que havia uma carência de treinamento formal e regular dos técnicos destes laboratórios e sendo também uma das atividades primordiais de um laboratório de referência nacional, foram desenvolvidos nestes anos, cursos, estágios e assessorias, tendo como objetivo capacitar os profissionais, preferencialmente os do Laboratório Central de Saúde Pública ( LACEN ) e de outras instituições públicas com atividades de diagnóstico da tuberculose. Tocantins e Rondônia com o Distrito Federal. E todos podem contar com o Laboratório Nacional de Referência. Cursos, treinamentos e estágios Tabela 1 – Atividades implantadas e/ou implementadas Através do Curso Nacional de Bacteriologia da Tuberculose / Hanseníase oferecido nos anos de 1984, 1986, 1987, 1988, 1990 e 1993 foram treinados os profissionais de nível superior, com ênfase para aqueles que já exerciam atividades nos LACENs. Acreditamos ser este o veículo integrador, por onde o Laboratório de Referência pode disseminar as propostas de trabalho. Outras modalidades incluiram cursos macrorregionais em baciloscopia, treinamentos em serviço e estágios no Laboratório de Referência. Este último é oferecido sempre quando o profissional precisa ser preparado para ser introduzido de imediato na rotina, sem ter que esperar pelo curso anual. Treinamos ao todo 255 técnicos, sendo que para a Região Sudeste coube a maior fatia, cerca de 36% de todo pessoal, seguida da Região Nordeste (29%). Exemplo vitorioso desse intercâmbio foi a implementação, em regime de urgência, pelo Laboratório de Micobactérias do Instituto Evandro Chagas, no Estado do Pará, do antibiograma necessário ao estudo da resistência às drogas anti-tuberculose, em 1995/1996, trabalho que se realizou com o apoio da COLAB, da CNPS e do CRPHF. Observem na tabela 1 a distribuição das atividades. LACEN/OUTRO BACILOSCOPIA CULTURA ANTIBIOGRAMA ACRE ALAGOAS AMAPÁ AMAZONAS BAHIA CEARÁ DISTRITO FEDERAL ESPÍRITO SANTO GOIÁS MATO GROSSO MATO GROSSO DO SUL MARANHÃO MINAS GERAIS PARÁ PARAÍBA Atividades implantadas e/ou implementadas A resposta ao investimento no desenvolvimento de recursos humanos foi a melhoria na qualidade e na abrangência das atividades do diagnóstico no nível central. Basicamente, todos os LACENs das capitais contam com o recurso da cultura para o diagnóstico e 70% deles faz o teste de sensibilidade às drogas antituberculose, com controle de qualidade. Este fato permite que estas unidades possam participar de estudos de resistência, de epidemiologia molecular e do sistema de vigilância epidemiológica da resistência. O estado que não tem este recurso recorre a outro próximo, ou à sua referência regional. Assim, para fins de apoio, os estados da Região Norte contam com o Pará (Instituto Evandro Chagas), o Piauí com o Ceará, Alagoas com Pernambuco, Sergipe com a Bahia, e Mato Grosso, 42 PARANÁ PERNAMBUCO PIAUÍ RIO DE JANEIRO RIO GRANDE DO NORTE RIO GRANDE DO SUL RONDONIA RORAIMA SANTA CATARINA SÃO PAULO SERGIPE TOCANTINS INSTITUTO EVANDRO CHAGAS Atividades já implantadas anteriormente Atividades em implementação Atividades implantadas e/ou implementadas Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Estudos e projetos com a rede No Rio de Janeiro: A melhoria na qualidade do diagnóstico propiciou ao LTCRPHF a oportunidade de participar de projetos de interesse nacional e internacional. O primeiro trabalho a ser implementado foi o “Estudo da Resistência Primária às Drogas anti-Tuberculose”, em colaboração com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), realizado entre 1986 e 1988, quase que simultaneamente com a “VI Experiência Nacional de Quimioterapia da Tuberculose”. Os demais projetos realizados estão discriminados a seguir: Hospital Municipal Miguel Couto Hospital Adventista do Silvestre Hospital Ary Parreiras-Niterói Hospital Casa do Hemofílico Hospital Central do Exército Hospital de Tráumato – Ortopedia Hospital Estadual Santa Maria Hospital Evandro Chagas/FIOCRUZ Hospital Geral da Lagoa Hospital Geral de Ipanema Hospital Moncorvo Filho Hospital Municipal Menino Jesus Hospital Naval Marcílio Dias Hospital Piedade/FGF Hospital Raphael de Paula Souza Hospital São Lucas Hospital São Vicente de Paula Hospital Servidores do Estado Hospital Universitário Clementino Fraga / UFRJ Hospital Universitário Gaffrée Guinle /UNIRI Hospital Universitário Pedro Ernesto /UERJ Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião Instituto Fernandes Figueira /FIOCRUZ Instituto Nacional do Câncer Prefeitura Municipal de Macaé Sanatório Penal/DESIPE Secretaria Municipal de Saúde de Angra dos Reis, Araruama, Belfort Roxo, Miguel Pereira, Nova Iguaçu, Petrópolis, Queimados, Rezende, Volta Redonda, Barra do Piraí, Barra Mansa, Duque de Caxias Unidade Mista de Barra de São João Hospital Universitário Antônio Pedro-Niterói • • • • • • • • • • “Eficiência e tolerabilidade da rifabutina no tratamento de paciente com tuberculose pulmonar recentemente diagnosticada”. “Tuberculose pulmonar sem confirmação bacteriológica” “Estudo das micobacterioses no Brasil”. “Diagnóstico sorológico da tuberculose”. “Desenvolvimento de meio de transporte para espécimes clínicos em tuberculose”. “Avaliação prospectiva da definição de Caracas de caso clínico por infecção avançada pelo HIV em pacientes tuberculosos”. “Determinação da resistência primária no município do Rio de Janeiro”. “Custo-efetividade do tratamento supervisionado da tuberculose”. “Tratamento da Tuberculose Multirresistente” “Inquérito epidemiológico da resistência bacteriana às drogas usadas no tratamento da Tuberculose no Brasil”. Nosso grande projeto para 1999/2000 é a “Implantação de um Sistema de Informação e de Controle de Qualidade em Baciloscopia da Tuberculose, no Brasil” que, informatizado, privilegia a informação uniforme, fidedigna, ágil e cimentadora definitiva da importância do laboratório no controle da tuberculose, e da baciloscopia com qualidade plena. Outras instituições Abaixo estão relacionados outros laboratórios e ou instituições que têm interagido com o LTCRPHF na busca de serviços e de controle de qualidade: Em outros estados: Centro de Saúde Cardoso Fontes-Amazonas Centro de Saúde de Ilhéus-Bahia Hospital das Clínicas de Porto Alegre/Rio Grande do Sul Hospital das Clinicas/UFMG /Minas Gerais Hospital de Maracanaú / Ceará Hospital Universitário Octávio Mangabeira / Bahia Instituto Clemente Ferreira / São Paulo Instituto de Patologia Tropical de Goiás Instituto Evandro Chagas / Pará Universidade Federal da Paraíba Universidade Federal de Mato Grosso 43 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Hospital Universitário / UFMa/Maranhão Hospital Universitário de Montes Claros – Minas Gerais Hospital Universitário João de Barros Barreto / UFPa/ Pará Treinamentos e assessorias recebidas Comissão Nacional de Energia Nuclear”, na Universidade Federal de Pernambuco, 1994. • Assessoria do Dr.Omar Angel Latini/OPAS, com o objetivo de implantar um sistema de gerenciamento da Rede de Laboratórios de Saúde Publlica, em 1995. • Participação no “Curso de Gerenciamento de las Redes de Laboratório en los Programas de Control de Tuberculosis, no Instituto Panamericano de Protección de Alimentos y Zoonosis, Argentina,1997. O LTCRPHF e seus técnicos foram enriquecidos com as seguintes contribuições em treinamento e assessoria: • Assessoria do Chefe da Unidade de Tuberculose e de Micobactérias do Instituto Pasteur de Paris, Dr. Hugo Aires Lopes David, para implantação e implementação das atividades do Laboratório de Referência nos anos de 1984, 1986, 1988, 1990 e 1995. • Assessoria do Dr. Omar Latini, Chefe do Serviço de Tuberculose do Instituto Nacional de Tuberculose de Santa Fé, na Argentina, para implantação do Laboratório de Referência em 1984. • • • • • • • Estágio no Instituto Pasteur de Paris sobre “Organização e funcionamento de um laboratório de referência”, 1985. • Participação no “Curso Internacional sobre el Diagnóstico en los Programas de Control y Erradicación de la Tuberculosis, Instituto Panamericano de Protección de Alimentos y Zoonosis OPAS/OMS Buenos Aires, Argentina, 1993. • • Participação no “Curso de Análises in vitro com radioisópotos para credenciamento junto à 44 • Assessoria da Dra. Isabel de Kantor, Chefe do Serviço de Tuberculose do Instituto de Proteccion de Alimentos y Zoonosis, Argentina, para implantação da pesquisa: “Resistência Primária às Drogas anti-Tuberculose”, em 1984 e 1994. Treinamento no método radiométrico utilizado para o diagnóstico rápido da tuberculose e para a determinação da sensibilidade do bacilo da tuberculose às drogas utilizadas no tratamento, CDC, Canadá,1993. • Participação em eventos científicos • • • • • • • • Citamos os de maior destaque: Reunião Anual da “Comissão Latinoamerica de Bacteriologia da Tuberculose”, Rio de Janeiro,1984. Simpósio em Quimioterapia da Tuberculose, Rio de Janeiro,1987. Congresso Internacional de Infectologia, Rio de Janeiro, 1988. I Simpósio Brasileiro em Micobactérias, Rio de Janeiro, 1988. Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia, Curitiba, 1988. II Simpósio Brasileiro em Micobactérias, São Paulo, 1989. Joint Meeting of Lepra and Tuberculosis, Rio de Janeiro, 1989. III Simpósio Brasileiro em Micobactérias, Manaus, 1990. Jornada de Tuberculose, Rio de Janeiro, 1992. Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia, Brasília, 1992. V Simpósio Brasileiro em Micobactérias, Santos, 1993. XXX Congresso Brasileiro de Medicina Tropical, Salvador, 1994. Congresso de Patologia Clínica, Rio de Janeiro, 1994. Reunião do Programa Q-TROP/FINEP, Rio de Janeiro, 1995. Annual Meeting of the International Union Against Tuberculosis and Lung Disease, Paris, 1995. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ • • • • • • VI Simpósio Brasileiro em Micobactérias,Vitória 1995. V Congresso de Pneumologia e Tisiologia do Rio de Janeiro, 1995. I Encontro Nacional em Controle de Qualidade em Laboratórios de Saúde Pública, Curitiba, 1996. Encontro Nacional Sobre Pontos Polêmicos em Tuberculose, Brasília, 1997. VII Simpósio Brasileiro em Micobactérias, Rio de Janeiro, 1997. VIII Simpósio Brasileiro em Micobactérias, Salvador, 1999. Material instrucional A equipe do LTCRPHF elaborou e/ou participou, por vezes, em colaboração com outros técnicos, da preparação dos seguintes materiais instrucionais que, editados, foram distribuídos amplamente para a rede pública de serviços de saúde, bibliotecas e outras instituições brasileiras e estrangeiras: • “Manual de Bacteriologia da Tuberculose”, 2ª edição, 1994. • “Manual de Normas para Baciloscopia da Hanseníase”, 1989. • “Manual de Normas para o Controle da Tuberculose”, 1995 – Revisão. • Livro “Controle da Tuberculose. Uma Proposta de Integração Ensino-Serviço”. 1ª, 2ª e 3ª edições. • “Manual de Baciloscopia da Tuberculose”, 1998. • “Livro de Registro de Baciloscopia para o Diagnóstico e Controle da Tuberculose”, 1998. • “Aplicativo para registro e análise de exames de baciloscopia, cultura e controle de qualidade da baciloscopia para a rede de laboratórios” SILTB, 1999/2000. Este aplicativo faz parte do sistema informatizado de informações para a rede de laboratórios e foi implantado em todos os LACENs juntamente com o livro de registro de baciloscopia, em 1999, como parte de um grande projeto que se propõe a atingir toda unidade laboratorial que faça baciloscopia. Produção de insumos Desde 1990 desenvolvemos no setor de produção de insumos, a diluição da Tuberculina Bruta (50.000 UI), em PPD Rt-23 (2 UT) para distribuição em todo o Brasil, assim como o controle de qualidade “in vitro” e “in vivo”, através de ensaios clínicos necessários à liberação do produto para o consumo. Foram 12.501.300 doses. Na tabela 2 apresentamos este trabalho quantificado por ano. Tabela 2 – Nove anos de produção de PPD Rt-23 Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 TOTAL Frascos com 50 doses 28.225 41.977 31.156 25.001 21.570 18.689 29.090 30.000 24.318 250.026 Quanto à produção e fornecimento de meio de cultura e outros insumos, não é propósito nosso quantificar esta ação e sim qualificá-la. Nossa preocupação com a manutenção de bons níveis de serviços nos LACENs fez com que tivéssemos reservas estratégicas para que não faltassem os melhores reagentes e meios de cultura que assegurassem a qualidade do trabalho. Este fornecimento funcionou como alternativa para situações de emergência na rede. Exames realizados (baciloscopia, identificação e/ou teste de sensibilidade) cultura, O LTCRPHF realizou, nestes quinze anos, aproximadamente 18.000 exames especializados, com um pico observado em 1995, devido ao inquérito de resistência. Na seqüência, o número de exames manteve-se num patamar elevado por motivo da implantação nos estados do antibiograma pelo 45 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ método radiométrico, para orientação do tratamento dos pacientes multirresistentes. Formação e manutenção da micobacterioteca A micobacterioteca do LTCRPHF começou a ser formada em 1985, quando culturas de 54 micobactérias (amostras-tipo) de interesse ou não em patologia humana, foram trazidas do Instituto Pasteur de Paris. Por motivos diversos algumas espécies foram perdidas e outras estão sendo incorporadas gradativamente, na medida em que novas espécies são identificadas. Estas culturas são repicadas a cada 4 anos e mantidas em freezer a –70ºC. Temos fornecido amostras diversas a laboratórios de pesquisa para estudos e alguns trabalhos foram publicados em conjunto com estas instituições. Na tabela 3, apresentamos a atual formação de nossa micobacterioteca oficial e na tabela 4 as amostras que fomos identificando ao longo destes anos para os nossos parceiros. Tabela 3 – Amostras - tipo M.vaccae M.aurum M.parafortuitum M.obuense M.rhodesiae M.chubuense M.aichiense M.phlei M. smegmatis M.fallax M.porcinum M.duvalii M.gilvum M.neoaurum M.gadium M.thermoresistibile M.senegalense M.komossense M.chelonae runyonii M.smiae habana ATCC 15.483 NCTC 10.437 ATCC 19.687 ATCC 27.023 ATCC 27.024 ATCC 27.278 ATCC 27.280 ATCC 11.758 ATCC 19.420 ATCC 35.219 ATCC 33.776 NCTC 358 NCTC 10.742 ATCC 25.795 ATCC 27.726 ATCC 19.527 NCTC 10.956 ATCC 33.013 ATCC 14.472 ER 4238 M.tuberculosis H37 Rv M.diernhoferi M.kansasii M.marinum M.gordonae M.flavescens M.szulgai M.avium-intracellulare M.avium M.triviale M.gastri M.xenopi M.fortuitum M.fortuitum-peregrinum M.chelonae-abcessus M.simiae M.nonchromogenicum M.asiaticum M.pulveris M.chitae ATCC 27.294 ATCC 19.340 ATCC 12.478 ATCC 927 ATCC 14.470 ATCC 14.474 NCTC 10.831 ATCC 13.950 ATCC 25.291 ATCC 23.292 ATCC 15.754 ATCC 19.276 ATCC 6.841 ATCC 14.467 NCTC 946 ATCC 25.275 ATCC 19.530 ATCC 25.276 ATCC 33.501 ATCC 19627 Tabela 4 - Amostras recebidas, identificadas e mantidas pelo laboratório M. asiaticum M. avium-intracellulare M. bovis M. bovis BCG M. chelonae abcessus M. duvalii M. flavescens M. fortuitum M. gastri M. gordonae M. kansasii 46 03 323 01 02 90 01 20 126 01 24 107 M. malmoense M. mucogenicum M. marinum M. nonchromogenicum M. peregrinum M. terrae M. triviale M. scrofulaceum M. smegmatis M. szulgai Não identificadas 03 01 01 01 19 22 02 125 01 08 87 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Métodos e técnicas utilizados Procedimentos diagnósticos Técnicas clássicas Baciloscopia Descontaminação de Espécimes Clínicos Isolamento de Micobactérias de Espécimes Respiratórios Isolamento de Micobactérias a Partir de Espécimes Paucibacilares Identificação de Espécies Micobacterianas Método de ZiehlNeelsen Método do lauril sulfato de sódio. Método do fosfato trissódico Meio sólido Lowenstein Jensen Sistema bifásico Lowestein Jensen + meio líquido Middlebrook 7H9 Testes bioquímicos tradicionais Teste de Sensibilidade às Drogas Método das proporções em meio Lowenstein Jensen Análise de DNA Técnicas rápidas Em implementação Meio líquido: sistema MB/BacT Meio líquido: sistema MB/BacT e BACTEC 460 TB Sonda Genética High Performance Liquid Chromatography (HPLC) Método radiométrico: sistema BACTEC 460 TB Restriction fragment lenght polymorphism (RFLP) Trabalhos publicados Abaixo estão listados 56 trabalhos publicados ou apresentados em congressos no Brasil ou no exterior, entre 1986 e 1999 em que membros da equipe técnica do LTCRPHF são autores principais ou co-autores: 1. MARTINS, F.M.; Barreto, A.M.W.; Gerhardt, G. Estudo da resistência primária em amostras de M. tuberculosis no Laboratório de Referência da Campanha Nacional Contra a Tuberculose a partir de 1986. Jornal de Pneumologia, 14 (Supl.1):141, 1988. 2. BARRETO, A.M.W.; Martins, F.M.; Janarella, C.G. - Micobactérias atípicas isoladas no Laboratório de Referência da Campanha Nacional Contra a Tuberculose no período de 1986 - 1988. Bol. CNCT 2 (2):26, 1988. 3. BARRETO, A.M.W.; Martins, F.M. - Estudo da resistência primária no Brasil no período de 1986 a 1988. Bol. CNCT 2 (2):21-25, 1988. 4. BARRETO, A.M.W.; Martins, F.M. - Utilização da baciloscopia por concentração para diagnosticar casos de tuberculose pulmonar negativos ao exame direto do escarro. Bol. Colabat, 4, 1988. 5. PALHANO JR, L.; Siqueira, M.P.; Barreto A.M.W.; Fonseca L.S.; Gontijo Fº., P.P. Biotyping of M.tuberculosis "Complex" Brazilian strains. Congresso Internacional de Infectologia, Rio de Janeiro, 1988. 6. PALHANO JR., L.; Barreto, A.M.W.; Gontijo Fº. P.P. - Susceptibility of M.tuberculosis to pyrazinamide and its relationship to pyrazinamidase activity. Congresso Internacional de Infectologia, Rio de Janeiro, 1988. 7. PALHANO JR., L.; D.R. - Influência da do Mycobacterium Simpósio Brasileiro Janeiro, 1988. Barreto, A.M.W.; Santos, parede celular na resistência tuberculosis à isoniazida. I em Micobactérias, Rio de 8. CAMPOS, C.E.D; Figueira, I.; Barreto, A.M.W. Um caso de doença pulmonar causada por M.fortuitum. - II Simpósio Brasileiro em Micobactérias, São Paulo, 1989. 9. PALHANO JR., L.; Fonseca, L.S.; Kritski, Barreto, A.M.W.; Gontijo Fº, P.P. - Atividade pirazinamidásica e suscetibilidade à pirazinamida (PZA) de Mycobacterium tuberculosis isolado de pacientes com tuberculose pulmonar recorrente ou virgens de tratamento. Jornal de Pneumologia., 15 (2):79-81, 1989. 47 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ 10. LEITE, S.R.A.; Falcão, D.P.; Barreto, A.M.W.; Ferrazoli, L.; David, H.; Leite, C.Q.F. Estudos dos ácidos micólicos das micobactérias isoladas em ambiente e de infecções humanas. IV Simpósio Brasileiro em Micobactérias, São Paulo, 1991. 11. NASCIMENTO, M.C.P.; Barreto, A.W.; Palaci, M.; Fonseca, L.S. Observações de plasmídeos em M. avium-intracellulare-scrofulaceum e M. fortuitum. IV Simpósio Brasileiro em Micobactérias, São Paulo, 1991. 12. FIGUEIRA, I.; Campos, C.E.D.; Garangau, F.M.; Barreto, A.M.W. - Importância da cultura do lavado gástrico, lavado brônquico e broncoaspirado no diagnóstico da tuberculose pulmonar. Bol.COLABAT.,6 (1):3, 1990. 13. BARRETO, A.M.W.; Martins, F.M.; Janarella, C.G. - Micobactérias atípicas isoladas de casos de tuberculosis pulmonar. Bol. COLABAT. 6 (1):4, 1990. 14. BARRETO, A.M.W.; Martins, F.M.; Oliveira, G.G.; Silva, M.V.B. Micobactérias isoladas de espécimes clínicos de pacientes com sorologia positiva para HIV. Bol.COLABAT.,6 (1):6, 1990. 15. LEÃO, R.N.Q.; Lins, L.Z.; Lopes, M.L.; Werneck, A. Linfadenite cervical por Mycobacterium fortutitum - Um diagnóstico retrospectivo. VI Congresso de Infectologia, Salvador, 1991. 16. BARRETO, A.M.W.; Martins, F.M.; Campos, C.E.D.; Gerhardt, G.; Asensi, M.D.; Cunha, E.A.T.; Ferreira, R.M.C.; Guerra, C.; Jardim, S.B.V.; Matusiak, R.; Ramalhoto, A.M.; Scwentes, I.; Silva, A.A.; Souza, M.E.M.; Souza, M.J.; Vales, S.F. - Freqüência da doença pulmonar crônica nos casos de micobacterioses ocorridos no Brasil no período de 1989 a 1991. Rev. Pneumol., 18 (Supl.2):119, 1992. 17. BARRETO, A.M.W.; Martins, F.M.; Campos, C.C.E.D.; Dalcolmo, M.M.P.; Oliveira, F.J.A. Resistência primária em pacientes com tuberculose, virgens de tratamento e soropositivos para o vírus de imunudeficência adquirida. Jornal de Pneumologia,18 (Supl.2):111, 1992. 48 18. NATAL, S.; Bejgel, I.; Gerhardt, G.; Penna, M.L.F.; Barroso, E.F.; Azevedo, J.F.; Brandão, R.; Mazza, R.; Espina, C.; Pereira, A.; Lima, S.F.; Werneck, A.; Toledo, A.S.; Forastieri, N.; Sucupira, E.D. Fatores associados a falência do tratamento da tuberculose. Jornal de Pneumologia,18 (Supl.2):121, 1992. 19. FONSECA, L.S.; Saad, M.H.F.; Martins, F.M. The spectrum of immune response to M. tuberculosis in healthy individuals. Tubercle and Lung Disease, 73:242, 1992. 20. SUFFYS,P.; Miranda, A.; Araujo, M.; Barreto, A W.; Martins, F.; Degrave, W. - Use of molecular biological tools for diagnosis and epidemiology of tuberculosis and study of drug resistance mechanisms of M.tuberculosis. Resumos do "XVII Brasileiro de Microbiologia", São Paulo, 1993. 21. LEÃO, R.N.Q.; Lainson, Z.C.L.; Lopes, M.L.; Barreto, A.M.W. - Linfadenite cervical por M.fortuitum - Um novo caso em Belém do Pará. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 27 (Supl.1):221, 1994. 22. BARRETO, A.M.W. et al. Estudo das micobacterioses no Brasil: formas clínicas e espécimes mais encontradas. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 27 (Supl.1):42, 1994. 23. TOLEDO, A.S.; Barreto, AM.W.; Vasconcellos G.; Ribeiro, S.N.; Gerhardt, G. Avaliação da resistência inicial às drogas anti-tuberculose no Rio de Janeiro. Pulmão (Supl.), 12, 1995 24. BARRETO, AM.W.; Toledo, A.; Dias, S.; Ribeiro, S. N.; Gerhardt, G.- Resistência global e adquirida às drogas anti-tuberculosas no RJ - Um estudo transversal. Pulmão (Supl.), 12, 1995. 25. BARRETO, A.M.W.; Toledo, A.; Vasconcellos, G.; Campos, C.; Gerhardt, G.; Natal, S.; Oliveira, H.; Dias, S.; Aquino, S. Espirito Santo, S.-Global and acquired drug resistance in patients with pulmonary tuberculosis diagnosed during 1994 in Rio de Janeiro city. Tubercle and Lung Disease (Supl.2):99, 1995. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ 26. NATAL, S.; Barreto, A.M.W.; Lopes, R.; Lopes, L.; Campos, C; Gerhardt, G. - Bacteriological status of outpatients, after relapse, with pulmonary tuberculosis treated with 2RHZ 4RH. Tubercle and Lung Disease (Suppl.2), 88, 1995. 27. TOLEDO, A.; Barreto, A.M.W.; Vasconcellos, G.; Campos, C.; Natal, S.; Oliveira, H.; Dias, S.; Aquino, S.; Espírito Santo, S. - Initial drug resistance among pulmonary cases of tuberculosis in 1994 in Rio de Janeiro city. Tubercle and Lung Disease (Suppl.2),93, 1995. 28. DALCOLMO, M.; Motta, R.; Fortes, A.; Barreto, A.M.W.; Gerhardt, G. - Estudo Não controlado de tratamento da tuberculose resistente à múltiplas drogas (TB - MDR). Pulmão, 10, 1995. 29. BRAGA, J.U.; Barreto, A.M.W.; Hijjar, M.A. Inquérito epidemiológico da resistência bacteriana às drogas usadas no tratamento da tuberculose no Brasil. Metodologia da pesquisa. Resumos do “VI Simpósio Brasileiro em Micobactérias”, ES, 1995. 30. CAMPOS, C.; Barreto, A.M.W. Utilização do cloreto de cetilpiridínio como agente conservante de escarro para o isolamento de micobactérias. Resumos do “VI Simpósio Brasileiro em Micobactérias”, ES, 1995. 34. NATAL, S.; Toledo, A.; Penna, M.L.F.; Barreto, A.M.W.; Vasconcellos, G.; Gerhardt, G. Primary and secondary drug resistance in pulmonary tuberculosis. Int. J. Tuberc. Lung Dis., 1 (5) : S45, 1997. 35. CAMPOS, C.E.D.; Silva, M.V.B; Silva, R.M.S.; Gouveia, S.S.; Barreto, A.M.W. Prevalência de micobactérias “não tuberculosas” em pacientes de ambulatório, com baciloscopia positiva, no período de 1995 a 1996, no Brasil - Resumos do XIX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Rio de Janeiro, 1997. 36. BARRETO, A.M.W.; Braga, J.U.; Hijjar, M.A., Martins, F.M.; Gouveia, S.S. - Avaliação da qualidade dos testes de sensibilidade de M. tuberculosis durante um inquérito epidemiológico nacional. Resumos do XIX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Rio de Janeiro, 1997. 37. ROCHA, A.S.; Barreto, A.M.W.; Campos, C.E.D.; Torres, H.M.; Leite, P.C.F.; Degrave, W.M.; Suffys, P.N. Identificação rápida de micobactérias através de PCR e digestão enzimática (PRA). Resumos do XIX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Rio de Janeiro, 1997. 38. BRAGA, J.U.; Barreto, A.M.W. A tuberculose na Internet - Bol. Pneum. Sanit., 5 (1): 6 - 29, 1997. 31. CAMPOS, C.; Leite C.; Barreto, A.M.W. Isolamento de M.tuberculosis variante Húngara, no Brasil. Resumos do “VI Simpósio Brasileiro em Micobactérias”, ES, 1995. 39. NATAL, S.; Toledo, A.; Martins, F.; Penna, M.L.F.; Vasconcellos, G.; Gerhardt, G. Results of tuberculosis treatment in drug-resistance patients. Int. J. Tuberc. Lung Dis., 1 (5): S51, 1997. 32.ROCHA, A.S.; Veloso, G.V.; Grinztejn, B.; Barreto, A.M.W.; Fonseca, S.L.; Degrave, M.W.; Suffys, P.N. Identification of Brazilian strains of Mycobacteria through PCR and restriction enzyme analysis (PCR/REA): Application in clinical samples from HIV + Patients. Resumos do “VI Simpósio Brasileiro em Micobactérias, ES, 1995. 40. SUFFYS, P.N.; Araujo, M.E.I.; Rosseti, M.L.; Zaha, A.; Barroso, E.W.; Barreto, A M. W.; Campos, E.; Pereira, M.A.S.; Oeleman, M.C.; Degrave, W.M. – Molecular strains typing of brazilian strains of Mycobacterium tuberculosis and comparison with na international fingerprinting database. III International Workshop on Molecular Epidemiology and Evolutionary Genetics of Infectious Diseases, Rio de Janeiro, p.35, 1998. 33. SANTANA, R.; Vieira, F; Campos, C.; Martins, F. Isolamento e identificação de micobactérias outras que não o bacilo da tuberculose (MOTT) em pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) no Distrito Federal. Resumos do “VI Simpósio Brasileiro em Micobactérias, ES, 1995. 41. DALCOLMO, M.P.; Fortes, A.; Motta, R.M.; Barreto, A.M.W.; Gerhardt, G. Retrospective analysis of multidrug resistant tuberculosis (MDRTB) cases treatment. Am. J. Respir. Crit. Care Med., 157(3), 1998. 49 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ 42. De RIEMER, K.; Martins, F.M.; Barreto, A.M.W.; Braga, J.U. Resultados de um inquérito de laboratórios de micobacteriologia no município do Rio de Janeiro. J.Pneumol.,24 (Supl. 1):S 169, 1998. 43. ROCHA, A.S.; Torres, H.M.; Leite, C.C.; Barreto, A.M.W.; Campos, E.; Saad, M.H.; Fonseca A, L.; Degrave, W.M.; Suffys, P.N. Experience on the use of PCR- Restriction fragment length polymorphism analysis of the hsp65 gene for rapid identification of mycobacteria. III International Workshop on Molecular Epidemiology and Evolutionary Genetics of Infectious Diseases, Rio de Janeiro, 1998. 44. DE ARAUJO, M.E.I.; Fandinho, F.C.; Barreto, A.M.W.; Veloso, G.V.; Gristjen, B.; Lourenço, M.K.; Barroso, W.E.; Degrave, W.M. ; Suffys, P.N.– DNA fingerprinting of Mycobacterium tuberculosis from patients with and without AIDS in Rio de Janeiro. Braz. J. Med. Biol. Res., 31 (3): 369-372, 1998. 45. DALCOLMO, M.P.; Fortes, A.; Melo, F.F.; Motta, R; Ide Netto, J.; Cardoso, N.; Andrade. M; Barreto, A.M.W.; Gerhardt, G. Estudo de efetividade de esquemas alternativos para o tratamento da tuberculose multiresistente no Brasil. J. Pneumol., 25 (2):70-77, 1999. 46. GIACOMELLI, L.R.B.; Sespede, S.R.S.; Barreto, A.M.W.; Cardoso, C.L. Preliminary evaluation of survival of tubercle bacilli in heat-fixed sputum smears. Int. J. Tuberc. Lung Dis.,3 (Suppl. 1) S 109, 1999. 47. BRAGA, J.U.; Barreto, A.M.W.; Hijjar, M.A. Nationwide survey of tuberculosis drug resistance in Brazil. Int. J. Tuberc. Lung Dis.,3 (Suppl. 1) S 121, 1999. 48. DALCOLMO, M.P.; Fortes, A.; Seiscentos, M.; Cardoso N.; Andrade, M. e Barreto A.M.W. Patterns of multidrug resistance in Brazil. . Int. J. Tuberc. Lung Dis.,3 (Suppl. 1) S 120, 1999. 49. BRAGA, J.U.; Barreto, A.M.W.; Hijjar, M.A. Nationwide survey of tuberculosis drug resistance in Brazil: validity and reliability of research 50 measurements. Int. J. Tuberc. Lung Dis.,3 (Suppl. 1) S 165, 1999. 50. LOPES, M.L.; Nogueira, L.M.V.; Santana, Z.H.D.; Braga, J.U.; Barreto, A.M.W. Prevalênciada resistência do M. tuberculosis às drogas usadas no tratamento da tuberculose, Estado do Pará, Brasil. Rev.Soc. Bras. Med. Trop. 32 (Supl.1):403, 1999. 51. NEVES, M.M.C.; Martins, F.M.; Barreto, A.M.W. Avaliação da terceira amostra de escarro no diagnóstico da tuberculose pulmonar positiva. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. 52. CAMPOS, C.E.D.; R.F.M. Avaliação identificação de M. Congresso Brasileiro 1999. Silva, M.V.B.; Medeiros, da sonda genética para kansasii. Resumos do XX de Microbiologia, Salvador, 53. FREIXO, M.I.S.; Silva, M.G.; Barreto, A.M.W.; Ferreira, R.M.C.; Fonseca, L.S.; Saad, M.H.F. Avaliação do ETEST para teste de sensibilidade rápido do Mycobacterium tuberculosis. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. 54. OLIVEIRA, M.M.; Oeleman, M.A.C.; Barreto, A.M.W.; Rosseti, M.L.; Fonseca, L.S.; Vanderbirght, B.; Degrave, W.; Suffys, P.N. Detecção rápida de resistência contra rifampicina em cepas de Mycobacterium tuberculosis com Innolipa Rif Tb. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. 55. MARTINS, F.M.; Caldas, P.C. Barreto, A.M.W. Avaliação do antibiograma pelo método radiométrico para M. tuberculosis. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. 56. RIBEIRO, M.O; Martins, F.M.; Santos, L.M.; Borges, J.; Braga, J.U.; Silva, R.M.; Silva, M.V.B. Avaliação da qualidade dos antibiogramas para M. tuberculosis realizados na rotina do Laboratório Central do Rio Grande do Sul. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Conclusão Ao longo destes quinze anos as atividades do LTCRPHF permitiram desenvolver estudos de interesse para o controle da tuberculose no país, e, na área específica da rede de laboratórios do setor público, o trabalho concentrou-se na capacitação de recursos humanos para a manutenção e desenvolvimento das unidades e na introdução e no aprimoramento das técnicas fundamentais para o diagnóstico bacteriológico da tuberculose, com qualidade. As pesquisas realizadas em colaboração com estes laboratórios permitiram, além da geração de conhecimento específico, uma real integração com estas unidades. Com o propósito de aprofundar e ampliar nossas relações e assegurar a atualização do conhecimento científico, enviamos técnicos de nível superior para cursos e estágios em laboratórios de referência internacionais. Por outro lado, abrimos nossa instituição à supervisão de laboratórios estrangeiros. Finalmente, entendemos, de modo geral, que o trabalho destes quinze anos determinou a construção e consolidação das bases nas quais poderemos assentar os arrojados projetos com que esperamos oferecer nossa contribuição ao controle e posterior erradicação da tuberculose no Brasil. Agradecimentos Estes são os colegas que ajudaram e os que ainda continuam a construir este laboratório: Carlos Eduardo Dias Campos, Carlos Gil Janarella, Clara Leda Gonçalves Menezes, Gilberto Gonçalves de Oliveira, Ilma Roseira de Carvalho, Joselba Borges de Melo Araujo, Leandro Navarro de Oliveira, Leda Maria dos Santos, Marina de Azevedo Barbosa, Mariza Vilas-Bôas da Silva, Paulo Cesar Ambrosio, Paulo Cesar de Souza Caldas, Reginalda Ferreira de Melo Medeiros, Vergínia dos Santos. 51 OFICINA DE TRABALHO PARA A DEFINIÇÃO DE LINHAS DE INVESTIGAÇÃO PRIORITÁRIAS PARA A PNEUMOLOGIA SANITÁRIA1 RELATÓRIO FINAL José Ueleres Braga2 Relator 1. Pesquisa no âmbito do CRPHF/FUNASA Pela manhã foram apresentadas as diretrizes e prioridades de pesquisa do CRPHF pelo Dr. Miguel Aiub Hijjar. Além de uma apresentação sumária das atividades de investigação realizadas na instituição, o diretor apontou o processo de transformação que esta unidade experimenta e que resultará na criação do Centro de Excelência para o Controle da Tuberculose no Brasil. O Dr. José Ueleres Braga informou aos participantes as atribuições do serviço de pesquisa e como ocorre na prática o apoio às investigações realizadas pelo CRPHF e com a participação dessa instituição. Também foi comentada uma estratégia de capacitação de curta duração específica para a pesquisa clínica e epidemiológica em tuberculose que este ano treinou 20 técnicos de todo o país. Em seguida, o Dr. Antônio Ruffino Netto fez uma apresentação sobre os modelos de investigação mais adequados para as pesquisas operacionais úteis para o aperfeiçoamento das estratégias de controle das pneumopatias de interesse sanitário. Ele destacou que no campo da pneumologia sanitária devem ser selecionadas questões de investigação que permitam o aperfeiçoamento das estratégias de controle da tuberculose. Também foi enfatizada, a importância da escolha de ferramentas metodológicas adequadas às perguntas que devem ser enfrentadas pela investigação científica. A Dra. Ana Rosa dos Santos expôs a visão da Coordenação de Laboratórios de Saúde Pública quanto à realização de investigações no âmbito dos laboratórios que fazem o diagnóstico da tuberculose no Brasil. Ela discutiu o estímulo aos técnicos do laboratório decorrente do envolvimento em investigações científicas. Também foram ressaltadas a importância e a necessidade de avaliar novas ferramentas diagnósticas para o controle das pneumopatias. A Dra. Maria Regina F. de Oliveira apresentou as condições em que se dão os apoios técnicos e financeiros da FUNASA para realizações de pesquisa tanto no âmbito das unidades próprias como nas demais instituições que praticam a investigação científica no país. Ressaltou-se a importância das unidades descentralizadas da FUNASA que desenvolvem estas atividades. A última apresentação da manhã contemplou um exemplo de como uma unidade descentralizada da FUNASA conseguiu consolidar seu nome entre uma das mais importantes instituições de pesquisa na saúde pública do Brasil. O Dr. Jorge Travassos também relatou as estratégias que a unidade tem usado para superar as dificuldades de manter o número de pesquisas desenvolvidas naquela unidade. Por último, ocorreu um debate, onde os participantes questionaram os apresentadores sob os mais variados aspectos. Entretanto, discutiu-se basicamente como as instituições representadas poderiam apoiar as iniciativas de pesquisadores interessados nas questões relevantes para a tuberculose. Uma importante participação neste debate teve o Dr. Germano Gerhardt Filho que apresentou a experiência do projeto QTROP e a proposta de apoio ao desenvolvimento de pesquisas em tuberculose. Ele referiu-se à necessidade do trabalho de parceria entre instituições públicas, universidades e organizações não governamentais para acelerar a produção do conhecimento necessário ao controle das pneumopatias de importância sanitária. _______________________________________________________________________________________________________________________________ 1 - Rio de Janeiro, 7 e 8 de dezembro de 1999 2 – Médico Epidemiologista - CRPHF Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ 2. Experiência dos grupos e pesquisadores do Brasil concordou em eleger algumas áreas/projetos como prioritários. 2.1.1 Resistência às drogas anti-tuberculose A apresentação das experiências dos grupos de pesquisadores visou o reconhecimento dos objetos de investigação das instituições que participaram do encontro. Esta comunicação possibilitou o debate para a escolha das áreas temáticas que seriam consideradas prioritárias para a pesquisa das pneumopatias de interesse sanitário. Foram apresentados projetos de abrangência nacional como o inquérito realizado em 13 Estados brasileiros cuja fase de campo foi concluída em 1996, da prevalência em indivíduos infectados pelo HIV e até a identificação de fatores associados à multirresistência. Os pesquisadores representaram instituições de diversas naturezas e com diferentes experiências em investigação. Por conseqüência, o coordenador dos debates considerou estratégico começar pela exposição resumida dos projetos de pesquisa de interesse de cada grupo. Após esta fase, foi possível agrupar os projetos de investigação relatados, por áreas, para enfim iniciar uma discussão sobre a relevância de cada área temática ou projetos de uma área frente ao conhecimento disponível para o programa/agenda de investigação do tema. Quanto à realização de um novo inquérito nacional no ano 2000, o grupo concluiu após intensa discussão que deveríamos repetir a experiência apenas em meados desta década, pois trata-se de uma grande mobilização de recursos que hoje deveriam ser provisoriamente desviados para outras questões de investigação. No entanto, o grupo considerou prioritárias as pesquisas que visam estimar a magnitude deste fenômeno em indivíduos infectados pelo HIV, pelo provável impacto epidemiológico conseqüente a uma elevada prevalência. 2.1 Áreas de investigação apresentadas Foram relacionadas as seguintes áreas temáticas para debate: (1) resistência às drogas anti-tuberculose; (2) tratamento quimioterápico da tuberculose; (3) métodos diagnósticos da tuberculose; (4) critérios diagnósticos para micobacterioses; (5) farmacodinâmica das drogas anti-tuberculose; (6) tuberculose das populações penitenciárias; (7) tuberculose em populações indígenas; (8) tuberculose nosocomial; (9) infecções virais (HIV/HTLV) associadas à tuberculose; (10) vacina BCG; (11) comportamento epidemiológico da tuberculose; (12) estudos de transmissão da tuberculose pela técnica de "finger print"; (13) determinantes ambientais das pneumopatias ocupacionais e (14) tratamento padronizado da asma. Para cada uma área temática, procedeu-se inicialmente à leitura dos títulos dos projetos e seus respectivos autores comentaram seus objetivos e justificaram o interesse institucional. Em seguida, os demais participantes opinaram sobre o conhecimento já disponível sobre o assunto, a relevância do propósito do projeto frente a outras questões de investigação mais urgentes. Ao final, o grupo Em relação ao estudo dos fatores associados à multirresistência, considera-se que um volume grande de estudos já foi realizado e que aparentemente não há motivos para crer que os resultados não possam ser generalizados para a população brasileira. 2.1.2 Tratamento quimioterápico da tuberculose Foram abordados vários aspectos do tratamento desde o valor terapêutico de uma variante do esquema RHZ, com dose reduzida de isoniazida até, tratamento para indivíduos com doença hepática vigente ou prévia. Os estudos terapêuticos julgados prioritários incluem a determinação da: (1) eficácia do esquema RHZ modificado com dose reduzida de H; - (2) eficácia do esquema SHM em pacientes infectados pelo HIV e usando inibidores de protease; (3) eficácia dos esquemas SHM, SOM e SEM para pacientes com hepatopatias e (4) efetividade do esquema III modificado. Quanto à avaliação dos resultados do tratamento da tuberculose multirresistente aninhado ao projeto de vigilância epidemiológica coordenado 53 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ pelo CRPHF, considerou-se a necessidade da avaliação global do sistema de vigilância. Entretanto, foi insinuado a possibilidade de ensaios clínicos randomizados estratificados para subgrupos especiais (sugestão do Dr. Ruffino Netto). envolvimento de vários centros de pesquisa no Brasil, o grupo reconheceu esta como uma investigação prioritária. 2.1.5 Farmacodinâmica das drogas anti-tuberculose Com relação ao estudo da efetividade da estratégia de tratamento supervisionado (DOTS) na população urbana, não houve consenso quanto a dar prioridade a esse tipo de investigação já que um estudo de eficácia e da relação custo-benefício foi concluído recentemente em duas capitais brasileiras. Foram apresentados dois projetos de investigação que podem ser considerados desta área. O primeiro se refere ao estudo dos distúrbios de absorção das drogas usadas no tratamento convencional dos pacientes com giardíase; o segundo, à avaliação da bioequivalência dos medicamentos disponíveis para o tratamento da tuberculose no Brasil. 2.1.3 Métodos diagnósticos da tuberculose Entre as propostas de investigação mais discutidas sobre métodos diagnósticos da tuberculose, destacou-se a da reação da polimerase em cadeia (PCR) dos ácidos nucleicos do M. tuberculosis. Apesar de vários pesquisadores indicarem interesse nesta técnica laboratorial, foi comunicado que um número suficiente de pesquisas já foi realizado para estimar a acurácia deste exame. No entanto, concluiuse que estudos meta-analíticos que sumarizem o conhecimento acumulado seriam de grande valia. O recurso diagnóstico considerado prioritário para a investigação refere-se aos testes para o diagnóstico da tuberculose resistente à rifampicina. Esta investigação deveria ser fortemente estimulada por todas as instituições presentes. Outro tipo de investigação considerada prioritária é aquela relativa à avaliação da qualidade dos exames usados no diagnóstico da tuberculose no Brasil. O estudo da confiabilidade dos exames baciloscópicos representa este grupo de investigações, pois além de produzir um diagnóstico da situação da rede laboratorial, permite a avaliação de qualquer medida para mudar este quadro que poderá ser implementada. Sobre este último projeto, os participantes consideraram que a avaliação da bioequivalência deveria ser atividade rotineira, em vez de uma investigação isolada, e de responsabilidade de instituições como o INCQS da FIOCRUZ. Já em relação ao primeiro projeto, considerou-se que apesar de sua importância outras investigações discutidas são consideradas mais prioritárias. 2.1.6 Tuberculose das populações penitenciárias A ocorrência de tuberculose em populações institucionais tem ganhado importância com a divulgação de surtos entre os indivíduos que convivem em intensa aglomeração. Por isto, foi discutido a necessidade de investigações que caracterizem a magnitude da doença nestes grupos humanos no Brasil. A população carcerária apresenta elevada prevalência de infecção pelo HIV, talvez por isto em todo o mundo esta população já tenha experimentado vários surtos de tuberculose multirresistente. A caracterização da magnitude, sua dinâmica e as repercussões na população em geral são as questões que a oficina julgou como de maior importância. Entretanto, o grupo entendeu que esta investigação deve abranger apenas algumas áreas urbanas mais densas. 2.1.4 Critérios diagnósticos para micobacterioses As dificuldades do diagnóstico das micobacterioses justificam a realização de investigações com objetivo de identificar um modelo de predição baseado nos vários recursos diagnósticos já disponíveis. Ainda considerando a necessidade do 54 2.1.7 Tuberculose das populações indígenas A determinação da prevalência da tuberculose nas populações indígenas brasileiras não tem sido suficientemente documentada no Brasil, a Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ ponto que, de vez em quando, aparece na imprensa leiga denúncias da ocorrência de surtos entre os índios. Na maioria das vezes os erros diagnósticos não justificam os "pseudo surtos". Esta reunião recomendou fortemente a adoção de medidas que melhorem o diagnóstico nas áreas indígenas, até para preparar as condições para que investigações possam se desenvolver nestas regiões. Paralelamente, o grupo de pesquisadores da região amazônica se ocupa em definir questões específicas para a caracterização do adoecimento por tuberculose nestes indivíduos. considerados. Daí a recomendação de que se investigue prioritariamente as populações onde este impacto possa ser mais evidente. A deterioração do sistema imune também presente na infecção pelo HTLV tem justificado a atenção dada ao estudo da relação desta condição mórbida com a tuberculose. A medida que novos conhecimentos são gerados sobre a prevalência dessa infecção viral e sua relação com a ocorrência da tuberculose, novas hipóteses são apontadas para justificar a condição de endemia da tuberculose em nosso meio. Estudos sobre os mecanismos imunológicos desta associação fortalecem esta hipótese. 2.1.8 Tuberculose nosocomial A transmissão da doença no ambiente hospitalar, os estados nutricional e imunológico dos indivíduos internados e as condições de biossegurança têm justificado o interesse crescente neste tipo de adoecimento por tuberculose. Neste cenário, quando o paciente é um funcionário da unidade de saúde, a doença passa a ser enfocada pela ótica das doenças ocupacionais. Ainda existem muitas lacunas no conhecimento da tuberculose nosocomial, que incluem desde a identificação dos fatores ou situações de elevado risco para a transmissão e o adoecimento nos hospitais, até a determinação da efetividade de medidas profiláticas já utilizadas no Brasil. Esta área de investigação tem recebido atenção de pesquisadores de todo o mundo e esta oficina corrobora a condição de prioridade para sua investigação. 2.1.9 Infecções virais (HIV/HTLV) associadas à tuberculose A associação entre as infecções pelo HIV e pelo M. tuberculosis, já foi documentada em estudos realizados em quase todo o país. Ainda assim, ela tem motivado alguns investigadores ávidos em caracterizar a influência da epidemia da infecção pelo HIV no comportamento epidemiológico da tuberculose em várias regiões brasileiras. Faz sentido que a superposição dessas duas doenças possa produzir impacto diferente na dependência da prevalência de ambas na população. Entretanto, acredita-se que o comportamento da tuberculose se justifica por inúmeros outros fatores que devem ser 2.1.10 Vacina BCG O questionamento dos profissionais da saúde quanto à efetividade da segunda dose da vacina BCG possibilitou a realização de um ensaio de campo sobre intervenção de grande porte no Brasil. Entretanto, a elucidação da relação dessa vacina com outras doenças como a asma ainda tem inquietado a comunidade científica. Por isto, estudos que possibilitem a avaliação do impacto da revacinação na prevalência destas enfermidades são encorajados. Na medida em que são realizados estudos observacionais multicêntricos, com logística complexa e com grandes tamanhos amostrais é possível gerar e difundir um conhecimento sobre metodologias de investigação bastante interessante. Exemplo dessa situação ocorreu no estudo dos eventos adversos decorrentes da revacinação BCG em escolares de Manaus. Nesta investigação foi avaliada a efetividade de uma estratégia de baixo custo para aumentar a captação de eventos adversos que poderia ser utilizada em outras investigações deste tipo. 2.1.11 Comportamento tuberculose epidemiológico da As explicações para as diferenças entre as taxas de notificação e mortalidade por tuberculose das diversas regiões brasileiras não satisfazem à maioria dos nossos pesquisadores. A redução da velocidade de queda nos índices de notificação e até uma provável mudança dessa tendência de redução 55 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ documentada em algumas cidades brasileiras também não se explicam exclusivamente pelo impacto da epidemia pelo HIV. Na verdade, ainda há muito para ser compreendido sobre o comportamento epidemiológico da tuberculose nas regiões brasileiras. Por isto, alguns pesquisadores têm advogado a favor da realização de estudos epidemiológicos metodologicamente bem concebidos para aumentar o nosso conhecimento sobre o assunto. Esta é a solicitação dos pesquisadores ligados aos núcleos macrorregionais da coordenação de controle da tuberculose brasileira. 2.1.12 Estudos de transmissão da tuberculose pela técnica de "Finger print" O desenvolvimento de técnicas laboratoriais baseadas na análise de material genético tem possibilitado esclarecer algumas dúvidas consideradas insolúveis anteriormente. É o caso do esclarecimento da transmissão dos bacilos da tuberculose em indivíduos que convivem em uma mesma área. Esta situação permite estimar taxas de transmissão para indivíduos com supostos riscos elevados de infecção e ao mesmo tempo conhecer as cadeias de transmissão e suas características. A possibilidade de realizar tais estudos justifica o caráter prioritário designado aos estudos da epidemiologia molecular sobre a tuberculose. A técnica do "finger print" já realizada em alguns laboratórios nacionais possibilitará esclarecer os riscos de infecção e adoecimento entre contatos dos casos bacilíferos de tuberculose. 2.1.14 Tratamento padronizado da asma Apesar do esforço das sociedades clínicas (pneumologia, alergologia) em definir critérios para o manejo terapêutico dos pacientes asmáticos no Brasil, pouco tem sido feito para avaliar essas estratégias padronizadas de intervenção. Assim, a ausência desse conhecimento científico impõe a condição de prioridade para a pesquisa. 2.2 Áreas de investigação prioritárias As propostas de investigação consideradas prioritárias estão apresentadas por área. I Resistência às drogas anti-tuberculose (1) Inquérito de resistência às drogas anti-tuberculose em infectados pelo HIV II Tratamento quimioterápico da tuberculose (2) Eficácia do esquema RHZ modificado com dose reduzida de H (3) Eficácia do esquema SHM em pacientes infectados pelo HIV e usando inibidores de protease (4) Eficácia dos esquemas SHM, SOM e SRM para pacientes com hepatopatias (5) Efetividade do esquema III modificado III Métodos diagnósticos da tuberculose (6) Estudo meta-analítico diagnóstico da tuberculose 2.1.13 Determinantes ambientais das pneumopatias ocupacionais As pneumopatias ocupacionais ainda não tiveram sua magnitude suficientemente estimada. Ainda são necessários estudos que esclareçam os fatores mais importantes na gênese das pneumopatias que acometem os trabalhadores brasileiros. Esse conhecimento permitiria que os planejadores de saúde elaborassem estratégias para prevenção destes agravos. A investigação nesta área de conhecimento ainda é pouco estimulada, por isso ela é considerada prioritária. 56 do PCR para o (7) Estudo de confiabilidade da baciloscopia no Brasil IV Critérios diagnósticos para micobacterioses (8) Modelo de predição das micobacterioses baseados em achados clínicos e laboratoriais V Farmacodinâmica das drogas anti-tuberculose (9) Estudo dos distúrbios de absorção das drogas usadas no tratamento da tuberculose no Brasil Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ VI Tuberculose das populações penitenciárias XIV Tratamento padronizado da asma (10) Inquérito das infecções pelo HIV e pelo M. tuberculosis e da morbidade por tuberculose em populações carcerárias (20) Efetividade do tratamento da asma no Brasil. 3. Conclusões VII Tuberculose em populações indígenas (11) Estudos de prevalência da tuberculose em indígenas brasileiros VIII Tuberculose nosocomial (12) Estudo das situações de risco para a transmissão e o adoecimento por tuberculose no âmbito hospitalar IX Infecções virais (HIV/HTLV) associadas à tuberculose (13) Prevalência da infecção pelo HTLV entre pacientes com tuberculose (14) Prevalência da infecção pelo HIV entre pacientes com tuberculose em áreas com elevada prevalência da AIDS e tuberculose (15) Estudo dos mecanismos imunológicos da associação entre as infecções pelo HTLV e o M. tuberculosis X Vacina BCG (16) Efetividade da revacinação BCG em escolares do Brasil XI Comportamento epidemiológico da tuberculose (17) Estudo do comportamento epidemiológico da tuberculose no Brasil XII Estudos de transmissão da tuberculose pela técnica de "finger print" (18) Estudo da transmissão da tuberculose resistente aos contatos domiciliares XIII Determinantes ambientais das pneumopatias ocupacionais (19) Estudo dos fatores de risco ambientais para as pneumopatias ocupacionais Graças ao esforço de importantes pesquisadores brasileiros que atuam na área da pneumologia sanitária foi possível mapear as pesquisas (áreas, temas, projetos) prioritárias. Estas investigações foram selecionadas com base nos recursos físicos e humanos das universidades e outras instituições que deverão enfrentar estas questões através de parcerias que se estabelecerão a partir de agora. A formação desta rede de pesquisadores é condição fundamental para que o país adquira maturidade na investigação científica da tuberculose e demais pneumopatias de interesse sanitário. 4. Participantes Os participantes desta oficina foram: Ana Rosa dos Santos Angela Maria Werneck Barreto Anilda Maria de Brito Cysne Antônio Anselmo Bentes de Oliveira Antonio Ruffino Netto José Ueleres Braga Jorge Travassos Maria José Procópio R. de Oliveira Maria Regina F. de Oliveira Maurício Lima Barreto Miguel Aiub Hijjar Roberto Campelo Cid Gomes Valéria Goes Fidelis V. Muller Berneck Eva Teresa Skazufka Pedro Dornelles Picon Norma Forastieri Sandra Costa Fonseca Margareth Pretti Dalcolmo Andréa Fortes 57 CONTROLE DA TUBERCULOSE NO BRASIL ATIVIDADES IMPLEMENTADAS EM 1999 Antonio Ruffino Netto1 No transcorrer de 1999, todos os esforços foram feitos no sentido de implementar o Plano Nacional de Controle da Tuberculose (PCT) bem como elaborar um Plano Nacional de Controle da Asma (PCA). Controle da tuberculose Revisão do Manual de Normas A Coordenação Nacional de Pneumologia Sanitária (CNPS), contou com a colaboração do Comitê Técnico Científico de Assessoramento à Tuberculose, constituído pelos seguintes especialistas pertencentes a universidades e instituições do sistema de saúde: Afranio Lineu Kritski, Fernando Augusto Fiuza de Melo, Germano Gerhardt Filho, Gilmário Mourão Teixeira, Jorge de Barros Afiune, José Rosemberg, Margarida Maria Mattos Brito de Almeida, Miguel Aiub Hijjar, Valry Bitencourt Ferreira e Werner Paul Ott. Este Comitê se reuniu seis vezes durante o ano e teve como tarefa principal rever o Manual de Normas para o Controle da Tuberculose. A revisão foi concluída, ficando a redação final e edição para o próximo exercício. Congressos, reuniões, eventos A Coordenação participou de 12 congressos e/ou reuniões, no Brasil e no exterior, apresentando temas, integrando mesas-redondas, simpósios, etc. Fez parte, também, de 4 Bancas Examinadoras de Dissertação de Mestrado ou de Doutorado, em geral, envolvendo temas pertinentes à Pneumologia Sanitária. No período de 29 de junho a 2 de julho, ocorreu o “II Meeting Stop Tb Initiative” promovido pela Organização Mundial de Saúde, em Casablanca, Marrocos, que reuniu os 22 países que albergam 80% dos casos estimados de tuberculose no mundo, com a finalidade de conhecer a situação dessa endemia e discutir pesquisas de ordem operacional. A CNPS foi convidada e participou da reunião. Nos dias 7 e 8 de julho, teve lugar em Brasília a “Reunião Stop Tb Initiative” promovida pela Organização Panamericana da Saúde. Foram convidados para o evento os coordenadores dos Programas de Controle da Tuberculose do Brasil, México, Peru, Bolívia, Equador, República Dominicana, Haiti e Honduras. A reunião teve como objetivo discutir a situação atual dos PCT destes países, focalizando os principais pontos de entrave, os pontos positivos e as necessidades. A Coordenação Nacional de Pneumologia Sanitária e a Coordenação Nacional de Dermatologia Sanitária (CNDS) promoveram o “Seminário Nacional Novas Formas de Gerenciamento das Doenças Transmissíveis: Tuberculose e Hanseníase” em Belém, Pará, de 3 a 6 de outubro. Todos os Estados da União participaram, enviando os coordenadores dos programas respectivos, os da rede de laboratórios e, também, os responsáveis pelo Setor de Planejamento das Secretarias Estaduais de Saúde. Nesta reunião, além de temas específicos, foi feita a avaliação geral do controle da tuberculose e da hanseníase no Brasil. Nos dias 24 de março e 17 de novembro, foram realizadas atividades comemorativas do Dia Mundial e Dia Nacional de Combate à Tuberculose, respectivamente. Avaliação do impacto das estratégias Os casos de tuberculose notificados no Brasil em 1998, encontram-se na tabela 1. ________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 - Coordenador Nacional de Pneumologia Sanitária Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Tabela 1 - Tuberculose - distribuição de casos novos notificados e coeficientes de incidência Unidades Federadas, Brasil - 1998 UF Macrorregião BRASIL NORTE RONDÔNIA ACRE AMAZONAS RORAIMA PARÁ AMAPÁ TOCANTINS NORDESTE MARANHÃO PIAUÍ CEARÁ R.G DE.NORTE PARAÍBA PERNAMBUCO ALAGOAS SERGIPE BAHIA SUDESTE MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO RIO DE SÃO PAULO SUL PARANÁ SANTA RIO G. DO SUL CENTRO-OESTE MATO G. DO SUL MATO GROSSO GOIÁS DISTRITO Pulmonar Bacilífera 43554 4389 302 82 1302 111 2190 199 203 12189 1581 772 2167 666 717 1045 627 399 4215 19994 3672 947 6135 9240 4952 1230 832 2890 2030 465 652 606 307 Total * 71188 5797 496 156 1735 177 2690 200 343 21673 2908 1172 3286 1129 1354 3463 889 537 6935 33101 4825 1244 11455 15577 7337 2142 1205 3990 3280 818 1072 881 509 Extra pulmonar Todas formas População Coeficiente de incidência (p/ 100.000 habitantes) 11743 608 42 20 277 29 205 15 20 2750 151 225 350 111 193 588 135 77 920 5891 1072 253 1764 2802 1928 432 339 1157 566 103 144 171 148 82931 6405 538 176 2012 206 2895 215 363 24423 3059 1397 3636 1240 1547 4051 1024 614 7855 38992 5897 1497 13219 18379 9265 2574 1544 5147 3.846 921 1216 1052 657 161.790.311 11.868.725 1.276.173 514.050 2.520.684 260.705 5.768.476 420.834 1.107.803 45.811.342 5.356.853 2.714.999 7.013.376 2.624.397 3.353.624 7.523.755 2.688.117 1.684.953 12.851.268 68.961.343 17.100.314 2.895.547 13.681.410 35.284.072 24.154.080 9.258.813 5.028.339 9.866.928 10.994.821 1.995.578 2.331.663 4.744.174 1.923.406 Bacilífera Total pulm Extra pulm. T. formas 26,9 44,0 7,3 51,3 37,0 48,8 48,8 54,0 23,7 38,9 3,3 42,2 16,0 30,3 3,9 34,2 51,7 68,8 11,0 79,8 42,6 67,9 11,1 79,0 38,0 46,6 3,6 50,2 47,3 47,5 3,6 51,1 18,3 31,0 1,8 32,8 26,6 47,3 6,0 53,3 29,5 54,3 2,8 57,1 28,4 43,2 8,3 51,5 30,9 46,9 5,0 51,8 25,4 43,0 4,2 47,2 21,4 40,4 5,8 46,1 13,9 46,0 7,8 53,8 23,3 33,1 5,0 38,1 23,7 31,9 4,6 36,4 32,8 54,0 7,2 61,1 29,0 48,0 8,5 56,5 21,5 28,2 6,3 34,5 32,7 43,0 8,7 51,7 44,8 83,7 12,9 96,6 26,2 44,1 7,9 52,1 20,5 30,4 8,0 38,4 13,3 23,1 4,7 27,8 16,5 24,0 6,7 30,7 29,3 40,4 11,7 52,2 18,5 29,8 5,1 35,0 23,3 41,0 5,2 46,2 28,0 46,0 6,2 52,2 12,8 18,6 3,6 22,2 16,0 26,5 7,7 34,2 *AP, Dados estimados Pop. IBGE Fonte: ATPS/DGPE/SPS/MS ** RIO DE JANEIRO - Foram incluídos 516 casos de TB pulmonar +, extra pulmonar e 93 casos ignorados, no total de A avaliação do impacto das estratégias definidas pelo novo Plano Nacional de Controle da Tuberculose, já apresenta uma idéia de seu andamento, embora não se tenha a consolidação dos dados do ano de 1999 para todos os estados, nem mesmo para aqueles que apresentaram a informação. Um dos objetivos do plano era intensificar a busca de casos através do exame dos sintomáticos respiratórios (SR). Para estimular tal estratégia, foi aumentado o preço da baciloscopia a ser pago pelo Ministério aos Serviços de Saúde. Na tabela 2 e gráfico 1 tem-se a distribuição das baciloscopias efetuadas e dos serviços que solicitaram o ressarcimento. Como se observa, no mês de junho, apenas 10 Estados o reivindicaram; em julho este número aumentou para 18 e assim sucessivamente, até que em dezembro todas as unidades da Federação já o tinham feito. Destaque-se que, neste mês de dezembro, o Estado de São Paulo foi o que mais fez baciloscopia, seguido do Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e Paraíba. No ano de 1996 foram realizadas, no país, 265.723 baciloscopias para diagnóstico de tuberculose. Dado que em dezembro de 1999 o número de baciloscopias efetuadas foi de cerca de 50.000, se a tendência continuar a mesma, é de se prever a feitura de, pelo menos, umas 600.000 para o ano seguinte, ou seja, estaríamos aumentando o número em 334.277 ou 226%. Isto significaria aumentar o percentual de SR examinados, de 13% observado em 1977, para 30% 59 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Tabela 2 - Distribuição de baciloscopias feitas para diagnóstico segundo a Unidade da Federação e o tempo – Brasil UF/Macrorregião BRASIL NORTE RONDÔNIA ACRE AMAZONAS RORAIMA PARÁ AMAPÁ TOCANTINS NORDESTE MARANHÃO PIAUÍ CEARÁ R.GDE.NORTE PARAÍBA PERNAMBUCO ALAGOAS SERGIPE BAHIA SUDESTE MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO RIO DE JANEIRO SÃO PAULO SUL PARANÁ SANTA RIO G. DO SUL CENTRO-OESTE MATO G. DO SUL MATO GROSSO GOIÁS DISTRITO Baciloscopias feitas Ano - 1996 265723 53964 5431 5876 20029 1020 16964 3116 1528 128182 22025 10663 29071 Média mensal Baciloscopias feitas em Jun/99 Jul/99 5247 55 7372 219 2606 452 489 9845 341 2 13081 778 3 23 90 23 67 387 254 11 85 1453 Ago/99 Set/99 Out/99 Nov/99 Dez/99 15366 1611 6 410 450 216 191 127 8844 55 1161 118 2498 249 4243 111 4380 888 2422 447 669 716 709 1451 17 220 1475 268 57 46 2423 423 94 143 1763 2287 1916 177 194 551 99 439 13 581 1201 338 4408 157 775 1127 575 1274 154 560 35 5349 783 143 222 4201 1917 1626 213 78 657 110 286 869 857 202 352 69 6853 835 130 508 5380 1531 1128 300 103 963 83 809 261 71 17774 9651 2091 6302 30605 2388 1481 804 174 525 2550 199 2388 199 40556 8838 11499 20219 40633 7987 13808 6691 12147 3348 736 928 1684 3384 665 1150 557 1012 598 116 430 424 6 3578 3431 49 98 23 23 3 969 92 49 1936 770 16 6 1144 2662 2417 144 101 57 49 8 36624 4529 679 137 699 571 1973 29 441 7691 344 205 205 508 1127 2285 634 274 2109 15473 5143 936 1134 8260 6163 2542 1683 1938 2768 387 1504 264 613 48232 6135 887 250 1624 72 2514 429 359 15585 1522 433 4180 410 2783 2785 512 546 2414 17985 2914 902 1159 13010 5892 2287 1626 1979 2635 345 1514 388 388 Gráfico 1 - Baciloscopias efetuadas para diagnóstico da tuberculose, segundo os meses – Brasil - 1999 Baciloscopias realizadas 48.232 36.624 15.366 13.081 9.845 7.372 5.247 Junho Julho Fonte: ATPS/DGPE/SPS/MS 60 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Jan/00 35285 2208 239 431 0 81 882 72 503 14969 1119 639 3491 1236 1091 4918 133 414 1928 11327 1062 1019 1314 7932 4918 2015 1135 1768 1863 283 1108 67 405 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Roraima, Tocantins, Piauí, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, Espirito Santo e Goiás. Nas tabelas 3 e 4 são apresentados os casos notificados em 1999, total e pulmonares com baciloscopia positiva, respectivamente, em alguns Estados do Brasil. Embora o aumento das baciloscopias tenha ocorrido de modo desigual nos diferentes Estados, é possível se constatar, apesar da fragilidade destes dados, que houve um crescimento das notificações, comparando o 2º semestre com o 1º, nos seguintes Estados: Rondônia, Amazonas, No período de 1977/97 (20 anos) o percentual de abandono do tratamento de tuberculose esteve sempre ao redor de 14%. O ano de 1998 foi o primeiro a registrar uma queda dessa taxa que passou a ser de 12% Tabela 3 - Distribuição dos casos de tuberculose - todas as formas – notificados em 1999, segundo regiões e trimestres. UF Macrorregião BRASIL NORTE RONDÔNIA ACRE AMAZONAS RORAIMA PARÁ AMAPÁ TOCANTINS NORDESTE MARANHÃO PIAUÍ CEARÁ R.GDE.NORTE PARAÍBA PERNAMBUCO ALAGOAS* SERGIPE BAHIA SUDESTE MINAS GERAIS * ESPÍRITO SANTO RIO DE JANEIRO * SÃO PAULO SUL PARANÁ * SANTA CATARINA RIO G. DO SUL CENTRO-OESTE MATO G. DO SUL MATO GROSSO GOIÁS DISTRITO FEDERAL Trimestre - 1999 1º 13720 931 155 103 515 27 62 69 4598 309 806 272 314 720 279 162 1736 5759 1332 357 4070 1535 383 1152 897 214 286 237 160 2º 13401 990 168 94 549 51 63 65 4751 304 830 253 351 828 256 129 1800 5274 1283 458 3533 1449 362 1087 937 219 335 227 156 3º 11522 1061 179 106 604 77 44 51 4678 297 866 245 348 765 288 1869 3366 1106 380 1880 1499 332 1167 918 228 286 254 150 Total 4º 5508 349 130 65 46 39 69 459 310 149 4374 4044 330 0 326 164 162 56439 3331 632 368 1668 201 0 208 254 14486 0 1220 2502 770 1013 2313 972 291 5405 28639 7765 1525 9866 9483 6905 2422 1077 3406 3078 661 1071 718 628 Obs. Os Estados do Rio de Janeiro e Paraná, só enviaram total geral * Dados provisórios 04/04/00 61 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Tabela 4 - Distribuição dos casos de tuberculose - forma bacilífera notificados em 1999, segundo regiões e trimestre UF/Macrorregião BRASIL NORTE RONDÔNIA ACRE AMAZONAS RORAIMA PARÁ AMAPÁ TOCANTINS NORDESTE MARANHÃO PIAUÍ CEARÁ R.GDE.NORTE PARAÍBA PERNAMBUCO ALAGOAS * SERGIPE BAHIA SUDESTE MINAS GERAIS * ESPÍRITO SANTO RIO DE JANEIRO * SÃO PAULO SUL PARANÁ * SANTA CATARINA RIO G. DO SUL CENTRO-OESTE MATO G. DO SUL MATO GROSSO GOIÁS DISTRITO FEDERAL Trimestre - 1999 1º 7422 556 82 74 306 17 42 35 2550 153 506 135 161 395 168 108 924 3001 751 231 2019 844 200 644 471 113 150 137 71 2º 7186 563 89 57 323 20 36 38 2619 176 511 125 172 475 144 75 941 2754 748 277 1729 799 181 618 451 102 159 124 66 3º 6405 638 101 72 367 43 21 34 2627 163 540 137 185 474 162 966 1866 644 244 978 810 173 637 464 107 135 151 71 Total 4º 3052 245 109 33 28 29 46 254 174 80 2385 2171 214 168 97 71 30002 2002 381 236 996 108 0 128 153 8050 0 666 1557 397 518 1344 554 183 2831 14752 4314 966 4746 4726 3644 1191 554 1899 1554 322 541 412 279 Os Estados do Rio de Janeiro e Paraná só enviaram total geral provisórios * Dados provisórios A tabela 5 apresenta a distribuição da implantação do tratamento supervisionado nos Estados. Observamos que de um total de 26.821 Unidades de Saúde do setor público, em 7.419 delas existe o PCT. Destas, em 672 Unidades (672/7419 = 0,09 ou seja 9%) a estratégia já está implantada. Nesta tabela estão faltando as informações dos Estados do Pará, Maranhão, Bahia, Minas Gerais, Espirito Santo e Rio de Janeiro. setembro, estes números vinham crescendo. Portaria do Ministério da Saúde publicada no mês de setembro, transferindo o valor do bônus para o teto dos Municípios, determinou uma alteração na tendência da sua reivindicação. Entretanto, a partir de dezembro, foi refeita a Portaria e novamente aumentaram as solicitações, chegando a 24 o número de Estados que, neste mês, pediu o bônus. Até então não haviam solicitado os Estados do Acre, Amapá, Rondônia e Rio Grande do Norte. Políticas estimuladoras da adesão ao tratamento Quanto à distribuição dos bônus para os casos submetidos a tratamento e curados, esta pode ser vista na tabela 6 e gráfico 2. Nos meses de junho a 62 Na tabela 7 são apresentadas as estimativas de custos com a implementação da Portaria que previa a distribuição dos bônus. Para sua elaboração, foram utilizados os casos notificados em 1997. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Tabela 5 - Tratamento supervisionado já implantado – 1999 UF Macrorregião Nº Municípios Nº de Unidades Nº de Unidades com DOTS de Saúde/ Setor de Saúde com Público 1998 PCT 1998 1 NORTE AMAPÁ RORAIMA AMAZONAS ACRE RONDÔNIA PARÁ CENTRO-OESTE TOCANTINS MATO GROSSO MATO G. SUL GOIÁS D.FEDERAL NORDESTE MARANHÃO PIAUÍ CEARÁ R.G. NORTE PARAÍBA PERNAMBUCO ALAGOAS SERGIPE BAHIA SUL/SUDESTE MINAS GERAIS ESP. SANTO RIO DE JANEIRO SÃO PAULO PARANÁ STA. CATARINA RIO G. SUL * TOTAL GERAL Nº de Unidades de % Cobertura % Cobertura Saúde com PCT e DOTS em DOTS em DOTS relação a US do relação a US com Setor Público o PCT 5 6 = 6/4 7= 6/5 2 3 4 1 5 1 0 0 220 114 565 326 748 1.129 30 18 120 30 32 580 1 9 1 0 0 0,5 7,8 0,1 - 3,3 50,0 0,8 - 28 58 4 4 1 349 673 370 622 96 131 159 190 212 40 31 77 11 5 2 8,8 11,4 2,9 0,8 2,0 23,6 48,4 5,7 2,3 5,0 13 19 87 10 1 1 19 1049 1800 876 963 1542 695 469 2650 131 250 262 140 185 113 108 344 16 22 208 11 24 5 22 1,5 1,2 23,7 1,1 1,5 0,7 4,6 12,2 8,8 79,3 7,8 12,9 4,4 20,3 0 2883 1.233 453 2231 2061 1076 1628 26821 861 87 333 1309 852 584 318 7419 0 - - 219 9,8 16,7 7 1 672 0,6 0,1 1,1 0,3 27 1 7 1 288 * RS – Centro de Saúde 1 Gráfico 2 – Bônus distribuídos aos municípios mediante notificação de curas – Brasil - 1999 2553 1969 1011 841 817 451 284 Junho Fonte: ATPS/DGPE/SPS/MS Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 63 64 Tabela 6 - Distribuição de bônus segundo a Unidade da Federação, o mês e o tipo de tratamento UF Macrorregião 181 103 374 77 776 8 3 18 14 140 1 23 2 70 7 2 22 2 10 10 7 5 30 5 65 3 5 14 24 60 2 4 55 421 6262 1664 1591 855 0 0 24 33 31 0 42 0 0 0 18 15 0 12 27 33 37 7 0 18 43 0 2 357 11 60 19 155 71 9 133 59 8 211 1 6 2 29 2 5 4 7 101 4 4 9 2 130 20 11 25 261 3 31 64 62 6 2 1 77 130 7 2 3 10 15 9 142 719 0 221 633 71 1 15 18 6 3 267 404 84 357 2605 54 30 43 697 120 15 17 590 6 11 18 360 16 10 123 160 138 34 47 1 83 11 50 47 13 86 236 36 92 3 192 4 4 19 56 37 10 3 28 9 75 439 21 31 13 5 20 4 1548 10 11 187 7 14 8 32 764 3 3 34 227 36 5 40 119 1789 15 2 7 54 2 9 94 113 94 4 12 2 1 723 Superv. 9 11 13 7 2 29 93 8 4 871 12 1 1 25 65 Janeiro 2000 Auto adm. 17 6 6 3 6 4 5 62 74 8 1 3 1 6 4 14 25 43 210 5 4 7 32 266 29 42 1043 255 58 7 62 658 15 31 7 9 41 2 29 18 23 1 32 104 31 20 64 20 61 2 49 4 41 1 25 36 5 6 3 1 2 7 69 21 354 6 2 31 6 41 2 51 58 75 38 5 3 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 BRASIL NORTE RO AC AM RR PA AP TO NORDESTE MA PI CE RN PB PE AL SE BA SUDESTE MG ES RJ SP SUL PR SC RS C.-OESTE MS MT GO DF Bônus para Tratamento Total Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Auto Superv. Auto Superv. Auto Superv Auto Superv. Auto Superv. Auto Superv. Auto Superv. Auto Superv. adm. adm. adm. adm. adm. adm. adm. adm. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Tabela 7 – Estimativa de custos com implantação da Portaria que prevê o bônus para o tratamento da tuberculose segundo os Estados, com base nos casos notificados em 1997. UF/Macrorregião BRASIL NORTE RONDÔNIA ACRE AMAZONAS RORAIMA PARÁ AMAPÁ TOCANTINS NORDESTE MARANHÃO PIAUÍ CEARÁ R. GDE. NORTE PARAÍBA PERNAMBUCO ALAGOAS SERGIPE BAHIA SUDESTE MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO RIO DE JANEIRO SÃO PAULO SUL PARANÁ SANTA CATARINA RIO GDE. DO SUL CENTRO-OESTE MATO G. SO SUL MATO GROSSO GOIÁS DISTRITO FEDERAL Casos de TB notificados 1997 Estimativas de casos curados 83309 6756 597 330 1966 212 2952 205 494 24015 3317 1343 3689 898 1260 3993 1106 604 7805 39769 5548 1419 15193 17609 8616 2252 1410 4954 4.153 1001 1276 1130 746 62482 5067 448 248 1475 159 2214 154 371 18011 2488 1007 2767 674 945 2995 830 453 5854 29827 4161 1064 11395 13207 6462 1689 1058 3716 3115 751 957 848 560 Estimativas de custos Tratamento sem supervisão 3.124.088 253.350 22.388 12.375 73.725 7.950 110.700 7.688 18.525 900.563 124.388 50.363 138.338 33.675 47.250 149.738 41.475 22.650 292.688 1.491.338 208.050 53.213 569.738 660.338 323.100 84.450 52.875 185.775 155.738 37.538 47.850 42.375 27.975 Tratamento com supervisão 4.686.131 380.025 33.581 18.563 110.588 11.925 166.050 11.531 27.788 1.350.844 186.581 75.544 207.506 50.513 70.875 224.606 62.213 33.975 439.031 2.237.006 312.075 79.819 854.606 990.506 484.650 126.675 79.313 278.663 233.606 56.306 71.775 63.563 41.963 Total 7.810.219 633.375 55.969 30.938 184.313 19.875 276.750 19.219 46.313 2.251.406 310.969 125.906 345.844 84.188 118.125 374.344 103.688 56.625 731.719 3.728.344 520.125 133.031 1.424.344 1.650.844 807.750 211.125 132.188 464.438 389.344 93.844 119.625 105.938 69.938 Fonte: CNPS/CENEPI/FUNASA/MS O total de casos curados foi estimado em 62.482. Dado que o bônus começou efetivamente a ser distribuído em junho, portanto em meio ano teríamos um total de casos curados de 31.241, ou seja, este seria o número de bônus que deveria ser distribuído se todos os Estados, imediatamente fizessem a sua reivindicação. Como o total de bônus distribuído em 1999 foi de 7.926, isto significa apenas 25% do estimado. Espera-se que o número de reivindicações destes bônus aumente até atingir uma média de cerca de 5.200 por mês. Se a tendência de sua evolução for aquela observada no gráfico 2, é de se supor que este valor será alcançado nos meses de março/abril de 2.000. Publicações No que se refere a publicações científicas, os técnicos da CNPS, prepararam textos para distribuição interna no Ministério da Saúde e outros para divulgação externa, inclusive no estrangeiro, dos quais se destacam: RUFFINO Netto, A.; Hijjar, M.A.; Macedo, C. G.; Fantine, J.; Gomes, A.A .; Procópio, M.J.; Garcia, S.M.B. de A. e Biz, B.- Plano Nacional de Controle da Tuberculose - Brasília, MS, Zit Gráfica Editora 184 pp., 1999. 65 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ Participou do “Consensus Committee” para escrever o livro “Tuberculosis and Air Travel. Guidelines for prevention and control”. Publicação WHO/ TB/ 98.256, 1998. RUFFINO Netto, A. Impacto da reforma do setor saúde sobre os serviços de tuberculose no Brasil. Boletin de Pneumologia Sanitária.7(1):718,1999. KRITSKI, A.L. e Ruffino Netto, A. Health sector reform in Brazil: impact on tuberculosis control (HSR-TBC). Int. J Tuberc Lung Dis, (in press), 1999. Internet Graças à colaboração da COPPE da UFRJ, e sob a coordenação da Dra. Sandra Maria Barros de Araújo Garcia, o Plano Nacional de Controle da Tuberculose, e eventos a ele ligados, estão na “HomePage do Ministério da Saúde”, no seguinte site: www.saude.gov.br- projetos-programas-tuberculose. No setor de eventos, é possível encontrar também a distribuição dos casos de tuberculose notificados no Brasil de 1982 a 1998, segundo as regiões e formas clínicas. Homenagens O Coordenador da Área de Pneumologia Sanitária foi homenageado no dia 24 de março, Dia Mundial do Combate à Tuberculose, pela Federação das Entidades de Luta Anti-tuberculose de São Paulo; recebeu também o “Prêmio Excelência em Pneumologia - Conferências Aloysio de Paula Versão 99” oferecido pela UERJ, em 13-08-1999. Assessoria A CNPS recebeu visitas de assessoria a cargo dos Drs. Fábio Luelmo, OMS e Rodolfo Rodriguez Cruz e José Ramon Cruz, OPAS. Controle da asma Foi constituido um Grupo de Trabalho integrado pelos seguintes especialistas ligados ao problema da asma: Ana Luiza Godoy Fernandes, 66 Elaine Black Ceccon, Francisco Elmano Marques de Souza, Emílio Pizzichini, Gilberto Bueno Fischer, Hisbello da Silva Campos, José Roberto de Brito Jardim, Paulo Augusto Moreira Camargo, Paulo Silva e Silva, Laércio Moreira Valença e Solange Diccini. Este Grupo se reuniu três vezes e apresentou ao Ministério da Saúde a proposta de um Plano Nacional de Controle da Asma. Por Portaria do dia 9 de dezembro o Ministério da Saúde instituiu uma comissão com a função específica de operacionalizar a implantação do PCA, cujos membros foram indicados pelas seguintes instituições: Secretaria de Políticas de Saúde, Secretaria de Assistência à Saúde, Fundação Nacional de Saúde, Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde e Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde. No dia 11 de dezembro, foram realizadas diversas atividades comemorativas do Dia Mundial de Consciência da Asma. Perspectivas para o ano 2000 Neste ano, a Área Técnica de Pneumologia Sanitária passará do Departamento de Gestão de Políticas Estratégicas de Saúde para o Departamento de Atenção Básica. Ambos os Departamentos pertencem à Secretaria de Políticas de Saúde. No Departamento de Atenção Básica, a CNPS ficará ligada à Coordenação de Práticas de Saúde Pública. Espera-se que esta mudança facilitará as atividades da Pneumologia Sanitária, pois a integração com o Programa de Saúde da Família (PSF) e Programa dos Agentes Comunitários de Saúde (PACS) possibilitará a intensificação da implementação das metas do tratamento supervisionado e das de busca de SR. Para o mês de maio programou-se o treinamento de 321 médicos e enfermeiros integrantes das equipes do PSF que, por sua vez, terão a missão de capacitar os agentes comunitários para a implementação das atividades de controle da tuberculose, asma e hanseníase nos muncípios prioritários. CENTRO DE REFERÊNCIA PROFESSOR HÉLIO FRAGA Resumo do relatório de atividades – 1999 Maria José Procópio R. de Oliveira1 Introdução O Centro de Referência Professor Hélio Fraga, unidade descentralizada da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, é subordinado tecnicamente ao Centro Nacional de Epidemiologia – CENEPI. O ano de 1999 foi para o CRPHF importante na definição e realização de ações em consonância com as diretrizes da FUNASA. Historicamente o CRPHF vem desenvolvendo atividades de competência federal, como coordenação, normatização, supervisão, assessoria técnica, vigilância epidemiológica, capacitação, treinamento e difusão de informação. • • • • • Foram marcos importantes em 1999: o trabalho em conjunto com a Coordenação Nacional de Pneumologia Sanitária - CNPS - na implantação do Plano Nacional de Combate à Tuberculose; a consolidação da gestão do Centro de Excelência de Combate à Tuberculose, em parceria com a COPPE/UFRJ. (Nesta linha, entre outros projetos, preparou-se um Manual de Gestão de Qualidade Total do Programa de Controle da Tuberculose para Unidades de Saúde, a ser implantado em 2000); a adesão ao Programa de Qualidade e Participação na Administração Pública (QPAP), junto à Coordenação do QPAP/RJ; no âmbito da Vigilância Epidemiológica, o apoio aos estados das macrorregiões Sul e Sudeste, destacando-se a assessoria permanente para reformulação do Programa do Estado do Rio de Janeiro; lançamento do Plano de Controle da Tuberculose na Área Programática 4 - AP4 - (Jacarepaguá, Cidade de Deus e Barra da Tijuca), que busca o desenvolvimento de um modelo integrando recursos e competências, e que considera padrões de crescente qualificação técnica, metodológica e científica, proposta também implementada no • • município de Duque de Caxias, através de convênio FUNASA/QTROP; o desenvolvimento de um modelo de análise das informações de tuberculose e a avaliação epidemiológica da década de 90; na área de laboratório, o desenvolvimento e implantação do projeto de controle de qualidade das baciloscopias, em todo o país, com apoio da CNPS e da COLAB. Centro de Excelência Este projeto visa a implementação de uma rede de excelência de combate à tuberculose, como componente do Plano Nacional de Controle da Tuberculose, ora vigente. Trata-se de conceito implementado pela Petrobrás, e executado pela COPPE/UFRJ, que prevê o desenvolvimento de Centro de Excelência temático, no caso o Centro de Excelência de Combate à Tuberculose, e pressupõe uma série de atividades seqüenciais de forma a se estabelecer os caminhos para a busca da excelência integrada. Não há uma atividade que, isolada, possa ser representativa para a consolidação de um Centro. Todas as escolhidas e definidas no Plano Estratégico são importantes e precisam de suporte adequado das gerências e consultores. A ênfase no trabalho de 1999 foi a de viabilizar Parcerias e Projetos, definindo um Plano de Marketing para o Centro de Excelência e, também, implantando o modelo de Controle da TB em áreas definidas, de forma a alcançar os padrões para a multiplicação dessa aplicação. É importante considerar que a atuação no Combate à Tuberculose requer a execução de projetos multidisciplinares, sustentados e de longa duração. Requer, ainda uma expansão de atividades assistenciais, de intervenções sem interrupções, e _____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 – Diretora Adjunta do Centro de Referência Professor Hélio Fraga Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ demanda a concretização de parcerias, o que é essencial para o Centro. Na integração dos Projetos é destaque o Sistema de Qualidade Total que se ajusta e atende à Assessoria de Gestão e metodologia de implantação dos projetos estratégicos e à assessoria e produção do Manual de Gestão Municipal do Plano de Combate à Tuberculose para Unidades de Saúde - US. Desta forma foram prestados assessoria e apoio do Projeto Implantação de Modelo de Excelência e Implantação do Sistema de Controle de Qualidade do Diagnóstico da Tuberculose, na AP4. Modelo de Excelência para o Programa de Controle da Tuberculose na AP 4 – Município do Rio de Janeiro Este projeto integra a proposta de formatação do Centro de Excelência de Combate à Tuberculose. No Estado do Rio de Janeiro, em 1996, o número de casos notificados atingiu 16.858, sendo que 50% deles encontram-se na capital e aproximadamente 15% na AP4 do Município do Rio de Janeiro. Em um primeiro momento deste projeto, realizaram-se reuniões com as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde e suas coordenações do PCT, a Coordenação de Saúde da Área - CAP4, o Diretor do CRPHF e o Coordenador Nacional de Pneumologia Sanitária, quando foram acordadas as bases para instalação de um grupo executivo e da Coordenação do PCT da Área. Este grupo se reuniu semanalmente durante o ano, contando com a participação de todas as US da Área, estando presentes os responsáveis pelo PCT das US, a Coordenação Municipal, a da CAP4 e a equipe da COPPE para se estabelecer um plano de trabalho e de ação. O plano de ação para a AP4 foi elaborado em parceria e de acordo com as necessidades da Área. O cronograma do plano de trabalho iniciou-se com a organização de treinamentos para as equipes, sendo que a capacitação do pessoal de nível superior ocorreu em outubro, do de nível médio em novembro e dos agentes de saúde em dezembro. 68 No dia 17 de novembro, Dia Nacional de Combate da Tuberculose, foi lançado o Plano de Controle da Tuberculose da AP4, e implantado o tratamento supervisionado para os pacientes com tuberculose na Unidade Integrada de Saúde Hamilton Land-UIS, Cidade de Deus. Durante esse trabalho também foram desenvolvidas ações de avaliação e de intervenção nutricional, no combate à Tuberculose, em parceria com o Instituto de Nutrição de UFRJ. A proposta é otimizar as ações de prevenção do desenvolvimento da Tuberculose, combatendo a desnutrição e subnutrição através de um programa estruturado de Segurança Alimentar, que busca melhorar o estado geral de saúde da população alvo e, por conseqüência, contribui para a diminuição da incidência da tuberculose e de outras doenças; atua também, no tratamento da tuberculose, através da análise do seu estado nutricional e do tratamento dietoterápico. No período de março a dezembro de 1999, as atividades do Projeto Nutrição na AP4 foram realizadas na UIS Hamilton Land e no bairro Cidade de Deus como um todo, sempre com a aprovação e/ou em conjunto com a equipe de Nutrição daquela UIS. Foram efetuados treinamentos da equipe de trabalho em avaliação antropométrica, coleta de sangue para dosagem de vitamina A, aplicação do questionário e sensibilização dos contatos para a importância da orientação nutricional e dos exames bioquímicos. O planejamento para o ano 2000, contempla: • • • • • implementar o Sistema de Informação do PCT; implantar ações de educação em saúde para toda a população; implantar o SILTB e o Livro do Laboratório nas US; implementar a execução de baciloscopias e/ou cultura na rede de laboratório; organizar a implantação das ações de controle da tuberculose nas demais US. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ Após 1 ano desta implantação, esperamos ter um Modelo de Excelência para Ações de Controle da Tuberculose, em uma determinada área, com parâmetros de qualidade total, que possa ser reproduzido em outros locais do país e servir de área de treinamento e demonstração. Programa QTROP-TB A Sociedade QTROP, fundada em 14 de novembro de 1995, a partir de parceria entre a FINEP e a UFRJ, tem a tuberculose como primeira doença-alvo. O Programa QTROP-TB elegeu o Município de Duque de Caxias como a primeira área de atuação com a finalidade de definir condições a serem adaptadas em outros municípios do país, observando características sociais, econômicas e culturais peculiares de cada região para definição de modelo de assistência e de Controle da Tuberculose, no caso de locais em que o estado se encontre pouco ou nada presente. Este programa tem três vertentes principais: melhoria do Programa de Controle da Tuberculose – PCT; disponibilização da aparelhagem de radiodiagnóstico computadorizado e a criação de mecanismos auto-financiadores na comunidade. Em 1999, o programa realizou treinamento e contratação de 15 agentes comunitários em saúde geral, incluindo tuberculose; contratação de assistente social para coordenar o trabalho dos agentes comunitários e visitação domiciliar que inclui o cadastramento das famílias do distrito Campos Elíseos, com 13 comunidades e cerca de 300.000 habitantes, sem contar sequer com uma Unidade de Saúde . Pesquisa O CRPHF dá suporte para a elaboração e desenvolvimento de protocolos de pesquisas epidemiológicas em pneumologia sanitária ao seu corpo de profissionais bem como ao de outras instituições interessadas em produzir e desenvolver protocolos adequados. Os projetos apresentados a seguir são acompanhados e desenvolvidos pelas equipes proponentes, sendo alguns em parcerias com outras instituições. Em 1999 foram realizadas ou estão em andamento as pesquisas: • Estudo dos eventos adversos à vacina BCG em Manaus, Amazonas; • Avaliação do impacto da segunda dose da vacina BCG em escolares, na ocorrência de tuberculose e hanseníase; • Regimes de curta duração e parcialmente supervisionado como estratégia de redução do abandono no tratamento da tuberculose no Brasil; • Equivalência das reações cutâneas do PPD RT23 do Statens Serum Institut e do PPD do laboratório Pimenta Abreu; • Estudo da confiabilidade da baciloscopia usada no diagnóstico da tuberculose no Brasil;; • Inquérito epidemiológico da resistência bacteriana às drogas usadas no tratamento da tuberculose no Brasil; • Assistência multidisciplinar ao paciente portador de tuberculose multirresistente às drogas usuais; • Estudo do padrão genético da tuberculose multirresistente através da técnica RFLP (Restriction Fragment Length Polymorfhism); • Controle de contatos de pacientes portadores de tuberculose multirresistente: efetividade de intervenções na cadeia de transmissão; • Mortalidade por asma no Brasil, 1980/1996; • Como os pneumologistas tratam a asma no Brasil; • Como os asmáticos vêem seu tratamento e a venda de remédios para o tratamento da asma. Ensino A programação cumprida para o ano na área de capacitação para o SUS é apresentada no quadro a seguir: Cursos / Treinamentos Curso de Complementação em Pneumologia Sanitária Nº alunos 30 Curso de Especialização em Pneumologia Sanitária 46 Curso para Intervenção na CoInfecção TB/HIV-AIDS 80 Treinamento para Agentes Comunitários de Saúde 60 Treinamento para Gerente de Controle da Tuberculose Total 80 296 69 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ A Biblioteca Walter Mendes conta com um dos maiores acervos em pneumologia sanitária do país. Além de material bibliográfico atualizado, possui uma videoteca com 100 fitas com 500 filmes. Atende a demandas internas e externas e se encontra em processo de informatização. Vigilância epidemiológica desenvolvidas pela Macrorregional Sul/Sudeste - atividades Coordenação O Núcleo Macrorregional Sul/Sudeste tem como finalidade apoiar a CNPS assessorando os estados e municípios da Região no desenvolvimento de seus programas de pneumologia sanitária. Para isto desenvolve atividades de monitoramento e execução de normas, estratégias e tecnologia para o combate à tuberculose e outras pneumopatias de interesse sanitário, bem como a implantação e implementação dos Sistemas de Informação para a Vigilância Epidemiológica da Tuberculose e outras pneumopatias. Uma das principais atividades deste ano foi a assessoria permanente à Coordenação do PCT do Estado do Rio de Janeiro, considerada pelo governo estadual e pelo programa nacional como área prioritária para atuação. Dentre as atividades desenvolvidas destacamos o treinamento de toda equipe estadual em módulo de gerência do programa, sendo que durante o treinamento foi elaborado o Plano Estadual de Controle da Tuberculose, agora em execução. Um módulo, sobre sistema de informação da tuberculose, foi especialmente elaborado e aplicado para a equipe, alem de apoio logístico para limpeza, sistematização e análise do banco de dados com entrada das fichas atrasadas no SINAN. Atividades desenvolvidas pelos PCTs dos estados da Macrorregião Sul/Sudeste com participação do Núcleo Macrorregional Rio de Janeiro • Seminário de Mobilização das Ações de Controle da Tuberculose no Estado do RJ – abril de 1999; • Encontro Estadual sobre Vacinação BCG; • I Encontro Estadual dos Coordenadores dos PCTs dos municípios do Estado do Rio de Janeiro; 70 • • Lançamento do Plano de Ação do PCT do Estado do Rio de Janeiro - novembro; Reunião com Secretario Municipal de Saúde e equipe de Vigilância Epidemiológica de Nova Iguaçu; Espírito Santo • Treinamento para Profissionais sobre Co-infecção TB-Aids; • XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical; • Treinamento para profissionais de laboratório para implantação do SILTB (desenvolvido pelo Laboratório de Bacteriologia do CRPHF). São Paulo • Treinamento para profissionais de laboratório para implantação do SILTB (desenvolvido pelo Laboratório de Bacteriologia CRPHF); • Participação de técnicos no Fórum Estadual de Tuberculose. Minas Gerais • Participação de técnicos no Seminário de Integração do PCT com Regionais de Saúde; Paraná • Participação no seminário “Sensibilização à população de Ponta Grossa sobre Tuberculose”. Santa Catarina • Treinamento para profissionais de laboratório para implantação do SILTB (desenvolvido pelo Laboratório de Bacteriologia CRPHF). Atividades desenvolvidas pelos PCTs dos estados da Macrorregião Sul/Sudeste As atividades listadas a seguir foram informadas pelos Programas de Controle de Tuberculose dos estados. Rio Grande do Sul • O Nível Central realizou 24 supervisões às Unidades de Saúde da 1ª Coordenadoria Regional de Saúde (Região Metropolitana) e 02 às Coordenadorias Regionais de Saúde; • Foram feitas também 34 supervisões pelas Coordenadorias Regionais de Saúde. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ Paraná • Supervisão a 21 municípios; • I Encontro Regional para o Controle da Tuberculose e Hanseníase; • Treinamento para o pessoal de nível superior das 22 Regionais de Saúde do Estado, visando a implementação do Plano Nacional de Controle da Tuberculose; • Capacitação e Educação Continuada com ênfase no tratamento supervisionado, nos municípios onde existem profissionais do PACS/PSF; • Implantação do Livro de Registro de Pacientes e de Laboratório para os municípios da 5ª Regional de Saúde; • Participação nos treinamentos para profissionais da Pastoral de Saúde em 32 municípios; • Treinamentos para Agentes de Saúde Comunitários no município de Prudentópolis; • Realizadas 02 supervisões do Nível Central para o Nível Regional; • Divulgação das Ações de Controle da Tuberculose nos meios de comunicação – Programas de Rádio; • Elaboração de Protocolo para o tratamento do paciente com tuberculose multirresistente, para ser divulgado aos municípios do Estado (em fase final); • Programação para treinamento de 1000 Agentes Comunitários de Saúde, a ser realizado no ano 2000; • Campanha Educativa sobre tuberculose para a população da Regional de Guarapuava, com o apoio da Pastoral de Saúde, Grupo da 3ª Idade, Grupo de Mães, Igrejas, Agentes Comunitários de Saúde, professores, alunos e meios de comunicação; • Participação de técnicos da Coordenação de Doenças Infecciosas na I Jornada Pontagrossense para o Controle da Tuberculose; • Sensibilização à população de Ponta Grossa sobre Tuberculose; • Identificação do Sintomático Respiratório na população do município de Curitiba. Santa Catarina • Realizado o “1° Fórum de Epidemiologia dos MDR em Santa Catarina” – Protocolo de Vigilância Epidemiológica - com participação de • • • • • • • • • 15 médicos que atuam no PCT, técnicos do LACEN e DIVE; Criação e Informatização da biblioteca específica para Pneumologia Sanitária; Reunião com técnicos do PSF e PACS para definição de áreas de demonstração para implantação do tratamento supervisionado; Avaliação do PCT em Municípios do Estado de Santa Catarina; Implantação do tratamento supervisionado em Criciúma; Realizadas 139 supervisões aos PCTs das Regionais de Saúde e municípios; Supervisão a 02 municípios que adotam tratamento supervisionado (Blumenau e Joinville), com finalidade de avaliar as ações desenvolvidas pelos profissionais do PACS e PSF; Implantação do Livro de Registro e Controle de Tratamento dos Casos de Tuberculose em 123 Unidades de Saúde; Capacitação de 129 técnicos das Regionais de Saúde e Municípios, em tuberculose; Participação no treinamento para a Região Sul da implantação do “Livro de Registro de Baciloscopia e de Cultura para Diagnóstico e Controle da Tuberculose”, ministrado por técnicos do CRPHF no Laboratório de Informática da DIVE. Espírito Santo • Treinamento em BCG; • Supervisões do LACEN aos municípios; • Realizadas 23 supervisões aos municípios pelas Regionais de Saúde; • • Realizado 01 Encontro para Implantação do PCT; Reunião em 03 Regionais de Saúde para implantação do SINAN em seus municípios; Reunião com Coordenadores Municipais para a implantação do SILTB. • Minas Gerais • Treinamento nas Regionais de Saúde e em 02 municípios prioritários, para profissionais de nível superior, médio e agentes comunitários, visando a implantação do Livro de Registro e o Tratamento Supervisionado; 71 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ • • • Reuniões com as Regionais de Saúde para implementação do PCT nos municípios prioritários; Implantação do Livro de Registro e Controle de Tratamento dos Casos de Tuberculose em 20 Regionais de Saúde; Visitas a 07 Regionais de Saúde. São Paulo • Supervisões realizadas a 33 municípios prioritários, 75 DIRS e Hospitais, sendo 20 ao PACS/PSF e 20 supervisões diretas ao Sistema de Informação; • Treinamento em Vigilância Epidemiológica da Tuberculose – TBVE-TB – no NU da SMS de São Paulo; • Treinamento PSF/PACS; • “Treinamento em tuberculose para agentes comunitários”; • Treinamento para Centros de Referência em AIDS, sobre tratamento supervisionado, para 70 profissionais de Nível Superior de 10 municípios; • Oficina de Educação em Tuberculose para 40 profissionais de 10 municípios e 02 DIRS; • Treinamento para 50 laboratórios da Área Metropolitana para monitoramento da resistência. Revisão do Manual de Procedimentos para Atividades de Controle de Tuberculose Encontra-se em processo de revisão o Manual de Procedimentos do PCT, que tem sido, ao longo dos anos, um dos instrumentos para orientar os profissionais de saúde nas atividades do controle da tuberculose, principalmente os procedimentos de enfermagem. Neste ano foi definida a metodologia do trabalho e layout do Manual, realizada uma oficina de trabalho com contribuição escrita da Macrorregião Nordeste. Em 2000 esperamos terminar a elaboração e edição do material. Modelo de Intervenção para o controle da tuberculose na população de rua albergada e não albergada. Segundo levantamentos epidemiológicos realizados em diversos países foi observado que a tuberculose tem maior prevalência nas camadas populacionais mais pobres, uma vez que esta doença está associada ao desemprego/subemprego, ao baixo 72 grau de escolaridade, à alimentação deficiente, à habitação insalubre e a outros fatores associados à pobreza. Em outubro de 1997 foi realizado um estudo de corte seccional na Fundação Leão XIII, através de um levantamento da prevalência da tuberculose pulmonar, na população de albergados do sexo masculino. Foram identificados 75,3% de reatores fortes, freqüência muito maior que a esperada na população total do Brasil, que apresenta cerca de 30% da população adulta infectada. Foram diagnosticados 07 casos de tuberculose, sendo 04 casos encontrados durante o desenvolvimento do estudo e 03 que já estavam em tratamento. A incidência detectada foi de 6,35/100. A situação encontrada foi da maior gravidade. Estes resultados preliminares apontam para a necessidade de dar continuidade a este projeto. Considerou-se importante: • promover uma reunião com o Diretor do CRPHF, o Presidente da Fundação Leão XIII, o Secretário de Estado de Trabalho e Ação Social, os Coordenadores do Programa de Pneumologia Sanitária – SES – RJ e FMS – Niterói, para apresentar o projeto e definir estratégias para sua implantação; • organizar a capacitação dos profissionais de saúde da Fundação Leão XIII e do Posto de Saúde de Itaipu nas ações do PCT. No momento o Presidente da Fundação Leão XIII está propondo junto à SES/RJ implantar o PCT na instituição. Encontra-se em fase de elaboração um contrato para oficializar as parcerias e implantar as ações do PCT. Em relação à capacitação do pessoal e às reuniões programadas realizamos mais de 100% do previsto inicialmente. Durante o desenvolvimento do trabalho foram incorporados novas idéias e técnicos interessados em participar do projeto. Nele foram incluídos os Hospitais Estaduais Santa Maria, Ari Parreiras e Hospital Raphael de Paula Souza. Laboratório de Tuberculose O Laboratório de Tuberculose é referência nacional em bacteriologia de micobactérias e tem como Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ principal atividade desenvolver projetos de apoio ao controle da tuberculose. Entre suas atribuições estão: o desenvolvimento e implantação de sistema de controle de qualidade na rede de laboratórios de saúde pública; formação e atualização de recursos humanos que atuam na área de bacteriologia; a avaliação de novas metodologias de diagnóstico e a realização de exames bacteriológicos para as pesquisas. Os projetos desenvolvidos este ano foram: • • • Manutenção das atividades essenciais de um laboratório de referência Essas atividades englobam basicamente a realização de exames bacteriológicos de diagnóstico (baciloscopia e cultura); identificação e teste de sensibilidade às drogas utilizadas no tratamento da tuberculose dos projetos do CRPHF: Assistência Multidisciplinar ao Paciente Portador de Tuberculose Multirresistente às Drogas Usuais; Controle de Contactos de Pacientes Portadores de Tuberculose Multirresistente: Efetividade de Intervenções na Cadeia de Transmissão; Estudo de Efetividade de Esquema Terapêutico para Micobacterioses nãotuberculosas; manutenção de coleção de amostras-tipo (micobacterioteca); aquisição de material de consumo e de equipamentos; atualização permanente do acervo bibliográfico na área de micobacteriologia. Manutenção da rede de laboratórios centrais para o diagnóstico da tuberculose O objetivo deste projeto é supervisionar, controlar a qualidade, treinar e prestar apoio técnico aos Laboratórios Centrais para o pleno desenvolvimento de suas atividades de diagnóstico bacteriológico da tuberculose, compreendendo neste ano, as atividades de: • Fornecimento de sais para antibiograma, reagentes, tubos de meio Lowenstein-Jensen, tubos de vidro, tubos para centrífuga, alças descartáveis, lâminas para microscopia para o Laboratório Central de Saúde Pública/Maranhão, de Pernambuco, de Santa Catarina, do Ceará, da Bahia, de Sergipe, de Minas Gerais, do Espírito Santo, de Goiás, do Piauí, e para o Laboratório do Hospital Raphael de Paula Souza/RJ, do Instituto de Saúde do Distrito Federal/DF e do Centro de Saúde Jorge Bandeira de Melo/RJ. Treinamento em baciloscopia: Secretaria Municipal de Saúde de Barra Mansa/RJ Técnico de nível superior (01). Fornecimento de amostra-tipo: Universidade Estadual de Maringá/PR, Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia, do Paraná e de Pernambuco. Envio de amostra de escarro (158) para a Universidade Estadual de Maringá/PR, para o Projeto “SURVIVAL OF TUBERCLE BACILLI IN HEAT-FIXED AND STAINED SPUTUM SMEARS” (trabalho enviado para publicação no International Journal of Tuberculosis and Lung Diseases). Implantação de um sistema de informação e controle de qualidade da bacteriologia da tuberculose no Brasil. Projeto em fase de implementação tendo sido realizados: • • • • • Treinamento dos técnicos do Laboratório Central de Saúde Pública para implantação do Sistema de informação e controle de qualidade da baciloscopia da tuberculose no Brasil; Distribuição de 4.300 exemplares do Livro de Registro de Baciloscopia e de Cultura para Diagnóstico e Controle de Qualidade da Tuberculose; Distribuição de 4.300 exemplares do Manual de Baciloscopia da Tuberculose; Distribuição de 2.000 blocos de requisição de Baciloscopia e de cultura e informação de resultados para: Laboratório Central de Saúde Pública (27 laboratórios); Centro de Vigilância Epidemiológica/SP; Centro de Diagnóstico Dr. Raul Barcelar/F.M. Piauí; Coordenação Nacional de Pneumologia Sanitária/DF; Coordenação do Sistema Nacional de Laboratório de Saúde Pública/COLAB-DF; Instituto de Saúde do Distrito Federal; Secretaria Estadual de Saúde/RJ; Universidade Estadual de Maringá/PA; Hospital Raphael de Paula Souza/RJ; Oficina de capacitação da equipe de multiplicadores regionais para implantação do sistema de informação e controle de qualidade da baciloscopia da tuberculose no Brasil. 73 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ Implantação de novas metodologias diagnóstico e identificação de micobactérias para diagnóstico de imagens do tórax, ainda inexistente no mundo. Desde março/99 a aparelhagem está indisponível para a população porque a parceria com o SESI foi desativada por conta de mudanças de interesse da nova presidência; A central de leitura está instalada no CRPHF, no Laboratório de Fisiopatologia, tendo realizado todas as leituras com laudos, até o momento. Este projeto teve como objetivo a validação da sonda genética produzida pelo laboratório Genprobe para identificação de espécies micobacterianas potencialmente patogênicas que são comumente isoladas no Brasil e a validação de método automatizado para cultivo de micobactérias produzido pela Organon. • Sobre esta matéria foram realizados: Avaliação da função respiratória em trabalhadores expostos à poeira de sílica e asbesto • • 60 testes por sonda genética (Campos et al., 1999 – trabalho apresentado durante o XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999); 496 isolamentos no MB/BACT (trabalho a ser publicado em 2000). Epidemiologia molecular: implantação da técnica do RFLP para o estudo molecular de M. tuberculosis Este projeto foi idealizado para atender o projeto “Estudo do padrão genético da tuberculose multirresistente através da técnica do RFLP”. Contou com a assessoria da Dra. Fátima Fandinho / Laboratório de Tecnologia Recombinante FIOCRUZ e realizou extração de DNA de 120 culturas de micobactérias e repiques de 550 culturas. Laboratório de Fisiopatologia Implantação das atividades de telediagnóstico radiológico Na participação do CRPHF no projeto Implantação de Área de Atuação para o Controle da Tuberculose no Município de Duque de Caxias – RJ cabe ao Laboratório de Fisiopatologia a implantação da central de leitura do novo modelo radiológico com imagem digitalizada. Foram realizadas 100% das leituras radiológicas dos exames enviados para a Central. Realizações: • A aparelhagem de raios X está instalada na sede do SESI de Duque de Caxias, onde realizou cerca de 700 exames até abril/99. Estas imagens foram enviadas em outubro/99 à Universidade de Ultrecht-Holanda, que em parceria com o IMPA-UFRJ, irá desenvolver um software para 74 Realização de testes de função respiratória em pacientes (Ambulatório de Pneumologia Ocupacional do CESTEH) expostos à poeira de sílica e asbesto para avaliação funcional e prognóstico destes pacientes, possibilitando o conhecimento do perfil epidemiológico. As metas pré-estabelecidas foram cumpridas: 100% dos exames realizados (provas de função respiratória); e 100% dos dados foram registrados e analisados. Ainda não foi elaborado um documento com os resultados o que deverá ser produzido em 2000. O projeto está em andamento e espera-se mantê-lo como forma de estreitamento de laços de parcerias com o CESTEH/ENSP/FIOCRUZ. Avaliação funcional com vista ao benefício previdenciário em trabalhadores com silicose O fato de gerar informações e dados para a normalização de benefícios por danos causados aos trabalhadores durante o processo de trabalho, a avaliação funcional ganhou importância por poder fornecer, objetivamente, informações sobre o doente de silicose, contribuindo para a construção de normas nacionais de padronização na concessão de benefícios previdenciários. As metas foram atingidas em 100%: levantamento da bibliografia, elaboração do Protocolo, aplicação dos questionários de coleta de dados, realização dos exames clínicos, das leituras radiológicas segundo o critério da OIT e das espirometrias; em 40%: teste de caminhada, aplicação de escalas de Borg; em 20%: ECG; 10%: prova de esforço. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ Comunicação Produtos: formação de banco de dados; informes técnicos e relatórios (concessão de benefícios previdenciários) e dissertação de mestrado. Saúde respiratória em trabalhadores de pedreiras na região metropolitana do Rio de Janeiro Estudo epidemiológico transversal, com objetivo de conhecer a saúde respiratória dos trabalhadores em pedreiras no Rio de Janeiro e avaliar, no período de 24 meses, uma amostra de 400 trabalhadores em pedreiras de extração de brita, em seus aspectos clínicos, funcionais e radiológicos. A meta foi atingida: 100% dos exames (físico e provas de função respiratória) foram realizados em funcionários de 6 pedreiras da região metropolitana do Rio de Janeiro. O Projeto, iniciado em 1997, está em fase final de execução, restando apenas a elaboração do relatório final. Apoio à saúde do trabalhador do Centro de Referência Prof. Hélio Fraga O CRPHF, instituição de apoio aos programas de pneumologia sanitária e com serviço que envolve a saúde do trabalhador, deve observar as recomendações dos Ministérios da Saúde e do Trabalho, para a prevenção dos agravos à saúde de seu próprio corpo de funcionários. Nesta linha de ação, em 1999, objetivouse: implantar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional no CRPHF; avaliar 100% dos funcionários sob os pontos de vista clínico, laboratorial e radiológico e realizar as perícias médicas necessárias. Atualmente estamos elaborando o protocolo e o questionário (prontuário informatizado), etapa que precede as demais programadas. O Núcleo de Comunicação do CRPHF realizou as seguintes atividades: • Publicação do BIS – Boletim Informativo e Social, órgão que dá apoio, promoção e divulgação dos eventos do CRPHF; • Manutenção de mala direta e jornal mural; • Exposições técnicas em congressos, feiras de saúde, seminários, encontros, simpósios, reuniões e outros eventos de âmbito nacional, divulgando as atividades do CRPHF, conforme demanda de cada evento; • Divulgação da tuberculose para a população e escolas municipais da AP4. Espaço Cultural Chico Belo O Espaço Cultural Chico Belo, inaugurado no dia 09 de outubro de 1998, busca o desenvolvimento de aptidões artísticas e culturais dos funcionários, visando o incentivo das atividades profissionais, através da motivação e a emoção que a arte traduz. Em 1999, o Espaço Cultural realizou inúmeras exposições de fotos, artes plásticas, poesia, prosa, e gravura, destacando-se: “Rica Natura” - Exposição de Artes Plásticas; “Quando a Paixão é o Espetáculo” Exposição de Arte Escrita; “Mosaico de Retalhos” Exposição de Arte Escrita; “Microorganismos” e “Seres Encantados” ambas de Gravuras. O Espaço Cultural também desenvolve o Projeto “Adolescente na Divulgação da Tuberculose”, recebendo a visita de alunos das redes municipal e estadual de ensino, realizando palestras e concursos, como o do Dia Nacional de Combate à Tuberculose – 17 de novembro – com premiações. Eventos realizados • • Oficinas de capacitação de multiplicadores regionais para implantação do sistema de informação e controle de qualidade da baciloscopia da tuberculose no Brasil realizadas nos estados do Ceará, São Paulo e no Distrito Federal; Encontro de Avaliação do Programa de Controle da Tuberculose – Macrorregião Sul/Sudeste, 75 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ • • • • • • • • realizado no Rio de Janeiro com a participação de 80 profissionais; Oficina de Pesquisa e Vigilância Epidemiológica de MDR, realizada no Rio de Janeiro com a participação de 20 profissionais; Oficina de trabalho para discussão e adequação da grade do Curso de Especialização em Pneumologia Sanitária; Reunião da Macrorregião Sul/Sudeste do Programa de Controle da Tuberculose; Lançamento do Plano de Ação da Área Programática 4 – Jacarepaguá – Rio de Janeiro; Evento de Comemoração do Dia Nacional de Combate à Tuberculose - 17 de novembro cerimônia de premiação das melhores composições sobre Tuberculose com a presença de 400 escolares da comunidade de Jacarepaguá; Seminário de Mobilização das Ações de Controle da Tuberculose no Estado de Rio de Janeiro (em conjunto com a SES-RJ); I Encontro Estadual dos Coordenadores dos Programas Estaduais de Controle da Tuberculose realizado no Rio de Janeiro, em conjunto com a SES-RJ; Encontro Estadual sobre Vacinação BCG – RJ, (em conjunto com a SES-RJ. 5. DALCOLMO, M.P.; Fortes, A.; Fiuza, F.; Motta, R.; Ide Netto, J.; Cardoso, N.; Andrade, M.; Barreto, A.M.W.; Gerhardt, G. Estudo de efetividade de esquemas alternativos para o tratamento da tuberculose multirresistente no Brasil. J. Pneumol., 25 (2):70-77, 1999. 6. DALCOLMO, M.P.; Fortes A.; de Melo F.F et al Drug Resistance Patterns and outcomes among tuberculosis (Tb) cases in Brazil. AM. J. RESP. crit care MED 159 (3): 553, 1999. 7. DE RIEMER, K.; Martins, F.; Barreto, A.M.W.; Braga, J.U. - Survey of Laboratory pactices for the diagnosis of tuberculosis in Rio de Janeiro, Brasil. Int. J Tuberc. Lung Dis. In press. 8. DALCOLMO, M.P.; Fortes, A.; Seiscentos, M et al Outcomes of treatment of 187 patients with multidrug-resistent pulmonary tuberculosis in Brasil. Int. J. Tuberc. Lung Dis.,3 (9): 584,1999. 9. DALCOLMO, M.P.; Fortes, A.; Seiscentos, M.; Cardoso, N.; Andrade, M.; Barreto, A.M.W. Patterns of multidrug resistance in Brazil. Int. J. Tuberc. Lung Dis., 3 (Suppl. 1) S 120, 1999. • Trabalhos Publicados 1. BRAGA, J.U.; Barreto, A.M.W.; Hijjar, M.A. Nationwide survey of tuberculosis drug resistance in Brazil: validity and reliability of research measurements. Int. J. Tuberc. Lung Dis.,3 (Suppl. 1) S 165, 1999. 2. CAMPOS, C.E.D.; Silva, M.V.B.; Medeiros, R.F.M. Avaliação da sonda genética para identificação de M. kansasii. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbologia, Salvador, 1999. 3. CAMPOS, H.S. - Esclarecer o asmático é a solução para assegurar sua adesão ao tratamento - Estamos agindo da maneira correta? Pulmão RJ; 8(1): 15-24, 1999. 4. ___________. - M. tuberculosis resistente: de onde vem a resistência? Boletim de Pneumologia Sanitária; 7(1):51-64, 1999. 76 10. FREIXO, M.I.S.; Silva, M.G.; Barreto, A.M.W.; Ferreira, R.M.C.; Fonseca, L.S.; SAAD, M.H.F. Avaliação do ETEST para teste de sensibilidade rápido do Mycobacterium tuberculosis. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. 11. GIACOMELLI, L.R.B.; Sespede, S.R.S; Barreto, A.M.W.; Cardoso, C.L. Preliminary evaluation of survival of tubercle bacilli in heat-fixed sputum smears. Int. J. Tuberc. Lung Dis.,3 (Suppl. 1) S 109, 1999. 12. HIJJAR, M.A.; tuberculose J. Pneumol. 25(5) : 265, set.-out, 1999. 13. LOPES, M.L.; Nogueira, L.M.V.; Santana, Z.H.D.; Braga, J.U.; Barreto, A.M.W. Prevalência da resistência do M. tuberculosis às drogas usadas no tratamento da tuberculose, Estado do Pará, Brasil. Rev.Soc. Bras. Med. Trop. 32 (Supl.1):403, 1999. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ 14. MARTINS, F.M.; Caldas, P.C.; Barreto, A.M.W. Avaliação do antibiograma pelo método radiométrico para M. tuberculosis. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. 15. NATAL, S.; Valente J.; Gerhardt, G.; Penna, M.A. Modelo de predição para o abandono do tratamento da tuberculose pulmonar – Bol. Pneum. Sanit. – ISSN – 0103 – 460X , Vol. 7 N.º 1 – Jan/Jun –– pp. 65. 1999. • • • • • • Participação em congressos e outros eventos 16. NEVES, M.M.C.; Martins, F.M.; Barreto, A.M.W. Avaliação da terceira amostra de escarro no diagnóstico da tuberculose pulmonar positiva. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. • 17. OLIVEIRA, M.M.; Oeleman, M.A.C.; Barreto, A.M.W.; Rosseti, M.L.; Fonseca, L.S.; Vanderbirght, B.; Degrave, W.; Suffys, P.N. Detecção rápida de resistência contra rifampicina em cepas de Mycobacterium tuberculosis com Innolipa Rif Tb. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. • 18. RIBEIRO, M.O; Martins, F.M.; Santos, L.M.; Borges, J.; Braga, J.U.; Silva, R.M.; Silva, M.V.B. Avaliação da qualidade dos antibiogramas para M. tuberculosis realizados na rotina do Laboratório Central do Rio Grande do Sul. Resumos do XX Congresso Brasileiro de Microbiologia, Salvador, 1999. 19. RUFFINO NETO, A; Hijjar, M.A; Macedo, C.G.; Fantine, J.; Gomes, A.A.; Procópio, M.J.; Garcia, S. M. B. de A e Biz, B. Plano Nacional de Controle da Tuberculose – Brasília, MS, 1999. 184 pp. Zit Gráfica Editora, 1999. • • • • • • • • • • • Material técnico/científico produzido • • • Boletim de Pneumologia Sanitária – n.º 2, vol. n.º 5, tiragem de 2.500 exemplares; Boletim de Pneumologia Sanitária – n.º1, vol. n.º6, tiragem de 2.500 exemplares; Cartilha “Educando o cidadão sobre a Tuberculose” – 7000 exemplares; Livro de registro e controle de tratamento dos casos de TB – 5000 exemplares; Folder sobre Tuberculose – 2000 exemplares; Material para campanha educativa – 2000 unidades; Folder institucional – 2000 exemplares; Painéis para congresso e outros - 12; Cartazes - Esquemas de Tratamento da Tuberculose - 2.000 exemplares. • • • Participação de 12 técnicos no “Seminário Nacional Novas Formas de Gerenciamento das Doenças Transmissíveis: Tuberculose e Hanseníase” – Belém; VII Congresso de Pneumologia e Tisiologia do Estado do RJ; XIX Congresso Estadual de Medicina Veterinária; II Congresso Estadual de Medicina Veterinária do Cone Sul; Simpósio Nacional de Micobacteriologia – Salvador; Congresso da UICT – Madri; Congresso SOPTERJ – RJ; Simpósio sobre Tuberculose em Volta Redonda; Treinamento para profissionais de laboratório e coordenadores dos PCTs para implantação do SILTB, nas seguintes regiões: Norte – 01, Nordeste – 02; Encontro de Avaliação dos Programas de Controle da Tuberculose das Macrorregiões Sul e Sudeste, no Rio de Janeiro, julho de 1999; II Congresso Brasileiro de Asma (Brasília, 24 a 27 de junho de 1999); Congresso da American Lung Association / American Thoracic Society (San Diego, abril de 1999); Congresso da Sociedade Européia de Pneumologia (Madri, 11 a 14 de outubro de 1999); Congresso de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro (16 a 20 de outubro de 1999); Congresso Mundial de Asma (Buenos Aires, 17 a 20 de outubro de 1999); II Jornada de Atualização Médica da Sociedade Médica de Volta Redonda (maio); 77 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 ________________________________________________________________________________________________________________ • • • • • • • • Curso de Atualização em Tuberculose para Médicos (maio) Secretaria Municipal de Saúde RJ; XX Congresso Brasileiro de Pneumologia – outubro – Salvador BA; ATS – American Thoracic Society Meeting – San Diego, USA (maio); VII Congresso da SOPTERJ – Sociedade de Penumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro (outubro); VIII Congresso Paulista de Pneumologia e Tisiologia – São Paulo, SP (novembro); III Jornada Pneumológica Mario Rigatto – Porto Alegre RS (novembro); XVI Congresso Mundial de Asma - 17 a 20 de outubro - Buenos Aires; Seminário "Implementando as estratégias de controle do GINA” - Guangzhou, China, 6 de novembro. Organizações Nacionais e Internacionais • • • A Dra. Margareth Dalcolmo foi eleita diretora científica da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – SBPT – para o biênio 1999-2000. Com tal função é responsável pela elaboração do programa de educação através de módulos de educação continuada em pneumologia, veiculado no canal médico (27 da SKY) havendo elaborado um conjunto de doze programas gravados e veiculados; Dr. Hisbello S. Campo é membro do Grupo Técnico do Programa Iniciativa Global da Asma da Organização Mundial da Saúde; Dr. Hisbello S. Campo é membro do Comitê de Proteção Ambiental – Aerossóis em Medicina da Organização das Nações Unidas. Informática Em 1999, desenvolvemos os sistemas de concepção, desenvolvimento e manutenção do Sistema de Informação Laboratorial da Tuberculose, Módulos LACEN e Unidade Laboratorial. Também realizamos treinamentos dos técnicos do CRPHF/Treinamento dos técnicos da informática em Internet, Treinamento Básico em Administração, Secretariado, Software Excel e Projeto e 78 Desenvolvimento de Banco de Dados com MS Access 97 e Visual Basic 5.0. O ingresso do CRPHF na Internet ficou sob a responsabilidade da Informática com a contratação do provedor de serviços (GLOBALNET) para 20 pontos; instalação do software de acesso e gerenciamento do acesso. Planejamento Os projetos e atividades do ano de 1999 foram acompanhados e avaliados em conjunto com as Áreas Técnicas e a Direção do CRPHF, bem como a elaboração da proposta orçamentária para 2000. Para a realização dos projetos e atividades mencionados acima, esta unidade, recebeu dotação orçamentária no valor de R$ 2.108.797,06 – tendo executado 70.68% deste valor. Do orçamento executado, as despesas com Investimentos correspondem a 8,71% e em outras despesas correntes 91.29%. Por força do encerramento do exercício financeiro de 1999, foi necessário o cancelamento de despesas já empenhadas, concorrendo para o decréscimo nos percentuais de efetiva execução orçamentária. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PNEUMOLOGIA SANITÁRIA – 1999 Relação nominal dos alunos e das monografias apresentadas Nome do Aluno Objetivo Título do Trabalho 1. Adenauer Amaral Andrade – Médico - GO Análise da Situação do Município de Jataí/GO 2. Alberto Enildo de Oliveira Marques da Silva – Enfermeiro - PE Reavaliação da Efetividade do Tratamento da Tuberculose no Município do Recife/PE, no ano de 1998. 3. Aldo Pituaka – Enfermeiro - RO Plano de Ação para o Controle da Tuberculose das Comunidades Indígenas PAKAÁSNOVA, ano 2000. 4. Ana Carla Gomes Soares – Médica - SP Plano de Ação para Controle da Tuberculose no Município de Embu 1999. 5. Ana Maria Calabria Cardoso - Nutricionista - PA Ampliação do DOTS no Município de Belém do Pará 6. Andrea Patrícia Pereira de Souza – Enfermeira - PE Plano de Ação para Controle da Tuberculose Pernambuco – 1999 7. Elaine Black Ceccon – Médica - RS Plano de Ação do Município de Porto Alegre/RS 8. Elcio Zardo Pedroso – Médico - RS Plano de Ação da Brigada Militar/RS 9. Elizabeth Cristina Coelho Soares – Médica - RJ Tuberculose Mutirresistente: Uma Proposta de Vigilância Epidemiológica para o Município do Rio de Janeiro 10. Hedi Marinho de Melo – Médica - RJ Projeto Gerencial Hospital Santa Maria 11. Hugo Carlos Pedroso – Enfermeiro - PR Implantação do Tratamento Diretamente Observado – DOT – no Município de Curitiba/PR Descentralizar o programa de controle da tuberculose no município de JataíGO, através da implantação das ações de diagnóstico e tratamento em 4 unidades de saúde, visando aumentar a taxa de cura de 61,9% para 85% dos casos diagnosticados, no período de março de 2000 a março de 2002. Reavaliar a efetividade do tratamento da tuberculose no município do Recife (PE) no ano de 1998, através do resgate das altas não registradas no Sistema de Informação de Agravos do SINAN (SINAN – Tb), reduzindo o percentual de casos sem informações de encerramento de 35% para menos de 5%, no período de 6 meses. Implantar o Posto de Atendimento Médico Casa do Índio no município de Guajará-Mirim-RO, um serviço especial para o controle da tuberculose das comunidades indígenas PAKAÁSNOVOS, visando identificar, diagnosticar e tratar todos os casos existentes no período de dezembro de 1999 a dezembro de 2000. Promover a implantação do tratamento supervisionado para pacientes inscritos no Programa de Controle da Tuberculose, nas nove Unidades Básicas de Saúde do Município da Estância Turística de Embu, SP, adaptando e aprimorando a estrutura dos serviços de saúde já existentes, com a finalidade de reduzir a taxa de abandono de 9,90% para menos de 5%, no período de janeiro a dezembro de 2000. Ampliar a implantação do tratamento supervisionado para pacientes cadastrados no PCT, em 100% das US, no município de Belém, empregando a estrutura do DOTS, reduzindo a taxa de abandono de 12,9% para menos de 5%, de janeiro a dezembro de 2000. Aumentar a efetividade das ações de controle da tuberculose no Estado de Pernambuco, através da implementação ou implantação de atividades específicas para o seu controle em 100% dos municípios, visando diminuir a transmissão do bacilo da tuberculose na população, até o ano 2000. Descentralizar o Programa de Controle da Tuberculose no município de Porto Alegre – RS, através da implantação de ações de diagnóstico e tratamento em 07 Unidades de Saúde, visando aumentar o percentual de cura de 76 para 85% dos casos diagnosticados, no período de janeiro a dezembro do ano de 2000. Implantar o tratamento supervisionado para membros da Brigada Militar cadastrados no PCT na totalidade das unidades desta, desenvolvendo ações de diagnóstico e tratamento, visando atingir um percentual de cura de 85% dos casos diagnosticados, no período de janeiro a dezembro do ano 2000. Implantar o sistema de Vigilância Epidemiológica para Tuberculose Multirresistente (Tb-MR) no município do Rio de Janeiro, levantando o perfil epidemiológico, analisando e avaliando os dados de todos os casos de Tb-MR notificados entre 1995 e 1999, visando subsidiar medidas de prevenção da multirresistência nos locais de origem, em 6 meses. Implantar no Hospital Estadual Santa Maria um Sistema de Vigilância Epidemiológica, através da definição de rotinas e critérios para internação prolongada e de acompanhamento pós-alta dos pacientes, visando diminuir em 50% o percentual de reinternações, até o final do ano 2000. Promover a implantação do tratamento supervisionado para pacientes cadastrados no Programa de Controle da Tuberculose-PCT, em 31 US do município de Curitiba-PR, empregando a estrutura do PSF, reduzindo a taxa de abandono de 13% para menos de 5%, de janeiro a dezembro de 2000. 79 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ 12. Izaide Ribeiro de Faria – Enfermeira - RJ 500 anos de Tuberculose no Brasil... Implementar as atividades do PCT no Município de São João de Meriti, efetivando o sistema de informação, reciclando a equipe para assistência e diagnóstico laboratorial, visando agilizar o resultado dos exames e identificação de casos novos; Descentralizar as ações do PCT para mais uma Unidade de Saúde no município, visando facilitar o acesso ao serviço e aumentar a taxa de cura de 70% para 85% e reduzir a taxa de abandono de 16% para 5% até dezembro do ano de 2000. 13. Jorge Pereira de Sant' Anna – Enfermeiro - RJ Projeto Gerencial Hospital Santa Maria Implantar no Hospital Estadual Santa Maria um Sistema de Vigilância Epidemiológica, através da definição de rotinas e critérios para internação prolongada e de acompanhamento pós-alta dos pacientes, visando diminuir em 50% o percentual de reinternações, até o final do ano 2000. Implementar um sistema de ação para prevenção ao abandono, incluindo a busca dos pacientes faltosos e em atraso, bem como, o controle dos Plano de Ação para o PCT, do Pólo Sanitário Washington Luiz Lopes, contatos do PCT no Pólo Sanitário Washington Luiz Lopes, visando do Município de São Gonçalo/RJ reduzir a taxa de abandono ao tratamento de 38% para 20%, no período de novembro de 1999 a outubro de 2000. 14. Julianne Rifan de Almeida - Assistente Social - RJ 15. Kátia Maria Alves da Silva – Enfermeira - AM Plano de Ação para o Controle da Tuberculose Paritins/AM 16. Lucia Helena Loques Rocha – Médica - RJ Vigilância Epidemiológica em Multirresistentes 17. Lucia Maria de Oliveira Vicentini – Médica - RJ Plano de Ação para o Controle da Tuberculose do Município de Nova Iguaçu/RJ 18. Lucio Sérgio Camargo Caldas – Médico - PR Plano de Ação do Município de Guarapuava/PR – 1999 19. Luzia Matos Ribeiro de Azevedo - Assistente Social - RJ Projeto Gerencial Hospital Santa Maria 20. Marcela Enrietti Bin – Médica - SC Plano de Ação do Município de Navegantes/SC 21. Maria Betânia Pessoa de Paiva - Fisioterapeuta. - RJ Plano de Ação para o Controle da Tuberculose Município de Queimados/RJ 22. Maria do Socorro Gomes Pereira - Ass. Social - PI Trabalho de Conclusão 23. Maria Helenita Carneiro Cavalcante – Enfermeira - CE Plano de Ação do Centro de Saúde D. Libânia 80 Implementar as ações de controle da tuberculose no município de Parintins-AM, implantando atividades de diagnóstico e tratamento em duas Unidades de Saúde, buscando diagnosticar 100% dos casos estimados e curar 85% destes, no período de janeiro a dezembro de 2000. Implantar um sistema de vigilância epidemiológica para tuberculose multirresistente (Tb-MR) no município do Rio de Janeiro, levantando o perfil epidemiológico, analisando e avaliando os dados de todos os casos Tb-MR notificados entre 1995 e 1999, visando subsidiar medidas de prevenção da multirresistência nos locais de origem, em 6 meses. Implementar o PCT do município de Nova Iguaçu, efetivando o sistema de informação, capacitando equipe multiprofissional para a assistência; disponibilizando recursos diagnósticos em 5 Unidades de Saúde; visando o aumento de 50% para 75% da taxa de cura até dezembro do ano de 2000. Implementar as ações do PCT, no município de Guarapuava-PR, melhorando a qualidade do diagnóstico laboratorial, através do treinamento de 100% dos profissionais de laboratório, técnicos e bioquímicos, que realizam diagnóstico baciloscópicos no laboratório do CMS, durante o 1º semestre de 2000. Implantar no Hospital Estadual Santa Maria um Sistema de Vigilância Epidemiológica, através da definição de rotinas e critérios para internação prolongada e de acompanhamento pós-alta dos pacientes, visando diminuir em 50% o percentual de reinternações, até o final do ano 2000. Descentralizar o Programa de Controle da Tuberculose no município de Navegantes-SC, através da implantação das ações de diagnóstico e tratamento em duas Unidades de Saúde, visando aumentar a taxa de cura de 47,2% para 85% dos casos diagnosticados, no período de novembro de 1999 a novembro de 2001. Implementar o Programa de Controle da Tuberculose no município de Queimados, efetivando o sistema de informação, capacitando equipe multiprofissional para assistência, disponibilizando recursos diagnósticos, visando um aumento de 28 para 75% da taxa de cura, até dezembro de 2000. Implementar as ações de controle da tuberculose na Clínica de Pneumologia Sanitária, implantando atividades de diagnóstico e tratamento, visando reduzir a taxa de abandono de 5,7% para 1%, no período de 1 ano. Implementar um sistema de controle de contactantes dos pacientes inscritos no Centro de Saúde Dona Libânia, através do exame de 100% dos bacilíferos visando conhecer o percentual de adoecimento no período de dezembro/1999 a dezembro de 2000. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ 24. Maria Luiza de Freitas – Médica - SP Plano de Ação no Município da Estância Climática de Cunha 25. Maria Manoela Alves Oliveira – Médica - RJ Plano de Ação para o Controle da Tuberculose do Município de Nova Iguaçu/RJ 26. Marneili Pereira Martins – Enfermeira - RJ Plano de Ação para o Controle da Tuberculose Município do Queimados/RJ 27. Mônica Elsy Coelho – Enfermeira - PI Plano de Controle da Tuberculose 28. Olímpia Domingues Santos – Enfermeira - PE Plano de Ação para o Controle da Tuberculose Caruaru-PE 29. Regina Coeli Diógenes Pires - Ass. Social - PB Plano de Ação do Município de João Pessoa-PB 30. Rita Dalla Jobim – Médica - RS Trabalho de Conclusão 31. Rosalia Maia - Farm.-Bioquímica - DF Trabalho de Conclusão 32. Rose Mary de Sousa dos Santos - Ass. Social - BA Plano de Ação Ambulatório – HEOM 33. Rozidaili dos Santos Santana – Enfermeira - RJ Plano de Ação do Programa de Controle da Tuberculose para o Ano 2000: Município de Niterói/RJ 34. Sandra Elisa Pereira Souza – Enfermeira - AP Implantação das Estratégias do Tratamento Diretamente ObservadoTDO - no Município de Macapá 35. Sandra Maria Barros de Araújo Garcia – Pedagoga - RJ Plano Gerencial Hospital Estadual Santa Maria Implantar ação de descoberta de casos novos de tuberculose no município de Cunha-SP, promovendo a divulgação da doença e encaminhamento dos suspeitos ao Centro de Saúde, para diagnosticar 90% dos casos esperados, no período de janeiro a dezembro de 2000. Implementar o PCT no município de Nova Iguaçú, efetivando o sistema de informação, capacitando equipe multiprofissional para a assistência, disponibilizando recursos diagnósticos em 5 Unidades de Saúde; visando o aumento de 50% para 75% da taxa de cura até dezembro do ano de 2000. Implementar o Programa de Controle da Tuberculose no município de Queimados, efetivando o sistema de informação, capacitando equipe multiprofissional para assistência, disponibilizando recursos diagnósticos, visando um aumento de 28 para 75% da taxa de cura, até dezembro de 2000. Implantar o Programa de Controle da Tuberculose nos três hospitais da rede do município de Paulistana –PI, estabelecendo normas e rotinas, efetivando o sistema de informação, capacitando equipe multiprofissional, disponibilizando recursos diagnósticos, buscando a descoberta de 90% dos casos estimados até dezembro de 2000. Descentralizar as ações do Programa de Controle da Tuberculose no município de Caruaru-PE, através da implantação destas ações em 30 Unidades de Saúde, visando aumentar a detecção dos casos esperados no município até o ano de 2002. Melhorar a qualidade da assistência prestada pelo PCT no município de João Pessoa-PB, implementando atividades de diagnóstico e tratamento, buscando uma maior adesão dos pacientes ao tratamento, reduzindo a taxa de abandono de 12% para menos de 5%, no período de janeiro a dezembro de 2000. Implantar o SINAN (Tuberculose) em todos os Hospitais de Porto Alegre-RS, visando identificar 100% dos casos de tuberculose que necessitarem de internação hospitalar no município, no período de janeiro a dezembro de 2000. Aumentar a confiabilidade dos exames laboratoriais da tuberculose nos laboratórios públicos da região Centro-Oeste e no Norte do Brasil no período de 2000 a 2001. Implementar o PCT no ambulatório do HEOM, através da operacionalização das atividades de acompanhamento do tratamento dos pacientes, visando alcançar uma taxa de cura de 85%, no período de novembro/1999 a novembro/2000. Implantar em todas as Unidades de Saúde, a coleta de baciloscopia e fluxo de envio de amostras para o Laboratório de Referência com retorno de resultado em no máximo 03 dias; descentralizar o PCT, aumentar a proporção de 36% das Unidades de Saúde que fazem o tratamento de tuberculose para 100%; implantar o tratamento supervisionado nos 16 módulos de médicos de família, para implantação da estratégia DOT´s; implementar o Sistema de Informação do PCT, utilizando LRCTCTb em todas as Unidades de Saúde do PCT implantando o SINAN em todas as Policlínicas comunitárias até dezembro do ano 2000. Promover a implantação do tratamento supervisionado para pacientes cadastrados no PCT, em 11 Unidades de Saúde, dos municípios de Macaé-AP, empregando a estrutura do PACS, reduzindo a taxa de abandono de 4,7% para menos de 2% de janeiro a dezembro de 2000. Implantar no Hospital Estadual Santa Maria um Sistema de Vigilância Epidemiológica, através da definição de rotinas e critérios para internação prolongada e de acompanhamento pós-alta dos pacientes, visando diminuir em 50% o percentual de reinternações, até o final do ano 2000. 81 Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ 36. Simone Castro Couto Caldas – Enfermeira - BA Plano de Ação Implementar as ações de controle da tuberculose no 2º Centro de Saúde no município de Salvador-BA, organizando um sistema de prevenção de abandono, visando atingir uma taxa de cura de 85% dos casos de diagnosticados no período de janeiro a dezembro do ano de 2000. 37. Vera Lúcia de Araújo Costa – Enfermeira - DF Implementar o Programa de Controle de Tuberculose na Unidade de Saúde Indígena do município de Colider/MT, através da Plano de Ação para Implantação do PCT na Unidade de Saúde Indígena operacionalização das ações de diagnóstico e tratamentos, visando do Município de Colider/MT-1999 alcançar uma taxa de cura de 85%, no período de janeiro a dezembro de 2000. 38. Vera Lucia Figueiredo Tini Cardoso – Enfermeira - RJ Plano Gerencial Hospital Estadual Santa Maria Implantar no Hospital Estadual Santa Maria um Sistema de Vigilância Epidemiológica, através da definição de rotinas e critérios para internação prolongada e de acompanhamento pós-alta dos pacientes, visando diminuir em 50% o percentual de reinternações, até o final do ano 2000. 39. Virgínia Beatriz Ayer – Médica - TO Descentralizar o Programa de Controle da Tuberculose no município de Gurupi-TO, através da implantação das ações de diagnóstico e tratamento Plano de Ação no Controle da Tuberculose do Município de Gurupi/TO em 04 Unidades de Saúde, visando aumentar a taxa de cura de 60% para 85% dos casos diagnosticados, no período de março de 2000 a março de 2002. 40. Waldenor Guimarães Tiago – Enfermeiro - AM Plano de Ação do Município de Manaus/AM 41. Washington Luis Cavalcante Coelho – Enfermeiro - CE Trabalho de Conclusão 42. Wilma Espinoza Moreno – Enfermeira - RJ Plano de Ação para o Controle da Tuberculose do Município de Nova Iguaçu/RJ Identificar as principais causas de abandono do tratamento autoadministrado, e implementar o tratamento diretamente observado para estes pacientes, nas Unidades de Saúde do município de Manaus no ano 2000. Descentralizar as ações do PCT no município de Caucáia-CE, através da implantação destas ações em 06 Unidades, visando aumentar a taxa de cura de 56% para 85% dos casos diagnosticados, no período de novembro de 1999 a novembro de 2000. Implementar o PCT do município de Nova Iguaçu, efetivando o sistema de informação, capacitando equipe multiprofissional para a assistência, disponibilizando recursos diagnósticos em 5 Unidades de Saúde, visando o aumento de 50% para 75% da taxa de cura até dezembro do ano de 2000. 43. Woltina Silva Lustosa Barros - Psicóloga - TO Descentralizar o Programa de Controle da Tuberculose no município de Gurupi-TO, através da implantação das ações de diagnóstico e tratamento Plano de Ação no Controle da Tuberculose do Município de Gurupi/TO em 04 Unidades de Saúde, visando aumentar a taxa de cura de 60% para 85% dos casos diagnosticados, no período de março de 2000 a março de 2002. 44. Zélia Batista dos Santos Pereira – Enfermeira - RJ Plano Gerencial Hospital Estadual Santa Maria 82 Implantar no Hospital Estadual Santa Maria um Sistema de Vigilância Epidemiológica, através da definição de rotinas e critérios para internação prolongada e de acompanhamento pós-alta dos pacientes, visando diminuir em 50% o percentual de reinternações, até o final do ano 2000. ABERTURA DO ENCONTRO DE COORDENADORES DO PCT-RJ, 1999 – Saudação Paula Fujiwara1 Estou muito feliz por estar aqui com vocês esta noite. Na semana passada tive a oportunidade de entrevistar-me com a nova Coordenadora do Programa de Tuberculose do Rio de Janeiro, a Dra. Lia Selig. Descobrimos que nossos programas eram semelhantes em muitos aspectos. Vejamos: há oitos anos o Programa de Nova York tinha um desempenho ruim. Enfrentávamos uma situação em que os profissionais de saúde estavam desmotivados e não acreditavam que, por eles próprios, fossem capazes de mudar o quadro epidemiológico da tuberculose. Houve um momento em que o público, os políticos e a maioria dos médicos pensavam que a tuberculose havia desaparecido. Entretanto, ela estava presente e crescia, tendo como principal razão o aumento dos casos de AIDS, grande parte deles co-infectados pelo Mycobacterium tuberculosis. Finalmente, pela ação dos governos local, estadual e federal, tivemos o desmantelamento do Programa de Tuberculose de Nova York. Estava caracterizada uma grande crise. Resultado: A prevalência de casos de tuberculose multirresistente em Nova York alcançou 19% em 1991, significando que os pacientes abandonavam o tratamento ou os médicos não prescreviam corretamente os medicamentos; em outras palavras, o Programa não funcionava bem. z restabelecimento do apoio político dos níveis de governo federal, estadual e local; z investimento no controle de qualidade dos laboratórios; z os programas de educação visando o público, os políticos, os médicos, os enfermeiros, os auxiliares de enfermagem e os assistentes sociais e, por último, z a crença de que o paciente tuberculoso era a mais importante pessoa do programa e a razão de nosso trabalho. Não tardou para que se observasse a melhoria da situação epidemiológica. Em 1992, notificamos quase 4.000 casos de tuberculose e, em 1998, apenas 1.500, um descenso de mais de 50%, quadro que se acompanhou de uma redução de 92% dos casos de tuberculose multirresistente que passaram de 441 para 31. Em conclusão: uma situação ruim pode ser transformada se os políticos e os profissionais concordam que isso é importante. O Estado do Rio de Janeiro encontra-se no mesmo ponto em que começamos, há oito anos, em Nova York. Assim, acho que com muito trabalho e liderança dos níveis federal, estadual e local, vocês poderão ter êxito. Boa sorte. Mas, pouco a pouco, vimos que a situação mudava, graças a grandes esforços e à presença de intervenções como, por exemplo: z uso do DOT - terapia diretamente observada que assegura a tomada correta dos medicamentos e, por conseqüência, corta a cadeia de transmissão; _______________________________________________________________________________________________________________________________ 1 – Médica, Chefe do Programa de Tuberculose em Nova York e Auditora da OPS para o apoio do CRPHF a Região Centro-Oeste. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999 _________________________________________________________________________________________________________________ NORMAS DE PUBLICAÇÃO Informações gerais O Boletim de Pneumologia Sanitária, publicação oficial do Centro de Referência Prof. Hélio Fraga – FUNASA/MS, é uma revista técnica e científica, semestral, com ISSN, voltada para a divulgação de informações sobre doenças pulmonares de interesse sanitário, com ênfase em controle da tuberculose. Sua distribuição se faz entre profissionais de saúde e pesquisadores do Brasil, América Latina e países de língua portuguesa. Critérios para aceitação de matérias A matéria deve ser original e poderá ser publicada, reproduzida em seu todo ou partes, desde que, citada a fonte. A seleção de matéria para publicação considerará: Tipo de assunto – relatórios de pesquisas – observações clínicas originais com análise e discussão – análise de aspectos éticos, filosóficos e sociais, relacionados com a área de ciências da saúde – relatos discussivos de casos ou reuniões clínicas – análises epidemiológicas – descrições ou avaliações de métodos ou procedimentos – artigos de revisão ou atualização – informes; Importância do tema para a saúde pública, originalidade, repercussão científica, atualidade da informação, observação das normas éticas; Artigos com mais de um autor deverão ser encaminhados com uma carta assinada por todos, declarando estar ciente, concordando e se responsabilizando pelo mesmo. Critérios de autoria A inclusão de um autor em um trabalho encaminhado para publicação só é justificada se ele contribuiu significativamente, do ponto de vista intelectual, para a sua realização. Fica implícito que: 1 – o autor participou da concepção e do planejamento do trabalho, bem como da interpretação das evidências; 2 – escreveu, revisou ou tomou parte em todas as redações preliminares e na definitiva; 3 – aprovou a versão final. Roteiro para publicação Encaminhamento – a matéria será enviada ao corpo editorial do Boletim, para apreciação, em três cópias e disquete de computador e endereçada para: Editor do Boletim de Pneumologia Sanitária – Centro de Referência Prof. Hélio Fraga, Cep: 22710-550 - Estrada de Curicica Nº 2000 – Rio de Janeiro, RJ – Brasil; Recebimento – a administração do Boletim acusará, por carta, a recepção da matéria; Língua – o idioma preferencial é o português, mas serão aceitos artigos em espanhol ou inglês; Título e autores – o título, com cerca de 10 palavras, não podendo exceder de 15, deverá ser claro, conciso e descreverá, especificamente, o conteúdo do artigo. Palavras ambíguas, jargões, abreviações serão evitados. 84 Boletim de Pneumologia Sanitária - Vol. 7, Nº 2 – jul/dez– 1999 ________________________________________________________________________________________________________________________________ Os nomes completos dos autores, da instituição e endereço para correspondência, devem vir imediatamente abaixo do título; Resumo e palavras-chave – o resumo deverá ter 150 a 250 palavras, indicando objetivo do estudo, datas e local onde foi realizado; procedimentos básicos – método, amostragem, observação e análise; resultados principais e as conclusões mais importantes. O resumo não incluirá informações e/ou conclusões que não estejam no corpo do artigo; será escrito na terceira pessoa, sem abreviações nem referências bibliográficas. Seu objetivo é capacitar o leitor para determinar a relevância do conteúdo e conseqüente decisão sobre a leitura integral ou não. Sob os mesmos critérios será apresentado o resumo em inglês. Logo a seguir deverão ser listadas 3 a 10 palavras-chave que são utilizadas em bancos de dados, como Index Medicus; Corpo do artigo – os artigos são, em geral, divididos em Introdução, Material e Métodos, Resultados e Discussão. Revisões bibliográficas ou atualizações podem ter outra estrutura, de acordo com o conteúdo. No caso de comunicações curtas, o usual é seguir os mesmos capítulos, porém omitindo os títulos; Referências bibliográficas – “Vancouver style”- As citações devem ser usadas para identificar a fonte original de conceitos, métodos e técnicas oriundos de pesquisas, estudos e experiências; apoiar opiniões e fatos expressados pelo autor e orientar os leitores interessados em um maior conhecimento do assunto. Com exceção de matérias sobre revisões bibliográficas, o número de referências deve ser de 10 a 30 e compreenderá as mais relevantes. Nas comunicações curtas este número não ultrapassará de 15. As citações devem aparecer no texto em número itálico, consecutivo, entre parênteses e sobrescrito. Por exemplo: ... foi observado (3,4) que... ... vários autores (1-5) têm afirmado... A lista de referências será numerada consecutivamente, observando a ordem de entrada no texto e dela só devem constar autores citados; autores apenas consultados serão listados, separadamente, por ordem alfabética, em Bibliografia. O sobrenome e iniciais dos seis primeiros autores devem ser citados; para os que excedem de seis utiliza-se: “et al” Exemplo: HERRERO, R.; Brinton, L.; Hartge, P.; Reeves, W.; Brenes, M.; Urcuyo, R. et al. Determinants of the geographic variation of invasive cervical cancer in Costa Rica. Bull Pan Am Health Organ; 27: 15-25. 1993. Tabelas – devem ser numeradas de acordo com a apresentação, conterá dados auto-explicativos e complementares à informação do texto, sem duplicá-la. As tabelas serão apresentadas em ordem de seu comentário no corpo do texto e com citação de local, data e especificação da fonte; Figuras – gráficos, diagramas, mapas e fotografias são utilizados para destacar tendências e comparações exatas e claras; deve constar a fonte. Processo de seleção Os trabalhos recebidos serão revistos por técnicos experientes no assunto em questão que, depois de julgamento do mérito científico e oportunidade de publicação, emitirão parecer sobre a aceitação ou recusa da matéria. Em ambas situações a direção do Boletim fará uma comunicação ao autor principal. Em caso de que a matéria seja aceita na dependência de alguma alteração, o artigo será devolvido com sugestões apontadas pelo editor, para decisão dos autores. A aceitação de um artigo implica na autorização, para que os editores possam fazer pequenas alterações de consistência, clareza e conformidade com o estilo da revista. 85