Uma bolsa de futuro Alexandre Baldy A economia de Goiás se acostumou a dar boas notícias ao Brasil. Na última década, crescemos acima da média nacional, com destaque à indústria e aos serviços. São enormes as perspectivas de futuro e o Estado deve aproveitar o bom momento para inserir a qualificação da mão de obra na estratégia fundamental de desenvolvimento. É o que estamos a fazer dentro da nossa política industrial de governo. Certamente, é exagerado dizer que o Brasil está à beira de um apagão de recursos humanos, no entanto, há um bom tempo, vários estudos indicam que existe algo positivo e perverso: o País tem criado a oportunidade do emprego, mas falta capacitação. O Brasil tem hoje déficit de 20 mil engenheiros por ano. Sem eles não se atravessa a rua. A carência é notável desde os segmentos que exigem habilidade técnica do trabalhador de média escolaridade à mão de obra de alto desempenho. A crise alcança rigorosamente todas as áreas da iniciativa privada: do operário da construção civil ao operador de softwear, do agronegócio ao motorista de caminhão. As empresas têm feito esforço enorme para romper o gargalo ao investir em qualificação. Ajuda substancial que minimiza os danos provocados pelos defeitos estruturais do sistema educacional do País. Como a economia não pode esperar, nos tornamos importadores formidáveis de mão de obra. Desanimados com o desemprego, principalmente na Europa, trabalhadores qualificados mantêm em curso expressiva emigração para o Brasil. O Ministério do Trabalho concedeu no ano passado 70.524 autorizações a estrangeiros para ganharem a vida por aqui. Isso significa 60% de crescimento em relação a 2008. Nas décadas anteriores, o brasileiro foi ao primeiro mundo praticar o subemprego. Agora, os europeus vêm ocupar os postos para os quais nos falta competência. Recentemente, quando foi divulgado que o Brasil havia superado o PIB da Grã-Bretanha, houve princípio de ufanismo. A euforia foi trazida à realidade quando confrontados os indicadores sociais e de competitividade entre a ex-colônia portuguesa e o que foi o império britânico. Os resultados positivos não podem repousar em berço esplêndido. O País teve, no século passado, espasmos de expansão seguidos de grande período de marasmo por conta da nossa capacidade de atirar oportunidades pela janela. Goiás inovou ao lançar os programas sociais de redução da pobreza, que se tornaram modelo do Governo Federal. Agora mostra a porta de entrada à emancipação por intermédio da Bolsa Futuro, cujo objetivo é formar mão de obra qualificada para novo e promissor ciclo de industrialização que está em andamento. O programa vai trazer mais qualidade de vida ao nosso Estado e ajudar a melhorar o Brasil. * Alexandre Baldy é empresário, vice-presidente do Conselho de Secretários de Indústria e Comércio (Consedic) e secretário de Estado de Indústria e Comércio de Goiás