Reprodução de cabras leiteiras é prejudicada pela

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Reprodução de cabras leiteiras é prejudicada pela Artrite Encefalite
Caprina
*Alice Andrioli
**Roberta Lomonte Lemos de Brito
***Raymundo Rizaldo Pinheiro
É crescente a preocupação dos técnicos e produtores de caprinos com relação à
entrada e à propagação de doenças ocasionadas pelo comércio de animais, sêmen
ou embriões, sem os devidos cuidados sanitários. Isso se deve aos prejuízos
econômicos resultantes da morte de animais, gastos com tratamentos e diminuição
dos índices produtivos.
Para ilustrar a situação, temos o caso da Artrite Encefalite Caprina (CAE) que já
foi constatada em 65% dos estados brasileiros, e foi introduzida no Brasil no início
da década de 80 a partir da importação de caprinos, de raças leiteiras de alta
produção, contaminados com o vírus.
O vírus da CAE infecta células do sangue, responsáveis pela defesa imunológica
dos animais, causando uma doença incurável, de caráter crônico e debilitante. A
CAE leva à diminuição da produção leiteira e os animais acometidos ficam mais
vulneráveis a outras doenças, como as parasitoses.
A ingestão de colostro e leite contaminado é a principal via de transmissão da
CAE, seguida pelo contato direto entre os animais com as secreções nasais, saliva,
secreções vaginais e o sêmen. Os sintomas da doença são: artrite, principalmente
nas articulações dos membros (joelho grosso), causando dor e dificuldade de
locomoção; emagrecimento progressivo, mesmo nos animais que se alimentam
normalmente; mamite; pneumonia e, raramente, encefalite em animais jovens.
A doença pode provocar falhas reprodutivas em cabras infectadas com o vírus,
principalmente quanto à taxa de fertilidade, ou seja, cai a porcentagem de cabras
prenhes após serem submetidas à estação de acasalamento. Outro dado importante
verificado é o menor peso vivo observado em crias nascidas de matrizes infectadas,
além do risco de transmissão vertical do vírus (mãe para feto) que está presente no
útero. Já foi constada a infecção em crias recém–nascidas isoladas de suas mães
logo após o parto e que receberam colostro tratado termicamente para eliminar o
vírus.
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Uma característica observada nos estudos da equipe da Embrapa Caprinos e
Ovinos foi que cabras portadoras do vírus da CAE, sem sintomas da doença,
apresentaram uma maior frequência de partos duplos e, consequentemente uma
redução no tempo de gestação. Não se conhece a razão para esse fenômeno. No
entanto, com o avanço dos sintomas, todos os índices reprodutivos diminuíram.
Somando essa queda dos índices reprodutivos às outras perdas causadas pela
CAE, já bem conhecidas, como a redução na produção leiteira e o aumento nos
gastos com o diagnóstico e com o controle, compreendemos o quanto essa
enfermidade é prejudicial ao crescimento da caprinocultura leiteira.
Fonte: Raymundo Rizaldo Pinheiro
A foto mostra a principal forma de transmissão da CAE (leite e colostro), pela mãe
infectada e com aumento nas articulações dos membros anteriores (setas).
*Médica veterinária, pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos
**Médica veterinária, doutora em Medicina Veterinária Preventiva
***Médico veterinário, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos
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