ANÁLISE DA DIVERSIDADE BACTERIANA ASSOCIADA A UTRÍCULOS DE UTRICULARIA GIBBA L. Juliana Goldbaum Crescente, Fernanda Cristina Storte Santos, Vitor Fernandes de Oliveira Miranda, Welington Luiz de Araújo Estudante do Curso de Ciências Biológicas; e-mail: [email protected] Estudante do Curso de 2 [email protected] Mestrado em Biotecnologia; e-mail: Professor da Universidade de Mogi das Cruzes; e-mail [email protected] Professor da Universidade de Mogi das Cruzes3 Área do conhecimento: ecologia microbiana e genética molecular Palavra-chave: Utricularia gibba; genes conservados; filogenia INTRODUÇÃO O gênero Utricularia spp. é um dos mais representativos dentro das plantas carnívoras conhecidas, tendo a carnivoria uma importância para a complementação de nutrientes permitindo que estas plantas sejam encontradas em locais de grande umidade, luminosidade, e até em ambientes pobres em nutrientes. A estrutura responsável pela captura do alimento consiste em uma folha modificada, capaz de criar uma pressão hidrostática interna negativa que suga a água próxima a ela. Segundo alguns autores, após captura, a presa é degradada com o auxilio da comunidade bacteriana presente nos utrículos, porém ainda é necessário entender melhor como esta interação ocorre. Um dos passos para esta caracterização, pode ser feita através de estudos moleculares para a identificação da diversidade bacteriana através de genes conservados, destacando-se atualmente o gene RNAr 16S, um gene ribossomal amplamente utilizado em estudos com base na consturção de bibliotecas de rDNA. A subunidade B da DNA girase é uma proteína codificada pelo gene conservado gyrB, e constitui uma parte integrante da topoisomerase II em bactérias, a qual é responsável por induzir uma menor pressão no desenrolamento da fita de DNA. Além desse 2 genes, o gene rpoB codifica a subunidade B da RNA polimerase, o qual é essencial para todo o metabolismo celular em bactérias. OBJETIVOS Isolar bactérias associadas aos utrículos de U. gibba e idnetificá-la por meio do seqüenciamento dos genes conservados RNAr 16S, gyrB e porB. METODOLOGIA Bactérias foram isoladas de utrículos de U. gibba em meio TSA 5% e identificadas por meio do seqüenciamento dos genes 16S RNAr, gyrB e rpoB. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados apontam que a densidade bacteriana dos utrículos varia de 3 a 4 X 10 UFC·U-1. Foi observado também que esta comunidade bacteriana cultivável é formada principalmente por espécies pertencentes aos filos Firmicutes (Bacillus)(figura 1A) e proteobacteria, entre eles β-proteobacteria (Chromobacterium sp., Burkholderiales Genera incertae sedis) (figura 1B e 1C), assim como Aquitalea sp., αproteobacteria (Rhodospirillaceae) (figura 1D) e γ-proteobacteria Enterobacter sp., sendo este último identificado apenas pelo sequenciamento do gene gyrB e comparado em relação ao banco de dados do GenBank. Bactérias pertencentes ao gênero Chromobacterium apresentam coloração violeta ou azul, o que corresponde com a morfologia observada nos isolados. Esta coloração é determinada pelos pigmentos derivados do triptofano, violaceína e desoxiviolaceína, os quais ainda não se sabe ao certo o seu papel fisiológico para o organismo, embora estudos indiquem um efeito contra radiação solar e controle da concentração de triptofano no meio, além de serem biotecnologicamente interessantes para o controle de diferentes microrganismos. Tendo em vista que os grupos identificados correspondem à bactérias encontradas em amostras de solo e água de regiões tropicais e subtropicais em diversos continentes, pode ser sugerido que o ambiente deve ser a fonte primária da comunidade que habita o interior dos utrículos de U. gibba. Tendo em vista que foram observados isolados que não agruparam com espécies já descritas, pode ser sugerido que os utrículos desta espécie de planta carnívora poderia ser um importante habitat para a busca de novos genomas bacterianos, os quais poderiam ser importantes fontes de produtos e processos biotecnológicos. Além disso, permitia um melhor conhecimento da diversidade bacteriana presente em diferentes áreas, e do papel desempenhado no ambiente. 3 CONCLUSÃO Algumas das espécies identificadas no presente trabalho são comumente descritas em associação com plantas ou em amostras de água e solo, sugerindo que esta comunidade bacteriana dos utrículos de U. gibba pode flutuar entre a planta e a água onde a planta cresce, visto que está espécie vive associada à corpos de água. Tendo em vista que este é a primeira descrição da comunidade bacteriana associada a U. giba, a atenção foi dada aos aspectos taxonômicos dos diferentes isolados obtidos, visto que novos genótipos bacterianos poderão ser descritos e no futuros caracterizados quanto ao potencial biotecnológico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREOTE, F. D.; CARNEIRO, R. T.; SALLES, J. F.; MARCON, J.; LABATE, C. A.; AZEVEDO, J. L.; Araújo, W. L. Culture-independent Assessment of Rhizobiales-related Alphaproteobacteria and the Diversity of Methylobacterium in the Rhizosphere and Rhizoplane of Transgenic Eucalyptus. Microbial Ecology, v. 57, n. 1, p. 82-93, 2008. KLOEPPER, J. W.; RYU C.; ZHANG S..Induced Systemic Resistance and Promotion of Plant Growth by Bacillus spp. American Phytopathological Society Journals. v. 94, n.11, p. 1-8, 2004. PEROUTKA, M.; ADLASSNIG, W.; VOLGGER, M.; LENDL, T.; URL, W. G.; LCHTSCHEIDL, Irene K. Utricularia: a vegetarian carnivorous plant? Algae as prey of bladderwort in oligotrophic bogs. Plant Ecology, v. 199, n. 2, p. 153–162, 2008a. PEROUTKA, M.; ADLASSNIG, W.; LEND, T.; PRAJIC, K.; LICHSCHEID, I. K. Floriculture, Ornamental and Plant Biotechnology. Functional Biology of Carnivorous Plants, v. 5, p. 563, 2008b. PITLOVANCIV, A. K.; CARIS, M. E.; PORTO, L. M.; PEDROSA, R. C.; ANTONIO, R. V. Condições de cultivo e produção de pigmentos por Chromobacterium violaceum. Revista Biotemas, n. 19, v.1, p. 13-18, 2006. Bacillus mycoides GQ344802 56 59 57 Bacillus anthracis GU297610 Bacillus thuringiensis FJ655838.1 55 100 D2P5 84 45 100 Desulfobacterium catecholicum (T) DSM... Bacillus thuringiensis FJ601912.1 22- A2P1 10-1a 52 Desulfobacterium autotrophicum (T) DS... Methylococcus thermophilus (T). 99 24- A2P3 10-2a 23- A2P1 10-1b 99 Methylococcus capsulatus (T) Texas N... 100 26- A2P1 10-1b 67 100 46 38 95 B6P6 Paenibacillus pasadenensis AY167820 10- A2P3 100 Amphibacillus fermentum (T) Z-7984. Aquisalibacillus elongatus (T) type s... 99 Pelomonas aquatica AM501435.1 89 1C 0.01 Roseateles terrae (T) Mitsuaria chitosanitabida FJ796447.1 70 Alkalibacillus salilacus (T) BH163. Alkalibacillus filiformis (T) type st... 99 Roseateles depolymerans AB508900.1 97 100 Amphibacillus tropicus (T) Z-7792. 71 S000618201 Burkholderia mimosarum (T)... S000003872 Burkholderia glathei (T) A... Paenibacillus darangshiensis AM492794 Paenebacillus phyllosphaerae AY598818 92 99 S000469284 Burkholderia kururiensis (... 96 Paenibacillus ginsengarvi AB271057 Paenibacillus mendelii DQ870731 100 Hyphomicrobium zavarzinii (T) ZV-622. 100 Bacillus cereus EU239120.1 Bacillus cereus EF472264.1 99 Altererythrobacter indicus (T) MSSRF26. Altererythrobacter epoxidivorans (T) ... Hyphomicrobium methylovorum (T) DSM 5... 99 Bacillus cereus GU384232 Bacillus cereus DQ989214.2 50 Altererythrobacter luteolus (T) SW-109. 0.05 1A Azospirillum melinis (T) TMCY 0552. 54 82 3- A2P3 35 40 Azospirillum lipoferum (T). Azospirillum doebereinerae (T) 63f. 6- A2P2 42 7- A2P3 Azospirillum brasilense (T) ATCC 2914... 99 Chromobacterium subtsugae (T) PRAA4-1. 32 Azospirillum canadense (T) DS2. 35 100 97 Chromobacterium subtsugae 5YN2-14. 89 89 Azospirillum halopraeferens (T) Au4. Chromobacterium violaceum (T)M22510.1 Azospirillum irakense (T). 4- A2P3 55 25- A2P1 40 61 Aquitalea denitrificans (T) 5YN1-3. 85 99 82 Acetobacter pomorum (T) LTH2458. 99 Acetobacter pomorum LMG 18848. Aquitalea magnusonii NBRAJG85. 93 77 Chromobacterium haemolyticum (T) MDA0585 100 Acetobacter pasteurianus (T) LMD 22.1. Acetobacter lovaniensis LMG 1617. 27- A2P1 95 11- A2P3 92 100 100 Acetobacter estunensis LMG 1626. 86 Acetobacter aceti (T) NCIB8621 DSM3508. 12- A2P3 Acetobacter tropicalis LMG 1663. 93 Vogesella perlucida EF626691.1 Acetobacter cerevisiae (T) LMG 1625. 56 Vogesella indigofera (T) ATCC 19706. 100 Acetobacter orleanensis LMG 1583. Vogesella indigofera QXL0711M. 100 Brachymonas denitrificans (T) AS-P1. Hyphomicrobium methylovorum (T) DSM 5458 100 100 Hyphomicrobium zavarzinii (T) ZV-622. Methylococcus thermophilus (T)NR 029251. 100 Duganella zoogloeoides (T) IAM12670. 100 Methylococcus capsulatus (T) Texas NCIMB Alcaligenes faecalis subsp. parafaeca... Alcaligenes faecalis subsp. faecalis ... 66 Duganella violaceinigra (T) YIM 31327. 0.05 0.02 1B Azospirillum amazonense AY741146.1 Aquitalea magnusonii (T) TRO-001DR8. 99 53 Azospirillum rugosum (T) IMMIB AFH-6. Azospirillum picis (T) type strain: I... 100 Chromobacterium violaceum ATCC 12472 (T) 99 Azospirillum oryzae (T) COC8. 35 5- A2P2 71 Azospirillum zeae (T) N7. 55 1D Figura: 1A. Árvore fenética gerada pela análise do fragmento parcial (980-1400) do gene 16S rRNA de bactérias isoladas em associação com utrículos de U. gibba, em relação ao Filo Firmicutes. 1B. Árvore fenética gerada pela análise do fragmento parcial (9801400) do gene 16S rRNA de bactérias isoladas em associação com utrículos de U. gibba, em relação agrupamento com os gêneros Chromobacterium/ Iodobacter/ Vogesella. 1C. Árvore fenética gerada pela análise do fragmento parcial (980-1400) do gene 16S rRNA de bactérias isoladas em associação com utrículos de U. gibba, em relação agrupamento com os gêneros Rosetales/ Mitsuaria/ Pelomonas 1D Árvore fenética gerada pela análise do fragmento parcial (980-1400) do gene 16S rRNA de bactérias isoladas em associação com utrículos de U. gibba, em relação agrupamento com o gênero Azospirillum.