GRUPO DE ECOSSISTEMAS: MANGUEZAL, MARISMA E APICUM YARA SCHAEFFER-NOVELLI Consultora São Paulo, Brasil SITUAÇÃO ATUAL DO GRUPO DE ECOSSISTEMAS: “MANGUEZAL, MARISMA E APICUM” INCLUINDO OS PRINCIPAIS VETORES DE PRESSÃO E AS PERSPECTIVAS PARA SUA CONSERVAÇÃO E USOS SUSTENTÁVEL Yara Schaeffer-Novelli CONTEÚDO RESUMO CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1.0 INTRODUÇÃO....................................................................................08 1.1. Descrição geral do grupo de ecossistemas 1.2. Identificação das principais unidades físico-ambientais com ocorrências significativas 1.3. Tendências sócio-econômicas 1.4. Políticas públicas e legislação que afetam o grupo de ecossistemas 1.5. Aspectos gerais do esforço conservacionista 2.0. RESULTADOS....................................................................................18 2.1. Características gerais das unidades físico-ambientais e importância ecológica da região 2.2. Avaliação do conhecimento da diversidade biológica para o grupo de ecossistemas 2.3. Conhecimento da diversidade biológica 2.4. Aplicabilidade da informação existente, visando a gestão da diversidade biológica 2.5. Listagem com dados existentes de diversidade/riqueza de espécies 2.6. Intensidade de utilização da diversidade biológica para o grupo de ecossistemas 2.7. Vetores de pressão sobre a diversidade 2.8. Impactos de origem natural 2.9. Pressões antrópicas gerais da unidade físico-ambiental e para o grupo de ecossistemas 2.9.1. Derivadas do uso direto 2.9.2. Derivadas do uso indireto 3.0 – ANÁLISE DOS RESULTADOS.........................................................38 3.1. Tendências sócio-econômicas e políticas públicas 3.2. Tendências sócio-econômicas 3.3. Políticas públicas que influem na diversidade biológica, na unidade físico-ambiental 3.4. Esforço conservacionista 3.5. Dispositivos legais de conservação 2 3.6. Existência e avaliação de programas de educação ambiental e/ou de informação pública 3.7. Grau de comprometimento do ecossistema manguezal na costa brasileira 3.8. Espécies mais vulneráveis aos processos de degradação em curso 4.0 – RECOMENDAÇÕES.........................................................................42 4.1. Recomendações de projetos prioritários para pesquisa, conservação e uso sustentável 4.2. Recomendações de áreas prioritárias para inventário biológico 4.3. Recomendações para a conservação do grupo de ecossistemas na unidade físico-ambiental 4.4. Recomendações relativas ao uso sustentável e à repartição eqüitativa dos produtos da diversidade biológica 4.5. Recomendações relativas a políticas públicas em nível nacional, regional e local 5.0 - SÍNTESE DAS RECOMENDAÇÕES.................................................52 6.0 - BIBLIOGRAFIA.................................................................................57 7.0 - GLOSSÁRIO DE TERMOS..............................................................61 8.0 - ACRÔNIMOS....................................................................................65 ANEXO, FIGURAS E TABELAS...............................................................66 3 Anexo, Figuras e Tabelas Anexo - Carta de Santos em Defesa dos Manguezais Figura I – Unidades fisiográficas e complexos de manguezais na América Latina e no Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 1. Figura II – Localização das figuras 3 e 4, onde aparecem assinalados os manguezais mais extensos da América Latina e no Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 2. Figura III – Manguezais mais extensos da costa Atlântica do sudeste da América do Sul, segundo Olson et al. (1996), figura 7. Figura IV – Manguezais mais extensos da costa Atlântica do nordeste da América do Sul, segundo Olson et al. (1996), figura 8. Figura V – Síntese do estado dos manguezais na América Latina e no Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 13. Figura VI – Nível de ameaças sobre os manguezais na América Latina e no Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 14. Figura VII – Estado de conservação das diversas unidades fisiográficas dos manguezais na América Latina e no Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 15. Figura VIII – Atividades conservacionistas sugeridas para os manguezais das diferentes unidades fisiográficas da América Latina e no Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 16. Figura IX – Unidades fisiográficas com manguezais, identificadas como de maior prioridade para adoção de medidas de conservação, segundo Olson et al. (1996), figura 17. Tabela I - Unidades físico-ambientais, segundo critérios adotados pela Coordenação Nacional da “Zona Costeira”, e sua correspondência com as unidades fisiográficas de Schaeffer-Novelli et al. (1990). Tabela II – Legislação ambiental brasileira incidente sobre o manguezal (organização: Yara Schaeffer Novelli). Tabela III – Lista de espécies para o grupo de ecossistemas: manguezal, marisma e apicum, por unidade físico-natural, organizada pela consultora do grupo de ecossistemas. Tabela IV – Lista de espécies de peixes associadas ao ecossistema manguezal, retira de Cintrón & Schaeffer-Novelli (1983). 4 Tabela V – Diagnóstico da situação atual dos manguezais no Estados do Nordeste, retirado de CPRH (1991). Tabela VI – Graus de comprometimento da biodiversidade para o grupo de ecossistemas: manguezal, marisma e apicum, segundo critérios sugeridos pela Coordenação Nacional da “Zona Costeira” e aqueles adotados por Dinerstein et al. (1995) e Olson et al. (1996). 5 SITUAÇÃO ATUAL DO GRUPO DE ECOSSISTEMAS: “MANGUEZAL, MARISMA E APICUM” INCLUINDO OS PRINCIPAIS VETORES DE PRESSÃO E AS PERSPECTIVAS PARA SUA CONSERVAÇÃO E USOS SUSTENTÁVEL Yara Schaeffer-Novelli [email protected] RESUMO Manguezais e marismas encontram-se distribuídos ao longo de praticamente todo litoral brasileiro. Os manguezais dominam a zona tropical enquanto as marismas constituem o ecossistema homólogo para a zona temperada. Os apicuns associam-se aos manguezais, formando na realidade um estádio sucessional natural do ecossistema. Tanto manguezal como marisma são ecossistemas complexos, altamente resilientes e resistentes. Manguezais são inquestionavelmente considerados como um dos ecossistemas mais produtivos do planeta. Os ecossistemas manguezal, marisma e apicum encontram-se entre as zonas úmidas de importância internacional no contexto da Convenção de Ramsar (1971). A situação atual desse grupo de ecossistemas e as considerações sobre os principais vetores de pressões e perspectivas de conservação e uso sustentável são analisadas sob a égide das oito unidades fisiográficas descritas por Schaeffer-Novelli et al. (1990), equiparadas aos 46 compartimentos físico-ambientais adotados pelo Sub-projeto “Biodiversidade da Zona Costeira e Marinha do Brasil” e as classificações e categorizações segundo Dinerstein et al. (1995) e Olson et al. (1996). Coletânea dos diplomas legais com incidência sobre o ecossistema manguezal é comentada no texto e apresentada como anexo, da mesma forma que a tabulação das informações sobre o diagnóstico da situação atual dos manguezais dos estados do Nordeste e a listagem das espécies típicas e associadas ao grupo de ecossistemas aqui tratados, entre elas aquelas enquadradas nas diferentes categorias de conservação (ameaçadas, vulneráveis, raras). Com a elaboração dessas tabulações e listagens torna-se clara a falta de conhecimento sobre o número total das espécies de toda Zona Costeira Brasileira, das funções desempenhadas pelos diversos ecossistemas, assim como dos respectivos estados de conservação das espécies. São discutidos os tensores mais comuns que incidem sobre o grupo de ecossistemas e suas conseqüências. O relatório é finalizado com recomendações de projetos prioritários para pesquisa, conservação, restauração, inventários biológicos, monitoramento ambiental e políticas públicas para o grupo de ecossistemas manguezal, marisma e apicum. Como um item a parte, oferta-se glossário com os principais termos técnicos empregados no corpo do relatório. 6 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente diagnóstico da situação atual do grupo de ecossistemas manguezal, marisma e apicum, fundamentou-se em alguns documentos considerados como de referência obrigatória (Schaeffer-Novelli, 1989; Schaeffer-Novelli et al., 1990; CIMA, 1991; CPRH, 1991; Schaeffer-Novelli, 1994; Dinerstein et al., 1995; Olson et al., 1996; CNIO, 1998). Trechos foram transcritos, procurando-se alterar o mínimo possível dos respectivos conteúdos quando da edição do documento final. Além destes e dos demais documentos citados quando do atendimento aos quesitos apresentados pela Coordenação Geral do Sub-Projeto Biodiversidade da Zona Costeira e Marinha, merecem especial referência os nomes de profissionais que contribuíram decisivamente ao nosso entendimento dos ecossistemas costeiros brasileiros, são eles, por ordem alfabética: Andrea Spörl, Claudia Câmara do Vale, Clemente Coelho Junior, Cristiane Spörl, Marcos Souto Alves, Marília Cunha Lignon, Mário Luiz Gomes Soares e Paula Maria Gênova de Castro, pós-graduandos da Universidade de São Paulo. Especial agradecimento a bióloga Sarah Andrade Santos, pelo auxílio na elaboração da lista de espécies apresentada no relatório. 1.0 – INTRODUÇÃO 1.1. Descrição geral do grupo de ecossistemas O litoral brasileiro tem uma extensão de 7.408 km, diversificando-se entre a desembocadura do Rio Oiapoque (04o52’45”N) e o Arroio Chuí (33o45’10”S) com uma gama de ecossistemas, que varia entre campos de dunas, ilhas, recifes, costões rochosos, baías, estuários, brejos, falésias e baixios. Muitos deles, como praias, restingas, lagunas e manguezais, embora tenham ocorrência constante, apresentam tal variedade biótica que a aparente homogeneidade em suas fácies ecológicas apenas oculta especificidades florísticas e faunísticas vinculadas às gêneses diferenciadas dos ambientes em tão longo trecho litorâneo (CIMA, 1991). As terras brasileiras são pouco elevadas, distribuindo-se em 41 % de terras baixas, de 0 a 200m, 58,5 % de terras altas, de 200 a 1.200m e 0,5 % de áreas culminantes, com mais de 1.200m de elevação sobre o nível do mar. O país é banhado pelo Oceano Atlântico ao longo de uma linha costeira de 7.408 km, e faz limites com dez países ao longo de uma linha divisória de 15.719 km (CIMA, 1991). Os ecossistemas manguezal e marisma geralmente estão associados às margens de baías, enseadas, barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. São sistemas funcionalmente complexos, altamente resilientes e resistentes e, portanto, estáveis. A cobertura vegetal, ao contrário do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, se instala em substratos de vasa de formação recente, de pequena 7 declividade, sob a ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra. A zona do apicum, segundo Bigarella (1947), faz parte da sucessão natural do manguezal para outras comunidades vegetais, sendo resultado da deposição de areias finas por ocasião da preamar. Manguezais são, geralmente, sistemas jovens uma vez que a dinâmica das marés nas áreas onde se localizam produz constante modificação na topografia desses terrenos, resultando numa seqüência de avanços e recuos da cobertura vegetal. A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros, faz com que essas áreas sejam os grandes “berçários” naturais, tanto para as espécies características desses ambientes, como para peixes anádromos e catádromos e outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do ciclo de vida. A fauna e a flora de áreas litorâneas, representam significativa fonte de alimentos para as populações humanas. Os estoques de peixes, moluscos e crustáceos apresentam expressiva biomassa, constituindo excelentes fontes de proteína animal de alto valor nutricional. Os recursos pesqueiros são considerados como indispensáveis à subsistência das populações tradicionais da zona costeira, além de alcançarem altos preços no mercado internacional, caracterizando-se como importante fonte de divisas para o País. MANGUEZAL - sistema ecológico costeiro tropical, dominado por espécies vegetais típicas, às quais se associam outros componentes da flora e da fauna, microscópicos e macroscópicos, adaptados a um substrato periodicamente inundado pelas marés, com grandes variações de salinidade. Os limites verticais do manguezal, no médio litoral, são estabelecidos pelo nível médio das preamares de quadratura e pelo nível das preamares de sizígia (Maciel, 1991). MARISMAS - são comunidades dominadas principalmente por vegetação herbácea perene ou “anual”, podendo estar ainda associada a alguns arbustos, contrastando com o manguezal que é dominado por espécies vegetais arbóreas (Costa & Davy, 1992). Nas latitudes tropicais marismas e manguezais podem coexistir, tanto em ambientes naturais quanto nos modificados pelo homem. A maioria das marismas é dominada por poucas ou por uma única espécie, servindo esta característica para denominar cada uma das comunidades. As espécies vegetais das marismas suportam temperaturas do ar e da água bem inferiores às suportadas pelas plantas típicas do manguezal, principalmente quando se trata de geadas, ou de temperaturas abaixo de 0oC e, da elevada freqüência de recorrência desses eventos (Costa & Davy, op. cit.). As espécies vegetais das marismas dominam a zona costeira do entremarés das regiões temperadas, enquanto que nos trópicos e subtrópicos elas tendem a se comportar como pioneiras, colonizando terrenos recémdepositados e pouco consolidados, ou onde as taxas de evapotranspiração são 8 elevadas demais para as plantas de mangue. Marismas ocorrem, na América Latina, entre as latitudes de 32oN aos 52oS (Costa & Davy, 1992). APICUM - salgado, ecótono, zona de transição, areal, são denominações utilizadas para designar uma zona de solo geralmente arenoso, ensolarada, desprovida de cobertura vegetal ou abrigando uma vegetação herbácea. Aparentemente desprovida de fauna, ou seja, praticamente um deserto, apesar de estar cercada por um ecossistema pululante de vida – o manguezal (Nascimento, 1993). O apicum como parte do ecossistema manguezal Apicum ou salgado, ocorre na porção mais interna do manguezal, na interface médio/supra litoral, raramente em pleno interior do bosque. Seu limite é estabelecido pelo nível médio das preamares de sizígia e o nível das preamares equinociais (Maciel, 1991). Amostras de sedimento coletadas por Nascimento (1993), ao longo de uma transversal da linha d’água até o apicum, apresentaram os seguintes resultados para o teor de matéria orgânica: na superfície, há um decréscimo em direção ao apicum, à 20 e aos 40cm de profundidade; a partir dos 60 cm de profundidade, as concentrações de matéria orgânica no apicum foram mais elevadas que aquelas da superfície do manguezal. Na estação chuvosa ocorre uma inversão em relação à estação seca; as camadas inferiores do sedimento do apicum são tipicamente de manguezal, inclusive com restos de material botânico e valvas de ostras, denotando claramente sua origem à partir de um bosque de mangue assoreado naturalmente, caracterizando o apicum como área sucessional. A salinidade influencia a distribuição dos organismos no apicum, atuando como fator limitante (Nascimento, op. cit.). A salinidade intersticial, nos meses de verão (estação seca), apresentou valores crescentes da margem do rio para o apicum, ocorrendo o inverso no inverno (estação chuvosa), enquanto no manguezal foi mantido o equilíbrio da salinidade, registrando-se um decréscimo acentuado desses valores no apicum. Ao revolver constantemente o sedimento das galerias no inverno, os caranguejos Uca como outros animais escavadores estão enriquecendo a superfície com nutrientes retirados das camadas mais inferiores da vasa, desempenhando função vital na ecologia do manguezal. Esses nutrientes são carreados pelas águas da chuva para o manguezal, contribuindo para o equilíbrio orgânico-mineral do ecossistema (Nascimento, 1993). Esses resultados caracterizam a região do apicum como um reservatório de nutrientes, no contexto do ecossistema manguezal, mantendo em equilíbrio os níveis de salinidade e a constância da mineralomassa (Nascimento, op. cit.). 9 1.2. Identificação das principais unidades físico-ambientais com ocorrências significativas O Brasil é o segundo país em extensão na América Latina, ocupando gradiente latitudinal que vai dos 04o52’45” N aos 33o45’10” S e uma superfície de 8.511.996 km2, possuindo a maior extensão de zonas úmidas do continente. Para efeitos da Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional (Ramsar, 1971), da qual o Brasil é signatário, as zonas úmidas são áreas de pântanos, charco, turfa ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo áreas de água marítima com menos de seis metros de profundidade na maré baixa (art. 1o, Convenção de Ramsar, 1971). Todos os manguezais da América Tropical, na qualidade de zonas úmidas, são reconhecidos como “ecossistema-chave”, cuja preservação é crítica para o funcionamento de outros ecossistemas maiores e mais diversos que se estendem além dos limites de um bosque de mangue (Dinerstein et al., 1995). Os manguezais da América Latina e do Caribe estão compreendidos dentro de unidades/segmentos, segundo classificação aprovada por estudos desenvolvidos pelo Banco Mundial, com apoio do Fundo Mundial para a Natureza – WWF (Dinerstein et al., op. cit.). Cada segmento ou unidade corresponde a uma divisão da costa com condições ambientais e fisiográficas comparáveis, caracterizado por formas de relevo e por processos específicos. Esse critério, adotado pelo Banco Mundial em sua publicação sobre a avaliação do estado de conservação das eco-regiões terrestres da América Latina e do Caribe (Dinerstein et al., 1995), proporciona uma visão bio-regional com grande potencial para identificar prioridades de conservação e estratégias para o manejo dos manguezais. Cada um desses segmentos de manguezal: (a) ocupa um determinado lugar no contexto do relevo, típico de cada regime energético; (b) desenvolve sistemas com produtos e características similares (níveis de desenvolvimento e produtividade); (c) exibe vulnerabilidade e respostas similares às perturbações; e (d) são igualmente sensíveis a um determinado tipo de atividades de conservação. O enfoque adotado pelo Banco Mundial – BIRD (Dinerstein et al., 1995), havia sido empregado anteriormente por Schaeffer-Novelli et al. (1990) para caracterizar os ambientes de manguezal do litoral brasileiro. Para essa compartimentação foram selecionadas algumas variáveis que caracterizam o sistema de forças atuantes sobre o litoral, modelando sua fisiografia. Assim, associando-se as feições do litoral (relevo, tipo de sedimento, cobertura vegetal) aos valores das temperaturas médias anuais, evapotranspiração potencial, amplitude de marés médias e de sizígia, foi possível identificar oito unidades do litoral para o Brasil (Schaeffer-Novelli, 1989). 10 Manguezais e apicuns são encontrados ao longo de praticamente toda a costa, do Cabo Orange (04o52’N) até Laguna (28o30’S), enquanto que as ocorrências das marismas passam a ser mais significativas a partir dos 25oS em direção às mais altas latitudes. Dos 46 (quarenta e seis) compartimentos que integram as unidades físicoambientais (Tabela I), a ocorrência de manguezais e apicuns é registrada da Foz do Rio Oiapoque (Região Norte) à Divisa Laguna/Jaguaruna (Região Sul). As marismas dominam a paisagem nas unidades que vão da Juréia (Região Sudeste) até o Chuí (Região Sul). No presente diagnóstico, no tocante ao grupo de ecossistemas: manguezal, marisma e apicum, serão adotados tanto no contexto das “unidades físicas” do litoral (itens 1.2., 2.1.) como em termos dos “graus de conservação / comprometimento” (item 3.8), os conceitos empregados nos trabalhos de Schaeffer-Novelli et al. (1990), Dinerstein et al. (1995) e Olson et al. (1996). Em workshop realizado na sede do Fundo Mundial para a Natureza – WWF sobre “Conservation assessment for Mangrove Ecosystems of Latin America and the Caribbean” (Washington, D.C., 2 – 4 de dezembro de 1994), esses conceitos foram amplamente discutidos por um grupo de especialistas, não sendo considerado oportuno alterá-los principalmente diante da coincidência de objetivos entre aquele workshop e o Programa Nacional da Biodiversidade no qual se insere a presente contribuição. 1.3. Tendências sócio-econômicas O manguezal pode ser tratado como um recurso renovável, porém finito, quando se considera a produção natural de mel, ostras, caranguejos, camarões, siris e mariscos, além das oportunidades recreacionais, científicas e educacionais. Por outro lado, o manguezal também pode ser considerado como um recurso não-renovável, quando o espaço que ele ocupa é substituído por prédios, atracadouros, residências, portos, marinas, aeroportos, rodovias, salinas, aqüicultura, etc. Há ainda, entre estas duas categorias outras, que condenam os manguezais a receptáculos de despejos de efluentes líquidos, disposição de resíduos sólidos ou ao extrativismo de produtos florestais (Maciel, 1991). 1.4. Políticas públicas e legislação que afetam o grupo de ecossistemas O manguezal, ecossistema bem representado ao longo do litoral brasileiro, encontra-se associado a estuários, baías e lagunas, ou diretamente exposto na linha de costa, é considerado no Brasil como de preservação permanente, incluído em diversos dispositivos constitucionais (Constituição Federal e Constituições Estaduais) e infra-constitucionais (leis, decretos, resoluções, convenções). A observação desses instrumentos legais impõe uma série de ordenações do uso e/ou de ações em áreas de manguezal (SchaefferNovelli, 1994). 11 O apicum, de acordo com sua gênese, pode muito bem ser considerado como parte do manguezal também no que tange a aplicação da legislação, uma vez que em alguns documentos legais já se encontra a expressão “manguezal, em toda a sua extensão”, reconhecendo os diferentes compartimentos como parte do ecossistema. Encontra-se, em anexo, lista com elementos da legislação federal, mencionando também documentos de caráter internacional, fundamentando a posição legal dos manguezais como zona úmida de importância internacional (Tabela II). Segundo Paulo Afonso Leme Machado (1991), as leis brasileiras vêm dando maior proteção aos manguezais, culminando essa defesa com a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988. A seguir, encontram-se transcrições do texto preparado pelo ilustre jurista por ocasião do Seminário Técnico sobre “Alternativas de Proteção e Uso dos Manguezais do Nordeste”, realizado em Recife, de 18 a 20 de outubro de 1989: “O art. 225, da Constituição Federal diz: Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes, a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção”. A nova Constituição veio dar força ao que já dizia o art. 2o do Código Florestal: os manguezais e as dunas só podem ser alterados ou suprimidos por ato legislativo, isso é, a Prefeitura Municipal, o Governo do Estado (através de suas Secretarias ou de seus órgãos ambientais), o Governo Federal (através do SPU – Serviço de Patrimônio da União ou do IBAMA) não podem autorizar qualquer alteração ou até extinção de manguezais e de dunas. Só a Lei pode tocar nesses espaços (e examinaremos logo mais qual a competência para legislar sobre esses espaços). A Constituição Federal tem uma dimensão a ser bem considerada “não só não permite a alteração e a supressão dos manguezais por atos dos particulares e dos Poderes Executivos”, como não permite que esses espaços tenham “utilização que comprometa a integridade” dos seus atributos. Assim, qualquer utilização que tire ou dificulte a integridade ou a totalidade da proteção dos manguezais e das dunas está proibida. Acentue-se que essa intocabilidade constitucional das dunas e dos manguezais visa conservá-los também para as gerações futuras, pois essas gerações também estão protegidas pela Constituição Federal (art. 225, caput) contra a imprevisão, a pressa e a cupidez das gerações atuais princípios prevenção e da precaução (*) O Código Florestal de 1965 diz no seu artigo 2o que consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas (alínea “f”): nas restingas, como fixadoras de dunas ou como estabilizadoras de mangues. A lei não tem palavras inúteis e que possam ser desprezadas pelos que devem aplicá-la. Assim, disse o Código Florestal que as florestas ou outras formas de vegetação que recobrem os mangues ou estão nas dunas têm caráter “permanente” e, portanto, não (*) Nota da consultora 12 estão ali como um favor do homem à natureza ou simplesmente à espera de alguém que queira modificar a paisagem. O mesmo Código disse que a proteção se dá “pelo só efeito desta lei”, o que significa que o próprio Código já protegeu – em todo o Brasil – todos os locais em que existam ou devam existir manguezais e/ou dunas. Assim, não é preciso que um órgão público ambiental baixe um ato para dizer que um manguezal ou uma duna está protegido, pois a própria lei federal (o Código Florestal) já o fez. Isso é importante, pois os manguezais e as dunas são áreas de preservação permanente pelo efeito da lei, e só pelo efeito de uma outra lei federal – e não por ato administrativo – podem ser alterados, mutilados ou suprimidos. A Resolução No 04/1985 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente veio dar ênfase a essa defesa legal no seu artigo 3o, incisos VIII e IX (Machado, 1991).” A Medida Provisória 1605/98 (reeditando a Medida Provisória 5111/96) alterou os artigos 2o e 3o do Código Florestal, reduzindo as áreas de preservação permanente de 80% para 20%. Enquanto que estas áreas tinham sido ampliadas de 50% para 80% pela Medida Provisória 1511/96. A Medida Provisória 1736 alterou o artigo 2o do Código Florestal permitindo o licenciamento ambiental e suprimindo parcial ou totalmente as áreas de preservação permanente. O Ministério Público do Estado de São Paulo questiona a constitucionalidade dessas Medidas Provisórias. A Nova Lei Ambiental 9605/98, chamada erroneamente de Lei de Crimes Ambientais, prevê nos artigos 38 a 53 os crimes contra a flora, sendo que nos artigos 38, 39, 40 e 44, refere-se especificamente às áreas de preservação permanente. Esta lei inclui normas de proteção ambiental já definidas em inúmeras leis anteriores, como as leis 4771/65 (Código Florestal), 6938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente), 7643/83 (Proteção dos Cetáceos), 7679/88 (Pesca), 7661/88 (Gerenciamento Costeiro), entre outras. Esta nova lei inovou prevendo a possibilidade da substituição de penas de prisão por penas alternativas de prestação de serviços à comunidade. A Medida Provisória 1710/98 suspendeu a efetividade da Nova Lei Ambiental por dez anos, pois adia a previsão dos crimes contra a administração ambiental. Essa Medida Provisória premia os degradadores reincidentes que sempre atuaram no sentido de levar vantagem sobre os empreendedores sérios que vinham se esforçando, e pagando caro, para adaptar suas atividades às normas de conservação do meio ambiente (Capobianco, 1998). Além disso, eximiu os funcionários dos órgãos ambientais de cumprirem com suas obrigações constitucionais em defesa da saúde pública e da preservação do patrimônio ambiental (Capobianco, op. cit.) A Lei Federal de Recursos Hídricos No 9433/97 trata da gestão desses recursos em nível nacional, considerando a bacia hidrográfica como unidade territorial de planejamento. As diversidades das regiões no País são consideradas sob aspectos físicos, bióticos, demográficos, econômicos e sócioculturais. A gestão das bacias hidrográficas deve ser realizada de forma a englobar os sistemas costeiros, integrando a administração pública litorânea. O Projeto de Lei no 3792/93 define a educação ambiental como o conjunto de processos que possibilitam o indivíduo e a coletividade construírem valores, 13 conhecimentos, atitudes e competências voltadas para a conservação do ambiente, devendo, assim, ser articulada com os níveis e modalidades do sistema educacional. Esse Projeto de Lei estabelece que o Poder Público fica responsável pela definição de políticas que incorporem a dimensão ambiental, promovendo a educação ambiental e incentivando o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente. A política de educação ambiental deverá envolver órgãos integrados ao Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, instituições educacionais públicas e privadas, órgãos públicos federais e estaduais e organizações nãogovernamentais. Direito de propriedade: dunas e manguezais Os manguezais e as dunas podem ser encontrados tanto em bens imóveis públicos como particulares. Quase sempre os manguezais se localizam sobre os terrenos de marinha e em contiguidade às praias, sendo ambos bens da União, como o mar (artigo 20 da Constituição Federal). Assim, nesses casos – tranqüilamente a competência para decidir sobre os conflitos é a Justiça Federal e não da Justiça Estadual, devendo funcionar a Procuradoria da República. Só a Lei Federal pode alterar ou suprimir (Machado, op. cit.). De outro lado, quando estiverem presentes em bens de particulares não precisam ser nem desapropriados, nem indenizados para que sejam conservados. Vigora o princípio da generalidade dos fins públicos, isto é, todos os que tiverem imóveis em que surjam ou existam manguezais e/ou dunas são obrigados gratuitamente a conservá-los. A propriedade privada, como a pública, deve cumprir sua função social (art. 170 e art. 5o, inciso XXIII da Constituição Federal, 1988), não existindo propriedade com fins exclusivamente privados. Os proprietários privados podem, contudo, impedir a entrada de outras pessoas nesses bens, como – observando as regras pertinentes – poderão coletar a fauna ali encontrada (Machado, 1991). A Portaria No 1.208/89, de 22 de novembro de 1989, define o tamanho mínimo de captura para o caranguejo-uçá, em toda região Nordeste, sendo proibida a captura de fêmeas de qualquer tamanho em qualquer época do ano, como também é proibida a captura de macho com tamanho de carapaça inferior a 4,5cm. A Portaria No 104/98 do IBAMA determina o período de defeso do Ucides cordatus de 1o de setembro a 15 de dezembro no Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (art. 1o), assim como proíbe captura, transporte, beneficiamento, industrialização e comercialização de fêmeas ovadas (art. 2o) e proíbe a captura de indivíduos com carapaça inferior a 5cm de largura (art. 3o). A Lei Paraense do Caranguejo, No 6082/97 proíbe a captura de machos e fêmeas do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) no período de reprodução (art. 3o), como também a captura e comercialização das fêmeas (“canduruas”) em qualquer época do ano (art. 4o). 14 A criminalidade de criar perigo para os manguezais e as dunas Quem autorizar aterros em manguezais, quem fizer o transporte de materiais para os manguezais, quem ocupar as dunas, retirar areias, já cria uma situação de perigo para esses bens ambientais. A Lei Federal No 7.803/1989, dando nova redação ao art. 15 da Lei No 6.938/1981 quer prevenir o dano e pune esses crimes com dois a quatro anos de reclusão (Machado, 1991). 1.5. Aspectos gerais do esforço conservacionista A região Neotropical que inclui toda a América do Sul, América Central, Caribe e grande parte do México, é a mais rica e a de maior diversidade das oito regiões biogeográficas do globo. O número de ecossistemas presentes e a biodiversidade faunística e florística não tem igual nas demais partes do planeta (Scott & Carbonell, 1986). Com o aumento das atividades do homem moderno, os ambientes costeiros do Neotrópico encontram-se a cada dia sob maior pressão. Apesar da grande quantidade de estudos desenvolvidos sobre esses ecossistemas, se conhece relativamente pouco sobre a biodiversidade de suas fauna e flora (Scott & Carbonell, op. cit.). O Brasil é líder mundial em diversidade de plantas, primatas, anfíbios, peixes de água doce e insetos. Possui quase um terço das florestas tropicais remanescentes no mundo (WWF/Campanha “Proteja os Parques do Brasil”, 1999). A criação e a implementação de unidades de conservação é uma das principais estratégias para a conservação dessa biodiversidade. No Brasil existem 93 unidades de conservação federais de proteção integral entre parques nacionais, estações ecológicas, reservas ecológicas e biológicas. O Fundo Mundial para a Natureza – WWF, analisou 86 dessas áreas e concluiu que além de proteger pouco, o Brasil também protege mal seu patrimônio natural: 75% de nossas unidades de conservação estão em estado precário, sem condições de cumprir com seu papel de garantir a proteção da natureza. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC representará um avanço na estruturação dos parques e reservas brasileiros, contribuindo de forma significativa para a conservação da diversidade biológica brasileira. 15 Sistema de Unidade de Conservação Em síntese o Brasil possui 1,8 % de sua extensão territorial em unidades de conservação de uso indireto dos recursos, que são as mais importantes para a preservação da biodiversidade. O total de áreas protegidas é de 3,7 % da superfície do País. O bioma mais privilegiado em unidades de conservação, em termos relativos, é a Amazônia com 3,5 % de áreas protegidas de uso direto e 4,1 % de uso indireto dos recursos. Em relação às unidades de conservação marinhas temos 0,8 % de áreas protegidas de uso indireto dos recursos. Apenas 155 mil ha são unidades de conservação marinhas (CIMA, 1991). No caso do manguezal – em toda a sua extensão (incluindo o apicum) – os diplomas legais em vigor dispensariam o estabelecimento formal de unidades de conservação, uma vez que o ecossistema é considerado de preservação permanente (artigo 2o, Lei federal No 4.771, 15.09.65) e como Reserva Ecológica, “em toda a sua extensão” (artigos 1o e 3o, Resolução CONAMA No 004, 18.09.85). Como a Zona Costeira é considerada Patrimônio Nacional (artigo 225 § 4 , Constituição Federal, 05.10.88), tendo assegurada sua preservação, conclui-se que bastaria vontade política para o cumprimento da lei para garantir a conservação e o uso racional dos recursos naturais. o A conservação do patrimônio natural depende do manejo adequado de seus recursos. Um bom manejo não depende, necessariamente, de altas tecnologias nem de conhecimentos “exotéricos”, requerendo apenas responsabilidade e vontade política. Quando se deseja manejar um organismo, deve ser considerada sua população. No caso de uma população deve ser manejada a comunidade. Em se tratando do manejo de uma comunidade, deve ser considerado o ecossistema. E, no caso de ecossistemas, deve ser manejada a unidade seguinte que é a paisagem. A complexidade aumenta em função do nível hierárquico do sistema, lembrando que para manejar um determinado componente do sistema, deve ser manejado todo o sistema. Estabelecendo as devidas correlações, deve ficar claro que a conservação de sistemas como manguezais, marismas, estuários ou deltas, o nível hierárquico a ser considerado é o da paisagem. E, nesse contexto, deve ser incluída a bacia hidrográfica, sob risco de se tratar apenas dos efeitos e não das causas, com a conseqüente perda do patrimônio natural, dos bens e serviços gerados gratuitamente, além dos valores sociais, culturais, estéticos, paisagísticos, recreacionais e educacionais. Conservação da fauna e da flora silvestres Há que se ressaltar alguns projetos de conservação da fauna silvestre brasileira, no âmbito dos ambientes marinho-costeiros, que o órgão responsável, IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 16 Naturais Renováveis vem realizando com sucesso e que tiveram início em fins da década de 1970: Centro de Estudos de Migrações de Aves – CEMAVE - coordena e armazena dados de anilhamento de aves silvestres em liberdade, bem como outros tipos de marcação, visando o conhecimento em nível nacional e internacional dos movimentos desses animais, possibilitando estudos mais avançados sobre os mesmos; Projeto TAMAR - distribuição, proteção e conservação das tartarugas marinhas - consiste basicamente em determinar as áreas de ocorrência de desova, a identificação das espécies e sua respectiva distribuição, efetuando estudos de biologia e comportamento, e implantando vários locais de efetiva proteção; e, Projeto Peixe-Boi - estudo, distribuição e proteção do peixe-boi marinho, objetiva identificar as áreas de ocorrência, efetuar um senso preliminar dos indivíduos, proteger as áreas para evitar a extinção iminente; pesquisas sobre biologia e comportamento estão sendo iniciadas (CIMA, 1991). A referência a estes projetos diz respeito às dependências das aves limícolas, tartarugas marinhas e do peixe-boi com os ambientes costeiros abrigados para sua sobrevivência – estuários, enseadas, manguezais, marismas. 2.0– RESULTADOS 2.1. Características gerais das unidades físico-ambientais e importância ecológica da região O Brasil com uma superfície de 8.511.996 km2, é o maior país da América do Sul. Com esta extensão territorial, abrangendo desde regiões equatoriais ao norte até áreas extratropicais ao sul, diferenciadas climática e geomorfologicamente, o País conta com extraordinária diversidade ecológica e biológica. Do ponto de vista paisagístico podem ser reconhecidos seis domínios morfoclimáticos brasileiros, caracterizados por combinações distintas de fatores climáticos e geomorfológicos que se espraiam por milhões até centenas de milhares de quilômetros quadrados de extensão. Embora essas áreas naturais possam abrigar várias regiões naturais e compartimentos biogeográficos, elas guardam, assim mesmo, um conjunto de feições geomórficas, associações de solos, formações vegetais características e regimes hidrológicos que distinguem os domínios uns dos outros (CIMA, 1991). Particularizações regionais nas composições bióticas desses ecossistemas homólogos devem-se não só aos mecanismos originadores, resultantes das variações do nível médio do mar, principalmente durante o quaternário, mas também às condições ambientais do presente. A evolução histórica desses ambientes a partir de matrizes geológicas distintas, composições petrográficas, mineralógicas e cristalográficas dos substratos; morfologias variadas da costa primitiva; padrões de correntes e de circulação das águas e condições diferenciadas de clima em termos de temperaturas e 17 precipitações, principalmente, fez com que esses ecossistemas, assemelhados em seu aspecto morfológico, exibam diferenças não apenas na diversidade de espécies, mas também nas suas dinâmicas próprias de funcionamento trófico e energético (CIMA, op. cit.). A diversidade de litorais brasileiros, que constitui a gama de substratos dos ecossistemas costeiros, pode ser subdividida, levando em conta elementos oceanográficos, climáticos e continentais. As características bióticas encontram-se associadas a esses tipos de substratos. Schaeffer-Novelli et al. (1990) dividiram a linha de costa em 8 (oito) unidades fisiográficas. Para essa caracterização, aqueles autores utilizaram dados da literatura existente sobre o assunto, além de suas próprias experiências de campo. Unidade I : do Cabo Orange (04°30'N) ao Cabo Norte (01°40'N), no limite norte da Foz do Amazonas. Segmento caracterizado por bosques homogêneos dominados pelo gênero Avicennia, formando verdadeiros siriubais. Os manguezais colonizam rios costeiros, extendendo-se até consideráveis distâncias. Rhizophora ocupa a porção estuarina dos rios, onde a influência marinha é direta. Nessas áreas Montricardia e Laguncularia ocupam a porção interior dos bosques. Unidade II : do Cabo Norte (01°40'N) à Ponta Curuçá (00°36'S). O desenvolvimento e a cobertura dos manguezais é escasso neste segmento devido a influência da descarga fluvial do Rio Amazonas. Os bosques são mistos, com formações lodosas de água doce dominando a parte norte da Foz do Amazonas. Avicennia forma verdadeiros siriubais em locais de pequena elevação e baixa salinidade, enquanto Rhizophora ocorre em locais com influências marinhas mais significativas, ou inundados periodicamente pelas marés. Unidade III : Ponta Curuçá (00°36'S) à Ponta Mangues Secos (02°15'S). Rhizophora domina as franjas dos bosques. As faixas mais elevadas, posteriores às franjas são colonizadas por Avicennia e Laguncularia. Ambientes de baixa energia deposicional são colonizados por Spartina. O gênero Conocarpus é encontrado nas faixas de transição para terra firme. Unidade IV : Ponta Mangues Secos (02°15'S) ao Cabo Calcanhar (05°08S). Manguezais são pobremente desenvolvidos ao longo deste trecho da costa devido à falta de aporte de água doce, associada a estações secas prolongadas. Altas concentrações de sais limitam os manguezais às desembocaduras dos rios. Unidade V : Cabo Calcanhar (05°08'S) ao Recôncavo Baiano (13°00'S). Devido a alta energia desse trecho da costa, os manguezais se desenvolvem em áreas protegidas, associados a estuários e lagunas costeiras. Rhizophora e Laguncularia aparecem como pioneiras. Nas partes mais internas dos bosques, Avicennia e Laguncularia formam bosques mistos. Unidade VI : do Recôncavo Baiano (13°00'S) a Cabo Frio (23°00'S). Manguezais relativamente extensos são comumente encontrados por trás de 18 restingas. Os três gêneros de mangue são encontrados, podendo compor formações mistas ou monoespecíficas. Na Baía de Todos os Santos Laguncularia é dominante, colonizando solos areno-argilosos. Rhizophora é encontrada somente nas margens, formando estreita faixa na franja dos bosques ou quando dominante, constitui faixas monoespecíficas freqüentemente inundadas pelas marés. Avicennia e Laguncularia também podem formar bosques mistos nas franjas. Unidade VII : Cabo Frio (23°00'S) à Torres ( 29°20'S). Os bosques apresentam gradiente em termos estruturais, com indivíduos mais altos margeando estuários, canais e à jusante de alguns rios. Os bosques podem ser monoespecíficos ou mistos, com Laguncularia, Avicennia e Rhizophora. Na Baía de Guanabara, Rhizophora domina as franjas dos bosques, ou sítios protegidos por Spartina e Laguncularia. Em Guaratiba, os sedimentos recentes de ilhas barreiras são colonizados por Spartina, formando marismas que são totalmente inundadas pelas marés altas. Rhizophora coloniza sedimentos lamosos com grande quantidade de matéria orgânica, enquanto Avicennia é encontrada em depósitos mais altos formando extensos bosques. Na região estuarina de Santos e Bertioga, Rhizophora ou Avicennia dominam as franjas dos bosques, enquanto a parte interna pode ser ocupada pelas duas espécies anteriores ou por Laguncularia, formando bosques mistos. Os bosques de Itanhaém apresentam na parte posterior junto a terra firme, faixas de transição colonizados por Hibiscus, Crinum e Acrosthicum, em contato com a mata de restinga. A região de Cananéia-Iguape possui áreas deposicionais recentes, freqüentemente colonizada por Laguncularia e Spartina. As franjas são dominadas por Rhizophora, enquanto as partes mais internas podem formar bosques mistos com Avicennia e Laguncularia, ou ainda apresentar um gradiente estrutural de bosque monoespecífico de Rhizophora. Neste último caso, o bosque do tipo ilhote, como o da Ilha de Pai Matos, não apresenta gradiente por ser freqüentemente inundado pelas preamares. O limite latitudinal para espécies vegetais típicas de mangue ocorre no litoral de Santa Catarina, aos 27°30'S para Rhizophora mangle e aos 28°30'S para Avicennia schaueriana e Laguncularia racemosa. Unidade VIII : Torres (29°20'S) ao Chuí (33°45'S). Este trecho do litoral é formado por extensos depósitos praiais, associados a cordões de dunas e pontais arenosos. Ao longo da linha de costa são encontradas formações lagunares, isoladas do Oceano Atlântico por barreiras múltiplas, resultantes de sucessivos eventos trangressivos e regressivos. Baixas temperaturas no inverno e grande amplitude térmica inibem o crescimento de espécies típicas de mangue, privilegiando as marismas. 19 2.2. Avaliação do conhecimento da diversidade biológica para o grupo de ecossistemas Biodiversidade e extinção das espécies, segundo CIMA (1991) “A extinção de espécies, quer pela pressão direta da exploração econômica, quer pela destruição de habitats, é um dos temas globais mais candentes da atualidade, e também de mais difícil abordagem ou metodologia. A preocupação deriva da constatação de que metade ou mais das espécies existentes na Terra vivem nas florestas tropicais úmidas, que ocupam apenas 6% da superfície dos continentes e vêm sendo destruídas a uma taxa de 105 mil km2 por ano. A dificuldade resulta da atual ignorância do número de espécies existentes e da grande complexidade da estrutura das comunidades biológicas e da ecologia e distribuição geográfica de espécies tão distintas como grandes insetos, mamíferos, fungos ou árvores. Apesar dessas dificuldades vários autores têm feito estimativas teóricas de taxas de extinção, usando as chamadas curvas de espécies por área (da forma S = cAz, onde S é o número de espécies, A é a área, e c e z são parâmetros constantes para situações específicas), e considerando-se uma redução progressiva da área segundo diversas taxas de desmatamento. Os resultados dessas estimativas, expressos como uma porcentagem de espécies perdidas globalmente por décadas, variam dentro de uma faixa de 1 a 11 %, dependendo das premissas adotadas pelos diferentes autores. A lista de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, preparada por zoólogos com grande experiência de campo, e que inclui todos os animais classificados nas três categorias mais críticas da União Mundial para a Natureza – UICN (vulneráveis, ameaçados e extintos), relaciona apenas seis espécies como provavelmente extintas dentre as 171 espécies listadas para a floresta atlântica incluídas na lista. Parte da dificuldade reside, sem dúvida, no nível de conhecimento taxonômico da flora e da fauna originais, e mesmo atual, o que impossibilita qualquer comparação. Apesar dessas dificuldades metodológicas, não se pode ter dúvidas quanto à realidade do perigo de empobrecimento biológico da biosfera que se antecipa principalmente se considerarmos a perda de diversidade funcional (*). Desde 1600, foram extintas 724 espécies de animais e plantas, número que deve representar apenas uma fração do total. Essas incertezas dizem respeito a estimativas globais de extinção, a tentativas de se considerar homogêneos, padrões de distribuição geográfica e comportamentos ecológicos reconhecidamente complexos nos níveis regional e local. Nesses níveis, o conhecimento existente permite a adoção de uma estratégia de planejamento visando um comportamento racional face à conservação da biodiversidade. Evidentemente que esse conhecimento é de fundamental importância para um plano de conservação da biodiversidade por intermédio de parques, reservas biológicas e outros tipos de unidades de conservação. (*) Nota da consultora 20 A biodiversidade engloba todas as espécies de plantas, animais e microorganismos, os ecossistemas e ainda os processos ecológicos dos quais são componentes. Constitui um termo abrangente para o grau de variedades da natureza que inclui o número e a freqüência de espécies ou genes e os respectivos ecossistemas. Consideram-se três níveis distintos para expressar a biodiversidade: variabilidade genética, diversidade de espécies e de ecossistemas. A variabilidade genética é constituída pela soma total da informação genética contida nos genes de indivíduos de plantas, animais e microorganismos que habitam a Terra. A diversidade de espécies refere-se aos organismos vivos na Terra. A diversidade de ecossistemas refere-se aos habitats, às comunidades bióticas e aos processos ecológicos na biosfera, assim como à enorme diversidade dentro dos ecossistemas em termos de diferenças de habitats e dos vários processos ecológicos. A Carta Mundial para a Natureza, redigida pela ONU reconhece que o homem é parte da natureza e que toda forma de vida merece respeito, independentemente de sua utilidade para o homem e que os benefícios atuais da natureza dependem da manutenção dos processos ecológicos e dos sistemas que sustentam a vida em suas diversas formas. De acordo com a estratégia Mundial e o Grupo de Trabalho sobre “Ética de Conservação” ambos da UICN, a base para a conservação da biodiversidade deve ser coerente com os princípios ecológicos que essencialmente promovem atividades que sejam sustentáveis a longo prazo, visando o desenvolvimento social e econômico. O bem-estar das futuras gerações constitui responsabilidade social da presente geração visando assegurar que os recursos naturais renováveis sejam adequadamente cuidados para garantir sua produtividade sustentável. A visão ética e cultural da diversidade voltada para a natureza e a vida humana deve ser encorajada através de promoções que respeitem e melhorem a diversidade de vida, independentemente de ideologia política, econômica ou religião dominante numa sociedade. Outro fator importante para se considerar a necessidade de conservação da biodiversidade, sobretudo nos trópicos onde ocorrem dois terços das espécies da Terra, relaciona-se à evolução das espécies para se adaptarem às mudanças climáticas. A extinção das espécies sempre ocorreu desde os primórdios da existência da vida na Terra, causada entretanto por fatores naturais, porém, nunca pelo próprio homem. Mas, graças à variabilidade genética, os organismos foram capazes de se adaptar às diversas mudanças climáticas com o surgimento de novas espécies cujos descendentes atualmente enriquecem flora e fauna. Com o acelerado processo de extinção em marcha, estamos limitando o processo evolutivo para a adaptação às mudanças climáticas em curso, sobretudo aquelas resultantes do “efeito estufa” e da destruição da camada de ozônio. As conseqüências são imprevisíveis, mas certamente serão catastróficas e poderão comprometer a sobrevivência da biodiversidade, incluindo a da própria espécie humana. O desconhecimento dos valores reais da biodiversidade tem constituído sério obstáculo para que os tomadores de decisão reconheçam a necessidade 21 da conservação dos recursos biológicos nos planos nacionais de desenvolvimento, entretanto, a alocação de valores qualitativos e quantitativos certamente justificariam ações governamentais de incentivos à conservação (CIMA, 1991).” O manguezal é considerado um dos ecossistemas mais complexos do ambiente marinho, não apenas por sua diversidade biológica mas principalmente devido à diversidade funcional. Sistemas complexos tendem a resistir mais eficientemente às perturbações tanto naturais quanto induzidas pelo homem. Mas a cada perturbação há perda de elementos do sistema, levando a uma simplificação, tornando-o menos apto a ação de novos tensores e por conseqüência, mais vulnerável e com menor capacidade de suporte. 2.3. Conhecimento da diversidade biológica As estimativas da diversidade de espécies vegetais e animais na Terra variam entre 2 e 100 milhões, sendo que as mais precisas giram em torno de 10 milhões, e dentre estas, somente 1,4 milhões já estão classificadas (Courrier, 1992). A diversidade dos ecossistemas marinhos, desde as florestas de mangues, de estrutura complexa, até os sistemas marinhos mais simples, é no mínimo comparável à diversidade terrestre (Courrier, op. cit.). Os ecossistemas costeiros, que recebem influências dos ambientes marinho e terrestre, apresentam alta diversidade biológica (Tabela III). Cobertura vegetal MANGUEZAL As angiospermas do mangue do litoral brasileiro pertencem a três gêneros, contando com um total de 6 espécies (Schaeffer-Novelli & Cintrón, 1986). Gênero Rhizophora Mangue vermelho, sapateiro ou verdadeiro, encontra-se geralmente nas franjas dos bosques em contato com o mar, ao longo dos canais, na desembocadura de alguns rios ou, nas partes internas dos estuários onde a salinidade não é muito elevada. As espécies encontradas ao longo do litoral brasileiro são: Rhizophora mangle, da desembocadura do Rio Oiapoque, à latitude da Ilha de Santa Catarina; e R. racemosa e R. harrisonii encontram-se da região norte até o Delta do Rio Parnaíba, no Piauí. Gênero Avicennia Siriúba ou mangue preto ocupa terrenos da zona entremarés, ao longo das margens lamacentas dos rios ou diretamente exposta às linhas de costa, desde que submetidas a intrusões salinas. Essas plantas toleram salinidades 22 intersticiais muito mais altas que os demais gêneros de mangue, chegando a sobreviver em locais com salinidades de 90. As espécies encontradas em nossos manguezais são: Avicennia germinans, do norte até a desembocadura do Rio Macaé (Soffiatti, com. pes.), ao norte do Estado do Rio de Janeiro; e A. schaueriana, ao longo de todo litoral, com seu limite austral coincidindo com o próprio limite sul dos manguezais no Atlântico Sul Ocidental. Gênero Laguncularia Mangue branco ou tinteira, encontrado em costas banhadas por águas de baixa salinidade, às vezes ao longo de canais de água salobra ou, em praias arenosas protegidas. É um gênero monoespecífico, i.e., possui apenas um espécie Laguncularia racemosa, encontrada associada aos manguezais ao longo de todo litoral. Merece destaque o fato de ser a única espécie típica de mangue encontrada no Arquipélago de Fernando de Noronha, no único manguezal, na Baía do Sueste. Criptógamas associadas aos manguezais Para as áreas de manguezal do Atlântico Sul Ocidental, Cordeiro-Marino et al. (1992) fazem referência a um total de 21 espécies de Chlorophyceæ, 37 de Rhodophyceæ e 4 de Phaephyceæ. Segundo Maciel (1991), podem ocorrer fanerógamas halófitas (Salicornia gaudechodiana, Chaenopodiaceæ e Sesuviam portulacastrum, Aisoaceæ) e criptógamas abundantes, sobre as quais se alimentam caranguejos de diversas espécies. Marismas As marismas, segundo Panitz (1992), constituem um dos mais produtivos ecossistemas costeiros, principalmente aquelas dominadas pela gramínea Spartina. Sua produtividade é controlada pela amplitude das maré, salinidade, grau de inundação, disponibilidade de nutrientes e temperatura que determina um ciclo sazonal no desenvolvimento das espécies da cobertura vegetal das marismas. À semelhança dos manguezais nas regiões tropicais, as marismas representam nas regiões temperadas importante fonte de nutrientes e de detritos para a cadeia alimentar, além de abrigo e substrato para inúmeras espécies animais de importância econômica e ecológica. A maioria das espécies vegetais das marismas da América Latina pertence a gêneros amplamente distribuídos pelas comunidades halofíticas, representantes de um número relativamente reduzido de famílias (Costa & Davy, 1992). 23 Fauna Associada A fauna dos manguezais, marismas, estuários e deltas tem sua origem nos ambientes terrestre, marinho e de água doce, permanecendo nesses ecossistemas toda sua vida como residentes ou apenas parte dela, na condição de semi-residentes, visitantes regulares ou oportunistas. Seja qual for a condição, esses animais estão sempre intimamente associados e dependentes desses ecossistemas. Para as áreas úmidas, como no caso dos manguezais, alguns grupos, como o das aves aquáticas, contam com bom acervo bibliográfico, possivelmente devido sua popularidade e facilidade de identificação. Certas aves percorrem grandes distâncias em seus movimentos migratórios, passando às vezes por vários países, demonstrando a necessidade de cooperação internacional no que tange a proteção desse recursos naturais. Devido à importância desses animais como indicadores da qualidade ambiental e sob a égide da Convenção de Ramsar (São Paulo, 1997a), atenção especial foi dada aos habitats de aves aquáticas, como contribuição às propostas a planos de desenvolvimento e manejo auto sustentáveis que envolvam esse tipo de recurso. Durante os meses de verão é reduzido o número de animais se deslocando sobre a área do apicum (Nascimento, 1993). Aquela autora descreve a presença de alguns caranguejos “chama-maré”, do gênero Uca, encontrados nas proximidades da vegetação. A partir do mês de maio, com o início das chuvas de “inverno”, a quantidade de Uca das espécies U. thayeri, U. mordax, U. leptodactyla, U. rapax, além de outras formava um verdadeiro tapete por todo o apicum, numa densidade aproximada de 250ind/m2. Na proximidade da parte mais sombreada das árvores de mangue a densidade de tocas de Ucides cordatus jovens (caranguejo-uçá) chegou a 30ind/m2. Nessas áreas os Uca escavam suas tocas que chegam a 70 e 80cm de profundidade. Nas pequenas poças d’água no apicum, encontrou-se quantidade representativa de Calinectes (siri), todos em estágio juvenil (Nascimento, 1993). Um exemplo da dependência da produção da zona costeira com os manguezais pode ser ilustrado pela listagem apresentada por Cintrón & Schaeffer-Novelli (1983), onde aparecem 67 espécies de peixes, representando 24 famílias, associadas a diversas áreas estuarinas do litoral brasileiro (Tabela IV). Como através da pesca parece ser mais fácil quantificar uma determinada parcela da produção dos recursos naturais marinhos, o exemplo acima serve para caracterizar a diversidade da ictiofauna que depende, de alguma maneira, dos fluxos de energia e matéria gerados pelos manguezais (Schaeffer-Novelli, 1989). 24 2.4. Aplicabilidade da informação existente, visando a gestão da diversidade biológica As áreas protegidas ao longo da costa que fornecem abrigo e alimento farto, foram as que serviram de ponto de partida para a ocupação dos europeus com seus primeiros núcleos de colonizadores. Coincidentemente, propiciavam aos recém chegados a mesma proteção exigida pelos manguezais para seu desenvolvimento. E assim, enquanto se expandiam os povoados, se reduziam as áreas de manguezal, primeiramente com uma taxa pouco pronunciada (de 1500 a 1900) e, depois de forma avassaladora, provocando alterações por vezes irreversíveis (Schaeffer-Novelli, 1989). Sambaquis datados de 7.000 a 10.000 anos B.P. contendo restos de conchas de bivalves, carapaças de crustáceos e espinhas de peixes, comprovam as evidências de que os primeiros americanos já se utilizavam dos recursos dos manguezais, marismas e estuários para sua sobrevivência. O comportamento semi-nômade daqueles grupos de caçadores e coletores, bem como seu comportamento social, garantiu o uso eficiente dos recursos disponíveis através dos tempos (Figuti, 1993). Quando a esquadra de Cabral aportou na Terra do Brasil estima-se que houvesse menos de 4 milhões de indígenas, em sua maioria ocupando as várzeas dos rios, as florestas e os manguezais da planícies costeiras (Schaeffer-Novelli & Cintrón-Molero, in press a). 2.5. Listagem com dados existentes de diversidade/riqueza de espécies Ainda falta muito para um conhecimento completo sobre o número total das espécies da fauna e da flora existentes nos manguezais, nas marismas e, por que não dizer em toda a Zona Costeira Brasileira. Com exceção do Projeto BIOTASP/FAPESP (Migotto & Tiago, 1999), patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, não são muitos os projetos específicos para identificação da diversidade biológica na Zona Costeira do País. Mas mesmo assim, com base em levantamentos bibliográficos, é possível ter uma idéia dos organismos a eles associados, integrantes dos grupos taxonômicos: Procariontes, Protistas, Fungos, Liquens, Vegetais e Animais, revelando a riqueza de espécies desses ecossistemas. Algumas das espécies de aves associadas aos manguezais brasileiros são consideradas raras, ameaçadas ou vulneráveis para vários países da América do Sul e do Caribe, incluindo-se Ajaia ajaia (colhereiro), Cosmorodium albus (graça branca grande), Egretta thula (graça branca pequena), Eudocimus ruber (guará), Pandion halliaetus (águia pescadora), e Sterna hirundo (trintaréis de bico vermelho), de acordo com Saenger et al. (1983) e MarcondesMachado & Monteiro Filho (1989) (Tabela III). Além destas espécies existem as endêmicas da região Neotropical, consideradas bastante escassas em alguns segmentos do litoral brasileiro, podendo estar envolvidas com algum tipo de ameaça iminente. Neste caso acham-se incluídas as espécies Eudocimus 25 ruber, Ixobrychus involucris, Oxyura dominica e Netta erythrophthalma (Scott & Carbonell, 1986). Trichechus manatus (peixe-boi) é considerada como espécie vulnerável pela classificação da UICN (Fonseca et al., 1994) e sua conservação depende também da preservação dos ecossistemas costeiros, principalmente dos manguezais (Tabela III). Dermochelys coriacea (tartaruga-de-couro ou tartaruga gigante) e Chelonia mydas (tartaruga verde) entram no complexo estuarino-lagunar de Iguape-Cananéia para alimentar-se. As espécies Caretta caretta (tartaruga amarela), Eretmochelys imbricata (tartaruga de pente) e Lepidochelys olivacea (tartaruga pequena), todas ameaçadas, ocorrem no litoral brasileiro e podem, também, estar associadas a outros sistemas estuarinos da nossa costa (Tabela III). Pendoley & Fitzpatrick (1999) observaram a espécie Chelonia mydas abrigando-se em áreas de manguezais da Austrália, alimentando-se de folhas de Avicennia marina. A conservação deste sistema natural é de fundamental importância para auxiliar a preservação dessas espécies marinhas. 2.6. Intensidade de utilização da diversidade biológica para o grupo de ecossistemas Nas regiões Norte e Nordeste, segundo Schaeffer-Novelli (1989), primam o empirismo e o imediatismo sobre os seguintes produtos: derrubada de árvores de mangue para lenha; madeira para construção e extração de tanino; pesca predatória incidindo sobre moluscos, crustáceos e peixes (inclusive utilizando explosivos); atividades salineiras, além da instalação de viveiros e tanques para aqüicultura (Tabela V). Nas regiões Sudeste e Sul, o extrativismo continua imperando porém, devido às formas mais desenvolvidas de uma sociedade de consumo, aparecem aterros, lixões, empreendimentos imobiliários, distritos industriais, todos se utilizando dos manguezais como terras de “baixo custo”, ignorando seu valor como verdadeiros celeiros biológicos (Schaeffer-Novelli, 1989). Ainda sobre este aspecto, a demanda por produtos provenientes do ecossistema manguezal provocou aumento na captura de caranguejo-uçá (Ucides cordatus), pela utilização predatória de artefatos como redinhas, armadilhas denominadas “ratoeiras” e substâncias químicas como o carbureto, colocando em risco o estoque deste organismo em diversos setores do litoral. Ostras de mangue também vêm sendo explotadas com tamanhos abaixo do previsto pela legislação, principalmente quando raízes inteiras do mangue vermelho (rizóforos de Rhizophora mangle) são cortadas pelos coletores. 2.7. Vetores de pressão sobre a diversidade Na obra “Os ecossistemas brasileiros e os principais macrovetores de desenvolvimento: subsídios ao planejamento da gestão ambiental” (Brasil, 26 1996), as áreas costeiras e a região da floresta atlântica consideradas como “as dependências ecológicas entre a Floresta Atlântica, as Áreas Costeiras emersas, sob influência das marés e submersas até os rebordos da Plataforma Continental”, mereceram tratamento conjunto, embora os responsáveis tenham reconhecido ser compartimentos totalmente diferenciados. Aquele documento adotou metodologia que fosse capaz de apresentar resultados que atendessem aos seguintes requisitos: visão integrada do desenvolvimento brasileiro atual e seus rebatimentos especificamente ambientais na escala da União; apreensão das principais macrotendências, além de diagnóstico ambiental básico. Assim, os compartimentos dos macrovetores identificados com atuação sobre os Ecossistemas das Áreas Costeiras e da região de Floresta Atlântica no tocante ao uso e ocupação das terras foi, de uma maneira geral, assim caracterizado: extrativismo animal e vegetal nos ecossistemas flúvio-marinhos e flúviolacustres; infra-estruturas urbana, portuária, de turismo e lazer; e, localizadamente, agricultura, pastagens e silvicultura. Passando de uma escala da União para uma regional, no Nordeste um dos fatores responsáveis pela degradação do mangue é o despejo de vinhoto das usinas produtoras de álcool, causando grande mortalidade de peixes e crustáceos. A isso se acrescenta a grande quantidade de inseticidas e fungicidas usados na cultura de cana-de-açúcar e que escorre para as áreas de mangue. A cultura de cana-de-açúcar, depois de ocupar os “tabuleiros” pouco adequados para o plantio, se extende para os terrenos próximos aos manguezais (Diegues, 1991). A ocupação urbana também é um grande fator de degradação dos manguezais, como o que ocorreu com a Coroa do Meio, em Aracajú/SE. O manguezal, ocupado por catadores, foi cortado para dar origem a um bairro residencial de luxo. A orla de Coroa, desprovida das árvores de mangue, começou a sofrer erosão do mar, causando destruição de parte da estrada asfaltada recém-construída (Diegues, op. cit.). Embora os manguezais não tenham valor de mercado, sabe-se que exercem uma série de funções gratuitas, como por exemplo a preservação da linha de costa, retenção de sedimentos, filtro biológico, berçário. A destruição dessas funções obriga a sociedade a pagar muito caro pela sua recriação artificial (amuradas de cimento, enrocamentos) (Diegues, 1991). A poluição de importantes ecossistemas costeiros e estuarinos em nível nacional, onde se dá a produção de alimento e o crescimento de fases larvares e juvenis dos recursos pesqueiros, vêm acarretando redução dos estoques em níveis tão acelerados, que seu impacto é sensível na produtividade e índices de abundância (CIMA, 1991). A redução significativa das áreas de manguezal e a desfiguração de importantes complexos estuarinos e de baías, vem reduzindo o habitat de 27 muitas espécies, implicando em maior competição pelo alimento e predação entre espécies, contribuindo de forma importante para a aceleração da curva de mortalidade (CIMA, op. cit.). A falta de proteção aos estoques que em sua fase juvenil sofrem a ação da pesca indiscriminada e pouco seletiva, com insustentável índice de refugo ou descarte, é poderoso entrave à racionalização da explotação pesqueira, colocando em risco de sobrepesca inúmeros recursos (CIMA, 1991). O corte indiscriminado das árvores de mangue pode vir a transformar esses manguezais em marismas, cujas espécies vegetais seriam mais resistentes às novas condições antropizadas. Considerando-se a importância do manguezal como exportador de carbono orgânico e de nutrientes para as águas costeiras, uma substituição dos manguezais por marismas ocasionaria, certamente, um declínio da produtividade e conseqüentemente das atividades pesqueiras junto a costa (Costa & Davy, 1992). A privatização de áreas de praias e junto às margens dos rios e estuários, onde tradicionalmente e legalmente os pescadores artesanais praticavam suas atividades de subsistência, vem reduzindo as oportunidades de sobrevivência dessas populações ribeirinhas como também, reduzindo os estoques dos recursos vivos (Schaeffer-Novelli, 1989). 2.8. Impactos de origem natural Existem diversas perspectivas considerando o aumento do nível médio relativo do mar para as próximas décadas, porém qualquer elevação irá afetar o ecossistema manguezal e a resposta a tal elevação estará relacionada às taxas em que esse aumento ocorrer (Schaeffer-Novelli et al., in press b). Para o Brasil, os diferentes tipos fisiográficos descritos anteriormente (Schaeffer-Novelli et al., 1990), mais precisamente para cada tipo de bosque ao longo da linha de costa, irão responder diferentemente ao aumento do nível relativo do mar, como também ao aumento da temperatura na atmosfera terrestre devido ao efeito estufa. Em primeiro lugar, deve-se considerar alguns aspectos importantes, no que se reporta aos efeitos das mudanças climáticas globais sobre o ecossistema manguezal: existência de locais de provável refúgio no caso de uma "migração" do bosque em direção à terra firme; aumento da produção de serapilheira devido ao aumento das temperaturas; efeito sobre o aporte de sedimento nos rios e deltas; e, efeito dos processos geomorfológicos (erosão, sedimentação e subsistência/ progradação). Nas regiões Sudeste e Sul, a substituição de alguns ecossistemas (marismas e faixa de transição para restinga) seriam diretamente afetados, 28 sendo que para as marismas, um pequeno aumento do nível médio do mar seria suficiente para acarretar mudanças na zonação desse ecossistema, até sua total eliminação (Huiskes, 1990). Nas Unidades III e IV, descritas por Schaeffer-Novelli et al. (1990), bancos de Spartina, em áreas de baixa energia e suave topografia, poderão ser afetados diretamente pelo aumento da freqüência de inundação e por uma elevação do nível das águas do estuário, induzindo modificações na topografia do terreno. Para a faixa de transição com a terra firme, a substituição das espécies deste ecótone se daria devido a inundações pelas preamares e o conseqüente aumento da salinidade no sedimento, favorecendo uma substituição por espécies típicas de mangue ou por outras espécies psamohalófitas. Os espaços das restingas seriam erodidos e os sedimentos retrabalhados. As espécies adaptadas aos sedimentos arenosos, com baixa freqüência de inundações, seriam privilegiadas na competição pelo substrato. Na região Sudeste, a exemplo de Cananéia-Iguape, Laguncularia racemosa poderia ser a espécie pioneira. Porém, em regiões onde praticamente inexistem “áreas refúgio”, como na Baía de Todos os Santos, cujas planícies costeiras são limitadas por rochas sedimentares encaixadas em rochas cristalinas (Ramos, 1993), a perda das faixas anteriores dos bosques de mangue seria inevitável. Em regiões onde os manguezais colonizam extensas planícies costeiras, como no Delta do Parnaíba, os bosques poderiam estar menos vulneráveis devido ao equilíbrio entre os processos de subsidiência e de progradação. Segundo Woodroffe (1990) devemos considerar que em relação aos ambientes deltaicos a resposta dependerá tanto do fornecimento de sedimento ao sistema, como das características fluviais e tidais. O mesmo autor enfatiza que os manguezais podem resistir a taxas de elevação do nível médio relativo do mar de 100 a 150 cm/século. As respostas do ecossistema manguezal são bastante previsíveis. As mudanças serão observadas em nível da zonação e da colonização/distribuição das espécies da fauna (endofauna e incrustante) e, principalmente da flora. Dessa forma podemos salientar que na partes frontal do bosque (franja) e posterior (transição para terra firme) os efeitos serão mais mensuráveis, enquanto que para a região central (bacia) serão menos sensíveis (Schaeffer-Novelli & Cintrón-Molero, in press b). Ao confrontarmos com a realidade brasileira, podemos afirmar que as planícies salgadas de maré, mais conhecidas como "apicuns", seriam colonizadas por espécies de mangue. As marés altas de sizígia seriam responsáveis pela preparação desses substratos no que se refere a diluição dos sais acumulados. Posteriormente, os propágulos seriam trazidos pelas preamares, colonizando o ambiente previamente modificado. A ocupação desordenada das áreas adjacentes aos bosques de mangue, provocada pelo crescimento das cidades litorâneas, expansão industrial e aqüicultura, entre outros, levaria a um comprometimento considerável das possíveis “áreas refúgio”. 29 O aumento do nível dos oceanos devido às mudanças climáticas globais, e a conseqüente barragem na foz dos rios, deverão aumentar as áreas inundadas e as inundáveis em muitos rios grandes ou pequenos ao longo da costa. Se em algumas destas áreas costeiras houver um aumento de precipitação como está previsto como parte das mudanças climáticas globais, as situações em alguns locais que já são críticas, poderão se tornar calamitosas como é o caso do Vale do Ribeira ao sul do Estado de São Paulo, ou dos estuários dos rios da área do Recife/PE (CIMA, 1991). No caso mais específico de áreas naturais de produção, especialmente de camarões nas áreas costeiras, o problema pode tornar-se bastante sério, pois qualquer aumento do nível dos oceanos, ou alteração da qualidade das águas, poderá alterar a capacidade de produção destes sistemas (CIMA, op. cit.). 2.9. Pressões antrópicas gerais da unidade físico-ambiental e para o grupo de ecossistemas 2.9.1. Derivadas do uso direto Usos tradicionais, segundo Diegues (1991) “Os mangues foram utilizados pelas populações indígenas antes da chegada dos colonizadores europeus como atestam os montes de ostras retiradas das raízes de mangue. No período colonial, além de fonte de alimento (peixes e crustáceos), o mangue era utilizado para retirada de madeira de lenha e tanino para curtumes. Já no século XVIII a extração de madeira de mangue era tamanha, particularmente no Nordeste onde era usada como lenha para as usinas de açúcar, que o Rei D. José em Alvará com força de lei datado de 1760 proíbe o corte, reservando a vegetação para extração do tanino para os curtumes da metrópole. Até as primeiras décadas do século XX, as áreas de mangue eram exploradas de forma pouco intensa para a pesca, construção de “viveiros” de peixes (aqüicultura extensiva) em áreas estuarinas, pesca esportiva, “caiçaras” (galhos de mangue usados para construção de habitats para peixes) e retirada de material para construção de casas e cercos. No Nordeste, especialmente no Rio Grande do Norte, áreas de mangue começaram a ser utilizadas para construção de salinas. Com exceção dessa última atividade (salinas), as áreas de mangue ainda hoje são utilizadas por comunidades de pescadores e extrativistas que delas dependem para sua sobrevivência (Diegues, 1987). 30 A partir da década de 50, as áreas estuarinas e de mangue começaram a ter uma utilização intensa para fins de implantação de indústrias e expansão imobiliária. Os manguezais foram cortados para implantação de pólos industriais e minero-metalúrgicos. Nesses empreendimentos não houve somente a degradação de um dos ecossistema mais produtivos da biosfera, mas um empobrecimento ainda maior das populações tradicionais que dependem dele para sobreviver (Diegues, 1991).” Aqüicultura, considerações gerais e comentários, segundo Maciel (1991) “A construção de tanques para cultivo de camarão no manguezal começa pela remoção total da cobertura vegetal, seguida de escavação do terreno, compactação dos taludes feitos com material da escavação, e sistema de comportas para manter estável o nível d’água em qualquer estágio da maré. A produtividade nos tanques com água salobra é relativamente baixa devido a presença de enxofre no sedimento, tendendo a ser anti-econômica, pois é necessário usar grandes quantidades de carbonatos para ajustar o pH garantindo o crescimento dos camarões. Culturas semi-intensivas envolvem fertilização, alimentação suplementar, controle de doenças e manipulação dos estoques. Um tanque de cultivo é uma fonte potencial de poluição, resultante do excesso de fertilizantes e alimentos, causando eutroficação do estuário (FAO, 1982). Biocidas são usados também para eliminar moluscos que competem por alimentos no fundo dos tanques, crustáceos parasitas, caranguejos e peixes predadores de camarão, além das doenças produzidas por fungos. A captura intensiva de larvas para povoar os tanques reduz os estoques naturais dos estuários, causando declínio da pesca artesanal, com graves prejuízos sociais. Nas áreas de mangue, vizinhas aos tanques, a flora e a fauna do ecossistema vão sendo prejudicadas devido a alteração na drenagem, na freqüência de inundação, bem como pelas águas servidas (tóxicas) provenientes das descargas dos tanques e dos canais de drenagem construídos sobre sedimento rico em enxofre, que em contato com o ar pode transformar-se em ácido sulfúrico. A maioria dos empresários brasileiros usa o Equador como exemplo da lucratividade da criação de camarão no mangue, citando os milhões de dólares que o país teria lucrado exportando para outros países. Pois este mesmo país – o Equador – , atravessa a vários anos uma crise econômica no setor pesqueiro, pois além de terem destruído mais de 80.000ha de manguezais (ou 120.000ha, segundo fontes extra-oficiais), super exploraram os estuários coletando larvas e juvenis, e agora estão com problemas de tanques abandonados devido a salinização dos tanques e à falta de larvas de camarão. 31 A vantagem vista pelos empresários na aqüicultura no mangue é que o investimento é baixo e o lucro é altíssimo. O terreno, como é de marinha, é aforado pelo Serviço de Patrimônio da União – SPU por quantia irrisória, as larvas são coletadas no estuário de graça, e dois homens são pagos para cuidar de cada 10ha de tanques. O custo da construção dos tanques é baixo e logo se dilui na primeira exportação de camarão. Daí para frente, é só lucro até os tanques salinizados serem abandonados e novas áreas de manguezal serem desmatadas (Maciel, 1991).” Uma avaliação de impacto ambiental provará ao governo e aos órgãos ambientais que não há necessidade de se destruir um ecossistema tão produtivo, para se ter indústria camaroneira “lucrativa” no Nordeste (Diegues, 1991). Salinas, considerações gerais e comentários, segundo Maciel (1991) “A implantação de salinas também requer a completa erradicação da cobertura vegetal do manguezal, nivelamento do terreno, preparo dos taludes, abertura de um sistema de canais de inundação e intensa compactação do sedimento. As repetidas inundações e os sucessivos ressecamentos, aumentam o conteúdo de sal no sedimento, além de alterar a estrutura do mesmo. Quanto mais árida ou semi-árida for a região, mais intenso será o dano causado pela construção de salinas em áreas de manguezal. A experiência internacional mostra que as salinas sobre áreas de manguezal, quando desativadas nem sempre são recolonizadas por plantas típicas de mangue devido às profundas alterações na química e na física do sedimento, que comprometem a sobrevivência dos propágulos. Aqui no Brasil, os tanques de várias salinas abandonadas em pouco tempo apresentam recomposição da cobertura vegetal. É provável que a estrutura da argila que impermeabiliza os taludes faça com que a água doce acumulada no período das chuvas vá escoando e arrastando o excesso de cloretos. É comum o caboclo nordestino “adoçar” o sedimento para plantar mandioca e cana. As salinas abandonadas no nordeste devem ser adoçadas de forma a permitir a recomposição da área pelo manguezal (Maciel, 1991).” 2.9.2. Derivadas do uso indireto Degradação dos recursos costeiros, segundo CIMA (1991) “Os ecossistemas costeiros, encontram-se submetidos a pressões vinculadas à permanência, na faixa costeira, de mais da metade da população brasileira – assentada a uma distância inferior a 60 km em relações de troca com o resto do mundo. Dentre os 17 estados brasileiros que são banhados pelo mar, 14 (82 %) têm suas capitais localizadas no litoral. São Paulo, uma das três escassas 32 exceções, mantém um complexo sistema de relações com o litoral, dando lugar a assentamentos do porte de Santos (predomínio da atividade portuária), Cubatão (predomínio da atividade industrial), São Sebastião (dominado por um terminal de petróleo) e uma linha contínua de loteamentos (turismo de “segunda-residência”) que começa no Guarujá e só termina na divisa com o Estado do Rio de Janeiro. Apesar de comportar diferenças regionais, a ocupação da faixa costeira brasileira apresenta uma característica comum: predominam formas de assentamento humanos que determinam o rompimento de processos ecológicos, contribuindo para a degradação de ecossistemas, para a redução da diversidade genética e para a inviabilização do aproveitamento dos recursos ambientais (CIMA, 1991).” Uso-ocupação do espaço costeiro Os principais vetores de uso-ocupação do espaço costeiro brasileiro podem ser resumidamente enunciados como: a) assentamento humano, expansão urbana, diluição de esgotos e disposição do lixo, vetores que se aceleram na medida em que se verifica o crescimento da população e das atividades econômicas; b) produção de sal, pesca e agricultura como sendo as atividades econômicas mais antigas; c) melhoria/ampliação dos “corredores de transporte” litorâneos, comunicando os principais centros urbanos com pequenas cidades, vilas e praias onde passa a predominar o turismo de “segunda-residência”; d) atividade industrial, notadamente, pelo impacto que geram os distritos industriais e os pólos especializados (petroquímicos e cloroquímicos); e) atividade portuária e proliferação dos terminais marítimos especializados; f) extração mineral tanto realizada em terra firme como no mar, com destaque para a produção de petróleo, gás natural, sal-gema e carvão (CIMA, 1991). Vetores de uso-ocupação, segundo CIMA (1991) “Os espaços onde se localizam preferencialmente tais vetores de usoocupação da costa podem ser resumidamente relacionados, cabendo destacar: a) baías, promontórios, praias, enseadas, ilhas e outras formações rochosas que ofereciam e oferecem abrigo a instalações ligadas a atividades litorâneas típicas; b) baixadas litorâneas que, depois das ilhas – inicialmente preferidas dada a facilidade de defesa – comportaram o assentamento da maior parte da população brasileira situada no litoral; e, c) plataforma continental que nesse último quarto de século passa a dar sustentação não só à atividade pesqueira oceânica, mas também à pesquisa e exploração de petróleo, gás natural e nódulos polimetálicos. Resultados do processo de uso-ocupação desses espaços, podemos, nessa síntese, destacar os seguintes componentes dos ecossistemas como objetos de impactos ambientais diretos e indiretos: a) recifes de coral e ilhas, cujos impactos resultam na degradação de bancos genéticos importantes; b) cobertura vegetal litorânea (manguezais, mata atlântica, coqueirais, matas de 33 restinga, etc.), que determina processos de instalação geomorfológica, perda do potencial ecológico e econômico inerente, redução da capacidade de reposição de estoques de várias espécies, etc.; c) corpos d’água litorâneos e costeiros, que se vêem assoreados e contaminados em decorrência de processos erosivos e pelo lançamento de substâncias tóxicas e elevadas cargas orgânicas, determinando prejuízos no tocante à balneabilidade, processos de bioacumulação de metais pesados na cadeia alimentar de peixes, etc.; e, d) patrimônio cultural e modos tradicionais de vida, o que significa a eliminação de traços históricos, artísticos, paisagísticos, com o empobrecimento dos testemunhos de diferentes manifestações culturais litorâneas brasileiras. Grande parte dos problemas de degradação dos recursos costeiros está associada às grandes concentrações metropolitanas, industriais e portuárias. As atividades portuárias têm que estar aqui associadas, já que dos 13 portos brasileiros de maior movimento (Belém/PA, Itaqui/MA, Aratu/BA, VitóriaTubarão/ES, Rio de Janeiro/RJ, Sepetiba/RJ, Angra dos Reis/RJ, São Sebastião/SP, Santos/SP, Paranaguá/PR, São Francisco do Sul/SC, Porto Alegre/RS e Rio Grande/RS) a maioria se localiza ou está intimamente articulada com as regiões metropolitanas brasileiras. Os portos aqui mencionados, movimentando cada qual mais de 10 milhões de toneladas de mercadoria em 1988, foram responsáveis por 87% do total do movimento realizado em portos brasileiros (valores registrados pela Portobrás e publicados em 1988). A dimensão física desses portos tem sido ampliada na medida do possível. Entretanto, o que conta para expressar sua verdadeira importância e capacidade de impacto são os terminais especializados e sua capacidade de movimentar cargas de alto risco e poder tóxico. Santos, por exemplo, dispõe de terminais (Alamoa, Saboó e Ilha Barnabé) para lidar com ácidos, corrosivos, substâncias tóxicas variadas, gases e inflamáveis. Enquanto isso a Baía de Guanabara comporta nada menos de 16 terminais marítimos de petróleo. A despeito dos esforços no tocante a medidas e mecanismos de segurança o risco de acidentes permanece como um fato incômodo dadas as evidências fornecidas pelos eventos que têm ocorrido. Para dimensionar esse risco vale lembrar que a Petrobrás operava até 1991 nove terminais marítimos de petróleo, derivados de gás, com uma capacidade em tanques da ordem de 9.513.729m3 e uma rede de dutos de 8.306km de extensão. A ocorrência de acidentes envolvendo e derramamento de óleo representa fato do conhecimento nos sítios em que estão instalados, ou seja, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (CIMA, 1991).” 34 Crescimento das áreas metropolitanas Em relação às regiões metropolitanas, importa considerar também que as oportunidades de emprego/renda têm atraído na direção dos mesmos contingentes de população sempre crescentes. Entretanto, a capacidade de investimento das agências públicas fornecedoras de serviços não tem acompanhado a demanda por infraestrutura social. De fato, são freqüentes as queixas de administradores públicos que dizem arcar com o ônus social desse crescimento econômico, sem que exista a possibilidade de assegurar recursos para dotar os espaços costeiros de mecanismos de controle e infra-estrutura de serviços que possibilitem uma ocupação menos danosa ao meio ambiente. O lançamento de esgotos in natura, a inadequada disposição do lixo urbano e industrial, a ocupação de encostas de declividade acentuada, processos erosivos e de assoreamento bem como o surgimento de áreas críticas de inundação compõem uma mostra dos problemas ambientais urbanos mais comuns na faixa costeira (CIMA, 1991). Ainda sobre os vetores de uso-ocupação, segundo CIMA (1991) “O consumo de lenha como combustível na periferia das grandes áreas urbanas, notadamente por indústrias de pequeno porte como cerâmicas, padarias e curtumes, explica boa parte da pressão que é exercida sobre remanescentes da cobertura vegetal costeira. A busca da madeira como lenha, material de construção e, eventualmente, para o fabrico de pequenas embarcações, tem sido a contribuição dada pelas populações de baixa renda sem que estas dêem conta que, na busca de soluções de emergência, estão na verdade criando condições que favoreçam a perpetuação de situações de miséria. Cabe ainda registrar a multiplicação e o crescimento contínuo das “cidades de veraneio” polarizadas pelas áreas metropolitanas. A expansão do turismo, sobretudo sob a forma de “segunda residência”, tem caracterizado o litoral brasileiro de Norte a Sul. Os casos de Fortaleza/CE, Maceió/Al, Salvador/BA, Guarapari/ES, região do lagos do Rio de Janeiro, litoral norte de São Paulo, Camburiú/SC e Tramandaí/RS são apenas alguns exemplos. Muitos dos loteamentos estabelecidos à beira-mar ou envolvendo lagoas, compreendem o aterro de áreas úmidas, a eliminação de vegetação fixadora de dunas, o lançamento de esgotos in natura e de resíduos sólidos nos corpos d’água, dando origem assim a inúmeros problemas ambientais que tendem a inviabilizar não só a dinâmica desses ecossistemas como a própria sobrevivência da atividade turística. A poluição e o assoreamento dos corpos d’água, a ocupação irregular de margens de rios e lagos, a urbanização de áreas geotécnicas ou ecologicamente vulneráveis são alguns dos desafios postos para as diferentes agências governamentais. A mineração e as demais atividades a ela associadas (transporte, estocagem, beneficiamento, etc.) têm contribuído para a degradação localizada dos ecossistemas costeiros. De uma forma não tão generalizada como a expansão urbana, a extração do carvão e do petróleo, principalmente, é responsável pelo surgimento de focos de deterioração ambiental, poluição 35 acidental. Em menor grau, mas nem por isso de forma desprezível, a extração de areias monazíticas (litoral do Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro) e salgema (Rio Grande do Norte) são também responsáveis por danos sensíveis no tocante à qualidade das áreas onde se localizam tais atividades. A produção de petróleo na faixa costeira é mais diversificada na sua localização. Do total da produção nacional em 1990, 69,4% se originam dos campos marítimos do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará. Entretanto, essa diversidade de locais não reflete na verdade a real distribuição da produção já que dos 453.463 barris/dia produzidos em 1990 em poços marítimos, 405.566 (89%) saíram da Bacia de Campos, no Estado do Rio de Janeiro. Do ponto de vista ambiental, não é a atividade de extração a fase mais preocupante da atividade petrolífera. Na verdade os problemas ambientais a ela relacionados estão mais freqüentemente ligados ao transporte, armazenamento, refino e consumo de derivados. Enquanto são escassos os acidentes envolvendo os 656 poços marítimos, bem como as 64 plataformas fixas e os 10 sistemas flutuantes de produção, o mesmo não pode ser dito das operações de desembarque/embarque de óleo e derivados nos nove terminais brasileiros operados pela Petrobrás. Vale lembrar que a Frota Nacional de Petroleiros – FRONAPE transportou, em 1989, o total de 89 milhões de toneladas cúbicas de petróleo, derivados, álcool e outros produtos, com aumento de 12 milhões de toneladas em comparação ao ano anterior. Desse total mais de 50% (45,6 toneladas cúbicas) através da navegação de cabotagem, ou seja, de porto nacional a porto nacional, implicando em duas operações de carga/descarga realizadas, a cada viagem, em terminais brasileiros (CIMA, 1991).” Baía de Guanabara Como conseqüência direta do conjunto de pressões que atuam sobre uma bacia hidrográfica cuja área aproximada é de 4 mil km2, com cerca de 35 rios de maior importância, a Baía de Guanabara com área de 381 km2, um perímetro de 131 km e um volume de 2 bilhões de m3 de água, verifica-se a redução, em 90 %, da pesca comercial nos últimos vinte anos; o assoreamento crescente dos corpos d’água, atingindo taxas da ordem de 81 cm/100 anos; a destruição progressiva dos manguezais; a degradação da qualidade das águas da baía, bem como agravamento dos problemas de erosão e enchentes em decorrência dos processos de desmatamento instalados na bacia, principalmente nas suas partes de maior declividade. Da cobertura vegetal original, que se caracterizava por uma barreira de restinga e, principalmente, por uma franja de manguezais circundando praticamente toda a área da baía, resta, hoje, “uma faixa de manguezal de 40 km de extensão, nas partes norte/nordeste do fundo da baía ..., sendo a largura dessa faixa bastante irregular ...” (FEEMA, 1979 in: CIMA, 1991). 36 3.0– ANÁLISE DOS RESULTADOS 3.1. Tendências sócio-econômicas e políticas públicas Para criar bairros, áreas industriais, marinas, aeroportos, portos e pólos petroquímicos, as autoridades brasileiras sempre optaram por soluções baratas, fáceis e/ou políticas (Maciel, 1991). Em função deste comportamento nada conservacionista, vários bairros construídos sobre manguezais aterrados, nos dias de chuva e maré cheia, sofrem inundações devido ao transbordamento de rios e das galerias pluviais/esgoto. Não é possível a drenagem devido a falta de declividade do terreno. Aeroportos, marinas, supermercados, centros comerciais, e muitos outros empreendimentos que eliminam a cobertura vegetal do manguezal, têm sido projetados e construídos por famosos engenheiros e arquitetos, todos ignorando que o ecossistema é de preservação permanente. Alguns desses empreendimentos são de propriedade de governadores e outros representantes do alto escalão da classe política (Maciel, op. cit.). O setor privado sempre pressionou muito para proteger suas metas econômicas, contra os interesses públicos – proteção do patrimônio natural. Desta forma, indústrias altamente poluidoras foram instaladas próximo à baías e estuários. As autoridades não consideraram sequer outras alternativas (Maciel, 1991). 3.2. Tendências sócio-econômicas Na teoria, o gerente ideal administraria o ecossistema de tal forma a deixar em aberto o maior número de opções de uso de recursos (usos múltiplos), pelo maior tempo possível. Na prática, infelizmente o que se observa, são decisões tomadas com base em interesses imediatos, com resultados a curto prazo, influenciadas por decisões fundamentadas em padrões políticos e econômicos. Tais decisões seriam aceitáveis desde que os custos econômicos apresentados fossem verdadeiros, incluindo as perdas econômicas a curto, médio e longo prazos pela eliminação permanente do recurso em usos alternativos e, que a comunidade local envolvida tivesse sido suficientemente bem informada sobre o assunto, de tal forma a compreender o malbarateamento do recurso natural pela decisão política (Maciel, op. cit.). A regra geral tem sido as “autoridades” e as comunidades falharem na preservação do ecossistema – pelo menos, desde 1965 – , devido a ausência de conhecimento e/ou ao descumprimento da legislação (Código Florestal) e de uma visão conservacionista. Infelizmente, o “desenvolvimento” de uma área adjacente a um manguezal é sempre visto de modo isolado e míope. Tanto o contexto espacial como a bacia de drenagem são ignorados, por conveniência, dentro de qualquer planejamento. A conseqüência é uma constante perda de recursos sem que as “autoridades” e o povo tenham consciência de todos os impactos causados pela alteração ambiental (Maciel, 1991). 37 3.3. Políticas públicas que influem na diversidade biológica, na unidade físico-ambiental Recursos hídricos brasileiros, segundo CIMA (1991) A bacia hidrográfica como unidade funcional de planejamento - “O ciclo hidrológico pelo qual a água se escoa pelo País e retorna sucessivamente, acontece em seis grandes bacias hidrográficas e em cinco conjuntos de bacias menores da vertente oceânica. Nos cinco conjuntos de bacias de vertente oceânica, figuram cursos d’água menores, mas de grande importância econômica e social. Cabe destaque aos rios Parnaíba (800m3/s), Jaguaribi (133m3/s), Mundaú (30m3/s), Paraíba (27 m3/s) e Paraguaçu (113 m3/s), na região Nordeste; aos rios Doce (1.140m3/s), Paraíba do Sul/Guandu (900 m3/s), Alto Tietê/Cubatão (60 m3/s, com reversão de 50%), Ribeira de Iguape (540 m3/s), Itajaí (270 m3/s) e Guaíba (1.740 m3/s) nas regiões Sudeste e Sul. A conservação da qualidade dos recursos hídricos brasileiros foi regulamentada por padrões técnicos e critérios de classificação e enquadramento, estabelecidos na Resolução No 220 do CONAMA, de 18/06/1986. As águas foram divididas em doces, salobras e salinas, caracterizadas por nove classes de qualidade. O enquadramento de cada segmento de corpo d’água em uma classe equivale a fixar seu futuro, quanto ao nível de preservação ou de conservação de sua qualidade. Trata-se, por isso, de uma decisão que requer mecanismos institucionais capazes de respeitar as profundas conseqüências políticas, sociais, econômicas e ambientais que acarretam para os usuários do respectivo recurso hídrico, bem como para a população da região. Dificilmente se pode chegar a uma decisão consensual e equilibrada, na ausência de um sistema de informação confiável, que inclua planejamento regional integrado, capaz de caracterizar, em prazo longo os objetivos, metas, custos e riscos econômicos, sociais e ambientais das várias alternativas factíveis de desenvolvimento (CIMA, 1991).” 38 Degradação dos ambientes fluviais e costeiros O crescimento demográfico e econômico acelerado do Brasil nos últimos 30 anos fez com que nossos recursos hídricos fossem utilizados além de sua capacidade de suporte, tanto em quantidade como em qualidade. Em 1940, a população brasileira era de 40 milhões de habitantes, dos quais 12,8 milhões viviam em núcleos urbanos mostrando assim que a maioria de nossa população (68 %) vivia na zona rural. Passados cinqüenta anos a população brasileira mais que triplicou, passando a 150 milhões de habitantes e a relação urbano/rural inverteu-se mostrando que hoje 75 % da população brasileira vive nas cidades. Esta situação mostrando, de um lado, um contingente humano considerável concentrado nos núcleos urbanos e, de outro, a disponibilidade restrita de recursos hídricos é a responsável pelos sérios problemas de gerenciamento da água em nosso país. Levando-se em conta que perto de 33 milhões de pessoas vivem hoje na periferia das grandes cidades, fica evidente que o problema de saneamento básico é, e continuará sendo, um dos maiores problemas ambientais urbanos em nosso país nas próximas décadas (CIMA, 1991). Todos os impactos que ocorrem na bacia hidrográfica refletem no manguezal, sendo portanto necessário que haja estudos que contemplem toda a bacia, para que se possa ter um correto planejamento e gerenciamento (Maciel, 1991). 3.4. Esforço conservacionista A conservação dos recursos naturais pode ser realizada em diversos níveis da sociedade e de variadas formas, com o trabalho de organizaçõesnão-governamentais (ONGs), comunidade científica, população em geral e governo As pesquisas básica e aplicada contribuem para o melhor conhecimento da estrutura e função dos ecossistemas e o estudo de grupos animais e vegetais auxiliam o manejo e conservação de áreas a serem preservadas. A educação ambiental tem importante papel na conscientização de comunidades locais, ocasionando mudanças de postura, que busquem a melhoria da qualidade de vida. O governo em níveis municipal, estadual e federal deve estabelecer metas e implementar ações que protejam os ambientes para as gerações atuais e futuras. Nesse último caso, exemplo da Prefeitura Municipal de Santos que mobilizou-se estabelecendo princípios e propondo ações visando o desenvolvimento sustentável dos manguezais (Anexo, Carta de Santos). 39 3.5. Dispositivos legais de conservação Comentários apresentados por Maciel (1991) “O Brasil, em termos de preservação de áreas úmidas, antecipou-se a todos os países do mundo ao declarar aos 15 de setembro de 1965 (Lei Federal No 4.771) o manguezal como vegetação de preservação permanente. Internacionalmente, só aos 2 de fevereiro de 1971 é que a Convenção de Ramsar faria este reconhecimento. A Lei Federal No 4.771/65 (Código Florestal) buscou proteger o mangue contra qualquer tipo de uso que removesse a vegetação. Aqueles usos tradicionais (coleta de mariscos e de caranguejos, pesca nas gamboas e nos canais) não foram cerceados. Os mecanismos para divulgação desta lei foram previstos nos artigos 22, 23, 24 e 42, parágrafos 1o, 2o e 3o, ou seja, processos educativos formais e informais, e fiscalização. A parte educativa teria tido custo muito baixo, se tivesse sido implementada anualmente, e o produto desta educação teria minimizado em muito as perdas sofridas pelo ecossistema e pelo País, nos seus recursos pesqueiros e na proteção à fauna. Quanto à fiscalização, como envolve um ecossistema à beira-mar, teria bastado um entendimento entre o ministério competente à época, o Ministério do Interior, atualmente seria o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - MMA e o Ministério da Marinha, para que a Capitania dos Portos, bem orientada através de um manual, passasse a colaborar na fiscalização. Esta atuação teria impedido muitos aterros, invasões, obras ilegais, etc., etc. Graças à não observância da Lei Federal No 4.771/65 pelo Serviço de Patrimônio da União – SPU, e a ausência de autoridades de órgãos federais como os extintos SUDEPE, SEMA, IBDF, atualmente Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA/MMA, para explicar que os títulos de aforamentos de terrenos de marinha tinham que ter uma cláusula proibindo a remoção da vegetação, considerando os termos do Código Florestal, e mais a conivência das autoridades estaduais e municipais, temos atualmente graves problemas de poluição estuarina, contaminação do pescado, redução dos estoques pesqueiros e perda de belezas cênicas (Maciel, 1991).” 3.6. Existência e avaliação de programas de educação ambiental e/ou de informação pública Os ecossistemas costeiros brasileiros afiguram-se como área de grande importância ambiental e social, destacando-se seu papel como significativos repositários de biodiversidade, laboratórios naturais para pesquisas básicas e aplicadas, fator moderador do microclima local, laboratórios naturais para o 40 desenvolvimento de programas de Educação Ambiental em diversos níveis, e áreas de interesse social para as comunidades do entorno. 3.7. Grau de comprometimento do ecossistema manguezal da costa brasileira Olson et al. (1996), em trabalho sobre a conservação dos manguezais da América Latina e do Caribe da WWF/BIRD, adotaram proposta de SchaefferNovelli et al. (1990), que divide a costa brasileira em oito segmentos. Em relação a síntese do estado de conservação dos manguezais, os manguezais dos segmentos I a III encontram-se relativamente estáveis, enquanto os manguezais dos segmentos IV a VII são considerados vulneráveis (Figuras I a IX). 3.8. Espécies mais vulneráveis aos processos de degradação em curso As cinco espécies de tartaruga que ocorrem no litoral brasileiro, Dermochelys coriacea, Chelonia mydas, Caretta caretta, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea, assim como papagaio chauá (Amazona brasiliensis), guará (Eudocimus ruber), e peixe-boi-marinho ou manati (Trichechus manatus) foram incluídos na Lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, determinada pela Portaria do IBAMA No 1522/89, art. 1o (Paiva, 1999). O papagaio chauá, também denominado papagaio-de-cara-roxa, era encontrado na floresta atlântica, do sul do Estado de São Paulo ao norte do Rio Grande do Sul. Atualmente, sua distribuição geográfica restringe-se somente até a Baía de Paranaguá (Paraná) (Paiva, op. cit.), região de especial importância para população desta espécie ameaçada. A estreita relação de espécies da fauna litorânea brasileira com os ecossistemas costeiros, seja para abrigo, alimentação, reprodução e/ou nidificação, faz com que a conservação desses ambientes torne-se cada vez mais importante. Segundo Paiva (1999), a legislação sobre proteção das áreas úmidas precisa ser revista e fortalecida, ao lado de programa de esclarecimento das elites econômicas / políticas e da população em geral sobre a importância desses ecossistemas. 4.0– RECOMENDAÇÕES 4.1. Recomendações de projetos prioritários para pesquisa, conservação e uso sustentável De um modo geral, a pesquisa se encontra pulverizada, sem ordenação, sendo executada por livre iniciativa das diversas instituições do País com 41 esforço pontual e muitas vezes com caráter puramente acadêmico (CIMA, 1991). Cientes da necessidade de se conhecer o que se deseja proteger, sugere-se sejam identificadas áreas representativas dos ecossistemas litorâneos, a fim de serem desenvolvidos estudos a longo prazo, estabelecendo um sistema de monitoramento permanente de dados. Esses estudos visariam um acompanhamento sistemático dos sistemas naturais e de suas variações cíclicas, numa tentativa de identificar fenômenos ecológicos que se processam numa escala de tempo em nível de décadas. A seleção de um conjunto de ecossistemas a serem estudados, com fonte de recursos assegurada, garantindo a continuidade dos trabalhos, permitiria a visualização efetiva do panorama litorâneo (a médio e longo prazos), adequando medidas preventivas para se reduzir a necessidade da adoção de medidas corretivas e/ou punitivas (Schaeffer-Novelli, 1989). Devido às funções ecológicas críticas desempenhadas pelos manguezais, um grupo de especialistas da América Latina recomendou que onde quer que existam representantes desse ecossistema sua conservação deve ser prioritária (Dinerstein et al., 1995; Olson et al., 1996). Assim, foram identificadas as medidas conservacionistas mais adequadas a cada uma das unidades fisiográficas reconhecidas ao longo dos litorais da América Latina e do Caribe (Figura I). O litoral brasileiro foi dividido em duas grandes regiões (Figura II), onde se destacam os manguezais mais extensos (Figuras III e IV). As medidas conservacionistas levaram em consideração as características biológicas, estado de conservação, tipos de tensores e ameaças, além de outros possíveis indicadores. A partir daí foram classificadas as unidades quanto às necessidades de conservação, restauração, áreas a serem protegidas e aquelas onde a ênfase deveria ser dada à possibilidade de se admitir certos tipos de uso sustentável (Figuras V a IX). Segundo Costa & Davy (1992), há urgência de experimentos sobre as comunidades vegetais das marismas e de suas relações com a diversidade de ambientes onde ocorrem. Um dos maiores entraves ao levantamento das comunidades de marismas é a falta de um tratamento taxonômico consistente para toda a América Latina. Vários são os casos em que não se sabe ao certo se uma determinada espécie é endêmica ou, se é apenas uma variante à qual foi dado outro nome. A recuperação de ecossistemas é vista por diversos autores como um desafio para a ecologia, um elo de ligação entre a teoria e a prática (Menezes, 1999). É a oportunidade de se testar modelos teóricos e implementá-los, ou até mesmo criar novos modelos baseados em experimentos e situações reais. As muitas formas e níveis de degradação de diferentes ecossistemas que podem ser encontradas por aqueles que pretendem se dedicar ao desafio da recuperação, dificilmente poderiam ser simuladas por exercícios teóricos, realçando a importância desses experimentos no campo da ecologia (Jordan III et al., 1987; Cairns Jr., 1988). 42 Pesquisas também devem ser dirigidas à elucidação dos mecanismos de adaptação dessas espécies vegetais ao clima, principalmente considerando-se as evidências das mudanças climáticas globais em curso e as elevadas taxas de comprometimento das áreas de marismas junto à costa (Costa & Davy, 1992). Desenvolvimento sustentável O desenvolvimento sustentável requer ações no contexto de quatro distintas esferas: manejo ambiental; desenvolvimento econômico (não confundir com crescimento econômico); estruturas institucionais; e, o geralmente esquecido desenvolvimento social (Anonymous, 1997). Negociações devem ser feitas entre os elementos de conflito no âmbito dessas esferas, assegurando desenvolvimento sustentável ao mesmo tempo em que se garante a habilidade do meio ambiente em suportar as demandas humanas e ecológicas das presentes e futuras gerações. Sabe-se claramente que as atividades de desenvolvimento têm custos ambientais e sociais consideráveis. Entretanto, as valorações econômicas do meio ambiente apresentam grandes dificuldades, principalmente porque os benefícios nem sempre têm um valor comercial direto. Devido a isto, talvez, em várias ocasiões as decisões político-administrativas não tenham levado em consideração os usos informais e de subsistência associados às zonas úmidas. Da mesma forma, não é fácil quantificar monetariamente as funções de educação e de pesquisa científica, nem o valor “comercial” potencial da diversidade biológica. Mais complexo, ainda, é considerar o valor “biocêntrico”, que se resume no direito das espécies ou dos ecossistemas de existir, independentemente de um valor atual ou potencial estimado pelos seres humanos (OECD/C.A.D., 1997). Estabilidade e desenvolvimento sustentável A estabilidade de um ecossistema depende de um grande numero de fatores entre os quais figuram notadamente as interações entre as diversas espécies, cada uma delas participando com uma função determinada no contexto do sistema. Torna-se indispensável admitir que o fato de se romper com essas relações pode, ao final, modificar a estrutura de todo o sistema, mesmo que não tenha havido a perda de nem uma única espécie. A preservação do conjunto das espécies presentes é assim uma das condições para o bom funcionamento das zonas úmidas, uma regra que se aplica a todos os outros ecossistemas do Planeta. Esta é a razão pela qual algumas agências de auxílio ao desenvolvimento determinam que a preservação da diversidade biológica faça parte de uma política de desenvolvimento durável (sustentável, racional). 4.2. Recomendações de áreas prioritárias para inventário biológico Do ponto de vista ecológico, todos os ecossistemas marinho-costeiros, notadamente os complexos lagunares e estuarinos, devem ser submetidos a 43 intensivo monitoramento para que os efeitos das alterações graduais do aumento do nível do mar, possam ser detectados e mensurados, privilegiando a prevenção ao invés do cômputo dos danos. O ecossistema manguezal se caracteriza por ser excelente indicador de alterações no nível do mar, uma vez que a vegetação apresenta marcante zonação estrutural, na faixa de transição entre o oceano e o continente, influenciada pelos diferentes graus de influência de penetração da água, e pelos processos geomorfológicos. O controle das alterações dos processos físico-químicos e biológicos desse ecossistema, através de um adequado programa de gerenciamento costeiro, possibilitará aferir os efeitos decorrentes das modificações ambientais, norteando as estratégias de adaptação à nova situação. 4.3. Recomendações para a conservação do grupo de ecossistemas na unidade físico-ambiental Para ser efetivo, qualquer programa de proteção, conservação ou de manejo de zonas úmidas deveria ser preventivo ao invés de corretivo. Deveriam visar o futuro, e não o presente nem o passado, para efetivamente proteger os recursos remanescentes e ativamente restaurar ou reabilitar novas zonas úmidas. Esses programas deveriam identificar necessidades e problemas com base em análises rigorosas dos recursos regionais, suas tendências, tensores, e valores. Deveriam levar em consideração o TODO, e não somente as partes de forma compartimentada. Uma boa coordenação entre as agências governamentais (municipais, estaduais e federais) é de fundamental importância no caso do planejamento desses programas, evitando que parceiros da administração pública implementem ações contraditórias, descredenciando o poder constituído e comprometendo o patrimônio natural, econômico e social. Segundo Olson et al. (1996), o estado de conservação dos manguezais brasileiros é considerado relativamente estável (Segmentos I a III) e vulnerável (Segmentos IV a VII), Figura V. Nível médio de ameaça (Figura VI) e estado de conservação variando entre relativamente estável, vulnerável e crítico, conforme as diversas unidades fisiográficas que compõe a costa brasileira (Figura VII). As atividades conservacionistas, sugeridas por Olson et al. (op. cit), para os Segmentos I e II são uso sustentável; para o Segmento III uso sustentável e acesso restrito; para o Segmento IV restauração; e para os Segmentos V a VII a restauração e o uso sustentável (Figura VIII). As unidades fisiográficas brasileiras com manguezais, determinadas como prioridade para aplicação de medidas conservacionistas são os Segmentos II e III (Figura IX). O propósito ou objetivo principal do planejamento e da gestão das zonas costeiras é disciplinar e garantir os usos dos recursos costeiros de forma a que se otimizem os benefícios de sua utilização sem que se degrade a qualidade do ambiente e dos recursos (Cintrón, 1987). 44 Nas zonas úmidas costeiras convergem e interagem o ambiente biofísico e o sócio-econômico. Os processos biofísicos influem sobre a utilização dos recursos costeiros pelo homem, subsidiando ou limitando suas atividades, enquanto que o ser humano por sua vez modifica e altera o ambiente natural. Portanto, o processo de administrar essa zona/área/região exige não somente considerações sócio-econômicas, como se fazia até bem pouco tempo, como também de conhecimentos sobre seus sistemas biológicos e os processos físicos. Para determinar a vocação de uma área e a distribuição racional dos usos dos recursos das zonas úmidas costeiras é preciso dispor de alguns conhecimentos sobre esses sistemas e seus processos, e como estes respondem às alterações causadas pelas intervenções do homem e/ou de suas obras. O uso inadequado dos recursos das zonas úmidas costeiras resulta na degradação da qualidade dos mesmos, sua sub-utilização ou sua degradação com o conseqüente prejuízo da qualidade de vida e da economia nacional. A conciliação de usos múltiplos e conflitivos através de um planejamento regional, e com enfoque sistemático pode atingir o objetivo da otimização dos usos com um menor impacto ambiental. Juntando-se aos dispositivos legais constitucionais e infra-constitucionais os documentos relativos às diferentes categorias de Unidades de Conservação, as diversas propostas conservacionistas somente conduzirão a medidas reais em defesa da integridade do litoral, elemento fundamental quando se trata de assegurar a soberania nacional e de garantir a qualidade de vida às presentes e futuras gerações, se houver vontade para o efetivo cumprimento de toda uma política de meio ambiente, de acordo com os preceitos da Constituição Federal de 1988 (Schaeffer-Novelli, 1989). As taxas alarmantes em que os manguezais, as marismas e os apicuns vêm sendo destruídos exigem ações imediatas quanto ao desenvolvimento de programas capazes de incentivar e de suportar pesquisas ecossistêmicas, com propostas de planos de manejo, capacitação de recursos humanos técnicos e administradores, além de cuidar da educação ambiental em seu sentido mais amplo. Somente por meio da pesquisa científica é que será possível aprender como conservar os recursos costeiros (Schaeffer-Novelli & Cintrón, 1990). Quanto mais áreas de mangue forem deixadas intactas ao longo do nosso litoral, mais produtos, serviços e benefícios serão mantidos e usufruídos por maior parcela da população. Portanto, o melhor uso para qualquer manguezal, é continuar como área preservada de modo a manter os valores culturais, estéticos, paisagísticos, recreacionais e educacionais, estabilização da linha de costa, proteção da vida selvagem e dos recursos pesqueiros (Maciel, 1991). As zonas úmidas podem ser conservadas mediante uso racional, definido como a “utilização sustentável que oferta benefícios a humanidade de uma 45 maneira compatível com a manutenção de propriedades naturais do ecossistema”. Por sua vez, o uso sustentável e “o uso humano de uma zona úmida que permita a obtenção de um máximo de benefícios de maneira contínua para as gerações presentes, ao tempo que se mantém o potencial para satisfazer as necessidades das gerações futuras”. A proteção escrita (documentos legais) é uma forma de uso sustentável. Uma das chaves para a proteção ambiental é a aplicação de práticas de manejo ambientalmente corretas. O manejo adequado ajuda a controlar as alterações impostas pelas atividades humanas, e possivelmente servirá para prevenir a completa degradação dos ecossistemas. Mais do que nunca é reconhecida a validade do refrão “mais vale prevenir que remediar”. Um manejo integrado da zona costeira e das bacias hidrográficas é uma das formas mais efetivas de garantir a proteção e o uso sustentável dos ambientes marinho e costeiro. Soluções setorizadas que não levem em consideração as variáveis social e econômica nas análises de custo-benefício, terão conseqüências ambientais indesejáveis. Para um uso sustentável dos recursos marinhos há necessidade de identificar quais os ensinamentos aprendidos em terra poderão ser transportados para o mar, e quais deverão ser modificados ou recriados. Uma vez que algumas características dos organismos transcendem a interface terramar, alguns aspectos das práticas conservacionistas terrestres poderão ser aplicados para os sistemas costeiros e oceânicos, podendo resultar em princípios muito distintos dos originais, aplicados em terra. O ambiente marinho, tal como o terrestre, é constituído por um complexo conjunto de sistemas físicos colonizados por diferentes comunidades de espécies. O conceito básico da biogeografia, tanto em terra, na água doce ou mar, é muito simples: os organismos somente ocorrem em um dado local caso tenham acesso e consigam sobreviver. Princípios da biogeografia são vitais para a conservação dos sistemas marinhos, principalmente em se considerando as mudanças do meio físico numa escala temporal relativamente curta, decorrentes das mudanças climáticas globais (efeito estufa, nível médio relativo do mar). O manejo de ecossistemas tem o potencial de aumentar a eficiência dessa prática sobre uma gama de situações, desde áreas “intocadas” até aquelas submetidas a fortes impactos, e desde áreas sob a jurisdição de um único Estado costeiro até aquelas compartidas entre vários países (Norse, 1993). 46 4.4. Recomendações relativas ao uso sustentável e à repartição eqüitativa dos produtos da diversidade biológica O desenvolvimento sustentável e a Federação A Constituição de 1988 representa, nesse sentido, um marco importante. A divisão de competências entre União e municípios, após o novo quadro constitucional, não tem sido uma tarefa fácil, na medida em que afeta interesses e práticas há muito consolidados. A Constituição contém fortes princípios descentralizadores em várias políticas, inclusive na política ambiental, e promove uma reforma tributária que confere mais recursos aos estados e municípios, em detrimento da União. ... Aspectos relacionados com a “prontidão” da sociedade brasileira para adotar um novo estilo de desenvolvimento que privilegie a justiça social e o respeito ao meio ambiente, vale dizer, que leve em conta objetivos éticos de eqüidade intra e intergeracional. ... Cresce a preocupação com as questões ambientais, assim como se aperfeiçoam os mecanismos de que a sociedade pode lançar mão – especialmente sua organização política – para implementar um novo estilo de desenvolvimento. A emergência de novos valores de respeito à natureza e de reconhecimento de que os recursos naturais são limitados se constitui em elemento importante para fundamentar novas formas de desenvolvimento. Uma questão, entretanto, está extremamente arraigada na sociedade brasileira, que é a aspiração ao desenvolvimento. Embora reconhecendo que este precisa ser qualificado, em termos de eqüidade social e respeito ao meio ambiente, existe uma consciência de que a solução dos grandes problemas passa pelo aumento da atividade econômica, realizado de forma a que os seus frutos possam ser distribuídos para toda a população, criando empregos, distribuindo a renda e preservando a qualidade do meio ambiente (CIMA, 1991). DESAFIOS (1991) E OBJETIVOS DE UM NOVO ESTILO DE DESENVOLVIMENTO, SEGUNDO CIMA “No limiar de um novo milênio, a sociedade brasileira enfrenta grandes desafios na busca da realização de um novo estilo de desenvolvimento capaz de propiciar condições dignas de vida para todos os seus cidadãos e de participar construtivamente na preservação da paz mundial e na conservação das condições ambientais do planeta. A população brasileira cresceu rapidamente neste século, atingindo 150 milhões de habitantes. Dentro de sessenta anos, chegará a 250 milhões. O processo de urbanização comandado pela incapacidade do campo de criar e manter empregos e pelo chamado das atividades industriais urbanas na época do “milagre econômico”, deu-se rapidamente, sem que as cidades pudessem se preparar para abrigar com dignidade todos os migrantes. Os problemas sociais se avolumam, com impressionantes indicadores de pobreza absoluta, de condições inadequadas de vida, de deficiências de educação e nutrição. A pouca preocupação com as formas de utilização dos recursos naturais e do meio ambiente resultou em prejuízos incalculáveis, tendo acarretado queda na 47 produtividade da terra e aumento no grau de vulnerabilidade das populações urbanas e rurais aos efeitos dos desastres naturais, especialmente de cheias e secas (CIMA, 1991).” Reordenamento do espaço, ocupação e assentamento humanos Um caminho alternativo para superar os problemas do desenvolvimento regional desigual desemboca, de um lado, na exploração racional das vocações socioecológicas regionais e, de outro, na formulação e na execução de um novo padrão de desenvolvimento espacial na qual haja maior mobilização de recursos humanos e materiais latentes nas próprias regiões: maior participação popular na formulação e no controle das políticas públicas; e, maior ênfase no atendimento das necessidades básicas dos grupos de baixa renda e na preservação dos recursos ambientais (CIMA, 1991). Um novo estilo de desenvolvimento deve buscar reduzir as desigualdades sociais e regionais e preservar a qualidade dos recursos naturais e do meio ambiente. Entretanto, nos últimos anos, constatou-se, em diversos países, que a compatibilidade entre crescimento econômico, desenvolvimento social e preservação ambiental não se processa espontaneamente. Os critérios de eficiência econômica orientados apenas pelas forças do mercado não levam à redução de desigualdades sociais e regionais e ao uso racional dos recursos naturais. Na verdade, a simples mobilização intensiva dos fatores de produção induz ao uso predatório dos recursos ambientais e tende a reproduzir, agora sim, de forma espontânea, as condições sociais especiais iniciais que lhe deram sustentação. Assim, o poder indutor do crescimento econômico propicia maior diferenciação dos sistemas sociais sem, contudo, gerar mais eqüidade, pois esta não é impulsionada por nenhum mecanismo auto-sustentável. Na verdade, os efeitos genuínos do crescimento econômico estão estruturalmente vinculados aos imperativos da acumulação e à lógica da diferenciação social e espacial (CIMA, 1991). Instrumentos para o desenvolvimento sustentável, segundo CIMA (1991) “A implementação de um novo estilo de desenvolvimento sustentável no País requer o fortalecimento dos instrumentos existentes e a busca de novos instrumentos, sobretudo em relação ao financiamento do desenvolvimento. No tocante aos recursos humanos, um grande esforço há que ser realizado, tanto em termos gerais – de melhoria das condições educacionais, de saúde e nutrição da população – como em termos específicos da educação ambiental. Especificamente na área ambiental, torna-se necessário redefinir os esquemas de aplicação de penalidades sobre agressões ao meio ambiente, para que as receitas provenientes possam ser utilizadas pelos próprios organismos ambientais. 48 Assume um papel central, na construção de um novo estilo de desenvolvimento, uma estratégia de formação de recursos humanos da qual resulte a universalização do acesso à educação básica e à conscientização da população com respeito aos problemas ambientais. Na verdade, o grande salto do Brasil para uma condição de país plenamente desenvolvido exige visão de longo prazo e esforço prioritário voltado para suprir as carências de educação e nutrição da população, começando pela universalização do atendimento às crianças de hoje, a fim de que a próxima geração esteja plenamente capacitada para o desenvolvimento. A prioridade de qualquer política na área social do País deverá estar voltada para a formação de capital humano, com destaque para a faixa populacional de até 17 anos, que é a base para a formação do verdadeiro cidadão e da conquista da cidadania. Por outro lado, é necessário ampliar e intensificar a formação de educadores e profissionais dos mais diversos ramos das ciências para que possam adequar e difundir no País as inovações científicas e tecnológicas que tendem a mudar rapidamente a estrutura produtiva da economia. Para enfrentar os desafios do desenvolvimento sustentável, baseado no novo paradigma de reorganização e administração dos processos de trabalho na indústria, agricultura, mineração e serviços, deve ser enfatizada ainda a participação dos produtores em decisões que afetem seus destinos e na descentralização sistemática do aparelho decisório. Isso implica em reconhecer que o estado desempenha ainda um papel indispensável como indutor e gerenciador de transformações. Colocar em prática uma nova gestão ambiental é em grande parte uma responsabilidade do estado. Identificar qual a gestão ambiental desejável requer que se leve em conta, portanto: que o papel do estado é imprescindível; que o estado atravessa um período de crise e não pode arcar sozinho com todas as responsabilidades; que a gestão pontual e corretiva não é satisfatória; e que a questão ambiental é indissociável das questões do desenvolvimento, requerendo gestão ambiental mais antecipada, no sentido de subsidiar um novo estilo de desenvolvimento sustentável em termos econômicos, sociais e ambientais. Desta forma, a gestão ambiental terá de ser compartilhada entre o estado, o setor privado, a sociedade civil e a comunidade; deverá ser descentralizada; e deverá ser auto-sustentada financeiramente, com maior eqüidade na distribuição dos custos. Para que se concretize esse modelo de gestão ambiental, tornam-se necessárias a modernização do estado, a mobilização da sociedade e a formação de recursos humanos. Esta é requerida em todas as direções e níveis por onde se processa o novo padrão da gestão ambiental nas suas dimensões de conteúdo, forma e sustentação (CIMA, 1991).” 49 4.5. Recomendações relativas à políticas públicas em nível nacional, regional e local Considerando o dinamismo das relações entre a sociedade e os ecossistemas costeiros, uma nova ordem mundial se estabelece em relação ao planejamento de ocupação de regiões litorâneas, vislumbrando a perspectiva de aumentos significativos do nível médio relativo do mar no próximo século. Segundo a ONU (1991), a taxa de aumento no nível médio relativo do mar em decorrência das mudanças climáticas globais nas áreas costeiras, representa importante impacto em termos sócio-econômicos e ecológicos. O documento produzido pela ONU (op. cit) projeta um aumento no nível do mar de 30 a 110 cm até o ano 2100, devido principalmente à expansão termal dos oceanos e ao derretimento de calotas polares e geleiras continentais. O significado econômico do aumento do nível médio relativo do mar terá conseqüências para a pesca, agricultura, navegação, recreação, lançamento de efluentes, proteção costeira, produtividade biológica e diversidade (ONU, 1991). Várias áreas sob risco de inundação, decorrente de um provável aumento no nível médio relativo do mar, podem ser identificadas ao longo do litoral brasileiro. Grandes centros urbano-industriais do País estão situados em áreas costeiras ou contíguas a estas e, portanto, diretamente ameaçadas, ou na área de influência dessas mudanças globais. Cidades como João Pessoa (PB), Recife (PE), Maceió (AL), Aracajú (SE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Santos (SP) e Paranaguá (PR) e Florianópolis (SC), representam áreas de grande densidade populacional e importantes complexos industriaisportuários e turísticos, incluídos na área de influência e, conseqüentemente, potencialmente inundáveis em suas porções mais baixas num futuro próximo. A perspectiva de submersão das regiões costeiras exige concentração de esforços para diagnosticar seus prováveis efeitos, assim como elaborar planos diretores que definam uma política de ocupação e administração dos recursos naturais dessas áreas costeiras. O diagnóstico deverá priorizar a escolha de “indicadores” das mudanças climáticas globais, a fim de adequar os planos a uma política ambiental orientada à garantia de qualidade de vida às futuras gerações. Considerando que as alterações ambientais terão conseqüências e efeitos variáveis de acordo com o setor da costa, as estratégias deverão ser específicas. Os municípios costeiros devem elaborar ou adaptar a legislação de uso e ocupação do solo, considerando a perspectiva de alterações dos cenários projetados em relação ao aumento no nível médio relativo do mar. No contexto de uma estratégia de desenvolvimento sustentável, sobretudo com a perspectiva futura de agravamento dos eventos climáticos, em virtude de mudanças provocadas eventualmente pelo “efeito estufa”, tornase necessário que se adotem práticas de uso de solo e de manejo ambiental capazes de assegurar maior proteção às populações e às atividades 50 econômicas em relação aos impactos de fenômenos climáticos adversos (CIMA, 1991). Em nível federal, devem ser implementados os programas de manutenção do homem nas terras interiores, como forma de distribuir melhor a população, evitar o êxodo rural e as altas densidades populacionais em áreas litorâneas. Ações que desestimulem a implantação de grandes empreendimentos imobiliários ou comerciais em regiões litorâneas deverão, em contrapartida, incentivar a instalação das novas indústrias, ou a relocação de indústrias sediadas nas áreas costeiras, para terras afastadas da costa. Uma eficiente política de reforma agrária, subsídios aos pequenos e médios produtores rurais, sistemas de irrigação e, a ampliação e modernização da malha ferroviária que facilite o escoamento da produção, reduzindo sensivelmente a emigração do homem do campo para as saturadas concentrações urbanas do litoral (Schaeffer-Novelli, 1998). Em nível nacional é necessária e urgente uma política integrada de gestão dos recursos hídricos e costeiros. A elevada concentração de população urbana na zona costeira e a absoluta carência de serviços básicos são fatores de contaminação dos ecossistemas litorâneos e ameaçam diretamente a qualidade da água para contatos primário e secundário, constituindo-se no principal vetor de disseminação de moléstias infectocontagiosas que ameaçam a vida humana (MMA, 1996, in: CNIO, 1998). Em nível regional é necessária a definição de um sistema de prevenção de acidentes e de monitoramento efetivo das condições ambientais em áreas selecionadas da zona costeira (MMA, 1996, in: CNIO, op. cit.). Em nível local, a vulnerabilidade dos sistemas ambientais só pode ser mitigada através de uma participação efetiva da comunidade e dos órgãos públicos estaduais e, principalmente, municipais na adoção de medidas que evitem o desmatamento indiscriminado de mangues e encostas, a obstrução de canais fluviais e lagunares, bem como a adoção de medidas preventivas para evitar a ação erosiva do mar, principalmente em áreas urbanas situadas em cotas a menos de 10m do nível médio relativo atual do mar (MMA, 1996, in: CNIO, 1998). 5.0 – SÍNTESE DAS RECOMENDAÇÕES Linhas prioritárias de pesquisa em manguezais, segundo CPRH (1991) Que se realize a atualização cartográfica dos manguezais, com finalidade de se poder trabalhar com informações mais reais. Que as instituições procurem realizar avaliação de impactos ambientais em zonas estuarinas, nos casos de intervenções já existentes, tais como: portos, indústrias, aterros, aquicultura e produção de sal. 51 Que se procure estimar o potencial produtivo dos manguezais sob o ponto de vista da flora e da fauna, identificando a capacidade de suporte dos mangues em atividade extrativista. Que se desenvolvam metodologias de produção sem conflitar com a proteção dos manguezais, particularmente através de alternativas tecnológicas para a produção de sal e aqüicultura em áreas adjacentes aos manguezais. Que se busque a compreensão mais detalhada dos processos do manguezal, permitindo uma avaliação mais precisa das alternativas para sua utilização e as implicações de sua destruição. Que se desenvolvam estudos de microbiologia do manguezal incluindo os aspectos taxonômicos, de decomposição e de fixação de matéria e de energia. Tais estudos implicam no conhecimento da ciclagem de nutrientes em zonas estuarinas, relacionando os fluxos de matéria e energia entre o manguezal e o estuário. Que se acompanhe o processo de recuperação de manguezais degradados, avaliando de forma sistemática o processo de sucessão ecológica, de flora e fauna. Que haja levantamento sistemático e contínuo das fontes potenciais e efetivas da poluição nas zonas estuarinas. Que se realizem estudos de etno-ecologia das comunidades pesqueiras das regiões estuarinas. Que sejam identificadas as formas de utilização dos manguezais e dos ecossistemas limítrofes com a finalidade de subsidiar as propostas técnicas de proteção às zonas estuarinas. SISTEMA DE CONTROLE CPRH (1991) AMBIENTAL E APOIO ÀS AÇÕES DE PROTEÇÃO, SEGUNDO Que os órgãos governamentais estaduais e federais cumpram e façam cumprir a legislação de proteção aos manguezais, alocando os recursos materiais e humanos necessários para a efetivação das ações de sua competência. Que as comunidades tradicionais locais sejam associadas à fiscalização e ao controle da utilização dos recursos do manguezal. Que os estudos definam um valor financeiro de multa pela destruição de manguezal em função de uma unidade de área, e que este valor seja escalonado, aumentando com a amplitude da transgressão legal, independentemente do ressarcimento de danos. 52 Que as instituições de cada estado pesquisem e publiquem uma lista de preços dos organismos do manguezal, visando a futuros ressarcimentos de danos. Que os órgãos ambientais explicitem às instituições de fomento à pesquisa, tais como FINEP, CNPq, FIPEQ e Fundações Estaduais, quais as suas necessidades de informação, visando orientar os mesmos na priorização da aplicação dos fundos de auxílio. Que as experiências em educação ambiental já desenvolvidas ou em andamento, sejam discutidas pelas diversas instituições, visando uma atuação mais integrada. Que se articule um grupo de técnicos e instituições em caráter regional, para dar conseqüência às propostas apresentadas. Possibilidades e limites de uso dos manguezais CPRH (1991) Que seja permitida a extração de alimentos, sem comprometer os estoques, através da pesca, mariscagem e captura de crustáceos pelas populações ribeirinhas e comunidades tradicionais locais e que a extração de madeira seja permitida apenas para a construção de moradias e fabricação de artefatos de pesca pelas comunidades ali existentes, para uso próprio e de acordo com regulamentação específica. Que não se autorize a construção de salinas em áreas de manguezais, devendo-se buscar alternativas de produção de sal em áreas adjacentes aos manguezais, com apoio das instituições financeiras governamentais e dos órgãos de fomento à pesquisa. Que as salinas abandonadas não sejam utilizadas para outras finalidades, que não seja a recomposição natural ou reflorestamento induzido do mangue, e que as instituições de pesquisa monitorem este processo de recomposição. Que não se autorize a construção de viveiros de peixes ou camarões em áreas de manguezal, quando estes impliquem em desmatamento da vegetação de mangue, cabendo aos órgãos governamentais o fomento de atividades em áreas adjacentes. Que a disposição de lixo, os aterros e a construção de diques não sejam permitidos em áreas de manguezal. RECOMENDAÇÕES PREPARADAS POR SCHAEFFER-NOVELLI PARA O CAPÍTULO ECOSSISTEMAS COSTEIROS” IN: CNIO (1998) “OS As zonas costeiras e mais especificamente as estuarinas, podem ser definidas como área de planejamento ou área problema, não só por suas características ecológicas específicas e o uso intensivo que delas se faz em muitas partes do mundo, como também pelas potencialidades ao desenvolvimento de atividades humanas. 53 Para ser efetivo, qualquer programa de proteção, conservação ou de manejo de ecossistemas costeiros deveria ser preventivo ao invés de ser corretivo. Deveriam visar o futuro, e não o presente, contabilizando as experiências do passado, para efetivamente proteger os recursos remanescentes e ativamente restaurar ou reabilitar os ecossistemas Do ponto de vista ecológico, todos os ecossistemas marinhos costeiros, notadamente os complexos lagunares e estuarinos, devem ser submetidos a intensivo monitoramento para que os efeitos das alterações graduais do aumento do nível do mar, possam ser detectados e mensurados, privilegiando a prevenção ao invés do cômputo dos danos. O processo de administrar esses ecossistemas exige não somente considerações sócio-econômicas, como se fazia até bem pouco tempo, como também de conhecimentos sobre seus sistemas biológicos e os processos físicos que os regem. O uso inadequado dos recursos dos ecossistemas costeiros resulta na degradação da qualidade dos mesmos, sua sub-utilização ou sua degradação com o conseqüente prejuízo da qualidade de vida e da economia nacional. A conciliação de usos múltiplos e conflitivos através de um planejamento regional, e com enfoque sistêmico pode atingir o objetivo da otimização dos usos com um menor impacto ambiental. Os ecossistemas costeiros podem ser conservados mediante uso racional, definido como a "utilização sustentável que oferta benefícios a humanidade de uma maneira compatível com a manutenção das propriedades naturais do ecossistema". Por sua vez, uso sustentável ‚ "o uso humano de um determinado sistema de forma a permitir a obtenção de um máximo de benefícios de maneira contínua para as gerações presentes, ao tempo que se mantém o potencial para satisfazer as necessidades das gerações futuras". A proteção escrita - diplomas legais -, ‚ uma das formas de regular o uso sustentável. Uma boa coordenação entre as agências governamentais (municipais, estaduais e federais) ‚ de fundamental importância no caso do planejamento desses programas, evitando que parceiros da administração pública implementem ações contraditórias, descredenciando o poder constituído e comprometendo o patrimônio natural, econômico e social. O propósito ou o principal objetivo do planejamento e da gestão das zonas costeiras ‚ disciplinar e garantir os usos dos recursos costeiros de forma a que se otimizem os benefícios de sua utilização sem que se degrade a qualidade do ambiente e dos recursos. Em níveis federal e estadual, efetivos programas de manutenção do homem nas terras interiores devem ser incrementados, como forma de distribuir melhor a população, evitar o êxodo rural e as altas densidades populacionais verificadas no litoral. Ações que desestimulem a implantação 54 de grandes empreendimentos imobiliários ou comerciais em regiões litorâneas deverão, em contraposição, contemplar maior incentivo … instalação das novas indústrias, ou a relocação de indústrias sediadas nas áreas costeiras, em terras afastadas da costa. Incentivar as organizações comunitárias, no que tange a educação ambiental formal e não-formal, para garantir a conservação dos conhecimentos empíricos e os patrimônios cultural e ecológico, em nível regional. 55 6.0 – BIBLIOGRAFIA ACIESP, 1997. Glossário de Ecologia. São Paulo, Academia de Ciências do Estado de São Paulo, Publicação ACIESP no 103, CNPq, FINEP, FAPESP, Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Tecnológico, 2a edição (revista e ampliada), 352p. Anonimous, 1997. Wetlands and integrated river basin management: experiences in Asia and the Pacific. UNEP/Wetlands International – Asia Pacific, Kuala Lumpur, 346p. Bigarella, J.J., 1947. Contribuição ao estudo da planície litorânea do Estado do Paraná. B.Geogr., 55: 747-779. Brasil, 1996. Macrodiagnóstico da zona costeira do Brasil na Escala da União. Brasília, MMA, UFRJ, FUJB, LAGET, Programa Nacional do Meio Ambiente, 280 p. Cairns Jr., J., 1988. Disturbed ecosystems as opportunities for research in restoration ecology. In: W.R. Jordan III; M.E. Gilpin & J.D. Aber (eds.), Restoration ecology: a synthetic approach to ecological research. Australia, p. 307-320. Capobianco, J.P.R., 1998. Um tiro na lei de crimes ambientais. Rio de Janeiro, Ciência Hoje, outubro, vol. 24, No 143: 45-47. CIMA, 1991. Subsídios técnicos para elaboração do relatório nacional do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Brasília, Comissão Interministerial para a preparação da preparação a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 172p. Cintrón, G., 1987. Caracterizacion y manejo de areas de manglar. In: Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira. V. 3, Academia de Ciências do Estado de São Paulo, Cananéia, São Paulo, p. 77-97 (Publicação ACIESP, no 54-III). Cintrón, G. & Schaeffer-Novelli, Y., 1983. Introduccion a la ecologia del manglar. Montevideo, ROSTLAC, Unesco, 109p. CNIO, 1998. O Brasil e o mar no século XXI – Relatório aos Tomadores de Decisão no País. Rio de Janeiro, Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos,408p. Cordeiro-Marino, M.; Braga, M.R.A.; Eston, V.R.; Fujii, M.T. & Yokoya, N.S., 1992. Mangrove macroalgal communities of Latnin America: the state of art and perspectives. In: U. Seeliger (ed.), Coastal Plant Communities of Latin America. San Diego, California, Academic Press, Inc., Cap. 3: 51-64. Costa, C.S.B. & Davy, A.J., 1992. Coastal saltmarsh communities of Latin America.. In: U. Seeliger (ed.), Coastal Plant Communities of Latin America. San Diego, California, Academic Press, Inc, Cap. 12: 179-199. Courrier, K. (ed.), 1992. Global Biodiversity Strategy: Guidelines for Action to Save, Study, and Use Earth’s Biotic Wealth Sustainably ans Equitably. WRI, IUCN, UNEP, 244p. CPRH, 1991. Alternativas de uso e proteção dos manguezais do Nordeste. Recife, Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de Administração do Recursos Hídricos. Série Publicações Técnicas, No 003, 114p. Diegues, A.C., 1991. Comunidades humanas e os manguezais do Brasil.. In: CPRH, 1991. Alternativas de uso e proteção dos manguezais do Nordeste. 56 Recife, Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de Administração do Recursos Hídricos. Série Publicações Técnicas, No 003, 38-45. Diegues, A.C.S., 1987. Conservação e desenvolvimento sustentado de ecossistemas litorâneos no Brasil. In: Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira. V. 3, Academia de Ciências do Estado de São Paulo, Cananéia, São Paulo, p. 196-213 (Publicação ACIESP, no 54-III). Dinerstein, E.; Olson, D.M.; Graham, D.; Webster, A.; Primm, S.; Bookbinder, M. & Ledec, G., 1995. A conservation assessment of the terrestrial ecoregions of Latin America and the Caribbean. The World Bank in association with The World Wildlife Fund, Washington, D.C., USA. FAO, 1982. Management and utilization of mangroves in Asia and the Pacific. FAO Environment Paper No 3, Roma, 160p. FEEMA, 1979. Os Manguezais do Recôncavo da Baía de Guanabara. Rio de Janeiro, Série Técnica 10/79, Cadernos FEEMA, Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, 113p. Figutti, L., 1993. Ecossistemas costeiros e homens pré-históricos. III Simpósio de Ecossistemas da Costa Brasileira: subsídios a um gerenciamento ambietnal. Serra Negra, S.P., 1994, Vol. I: 212-217, Publicaçào ACIESP No 87-I. Fonseca, G.A.B.; Rylands, A.B.; Costa, C.M.R.; Machado, R.B. & Leite, Y.L.R. (eds.), 1994. Livro vermelho dos mamíferos brasileiros ameaçados de extinção. Belo Horizonte, Fundação Biodiversitas, WWF, Conservatio International, MacArthur Fund., IUCN/SSC, 459p. Fonseca, G.A.B.; Herrmann, G.; Leite, Y.L.R.; Mittermeier, R.A.; Rylands, A.B. & Patton, J.L., 1996. Lista anotada dos mamíferos brasileiros. Belo Horizonte, Conservation International & Fundação Biodiversitas, Occasional Paper, no 4, 38p. Huiskes, A.H.L., 1990. Expected effects of climatic change on marine coastal ecosystems. In: J.J. Beukema et al. (eds), Development in Hidrobiology. Klwer Academic Publishers. Nethrlands. (57): 167-172. Jordan III, W.R.; Gilpin, M.E. & Aber, J.D., 1987. Restoration ecology : ecological restoration as a technique for basic research. In: W.R. Jordan III; M.E. Gilpin & J.D. Aber (eds.), Restoration ecology: a synthetic approach to ecological research. Australia, p. 3-22. Lincoln, R.; Boxshall, G. & Clark, P., 1998. A Dictionary of ecology, evolution and systematics. Cambridge University Press, second edition, Cambridge, 361p. Machado, P.A.L., 1991. Manguezais e dunas – proteção legal.. In: CPRH, 1991. Alternativas de uso e proteção dos manguezais do Nordeste. Recife, Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de Administração do Recursos Hídricos. Série Publicações Técnicas, No 003, 46-48. Maciel, N.C., 1991. Alguns aspectos da ecologia do manguezal.. In: CPRH, 1991. Alternativas de uso e proteção dos manguezais do Nordeste. Recife, Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de Administração do Recursos Hídricos. Série Publicações Técnicas, No 003, 937. 57 Menezes, G.V., 1999. Recuperação de manguezais: um estudo de caso na Baixada Santista, Estado de São Paulo, Brasil. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, Instituto Oceanográfico, 164p. Migotto, A.E. & Tiago, C.G., 1999. Biodiversidade do Estado de São Paulo: síntese do conhecimento ao final do século XX. Vol. 3: Invertebrados marinhos. São Paulo, FAPESP, 310p. Nascimento, S. 1993. Estudo da importância do “apicum” para o ecossistema de manguezal. Relatório Técnico Preliminar. Sergipe, Governo do Estado do Sergipe, 27p. Norse, E.A. (ed.), 1993. Global marine biological diversity. A strategy for building conservation into decision making. Washington, D.C., Island Press, 383p. OECD/C.A.D., 1997. Comité de Ayuda al Dessarollo de la OCDE; Diretrices sobre la ayuda y el medio ambiente No 9. Organización de Cooperación de Coorporación y Desarollo Económicos. 1997. Bélgica, OECD Publications. 82p. Olson, D.M.; Dinerstein, E.; Cintrón, G. & Iolster, P. (eds.), 1996. A conservation assessment of mangrove ecosystems of Latin America and the Caribbean. Report from WWF’s Conservation Assessment of mangrove ecosystems of Latin America and the Caribbean Workshop, december 2-4, 1995, Washington, D.C., USA, 43p + apêndices. ONU, 1991. Intergovernmental Panel on Climate Change. Island Press, Washington, D.C., 272p. Paiva, M.P., 1999. Conservação da fauna brasileira. Rio de Janeiro, Ed. Interciência, 226p. Panitz, C.M.N., 1992. Ecological aspects of a saltmarsh ecosystem in Santa Catarina Island, Brazil. In: U. Seeliger (ed.), Coastal Plant Communities of Latin America. San Diego, California, Academic Press, Inc., Cap. 14: 213230. Ramos, M.A.S.B.F., 1993. Estudos geoquímicos relativamente à dinâmica de marés no estuário lagunar do Rio Paraguaçú – Bahia – Brasil. Dissertação de mestrado, Curso de Pós-graduação em Geociências, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, 84p. Saenger, P.; Hegerl, E.J. & Davie, J.D.S. (eds.), 1983. Global status of mangrove ecosystems. Commission on Ecology papers No. 3 IUCN, Gland, Switzerland. The Enviromentalist 3, Suppl. No. 3. São Paulo, 1997a. Convenção de Ramsar – sobre zonas úmidas de importância internacional, especialmente como habitat de aves aquáticas. Série Entendendo o meio ambiente. São Paulo, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, v. 3, 24p. São Paulo, 1997b. Convenção da Biodiversidade. Série Entendendo o meio ambiente. São Paulo, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, v. 2, 48p. Schaeffer-Novelli, Y., 1989. Perfil dos ecossistemas litorâneos brasileiros, com especial ênfase sobre o ecossistema manguezal. Publicação esp. Inst. oceanogr., S. Paulo, (7): 1-16. Schaeffer-Novelli, Y., 1994. Tabela referente ao Módulo 2 “Os ambientes costeiro e marinho: aplicação dos conhecimentos científicos a um adequado manejo”; Sessão 7 “Ecossistemas costeiros brasileiros”, organizada por ocasião do “Course on the Integrated Management of Coastal and Marine Areas for Susteinable Development”, realizado no Instituto Oceanográfico da 58 Universidade de São Paulo, Brasil, 09 a 20 de maio de 1994, sob a égide da ONU. Schaeffer-Novelli, Y.; 1998. Os Ecossistemas Costeiros. Capítulo X, In: CNIO, O Brasil e o Mar no Século XXI – Relatório aos Tomadores de Decisão do País. Rio de Janeiro, Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos, 191-229p. Schaeffer-Novelli, Y. & Cintrón-Molero, G., 1990. Status of mangrove research in Latin America and the Caribbean. Bolm. Inst. oceanogr., S. Paulo, 38 (1): 93-97. Schaeffer-Novelli, Y. & Cintrón-Molero, G.; in press a. Brazilian mangroves: a historical ecology. SBPC, Journal of the Brazilian for the Advancement of Science, Special Number. Schaeffer-Novelli, Y.; Cintrón-Molero, G. & Soares, M.L.G., in press b. Mangroves as indicators of sea level change in the muddy coasts of the world. SCOR WG 106, Relative Sea Level and Muddy Coasts of the World. In: Muddy Coasts. Elsevier, U.K., Chapter Nine. Schaeffer-Novelli, Y.; Cintrón-Molero, G.; Adaime, R.R. & Camargo, T.M., 1990. Variability of mangrove ecossystems along the brazilian coast. Estuaries, 13 (2): 204-218. Scott, D.A. & Carbonell, M. (comp.), 1986. Invetario de humedales de la region Neotropical. Reino Unido, IWRB Slimbridge & UICN Cambridge. Union Panamericana, 1940. Convenção para a proteção da flora, da fauna e das belezas cênicas naturais dos países da América. Secretaría General, Organización de los Estados Americanos, Washington, D.C., Serie sobre Tratados, 31, OEA Documentos Oficiales, 25p. Woodroffe, C.D., 1990. The impact of sea level rise on mangrove shorelines. Progress in Physical Geography, 14(4): 483-520. WWF/BIRD, 1996. A conservation assessment of mangrove ecosystems of Latin America and the Caribbean. Washington, D.C., Report from WWF’s Conservation Assessment of Mangrove Ecosystems of Latin America and the Caribbean Workshop, december. 43p + anexos. 59 7.0 – GLOSSÁRIO DE TERMOS Área Protegida – significa uma área definida geograficamente que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar objetivos específicos de conservação (Convenção sobre a Diversidade Biológica – São Paulo, 1992b). Aves Migratórias – as aves pertencentes a determinadas espécies, cujos indivíduos, ou alguns deles, atravessam, em qualquer estação do ano, as fronteiras dos países da América. Algumas espécies das seguintes famílias podem ser citadas como exemplos de aves migratórias: Charadriidæ, Scolopacidæ, Caprimulgidæ e Hirundinidæ (Union Panamericana, 1940). Biodiversidade – a variabilidade entre os diversos organismos vivos de todas as origens, incluindo terrestres, marinhos e outros sistemas aquáticos, assim como os complexos ecológicos dos quais tais sistemas participam. São incluídas entre elas a diversidade dentro de uma mesma espécie, a diversidade entre espécies diferentes, e a dos ecossistemas.” Estes três níveis são conhecidos por: diversidade genética, diversidade de organismos, e diversidade ecológica (Convenção sobre a Diversidade Biológica – São Paulo, 1992b). V. Diversidade biológica. Bioma –amplos espaços terrestres, caracterizados por tipos fisionômicos de vegetação semelhantes, com diferentes estados climáxicos. V. Ecossistema (ACIESP, 1997). Biotecnologia – significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica (Convenção sobre a Diversidade Biológica – São Paulo, 1992b). Conservação de ecossistemas - a conservação dos ecossistemas, bem como de sua diversidade biológica, são a única forma de garantir produção sustentável de recursos e de serviços, uma vez que a simplificação dos sistemas empobrece e reduz as possibilidades de desenvolvimento social e econômico (Courrier, 1992). Em termos de estrutura, o manguezal é considerado o mais complexo dos ecossistemas marinhos. Diversidade –(1) medida que considera tanto a riqueza em espécies como o grau de igualdade em sua representação quantitativa; (2) riqueza em espécies: número absoluto de espécies numa amostra, coleção, ou comunidade (ACIESP, 1997). Diversidade biológica – (1) significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens e os complexos ecológicos de que fazem parte: compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas (Convenção sobre a Diversidade Biológica – São Paulo, 1992b); (2) pode também ser entendida como sendo o número de genes, espécies ou de ecossistemas de uma região. A vida sobre a Terra é o produto de centenas de milhões de anos de história evolutiva. V. Biodiversidade. 60 Ecossistema – significa um complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais e de microorganismos e o seu meio inorgânico que interagem com uma unidade funcional (Convenção sobre a Diversidade Biológica – São Paulo, 1992b). Espécie ameaçada – aquela em risco de extinção, cuja sobrevivência é improvável se os fatores causais persistirem (ACIESP, 1997). Espécie endêmica – aquela cuja área de distribuição é restrita a uma região geográfica limitada e usualmente bem definida (ACIESP, 1997). Espécie exótica – aquela presente em uma determinada área geográfica da qual não é originária, introduzida geralmente pelo homem (ACIESP, 1997). Espécie rara – aquela pertencente a pequenas populações que não estão atualmente ameaçadas ou vulneráveis, mas que estão em risco (ACIESP, 1997). Função – (1) todas as propriedades físicas e químicas de uma estrutura relativa a sua forma e organização, com exceção da ação ou uso da estrutura a qual é mais fortemente associada a sua função ou função fisiológica. (2) Em fitossociologia, são as caraterísticas especiais adaptativas dos componentes da vegetação, tais como periodicidades, mecanismos de dispersão e tolerâncias fisiológicas (Lincoln et al., 1998). Impacto ambiental – Toda ação ou atividade, natural ou antrópica, que produz alterações bruscas em todo o meio ambiente ou apenas em alguns de seus componentes. De acordo com o tipo de alteração, pode ser ecológico, social e/ou econômico. Ex. efeitos resultantes da construção de uma represa, de erupções vulcânicas, de variações climáticas bruscas, derrame de petróleo (ACIESP, 1997). Macro compartimentos – São definidos pela integração da morfologia com os processos da zona costeira emersa. Essa identificação é efetuada a partir de variáveis oceanográficas, responsáveis pela intensidade e direção dos processos de erosão, transporte e deposição, associados com aspectos morfométricos, fluviométricos, climáticos e de feições geomorfológicas, levando em conta tipologias e compartimentações já efetuadas que, em conjunto, representam convergência na definição de macrocompartimentos costeiros (Brasil, 1996). Manejo – utilização eficiente dos recursos disponíveis de forma que sejam otimizados os benefícios econômicos e sociais, sem comprometer a estabilidade e a sustentabilidade dos ecossistemas envolvidos e da paisagem (Cintrón, 1987). Material genético – significa todo material de origem vegetal, animal, microbiana ou outra que contenha unidades funcionais de hereditariedade (Convenção sobre a Diversidade Biológica – São Paulo, 1992b). 61 Monumentos naturais – regiões, objetos, ou as espécies vivas de animais e plantas, de interesse estético ou valor histórico ou científico, aos quais é dada proteção absoluta, com o fim de conservar um objeto específico ou uma espécie determinada de flora e fauna, declarando uma região, um objeto, ou uma espécie isolada, monumento natural inviolável, exceto para a realização de investigações devidamente autorizadas, ou inspeções oficiais (Union Panamericana, 1940). Parques Nacionais – regiões estabelecidas para a proteção das belezas cênicas naturais e da flora e fauna de importância nacional, das quais o público pode aproveitar-se melhor ao serem postas sob a superintendência oficial (Union Panamericana, 1940). Recursos biológicos – compreende recursos genéticos, organismos ou partes destes, populações, ou qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou valor para a humanidade (Convenção sobre a Diversidade Biológica – São Paulo, 1992b). Recursos genéticos – significa material genético de valor real ou potencial (Convenção sobre a Diversidade Biológica – São Paulo, 1992b). Reservas Nacionais – regiões estabelecidas para a conservação e utilização, sob a vigilância oficial, das riquezas naturais, nas quais se protegerá a flora e a fauna tanto quanto compatível com os fins para os quais estas reservas são criadas (Union Panamericana, 1940). Riqueza de espécies - o número de espécies em uma região também é conhecido como riqueza de espécies, i.é., embora o número de espécies no ambiente terrestre seja maior que no ambiente marinho, a diversidade em espécies é maior nos ecossistemas marinhos (Courrier, 1992). Sistemas Ambientais - são constituídos por componentes físico-bióticos que interagem, permanentemente, no espaço e no tempo, através da troca de energia e matéria. Esse mecanismo define uma funcionalidade em equilíbrio dinâmico, regido pelas leis da físico-química. Tal dinâmica se revela concretamente através da ação de forças energéticas, que emanam de um lado do interior da terra e agem diretamente na litosfera, e de outro, do calor solar, que atua através da baixa atmosfera. Desse modo, os Sistemas Ambientais estão claramente delimitados verticalmente pela camada de ozônio na baixa atmosfera e pela parte superior da litosfera. No plano horizontal, os Sistemas Ambientais estão delimitados por um grande número de variáveis físico-bióticas, destacando-se as infinitas variabilidades das combinações entre relevo, solo, sub-solo, vegetação, águas, climas e animais de arranjos espaciais introduzidos pelas sociedades humanas (Brasil, 1996) V. Unidades físico-naturais. Unidade físico-ambiental – divisão da linha de costa brasileira, num total de 46 (quarenta e seis) compartimentos propostos pelas coordenações de cada 62 um dos cinco grupos regionais, especialmente para o presente diagnóstico (Tabela I). Unidades físico-naturais – Sistemas Ambientais Naturais ou ainda Sistemas Ambientais Naturais Antropizados como de fato ocorre em grande parte do território ao longo da zona costeira (Brasil, 1996). V. Sistemas Ambientais. Unidades físico-naturais das terras contíguas à linha de costa – Unidades físico-naturais relacionadas com as interações oceano-continente, constituem-se basicamente pelas formas de relevo dos tipos: planícies de mangue, terraços marinhos, cordões arenosos, e campos de dunas (Brasil, 1996). Unidades físico-naturais da planície costeira – constitui-se em um complexo sistema morfogenético, cujos agentes são as águas oceânicas através das diversas transgressões e regressões, correntes, correntes de deriva, ventos, águas plúvio-fluviais e lacustres. Essas unidades assumem características diversas em cada uma das áreas ao longo do litoral brasileiro onde se encontrem (Brasil, 1996) Uso direto – os valores de uso direto são aqueles bens ecológicos que entram diretamente na economia humana, e se referem tanto a benefícios atuais como futuros. Esses valores incluem o consumo de recursos - como caça e coleta de vários bens - e outros usos que não são de consumo, como contemplar a vida silvestre ou utilizar uma via navegável como meio de transporte (Barzettti, 1993). Uso indireto - o valor de uso indireto reconhece os serviços que os sistemas naturais proporcionam a sociedade. Sistemas de áreas silvestres proporcionam inúmeros serviços indiretos que são economicamente importantes. Mantém a diversidade genética, controlam as inundações, mantém a qualidade do ar e da água, suportam as cadeias alimentares e ciclos de nutrientes, melhoras e controlam o clima (Barzettti, 1993). Utilização sustentável - significa a utilização de componentes da diversidade biológica de modo e em ritmo tais que não levem, no longo prazo, à diminuição da diversidade biológica, mantendo assim seu potencial para atender as necessidades e aspirações das gerações presentes e futuras (Convenção sobre a Diversidade Biológica – São Paulo, 1992b). Zonas úmidas – são áreas de pântanos, charco, turfa ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo áreas de água marítima com menos de seis metros de profundidade na maré baixa (art. 1o, Convenção de Ramsar, 1971 – São Paulo, 1992a). 63 8.0 – ACRÔNIMOS BIOTA.FAPESP – Projeto Especial de Pesquisas em Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade no Estado de São Paulo BIRD – Banco Mundial CIMA – Comissão Interministerial para a Preparação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento CNIO - Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos CPRH – Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de Administração dos Recursos Hídricos ECOLAB – Ecosystème Côtiers Amazoniens FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis IOUSP – Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo MADAM – Projeto Manejo e Dinâmica de Manguezais (Brasil / Alemanha) MMA – Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal ONU – Organização das Nações Unidas PROBIO – Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira PRONABIO – Programa Nacional da Biodiversidade RAMSAR – Convenção de Ramsar – sobre zonas úmidas de importância internacional, especialmente como habitat de aves aquáticas UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro UICN – União Mundial para a Natureza UNESCO – United Organization Nations Educational, Scientific and Cultural USP – Universidade de São Paulo WWF – Fundo Mundial para a Natureza 64 Anexos - Carta de Santos em Defesa dos Manguezais Prefeitura Municipal de Santos Secretaria de Meio Ambiente “Somos Terra, os povos as plantas e os animais, as chuvas e os oceanos, o respiro das florestas, o fluir dos mares” (Carta da Terra, 1992). 1. Estamos cientes de que: 1.1. Manguezais constituem ecossistema singular às regiões tropicais do mundo; 1.2. Manguezais abrigam comunidades de fauna e flora geneticamente diversas, com valores ambientais, econômicos e sociais, diretos e indiretos, para as sociedades humanas em todo o mundo; 1.3. O desenvolvimento sustentado quando pensado para o manguezal, implica na manutenção e no aproveitamento racional dos seus recursos naturais, sem comprometer a estabilidade do ecossistema e da paisagem. 2. Estamos convencidos de que: 2.1. Os valores dos terrenos ocupados por manguezais são sistematicamente subestimados, quando se pretende convertê-los a usos não sustentáveis; 2.2. Manguezais têm função destacada na proteção do litoral, seja na redução da erosão das linhas de costa, como na manutenção da produtividade pesqueira; 2.3. Manguezais constituem recurso natural indiscutível, como valores econômicos e ecológicos das zonas de transição entre os ambientes terrestre e estuarino-costeiro; 2.4. Manguezais têm participação destacada na disponibilidade de recursos naturais e econômicos, indispensáveis tanto para a subsistência das populações tradicionais das zonas costeiras tropicais, como para as presentes e futuras gerações; 2.5. Há necessidade premente de que sejam restauradas as áreas de manguezal degradadas, por razões ambientais, econômicas e sociais. 3. Assim, adotamos e proclamamos os seguintes princípios e propomos as seguintes ações visando o desenvolvimento sustentado dos manguezais: 3.1. Princípios: 3.1.1. Devem ser estimulados, por todos os meios disponíveis, a aquisição e a disseminação de conhecimentos referentes a estrutura, função, produtividade, valoração e recomposição e, ou, restauração de áreas de manguezal alteradas; 3.1.2. Deve ser resguardada a diversidade genética inerente ao ecossistema manguezal, como preservados seus habitats; 65 3.1.3. O ecossistema manguezal deve ser protegido contra destruição indiscriminada, riscos devidos a tensores naturais, poluição e impactos decorrentes de perturbações antrópicas, inclusive nas áreas adjacentes; 3.1.4. O ecossistema manguezal, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, deve ser respeitado e preservado para as presentes e futuras gerações, por suas características ímpares; 3.1.5. As áreas de manguezal convertidas para outros fins, devem ser otimizadas, de modo a prevenir novas perdas; 3.1.6. Deve ser vetada a disposição de resíduos sólidos em áreas de manguezal, voluntária ou involuntária. 3.2. Ações: 3.2.1. Recomenda-se a formação de grupo de trabalho (reunindo prefeituras municipais, universidades, órgãos de controle e fiscalização ambiental) para: 3.2.1.1. desenvolver ações de educação ambiental com a população que vive nas proximidades dos manguezais, buscando seu envolvimento nos trabalhos de fiscalização e de recuperação; 3.2.1.2. estudar a viabilidade da criação de um grupo de voluntários da sociedade civil para atuar como vigilantes ambientais, que tenha a função de acionar os diversos órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização ambiental, após receber treinamento prévio para essa atuação. 3.2.2. Recomenda-se a formação de grupo de trabalho (reunindo universidades, instituições de pesquisa, órgãos de controle e fiscalização ambiental, empresas, organizações não-governamentais de defesa ambiental) para elaboração dos seguintes estudos: 3.2.2.1. levantamento e inventário dos manguezais existentes na região, identificando estágios de conservação (alterado, degradado), com proposição de métodos para restauração; 3.2.2.2. levantamento dos locais e métodos de disposição final de resíduos sólidos produzidos na região. 3.2.3. Reconhecer a competência supletiva dos Estados e dos Municípios para legislarem em matéria ambiental e fazer autuações, recomendando a União, aos Estados e aos Municípios que empreendam esforços para reestruturar, reequipar e, ou, criar órgãos de controle e fiscalização ambientais; 3.2.4. Recomendar a atuação conjunta de órgãos de controle e fiscalização ambientais (nos âmbitos municipal, estadual e federal) e empresas interessadas, no sentido de priorizar e otimizar as ações de fiscalização e recuperação nas áreas possíveis; 3.2.5. Recomendar a criação de fundos municipais, onde recursos provenientes de multas, doações entre outros, na forma da lei, sejam usados preferencialmente na recuperação de áreas alteradas e, ou degradadas; 3.2.6. Recomendar que seja agilizada a revitalização do Comitê de Defesa do Litoral–CODEL; 3.2.7. Recomendar que sejam empreendidos esforços junto ao Governo estadual de forma a viabilizar o Plano de Gerenciamento Costeiro; 66 3.2.8. Pugnar por uma busca permanente por qualidade de vida no espaço urbano dos municípios, respeitada a sustentabilidade do meio. SANTOS, novembro de 1995. 67 Key to Complexes and Units SEA OF CORTEZ 1a. NW Mexican Coast 1b. Marismas Nacionales / San Bias SOUTHERN MEXICO 2. S.Pacific Coast of Mexico PACIFIC CENTRAL AMERICA 3a. Tehuantepec / El Manchón 3b. Northern Dry Pacific Coast 3c. Gulf of Fonseca 3d. Southern Dry Pacific Coast 3e. Moist Pacific Coast 3f. Panama Dry Pacific PACIFIC SOUTH AMERICA 4a. Gulf of Panama 4b. Esmeraldas / Pacific Colombia 4c. Manabi 4d. Gulf of Guayaquil / Tumbes 4e. Piura GALAPAGOS 5. Galapagos islands GULF OF MEXICO 6a. Alvarado 6b. Usumacinta YUCATÃN 7a. Petenes 7b. Rio Lagartos 7c. Mayan Corridor 7d. Belizean Coast 7e. Belizean Reef ATLANTIC CENTRAL AMERICA 8a. Northern Honduras 8b. Mosquitia / Nicaraguan Caribbean Coast 8c. Río Negro / Río San Sun 8d. Bocas del Toro / Bastimentos Island / San Bias CONTINENTAL CARIBBEAN 9a. Magdalena / Santa Marta 9b. Coastal Venezuela WEST INDIES 10a. Bahamas 10b. Greater Antilles 10c. Lesser Antilles AMAZON-ORINOCOMARANHÃO 11a. Trinidad 11b. Segment 0 11c. Segment I 11d. Segment II 11e. Segment III NE BRAZIL 12a. Segment IV 12b. Segment V 12c. Segment VI SE BRAZIL 13. Segment VII Figura I - Unidades fisiográficas e complexos de manguezais na América Latina e no Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 1. 68 Figura II - Localização das figuras 3 e 4 onde aparecem assinalados os manguezais extensos da América Latina e do Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 2. 69 Figura III - Manguezais mais extensos do sudeste da América do Sul, segundo Olson et al. (1996), figura 7. 70 Figura IV - Manguezais mais extensos da costa Atlântica no nordeste da América do Sul, segundo Olson et al. (1996), figura 8. 71 Key to Complexes and Units SEA OF CORTEZ 1a. NW Mexican Coast 1b. Marismas Nacionales / San Bias SOUTHERN MEXICO 2. S.Pacific Coast of Mexico PACIFIC CENTRAL AMERICA 3a. Tehuantepec / El Manchón 3b. Northern Dry Pacific Coast 3c. Gulf of Fonseca 3d. Southern Dry Pacific Coast 3e. Moist Pacific Coast 3f. Panama Dry Pacific PACIFIC SOUTH AMERICA 4a. Gulf of Panama 4b. Esmeraldas / Pacific Colombia 4c. Manabi 4d. Gulf of Guayaquil / Tumbes 4e. Piura GALAPAGOS 5. Galapagos islands GULF OF MEXICO 6a. Alvarado 6b. Usumacinta YUCATÃN 7a. Petenes 7b. Rio Lagartos 7c. Mayan Corridor 7d. Belizean Coast 7e. Belizean Reef ATLANTIC CENTRAL AMERICA 8a. Northern Honduras 8b. Mosquitia / Nicaraguan Caribbean Coast 8c. Río Negro / Río San Sun 8d. Bocas del Toro / Bastimentos Island / San Bias CONTINENTAL CARIBBEAN 9a. Magdalena / Santa Marta 9b. Coastal Venezuela WEST INDIES 10a. Bahamas 10b. Greater Antilles 10c. Lesser Antilles AMAZON-ORINOCOMARANHÃO 11a. Trinidad 11b. Segment 0 11c. Segment I 11d. Segment II 11e. Segment III NE BRAZIL 12a. Segment IV 12b. Segment V 12c. Segment VI SE BRAZIL 13. Segment VII Figura V - Síntese do estado de conservação dos manguezais na América Latina e no Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 13. 72 Key to Complexes and Units SEA OF CORTEZ 1a. NW Mexican Coast 1b. Marismas Nacionales / San Bias SOUTHERN MEXICO 2. S.Pacific Coast of Mexico PACIFIC CENTRAL AMERICA 3a. Tehuantepec / El Manchón 3b. Northern Dry Pacific Coast 3c. Gulf of Fonseca 3d. Southern Dry Pacific Coast 3e. Moist Pacific Coast 3f. Panama Dry Pacific PACIFIC SOUTH AMERICA 4a. Gulf of Panama 4b. Esmeraldas / Pacific Colombia 4c. Manabi 4d. Gulf of Guayaquil / Tumbes 4e. Piura GALAPAGOS 5. Galapagos islands GULF OF MEXICO 6a. Alvarado 6b. Usumacinta YUCATÃN 7a. Petenes 7b. Rio Lagartos 7c. Mayan Corridor 7d. Belizean Coast 7e. Belizean Reef ATLANTIC CENTRAL AMERICA 8a. Northern Honduras 8b. Mosquitia / Nicaraguan Caribbean Coast 8c. Río Negro / Río San Sun 8d. Bocas del Toro / Bastimentos Island / San Bias CONTINENTAL CARIBBEAN 9a. Magdalena / Santa Marta 9b. Coastal Venezuela WEST INDIES 10a. Bahamas 10b. Greater Antilles 10c. Lesser Antilles AMAZON-ORINOCOMARANHÃO 11a. Trinidad 11b. Segment 0 11c. Segment I 11d. Segment II 11e. Segment III NE BRAZIL 12a. Segment IV 12b. Segment V 12c. Segment VI SE BRAZIL 13. Segment VII Figura VI - Nível de ameaças sobre os manguezais da América Latina e do Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 14. 73 Key to Complexes and Units SEA OF CORTEZ 1a. NW Mexican Coast 1b. Marismas Nacionales / San Bias SOUTHERN MEXICO 2. S.Pacific Coast of Mexico PACIFIC CENTRAL AMERICA 3a. Tehuantepec / El Manchón 3b. Northern Dry Pacific Coast 3c. Gulf of Fonseca 3d. Southern Dry Pacific Coast 3e. Moist Pacific Coast 3f. Panama Dry Pacific PACIFIC SOUTH AMERICA 4a. Gulf of Panama 4b. Esmeraldas / Pacific Colombia 4c. Manabi 4d. Gulf of Guayaquil / Tumbes 4e. Piura GALAPAGOS 5. Galapagos islands GULF OF MEXICO 6a. Alvarado 6b. Usumacinta YUCATÃN 7a. Petenes 7b. Rio Lagartos 7c. Mayan Corridor 7d. Belizean Coast 7e. Belizean Reef ATLANTIC CENTRAL AMERICA 8a. Northern Honduras 8b. Mosquitia / Nicaraguan Caribbean Coast 8c. Río Negro / Río San Sun 8d. Bocas del Toro / Bastimentos Island / San Bias CONTINENTAL CARIBBEAN 9a. Magdalena / Santa Marta 9b. Coastal Venezuela WEST INDIES 10a. Bahamas 10b. Greater Antilles 10c. Lesser Antilles AMAZON-ORINOCOMARANHÃO 11a. Trinidad 11b. Segment 0 11c. Segment I 11d. Segment II 11e. Segment III NE BRAZIL 12a. Segment IV 12b. Segment V 12c. Segment VI SE BRAZIL 13. Segment VII Figura VII - Estado de coservação das diversas unidades fisiográficas dos manguezais na América Latina e no Caribe, segundo Olson et al. (1996) figura 15 74 Key to Complexes and Units SEA OF CORTEZ 1a. NW Mexican Coast 1b. Marismas Nacionales / San Bias SOUTHERN MEXICO 2. S.Pacific Coast of Mexico PACIFIC CENTRAL AMERICA 3a. Tehuantepec / El Manchón 3b. Northern Dry Pacific Coast 3c. Gulf of Fonseca 3d. Southern Dry Pacific Coast 3e. Moist Pacific Coast 3f. Panama Dry Pacific PACIFIC SOUTH AMERICA 4a. Gulf of Panama 4b. Esmeraldas / Pacific Colombia 4c. Manabi 4d. Gulf of Guayaquil / Tumbes 4e. Piura GALAPAGOS 5. Galapagos islands GULF OF MEXICO 6a. Alvarado 6b. Usumacinta YUCATÃN 7a. Petenes 7b. Rio Lagartos 7c. Mayan Corridor 7d. Belizean Coast 7e. Belizean Reef ATLANTIC CENTRAL AMERICA 8a. Northern Honduras 8b. Mosquitia / Nicaraguan Caribbean Coast 8c. Río Negro / Río San Sun 8d. Bocas del Toro / Bastimentos Island / San Bias CONTINENTAL CARIBBEAN 9a. Magdalena / Santa Marta 9b. Coastal Venezuela WEST INDIES 10a. Bahamas 10b. Greater Antilles 10c. Lesser Antilles AMAZON-ORINOCOMARANHÃO 11a. Trinidad 11b. Segment 0 11c. Segment I 11d. Segment II 11e. Segment III NE BRAZIL 12a. Segment IV 12b. Segment V 12c. Segment VI SE BRAZIL 13. Segment VII Figura VIII - Atividades conservacionistas sugeridas para os manguezais das diferentes unidades fisiográficas da América Latina e do Caribe, segundo Olson et al. (1996), figura 16. 75 Key to Complexes and Units SEA OF CORTEZ 1a. NW Mexican Coast 1b. Marismas Nacionales / San Bias SOUTHERN MEXICO 2. S.Pacific Coast of Mexico PACIFIC CENTRAL AMERICA 3a. Tehuantepec / El Manchón 3b. Northern Dry Pacific Coast 3c. Gulf of Fonseca 3d. Southern Dry Pacific Coast 3e. Moist Pacific Coast 3f. Panama Dry Pacific PACIFIC SOUTH AMERICA 4a. Gulf of Panama 4b. Esmeraldas / Pacific Colombia 4c. Manabi 4d. Gulf of Guayaquil / Tumbes 4e. Piura GALAPAGOS 5. Galapagos islands GULF OF MEXICO 6a. Alvarado 6b. Usumacinta YUCATÃN 7a. Petenes 7b. Rio Lagartos 7c. Mayan Corridor 7d. Belizean Coast 7e. Belizean Reef ATLANTIC CENTRAL AMERICA 8a. Northern Honduras 8b. Mosquitia / Nicaraguan Caribbean Coast 8c. Río Negro / Río San Sun 8d. Bocas del Toro / Bastimentos Island / San Bias CONTINENTAL CARIBBEAN 9a. Magdalena / Santa Marta 9b. Coastal Venezuela WEST INDIES 10a. Bahamas 10b. Greater Antilles 10c. Lesser Antilles AMAZON-ORINOCOMARANHÃO 11a. Trinidad 11b. Segment 0 11c. Segment I 11d. Segment II 11e. Segment III NE BRAZIL 12a. Segment IV 12b. Segment V 12c. Segment VI SE BRAZIL 13. Segment VII Figura IX - Unidades fisiográficas com manguezais, identificadas como maior prioridade para adoção de medidas de conservação, segundo Olson et al. (1996), figura 17. 76 Tabela I - Unidades físico-ambientais, segundo critérios adotados pela Coordenação Nacional da “Zona Costeira”, e sua correspondência com as unidades fisiográficas de Schaeffer-Novelli et al. (1990). REGIÕES Norte (AP/PA/MA) Nordeste 1 Nordeste 2 UNIDADES FÍSICO-AMBIENTAIS SEGMENTOS Foz do Rio Oiapoque – Foz do Rio Araguari (AP) Segmento I Foz do Rio Araguari (AP) – Colares (PA) Segmento II Colares (PA) – Alcântara (MA) Alcântara – Ponta do Tubarão (MA) Ponta do Tubarão – Delta do Parnaíba (MA/PI) Segmento III Delta do Parnaíba (MA/PI) – Acaraú (CE) Acaraú – Fortaleza (CE) Fortaleza – Jaguaribe (CE) Jaguaribe (CE) – São Bento do Norte (RN) São Bento do Norte – Cabo Calcanhar (RN) Cabo Calcanhar – Rio Guajú (RN/PB) Rio Guajú (RN/PB) – Ponta de Lucena (PB) Ponta de Lucena – Rio Goiana (PB/PE) Rio Goiana (PB/PE) – Cabo de Santo Agostinho (PE) Cabo de Santo Agostinho (PE) – Rio Coruripe (AL) Rio Coruripe (AL) – Rio Branco/Cidade do Conde (BA) Rio Branco/Cidade do Conde – limite norte de Lauro de Freitas (BA) Limite norte de Lauro de Freitas – Jaguaribe (BA) Jaguaribe – Itacaré/Rio das Contas (BA) Itacaré/Rio das Contas – Ilhéus (BA) Ilhéus – Santa Cruz de Cabrália (BA) Santa Cruz de Cabrália – Prado (BA) Prado (BA) – Divisa BA/ES Segmento IV Segmento V 77 Divida BA/ES – Delta do Rio Doce (ES) Delta do Rio Doce – Baía de Vitória (ES) Baía de Vitória (ES) – Delta do Rio Paraíba do Sul (RJ) Delta do Rio Paraíba do Sul – Cabo Frio (RJ) Segmento VI Sudeste Cabo Frio – Ponta de Itaipu (RJ) Ponta de Itaipu – Guaratiba (RJ) Guaratiba – Mangaratiba (RJ) Mangaratiba (RJ) – Praia da Boracéia (SP) Praia da Boracéia – São Vicente (SP) São Vicente – Juréia (SP) Juréia (SP) – Pontal do Sul (PR) Pontal do Sul – Guaratuba (PR) Guaratuba (PR) – Barra do Sul (SC) Sul Barra do Sul – Ponta dos Ganchos, divisa c/ Governador Celso Ramos/Tijucas (SC) Ponta dos Ganchos (divisa c/ Governador Celso Ramos/Tijucas) – Ponta da Faísca ou da Gamboa (SC) Ponta da Faísca ou da Gamboa – Divisa Laguna/Jaguaruna, incluindo a Lagoa do Laranjal (SC) Divisa Laguna/Jaguaruna, incluindo a Lagoa do Laranjal (SC) – Divisa SC/RS Divisa SC/RS – Pinhal (RS) Península de Mostardas, desde o estuário da Lagoa dos Patos, extendendo-se entre a lagoa e o mar até Palmares do Sul (RS) Espelho d’água e o fundo da Lagoa dos Patos (RS) Foz do Rio Guaíba, incluindo a região Mteropolitana de Porto Alegre e a bacia do Rio Gravataí (RS) Cassino, incluindo o estuário da Lagoa dos Patos, seguindo pela margem oeste da Lagoa dos Patos até o limite sul da Foz do Rio Guaíba (RS) Cassino – Chui (RS) Segmento VII Segmento VIII 78 Tabela II – Legislação Ambiental Brasileira Incidente sobre o Manguezal. Organizada por Yara Schaeffer Novelli. INSTRUMENTO LEGAL Constituição Federal DATA 05.10.1988 DISCRIMINAÇÃO art. 5o – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: inciso XXIII – a propriedade atenderá a sua função social. art. 20 - São Bens da União: inciso VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; art. 26 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção ao meio ambiente e controle da poluição. art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: III – função social da propriedade; VI – defesa do meio ambiente; art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. parágrafo 3o - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. parágrafo 4o - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização farse-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 79 Lei Federal No. 4.771 alterada pela Lei Federal No.7.803 15.09.1965 Lei Federal No. 5.197 03.01.1967 18.07.1989 art. 2o - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: letra f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues. art. 26 - Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal do lugar e da data da infração ou ambas as penas cumulativamente: letra a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei; letra b) cortar árvores em florestas de preservação permanente, sem permissão de autoridade competente; letra g) impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetações. art. 29 - As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles: letra a) diretos; letra b) arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores, promitentes compradores ou proprietários das áreas florestais, desde que praticadas por prepostos ou subordinados e no interesse dos proponentes ou dos superiores hierárquicos; letra c) autoridades que se omitirem ou facilitarem, por consentimento ilegal, na prática do ato. art. 31 - São circunstâncias que agravam a pena além das previstas no Código Penal e na Lei de Contravenções Penais: letra a) cometer a infração no período de queda das sementes ou de formação das vegetações prejudicadas, durante a noite, em domingos ou dias feriados, em épocas de seca ou inundações; letra b) cometer a infração contra a floresta de preservação permanente ou material dela provindo. art. 1o - Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha. art. 7o - A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre, quando consentidas na forma desta Lei, serão considerados atos de caça. art. 10o - A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre são proibidas: letra a) com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques, veneno, incêndio ou armadilhas que maltratem a caça; letra h) nas áreas destinadas à proteção da fauna, da flora e das belezas naturais. 80 Lei Federal No. 6.938 regulamentada pelo Decreto Federal No. 88.351 regulamentada pelo Decreto Federal No. 97.632 alterada pelo Lei Federal No. 7.804 alterada pela Lei Federal No. 8.028 regulamentada pelo Decreto Federal No. 99.274 31.08.1981 01.06.1983 10.04.1989 18.07.1989 12.04.1990 06.06.1990 art. 2o - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I- ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II- racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III- planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV- proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V- controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VII- acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII- recuperação de áreas degradadas; IX- proteção de áreas ameaçadas de degradação. art. 3o - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I- meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II- degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III- poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente: letra a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; letra b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; letra c) afetem desfavoravelmente a biota; letra d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; letra e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. IV- poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividades causadoras de degradação ambiental; V - recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera. art. 4o - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII - à implantação, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. art. 9o - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I- o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; III- a avaliação de impactos ambientais. art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção81 dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: inciso I -à multa simples ou diária, nos valores Lei Federal No.7.347 regulamentada pelo Decreto Federal No. 92.302 24.07.1985 Lei Federal No.7.661 16.05.1988 16.01.1986 art. 1o - Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos causados: I - ao meio-ambiente; art. 1o - Como parte integrante da Política Nacional para os Recursos do Mar - PNRM e da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, fica instituído o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC. art. 2o - Subordinando-se aos princípios e tendo em vista os objetivos genéricos da PNMA, fixados respectivamente nos arts 2o e 4o da Lei No. 6.938, de 31 de agosto de 1981, o PNGC visará específicamente a orientar a utilização racional dos recursos na Zona Costeira, de forma a contribuir para elevar a qualidade da vida de sua população, e a proteção do seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se Zona Costeira o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre, que serão definidas pelo Plano. art. 3o - O PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e dar prioridade à conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens: inciso I - recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias; promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas. art. 7o - A degradação dos ecossistemas, do patrimônio e dos recursos naturais da Zona Costeira implicará ao agente a obrigação de reparar o dano causado e a sujeição às penalidades previstas no art. 14 da Lei No. 6.938, de 31 de agosto de 1981, elevado o limite máximo da multa ao valor correspondente a 100.000 (cem mil) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN (vide art. 2o da Lei No. 7.784, de 28 de junho de 1989, sobre a conversão destes valores), sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 82 Lei Federal No 8.617 04.011993 Normatiza as diretrizes básicas para ocupação da Zona Econômica Exclusiva-ZEE, definindo sua extensão entre 12 e 200 milhas marítimas, integrando uma área com cerca de 3.000.000 Km2. art. 6o - ... as primeiras 12 milhas, a partir da linha de base próximo ao litoral, compreendem o Mar Territorial; art. 7o – trata da soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos e não-vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar e seu subsolo; art. 8o – trata do direito exclusivo do estado Costeiro de regulamentar a investigação científica marinha, a proteção e a preservação do meio marinho, assim como sobre construção, operação e uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalação e estruturas na ZEE Decreto-Lei Federal No. 9.760 05.09.1946 Decreto Federal No. 89.336 31.01.1984 art. 2o - Inclui entre os bens móveis e imóveis da União, os terrenos de marinha e seus acrescidos. Caracterizando como terrenos de marinha aqueles situados até uma distância de 33 metros, medidos horizontalmente para a parte de terra, a partir da posição da preamar média de 1831, situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagos, até onde se faça sentir a influência das marés. art. 1o - São consideradas Reservas Ecológicas as áreas de preservação permanente mencionadas no art. 18 da Lei n6.938, de 31 de agosto de 1981, bem como as que forem estabelecidas por ato do Poder Público. 83 Decreto Federal No. 92.302 16.01.1986 Decreto Federal No. 97.632 10.04.1989 Decreto Federal No. 7.804 18.07.1989 Decreto Federal No. 99.274 06.06.1990 art. 1o - O “Fundo para a Reconstituição de Bens Lesados”, de que trata o art. 13 da Lei No. 7.347, de 24 de julho de 1985, destina-se à reparação dos danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. art. 2o - O Fundo a que se refere este Decreto será constituído pelas indenizações decorrentes de condenações por danos mencionados no art. 1o e multas advindas de descumprimento de decisões judiciais. art. 4o - Ao Conselho Federal, no exercício da gestão do Fundo, compete: I - zelar pela utilização prioritária dos recursos na reconstituição dos bens lesados, no próprio local onde o dano ocorreu ou possa vir a ocorrer; II - firmar convênios ou contratos com o objetivo de elaborar, acompanhar e executar projetos para reconstituição dos bens lesados; III - examinar e aprovar projetos de reconstituição dos bens lesados. art. 9o - Da aplicação dos recursos para a reconstituição do bem lesado, o Conselho Federal remeterá relatório ao Juiz de Direito prolator da decisão que deu margem à reparação do dano. art. 2o - Para efeito deste Decreto são considerados como degradação os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais. art. 3o - A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando a obtenção de uma estabilidade do meio ambiente. art. 1o - A Lei No. 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a vigorar com as seguintes alterações: art. 3o - ............................................................................ V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. art. 1o - Na execução da Política Nacional do Meio Ambiente, cumpre ao Poder Público, nos seus diferentes níveis de governo: I - manter a fiscalização permanente dos recursos ambientais, visando à compatibilização do desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. 84 Decreto Federal No. 98.161 21.09.1989 Resolução CONAMA No. 004 18.09.1985 Resolução CONAMA No. 001 23.01.1986 Portaria IBAMA No. 1.522 19.12.1989 art. 1o - O Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA, instituído pela Lei No. 7.797, de 10 de julho de 1989, vinculado à Secretaria do Meio Ambiente - SEMA/PR (IBAMA), é de natureza contábil e tem por finalidade o desenvolvimento de projetos que visem o uso racional e sustentável de recursos naturais, incluindo a manutenção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, no sentido de levar a qualidade de vida da população brasileira. art. 1o – São consideradas Reservas Ecológicas as formações florísticas e as áreas de florestas de preservação permanente mencionadas no art. 18 da Lei Federal no 6.938/81, bem como as que forem estabelecidas pelo Poder Público de acordo com o que preceitua o art. 1o do Decreto Federal no 89.336/84. art. 3o – São Reservas Ecológicas: VII – os manguezais, em toda a sua extensão. art. 1o - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. art. 1o - Reconhecer como Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, a seguinte relação (listando as espécies de animais protegidos de modo integral, de acordo com o estabelecido pela Lei Federal No. 5.197, de 03 de janeiro de 1967, incluindo as seguintes, associadas aos manguezais da região sudeste-sul da costa brasileira): Panthera onca, Felis pardalis, Caiman longirostris, Eudocimus ruber, Tinamus solitarius, Amazona brasiliensis, Pyroderus aculatus aculatus, além de espécies da Família Charadriidae. 85 Tabela III - Lista de espécies para o grupo de ecossistemas manguezal, marisma e apicum, por unidade físico-natural, organizada pela consultora do grupo de ecossistemas. Espécies Vegetais das Marismas Brasileiras ESPÉCIE Acrostichum aureum Alternanthera sp. Ammannia coccinea Rottb. Bacopa monnierii (L.) Pennell Batis maritima L. Blutaparon portulacoides (St. Hill) Mears Blutaparon vermiculare (L.) Mears Cladium jamaicense Crantz Crenea Aublet. Crinum L. Dalbergia ecastophila Distichlis spicata (L.) Greene Echinochloa Pal. Eleocharis geniculata L. Eleocharis mulata S. & W. Fimbristilis spadicea Vahl Hydrocotile sp. Juncus acutus L. Juncus roemerianus L. Limonium brasiliensis (Boiss.) O. Ktze. Oxypetalum tormentosum Paspalum gayanus Desv.en Gay Paspalum vaginatum Swartz Rapanea sp. Aublet. Renirea maritima Salicornia virginica Nuttal Scirpus americanus Pers. Scirpus californicus (C. Meyer) Steud. Scirpus maritimus L. Scirpus olneyi A. Gray ex Engelm. & Gray Scirpus robustus Putsh. Sesuvium portulacastrum L. Spartina alterniflora Loisel. Spartina ciliata Kunck Spartina densiflora Brong. Dup. Spartina loiseleur Spartina longispicula (Haum.) Paroti & St. Yves Sporobolus poiretii (Roem. et Schult.) Hitchc. Sporobolus virginicus (L.) Kunth. Triglochin striata Ruiz & Pav. Typha domingensis Pers. FAMÍLIA ORDEM LOCAL DE OCORRÊNCIA CATEGORIA R=rara; A=ameaçada; E=endêmica Pteridaceae Lythraceae Myrtales Scrophulariaceae Personatae Batidaceae Amaranthaceae Centrospermae Amaranthaceae Cyperaceae Lythraceae Amaryllidaceae Leguminosae Gramineae Gramineae Cyperaceae Cyperaceae Cyperaceae Centrospermae Cyperales Myrtales Liliiflorae Juncaceae Juncaceae Plumbaginaceae Cyperales Cyperales Plumbaginales Gramineae Gramineae Myrsinaceae Glumiflorae Glumiflorae Chenopodiaceae Cyperaceae Cyperaceae Centrospermae Cyperales Cyperales Cyperaceae Cyperaceae Cyperales Cyperales Cyperaceae Aizoaceae Gramineae Gramineae Gramineae Gramineae Gramineae Cyperales Centrospermae Glumiflorae Glumiflorae Glumiflorae Glumiflorae Glumiflorae Gramineae Glumiflorae Gramineae Juncaginaceae Typhaceae Glumiflorae Glumiflorae Glumiflorae Cyperales Cyperales Cyperales Pandanales 86 Espécies Vegetais dos Manguezais Brasileiros ESPÉCIE Acrostichum aureum L. Aegiphila vitelliniflora Klotz. Alchornea triplinervia M. Arg. Anona glabra L. Arrabidaea rego (Vell.) DC. Avicennia germinans (= A. nitida,Jacq.) Avicennia schaueriana (= A. tomentosa Jacq. ex. Ridley) Azolla sp. Bactris cf. setosa Mart. Blechnum serrulatum Rich. Cabomba piauhyensis Gardn. Casearia oblongifolia Camb. Cassia bicapsularis L. Cecropia lyratiloba Miquel Chloris sp. Cissus spp. Cladium jamaicensis Clytostoma binatum (Thumb.) Sand. Combretum fruticosum (Loefl.) Stuntz Combretum jacquini Griseb. Commelina sp. Conocarpus erecta L. Costus arabicus L. Crinum commelini Cyperus ligularis L. F. Cyperus princeps Kunth Cyperus prolixus Humb. et Kunth Cyperus sp. Dalbergia ecastophylla (L.) Taub. Dioclea violacea Benth. Dioscorea sp. Eichlornia azurea (Swartz) Kunth Eichlornia crassipes (Mart.) Solms Eleocharis sp. Elodea sp. Erythrina speciosa Andr. Fimbristylis glomerata Forsteronia leptocarpa (Hook. et Arn.) A. DC. Fuirena umbellata Rottb. Guarea sp. Heteropteris sp. Hibiscus pernambucensis A. Cam. Hibiscus tiliaceus L. Hydromystria sp. Hymenache amplexicaulis (Rudge) Nees FAMÍLIA Araceae Cucurbitaceae Loranthaceae Palmae Pontederiaceae Pteridaceae ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Spadiciflorae Anomaceae Avicenniaceae Tubifloreae Avicenniaceae Tubifloreae Cyperaceae Cyperales Combretaceae Amaryllidaceae Cyperaceae Cyperaceae Cyperaceae Cyperaceae Leguminosae Papilionoideae Liliiflorae Cyperaceae Cyperales Leguminosae Papionoideae Cyperaceae Cyperales Malvaceae Malvaceae Columniferae Columniferae 87 Hypolitrum schraderianum Nees Hyptis fasciculata Benth. Inga affinis DC. Ipomoea alba L. Ipomoea cynanchifolia Meiss. Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. Lantana viscosa Pohl. Lemna sp. Ludwigia leptocarpa (Nutt.) Hara Ludwigia sp. Lygodium volubile Sw. Machaerium secundiflorum Mart. ex Benth. Maytenus sp. Miconia staminea (Desv.) DC. Mikania micrantha H.B.K. Mikania sp. Mimosa sp. Myrcia sp. Myriophyllum brasiliense Camb. Nymphaea ampla DC. Ouratea cuspidata (St. Hil.) Engler Pachira aquatica Aubl. Palicourea sp. Panicum rivulare Trin. Paspalum repens Berg. Paspalum sp. Passiflora mucronata Lam. Passiflora sp. Paullinia coriacea Casar. Pereskia aculeata (Plum.) Mill. Phoradendron Pistia stratiotes L. Pluchea sp. Polygonum acumintaum H.B.K. Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns Psittacanthus dichrous Mart. Pterocarpus violaceus Vog. Quesnelia testudo Lindman Rapanea parviflora (A Dc) Mez Rhizophora harrisonii Leechman Rhizophora mangle L. Rhizophora racemosa G. F. Mayer Sabicea cf. cinerea Aubl. Salvinia auriculata Aubl. Sarcostemma clausum (Jacq.) R. et S. Combretaceae Compositae Gramineae Gramineae Glumiflorae Glumiflorae Myrsinaceae Rhizophoraceae Rhizophoraceae Rhizophoraceae Myrtales Myrtales Myrtales Schinus terebinthifolius Raddi Scirpus americanus Cyperaceae Cyperales Scirpus sp. Scleria sp. Securidaca sellowiana Kl. Serjania caracasana Willd. Smilax sp. Spartina alterniflora Loisel. Spartina brasiliensis Raddi Spartina densiflora Spartina loiseleur Stigmaphyllon ciliatum (Lam.) Juss. Struthanthus sp. Cyperaceae Cyperales Gramineae Gramineae Gramineae Gramineae Glumiflorae Glumiflorae Glumiflorae Glumiflorae 88 Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. Temnadenia stellaris (Ldl.) Miers Tetrapterys sp. Thilancia usneoides Tillandsia spp. Usnea barbata Usnea usneoides Vernonia beyrichii Less. Vigna sp. Vriesea sp. Bromeliaceae Usneaceae Usneaceae Bromeliaceae Espécies de Algas Associadas aos Manguezais Brasileiros Chlorophyta ESPÉCIE Boodleopsis pusilla Caulerpa sertularioides Cladophoropsis menbranacea. Enteromorpha sp. Rhizoclonium kernerii Rhizoclonium riparium Rhizoclonium tortuosum Ulva lactuca Ulva sp. Ulvaria oxysperma V. oxysperma FAMÍLIA Udoteaceae Caulerpaceae Siphonocladaceae Ulvaceae Cladophoraceae Cladophoraceae Cladophoraceae Ulvaceae Ulvaceae Ulvaceae ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Caulerpales Caulerpales Siphonocladales Ulvales Cladophorales Cladophorales Cladophorales Ulvales Ulvales Ulvales Phaeophyta ESPÉCIE Dictyota dichotoma. FAMÍLIA Dictyotaceae ORDEM LOCAL CATEGORIA R=rara; DE OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Dictyotales Rodophyta ESPÉCIE Acanthophora spicifera Lamouroux Audouniella daviesii (Dillwyn) Wolkerling Bostrychia binderi Harvey Bostrychia calliptera (Montagne) Bostrychia montagnei Harvey Bostrychia moritziana (Sonder) J. Agardh Bostrychia radicans (Montagne) Montagne Bostrychia tenella (Vahl) J. Agardh Callithamnion neglectum (Feldmann-Mazover) Wynne FAMÍLIA ORDEM Rhodomelaceae Ceramiales Rhodomelaceae Rhodomelaceae Rhodomelaceae Rhodomelaceae Ceramiales Ceramiales Ceramiales Ceramiales Rhodomelacea e Ceramiales LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica 89 ESPÉCIE Caloglossa leprieurii (Montagne) J. Agardh Caloglossa ogasawaraensis Okamura Caloglossa stipitata Post Catenella caespitosa (Withering) L. Irvine Catenella impudica (Montagne) J. Agardh Catenella repens Catenellocolax leeuwenii Weber van Bosse Centroceras clavulatum C. Agardh Ceramium brasiliense Joly Corynomorpha clavata (Harvey) J. Agardh Cryptonemia luxurians (C. Agardh) J. Agardh Dawsoniocolax bostrychiae (Joly and Yamaguishi-Tomita) Joly and Yamaguishi-Tomita Digenia simplex (Wulfen) C. Agardh Erythrotrichia carnea (Dillwyn) J. Agardh Gelidium floridanum W. Taylor Gelidium latifolium (Greville) Bornet and Thuret Gelidium pusillum (Stackhouse) Le Jolis Gigartina acicularis (Roth) Lamouroux Gracilaria cearensis (Joly and Pinheiro) Joly and Pinheiro Gracilaria cervicornis (Turner) J. Agardh Gracilaria verrucosa (Hudson) Papenfuss Herposiphonia secunda (C. Agardh) Falkenberg Hypnea musciformis (Wulfen) Lamouroux Monostroma oxyspermum Murrayella periclados (C. Agardh) Schmitz Polysiphonia howei Hollenberg Polysiphonia subtilissima Montagne Solieria filiformis (Kuetzing) Gabrielson Stictosiphonia kelanensis (Grunow ex Post) R. J. King and Puttock Stylonema alsidii (Zanardini) Drew FAMÍLIA ORDEM Delesseriaceae Ceramiales Delesseriaceae Ceramiales Delesseriaceae Rhabdoniaceae Ceramiales Gigartinales Rhabdoniaceae Gigartinales Rhabdoniaceae Gigartinales Rhodomelaceae Ceramiales Rhodomelaceae Rhodomelaceae Ceramiales Ceramiales LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica 90 Macrobentos Associados aos Marismas Brasileiros ESPÉCIE Acteocina canaliculata Anomalocardia brasiliensis Bittium varium Capitella capitata Cassidinidea tuberculata Costoanachis sp. Dies fluminensis Epitonium sp. Heleobia australis Hyale media Isolda pulchella Laeonereis acuta Littorina anguilifera Lumbrineris hebes Mytella guyanensis Nassarius sp. Neanthes succinea Nereis oligohalina Neritina virginica Odostomia sp. Parhyale hawaiensis Perinereis ponteni Perinereis vancaurica Platorchestia sp. Sigambra grubii Sphaeromopsis mourei Tholozodium rhombofrontalis Turbonilla sp. Zeuxo sp. FAMÍLIA ORDEM CLASSE Hydrobiidae Gastropoda Mollusca Veneridae Pelecypoda Mollusca LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Annelida Isopoda Crustacea Mollusca Annelida Littorinidae Gastropoda Mollusca Nassaridae Bivalvia Gastropoda Mollusca Nereidae Neritidae Phyllodocida Gastropoda Annelida Mollusca Amphipoda Crustacea Annelida Annelida Crustacea Annelida Crustacea Crustacea Pilargidae Amphipoda Phyllodocida Isopoda Isopoda Espécies da Fauna Associada aos Manguezais Brasileiros Classe Rhizopoda ESPÉCIE Ammoastula salsa Ammonitium salsum Arenoparrella mexicana Cibicides sp. Discorbis sp. Elphidium gunteri Gaudryina exilis Globigerinoides sp. Haplophragmoides wilberti Miliolinella subrotunda Parrellina sp. Pyrgo elongata Pyrgo ringens Quinqueloculina lamarckiana FAMÍLIA Globigerinidae Miliolidae Miliolidae Miliolidae Miliolidae Miliolidae ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera 91 ESPÉCIE Quinqueloculina milletti Quinqueloculina patagonica Quinqueloculina seminula Quinqueloculina sp. Triloculina oblonga Triloculina sp. Warrenita palustris FAMÍLIA Miliolidae Miliolidae Miliolidae Miliolidae Miliolidae Testularidae ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Foraminifera Classe Mollusca ESPÉCIE Amina mülleri Anomalocardia brasiliana Arcopagia sp. Bankia fimbriatula Bankia gouldi Bankia rochi Barnea costata Brachiontes darwinianus Chione paphia Chione pectorina Crassostrea brasiliana Crassostrea gigas Crassostrea virginica Cyrtopleura costata Detracia parana Littoridina australis var. nana Littoridina miaulis Littorina angulifera Littorina flava Littorina nebulosa flava Lucina sp. Lyrodus floridanus Macoma constricta Melampus coffeus Mitylus edulis Modiolus guyanensis Mulinia guadelupensis Mytella falcata Mytella guyanensis Naritina virginea Nassarius nanus Nassarius vibex Nausitora fusticula Neoteredo reynei Neritina zebra Ostrea parasitica Ostrea rhizophorae Phacoides filosus Phacoides pectinatus Pitar aresta Pitar fulminata Psiloteredo healdi Semele purpurascens FAMÍLIA ORDEM Veneridae Pelecypoda Teredinidae Teredinidae Teredinidae Pholadidae Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Veneridae Veneridae Ostreidae Ostreidae Ostreidae Pholadidae Ellobiidae Hydrobiidae Hydrobiidae Littorinidae Littorinidae Littorinidae Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Teredinidae Tellinidae Ellobiidae Mytilidae Mytilidae Mactridae Mytilidae Mytilidae Neritidae Nassaridae Nassaridae Teredinidae Teredinidae Neritidae Ostreidae Ostreidae Lucinidae Lucinidae Veneridae Veneridae Teredinidae Semelidae Pelecypoda Pelecypoda Gastropoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Gastropoda Gastropoda Gastropoda Pelecypoda Pelecypoda Gastropoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda Pelecypoda LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Gastropoda Gastropoda Gastropoda Gastropoda Gastropoda Gastropoda 92 ESPÉCIE Tagelus gibbus Tagelus plebeius Tellina alternata Teredo sp. Thais haemastoma Turbonilla nivea Typhis cleryi Venus flexuosa Venus rugosa FAMÍLIA ORDEM Sanguinolariidae Sanguinolariidae Pelecypoda Pelecypoda Teredinidae Muricidae Pelecypoda Gastropoda Muricidae Veneridae Veneridae Gastropoda Pelecypoda Pelecypoda LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Classe Annelida ESPÉCIE Ammotripane sp. Ampharete sp. Armandia sp. Audouinia tentaculata Clymene sp. Clymenella sp. Diopatra tridentata Glycera sp. Glycinde sp. Goniada brunea Laonice japonica Loandalia americana Magelona sp. Marphysa sanguinea Nainereis setosa Nereis sp. Ninoë sp. Onuphis quadricuspis Owenia fusiformis Perinereis anderssoni Pherusa sp. Pilargis sp. Pista sp. Poecilochetus australis Prionospio pinnata Prochoymene sp. Scoloplos treadwelli Sigambra bassi Telepsavus costarum Thelepus setosus FAMÍLIA ORDEM Amphinomidae Opheliidae Amparetidae Opheliidae Cirratulida Maldanidae Maldanidae Amphinomida Opheliida Glyceridae Goniadidae Goniadidae Spionidae Pilargidae Magellonidae Eunicidae Orbinidae Nereidae Lumbrineridae Onuphidae Oweniidae Phyllodocida Phyllodocida Phyllodocida Spionida Phyllodocida Magelonida Pilargidae Terebellidae Disomidae Spionidae Maldanidae Orbinidae Pilargidae Chaetopteridae Phyllodocida LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Opheliida Capitellida Capitellida Phyllodocida Eunicida Eunicida Capitellida Spionida Spionida Capitellida Phyllodocida Phyllodocida Chaetopterida 93 Classe Crustacea ESPÉCIE Alpheus armillatus Alpheus bouvieri Alpheus chacei Alpheus estuariensis Alpheus heterochaelis Alpheus nuttingi Ambidexter symmetricus Aratus pisonii Armases angustipes Armases benedicti Armases cinereum Armases miersi Armases ricordi Atya scabra Balanus amphitrite comunis Balanus amphitrite niveus Balanus citerosum Balanus eburneus Balanus improvisus Balanus tintinnabulum Callinectes bocourti Callinectes danae Callinectes exasperatus Callinectes larvatus Callinectes marginatus Callinectes ornatus Callinectes sapidus acutidens Cardisoma guanhumi Chasmagnathus granulatus Chthamalus rhizophorae Chthamalus stellatus Clibanarius antillensis Clibanarius cubensis Clibanarius sclopetarius Clibanarius vittatus Coenobita clypeatus Cyclograpus integet Dardanus venosus Dies sp. Eurypanopeus abbreviatus Eurytium limosum Goniopsis cruentata Hepatus gronovii Hexapanopeus schmitti Kalliapseudes schubartii Latreutes parvulus Leander paulensis Leander tenuicornis Lepidophtalmus jamaicense Leptochela serratorbita Lucifer faxoni Lygia exotica Macrobrachium acanthurus Macrobrachium carcinus Macrobrachium heterochirus Macrobrachium olfersii FAMÍLIA ORDEM Goneplacidae Alpheidae Alpheidae Alpheidae Alpheidae Alpheidae Alpheidae Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Grapsidae Decapoda Balanidae Balanidae Balanidae Balanidae Balanidae Balanidae Portunidae Portunidae Portunidae Portunidae Portunidae Portunidae Portunidae Gecarcinidae Grapsidae Chthamalidae Chthamalidae Thoracica Thoracica Thoracica Thoracica Thoracica Thoracica Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Thoracica Thoracica Diogenidae Diogenidae Diogenidae Decapoda Decapoda Decapoda Grapsidae Diogenidae Xanthidae Xanthidae Grapsidae Decapoda Decapoda Isopoda Decapoda Decapoda Decapoda Xanthidae Decapoda Hippolytidae Decapoda Luciferidae Lydiidae Palaemonidae Palaemonidae Palaemonidae Palaemonidae Decapoda Isopoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda CATEGORIA LOCAL R=rara; DE A=ameaçada; OCORRÊNCIA E=endêmica 94 ESPÉCIE Menippe nodifrons Merguia rhizophorae Metasesarma rubripes Minyoceros angustus Notolopas brasiliensis Notolopas lamellatus Ogyrides alphaerostris Ogyrides occidentalis Ortmannia mexicana Pachygrapsus gracilis Pachygrapsus transversus Pagurus criniticornis Palaemon northropi Palaemon pandaliformis Palaemon schmittii Palinurus argus Panopeus americanus Panopeus bermudensis Panopeus crassus Panopeus hartii Panopeus herbstii Panopeus lacustris Panopeus limosus Panopeus mirafloresensis Panopeus occidentalis Panopeus rugosus Parhyale hawaiensis Penaeus aztecys subtilis Penaeus brasiliensis Penaeus notialis Penaeus paulensis Penaeus schmitti Periclimenes americanus Periclimenes longicaudatus Petrolisthes armatus Pilumnus sp. Pinnixa chaetopterana Pinnixa sayana Pinnotheres sp. Podochela sp. Porcellana sp. Portunus ordwayi Portunus sp. Potimirim potimirim Processa hemphilli Salmoneus ortmanni Scyllarides brasiliensis Sesarma augustipes Sesarma crassipes Sesarma curacaoense Sesarma miersi Sesarma rectum Sesarma ricordi Sicyonia laevigata Sicyonia parri Sicyonia typica Uca cordatus Uca cumulanta Uca leptodactyla Uca maracoani FAMÍLIA ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Xanthidae Hippolytidae Grapsidae Porcellanidae Majidae Majidae Ogyrididae Ogyrididae Atyidae Grapsidae Grapsidae Paguridae Palaemonidae Palaemonidae Palaemonidae Palinuridae Xanthidae Xanthidae Xanthidae Xanthidae Xanthidae Xanthidae Xanthidae Xanthidae Xanthidae Xanthidae Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Amphipoda Penaeidae Decapoda Penaeidae Decapoda Penaeidae Decapoda Penaeidae Decapoda Penaeidae Decapoda Palaemonoidae Decapoda Palaemonoidae Decapoda Porcellanidae Decapoda Xanthidae Decapoda Pinnotheridae Decapoda Pinnotheridae Decapoda Majidae Porcellanidae Portunidae Portunidae Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Processidae Decapoda Grapsidae Grapsidae Grapsidae Grapsidae Grapsidae Grapsidae Sicyoniidae Sicyoniidae Sicyoniidae Ocypodidae Ocypodidae Ocypodidae Ocypodidae Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda 95 ESPÉCIE Uca mordax Uca olympioi Uca pugnax Uca pugnax brasiliensis Uca rapax Uca salsisitus Uca thayeri Uca uruguayensis Uca vocator Ucides cordatus Upogebia affinis Upogebia brasiliensis Upogebia noronhensis Upogebia omissa Xiphopenaeus kroyeri Zaops ostreum FAMÍLIA ORDEM Ocypodidae Ocypodidae Ocypodidae Ocypodidae Ocypodidae Ocypodidae Ocypodidae Ocypodidae Ocypodidae Gecarcinidae Callianassidae Callianassidae Callianassidae Callianassidae Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Decapoda Pinnotheridae Decapoda LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Classe Insecta ESPÉCIE FAMÍLIA Tabanidae Anopheles sp. Ceroplastes rhizophorae Culex sp. Culicoides maruim Icerya luederwaldti Mesolecanum rhizophorae Culicidae Coccidae Culicidae Culicidae Coccidae Coccidae ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Diptera Hymenoptera Collembola Coleoptera Auchenorryncha Ensifera Sternorrhyncha Trichoptera Lepidoptera Psocoptera Diptera Homoptera Diptera Diptera Homoptera Homoptera Classe Equinodermata ESPÉCIE Amphipholis januarii Diamphiodia riisei Micropholis subtilis FAMÍLIA ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Ophiuroidea Ophiuroidea Ophiuroidea 96 Classe Pisces ESPÉCIE Abudefduf saxatilis Acanthurus bahianus Achirus achirus achirus Achirus declivis Achirus lineatus lineatus Achirus punctifer Acuticurimata macrops Ageneiosus brevifilis Amanses pullus Amphyothys cryptocentrus Anableps microlepis Anchoa filifera Anchoa hepsetus hepsetus Anchoa januaria Anchoa spinifer Anchoa tricolor Anchova nigra Anchovia clupeoides Anchoviella lepidentostole Anisotremus virginicus Arbaciosa fasciata Archosargus aries Archosargus probatocephalus Arius bagre Arius spixii Aspredo aspredo Auchenipterus nodosus Awaous taiasica Bagre bagre Bagre marinus Bairdiella ronchus Bathygobius soporator Batrachoides surinamensis Boridia grossidens Bothus ocellatus Brachydeuterus corvinaeformis Brachyplatystoma vaillanti Brevoortia tyrannus Callichthys callichthys Carangops amblyrhynchus Caranx bartholomaei Caranx chrysos Caranx hippos Caranx latus Caranx lugubris Centropomus ensiferus Centropomus parallelus Centropomus sp. Centropomus undecimalis Cetengraulis edentulus Chaetodipterus faber Chaetodon ocellatus Chaetodon striatus Chamaigenes filamentosus Cheilodipterus saltator Chilomycterus spinosus FAMÍLIA Pomacentridae Acanthuridae Soleidae Soleidae Soleidae Soleidae Curimatidae Pimelodidae Balistidae Batrachoididae Anablepidae Engraulidae Engraulidae Engraulidae Engraulidae Engraulidae Engraulidae Engraulidae Engraulidae Pomadasyidae Gobiesocidae Sparidae Sparidae Ariidae Ariidae Aspredinidae Auchenipteridae Gobiidae Ariidae Ariidae Sciaenidae Gobiidae Batrachoididae Pomadasyidae Bothidae Pomadasyidae Pimelodidae Clupeidae Loricariidae Carangidae Carangidae Carangidae Carangidae Carangidae Carangidae Centropomidae Centropomidae Centropomidae Centropomidae Engraulidae Ephippidae Chaetodontidae Chaetodontidae Aspredinidae Apogonidae Diodontidae ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Perciformes Perciformes Pleuronectiformes Pleuronectiformes Pleuronectiformes Pleuronectiformes Cypriniformes Siluriformes Tetraodontiformes Batrachoidiformes Atheriniformes Clupeiformes Clupeiformes Clupeiformes Clupeiformes Clupeiformes Clupeiformes Clupeiformes Clupeiformes Perciformes Gobiesociformes Perciformes Perciformes Siluriformes Siluriformes Siluriformes Siluriformes Perciformes Siluriformes Siluriformes Perciformes Perciformes Batrachoidiformes Perciformes Pleuronectiformes Perciformes Siluriformes Clupeiformes Siluriformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Clupeiformes Perciformes Perciformes Perciformes Siluriformes Perciformes Tetraodontiformes 97 ESPÉCIE Chloroscombrus chrysurus Cichla ocelaris Cichlasoma bimaculatum Citharichthys arenaceus Citharichthys spilopterus Colomesus psittacus Conodon nobilis Cynoscion acoupa Cynoscion leiarchus Cynoscion microlepidotus Cynoscion petranus Cynoscion steindachneri Cynoscion striatus Cynoscion virescens Dectylopterus volitans Diapterus olisthostomus Diapterus rhombeus Diplodus argenteus Dormitator maculatus Eieotris perniger Elops saurus Epinephelus itajara Erotelis smaragdus smaragdus Etropus crossotus Eucinostomus argenteus Eucinostomus californiensis Eucinostomus gula Eucinostomus harengulus Eucinostomus havena Eucinostomus leiroy Eucinostomus melapturus Eucinostomus pseudogula Eugerres brasilianus Fistularia tabacaria Genidens genidens Genyatremus luteus Geophagus brasiliensis Gerres cinereus Gobioides broussonneti Gobionellus beleosoma Gobionellus oceanicus Gobionellus smaragdus Gobionellus stigmaticus Gobius oceanicus Guavina Guavina Gymnothorax funebris Gymnothorax nigromarginatus Haemulon parrai Haemulon plumieri Haliperca radialis Harengula clupeola Hippocampus hudsonius punctulatus Hoplias malabaricus FAMÍLIA ORDEM Carangidae Cichlidae Cichlidae Bothidae Bothidae Tetraodontidae Pomadasyidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Dactylopteridae Gerridae Gerridae Sparidae Gobiidae Gobiidae Elopidae Serranidae Gobiidae Bothidae Gerridae Gerridae Gerridae Gerridae Gerridae Gerridae Gerridae Gerridae Gerridae Fistulariidae Ariidae Pomadasyidae Cichlidae Gerridae Gobiidae Gobiidae Gobiidae Gobiidae Gobiidae Gobiidae Gobiidae Muraenidae Muraenidae Pomadasyidae Pomadasyidae Serranidae Clupeidae Syngnathidae Perciformes Perciformes Perciformes Pleuronectiformes Pleuronectiformes Tetraodontiformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Dactylopteriformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Elopiformes Perciformes Perciformes Pleuronectiformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Gasterosteiformes Siluriformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Anguilliformes Anguilliformes Perciformes Perciformes Perciformes Clupeiformes Gasterosteiformes Erythrinidae Cypriniformes LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica 98 ESPÉCIE Hyporhamphus sp. Hyporhamphus unifasciatus Ilisha casteloneana Isopisthus parvipinnis Lactophrys trigonus Lagocephalus laevigatus Lagocephalus pachycephalus Larimus breviceps Lile piquitinga Luciopimelodus platanus Lutjanos jocu Lutjanus analis Lutjanus apodus Lutjanus griseus Lutjanus synagris Lycengraulis barbouri Lycengraulis grossidens Macrodon ancylodon Megalops atlanticus Menticirrhus americanus Menticirrhus martinicensis Microdesmus longipinnis Microgobius mecki Micropogon curvidens Micropogon furnieri Micropogon opercularis Micropogon undulatus Mugil brasiliensis Mugil cephalus Mugil curema Mugil gaimardianus Mugil hospes Mugil incilis Mugil liza Mugil platanus Mugil trichodon Myrophis vafer Nebris microps Neomaenis aya Netuma barba Ocyurus chrysurus Ogcocephalus longirostris Ogcocephalus vespertillo Oligoplites palometa Oligoplites saliens Oligoplites saurus saurus Oostethus lineatus Ophichthus gomesii Opisthonema oglinum Oreochromis niloticus Orthopristis ruber Paralichthys brasiliensis Paralichthys vorax Pimelodus ciarias FAMÍLIA Exocoetidae Exocoetidae Clupeidae Sciaenidae Ostraciontidae Tetraodontidae Tetraodonidae Sciaenidae Clupeidae Siluridae Lutjanidae Lutjanidae Lutjanidae Lutjanidae Lutjanidae Engraulidae Engraulidae Sciaenidae Megalopidae Sciaenidae Sciaenidae Microdesmidae Gobiidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Mugilidae Mugilidae Mugilidae Mugilidae Mugilidae Mugilidae Mugilidae Mugilidae Mugilidae Echelidae Sciaenidae Lutjanidae Ariidae Lutjanidae Ogcocephalidae Ogcocephalidae Carangidae Carangidae Carangidae Syngnathidae Ophichthidae Clupeidae Cichidae Pomadasyidae Bothidae Bothidae Pimelodidae ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Atheriniformes Atheriniformes Clupeiformes Perciformes Tetraodontiformes Tetraodontiformes Tetraodontiformes Perciformes Clupeiformes Siluriformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Clupeiformes Clupeiformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Anguilliformes Perciformes Perciformes Siluriformes Perciformes Lophiiformes Lophiiformes Perciformes Perciformes Perciformes Gasterosteiformes Clupeiformes Perciformes Perciformes Pleuronectiformes Pleuronectiformes Siluriformes 99 ESPÉCIE Plecostomus plecostomus Poecilia jaguaria Poecilia vivipara Pogonias cromis Polyclemus brasiliensis Polydactylus virginicus Pomacanthus arcuatus Pomacentrus variablis Pomadasys corvinaeformis Pomatomus saltatrix Potamorrhaphis guianensis Prionotus alipionis Prynelox scaber Pseudoplatystoma fasciatum fasciatum Pseudupenaeus maculatus Pterengraulis atherinoides Rypticus randalli Sardinella aurita (= S. brasiliensis) Scomberomorus cavalla Scomberomorus maculatus Scorpaena brasiliensis Scorpaena plumieri Selene vomer Serrasalmus thombeus Sorubim lima Sphoeroides adspersus Sphoeroides testudineus Sphyraena barracuda Stellifer naso Stellifer rastrifer Stellifer stellifer Strongylura marina Syacium micrurum Symbranchus marmoratus Symphurus plagiusa Symphurus tesselatus Syngnathus dunckeri Syngnathus elucens Synodus foetens Tachysurus grandoculis Tachysurus herzbergii Tachysurus luniscutis Tachysurus parkery Tachysurus proops Tachysurus rugispinis Tachysurus spixii Tarpon atlanticus Thalassophryne nattereri Tomicodon fasciatus fasciatus Trachinotus carolinus Trachinotus falcatus Trachinotus glaucus FAMÍLIA ORDEM Loricariidae Poeciliidae Poeciliidae Scianidae Sciaenidae Polynemidae Chaetodontidae Pomacentridae Pomadasyidae Pomatomidae Belonidae Triglidae Antennariidae Pimelodidae Atheriniformes Scorpaeniformes Lophiiformes Siluriformes Mullidae Clupeidae Grammistidae Clupeidae Scombridae Scombridae Scorpaenidae Scorpaenidae Carangidae Characidae Pimelodidae Tetraodonidae Tetraodonidae Sphyraenidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Belonidae Bothidae Symbranchidae Cynoglossidae Cynoglossidae Syngnathidae Syngnathidae Synodontidae Ariidae Ariidae Ariidae Ariidae Ariidae Ariidae Ariidae Elopidae Batrachoididae Gobiesocidae Carangidae Carangidae Carangidae Perciformes Clupeiformes Perciformes Clupeiformes Perciformes Perciformes Scorpaeniformes Scorpaeniformes Perciformes Cypriniformes Siluriformes Tetraodontiformes Tetraodontiformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Atheriniformes Pleuronectiformes Symbranchiformes Pleuronectiformes Pleuronectiformes Gasterosteiformes Gasterosteiformes Salmoniformes Siluriformes Siluriformes Siluriformes Siluriformes Siluriformes Siluriformes Siluriformes Elopiformes Batrachoidiformes Gobiesociformes Perciformes Perciformes Perciformes LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Siluriformes Atheriniformes Atheriniformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes 100 ESPÉCIE Trachysurus barbus Trichiurus lepturus Trichiurus trichiurus Trinectes maculatus paulistanus Trinectes microphthalmus Tylosurus marinus Uleama lefroyi Umbrina canosai Xenomelanires brasiliensis FAMÍLIA LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica ORDEM Ariidae Trichiuridae Trichiuridae Soleidae Soleidae Belonidae Siluriformes Perciformes Perciformes Pleuronectiformes Pleuronectiformes Atheriniformes Sciaenidae Atherinidae Perciformes Atheriniformes Classe Reptilia ESPÉCIE FAMÍLIA LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica ORDEM Caretta caretta Chelonidae Chelonia Chelonia mydas Chelonidae Chelonia Dermochelys coriacea Dermochelidae Chelonia Eretmochelys imbricata Chelonidae Chelonia Lepidochelys olivacea Chelonidae Chelonia Todo litoral brasileiro Todo litoral brasileiro Todo litoral brasileiro Todo litoral brasileiro Litoral nordeste brasileiro A (1) A (1) A (1) A (1) A (1) Classe Aves ESPÉCIE FAMÍLIA ORDEM Actitis macularia macularia Agelaius ruficapillus Ajaia ajaja Amazona amazonica mazonica Amazona brasiliensis Scolopacidae Icteridae Threskiornithridae Psittacidae Psittacidae Charadriiformes Passeriformes Iconiiformes Psittaciformes Psittaciformes Amazonetta brasiliensis Anhinga anhinga anhinga Aramides cajanea cajanea Aramides mangle Aramides saracura Ardea cocoi Arundinicola leucocephala Buteogallus aequinoctialis Butorides striatus striatus Cacicus haemorrhous aflinis Camptostoma obsoletum obsoletum Casmerodius albus Cathartes aura ruficollis Ceryle torquata torquata Charadrius collaris Anatidae Anhingidae Rallidae Rallidae Rallidae Ardeidae Tyrannidae Accipitridae Ardeidae Icteridae Tyrannidae Ardeidae Cathartidae Alcedinidae Charadriidae Anseriformes Pelecaniformes Gruiformes Gruiformes Gruiformes Iconiiformes Passeriformes Falconiformes Iconiiformes Passeriformes Passeriformes Iconiiformes Falconiformes Coraciiformes Charadriiformes LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica A (2) Sul de São Paulo até Baía de Paranaguá A (2) , E (2) 101 ESPÉCIE FAMÍLIA ORDEM Charadrius semipalmatus Chloroceryle amazona amazona Chloroceryle americana mathewsi Coereba flaveola chloropyga Columbigallina talpacoti talpacoti Conirostrum bicolor bicolor Coragyps atratus brasiliensis Crotophaga ani Crotophaga major Dendrocygna autumnalis Dendrocygna viduata Donacobius atricapillus atricapillus Dromococcyx sp. Egretta thula Eudocimus ruber Charadriidae Alcedinidae Alcedinidae Coerebidae Columbidae Coerebidae Cathartidae Cuculidae Cuculidae Anatidae Anatidae Mimidae Cuculidae Ardeidae Threskiornithidae Charadriiformes Coraciiformes Coraciiformes Passeriformes Columbiformes Passeriformes Falconiformes Cuculiformes Cuculiformes Anseriformes Anseriformes Passeriformes Cuculiformes Iconiiformes Ciconiiformes Eupotomena macroura macroura Florida caerula Fluvicola climazura climazura Fregata aquilla Fregata magnificens Gallinago gallinago paraguaiae Gallinula chloropus galeata Geothlypis sp. Guira guira Ioychus sp. Ixobrychus involucris Jacana spinosa jacana Larus marinus dominicanos Larus ridibundus maculipennis Laterallus melanophaius melanophaius Leptotila sp. Magaceryle torquata Manacus manacus gutturosus Milvago chimachima chimachima Molothrus bonariensis bonariensis Myiozetetes similis pallidiventris Netta erythrophthalma Notiochelidon cyanoleuca cyanoleuca Nyctanassa violacea cayennensis Nycticorax nycticorax Oxyura dominica Pandion halliaetus Paroaria dominicana Phaeoprogne tapera fusca Phaetusa simplex Phalacrocora brasilianus brasilianus Phalacrocorax olivaceus Trochilidae Ardeidae Tyrannidae Fregatidae Fregatidae Scolopacidae Rallidae Compsothlypidae Cuculidae Ardeidae Apodiformes Iconiiformes Passeriformes Pelecaniformes Pelecaniformes Charadriiformes Gruiformes Passeriformes Cuculiformes Iconiiformes Jacanidae Laridae Laridae Rallidae Charadriiformes Charadriiformes Charadriiformes Gruiformes Columbidae Alcedinidae Pipridae Falconidae Icteridae Tyrannidae Columbiformes Coraciiformes Passeriformes Falconiformes Passeriformes Passeriformes Hirundinidae Passeriformes Ardeidae Ardeidae Iconiiformes Iconiiformes Fringillidae Hirundinidae Laridae Phalacrocoracidae Phalacrocoracidae Phoenicopteridae Passeriformes Passeriformes Charadriiformes Pelecaniformes Pelecaniformes Iconiiformes Phoenicopterus ruber LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Do Amapá ao Ceará e da Bahia à Santa Catarina E (2) (3) (4) E (4) E (4) E (4) Costa setentrional da América do Sul, chegando ao Maranhão A (2) 102 ESPÉCIE Piaya cayana macroura Picumnus cirratus cirratus Pitangus sulphuratus maximiliani Porphyrula martinica Porzana albicollis Rallus longirostris crassirostris Ramphocelus bresilius dorsalis Rynchops nigra intercedens Satrapa icterophrys icterophrys Sporophila collaris collaris Stelgidopteryx rufficollis rufficollis Sterna hirundinacea Sterna superciliaris Sula leucogaster leucogaster Synallaxis spixii Tapera naevia Thalasseus eurygnathus Thalasseus maximus maximus Thamnophilus sp. Thraupis sayaca sayaca Thryothorus longirostris longirostris Tigrisoma linaatum marmoratum Todirostrum poliocephalum Tringoides macularius Troglodytes musculus musculus Tyrannus melancholicus melancholicus Volatinia jacarina jacarina FAMÍLIA LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica ORDEM Cuculidae Picidae Tyrannidae Rallidae Rallidae Rallidae Thraupidae Rhynchopidae Tyrannidae Fringillidae Hirundinidae Laridae Laridae Sulidae Furnariidae Cuculidae Laridae Laridae Formicariidae Thraupidae Troglodytidae Ardeidae Tyrannidae Charadriidae Troglodytidae Tyrannidae Cuculiformes Piciformes Passeriformes Gruiformes Gruiformes Gruiformes Passeriformes Charadriiformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Charadriiformes Charadriiformes Pelecaniformes Passeriformes Cuculiformes Charadriiformes Charadriiformes Passeriformes Passeriformes Passeriformes Iconiiformes Passeriformes Charadriiformes Passeriformes Passeriformes Fringillidae Passeriformes Classe Mammalia ESPÉCIE FAMÍLIA ORDEM Agouti paca Callithrix aurita Cebus apella Cerdocyon thous Dasyprocta azarae Dasyprocta leporina Dasyprocta prymnolopha Didelphis aurita Eira barbara Galictis cuja Galictis vittata Herpailurus yaguarondi Hydrochaeris hydrochaeris Leontopithecus caissara Agoutidae Callitrichidae Cebidae Canidae Dasyproctidae Dasyproctidae Dasyproctidae Didelphidae Mustelidae Mustelidae Mustelidae Felidae Hydrochaeridae Callitrichidae Rodentia Primates Primates Carnivora Rodentia Carnivora Carnivora Didelphimorpha Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Rodentia Primates Leopardus pardalis Leopardus tigrinus Leopardus wiedii Lontra longicaudis Nasua nasua Felidae Felidae Felidae Mustelidae Procyonidae Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora LOCAL DE OCORRÊNCIA CATEGORIA R=rara; A=ameaçada; E=endêmica A (1) Floresta Atlântica de São Paulo e Paraná Todo o Brasil Todo o Brasil A (1) , E (1) A (2) A (2) A (2) A (1) (2) 103 ESPÉCIE FAMÍLIA ORDEM Oncifelis geoffroyi Felidae Carnivora Panthera onca Procyon cancrivorus Pteronura brasiliensis Puma concolor Sotalia fluviatilis Tapirus terrestris Trichechus manatus Felidae Procyonidae Mustelidae Felidae Delphinidae Tapiridae Trichechidae Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora Cetacea Perissodactyla Sirenia LOCAL DE OCORRÊNCIA CATEGORIA R=rara; A=ameaçada; E=endêmica Região Sul do Brasil Todo o Brasil A (1) (2) Todo o Brasil A (1) (2) Águas costeiras e estuários do Nordeste brasileiro (até Alagoas) A (1) (2) A (2) Fonte: (1) Fonseca et al. (1994) Paiva (1999) (3) Saeger et al. (1983) (4) Scott & Carbonell (1986) (2) 104 Tabela IV - Lista de espécies de peixes associada ao ecossistemas manguezal, retirada de Cintrón & Schaeffer-Novelli (1983). ESPÉCIE Anchova nigra Anisotremus virginicus Archosargus aries Arius bagre Bagre bagre Bagre marinus Bairdiella ronchus Bathygobius soporator Boridia grossidens Brevoortia tyrannus Caranx chrysos Caranx hippos Centropomus parallelus Centropomus undecimalis Chloroscombrus chrysurus Citharichthys spilopterus Colomesus psittacus Conodon nobilis Cynoscion acoupa Cynoscion leiarchus Cynoscion petranus Cynoscion steindachneri Cynoscion striatus Cynoscion virescens Diapterus olisthostomus Diapterus rhombeus Diplodus argenteus Elops saurus Epinephelus itajara Genidens genidens Geophagus brasiliensis Gobionellus oceanicus Haemulon parrai Haemulon plumieri Lagocephalus laevigatus Larimus breviceps Lutjanos jocu Lutjanus griseus Macrodon ancylodon Megalops atlanticus Menticirrhus martinicensis Micropogon furnieri Mugil brasiliensis Mugil cephalus Mugil curema Ogcocephalus vespertillo Oligoplites saurus saurus Opisthonema oglinum Paralichthys brasiliensis Poecilia vivipara Pogonias cromis Pomacanthus arcuatus Pomadasys corvinaeformis Sardinella aurita (= S. brasiliensis) Scorpaena brasiliensis FAMÍLIA Engraulidae Pomadasyidae Sparidae Ariidae Ariidae Ariidae Sciaenidae Gobiidae Pomadasyidae Clupeidae Carangidae Carangidae Centropomidae Centropomidae Carangidae Bothidae Tetraodontidae Pomadasyidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Sciaenidae Gerridae Gerridae Sparidae Elopidae Serranidae Ariidae Cichlidae Gobiidae Pomadasyidae Pomadasyidae Tetraodontidae Sciaenidae Lutjanidae Lutjanidae Sciaenidae Megalopidae Sciaenidae Sciaenidae Mugilidae Mugilidae Mugilidae Ogcocephalidae Carangidae Clupeidae Bothidae Poeciliidae Scianidae Chaetodontidae Pomadasyidae Clupeidae Scorpaenidae ORDEM CATEGORIA LOCAL R=rara; DE A=ameaçada; OCORRÊNCIA E=endêmica Clupeiformes Perciformes Perciformes Siluriformes Siluriformes Siluriformes Perciformes Perciformes Perciformes Clupeiformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Pleuronectiformes Tetraodontiformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Elopiformes Perciformes Siluriformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Tetraodontiformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Perciformes Lophiiformes Perciformes Clupeiformes Pleuronectiformes Atheriniformes Perciformes Perciformes Perciformes Clupeiformes Scorpaeniformes 105 ESPÉCIE Scorpaena plumieri Selene vomer Sphoeroides testudineus Strongylura marina Syacium micrurum Symphurus plagusia Trachinotus carolinus Trachinotus falcatus Trachysurus barbus Umbrina canosai FAMÍLIA Scorpaenidae Carangidae Tetraodonidae Belonidae Bothidae Cynoglossidae Carangidae Carangidae Ariidae Sciaenidae ORDEM LOCAL CATEGORIA DE R=rara; OCORRÊNCIA A=ameaçada; E=endêmica Scorpaeniformes Perciformes Tetraodontiformes Atheriniformes Pleuronectiformes Pleuronectiformes Perciformes Perciformes Siluriformes Perciformes 106 Tabela V - Diagnóstico da situação atual dos manguezais nos Estados do Nordeste (Fonte: CPRH, 1991) ESTADO PIAUÍ (PI) RIO/MANGUEZAL MUNICÍPIO Rio Parnaíba Rio Portinho Rio Cumurupim Rio Abatusa Braço das Canárias Luis Correia Timonha-Ubatuba Camocim e Chavel Remédios Camocim Coreau Camocim e Granja Acarau-Zumbi Acarau e Itarema CEARÁ (CE) Aracatiaçu Itarema e Amontada Mundau-Graxati Itapipoca e Trairi Ceará Fortaleza-Caucaia ÁREA CAUSAS DE IMPACTO x–x–x Rizicultura, e retirada de madeira para construção civil, casas de pescadores, canoas e petrechos de pesca. 10.184 ha Salina Desmatamento 431 ha Salina Desmatamento 4.680 ha Salina Desmatamento 3.615 ha Salina Desmatamento Fazenda de camarão Pesca predatória Despejos . domésticos . industriais . hospitalares 498 ha Salina Desmatamento 1.071 ha Salina Desmatamento 500 ha Salina Desmatamento Despejos . domésticos . industriais Aterro Disposição de resíduos sólidos Pesca predatória Estaleiro Retirada de areia INTENSIDADE TENDÊNCIA Preservado Fortemente degradado Preservado Degradado Pouca Pouca Pouca Pouca Muita Pouca Muita Muito Pouca Muita Expandir Estabilizar Estabilizar Estabilizar Expandir Estabilizar Expandir Expandir Expandir Expandir Média Pouca Pouca Pouca Pouca Pouca Pouca Média Muita Expandir Expandir Expandir Desativar Estabilizar Estabilizar Estabilizar Desativar Expandir Muita Muita Muita Expandir Expandir Expandir Muita Pouca Pouca Expandir Expandir Expandir 107 Cocó Fortaleza CEARÁ (CE) Pacoti CEARÁ (CE) Fortaleza e Aquiraz Choro Cascavel e Beberibe Pirangi Bebebribe e Aracati Jaguaribe Aracati Salinas 375 ha Desmatamento Despejos . domésticos . industriais . hospitalares Aterro Disposição de resíduos sólidos Aterro sanitário Pesca predatória Retirada de areia Salina Desmatamento 158 ha Despejos . domésticos . industriais Aterro Desmatamento 24 ha Salina Desmatamento 200 ha Fazenda de camarão Pesca predatória Salina Desmatamento 1,260 ha Fazenda de camarão Pesca predatória Despejos . domésticos . industriais Pouca Pouca Pouca Expandir Expandir Desativar Muita Muita Muita Muita Muita Muita Muita Muita Pouca Pouca Estabilizar Expandir Expandir Desativar Estabilizar Média Média Pouca Pouca Expandir Expandir Estabilizar Estabilizar Muita Muita Muita Muita Pouca Média Média Média Expandir Expandir Expandir Expandir Desativar Expandir Estabilizar Estabilizar Média Média Expandir Expandir TOTAL 22.936 108 Litoral Norte: Rio Apodi-Mossoró Estuário do Rio AçuPiranhas Sistema estuarino Guamaré-Galinhos Mossoró, Areia Branca e Grossos Macau RIO GRANDE DO NORTE (RN) Litoral Leste: Estuários dos Rios: Mamanguape Ceará-Mirim Potengi Nisia Floresta-Guarairos Curimataú Em 1971 Manguezais: 14.870 ha Salinas: 12.315 ha Em 1989 Manguezais: 7.000 ha Salinas: 19.800 ha Em 1971 Manguezais; 4.490 ha Destinados a projetos de agricultura e/ou salinas desativadas: 1.760 ha RIO GRANDE DO NORTE (RN) Em ordem decrescente de área: Estuários dos rios: Paraíba do Norte 2 52,5 km PARAÍBA (PB) Mamanguape Rio Tinto 40,0 km 2 GERAL PARA O ESTADO Salinas Crescente Aquicultura Crescente Extração vegetal Crescente Expansão urbana Estável Lançamento de esgotos: . industrial . doméstico Estável Crescente Exploração da fauna Crescente Aterro Outros usos: Expansão urbana, deposição de lixo, lagoas de estabilização, barragens, portuária, agricultura, turismo e lazer, guarnições militares, transporte Estável Esgotos domésticos in natura Efluentes industriais Lixo urbano, industrial e hospitalar Agrotóxicos Aquicultura Empreendimentos imobiliários Expansão urbana Queimadas Cultivo de cana de açucar Comércio de madeira Água de lavagem de cana Vinhoto Erosão de solos agrícolas Desmatamento para ampliação da Manguezais de moderadamente a fortemente degradados Aceleração Aceleração Manguezais moderadamente degradados Aceleração Expansão Expansão 109 Goiana (PB/PE) Gramame Camaratuba Miriri PARAÍBA (PB) Abiaí Gurugi Cuiá Mucatu 7,4 km 2 5,5 km2 2,5 km2 3,25 km 2 6,0 km2 0,63 km2 CIPASA (cimento) Madeira Empreendimentos imobiliários Vinhoto Agrotóxicos Efluentes industriais (CONPEL, Santista, GIASA) Desmatamento/madeira Desmatamento/madeira Viveiros de peixes Vinhoto Especulação imobiliária Cultivo de cana de açúcar Vinhoto Vinhoto Desmatamento/madeira Cultivo de cana de açúcar Agrotóxicos Expansão urbana (hotéis e casas de veraneio) Plantio de mandioca Deposição de lixo urbano Esgotos domésticos Efluentes de abatedouro industrial (CIAN) 1,5 km2 1,0 km2 2 Guaju 1,0 km Graú 1,25 km2 Desmatamento Queimadas Especulação imobiliária Erosão dos tabuleiros Mineração (rutilo e ilmenita) pela RIB Assoreamento/mineração Aparentemente nada Pesca artesanal Captura de moluscos, caranguejos, siris Aquicultura (camarão e engorda de Manguezais moderadamente degradados Manguezais moderadamente degradados Manguezais moderadamente degradados Manguezais moderadamente degradados Manguezais moderadamente degradados Manguezal fortemente degradado Aceleração do processo degradativo Indefinidas Acentuação Crescente Expansão Expansão Aceleração Manguezal moderadamente degradado Suposta tendência a minimização devido a instalação de polo turístico (Projeto Costa do Sol) Agravamento Manguezal degradado Agravamento Agravamento Manguezal moderadamente degradado 110 Jacarapé 1,0 km PARAÍBA (PB) Rios Goiana e Megaó Goiana Rio Itapessoca Goiana PERNAMBUCO (PE) Rio Jaguaribe Itamaracá Canal de Santa Cruz (rios Igarassu, Botafogo, Carrapicho, Congo e Catuama) Itamaracá 2 peixes) Esgotos domésticos in natura Vinhoto Desmatamento/carvão/lenha (padarias e olarias) deposição de lixo urbano: . sólido . hospitalar Expansão urbana Expansão agrícola (cana de açúcar) 4.776,00 ha Agricultura Pesca, mariscagem, captura de crustáceos Extração de madeira Efluentes . industriais . urbanos Transporte Caça 3.998,00 ha Pesca, mariscagem, captura de crustáceos Extração de madeira Efluentes industriais Transporte Caça 212,00 ha Pesca Madeira Efluentes urbanos Transporte Caça Aqüicultura 5.292,00 ha Aqüicultura Pesca, mariscagem, captura de crustáceos Turismo (ex: Hotel Gavoa) Madeira Efluentes: . industriais Agravamento Manguezal preservado Manguezal preservado Início de agressões (especulação próxima) supostamente tendência a manutenção devido ao Projeto Costa do Sol Moderadamente degradado: Desmatamentos na parte sul Pontos críticos de poluição nas regiões média e superior do estuário. Moderadamente degradado: Desmatamento e aterro de cerca de 30 há pela fábrica de cimento Itapessoca. Moderadamente degradado: Assentamento de favelas em antigas salinas. Moderadamente degradado: Poluição química e despejos urbanos nos rios 111 . urbanos habitações transporte caça AVES MIGRATÓRIAS PERNAMBUCO (PE) Rio Timbó (rios Timbó, Arroio e Desterro) Paulista, Abreu e Lima, Igarassu Rio Paratibe (rios Paratibe e Fragoso) Paulista e Olinda Rio Beberibe Olinda e Recife Rio Capibaribe (rios Capibaribe, Pina, Jordão, Tejipió e Jiauiá) Recife PERNAMBUCO (PE) Estuário do JaboatãoPirapama Cabo e Jaboatão Rio Arrombado 1.397,00 ha Pesca Turismo Madeira Efluentes: . industriais . urbanos Transporte Caça x–x–x Apicultura Pesca, mariscagem, captura de crustáceos Madeira Efluentes Habitações x–x–x Pesca Madeira Efluentes Habitação Transporte x–x–x Aquicultura Pesca, mariscagem Turismo Madeira Efluentes Habitação Transporte 1.284,50 ha Aquicultura Pesca Madeira Efluentes Habitação Caça Botafogo e Igarassu; aterros generalizados na Ilha de Itamaracá; construção do Hotel gavoa (30 há de desmatamento); assoreamentos e dragagens (Itapissuma e Atapuz). Moderadamente degradado: Poluição industrial, aterros. Fortemente degradado: Poluição industrial e doméstica Aterros para expansão urbana Fortemente degradado: Lançamento de resíduos domésticos e industriais, aterros, ocupação urbana. Fortemente degradado: Lançamento de resíduos domésticos e industriais, aterros e ocupação 112 Cabo Suape (rios Tatuoca, Merepe, Ipojuca e Massangana) Cabo e Ipojuca x– x – x Madeira 2.998,74 ha Pesca, mariscagem, captura de crustáceos Madeira Efluentes Caça Rios Sirinhaém e Maracaípe Ipojuca e Sirinhaém PERNAMBUCO (PE) Rio Formoso (rios Formoso e Ariquindá) Sirinhaém e Formoso rios Mamucaba e Una Rio Formoso, Barreiros, São José da C. Grande 3.335,00 ha Pesca, mariscagem, captura de crustáceos Madeira Efluentes Habita Cão Transporte Caça 2.724,00 ha Aquicultura Pesca Madeira Transporte 955,00 ha Aquicultura Pesca Madeira Caça Baía de Sueste Distrito Estadual de Fernando de Noronha ca. 2,00 ha Turismo AVES MIGRATÓRIAS urbana. Fortemente degradado (Jaboatão) Moderadamente degradado (Pirapama) Fortemente degradado: Desmatamento e aterro quase total. Moderadamente degradado: Dragagens (Tatuoca e Massangana); aterros (Ipojuca) Aterros: 213,72 ha Alagados: 324,47 ha Degradação: 27,00 ha Recuperação:124, 00ha Moderadamente degradado: Maracaípe (desmatamento19, 5ha) Sirinhaém (drenagem e aterros: 60,0 ha) parcialmente degradado: Viveiros de camarão 113 PERNAMBUCO (PE) Desmatamento (Ariquindá) Moderadamente degradado: Desmatamento e aterro (Mamucaba). Mudança regime hidrológico do Una por aterros na barra. Assoreamento por pedreira. 114 ALAGOAS (AL) ALAGOAS (AL) SERGIPE (SE) Litoral Norte: Estuário do Rio Mirim Rio Santo Antônio Tatuamunha Porto de Pedras Rio Persinunga Litoral Sul: Complexo MundaúManguaba Jequiá Lagoa do Roteiro Coruripe Foz do Rio São Francisco Bacia do São Francisco (Rio São Francisco e Canal do Poço) Litoral Norte maiores extensões Litoral Sul menores extensões Pacatuba Bacia do Rio Japaratuba Pirambu e Santo (Simão, Flecheiras e Amaro Pirambu) Bacia do Sergipe (Canal de Sta Maria, Poxim, Cotinguiba, Rio Sergipe, Pomonga, Sal e Aracaju, N. Sra Socorro, Santo Amaro, Parnamirim) Riachuelo, Barra de Coqueiros e Maruim Bacia do Vasa Barris (Canal de Santa Maria e Rio Vasa Barris) GERAL PARA O ESTADO Desmatamentos Aterros Loteamentos Agropecuária Madeira (currais, caiçaras, covos) Carvão e lenha Atividades industriais Empreendimentos imobiliários e estradas Drenagem (barragens) Queimadas Sup. Total: Madeira EMBRAPA (1975): 555,7 km2 RADAM (1981): 468,7 km2 ADEMA: 262 km2 Madeira Viveiros Despejos industriais Despejos orgânicos Despejos orgânicos Madeira Viveiros Salinas Despejos industriais GERAL PARA O ESTADO Forte Forte Forte Fraca Fraca Forte Média Forte Fraca Média Intenso Intenso Intenso Moderado Fraco Intenso Intenso Intenso Intenso Moderado 115 Bacia do Piauí (Rio Piauí, Guararema, Gonçalo Dias e Fundo) SERGIPE (SE) Bacia do Real (Rio Real) Aracaju e São Cristóvão Estância, Indiaroba e Sta Luzia Indiaroba BAHIA (BA) Estuários dos rios: Real-Jandaíra (SE/BA) Subaúma (Entre Rios) Jacuípe (litoral norte) Paraguaçu (Recôncavo) Subaé (Recôncavo) Jaguaripe (Canal de Itaparica) Baía de Aratu (Salvador) Canal de Valença (Baixo Sul) Baía de Camamu (Baixo Sul) Contas-Itacaré (Médio Sul) Santana-CachoeiraAlmada (Ilhéus) Pardo-Una (Canavieiras) João de Tiba Viveiros Madeira Despejos orgânicos Despejos industriais Intenso Intenso Moderado Fraco Madeira Despejos orgânicos Viveiros Despejos industriais Moderado Fraco Fraco Fraco Moderado Viveiros Moderado Madeira Fraco Despejos orgânicos Centros industriais (Centro Industrial de Aratu, Polo Petroquímico de Camaçari, Centro Industrial do Subaé, Fábricas de papel e chumbo) Portos (Aratu e Madre de Deus) Exploração de petróleo (Recôncavo) Esgotos in natura Desmatamentos Aterros Madeira (olarias e padarias) Estradas (todo o Estado) Poluição química (Baía de Todos os Santos) Carcinocultura (Valença e Camamu) Mineração (Baía de Camamu) Irrigação Expandir (Camamu) Expandir (Canavieira) Expandir Expandir Expandir Expandir (Camaçari) Expandir 116 BAHIA (BA) (Sta Cruz de Cabrália) Buranhém (Porto Seguro) Peruipe-Caravelas (Nova Viçosa) Mucuri (BA/ES) (represamento do Rio Pardo/MG) 117 Tabela VI – Graus de comprometimento da biodiversidade para o grupo de ecossistemas: manguezal, marisma e apicum, segundo critérios sugeridos pela Coordenação Nacional da “Zona Costeira” e aqueles adotados por Dinerstein et al. (1995) e Olson et al. (1996). GRAUS DE CONSERVAÇÃO Em nosso relatório serão empregados os conceitos de “graus de conservação” a seguir enunciados. Tal postura baseia-se no fato de havermos participado da equipe que gerou os dois trabalhos abaixo referenciados, acrescendo-se o fato de que o workshop sobre “Conservation Assessment for Mangrove Ecosystems of Latin America and the Caribbean” foi organizado pelo The World Wildlife Fund – WWF por especial solicitação do Banco Mundial – BIRD, com objetivo de identificar os graus de conservação, de impacto, de possibilidade de restauração e, de possibilidades de uso sustentável, para vários ecossistemas terrestres e costeiros da América Latina e do Caribe. CATEGORIAS BASEADAS EM SETE NÍVEIS DE CONDIÇÕES BIOFÍSICAS E DE FEIÇÕES DA PAISAGEM Conceitos empregados nos trabalhos de Dinerstein et al. (1995) “A conservation assessment of the terrestrial ecoregions of Latin America and the Caribbean”. Publicado pelo The World Bank, em associação com o The World Wildlife Fund, Washington, D.C., U.S.A. e Olson et al. (1996) “A conservation assessment of mangrove ecosystems of Latin America and the Caribbean”. Relatório do The World Wildlife Fund sobre o workshop “Conservation Assessment for Mangrove Ecosystems of Latin America and the Caribbean”, realizado de 2-4 de dezembro de 1994, em Washington, D.C., U.S.A. Graus de Conservação (Olson et al., 1996; Dinerstein et al., 1995) GRAUS DE CONSERVAÇÃO (Coordenação Nacional da “Zona Costeira”) INTACTO – categoria com maior grau de conservação seguindo-se a de RELATIVAMENTE INTACTO, representada por áreas relativamente não perturbadas, caracterizadas pela manutenção da maioria dos processos ecológicos originais e por comunidades com a presença da maioria das espécies originais. POUCO COMPROMETIDO - Paisagem quase totalmente íntegra. Grandes blocos intactos com mínima influência do entorno. Conexão garante dispersão de todas as espécies. Populações persistentes e pouco afetadas pelas pressões antrópicas. Processos funcionais íntegros e pouco alterados/afetados por atividades antrópicas. Estrutura trófica íntegra com presença de espécies de “topo de cadeia trófica”, bem como de “grandes herbívoros”. RELATIVAMENTE INTACTO – categoria intermediária entre os níveis RELATIVAMENTE ESTÁVEL e INTACTO, indicando reduzida possibilidade de alteração dos processos ecossistêmicos. As comunidades naturais encontram-se bastante intactas, com espécies e processos ecossistêmicos ocorrendo dentro de suas faixas normais de variação. POUCO COMPROMETIDO 118 RELATIVAMENTE ESTÁVEL – categoria intermediária entre os níveis VULNERÁVEL e RELATIVAMENTE INTACTO, na qual permanecem extensas áreas de habitats intactos, porém nas quais as espécies locais encontram-se em declínio devido a alterações de processos ecológicos. VULNERÁVEL – categoria intermediária entre os níveis AMEAÇADO e RELATIVAMENTE ESTÁVEL, com boa probabilidade de permanência de habitats intactos (assumindo proteção adequada), porém considerando a possibilidade de perda de algumas espécies sensíveis, ou devido exploração. AMEAÇADO – categoria intermediária entre os níveis CRÍTICO e VULNERÁVEL, caracterizada por média a reduzida probabilidade de permanecer com a biodiversidade e o habitat intactos. CRÍTICO – categoria intermediária entre os níveis EXTINTO e AMEAÇADO, caracterizada por reduzida probabilidade de permanecer com a biodiversidade e o habitat intactos. EXTINTO – categoria com menor grau de conservação, em nível inferior a CRÍTICO, geralmente empregada para espécies ou populações que foram perdidas. Pode ser também empregada para uma ecoregião sem comunidades naturais remanescentes dos ecossistemas originais. MEDIANAMENTE COMPROMETIDO – Paisagem parcialmente antropizada e fragmentada. Pelo menos um grande bloco. Conexão entre fragmentos permite dispersão da maioria das espécies. Populações de espécies chave comprometidas, mas processos funcionais preservados. MEDIANAMENTE COMPROMETIDO MUITO COMPROMETIDO – Paisagem predominantemente antropizada. Fragementos pequenos isolados. Conexão e dispersão entre fragmentos comprometidos. Totalmente influenciados pelas atividades do entorno (sem área núcleo). Predadores de topo de cadeia, grandes herbívoros ou outras espécies chave perdidas. Invasão por espécies exóticas. estrutura e função comprometidas. Muito Comprometido Muito Comprometido 119