uso popular das plantas medicinais na comunidade da várzea

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REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA
ISSN 1519-5228
Volume 13 - Número 2 - 2º Semestre 2013
USO POPULAR DAS PLANTAS MEDICINAIS NA COMUNIDADE DA
VÁRZEA, GARANHUNS-PE
Josabete Salgueiro Bezerra de Carvalho; Jéssyca Dellinhares Lopes Martins; Maria da Conceição Soares Mendonça;
Leandro Dias de Lima
RESUMO
As pesquisas etnobotânicas envolvem levantamentos nas sociedades tradicionais acerca do uso de
vegetais na farmacopéia caseira, analisando também questões culturais e econômicas da população,
assim como as interações do homem com o meio ambiente, sendo, importante a ampliação e
incentivo de estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos para o aumento do acervo de informações
sobre plantas medicinais. Portanto o objetivo deste estudo foi verificar o conhecimento e uso de
plantas medicinais na comunidade da Várzea, visando sistematizar esse conhecimento popular e
obter informações botânicas sobre as espécies e as informações sócio-culturais da comunidade em
estudo. Os dados da amostragem foram coletados através de entrevistas a 154 moradores. Os
resultados revelaram que a comunidade utiliza uma grande diversidade de plantas medicinais, que
geralmente são mais requisitadas para a cura de gripe e dor de barriga. A família Lamiaceae foi a
mais representativa em número de espécies utilizadas como medicinais e as espécies mais citadas
foram capim-santo, erva cidreira e hortelã da folha grande. As plantas são adquiridas
principalmente nos quintais de casa, utilizadas basicamente na forma de chá, cuja parte da planta
mais empregada são as folhas. Os moradores mostraram-se interessados na criação de uma horta
comunitária para cultivo de plantas medicinais.
Palavras-chave: Fitoterapia, Etnobotânica, Garanhuns.
POPULAR USE OF MEDICINAL PLANTS IN COMMUNITY OF VÁRZEA,
GARANHUNS-PE
ABSTRACT
The research ethnobotany involve surveys in traditional societies about vegetables use in the
pharmacopoeia home, analyzing cultural and economic issues of the population, as well as the
interaction between man and environment, being important, the extension and encourage the
ethnobotanical and ethnopharmacological studies to increase the collections of information about
medicinal plants. So, the aim of this work was to verify the knowledge and use of medicinal plants
in the community of Várzea, to systematization the popular knowledge and to obtain botanical
information about the species and socio-cultural information about the studied community. The data
were collected through interviews with 154 residents. The results revealed that a community uses a
wide diversity of medicinal plants, which are usually required to treat flu and stomachache.
Lamiaceae family was the most representative in number of species used as medicine and the most
cited species were grass-saint, lemon balm and large mint leaf. Plants are mainly collected in home
gardens, used basically as tea, whose most used plant parts are the leaves. The residents were
interested in the creation of a communitarian garden for cultivation of medicinal plants.
Keywords: Phytotherapy, Ethnobotany, Garanhuns.
58
INTRODUÇÃO
As pesquisas acerca da etnobotânica
envolvem levantamentos nas sociedades
tradicionais sobre o uso dos vegetais na
farmacopéia caseira e questões culturais e
econômicas da população, assim como as
interações do homem com o meio ambiente. Os
estudos com enfoque etnobotânico vêm
crescendo no Brasil, demonstrando importância
no resgate e valorização do saber popular,
buscando intensificar sua disseminação entre os
membros de diversas comunidades (Santos et
al., 2008). Esses estudos em núcleos urbanos
isolados ou em quintais de bairros populares,
em comunidades urbanas da periferia dos
grandes centros, são importantes, pois, nessas
comunidades, ocorre o chamado cultivo “ex
situ” de espécies locais que, muitas vezes, não
ocorrem mais nas áreas naturais devido à
interferência humana (Costa & Mayworm,
2011).
Os processos de globalização e
urbanização ocasionam alterações culturais,
causando, muitas vezes, perda de elementos de
conhecimentos tradicionais importantes na
sociedade (Hoeffel et al., 2011), enquanto os
problemas sócio-econômicos e a desigualdade
social levam a população a buscar alternativas e
soluções que venham a melhorar a qualidade de
vida das famílias mais carentes. Muitas
comunidades têm, como alternativa viável para
a manutenção da saúde e tratamento de doenças,
o uso popular de plantas medicinais, onde esse
uso pode ser efetivo não apenas em função de
sua ação farmacológica, mas também devido ao
significado cultural que lhes é atribuído
(Hoeffel et al., 2011).
Nesse contexto, a fitoterapia possui
raízes profundas no conhecimento popular que
reconhece sua eficácia e legitimidade,
apresentando
grande
potencial
de
desenvolvimento, considerando-se não somente
a diversidade vegetal que o Brasil possui, mas
também que o uso das plantas medicinais está
intimamente ligado à cultura popular (Dutra,
2009). A fitoterapia possui várias vantagens,
tais como baixíssima ocorrência de efeitos
colaterais negativos, custo reduzido do
tratamento e aumento do conhecimento da
pessoa sobre a sua doença, que, assim, se torna
agente de sua própria saúde (Bevilaqua et al.,
2007).
Atualmente,
o
alto
custo
dos
medicamentos industrializados, as dificuldades
da população em receber assistência médica e a
tendência de uso de produtos de origem natural
têm contribuído para o aumento da utilização
das plantas como recurso medicinal (Badke et
al., 2012). Dessa forma, o retorno ao natural é
uma garantia de busca racional de melhores
condições de saúde, com base no que a natureza
oferece (Jacoby et al., 2002), havendo, portanto,
crescente interesse acadêmico pela medicina
tradicional, pois o reconhecimento de que a base
empírica pode ter comprovação científica, vinda
do conhecimento dos povos tradicionais,
fornece subsídios para estratégias de manejo e
uso adequado de determinados ambientes
(Oliveira et al., 2010). Portanto, a preservação
deste conhecimento e suas técnicas terapêuticas
é uma maneira de deixar registrado um modo de
aprendizado informal que contribui para a
valorização da medicina popular (Pilla et al.,
2006).
Portanto, é importante a ampliação e
incentivo de estudos etnobotânicos e
etnofarmacológicos para o aumento do acervo
de informações sobre plantas medicinais (Firmo
et al., 2011), pois informações técnicas que
garantam a qualidade, eficácia e segurança do
uso das mesmas, ainda são insuficientes
(Arnous et al., 2005.).
Diante da situação sócio-econômica da
comunidade da Várzea, alvo deste estudo, onde
boa parte das famílias tem como principal fonte
de recurso financeiro a transferência de renda
financiada pelos programas do Governo
Federal, a conservação de suas práticas
medicinais populares poderia ser estratégica.
Além disso, em estudos etnobotânicos, a
indicação das espécies mais usadas e sua
relevância podem fornecer subsídios para
estudos etnofarmacológicos que possam vir a
demonstrar, do ponto de vista farmacológico, a
eficácia de seus princípios ativos e propiciar
maior segurança no uso dos recursos vegetais
locais.
Portanto, o objetivo deste estudo foi de
verificar o conhecimento e uso de plantas
medicinais na comunidade da Várzea, visando
sistematizar esse conhecimento popular e obter
informações botânicas sobre as espécies e
59
informações socioculturais da comunidade em
estudo, promovendo a integração entre o
conhecimento original da comunidade e aquele
advindo dos meios acadêmicos.
(%), onde NTI= n° total de informações e n= n0
de citações/categoria (n= 155). Apenas as
plantas que apresentaram frequência de citação
≥ 5% foram consideradas neste trabalho.
MATERIAL E MÉTODO
Caracterização da área de estudo
O trabalho foi realizado na comunidade
da Várzea, município de Garanhuns, (latitude
08º53’25” e longitude 36º29’34”), situado no
Agreste Meridional de Pernambuco, com
altitude média de 896m, temperatura média
anual de 20°C, umidade relativa do ar que varia
entre 75 a 83% e clima predominante quente e
úmido (Andrade et al., 2008). A comunidade da
Várzea compõe-se de 430 (quatrocentos e trinta)
famílias cadastradas no Centro de Referência de
Assistência Social – CRAS.
Métodos de campo e laboratório
O trabalho de campo foi realizado no
período de maio a julho de 2007, utilizando-se
entrevistas com questionários semi-estruturados
(Bernard, 2006), cujo critério para escolha foi à
disponibilidade dos participantes em responder
as perguntas. Os moradores foram questionados
sobre as plantas conhecidas, motivo para uso,
obtenção, forma de preparo e utilização, forma
de cultivo e interesse em cultivar uma horta
medicinal comunitária. Durante as entrevistas,
as plantas citadas como medicinais foram
coletadas nos locais indicados pelos moradores
e as espécies foram levadas ao laboratório de
biologia da Unidade Acadêmica de Garanhuns
para identificação. O estudo de identificação
taxonômica foi feito através de um roteiro para
descrição de amostras vegetais, onde foram
analisados os caracteres morfológicos das folhas
e flores com o auxílio de pinças, estiletes e lupa
e, também, foram identificadas por comparação
com exemplares do herbário da Universidade
Federal Rural de Pernambuco e literatura
especializada.
Foram
utilizadas
chaves
dicotômicas para identificação das famílias
(Joly, 1975; Agarez et al., 1994; Souza et al.,
2005). O sistema de classificação adotado foi o
de Cronquist (1988).
As frequências relativas das plantas
foram baseadas em Amorozo & Gely (1988),
calculadas da seguinte forma: FR= NTI x 100/n
RESULTADO E DISCUSSÃO
As entrevistas foram realizadas com 154
moradores (18 homens e 136 mulheres), cuja
maioria advém de área rural e sobrevivem de
serviços do campo. Constatou-se que a
população
apresenta
baixo
nível
de
escolaridade, sendo mais de 30% de
analfabetos. O levantamento de Marinho et al.
(2011), no munícipio de São José de
Espinharas/PB, corrobora com esses resultados.
Em levantamento realizado por Oliveira &
Menini Neto (2012), o baixo nível de
escolaridade dos moradores do povoado de
Manejo, em Lima Duarte-MG, estaria
relacionado a participação nos trabalhos
agrícolas, que teriam inviabilizado a
continuidade dos estudos. Mais de 90% dos
moradores da comunidade da Várzea utilizam
plantas medicinais para fins terapêuticos. O
mesmo foi encontrado em outros levantamentos
etnobotânicos por Silva (2005), na comunidade
de São João, em Palmares/PE, e por Andrade
(2004) no município de Amaraji/PE. A maior
parte dos moradores (79%) informou que não
utiliza plantas sem conhecer a origem e a
eficácia, porém. Os moradores da Várzea (80%)
relatam que só fazem uso das plantas medicinais
quando estão doentes e que sempre obtêm
resultados satisfatórios com o tratamento.
Moradores do povoado de Manejo em Lima
Duarte-MG afirmaram fazer uso das mesmas
sempre que preciso, alegando também que as
plantas não fazem mal à saúde (Oliveira &
Menini Neto, 2012). Arnous et al. (2005)
também observaram que a maioria dos
entrevistados, em Dantas-MG, acreditam que o
tratamento com plantas medicinais é eficaz e as
cultivam em seus quintais e jardins.
Foram identificadas diversas formas de
utilização (infusão, decocção, xaropes, banhos),
porém, a mais frequente é em forma de chá,
havendo preferência pelas folhas (82,45%). O
mesmo observado por Costa & Mayworm
(2011) em Extrema/MG, Oliveira et al. (2010)
60
nas comunidades rurais de Oeiras/PI, Albertasse
et al. (2010) em Vila Velha/ES, Mosca & Loiola
(2009) no Rio Grande do Norte e Pinto et al.
(2006) em comunidades rurais em Itacaré/BA.
Essa prática pode está ligada ao conhecimento
adquirido por meio da oralidade, o qual é
passado de geração a geração (Ritter et al.,
2002), assim como a abundância e facilidade de
uso das folhas, em detrimento de outras partes
da planta, e também a confiança na eficácia da
aplicação por via tópica entre os entrevistados
que sofrem de alguma enfermidade (Santos et
al., 2008). As plantas são cultivadas
principalmente sob a forma de mudas (38,31%),
galhos (34,41%) e sementes (11,69%). Quanto à
aquisição das plantas, 71% conseguem no
quintal da própria casa, de vizinhos ou parentes.
Resultados semelhantes foram observados por
Marinho et al. (2011), Oliveira et al. (2010),
Mosca & Loiola (2009), Pinto et al. (2006) e
Arnous et al. (2005).
As plantas identificadas pertencem a 30
famílias botânicas e a 45 espécies (Tabela 1),
cujas espécies mais representativas são da
família Poaceae, como o capim-santo
(Cymbopogon citratus Stapf.), com uma
freqüência relativa de 68%, e as da família
Lamiaceae, como a erva-cidreira (Melissa
officinalis L.) e a hortelã-da-folha-grande
(Marrubium vulgare L.) com frequências
relativas de 66 e 50% respectivamente. Oliveira
&Menini Neto (2012) constataram que no
povoado de Manejo, em Lima Duarte-MG, as
famílias botânicas mais representativas foram a
Asteraceae e Lamiaceae, justificando sua maior
frequência de uso, em função de serem famílias
cosmopolitas com espécies de ampla adaptação,
tanto
em
ambientes
tropicais
quanto
temperados. Cunha e Bortolotto (2011)
observaram que as famílias mais representativas
foram Fabaceae, Asteraceae e Lamiaceae em
Anastácio/MT, enquanto Pinto et al. (2006) e
Teixeira & Melo (2006), em Jupi-PE,
observaram maior uso de espécies da família
Lamiaceae.
TABELA 1. Plantas medicinais mais utilizadas pelos moradores da comunidade da Várzea, Garanhuns-PE. FR%:
frequência relativa. Origem: Ex- exótica; Nat- nativa.
Família/Nome científico
Alliaceae
Allium cepa L.
Allium sativum L.
Amaranthaceae
Alternanthera brasiliana (L.) O. Kuntze.
Anacardiaceae
Myracrodruon urundeuva Allemão.
Apiaceae
Pimpinella anisumn L.
Asteraceae
Chrysanthemum parthenium (L.) Bernh.
Brassicaceae
Nasturtium officinale R. Br.
Bromeliaceae
Ananas comosus (L.) Merr.
Capparaceae
Cleomes pinosa Jacq.
Chenopodiaceae
Beta vulgaris L.
Chenopodium ambrosioides L.
Crassulaceae
Bryophyllum pinnatum(Lam.) O. Ken
Cucurbitaceae
Sechium edule (Jacq.) Sw.
Euphorbiaceae
Phyllanthus amarus Schum.&Thonn.
Lamiaceae
Hyptis pectinata (L.) Poit.
Nome vulgar
Origem
FR%
Cebola-branca
Alho
Ex
Ex
18,06
12,9
Acônico, acônito
Nat
25,80
Aroeira, arueira
Nat
18,06
Erva-doce
Ex
14,19
Anador, Artemísia
7,74
Agrião
5,16
Abacaxi, casca abacaxi
Nat
10,97
Muçambê
Ex
10,32
Beterraba
Mastruz, mentruz
Nat
6,45
40,00
Pratudo, pratudi
10,32
Chuchu
Nat
7,10
Quebra-pedra
Ex
14,19
Sambamcaité, fazema-de-cabloco
27,74
61
Marrubium vulgare L.
Melissa officinalis L.
Mentha piperita L.
Mentha pulegium L.
Rosmarinus officinalis L.
Ocimum basilicum L.
Lauraceae
Cinnamomum zeylanicum Breyn.
Laurus nobilis L.
Persea americana Mill.
Leguminosae
Hymenaea courbaril L.
Lythraceae
Punica granatum L.
Malphygiaceae
Malphigea glabra
Monimiaceae
Peumus boldus Molina.
Musaceae
Musa spp.
Myrtaceae
Eucalyptus sp.
Eugenia uniflora L.
Psidium guajava L.
Oxalidaceae
Averrhoa carambola L.
Poaceae
Cymbopogon citratus Stapf.
Rubiaceae
Borreria verticillata (L.) G. Meyer
Hortelã-grande, artelã-grandão
Erva-cidreira, cidreira, vá-cidreira
Hortelã-miúda, média, pequena,
artelã-miúda
Hortelã-pimenta, confeito, poejo,
artelã-pimenta, hortelã-amarga
Alecrim
Manjericão-branco
Ex
Ex
25,16
9,03
Canela, canela-do-Pará
Louro
Abacate
Ex
Ex
Ex
8,39
7,74
15,48
Jatobá
Nat
8,39
Rumã, romã
Ex
5,8
Acerola
Ex
9,68
Boldo-do-Chile, boldo
Ex
19,35
Banana-prata, bananeira, mangará.
Ex
6,45
Eucalipto, acalipi, alcalipi
Pitanga
Folha-da-goiabeira, goiaba-branca
Nat
Nat
23,22
12,26
9,03
Carambola
Ex
5,16
Capim-santo
Ex
67,74
Vassourinha-branca, vassoura-debotão vassourinha-de-bruxa
Nat
Arruda
Limão
Laranjeira
Ex
Ex
Ex
25,80
9,68
9,03
Sabugueira
Nat
41,29
Rutaceae
Ruta graveolens L.
Citrus limon(L.) Burm. F.
Citrus sp.
Sambucaceae
Sambucus australis Cham. &Schltdl.
Sapotaceae
Sideroxylon obtusifolium (Roem. &Schult.)
T. D. Penn.
Xanthorrhoeaceae
Aloe vera L.
Zingiberaceae
Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt & R.M.
Smith.
Zingiber officinalis Roscoe
Indeterminada
-------------------------------------------
Na área estudada, foram relatadas como
medicinais várias espécies consideradas tóxicas,
como arruda (Ruta graveolens L.) e babosa
(Aloe vera L.), onde Ritter et al. (2002) as
reconheceu como tóxicas em pesquisa com
plantas utilizadas como medicinais no
município de Ipê-RS, além do alecrim
Ex
Ex
Ex
48,38
20,00
5,8
10,97
Quixaba, quixabeira
Babosa
Ex
Colônia
Gengibre
Ex
Ex
Federação
Acansu,acansul, alcansu
50,32
66,45
10,32
6,45
9,03
12,26
7,10
(Rosmarinus officinalis L.) e sabugueira
(Sambucus australis Cham. & Schltdl), que
podem causar irritações gastrointestinais quando
ingeridas em doses elevadas (Junior et al.,
2005). Cabe ressaltar que uma planta pode
tornar-se tóxica para o organismo dependendo
da quantidade, forma de administração, mistura
62
e frequência de uso (Dutra, 2009). Essa falta de
padronização ou desconhecimento acerca da
dosagem e quantidades empregadas no preparo
de medicamentos com as plantas medicinais
pode reduzir a eficácia ou até mesmo ser fonte
de reações adversas advindas do uso mal
administrado (Oliveira & Menini Neto, 2012).
Em relação às indicações terapêuticas, os
moradores da comunidade da Várzea referem-se
a diferentes usos como sintoma de determinada
doença (dor de cabeça, dor de barriga) e não a
doença propriamente dita. Outros afirmam que a
própria doença é alvo da indicação (gastrite). Na
figura 1 observa-se que as plantas medicinais
utilizadas são principalmente para indicação de
gripe (70,12%) e dor de barriga (50,65%).
Resultados semelhante foram observados por
Oliveira et al. (2010) e Mosca & Loiola (2009).
Verificou-se que mais de 90% dos
entrevistados apreciaram a ideia de criar uma
horta medicinal comunitária e se mostraram
entusiasmados com o assunto. Corroboram com
estes resultados os moradores entrevistados nos
estudos de Arnous et al. (2005) no município de
Dantas-MG. O cultivo de uma horta medicinal
surge com o envolvimento de conhecimentos
advindo da própria comunidade na aragem do
solo, regas, semeio e distribuição das plantas,
além da transmissão de saberes de gerações em
gerações. (Arnous et al., 2005). Oliveira &
Menini Neto (2012) afirmam que a perspectiva
da construção de uma horta medicinal mantém a
tradição do emprego das plantas medicinais nas
futuras gerações da comunidade.
Constatou-se que a comunidade da
Várzea utiliza grande diversidade de plantas
medicinais, as quais geralmente são mais
requisitadas para a cura de gripe e dor de
barriga, tornado-se necessário estudos acerca da
ação famacológica que comprovem a eficácia
terapêutica dessas espécies. A família
Lamiaceae foi a mais representativa em número
de espécies utilizadas como medicinais e as
espécies mais citadas foram o capim santo, erva
cidreira e hortelã da folha grande. As plantas
são adquiridas principalmente nos quintais de
casa, utilizadas basicamente na forma de chá,
cuja parte da planta mais empregada são as
folhas.
FIGURA 1. Frequência de enfermidades mais comuns
nos tratamentos com plantas medicinais na Várzea,
Garanhuns, PE.
63
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botânica, n.61, p.5-11, 2006.
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Josabete Salgueiro Bezerra de Carvalho
Profa. de Fisiologia Vegetal da Universidade Federal
Rural de Pernambuco/ Unidade Acadêmica de Garanhuns.
Jéssyca Dellinhares Lopes Martins
Aluna do curso de mestrado em produção agrícola da
UFRPE/UAG.
Maria da Conceição Soares Mendonça
Técnica em Laboratório da UFRPE/UAG
Leandro Dias de Lima
Aluno do curso de Agronomia da UFRPE/UAG
PINTO,
E.P.P.;
AMOROZO,
M.C.M;
FURLAN, A. Conhecimento popular sobre
plantas Medicinais em comunidades rurais de
mata atlântica – Itacaré, BA. Acta
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