eficácia analgésica da morfina, metadona e cetamina

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ISBN 978-85-8084-603-4
EFICÁCIA ANALGÉSICA DA MORFINA, METADONA E CETAMINA EM
COELHOS COM SINOVITE INDUZIDA POR LIPOPOLISSACARÍDEO
Douglas Rorie Tanno1; Thais Akelli Sanchez Kovacs2;
Vinicius Eduardo Gargaro Silva3; Fernando Silvério Ferreira da Cruz4
RESUMO: A dor desencadeada por múltiplos fatores nos animais pode levar a grandes alterações no
organismo, podendo gerar inflamação de tecidos e órgãos, depressão do sistema imunológico, aumento da
frequência cardiorrespiratória e consequentemente, danos ao bem-estar do animal. Diante destes fatos,
nota-se a grande importância da analgesia eficaz e adequada dos animais frente a procedimentos
cirúrgicos. O presente estudo analisará por meio de experimentos o grau de analgesia promovido pela
morfina, metadona e cetamina administradas pela via intra-articular. Serão utilizados 18 coelhos da raça
albina da Nova Zelândia, com idade aproximada de 6 meses, onde serão separados aleatoriamente em três
grupos de animais e cada grupo receberá um fármaco específico após ser submetido à sinovite induzida
com lipopolissacarídeo (LPS) de Escherichia coli. Após a aplicação do fármaco, será medida a eficácia na
analgesia de cada um através da análise comportamental de cada animal após vários períodos de tempo
pré-definidos. Os dados serão classificados em pontuações equivalentes ao grau de dor sentido e a partir
destes, será feito o levantamento estatístico utilizando testes e comparações sobre o desempenho de cada
um dos fármacos.
PALAVRAS-CHAVE: Analgesia; Coelhos; Dor; Intra-articular.
1.
INTRODUÇÃO
Um estímulo de dor pode desencadear efeitos tanto fisiológicos como emocionais
e comportamentais, os quais podem ser observados tanto nos seres humanos quanto em
animais, resultando principalmente em alterações de frequências cardiorrespiratórias,
midríase, aumento da pressão arterial, dentre outras. O estímulo de dor constante afeta o
bem-estar dos animais comprometendo seriamente o comportamento natural e a saúde
dos indivíduos (CUNHA, CORTOPASSI & MACHADO, 2002).
A dor geralmente é causada por períodos pós-operatórios ou por patologias, a qual
desencadeia diversos tipos de lesões e inflamações em tecidos e órgãos (ALMEIDA et al.,
2006). Segundo Dubal et al. (2007), a presença de estímulos dolorosos no período pósoperatório pode levar a um aumento na liberação de cortisol sérico, que ocasiona uma
depressão do sistema imune prolongando e interferindo no processo de cicatrização do
tecido do animal.
1
Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Cesumar – UNICESUMAR, Maringá – Paraná. Bolsista do
Programa de Bolsas de Iniciação Científica do Cesumar (PROBIC). [email protected]
2
Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Cesumar – UNICESUMAR, Maringá – Paraná.
[email protected]
Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Cesumar – UNICESUMAR, Maringá – Paraná.
[email protected]
4
Orientador, Professor Doutorando do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Cesumar – UNICESUMAR.
[email protected]
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Sendo assim, a utilização de substâncias adequadas para o controle da dor resulta
em uma condição clínica favorável ao animal. Existem dois grupos principais em que os
analgésicos podem ser classificados: os opioides, que são substâncias derivadas e
extraídas do ópio; e os não opioides, que atuam diretamente nas enzimas ciclooxigenase, que estão envolvidas na produção de prosteoglandinas (NASCIMENTO et al.,
2011).
Em relação aos opioides, a morfina é a droga padrão, pois mesmo com a
existência de inúmeras substâncias analgésicas, nenhuma prova ter uma eficácia maior
no alívio da dor (SPINOSA et al., 2011).
Dentre as vias de administração da morfina, o meio intra-articular vem sendo
utilizado com êxito, tendo como base a presença de receptores opioides nos tecidos
inflamados (DUARTE, 2004). A morfina também tem demonstrado grande eficácia no
tratamento da dor pós-operatória de artroscopias de joelho em humanos e cães. Além
disso, segundo Stewart et al. (2005) a maneira mais rápida e duradoura de analgesia em
inflamações articulares em cavalos é feita com o uso de morfina com ropivacaína.
Existem também analgésicos opioides alternativos, como a metadona, que possui
praticamente as propriedades farmacológicas da morfina, incluindo a analgesia, agindo no
mesmo receptor específico da morfina. Por decorrência de sua ação de longa duração, a
metadona é usada como forma alternativa, principalmente nas grandes cirurgias com um
longo tempo de recuperação, como em cirurgias cardíacas (UDELSMANN et al., 2012).
Outro fármaco que é utilizado tanto na medicina humana como na veterinária é a
cetamina, que, de acordo com Spinosa, Górniak e Bernardi (2011), é utilizada usualmente
como um anestésico intravenoso, mas também possui características analgésicas quando
administrada em doses subanestésicas. Embora existam poucas pesquisas utilizando a
cetamina via intra-articular acredita-se que tem uma ação analgésica mais longa do que
quando administrada pela via intravenosa (BORNER et al., 2007).
Dessa forma, o presente trabalho, tem como objetivo avaliar e comparar a ação
dos três fármacos (morfina, metadona e cetamina) quando administrados pela via intraarticular, pois acredita-se que nesta via pode-se proporcionar efeito analgésico por um
período prolongado, uma vez que se mantém concentrado em um só local. Para o
desenvolvimento desse estudo, será utilizado coelhos da raça albina da Nova Zelândia
(Oryctolagus cuniculus), que de acordo com Calasans-Maia et al. (2009), é comumente
empregado como modelo em estudos e experimentos in vivo, por possuir características
fisiológicas, anatômicas e orgânicas, similares com as dos humanos e animais
domésticos.
2.
MATERIAL E MÉTODOS
Serão utilizados 18 coelhos da raça albina da Nova Zelândia com idade
aproximada de 6 meses, pesando entre 2 kg e 3,5 kg, provenientes do Biotério Central da
Universidade Estadual de Maringá, e serão mantidos em gaiolas individuais com
dimensões de 60x60x60 a uma distância de um metro do chão. A alimentação será
baseada por ração comercial e água ad libitum.
Os animais serão dispostos aleatoriamente em três grupos de seis animais cada,
sendo o grupo 1 os animais que receberão 0,1 mg/kg de morfina 1 pela via intra-articular,
do grupo 2 os animais que receberão 0,5 mg/kg de metadona 2 pela mesma via, e do
grupo 3 animais que receberão 0,2 mg/kg de cetamina3 também pela via intra-articular.
1
Dimorf 10mg/ml – Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos, Itapira, SP, Brasil.
Mytedom – Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos, Itapira, SP, Brasil.
3
Vetaset – Fort Dodge Saúde Animal Ltda., Campinas, SP, Brasil.
2
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Todos os animais serão submetidos à sinovite induzida com aplicação de 0,5 ng de
lipopolissacarídeo (LPS) provindo de E. coli na articulação do joelho (articulação fêmorotibio-patelar), e a sensação da dor será avaliada antes do procedimento (T0), 10 minutos
depois (T1), e continuamente depois com 1, 2, 3, 6 e 12 horas após o procedimento.
Para isso, utilizar-se-á o método de escala analógica visual (VAS), em que os
observadores analisarão o comportamento do animal em cada momento, indicando a
pontuação de dor em uma folha a qual apresentará uma escala de 10 centímetros,
determinando a qualidade da analgesia de 0 a 100.
Caso o animal apresente uma pontuação acima de 12 pontos para as alterações
fisiológicas e comportamentais ou acima de 50 pontos na VAS será considerado dor
intensa, sendo administrado 0,5 mg/kg de morfina por via intramuscular e tais animais
serão considerados como grupo resgate.
Figura 1: Esquematização do local onde será administrado tanto o lipopolissacarídeo quanto os fármacos
na via intra-articular do joelho (articulação fêmoro-tibio-patelar) de coelhos albinos da Nova Zelândia
(Oryctolagus cuniculus).
A análise estatística será realizada utilizando o programa GraphPad Prism 4. Para
as variáveis paramétricas utilizar-se-á análise de variância (ANOVA) para amostras
independentes, com posterior teste de Dunnet para comparações de médias dentro de
cada grupo em relação ao tempo 0 minuto. Entre os grupos será utilizado teste Tukey
para amostras independentes. Apesar dos parâmetros para analgesia serem nãoparamétricos, os sistemas de pontuações aplicados perfazem as características
paramétricas, utilizando-se então os mesmos testes estatísticos. As diferenças serão
consideradas significantes quando P<0,05. Todos os resultados paramétricos serão
expressos em média ± desvio padrão.
3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Embora sejam elucidadas diferentes formas de analgesia, a administração pela via
intra-articular ainda é pouco descrita, portanto, com o emprego dos fármacos em questão
nos coelhos espera-se que o efeito analgésico seja melhor do que quando administrados
por outras vias, resultando numa resposta satisfatória contra a sintomatologia de dor
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proporcionada por afecções articulares e/ou cirurgias em de tais regiões anatômicas.
Também se espera que a metadona tenha o melhor efeito na via, pois a mesma promove
ação em ambos receptores opioides e NMDA (N-metil-D-aspartato), enquanto a morfina
tem ação apenas nos receptores opioides e a cetamina nos receptores NMDA.
4.
CONCLUSÃO
A eficácia analgésica dos três fármacos (morfina, metadona e cetamina) quando
administrados pela via intra-articular, que será comparada neste trabalho, visa contribuir
para a área da saúde na Medicina Veterinária, a qual poderá ser utilizada rotineiramente
na clínica terapêutica de pequenos e/ou de grandes animais, como por exemplo, em
casos de sinovites, artrites, artroses e afecções articulares de equinos e caninos de
competições esportivas, podendo trazer benefícios eficazes no alivio da dor prevenindo a
interferência no bem-estar animal, bem como esclarecer e aprofundar estudos referentes
ao uso desses fármacos pela via intra-articular, na qual a literatura existente ainda é
escassa.
5.
REFERÊNCIAS
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RODRIGUES, P. R. C. Classificação dos processos dolorosos em medicina veterinária.
Veterinária em Foco, Canoas, v.3, n.2, p.107 – 118, 2006.
BORNER, M.; BÜRKLE, H.; TROJAN, S.; HOROSHUN, G.; RIEWENDT, H. D.;
WAPPLER, F. Intraartikuläre Ketamingabe bei arthroskopischen Knieoperationen. Der
Anaesthesist, Köln, v.56, p.1120 –1127, 2007.
CALASANS-MAIA, M. D.; MONTEIRO, M. L.; ÁSCOLI, F. O.; GRANJEIRO, J. M. The
rabbit as an animal model for experimental surgery. Acta Cirurgica Brasileira, São
Paulo, v.24, n.4, p.325 – 328, 2009.
CUNHA, J. M. C. C. P.; CORTOPASSI, R. G.; MACHADO, A. Analgesia transoperatória
induzida pela morfina ou meperidina em gatos submetidos a osteossíntese. Ciência
Rural, Santa Maria, v.32, n.1, p.67 – 72, 2002.
DUARTE, D. F. Uma breve história do ópio e dos opióides. Revista Brasileira de
Anestesiologia, Campinas, v.55, n.1, p.135 – 146, 2005.
DUBAL, V. S.; MAIA, J. Z.; PINTO, V. M.; RODRIGUES, P. R. C.; KOSACHENCO, B. G.
Analgesia pós-operatória em descompressão medular cervical em cães. Veterinária em
Foco, Canoas, v.5, n.1, p.28 – 37, 2007.
NASCIMENTO, L. A.; SANTOS, M. R.; ARONI, P.; MARTINS, M. B.; KRELING, M. C. G.
D. Manejo da dor e dificuldades relatadas pela equipe de enfermagem na administração
de opióides. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v.13, n.4, p.715 – 720, 2011.
SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; BERNARDI, M. M. Hipnoanalgésicos e
Neuroleptoanalgesia. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária, Rio de Janeiro:
Guanabra Koogan, 5 ed., cap. 15, p.171 – 175, 2011.
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ISBN 978-85-8084-603-4
STEWART, D. J.; LAMBERT, E. W., STACK, K. M.; PELLEGRINI, J.; UNGER, D. V.;
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UDELSMANN, A.; MACIEL, F. G.; SERVIAN, D. C. M. REIS, E.; AZEVEDO, T. M.; MELO,
M. S. Metadona e morfina na indução da anestesia em cirurgia cardíaca. Repercussão na
analgesia pós-operatória e prevalência de náuseas e vômitos. Revista Brasileira de
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