VANESSA LAMEIRA Estudo dos efeitos letais e subletais (reprodução eteratogênese) do fármaco triclosan para Daphnia similis,Ceriodaphnia dubia, Ceriodaphnia silvestrii (cladocera, crustacea) Orientadora: Dra. Maria Beatriz Bohrer Morel RESUMO Até pouco tempo, o conhecimento da contaminação dos ecossistemasaquáticos, estava restrito a metais e agrotóxicos, sendo pouca ênfase dada a produtos farmacêuticos, que, apesar de serem encontrados em concentrações de nanogramas a microgramas, podem causar efeitos letais e induzir malformações nos organismos. Estudos ecotoxicológicos têm sido realizados para identificar os efeitos destas substâncias, contudo, os dados são insuficientes, principalmente no que se refere a efeitos subletais e de toxicidade em espécies de ambientes tropicais e subtropicais. Efeitos letais e subletais, como crescimento e reprodução, são determinados através de ensaios ecotoxicológicos agudos e crônicos, sendo as malformações dificilmente evidenciadas por estes ensaios. Diante disto, pesquisadores vêm desenvolvendo metodologias mais refinadas, como por exemplo, a exposição direta de embriões a produtos químicos em ensaios de teratogênese. Para Cladocera estes ensaios são restritos. O objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos letais e subletais de um antimicrobiano, Triclosan, através de ensaios de ecotoxicidade com Daphnia similis, Ceriodaphnia. dubia e C. silvestrii. A fim de se estimar com maior rigor os efeitos em ambientes tropicais e subtropicais, os ensaios foram realizados com água natural como água de diluição, com e sem fotoperíodo. Também foram realizados ensaios em água Milli- Q água reconstituída, sem fotoperíodo de modo a observar a toxicidade do produto sem interferentes externos. Estágio do desenvolvimento embrionário de D. similis, C. dubia e C. silvestrii foram identificado de modo a otimizar os ensaios de teratogênese. Para o estudo da toxicidade, foram realizados ensaios de ecotoxicidade aguda com D. similis, C. dubia e C. silvestrii e ensaios crônicos com D.similis e C. silvestrii. Para a classificação dos estágios do desenvolvimento embrionário, ovos foram cultivados in vivo” a temperatura de 20°C (D. similis) e 25°C (C. dubia e silvestrii), observados a cada hora, até o desenvolvimento completo do organismo. Posteriormente, as condições dos ensaios de teratogênese foram estabelecidas sendo realizados com D. similis. A CE50 48H de Triclosan para D.similis e C. silvestrii em água natural reconstituída com fotoperíodo foi de 0,23 e 0,10 mg.L-1, respectivamente, e de 0,13 mg.L-1para C. silvestrii, sem fotoperíodo. Para os ensaios com água Milli-Q reconstituída, sem fotoperíodo, os valores de CE50;48H para D. similis, C. dubia e C. silvestrii foram de 0, 22; 0,09 e 0,08 mg.L-1, respectivamente. O CEO para D. similis foi de 0,1 mg.L-1 e a o valor de IC50 relativo às malformações das neonatas nos testes crônicos foi de 0,057 mg.L-1. Para C.silvestrii o CEO foi de 0,04 mg.L-1, não sendo evidenciadas malformações nas neonatas. Sete estágios foram observados no desenvolvimento embrionário dos cladoceros com duração (horas) de 34 (±3) para C. dubia, 36(±2) para C. silvestrii e de 51 (±5) para D. similis. O valor de IC50 para malformação nos ensaios de teratogênese (exposição direta de embriões) para D. similis foi de 0,075 mg.L-1, próximo ao obtido nos ensaios crônicos.