1 Universidade Estadual do Ceará Márcia Maria Mendes Marques Duque Tagetes erecta L.UMA PLANTA DE MÚLTIPLOS PROPÓSITOS: ANTIBACTERIANA, LARVICIDA E ANTIVIRAL FORTALEZA – CEARÁ 2006 2 Universidade Estadual do Ceará Márcia Maria Mendes Marques Duque Tagetes erecta L.UMA PLANTA DE MÚLTIPLOS PROPÓSITOS: ANTIBACTERIANA, LARVICIDA E ANTIVIRAL Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Fisiológicas. Orientadora: Profa. Dra. Selene Maia de Morais FORTALEZA – CEARA 2006 3 D946t Duque, Márcia Maria Mendes Marques Tagetes erecta L. Uma planta de múltiplos propósitos: antibacteriana, larvicida e antiviral / Márcia Maria Mendes Marques Duque. _Fortaleza, 2006. 90p. Orientadora: Selene Maia de Morais Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas)-Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde. 1. Tagetes erecta 2. Antiviral 3. Larvicida 4. Antimicrobiana I. Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde CDD: 612 4 Universidade Estadual do Ceará Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas Título: Tagetes erecta L. uma planta de múltiplos propósitos: antibacteriana, larvicida e antiviral. Autora: Márcia Maria Mendes Marques Duque Aprovada em ____ / ____ / ______ Banca Examinadora: Profa. Dra. Selene Maia de Morais Orientadora Profa. Dra. Maria Erivalda Farias de Aragão Examinadora Prof. Dr. Nilberto Robson Falcão do Nascimento Examinador 5  Xâ äx}É É ÖâtÇàÉ tÑÜxÇw|Ê T `tÜ|t \átuxÄ YÄÉÜ|ÇwÉ Zâxwxá Wxw|vÉAAA 6 AGRADECIMENTOS À professora Dra. Selene Maia de Morais pela sua orientação e pelo empenho para a realização deste trabalho. Também agradeço de forma especial pelo meu crescimento científico, tesouro precioso, que ganhei com a sua convivência. À minha mãe da ciência professora Dra. Maria Isabel Florindo Guedes a qual só tenho que dizer OBRIGADA. A Dra. Fernanda Montenegro por sua colaboração para realização deste trabalho na parte de virologia e pelo exemplo de profissional. Para mim foi um prazer tê-la conhecido e vivido a agradável experiência de ter sido sua aluna. A todos os que fazem o Mestrado em Ciências Fisiológicas, em especial a Dra. Andrelina e a Dra. Cláudia. A todos os que fazem o Laboratório de Produtos Naturais, que me acolheram e ensinaram a ver a química de um outro foco. Em especial a Cristiane, João Jaime, Juliana, Carol, Lisa, Onias, Davi, Rafael, Ariadne, Milena e Luciana. A todos os que fazem o Laboratório de Bioquímica Humana, em especial a Dra. Maria Erivalda e ao Dr. Carlucio. Aos meus coleguinhas Marlos, Victor, Marcelo e Aline que tiveram assim como eu esse laboratório como casa, agradeço pelo companheirismo e momentos de descontração. A todos do Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN), em especial a Dra. Betinha e a Dra. Dona Lucinha como carinhosamente acostumei a trata-lhes e a Dona Clautenes, por toda a ajuda e aos momentos alegres que passamos no trabalho. Pela ajuda incondicional da minha amiga Ana Raquel sem ela eu não teria conseguido fazer esse trabalho. Agradeço de coração pela sua amizade, paciência e pelo exemplo de força. As minhas amiguinhas Patrícia (Paty) e Higina por estarem sempre dispostas a ouvir nas horas de descontrole e por suas palavras de conforto, minhas duas psicólogas. Sou grata também por ter vocês como amiga. A Danielle peça fundamental para realização do trabalho na parte antibacteriana e a Lívia. Obrigada pela ajuda. À Fundação Cearense de Amparo a Pesquisa (FUNCAP) pelo apoio financeiro para a realização deste trabalho. À minha família, meu maior tesouro, que sempre me apoiou e acreditou junto comigo que eu seria capaz de terminar esse trabalho. Obrigada, AMO todos vocês: Pai, Mãe, Liandra, Anderson, Eliane e Aila. Agradeço também ao Roberto, Luiz e James, os agregados. O que dizer das minhas amigas e “irmãs do coração” Ivonei, Alana, Rogleijiania 7 e Adriana, seria muito difícil escrever alguma coisa que pudesse descrever o quanto são especiais para mim. Obrigada por existirem na minha vida. Ao meu amor, marido, amigo e companheiro Adauto Neto Fonseca Duque que me ajudou a superar os momentos mais difíceis com muita paciência, TE AMO MUUUUUITO. A Deus por ter me dado a vida e a família que tenho, isso já seria muito, mas me deu também amigos. 8 SUMÁRIO 1. 2. 2.1. 2.1.1. 2.1.2. 2.1.3. 2.1.4. 2.2. 2.2.1. 2.2.2. 2.2.3. 2.2.4. 2.3. 2.3.1 2.3.1.1 2.3.1.2. 2.3.1.3. 2.3.1.4. 2.3.1.5. 2.3.1.6. 2.3.2 2.4. 2.5. 2.5.1. 2.5.2. 2.5.2.1. 2.5.3. 2.5.3.1 2.5.3.2. 2.5.3.3. 2.5.4. 2.5.5. 2.6. 2.7. 2.8. 3. 3.1. 3.2. 4. 4.1. 4.1.1. LISTA DE FIGURAS LISTA DE FLUXOGRAMAS E TABELAS ABREVIATURAS RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO REFERENCIAL TEÓRICO As Plantas como Recurso Terapêutico Generalidades Plantas Medicinais e Fitoterápicos Fitoterapia Óleos Essenciais A Planta Tagetes erecta Linn Considerações Botânicas sobre a Família Asteraceae Considerações Botânicas sobre a Espécie Tagetes erecta L. Potencial Uso da Planta Componentes Bioativos de T. erecta: ação antiviral Enterobacteriaceae: aspectos gerais Enterobacterias Estudadas nesta Dissertação Escherichia Klebsiella Enterobacter Proteus Serratia Morganella Resistência Bacteriana Óleos Essenciais com atividade Antibacteriana Dengue: considerações gerais Vírus Transmissão do Vírus Vetores Controle do Vetor Controle Biológico Controle Físico Controle Químico Resistência a Inseticidas Epidemiologia Óleos Essenciais e Componentes Isolados com Atividade Larvicida frente ao Aedes aegypti Diagnóstico e Tratamento do Dengue Plantas e Compostos Químicos Naturais com Atividade Antiviral contra o Dengue OBJETIVOS Objetivo Geral Objetivos Específicos METODOLOGIA Materiais Material Vegetal x xii xiii xiv xv 1 3 3 3 3 6 6 8 8 8 9 11 11 11 11 13 13 14 14 15 15 16 18 18 19 21 23 23 24 25 26 27 29 32 33 35 35 35 36 36 36 9 4.1.2. 4.1.3. 4.1.4. 4.1.5. 4.1.6. 4.2. 4.2.1. 4.2.2. 4.2.3. 4.2.4. 4.2.5. 4.2.6. 4.2.7. 4.2.8. 4.2.8.1. 4.2.8.2. 4.3. 5. 5.1. 5.2. 5.3. 5.4. 5.5. 5.6. 5.7. 5.8. 5.8.1. 5.8.2. 6. 6.1. 6.2. 6.3. 7. 8. Microrganismos Testados Ovos do Mosquito Aedes aegypti Antígeno Viral Cultura de Células Reagentes Métodos Extração do Óleo Essencial de T. erecta. Análise do Óleo Essencial de T. erecta Preparação do Extra to de Raiz de T. erecta Caracterização dos Tiofenos do Extrato Hexânico de Raiz de T. erecta Atividade Antibacteriana, in vitro, do Óleo Essencial de T.erecta Teste da Suscetibilidade das Cepas Bacterianas Frente aos antibióticos Atividade larvicida do Óleo Essencial de T. erecta contra o Aedes aegypti Atividade Antiviral, in vitro, do extrato hexânico de T. erecta Ensaio de Toxicidade Determinação da Concentração Inibitória Mínima Analise Estatística RESULTADOS Determinação Estrutural dos Constituintes Químicos do óleo Essencial de T. erecta Análise por HPLC dos Componentes do Extrato Hexânico de Raiz de T. erecta Atividade Antibacteriana, in vitro, do Óleo Essencial de T. erecta Teste de Susceptibilidade das Cepas Bacterianas frente aos Antibióticos Comparação entre a Ação Antibacteriana do Óleo Essencial de T. erecta com a dos Antibióticos Avaliação da Concentração Mínima Inibitória (MIC) Teste da Atividade Larvicida do Óleo Essencial de T. erecta contra o Aedes aegypti Atividade Antiviral in vitro Ensaio de Citotoxidade para T. erecta frente às Células C6/36 Concentração Inibitória Mínima (MIC) do Extrato Hexânico de T. erecta DISCUSSÃO Atividade Antibacteriana Atividade Larvicida Atividade Antiviral CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36 36 37 37 37 38 38 38 40 40 40 42 43 43 43 44 44 45 45 55 55 58 63 69 71 74 74 74 76 76 78 80 81 82 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1. A planta Tagetes erecta L. Figura 2a. Tiofenos antivirais contra o Murine Cytomegalovirus Figura 2b. Tiofenos portadores de atividade antiviral contra o Sindbis virus Figura 3. Partícula viral do Dengue. 10 12 12 20 Figura 4. Mosquito do Aedes aegypti 22 Figura 5. Número de casos e incidência do Dengue, no Ceará, de 1986 a 2006 Estrutura química do timol Componentes de óleos essenciais com atividade larvicida contra Aedes aegypti. Extrator convencional de óleo essencial. Cromatografia de gás-líquido acoplada a espectrometria de massa do óleo essencial de T. erecta. Espectro de massa do Limoneno Espectro de massa do Z-Ocimeno Espectro de massa do E-Ocimeno Espectro de massa do Terpinoleno Espectro de massa do Linalol. Espectro de massa do Mirtenol. Espectro de massa do Oxido de Linoneno Espectro de massa da Piperitone. Espectro de massa do E-anetol Espectro de massa do Isopulegilacetato Espectro de massa do Timol. Espectro de massa da Piperitenone Espectro de massa do Metil-eugenol Espectro de massa do Trans-cariofileno Espectro de massa do E-β-Farnesene Espectro de massa do Biciclogermacrene Espectro de massa do Nerolidol. Espectro de massa do Spathulenol Espectro de massa do Oxido de cariofilenol Espectro de massa do Dióxido de limoneno Figura 26. Espectro de massa do Fitol. Cromatograma do extrato hexânico de T. erecta obtido no HPLC Atividade antibacteriana do óleo essencial de T. erecta na concentração de 2,5 mg/mL. (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii. O gráfico mostra a percentagem de Enterobacteriaceae susceptível; ( ) intermediário ( ) e resistente ( ) aos diferentes antibióticos: cefepine (CPM), aztreonam (ATM), amicacina (AMI) e ciprofloxacin (CIP). 28 Figura 6. Figura 7. Figura 8. Figura 9. Figura 10. Figura 11. Figura 12. Figura 13. Figura 14. Figura 15. Figura 16. Figura 17. Figura 18. Figura 19. Figura 20. Figura 21. Figura 22. Figura 23. Figura 24. Figura 25. Figura 26. Figura 27. Figura 28 Figura 29. Figura 30. Figura 31. Figura 32. Figura 33. 31 31 39 46 48 48 48 49 49 49 50 50 50 51 51 51 52 52 52 53 53 53 54 54 54 56 59 62 11 Figura 34. Estudo comparativo da suscetibilidade das cepas bacterianas 65 frente ao óleo essencial de T. erecta ( ) e ao antibiótico cefepine ( ), avaliado pelo tamanho dos halos de inibição. (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii; S – sensível, R – resistente, I – Intermediário; (-) não houve inibição. Figura 35. Estudo comparativo da suscetibilidade das cepas bacterianas 66 frente ao óleo essencial de T. erecta ( ) e ao antibiótico Amicacina ( ), avaliado pelo tamanho dos halos de inibição (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii; S – sensível, R – resistente, I – Intermediário, (-) não houve inibição. Figura 36 Estudo comparativo da suscetibilidade das cepas bacterianas 67 frente ao óleo essencial de T. erecta ( ) e ao antibiótico Amicacina ( ), avaliado pelo tamanho dos halos de inibição (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii; S – sensível, R – resistente, I – Intermediário, (-) não houve inibição. Figura 37. Estudo comparativo da suscetibilidade das cepas bacterianas 68 frente ao óleo essencial de T. erecta ( ) e ao antibiótico Ciprofloxacin ( ), avaliado pelo tamanho dos halos de inibição (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii; S – sensível, R – resistente, I – Intermediário, (-) não houve inibição. Figura 38. Halos de inibição (mm) do óleo essencial de T. erecta, contra a 70 bactéria Klebsiella pneumoniae 6,obtido pelo método de difusão em ágar. Figura 39. Reta de regressão obtida do número de larvas de Aedes aegypti 70 mortas e as concentrações do óleo essencial de T.erecta após 24 h. (Equação da reta: y=0,2293x – 6,6748, sendo y o número de larvas mortas e x a concentração do óleo essencial de T.erecta; Coeficiente de correlação: R2=0,8992). Figura 40. Ensaio de imunofluorescência: replicação viral do sorotipo DENV-3 75 nas células C6/36 com 10 ppm do extrato de raiz de T. erecta Figura 41. Ensaio de imunofluorescência: 100% de inibição viral com a MIC 75 (200 ppm) do extrato de raiz de T. erecta 12 LISTA DE FLUXOGRAMAS E TABELAS Fluxograma 1. Fluxograma 2. Tabela 1 Tabela 2. Tabela 3. Tabela 4. Tabela 5. Tabela 6 Tabela 7. Metodologia de extração do óleo essencial da parte aérea de T. erecta Metodologia para obtenção do extrato hexânico de raiz de T. erecta Constituintes químicos voláteis identificados no óleo essencial da parte aérea de T. erecta. Resultado, das médias, dos halos de inibição (mm) da atividade antibacteriana do óleo de T.erecta . Resultados dos halos de inibição (mm) dos antibióticos, cefepine (CPM), aztreonam (ATM), amicacina (AMI) e ciprofloxacin (CIP), de acordo com NCCLS. Resultados dos halos de inibição (mm) dos antibióticos, cefepine, aztreonam, amicacina e ciprofloxacin, contra cepas bacterianas. Determinação da concentração mínima inibitória do óleo essencial de T.erecta frente à Klebsiella pneumoniae 6 Atividade larvicida do óleo essencial de T. erecta contra larvas de terceiro estagio do Aedes aegypti O efeito do óleo essencial de T. ereta contra larvas do A. aegypti após 24 horas 41 41 47 57 60 60 69 71 72 13 ABREVIATURAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária ATCC American Type Culture Coletion BTI Bacillus thuringiensis israelensis C 6/36 Células Clonadas das Larvas do A. albopictus CL 50 Concentração Letal que mata 50% DDT Diclorodifeniltricloretano DENV 1-4 Vírus do Dengue, Sorotipo 1-4 DL 50 Dose Letal que mata 50% ELISA Enzyme-linked immunosorbent assay (ensaio imunoenzimático) FSB Soro Bovino Fetal HSV Vírus do Herpes Simples Ik Índices de Kovats Kb Kilobases L15 Leibovitz`s Médium LACEN Laboratório Central de Saúde Pública MCMV Murine Cytomegalovirus NUENDE Núcleo de Controle de Endemias Transmissíveis por Vetores OMS Organização Mundial de Saúde PADETEC Parque do Desenvolvimento Tecnológico do Ceará SCD Síndrome do Choque do Dengue SDS Dodecil Sulfato de Sódio UFC Unidade Formadora de Colônia ULV Volume Ultra Baixo 14 RESUMO As plantas medicinais são bastante utilizadas na medicina popular e ainda se faz necessárias pesquisas para confirmação de seus efeitos terapêuticos e assim objetivar o uso racional. Este trabalho apresenta a ação antimicrobiana e ação larvicida contra o A. aegypti do óleo essencial da parte aérea de Tagetes erecta Linn. Também versa sobre a atividade contra o vírus do Dengue do extrato hexânico de raiz. A planta foi cultivada no horto de plantas medicinais do departamento de biologia da UECE. O óleo essencial foi extraído pelo método de arraste com vapor d’água e as raízes foram submetidas ao método de percolação com solvente para obtenção do extrato hexânico. O estudo do óleo essencial levou a identificação de onze constituintes, tendo como majoritários a piperitona (43,3%), isopulegilacetato (7,4%) e mirtenol (7,2%). Já para o extrato hexanico, foi identificado o α-tertienil, através da cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Na avaliação da atividade antimicrobiana foram utilizadas 16 cepas bacterianas (enterobactérias) das quais duas eram cepas padrões e quatorze isolados clínicos. O método utilizado foi o de difusão em ágar e todas as bactérias se mostraram susceptíveis ao óleo essencial. O óleo também foi eficaz contra as larvas do Aedes aegypti que apresentou 100% de mortalidade na concentração de 150 ppm, ação semelhante ao do inseticida Temephos. O extrato hexânico demonstrou completa inativação do vírus DENV-3, atividade que pode ser atribuída a presença de tiofenos nas raízes. Diante desses resultados a planta T. erecta surge como uma fonte natural alternativa contra enterobactérias e no combate ao Dengue. No entanto, estudos de toxicidade são necessários para uso seguro da planta. 15 ABSTRACT Medicinal plants are worldwide used in traditional medicine although to certify their therapeutic effects many research experiments are needed for a rational based use. This work describes the antimicrobial and larvicidal action against Aedes aegypti of Tagetes erecta L. essential oil of it also reports that the hexane extract from the roots inhibited the dengue virus. The plant was cultivated in the medicinal garden of the Biology Department – UECE. The essential oil was extracted by steam distillation from the aerial parts of the plant. The root hexane extract uas obtained by percolation. The essential oil was analyzed by gas chromatography / mass spectrometry and eleven constituents were identified. The main components were piperitone (43%), isopulegyl acetate (7,4%) and myrtenol (7,2%). In the hexane extract the main constituent was identified as α-tertienyl by HPLC analysis and comparison with authentic sample. For the antimicrobial test 16 bacterial strains (enterobacteria) were used, being two standards and fourteen clinical isolates. The methodology used was agar difusion and all bacteria were sensitive to the essential oil. The oil was also efficient against Aedes aegypti larvae and showed 100% mortality at 150 ppm demonstrating similar action to the themephos insecticide. The complete inhibition of DENV-3 virus was obtained with the root hexane extract at 200 ppm. According to these results T. erecta constitutes a new source of bioactive compounds to combat dengue and enterobacteria. 16 1. INTRODUÇÃO A cura de doenças através do uso de plantas é uma prática utilizada desde os primórdios da civilização e vem ganhando cada vez mais destaque na medicina moderna. Pesquisas sobre as propriedades medicinais de várias plantas têm sido bastante exploradas nos últimos anos, com o intuito de descobrir novas substâncias que possam prevenir, tratar ou curar doenças em humanos. O Brasil está entre os países com maior número de espécies vegetais, mas muitas delas ainda permanecem desconhecidas tanto do ponto de vista químico quanto do farmacológico, enquanto outras já apresentam indícios de extinção. Os metabólitos secundários de plantas, tais como aqueles presentes em extratos obtidos com solventes orgânicos e óleos essenciais, são fontes de produtos biologicamente ativos e, a partir deles, tem-se produzido compostos de grande importância terapêutica, apresentando relevantes atividades como antibacteriana, antifúngica, antiviral, antioxidante, anti-inflamatória, herbicida, larvicida , inseticida, entre outras. Esta variedade de ações pode ser atribuída à diversidade molecular das plantas. A planta Tagetes erecta L. apresenta várias atividades biológicas relatadas por pesquisadores de diversos países. Este trabalho teve como finalidade usar a T. erecta, cultivada no Estado do Ceará, no combate ao Dengue e como agente antimicrobiano. Desse modo, ampliar o espectro de fontes naturais com propriedades terapêuticas. O Dengue é apontado como um fator de risco para a saúde pública, fato que justifica o estudo do problema por dois enfoques: 1. o controle do mosquito, através de um larvicida natural a base do óleo essencial das folhas de T. erecta e 2. a cura da doença através de um antiviral preparado com o extrato hexânico da raíz de T. erecta, rica em compostos tiofênicos. 17 A resistência dos microrganismos aos antibióticos atuais incentiva à pesquisa por novos agentes antimicrobianos. Diante dessa afirmação, o óleo essencial de T. erecta foi usado contra enterobacteriaceae. 18 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. As Plantas como Recurso Terapêutico 2.1.1. Generalidades O uso de produtos naturais como recurso terapêutico é tão antigo quanto à civilização humana e, por muito tempo, produtos minerais, vegetais e animais constituíram as únicas fontes de medicamentos. Com o advento da Revolução Industrial e o desenvolvimento da química orgânica, os produtos sintéticos foram adquirindo primazia no tratamento farmacológico (Rates, 2001). Hoje, os produtos naturais e seus derivados representam mais de 50% de todos os medicamentos de uso clínico no mundo e as plantas contribuem com cerca de 25% desse total (GuribFakim, 2006). O crescimento da procura de drogas vegetais, como recurso terapêutico, está relacionado a vários fatores, entre eles: a decepção com os resultados obtidos em tratamentos com a medicina convencional (por exemplo, efeitos colaterais, impossibilidade de cura, etc.); a consciência ecológica e a crença popular de que o natural é inofensivo; o fato de que grande parte da população não tem acesso aos medicamentos e a medicina institucionalizada; os efeitos indesejáveis e prejuízos causados pelo uso abusivo e/ou incorreto de medicamentos sintéticos (Rates, 2001). 2.1.2. Plantas Medicinais e Fitoterápicos Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), planta medicinal é toda aquela, silvestre ou cultivada, que se utiliza como recurso para prevenir, aliviar, curar 19 ou modificar um processo fisiológico normal ou patológico, ou como fonte de fármacos e de seus precursores (Arias, 1999). As plantas medicinais são tradicionalmente usadas por populações de todos os continentes no controle de pragas e doenças (Lavabre, 1993). Existem evidências históricas de que as propriedades terapêuticas das plantas medicinais já eram conhecidas desde o período Neolítico (Bhattaram, et al., 2002). No Brasil, devido à riqueza da flora e aos conhecimentos indígenas e populares transmitidos através de gerações, inúmeras espécies medicinais foram identificadas, passando a ser úteis no tratamento de enfermidades (Arcoline, 2003). De acordo com a OMS cerca de 65% a 80% da população mundial ainda depende das plantas medicinais para suprir as suas necessidades básicas de saúde (Calixto, 2005). É nesse contexto social que as plantas medicinais adquirem importância como agentes terapêuticos e, por isso, seu uso, deve ser fundamentado em evidências experimentais comprobatórias de que os riscos, da sua utilização, são suplantados pelos benefícios. Entretanto, vale ressaltar que a planta medicinal é um xenobiótico, isto é, um elemento estranho ao organismo humano e como tal, os produtos de sua biotransformação são potencialmente tóxicos e assim devem ser encarados até que se prove o contrário (Simões et al., 2004). De acordo com Rates (2001) planta medicinal não é fitoterápico! A legislação brasileira define fitoterápico como um “medicamento obtido por processos tecnologicamente adequados, empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais”. É caracterizado pelo reconhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança são validadas através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem associações destas com extratos vegetais (Brasil, 2004). No Brasil, os fitoterápicos são registrados como medicamentos e as companhias farmacêuticas necessitam provar a segurança, qualidade e eficácia baseadas em informações científicas. A recente integração entre iniciativa privada, 20 institutos de pesquisas e universidades reforçou as pesquisas que passaram a receber maiores suportes do governo federal. Como resultado de tais esforços o Acheflan, primeiro fitoterápico totalmente desenvolvido no Brasil, foi aprovado pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). É um anti-inflamatório desenvolvido a partir da planta medicinal Cordia verbenacea DC (Boraginaceae) e produzido pelo Aché Laboratórios. Em conseqüência dessa integração outras companhias farmacêuticas brasileiras atualmente estão interessadas por esse mercado (Calixto, 2005). O mercado mundial de fitoterápicos atinge cerca de 40 bilhões de dólares/ano (Alves, 2005). Se a este valor for somada a economia informal da utilização popular de plantas medicinais, nos países subdesenvolvidos e desenvolvidos, o total alcança a ordem de centenas de bilhões de dólares/ano (Garcia, 2002). O Brasil tem pelo menos três razões para disputar um mercado tão promissor: a sua própria história, a sua biodiversidade e a capacidade técnicocientífica de seus pesquisadores. Apesar disso, somente 15% a 17% das plantas medicinais brasileiras foram estudadas quanto ao seu potencial terapêutico (Simões et al., 2004). De acordo com Yunes et al., (2001) três fatores precisam ser corrigidos para o desenvolvimento da indústria de fitoterápicos no Brasil: (i) a falta de uma política definida, permanente e comprometida com o desenvolvimento da indústria farmacêutica; (ii) a falta de uma integração de fato entre as várias áreas de conhecimento (química, farmacologia, botânica, bioquímica e tecnologia farmacêutica) envolvidas no processo de produção de fitoderivados; (iii) o interesse da maioria das empresas que compõem a industria nacional de fitoterápicos no lucro rápido e não no desenvolvimento de competitividade em nível internacional. 21 2.1.3. Fitoterapia O tratamento de enfermidades utilizando, exclusivamente, matériasprimas vegetais é chamado de fitoterapia (Oliveira 1998). A integração da fitoterapia na medicina científica somente ocorrerá se estes produtos atenderem aos critérios de eficácia, segurança e qualidade exigidos para medicamentos convencionais. A fitoterapia racional é um método alopático de tratamento médico baseado em evidências científicas e fundamentalmente diferentes dos conceitos tradicionais (Alves, 2005). Os grandes laboratórios e as universidades passaram a isolar e sintetizar substâncias (princípio ativo) retiradas de plantas, do uso popular, para produzir novos fármacos. Mais vale ressaltar que cada planta é constituída de inúmeros princípios ativos que agem em sinergia, ou seja, o resultado do conjunto é mais potente e com menos efeitos colaterais que cada princípio ativo isolado. Assim, os tratamentos fitoterápicos têm demonstrado cada vez mais a sua eficácia, embora, como qualquer outro tipo de tratamento, requer antes um diagnóstico correto da doença para que a planta utilizada seja realmente eficaz (Arcoline, 2003). 2.1.4. Óleos Essenciais A utilização do óleo essencial como agente medicinal é conhecida desde épocas remotas. Há seis mil anos, os egípcios o utilizavam em práticas religiosas associada à cura de males, por meio do aroma. As substâncias aromáticas também eram populares na antiga China e Índia, antes da era cristã, na produção de incensos, porções e vários tipos de acessórios utilizados diretamente no corpo (Tyrrel, 1990). O primeiro escrito relatando a destilação do óleo essencial é atribuído a Villanova (1235-1311), um físico catalão. A destilação, como método de obtenção do óleo, foi inicialmente usada no Egito, Índia e Pérsia há 2000 anos e melhorada no 22 século IX pelos árabes. Por volta do século XIII os óleos essenciais foram feitos em farmácias e suas propriedades farmacêuticas foram escritas em farmacopéias (Burt, 2004). O termo óleo essencial deriva da palavra Quinta essentia formulada pelo médico suíço Paracelsus Von Hohenheim, século XVI, para nomear um componente de uma droga (Burt, 2004). Os óleos essenciais (OEs) são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, geralmente odoríficas e líquidas. Recebem a nomenclatura mais abrangente de óleos voláteis, diferindo dos óleos fixos (misturas de substâncias lipídicas) obtidos geralmente de sementes. Ainda podem ser denominados óleos etéreos (devido à sua solubilidade em solventes apolares, como os éteres), ou simplesmente essências, pois a maioria possui aroma agradável e intenso (Simões et al., 2004). Diferentes partes de uma planta (flores, brotos, sementes, folhas, caules, frutos, raízes e madeira) são usadas para extrair o OE. São vários os processos para obtenção do óleo: prensagem, fermentação, enfloração, extração e destilação por arraste em vapor d’água, sendo o último o método mais usado para produção de OEs (Burt, 2004). O OE obtido de diferentes órgãos de uma mesma planta pode apresentar composição química, caracteres físico-químicos e odores bem distintos. Cabe lembrar que a composição química de um OE, pode variar significativamente, de acordo com a época de coleta, condições climáticas e de solo (Simões et al., 2004). Os OEs possuem uma variedade de compostos químicos que variam desde terpenos, sesquiterpenos, fenóis, álcoois, ésteres, aldeídos, cetonas, até compostos nitrogenados e sulfurados (Lavabre, 1992). Devido a sua complexa composição, os OEs têm exibido uma variedade de propriedades terapêuticas como bactericida (Moon et al., 2006; Celiktas et al., 2005; Pessoa et al., 2005; Opalchenova e Obreshkova, 2003; Nakamura, 1999), fungicida (Cakir et al., 2005; Sheng-Yang et al., 2005), antiviral (Sinico et al., 2005; Allahverdiyev et al., 2004), antioxidante (Tepe et al., 2005; Ricci et al., 2005), analgésica, antiflamatória, antiespamódica (Leal-Cardoso e Fonteles, 1999), antinoceptivo (Araújo Pinho et al., 23 2005; Santos et al., 2005) além de larvicida (Dharmagadda et al., 2005; Cavalcanti et al., 2004) e inseticida (Calmasur et al., 2006; Pavela, 2005; Prajapati et al., 2005). 2.2. A Planta Tagetes erecta L. 2.2.1. Considerações Botânicas sobre a Família Asteraceae A família Asteraceae é o grupo sistemático mais numeroso dentro das Angiospermas, compreendendo cerca de 1.100 gêneros e 25.000 espécies. São plantas de aspecto extremamente variado, incluindo principalmente pequenas ervas ou arbustos e raramente árvores. Cerca de 98% dos gêneros são constituídos por plantas de pequeno porte, e são encontradas em todos os tipos de habitats, principalmente, nas regiões tropicais montanhosas da América do Sul (Verdi et al., 2005) As plantas dessa família são extensivamente estudadas quanto a sua composição química e atividade biológica, sendo que algumas têm proporcionado o desenvolvimento de novos fármacos, inseticidas, entre outros (Verdi et al., 2005). 2.2.2. Considerações Botânicas sobre a Espécie Tagetes erecta L. O gênero Tagetes, família Asteraceae, contém mais de 50 espécies das quais T. patula, T. tenuifolia, T.lunata e T. erecta são as espécies anuais mais cultivadas como ornamentais em todo mundo. Estas quatro espécies já eram cultivadas no México há mais de dois milênios (Soule e Janick, 1996) e eram usadas como ornamento, em rituais e como planta medicinal (Nuttall, 1920). No Brasil, a espécie Tagetes erecta L. é conhecida popularmente por “cravo de defunto”. Nos países de língua inglesa, ela é denominada marigold e 24 african marigold. No México, na América Central e nos demais paises da América do Sul é conhecida como cempasuchi, amarillo e flor de muerto (www.semarnat.gob.mx/pfnm/TagetesErecta.html). A planta é uma erva ramosa, pode chegar até 1,50m de altura (Figura 1, p. 10), folhas opostas ou alternadas, profundamente dilaceradas e aromáticas. Apresenta capítulos grandes de pedúnculos intumescidos no ápice, solitários e multifloros. Aquênio linear multiestriado com sementes pretas. Há variedades de flores dobradas, grandes, até sete centímetros de diâmetro, cor amarela-citrino e amarelo-enxofre (Braga, 1976). 2.2.3. Potencial Uso da Planta O cravo de defunto é uma planta originária do México e suas propriedades terapêuticas são reconhecidas desde o tempo dos astecas. A parte aérea é indicada para dor de estômago, vômito, diarréia, gastrite e enfermidades do baço. As folhas quando cozidas ou em infusão são usadas no tratamento de ataques epiléticos, bronquite, dor de cabeça, febre e afecções hepáticas. É usada também como anti-espasmódico e anti-helmíntico (www.semarnat.gob.mx/pfnm/TagetesErecta.html). As flores cozidas são usadas externamente no tratamento de infecções da pele (Lopez et al., 2001). Foram verificadas atividades biológicas como inseticida (Macedo et al., 1997), larvicida (Pathak et al., 2000) e bactericida (Mae Sri Hartati et al., 1999). Recomenda-se o uso de T. erecta como cultura intercalada no combate aos fitonematóides, especialmente contra espécies de Pratylenchus e Meloidogyne. A xantofila extraída das flores é bastante utilizada como corante natural para alimentos e bebidas. O corante também é usado como suplemento alimentar para galinhas, visando intensificar a cor amarela na carne e gema dos ovos (Padma et al., 1997). Na índia extrai-se das pétalas a quercetagetin, empregada no tingimento da lã e seda (Braga, 1976). 25 Fonte: Márcia Marques Figura 1. A planta Tagetes erecta L. 26 2.2.4. Componentes Bioativos de T. erecta: ação antiviral A planta T. erecta possui compostos tiofênicos, α-tertenil, bitertenil e outras substâncias cíclicas sulfuradas (Padma et al., 1997). Segundo Hudson, 1989, os tiofenos mostrados na Figura 2a (p.12), são portadores de atividade antiviral contra Murine Cytomegalovirus (MCMV). Na Figura 2b (p.12) os tiofenos apresentados são ativos contra o Sindbis virus (SV). 2.3. Enterobacteriaceae: aspectos gerais As enterobacteriaceae (enterobactérias) constituem o grupo mais comum de bastonetes Gram-negativos, aeróbico ou anaeróbico facultativo. A família inclui numerosos gêneros, por exemplo, Escherichia, Shigella, Salmonela, Enterobacter, Klebsiella, Serratatia, Proteus, Morganella e outros (Brooks et al, 2000). Embora possa ser encontrada amplamente na natureza, a maioria habita os intestinos do homem e dos animais, seja como membro da microbiota normal ou como agente de infecção (Trabulsi et al., 1999). 2.3.1. Enterobactérias Estudadas nesta Dissertação 2.3.1.1. Escherichia O gênero Escherichia compreende as espécies: E. coli, E. blattae, E. fergusonii, E. hermanti e E.vulneris. Dentre elas, a Escherichia coli é uma espécie de grande importância prática (Trabulsi et al., 1999). 27 (a) (b) Figura 2. Tiofenos portadores Cytomegalovirus e (b) Sindbis virus. de atividade antiviral contra (a) Murine 28 A espécie E. coli é constituída por uma variedade relativamente grande de bactérias patogênicas, que podem causar infecções intestinais, urinárias, septicemias, meningites e outros tipos de infecções. Provavelmente nenhuma outra espécie bacteriana é tão versátil em sua patogenicidade como E. coli. Além se ser um patógeno importante, a E.coli é membro da flora intestinal normal do homem (e dos animais), sendo encontrada nas fezes de todos os indivíduos normais. Esta estreita associação representa a base do teste para verificar contaminação fecal da água e dos alimentos, tão usado em saúde pública (Brooks et al, 2000). 2.3.1.2. Klebsiella O gênero Klebsiella é subdividido em cinco espécies: K. pneumoniae, K. oxytoca (as mais importantes clinicamente), K. ornithinolytica, K. terrigena e K. planticola (Poschun et al., 2001). A espécie mais isolada é K. pneumoniae, também conhecida como bacilo de Frielander. É encontrada nas fezes de cerca de 30% dos indivíduos normais, na nasofaringe (Brooks et al, 2000) e no intestino (Trabulsi, 1998). É um dos poucos bacilos gram-negativos que causam pneumonia, principalmente em alcoólatras crônicos (Carpenter, 1990). A bactéria K. pneumoniae é responsável por cerca de 10% das infecções hospitalares (Trabulsi, 1998) e, é considerada um grave problema para crianças prematuras em unidades pediátricas, estando envolvida em septicemia neonatal (Carpenter, 1990). 2.3.1.3. Enterobacter Duas espécies predominam sobre todas as demais como causa de infecções em humanos, a Enterobacter cloaceae e Enterobacter aerogenes (Trabulsi e Alterthum, 2004). O papel desempenhado por estas espécies no processo infeccioso, deve ser avaliado clínica e bacteriologicamente (Trabulsi, 29 1998). Uma característica importante das duas espécies é a capacidade de contaminar equipamentos médicos e soluções para uso parental (Trabulsi e Alterthum, 2004). Em decorrência da aplicação endovenosa de líquidos contaminados têm sido descrito vários casos de bacteremia (Trabulsi, 1998). 2.3.1.4. Proteus Na nova classificação para as enterobactereaceae o gênero Proteus passou a incluir somente Proteus mirabilis e Proteus vulgares (Trabulsi, 1998). As espécies de Proteus provocam infecções em humanos apenas quando deixam o trato intestinal. Estes microorganismos são encontrados em infecções urinarias e produzem bacteremia, pneumonia e lesões focais em pacientes debilitados ou naqueles que recebem infusões intravenosas. Proteus mirabilis é uma espécie importante, principalmente, com relação a infecções urinárias adquiridas na comunidade e em hospitais (Brooks et al, 2000). 2.3.1.5. Serratia De três espécies encontradas de Serratia a S. marcescens é a mais freqüente, representando 95% das amostras de Serratia isoladas de espécimes clínicos (Trabulsi, 1998). Muitas infecções hospitalares com isolados deste gênero é causada pela S. marcescens que, como Enterobacter, costuma contaminar equipamentos médicos e soluções com baixo poder desinfetante. Serratia é um importante patógeno nosocomial que pode causar infecção urinária, bacteremias e infecções respiratórias (Trabulsi e Alterthum, 2004). É uma bactéria que pode também atingir a corrente sangüínea, e provocar sepse (Brooks et al, 2000). 30 2.3.1.6. Morganella São conhecidas duas subespécies de Morganella morganii, ambas envolvidas em infecções urinárias (Trabulsi e Alterthum, 2004) e quase sempre associadas à infecção hospitalar (Trabulsi, 1998). 2.3.2. Resistência Bacteriana Somente na primeira década do século XX a quimioterapia surge como ciência, embora o uso de drogas para o tratamento das doenças infecciosas seja conhecido desde o século XVII (Brooks et al., 2000). No ano de 1920, Alexander Fleming descobriu o primeiro antibiótico, a penicilina, a partir do fungo Penicillium notatum. Essa descoberta permitiu o desenvolvimento de outros compostos antimicrobianos produzidos por organismos vivos (Madigan et al., 2000). A essência da quimioterapia antimicrobiana é a toxicidade seletiva, matar ou inibir o microrganismo afetando minimamente o hospedeiro (Brooks et al, 2000). Os antibióticos e os quimioterápicos interferem em diferentes mecanismos da célula bacteriana, causando a morte (bactericidas) ou somente inibindo o seu crescimento (bacteriostáticos). A ação dos antibacterianos na célula bacteriana pode ocorrer em nível de parede, membrana citoplasmática, síntese de proteínas e síntese de ácidos nucléicos (Trabulsi e Alterthum, 2004). O desenvolvimento de agentes quimioterápicos teve impacto na medicina clínica mais do que qualquer outra descoberta (Madigan et al., 2000). Nas últimas décadas, observa-se um aumento da resistência bacteriana a agentes antimicrobianos, constituindo um sério problema para o tratamento de doenças infecciosas (Wright, 2000). A ocorrência de cepas resistentes é uma situação agravante para a saúde pública e responsável por milhões de mortes no mundo todo, principalmente nas infecções hospitalares (Ahmad e Beg, 2001). 31 Os mecanismos de resistência bacteriana são complexos e variados, e ainda não são completamente conhecidos (Koneman et al., 2001). A maioria dos microrganismos resistentes surge em decorrência de alterações genéticas e processos subseqüentes de seleção pelos agentes antimicrobianos. Existem mecanismos distintos pelos quais os microorganismos podem exibir resistência a fármacos: I. Os microorganismos produzem enzimas que destroem o fármaco ativo; II. Os microorganismos diminuem sua permeabilidade ao fármaco; III. Os microorganismos desenvolvem um alvo estrutural alterado para o fármaco com diminuição da afinidade IV. Os microorganismos desenvolvem uma via metabólica alterada, bypass, que se desvia da reação inibitória pelo fármaco; V. Os microorganismos elaboram uma enzima alterada que ainda tem a capacidade de desempenhar a sua função metabólica, mas que é bem menos afetada pelo fármaco (Brooks et al., 2000). A resistência microbiana vem crescendo e a perspectiva para o uso de drogas antimicrobianas no futuro ainda é incerto. Então devem ser praticadas ações para reduzir esse problema, por exemplo, controlar o uso indiscriminado dos antibióticos, desenvolver pesquisas para entender melhor os mecanismos genéticos da resistência e incentivar o desenvolvimento de novas drogas sintéticas ou naturais (Nascimento et al., 2000). Assim, as plantas, muitas delas já com ação comprovada, surgem como uma alternativa na produção de novos agentes antimicrobianos. 2.4. Óleos Essenciais com Atividade Antibacteriana Os óleos essenciais são considerados um dos mais importantes agentes antimicrobianos presentes em plantas (Cowan, 1999). Muitos autores têm demonstrado as propriedades antimicrobianas de óleos essenciais: 32 • Delamare et al., (2005) relataram a atividade bactericida e bacteriostática do óleo essencial de duas espécies do gênero Salvia, Salvia officinalis e Salvia triloba, contra Bacillus cereus, Bacillus megatherium, Bacillus subtilis, Aeromonas hydrophila, Aeromonas sobria e Krebsiella oxytoca. As espécies foram cultivadas no sul do Brasil. • Foi demonstrada a atividade antimicrobiana do extrato metanólico e do óleo essencial de Rosmarinus officinalis de três diferentes regiões em diferentes intervalos de tempo. Os resultados indicaram que as bactérias testadas (S. aureus, S. epidermidis, P. vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, K. peneumonia, Enterococcus. fecalis, Escherichia coli, B. subtilus e Candida albicans) foram mais sensíveis ao óleo essencial e parcialmente ao extrato. Foi observado que a ação bacteriana do óleo depende da localização e variação sazonal (Celiktas et al., 2005). • O óleo essencial de Oliveria decumbens apresentou atividade contra as bactérias Gram positivas (S. epidermis, S. aureus e B. cereus), Gram negativas (E. coli, P. aeruginosa e S. marcenscens) e os fungos (A. niger e C.albicans). Os componentes majoritários do óleo foram o timol (47,06%) e o carvacrol (23,31%) (Amin et al., 2005). • Foi avaliado o efeito antimicrobiano do óleo essencial de Lippia aff. Gracillis.. O óleo essencial foi efetivo frente a todas as bactérias testadas no estudo com exceção a Pseudomonas aeruginosa. A ação antimicrobiana e anti-séptica do óleo pode ser considerada devido à presença do carvacrol (Pessoa et al., 2005). • Nakamura et al., (1999) demonstraram o efeito inibitório do óleo essencial de Ocimum gratissium L. frente a P. mirabilis, Klebsiella sp., E. coli, Salmonella enteritidis, S. aureus e Shigella flexineri, mas não 33 apresentou inibição contra Pseudomonas aeruginosa. Foi atribuída a atividade antibacteriana ao eugenol. 2.5. Dengue: considerações gerais Dengue é uma doença virótica febril e aguda, que freqüentemente se apresenta com dores de cabeça, dores nos ossos ou articulações e nos músculos, erupção cutânea e leucopenia como sintomas (OMS, 2001). A doença pode se manifestar de forma assintomática, benigna (Dengue clássico), podendo agravar-se para suas formas mais severas: Dengue Hemorrágico (DH) e Síndrome do Choque do Dengue (SCD) (Santos et. al., 2002; Parida et. al., 2001). A DH é caracterizada por quatro principais manifestações clínicas: febre alta, fenômeno hemorrágico geralmente com hepatomegalia e, nos casos mais graves, sinais de insuficiência circulatória. Tais pacientes podem desenvolver um choque hipovolêmico, resultante do extravasamento de plasma, esse quadro é denominado SCD e pode ser fatal (OMS, 2001). 2.5.1. Vírus (O vírus causador do Dengue é um arbovírus arthropod-borne viruses), cuja transmissão se dá através da picada de um vetor artrópode (Tortora et al., 2002). Pertence ao gênero Flavivírus, família Flaviviridae (Halstead, 1988; Gubler, 1998). A partícula viral do Dengue (Figura 8, p. 25) tem muitas características em comum com outros Flavivírus, possui um genoma de RNA de filamento simples contido em um nucleocapsídeo isocaédrico de cerca de 30nm de diâmetro (Henchal e Putnak, 1990) envolvido em um envelope lipídico (Gritsun et al., 1995), com10nm de espessura onde se inserem proteínas de membrana e espículas glicoprotéicas, 34 tendo o vírus em sua totalidade um diâmetro entre 50 (Rosa et al., 1997) a 60nm (Figueiredo, 1991). O genoma deste vírus, de aproximadamente 11Kb (kilobases) de comprimento, codifica três genes de proteínas estruturais: nucleocapsídeo (C), proteína associada à membrana (M) e uma proteína de envelope (E) e sete genes de proteínas não estruturais (NS) (OMS, 2001). Atualmente são descritas quatro linhagens antigênicas para o Dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, todas capazes de promover o Dengue clássico e o Dengue hemorrágico (Gubler, 1998; Rigau-Perez et al., 1998; Barbosa, 1999). Os mesmos possuem diversos genótipos, que diferenciam entre si por variações na seqüência de nucleotídeos ao nível de genes da glicoproteína E e da junção dessa glicoproteína com a proteína NS-1 (Westaway , 1985). Anualmente, os vírus do Dengue são responsáveis por mais de 100 milhões de casos de Dengue clássico e 500 mil casos de Dengue hemorrágico (De Paula e Fonseca, 2004). 2.5.2. Transmissão do Vírus A transmissão dos vírus do Dengue aos humanos ocorre através da picada de mosquitos fêmeas do gênero Aedes (Figura 9, p.28), principalmente do Aedes aegypti (Gubler, 2004), por meio de um repasto de sangue infectado. No mosquito, o vírus precisa de 8-12 dias de incubação, período extrínseco, a partir de então, o mosquito é capaz de transmitir a doença por toda a sua vida (OMS, 2001). Machos e fêmeas dessa espécie alimentam-se de néctar e sucos vegetais, mas depois do acasalamento a fêmea precisa de sangue para a maturação dos ovos. E é nessa hora que ela é capaz de transmitir o vírus do Dengue ao homem (transmissão horizontal) ou pode passar à próxima geração de mosquitos (transmissão transovariana ou vertical (www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/dengue). 35 Fonte: Cell v.108, n.5, p.717-725, 2002. Figura 3. Partícula viral do Dengue. 36 2.5.2.1. Vetores O Dengue e a Febre amarela são infecções causadas por flavivírus (Figueiredo, 2000) e transmitidas pelo mesmo mosquito o Aedes aegypti (Gubler, 2004), o principal vetor do Dengue em áreas urbanas (Gubler, 1998), principalmente em estações chuvosas e quentes (Rosa et al., 1997), e é uma espécie de mosquito tropical e subtropical encontrado no mundo inteiro (OMS, 2001). Possivelmente o Dengue foi uma virose de mosquitos em ciclos silvestres antes de se adaptar a primatas e humanos. A provável origem africana do Aedes aegypti tem sido reforçada pela presença de numerosas espécies do gênero flavivírus, tanto na Etiópia como em regiões orientais africanas. O vetor se adaptou à ecologia peridoméstica de pequenas vilas antes do tráfico de escravos (Donalísio e Glasser, 2002). Sabe-se que além do A. aegypti, existe a participação de outros insetos da família Culicidae e do gênero Aedes, no processo de transmissão do vírus (Rosa et al., 1997). Dentre os potenciais vetores secundários destacam-se alguns mosquitos do subgênero Stegomya: A. scutellaris, A. leutrocephalus, A. albopicus e A. polynesiensis. Cada uma dessas espécies tem sua própria distribuição geográfica, no entanto, elas são vetores menos eficientes que o A. aegypti (OMS, 2001). No entanto, os principais mosquitos transmissores do Dengue são o Aedes aegypti e Aedes albopictus, estes, são endêmicos em muitas áreas onde estão presentes (Lanciotti et al., 1992). No Brasil, há registro de apenas um surto de dengue atribuído ao Aedes albopictus (Serufo et al., 1993). O Aedes aegypti teve papel importante na re-emergência das infecções causadas pelos vírus do Dengue em suas diversas formas clínicas. Essa virose tornou-se um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo. Cerca de 3,5 bilhões de pessoas vivem expostas a esse mosquito na faixa cosmotropical, constituindo um grande desafio para os serviços de saúde (Martins e Silva, 2004) devido à inexistência, até o momento, de uma vacina eficaz para o uso preventivo ou curativo do Dengue. 37 acidentes/dengue. Figura 4. Mosquito do Aedes aegypti 38 2.5.3. Controle do Vetor O A. aegypti não é nativo das Américas, tendo sido introduzido no Brasil provavelmente no início do século XIX. Tendo encontrado um meio ambiente adequado à sua sobrevivência e reprodução, se expandiu geograficamente por todo país e aumentou a sua população. Foi erradicado do país em 1957, reintroduzido em 1967 e novamente eliminado em 1973, e finalmente reintroduzido para iniciar a reocupação de seu antigo habitat em 1976 (Penna, 2003). A organização atual do espaço dos grandes centros urbanos e a situação da população de mosquitos no país levou à conclusão de que a erradicação do A. aegypti não é mais viável. O Ministério da Saúde passou então a recomendar o controle e não mais a erradicação. Controle significa a redução permanente da densidade vetorial. Para dimensionar o impacto das medidas de controle e orientar ajustes das ações prescritas pelos programas para controle de vetores e epidemias, é fundamental que sejam realizadas, periodicamente, atividades de vigilância entomológica (Penna, 2003). Nas últimas décadas, vem sendo recomendado o controle integrado do A. aegypti com implementação descentralizada, envolvendo o poder público e a sociedade. Esse tipo de estratégia teria maior sustentabilidade que aquelas verticais centralizadas e baseadas em um único método. No controle integrado do mosquito, as medidas preventivas são direcionadas, principalmente, aos criadouros, constituindo-se de ações simples e eficazes, especialmente aquelas que consistem em cuidados a serem adotados pela população (Donalísio e Glasser, 2002). 2.5.3.1. Controle Biológico Entre as medidas de controle biológico, os predadores do tipo peixes larvófagos são os mais recomendados por sua fácil obtenção e manutenção, especialmente, para bebedouros de grandes animais, fossos de elevador de obras, 39 espelhos d'água/fontes ornamentais, piscinas abandonadas e depósitos de água não potável. Predadores como os copépodos também vêm sendo utilizados por alguns programas e culicídeos não hematófagos do gênero Toxorhinchites não têm mostrado fácil aplicabilidade. As bactérias do tipo Bacillus thuringiensis israelensis (BTI) e o Bacillus sphaericus são específicos para o controle de larvas de culicídeos, sendo que o primeiro apresenta melhores resultados contra o Aedes aegypti. Sua ação tóxica é causada por uma toxina presente no corpo paraesporal do bacilo. O Bti vem sendo utilizado no Brasil em substituição ao temephos em regiões onde foi detectada resistência do Aedes aegypti a esse organofosforado. Hormônios miméticos (reguladores de crescimento sintéticos) têm mostrado bons resultados para controle de larvas de culicídeos. Atualmente, estão disponíveis no mercado formulações de methoprene, diflubenzuron, pyripropixyfen e triflumuron, sendo que para o Aedes aegypti, o primeiro é o mais utilizado. A incorporação do seu uso em programas de controle desse vetor exige adequação na metodologia de vigilância entomológica para estimar indicadores de densidade larvária (Donalísio e Glasser, 2002). 2.5.3.2. Controle Físico Além das medidas físicas preconizadas pelos programas de controle de vetores, outras ainda pouco utilizadas poderiam solucionar algumas problemáticas específicas, tais como a aplicação de produto que forma película monomolecular sobre a superfície da água e a utilização de água quente. Para Aedes aegypti, temperaturas de 49º C são suficientes para matar os ovos em menos de 2 minutos e larvas e pupas em 5 minutos. Esses métodos precisam ser mais bem estudados para a sua adequação. (Donalísio e Glasser, 2002). 40 2.5.3.3. Controle Químico Os agentes químicos têm sido usados para controlar o A. aegypti desde o começo do século. Nas primeiras campanhas contra a febre amarela em Cuba e no Panamá, junto com amplas campanhas de limpeza, os hábitats larvários do Aedes eram tratados com óleo e as casas eram limpas com piretrinas. Quando as propriedades inseticidas do DDT foram descobertas na década de 40, esse composto tornou-se o principal método dos programas de erradicação do A. Aegypti nas Américas. Quando surgiu uma resistência ao DDT no inóicio dos anos 60, os inseticidas organofosforados, incluindo o fention, o malation, o fenitrotion, e temephos, foram usados para o controle do mosquito. Os métodos correntes de aplicação de inseticida incluem a aplicação larvicida, o tratamento perifocal e a pulverização ambiental (OMS, 2001). O controle larvicida ou “focal” do A. aegypti é geralmente limitado aos recipientes de uso domiciliar que não podem ser eliminados. Dois larvicidas podem ser usados para tratar os recipientes que contenham água potável: grânulos de areia temephos a 1% e metropene, regulador do crescimento do inseto na forma de briquetes. Todos esses larvicidas apresentam uma toxicidade extremamente baixa aos mamíferos e a água potável (OMS, 2001). O tratamento perifocal envolve o uso de pulverizadores manuais ou elétricos para a aplicação de formulações de inseticidas em pó hidrossolúvel ou em concentrados emulsivos para a pulverização dos larvários e das áreas periféricas. Esse procedimento destrói as existentes e subseqüentes infestações larvárias nos recipientes de água não potável, além de matar os mosquitos adultos que freqüentam esses locais. Os inseticidas corretemente usados no tratamento perifocal são o malation, o fenitrotion, o fention e alguns pirretroides (OMS, 2001). A pulverização ambiental é a disseminação de gotículas microscópicas de inseticida no ar para matar os mosquitos adultos e é usada em situação de emergência, quando um surto de dengue já está em andamento. Geralmente, são usadas duas formas de pulverização ambiental para o controle do A. aegypti: a 41 neblina térmica e aerossóis (neblinas quentes) e névoa de volume ultra baixo (ULV). O malation, o fenitrotion, o fention e alguns pirretroides são utilizados nas operações de neblina térmica. Os aerossóis e névoas de ULV envolvem a aplicação de uma pequena quantidade de inseticida líquido concentrado (OMS, 2001). 2.5.4. Resistência a Inseticidas Em uma população de mosquitos sob pressão de inseticidas, o desenvolvimento de resistência é um processo inevitável, que resulta do efeito seletivo de exposição a dosagens que matam os indivíduos suscetíveis, sobrevivendo os resistentes, que transferem essa capacidade a seus descendentes. Além dos vários mecanismos de resistência presentes nos insetos, que permitem sua sobrevivência após contato com o inseticida, há outra forma, chamada de comportamental, que define o processo de seleção de indivíduos com aptidão para evitar total ou parcialmente o contato com doses que resultariam letais (OMS, 1986). Os fatores envolvidos no processo de resistência podem ser agrupados em genéticos (genes que conferem resistência), biológicos (duração do ciclo biológico e dispersão) e operacionais (intensidade da exposição da população no tempo e espaço e nas várias fases do ciclo biológicos) (OMS, 1976). A experiência na utilização de inseticidas orgânicos em repetidas aplicações para controle de mosquitos vem mostrando que a resistência a esses produtos tem surgido após um período de anos de uso contínuo. As atividades de controle têm requerido, então, o uso de novos inseticidas ou a sua substituição por métodos físicos e agentes biológicos, durante o maior período possível (ref). Medidas de manejo de resistência devem ser consideradas na construção das estratégias de controle de vetores (OMS, 1992) 42 2.5.5. Epidemiologia Vários surtos do Dengue já foram registrados no Brasil, entre os quais podemos citar: os do Estado de Roraima em 1981 e 1982, com infecção pelos sorotipos DENV-1 e DENV-4 (Travassos da Rosa et al., 1998); do Rio de Janeiro em 1986 e 1987 (Figueiredo et al., 1991); de São Paulo em 1980, 1987, 1990 e 1991 (Figueiredo et al., 1995; Figueiredo, 1999 e Nogueira etb al., 1995); Bahia (Nogueira et al., 1995); São Luís (Vasconcelos et al., 1999) (SESA-CE, 2001). O Estado do Ceará apresenta um histórico de casos de dengue desde 1986, com três grandes epidemias nos anos de 1987, 1994 e 2001 onde foram confirmados 22.519, 47.789 e. 34.390 casos, respectivamente (Figura 10, p. 35). O primeiro sorotipo DENV-1 foi isolado no ano de 1986. Em 1994 detectou-se a presença do sorotipo DENV-2 e em março de 2002 isolou-se o DENV-3. Com a circulação simultânea de três sorotipos, grande parte dos municípios infestados pelo Aedes aegypti, tem registrado um crescimento de casos graves da doença (SESACE, 2006). Destaca-se também o ano de 2005 com um elevado número de casos confirmados devido, provavelmente, a distribuição irregular das chuvas com maior dispersão do sorotipo DENV-3. Foram confirmados laboratorialmente 22.817, em 178 municípios. Em relação ao Dengue Hemorrágico foram confirmados 194 casos em vinte e oito municípios. Destes casos cento e setenta e cinco evoluíram para cura e dezenove foram a óbito (SESA-CE, 2006). Até o dia 24 de março de 2006 foram notificados 3.817 casos suspeitos de dengue em 124 municípios. Destes, 2.220 amostras foram negativos, 1.597 casos confirmados laboratorialmente, todas processadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN). Destacam-se os municípios de Fortaleza (284), Piquet Carneiro (143), Boa Viagem (130), Forquilha (76) e Cascavel (72). Em relação ao Dengue Hemorrágico foram confirmados seis casos, sendo um em Pacatuba, um em Crateús, um em Beberibe, um em Fortaleza, um em Guaiuba e, um em Horizonte (SESA-CE, 2006). 43 Figura 5. Número de casos e incidência do Dengue, no Ceará, de 1986 a 2006. 44 2.6. Óleos Essenciais e Componentes Isolados com Atividade Larvicida frente ao Aedes aegypti Entre as atividades dos programas de controle do Dengue, a redução dos criadouros de larvas é a chave para manter baixas densidades da população de Aedes aegypti, e assim reduzir os riscos de epidemia da doença (Vilarinho set al., 2003). Já existem citações na literatura cientifica sobre o uso de óleos essenciais no controle efetivo das larvas do mosquito A. aegypti. A seguir estão citados os trabalhos mais recentes: • Foram avaliadas as atividades larvicida, adulticida, ovicida e repelente do óleo essencial extraído de 10 plantas medicinais contra três espécies de mosquitos: Anopheles stephensi, Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus. O óleo essencial de Pimpinella anisum mostrou toxicidade contra larvas de quarto estágio de A. stephensi e A. aegypti com valores de LD95 de 115,7 µg/mL e para C. quinquefaciatus LD95 de149,7 µg/mL (Prajapati et al., 2005). • A atividade larvicida do óleo essencial de Tagetes patula foi testada contra larvas do Aedes aegypti, Anopheles stephensi e Culex quinquenfaciatus do quarto estágio. As larvas do A. aegypti (LC50 13,57 µg/mL; LC90 37,91 µg/mL) foram as mais susceptíveis seguido por A. stephensi (LC50 12.08 µg/mL; LC90 57,62 quinquenfaciatus (LC50 22,33 µg/mL; LC90 µg/mL) e Culex 71,89 µg/mL) (Dharmagadda et al., 2005). • Mendoça et al., (2005) avaliaram a atividade larvicida de extratos e óleos essencias de 17 plantas brasileiras contra larvas do mosquito Aedes aegypti. Os óleos de Anacardium occidentalis, Copaífera langsdorffii, Carapa guianensis, Cymbopogon winterianus e Ageratum conyzoides mostraram forte atividade larvicida com LC50 de 14,5, 41, 57, 98 e 148 µg/L, respectivamente. 45 • Foi demonstrado o potencial larvicida dos óleos essenciais de nove plantas do Nordeste brasileiro. Os resultados mostraram que o óleo de Ocimum americanum e Ocimum gratissimum tiveram LC50 de 67 ppm e 60 ppm, respectivamente. Os dados sugerem a utilização do óleo essencial destas duas espécies de Ocimum para o controle do vetor do Dengue (Cavalcante et al., 2004). • O óleo essencial de Lippia sidoides e seu constiuinte principal, o timol (Figura 11, p. 38) mostraram boa atividade em larvas do 3o estágio de A.aegypti (Carvalho et al., 2003). Componentes de óleos essenciais como E-nerolidol e E,E-farnesol, que são álcoois sesquiterpênicos; os fenilpropanóides aldeído cinâmico, eugenol e safrol e os monoterpenos β-pineno e α-pinene apresentaram bons resultados como larvicida contra A. aegipty (Simas et al., 2004). As estruturas destes compostos estão mostradas na Figura 12 (p.38). 46 Figura 6. Estrutura química do timol CH3 E CH3 E CH3 E H3C OH H3C H3C CH3 CH3 OH E,E-Farnesol E-Nerolidol OH O H α-Pineno Aldeído cinâmico O OCH3 O Eugenol Safrol β-Pineno Figura 7. Componentes de óleos essenciais com atividade larvicida contra Aedes aegypti. 47 2.7. Diagnóstico e Tratamento do Dengue O diagnóstico do Dengue depende de fatores clínicos e possível exposição ao vírus, como é o caso de pessoas residentes em áreas endêmicas ou que para lá viajam. Seu diagnóstico deve ser confirmado pelo fato das manifestações clínicas serem semelhantes a outras doenças, como aquelas causadas por outros arbovírus: Chikungunya, Sindbis, Ross RIver, entre outros. Consiste no isolamento viral, detecção do antígeno e detecção do ácido nucléico viral e sorologia para a pesquisa de anticorpos (Santos et al, 2002). Para o isolamento viral, o sangue é coletado nos primeiros três a cinco dias da doença. A inoculação pode ser feita através da injeção intratorácica em mosquito ou em culturas de células de mosquito Aedes albopictus (C6/36), Aedes pseudoscutellaris (AP-61) e Toxorhynchites amboinensis (TRA-284) seguida da identificação por imunofluorescência empregando anticorpos monoclonais tipoespecificos (Santos et al, 2002). O antígeno pode ser detectado no soro dos pacientes através de imunoensaios, mas esse método se aplica somente à infecção primária devido à interferência dos anticorpos heterólogos em infecções secundárias. A detecção do ácido nucléico viral é feita pela transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) tem sido aplicada no diagnóstico rápido da infecção (Santos et al, 2002). A sorologia para pesquisa de anticorpos pode ser feita pelos testes: Teste de neutralização, inibição da hemaglutinação, fixação de complemento, imunofluorescência e ensaio imunoenzimático (ELISA) (De Paula e Fonseca, 2004). Não há tratamento específico nem vacina disponível para o Dengue. Seu tratamento é baseado na sintomatologia da infecção, uma vez que não há ações antivirais específicas. Alguns pacientes, após a detecção de sinais indicadores da DH (dores abdominais intensas, vômitos persistentes e inquietação ou letargia), recorrem à terapia de reposição de fluidos e eletrólitos (OMS, 2001) 48 2.8. Plantas e Compostos Químicos Naturais com Atividade Antiviral contra o Dengue Alguns produtos naturais são potenciais candidatos ao controle do vírus do Dengue: • Galagtomanas sulfactadas demonstraram atividade antiviral contra o vírus da Febre amarela e do Dengue. Foram feitos testes in vitro, onde os compostos foram acessados em células C6/36 e in vivo em camundongos (Lucy et al., 2003). • Foram avaliados os efeitos antivirais, in vitro, de interferon, ribavirin, 6-azauridine e glicyrrhizina contra 11 flavivirus patogênicos ao homem, dentre os principais: dengue, encefalite japonesa e febre amarela. Estes compostos foram eficientes também nos testes in vivo (Jean et al., 2002). • Uma série nova de híbridos da galactama extraídos da alga vermelha Gymnogongrus torulosus, foi avaliada in vitro para suas propriedades contra o vírus do Herpes simples (HSV-2) e o vírus do dengue (DENV-2). Estes compostos foram muito ativos contra ambas as viroses (Pujol et al., 2002). • Foram estudados os possíveis efeitos antivirais de flavonóides extraídos das plantas mexicanas Tephrosia madrensis, Tephrosia viridiflora e Tephrosia crassifólia contra o vírus do Dengue. Glabranine e 7-O-methyl-glabranine isolados de espécies de Tephrosia exerceram um efeito dose-dependente in vitro (Sanchez et al., 2000). • Foi demonstrado em estudos, in vitro e in vivo, o potencial inibidor do extrato aquoso das folhas de neem (Azadirachta indica Juss) contra a replicação do vírus do Dengue (DENV-2), acessados em células C6/36 49 (células clonadas da larva de A.albopictus). O composto puro, Azadiractina, não revelou inibição na replicação do vírus em ambos os testes in vitro e in vivo (Parida et al., 2002). • Metabólitos isolados de invertebrados marinhos que previamente mostraram bioatividade contra o vírus do Herpes simples (HSV-1) ou o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), foram testados em um novo bioensaio in vitro usando o vírus DENV-1. Os compostos gimnocromo D e isogimnocrome D foram altamente potentes contra o vírus da Dengue (Laille et al., 1998). 50 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral Avaliar a ação antibacteriana e larvicida do óleo essencial de Tagetes erecta L e a ação antiviral do extrato hexânico da raíz. 3.2. Objetivos Específicos • Extrair e identificar os constituintes químicos do óleo essencial de Tagetes erecta; • Preparar o extrato hexânico da raíz de T. erecta e identificar os tiofenos por HPLC; • Avaliar a atividade antibacteriana, in vitro, do óleo essencial de T. erecta contra enterobactérias; • Testar a susceptibilidade das cepas bacterianas a antibióticos ativos contra enterobactérias; • Estabelecer a menor concentração do óleo essencial T. erecta que inibe o crescimento bacteriano; • Avaliar a atividade larvicida do óleo essencial de T.erecta frente às larvas do Aedes aegypti e determinar a CL 50 e CL 90 • Avaliar a atividade, in vitro, do extrato hexânico da raiz de T. erecta contra o vírus do Dengue; 51 4. METODOLOGIA 4.1. Materias 4.1.1. Material Vegetal A planta Tagetes erecta L., foi cultivada no horto de plantas medicinais do Departamento de Biologia da UECE e a coleta se realizou, aproximadamente, quatro meses após o plantio, durante o período da floração. Foi preparada uma exsicata e depositada no Herbário Prisco Bezerra do Departamento de Biologia da UFC, sob o número de registro 35649. 4.1.2. Microrganismos Testados Foram utilizadas cepas de: Klebsiella pneumoniae (ATCC 10031), Escherichia coli (ATCC 25922), provenientes da American Type Culture Coletion (ATCC), adquiridos na Fiocruz. As outras bactérias estudadas foram isoladas do Hospital Walter Cantidio da Universidade Federal do Ceará e fornecida pelo Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do Ceará: Klebsiella pneumoniae (1-9), Proteus mirabilis, Enterobacter cloaceae, Serratia liquefaciens II e Morganella morganii. 4.1.3. Ovos do Mosquito Aedes aegypti As cartelas de ovos do Aedes aegypti utilizadas neste experimento foram fornecidas pelo NUENDE (Núcleo de Controle de Endemias Transmissíveis por Vetores- Secretaria de Saúde do Estado do Ceará). 52 4.1.4. Antígeno Viral O sorotipo DENV-3 utilizado neste experimento foi isolado de amostras sanguíneas de pacientes infectados com o vírus do Dengue. A presença do vírus foi confirmada pelos testes de Imunofluorescência e RT-PCR (Reverse TranscriptasePolymerase Chain Reaction). Os testes foram realizados no Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN-CE). 4.1.5. Cultura de Células As células C6/36 (células clonadas da larva do A. albopictus) foram fornecidas pelo Instituto Evandro Chagas (Centro de Referência para Dengue no Brasil) e mantidas no laboratório em meio L15 (Leibovitz’s medium). 4.1.6. Reagentes Müeller-Hinton ágar (Acumedia) e Brain Heart Infusion (Acumedia) em caldo foram utilizados no preparo dos meios de cultura para os testes antimicrobianos. Os antibióticos Cefepime 30 µg (CPM), Aztreonam 30 µg (ATM), Amicacina 30 µg (AMI) e Ciprofloxacinaa 5 µg (CIP) foram utilizados para o teste de susceptibilidade das cepas em estudo. Para o preparo do meio L15 foi utilizado triptona, aminoácidos, L-glutamina e os antibióticos penicilina, estreptomicina e fungizon. 53 4.2. Métodos 4.2.1. Extração do Óleo Essencial de T. erecta A extração do óleo essencial da parte aérea de T.erecta foi feita a partir do material fresco, logo após sua coleta, através do método de destilação por arraste com vapor d’água em aparelho tipo Claevenger (Craveiro et al., 1976) (Fig. 13, p. 46). O óleo após tratamento com sulfato de sódio anidro, foi acondicionado em vidro fechado sem iluminação sob refrigeração até o momento da utilização conforme fluxograma 1 (p. 48). 4.2.2. Análise do Óleo Essencial de T. erecta A análise da composição química do óleo essencial foi feita em cromatógrafo de gás–líquido, acoplado a espectrômetro de massa (CGL/EM), equipado com coluna capilar de DB- 1 dimetil-polisiloxane com 30 m de comprimento e 0,25 mm de diâmetro interno. Foi mantido um fluxo de 1mL/min de hélio como gás de arraste; gradiente de aumento de 50-180 °C a 4 °C/min e 180-280 °C a 20 °C/min; temperatura do injetor de 250 °C. Os espectros de massa foram obtidos por impacto eletrônico de 70eV (Craveiro et al.,1984). Os constituintes químicos foram identificados a partir da indicação de estrutura proposta pela consulta a biblioteca do espectrômetro de massa pela ordem dos índices de Kovats (IK) e comparação visual dos espectros de massa com espectros registrados na literatura (Adams, 2001). Os espectros apresentados neste trabalho foram obtidos em aparelhos do Parque de Desenvolvimento Tecnológico do Ceará (PADETEC). 54 Fonte: Davi Magalhães Figura 8. Extrator convencional de óleo essencial. 55 4.2.3. Preparação do Extrato de Raiz de T. erecta As raízes de T. erecta foram trituradas mecanicamente e submetidas à extração com hexano à temperatura ambiente por uma semana. Em seguida, a solução resultante foi filtrada e o solvente evaporado em rotaevaporador para a obtenção do extrato hexânico (Fluxograma 2, p.48). 4.2.4. Caracterização dos Tiofenos do Extrato Hexânico de Raiz de T. erecta Os componentes tiofênicos, do extrato da raiz, foram caracterizados por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). O extrato hexânico foi passado numa coluna C18 e injetado no HPLC. As condições do aparelho foram descritas por Norton et al., (1985). Como padrão foi utilizado uma solução de 2, 2’:5’, 2”terthiophene (tertienil). 4.2.5. Atividade Antibacteriana, in vitro, do Óleo Essencial de T. erecta. O método utilizado foi o de difusão em agar (Sinclair e Dhingra, 1995 com modificações). Placas com Müeller-Hinton ágar, foram perfuradas assepticamente em pontos eqüidistantes, com o auxilio de um tubo de Duran (5 mm). Um swab de algodão estéril foi mergulhado na suspensão de microorganismos contendo 1 × 108 UFC/mL (comparável ao grau 0,5 da escala de MacFarland) e passado por toda a superfície da placa. Um volume de 20 µL foi retirado de uma solução de 2,5 mg do óleo essencial em 1 mL de DMSO e colocado nos poços (Celiktas et al., 2005). As placas foram incubadas a 37 °C por 24 horas, imediatamente, após esse período a leitura dos halos de inibição formados foi realizada com o auxílio de um paquímetro. Todos os testes foram realizados em triplicata 56 Fluxograma 1. Metodologia de extração do óleo essencial da parte aérea de T. erecta Parte aérea Extração do óleo essencial por arraste com vapor d’água Óleo e Água Separação Óleo + traço d’água Hidrolato Na2SO4 anidro Óleo essencial Análise por CG/EM Identificação e Quantificação Fluxograma 2. Metodologia para obtenção do extrato hexânico de raiz de T. erecta Raízes Percolação com hexano (1 semana) Evaporação do solvente Extrato hexânico Torta Descartada 57 Foram consideradas cepas susceptíveis aquelas que tiveram halo de inibição superior ou igual a 7 mm (Nascimento et al., 2000). Para determinar a MIC( concentração mínima inibitória) o método utilizado foi de macrodiluição em ágar. Foi pesado 100 mg do óleo essencial de T.erecta e diluído em 1% de DMSO. Em seguida, foi acrescentada água estéril. Logo após, a solução foi filtrada em membrana de millipoli® de 0,22 µm. Nesse teste foram feitas diluições sucessivas do óleo essencial, partindo da “concentração mãe” de 100 mg/mL. Em frascos estéries contendo, em cada, 24 mL de meio MH foram adicionados 1 mL das diluições, finalizando as seguintes concentrações: 4 .mg/mL (1:1), 2 mg/mL (1:2), 1 mg/mL (1:4), 0,5 mg/mL (1:16), 0,25 mg/mL (1:32), 0,125 mg/mL (1:64), 0,062 mg/mL (1:128), 0,031 mg/mL (1:256), 0,015 mg/mL (1:512), 0,007 mg/mL (1:1024), 0,004 mg/mL (1:2048), 0,002 mg/mL(1:4096), 0,0001 mg/mL (1:8192). Foram feitas placas das soluções acima contendo bactérias em suspensão salina na concentração de 1 × 108 UFC/mL. As bactérias foram repicadas com o auxílio de uma alça e as placas foram incubadas a 37 °C por 24 horas. O teste foi feito em triplicata. Para o controle negativo foi preparado uma placa contendo 25 mL do meio MH e a bactéria em suspensão, a fim de se confirmar o crescimento viável do microrganismo durante o teste. 4.2.6. Teste da Susceptibilidade das Cepas Bactérianas frente aos Antibióticos O método utilizado foi o de Kirby-Bauer, conhecido como método de difusão em disco. As placas de Petri, contendo meio MH são impregnadas com as bactérias em suspensão salina (1 × 108 UFC/mL.) com a ajuda de um swab. Disco estéril, dos diferentes antibióticos, foi depositado em pontos eqüidistantes sobre o 58 ágar, com o auxilio de uma pinça também estéril. As placas foram incubadas a 37 °C por 24 horas, imediatamente, após esse período foram feitas às leituras dos halos. O tamanho dos halos foi comparado com os da tabela aprovada internacionalmente pela NCCLS (2003). A medição foi realizada com o auxílio de um paquímetro. Todos os testes foram realizados em triplicata 4.2.7. Atividade Larvicida do Óleo de Tagetes erecta contra o Aedes aegypti Foram utilizadas concentrações de 40, 50, 60, 80, 100, 150 ppm do óleo essencial de T. erecta para avaliação da atividade larvicida. Uma “solução-mãe” (200 ppm) foi preparada dissolvendo-se 40 mg do óleo em 1 mL de DMSO, completando o volume com água até 200 mL. A partir dela foram obtidas as diversas concentrações através de diluições. Foi realizado controle negativo com DMSO e positivo com Temephos nas concentrações de 150 e 40 ppm, o experimento foi realizado em triplicata e para cada concentração foram utilizadas 25 larvas. A leitura das larvas mortas foi feita após 6, 12, 24,36 e 48 horas (Dharmagadda et al., 2005). 4.2.8. Atividade Antiviral, in vitro, do extrato hexânico de T. erecta. 4.2.8.1. Ensaio de Citotoxicidade Para o teste de citotoxicidade, as monocamadas de células C6/36 foram crescidas em tubos. Diluições de 2000, 1000, 500, 400, 300, 200, 100, 50 e 10 ppm do extrato hexânico de raiz de T. erecta foram acessadas às monocamadas de células. Os tubos foram incubados a 370C por 24 horas. Foi feito observações 59 durante oito dias, verificando mudanças na morfologia celular ou efeitos tóxicos visíveis (danos ou lise celular) através de microscópio invertido. 4.2.8.2. Determinação da Concentração Inibitória Mínima (MIC) Foram adicionados aos tubos com células C6/36 infectadas com vírus DENV-3, 10 µL das concentrações não citotoxicas do extrato hexânico de raiz de T. erecta. Através do ensaio de imunofluorescência foi avaliado o potencial inibitório do extrato contra a replicação do vírus do Dengue. A MIC foi considerada como mínima concentração de extrato que teve completa inativação da infectividade do vírus do DENV-3. 4.2.9. Análise Estatística A CL50 e CL90 das larvas do Aedes aegypti foi calculada através da equação da reta de regressão linear, que correlacionou à concentração do óleo essencial (ppm) com o número de larvas mortas. O coeficiente de correlação de Pearson e os erros padrões também foram calculados 60 5. RESULTADOS 5.1. Determinação Estrutural dos Constituintes Químicos do Óleo Essencial de T. erecta A análise da composição química do óleo essencial de T. erecta foi realizada utilizando-se cromatografia de gás-líquido acoplada a espectrometria de massa (CG/EM) (Figura 14, p 46.) e a identificação dos constituintes químicos foi realizada por interpretação do cronograma dos índices de Kovats (IK) e comparação visual dos espectros de massa com espectros registrados na literatura (Adams, 2001). A tabela 1 (p.47) sumariza os constituintes químicos identificados no óleo essencial de T. erecta. Foi possível identificar 21 compostos voláteis, referente aos picos mais intensos do cromatograma em um total de 91,6%. Destacam-se como majoritários a piperitona (43,3%) (Figura 22, p.50), isopulegilacetato (7,43%) (Figura 24, p.51) e mirtenol (7,25%) (Figura 20, p.49). Os espectros de massa e estruturas dos constituintes são mostrados nas figuras 15 a 32 (p.48 a 53). 61 Figura 9. Cromatografia de gás-líquido acoplada a espectrometria de massa do óleo essencial de T. erecta. 62 Tabela 1 – Constituintes químicos voláteis identificados no óleo essencial da parte aérea de T. erecta. CONSTITUINTES IK TR %OETE Limoneno 1029 9,48 4,17 β-(Z) ocimeno 1037 9,93 0,50 β-(E) ocimeno 1050 10,38 1,20 Terpinoleno 1089 12,08 2,50 Linalool 1097 12,82 0,48 Mirtenol 1196 15,00 7,25 Óxido de limoneno 1134 16,62 0,61 Piperitona 1253 21,12 3,30 E-anetol 1283 22,42 1,22 Isopulegilacetato 1281 23,06 7,43 Timol 1290 23,21 2,10 Piperitenona 1343 25,35 5,46 (E)-metil- eugenol 1401 28,79 1,09 Trans- β-cariofileno 1418 29,29 6,65 E(β)Farneceno 1459 31,40 2,03 Biciclogermacreno 1500 33,15 1,89 Nerolidol 1533 36,61 0,88 Espatulenol 1578 37,05 0,69 Oxido de Cariofileno 1583 37,24 0,65 48,91 0,38 51,63 1,02 Dióxido do limoneno Fiitol TOTAL 1943 91,6 Ik – índice Kovats obtidos na literatura (Adams, 2001); TR – Tempo de retenção; %OETE- Porcentagem dos constituintes químicos do óleo essencial de T. erecta. 63 Figura 10. Espectro de massa do Limoneno. Figura 11. Espectro de massa do Z-Ocimeno Figura 12. Espectro de massa do E-Ocimeno 64 Figura 13. Espectro de massa do Terpinoleno Figura 14. Espectro de massa do Linalol. Figura 15. Espectro de massa do Mirtenol. 65 Figura 16. Espectro de massa do Oxido de Limoneno. Figura 17. Espectro de massa da Piperitona. Figura 18. Espectro de massa do E-anetol 66 . Figura 19. Espectro de massa do Isopulegilacetato. Figura 20. Espectro de massa do Timol. Figura 21. Espectro de massa da Piperitenona. 67 OMe OMe Figura 22. Espectro de massa do Metil-eugenol. Figura 23. Espectro de massa do Trans-βcariofileno. Figura 24. Espectro de massa do E-β-Farnesene. 68 Figura 25. Espectro de massa do Biciclogermacrene. Figura 26. Espectro de massa do Nerolidol. Figura 27. Espectro de massa do Spatulenol 69 Figura 28. Espectro de massa do Oxido de cariofilenol Figura 29. Espectro de massa do Dióxido de limoneno. Figura 30. Espectro de massa do Fitol. 70 5.2. Análise por HPLC dos componentes do extrato hexânico da raíz de T. erecta. O extrato hexânico total foi passado numa coluna C18 e injetado no HPLC. O cromatograma mostrado na figura 33 (p.56) apresenta quatro picos. O constituinte químico representado no pico 1 foi identificado como tertienil por co-injeção de amostra autêntica adquirida da Sigma. Não foi possível identificar os demais constituintes. 5.3. Atividade Antibacteriana, in vitro, do Óleo Essencial de T. erecta A tabela 2 (p.57) apresenta os valores dos halos de inibição (mm) observados para o óleo essencial de T. erecta frente aos microrganismos Klebsiella pneumoniae (ATCC 10031), Escherichia coli (ATCC 25922), Klebsiella pneumoniae (1-9), Proteus mirabilis, Enterobacter cloaceae, Serratia liquefaciens II e Morganella morganii, após 24 horas de incubação a 37ºC. O experimento foi realizado em triplicata. 71 Figura 33. Cromatograma do extrato hexânico de T. erecta obtido no HPLC 72 Tabela 2. Resultado, das médias, dos halos de inibição (mm) da atividade antibacteriana do óleo de T.erecta . Microorganismos Halo de inibição (mm) Klebsiella pneumoniae (ATCC 10031) 18,6 Klebsiella pneumoniae (ACNE) 13,8 Klebsiella pneumoniae 1 12,6 Klebsiella pneumoniae 2 19,5 Klebsiella pneumoniae 3 13,6 Klebsiella pneumoniae 4 14,6 Klebsiella pneumoniae 5 17,5 Klebsiella pneumoniae 6 15,3 Klebsiella pneumoniae 7 24,0 Klebsiella pneumoniae 8 11,0 Klebsiella pneumoniae 9 18,8 Escherichia coli (ATCC 25922) 19,0 Proteus mirabilis 14,3 Enterobacter cloaceae 14,1 Serratia liquefaciens II 32,3 Morganela morganii 22,3 73 De acordo com os resultados obtidos o óleo essencial de T. erecta, por apresentar atividade contra todos os microrganismos testados, possui potencial antibacteriano na concentração de 2,5 mg/mL, mostrando zona de inibição superior a 7 mm (Figura 34, p. 59). Em relação à Serratia liquefaciens II, Klebsiella pneumoniae 7 e Morganela morganii, com halos de 32,3, 24,0 e 22,3 mm, respectivamente, o óleo essencial apresentou os maiores resultados de inibição. Entretanto, para Klebsiella pneumoniae 8 (11,0 mm), o óleo demonstrou a menor inibição. 5.4. Teste de Susceptibilidade das Cepas Bactériana frente aos Antibióticos Neste estudo, foi investigada a prevalência da resistência de membros da família Enterobacteriaceae, isolados clínicos e cepas padrões, frente a quatro tipos de antibióticos destinados ao tratamento desses microrganismos. A tabela 3 (p.60) mostra o tamanho dos halos de inibição padronizados pela NCCLS (2003) para cada tipo de antibiótico: cefepime, aztreonam, amicacina e ciprofloxacina. Os resultados da susceptibilidade das cepas bacterianas frente aos antibióticos estão apresentados na tabela 4 (p.60). O método usado foi o de difusão em disco. 74 Figura 34. O gráfico mostra os halos de inibição das bactérias, sendo susceptíveis ao óleo de T. erecta quando apresentam um halo superior a 7 mm. (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii. 75 Tabela 3. Resultados dos halos de inibição (mm) dos antibióticos, cefepime (CPM), aztreonam (ATM), amicacina (AMI) e ciprofloxacina (CIP), de acordo com NCCLS. ANTIBIOTICOS Resistente Intermediário Sensível COM ≤14 mm 15-17 mm ≥ 18 mm ATM ≤15 mm 16-21 mm ≥ 22 mm AMI ≤14 mm 15-16 mm ≥ 17 mm CIP ≤15 mm 16-20 mm ≥ 21 mm Tabela 4. Resultados dos halos de inibição (mm) dos antibióticos, cefepime, aztreonam, amicacina e ciprofloxacina, contra cepas bacterianas. Halos de inibição (mm) Bactérias K pneumoniae (ATCC 10031) K pneumoniae (ACNE) Klebsiella pneumoniae 1 Klebsiella pneumoniae 2 Klebsiella pneumoniae 3 Klebsiella pneumoniae 4 Klebsiella pneumoniae 5 Klebsiella pneumoniae 6 Klebsiella pneumoniae 7 Klebsiella pneumoniae 8 Klebsiella pneumoniae 9 Escherichia coli (ATCC 25922 Proteus mirabilis Enterobacter cloaceae Serratia liquefaciens II Morganela morganii CPM ATM AMI CIP 30,0 S 32,0 S 20,0 S 31,0 S 38,0 S 38,0 S 25,0 S 40,0 S 29,0 S 31,0 S 20,0 S 24,0 S 23,5 S 31,0 S 20,0 S 24,0 S 9,0 R 10,0 R 18,0 R 7,5 R 32,0 S 32,0 S 15,0 I (-) 15,0 I 20,5 I 33,0 S 14,0 R 14,0 R 10,0 R 12,0 R (-) 25,0 S 30,0 S 23,5 S 26,0 11,5 R 11,0 R 12,5 R (-) 31,5 S 33,5 S 22,2 S 28,6 S 40,0 S 40,0 S 29,0 S 40,0 S S 33,0 S 19,0 I 24,0 S (-) 34,0 S 36,0 S 22,0 S 34,0 S (-) (-) 13,0 R 14,0 R S sensível; I- intermediário; R- resistente; (-) não houve inibição 28,0 S 19,0 S 35,5 S 18,5 I 76 Cefepime (CPM); aztreonam (ATM); amicacina (AMI); ciprofloxacina (CIP) De acordo com a tabela 4 (p.60), três bactérias (Klebsiella pneumoniae 3, 6 e 8), isoladas de ambiente hospitalar, se mostraram resistentes a todos os antibióticos. Oitos cepas foram sensíveis a todos antibióticos, dentre elas: duas cepas padrões de Klebsiella pneumoniae (ATCC 10031), Klebsiella pneumoniae (ACNE) e uma de Escherichia coli (ATCC 25922). Dos isolados clínicos Klebsiella pneumoniae 1, 2, 7 e 9 e Enterobacter cloaceae apresentaram susceptibilidade. Cinco cepas mostraram ação variada diante dos diferentes antibióticos, as Klebsiella pneumoniae 4 e 5, Proteus mirabilis, Serratia liquefaciens II e Morganela morganii. A figura 35 (p. 62) mostra a percentagem de suscetibilidade dos vários microrganismos aos diferentes antibióticos. Com base nos resultados obtidos o Amicacina (AMI) é o mais potente para as enterobacterias desse estudo, com 75% dos microrganismos susceptíveis a ele. 37,5% das bactérias foram mais resistentes ao antibiótico Ciprofloxacina (CIP) que mostrou a menor ação inibitória. 77 Figura 35. O gráfico mostra a percentagem de enterobacteriacea susceptível; ( intermediário ( ) e resistente ( ) ) aos diferentes antibióticos: cefepime (CPM), aztreonam (ATM), amicacina (AMI) e ciprofloxacina (CIP). 78 5.5. Comparação entre a Ação Bacteriana do Óleo de T. erecta com a dos Antibióticos A figura 36 (p.65) representa uma comparação entre a susceptibilidade das bactérias ao óleo essencial de T.erecta e o antibiótico cefepime (CPM). A ação antibacteriana induzida pelo óleo essencial foi igual ao do CPM em oito bactérias: Klebsiella. pneumoniae (ATCC 10031), K. pneumoniae 2, 3, 5, 7, 8, 9 e Escherichia coli (ATCC 25922). Em cinco bactérias: K. pneumoniae (ACNE), K. pneumoniae 1, 4, Proteus mirabilis e Enterobacter cloaceae, a ção do óleo foi menor. Ação superior do óleo foi visto contra K. pneumoniae 6, Serratia liquefaciens II e Morganela morganii. Os dados pertencentes à comparação entre o potencial antimicrobiano do óleo essencial e do antibiótico aztreonam (ATM) contra as cepas bacterianas estão apresentados na figura 37 (p.66). O óleo teve ação igual em cinco cepas, das quais podemos citar: Klebsiella pneumoniae 3, 5 7, 8 e Morganela morganii. A ação induzida pelo óleo foi inferior ao ATM em nove bactérias: Klebsiella. pneumoniae (ATCC 10031), Klebsiella pneumoniae (ACNE), Klebsiella. pneumoniae 1, 2, 4 e 9, Escherichia coli (ATCC 25922), Proteus mirabilis e Enterobacter cloaceae. Ação superior do óleo foi observado em Klebsiella pneumoniae 6 e Serratia liquefaciens II. Os resultados da comparação entre a susceptibilidade das bactérias ao óleo essencial e do antibiótico Amicacina (AMI) estão mostrados na figura 38 (p.67). A ação antibacteriana induzida pelo óleo essencial foi igual ao da AMI em onze bactérias: Klebsiella. pneumoniae (ATCC 10031), K. pneumoniae 2, 3, 4, 5, 7, 8, e 9, Escherichia coli (ATCC 25922), Serratia liquefaciens II e Morganela morganii.. Em quatro bactérias: K. pneumoniae (ACNE), K. pneumoniae 1, Proteus mirabilis e Enterobacter cloaceae a ação do óleo foi menor. Ação superior do óleo foi visto contra K. pneumoniae 6, 79 A figura 39 (p.68) mostra a comparação entre o potencial antimicrobiano do óleo e do antibiótico ciprofloxacina (CIP) contra as cepas bacterianas. O óleo teve ação igual em tres cepas, das quais podemos citar: Klebsiella pneumoniae 3, 7, e Serratia liquefaciens II A ação induzida pelo óleo foi inferior ao CIP em sete bactérias: Klebsiella. pneumoniae (ATCC 10031), Klebsiella pneumoniae (ACNE), Klebsiella. pneumoniae 1, 2, e 9, Escherichia coli (ATCC 25922) e Enterobacter cloaceae. Ação superior do óleo foi observada com Klebsiella pneumoniae 4, 5, 6 e 8,. Morganela morganii e Proteus mirabilis 80 Figura 36. Estudo comparativo da suscetibilidade das cepas bacterianas frente ao óleo essencial de T. erecta ( ) e ao antibiótico cefepime ( ), avaliado pelo tamanho dos halos de inibição. (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii; S – sensível, R – resistente, I – Intermediário; (-) não houve inibição). 81 Figura 37. Estudo comparativo da suscetibilidade das cepas bacterianas frente ao óleo essencial de T. erecta ( ) e ao antibiótico Aztreonam ( ), avaliado pelo tamanho dos halos de inibição (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii; S – sensível, R – resistente, I – Intermediário, (-) não houve inibição). 82 Figura 38. Estudo comparativo da suscetibilidade das cepas bacterianas frente ao óleo essencial de T. erecta ( ) e ao antibiótico Amicacina ( ), avaliado pelo tamanho dos halos de inibição (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii; S – sensível, R – resistente, I – Intermediário, (-) não houve inibição). 83 Figura 39. Estudo comparativo da suscetibilidade das cepas bacterianas frente ao óleo essencial de T. erecta ( ) e ao antibiótico Amicacina ( ), avaliado pelo tamanho dos halos de inibição (Kp – Klebsiella pneumoniae; E.c – Escherichia coli; P.m – Proteus mirabilis; E.clo – Enterobacter cloaceae; S.l II – Serratia liquefacies; M.m – Morganela morganii; S – sensível, R – resistente, I – Intermediário, (-) não houve inibição). 84 5.6. Avaliação da Concentração Mínima Inibitória (MIC) Tabela 5. Determinação da concentração mínima inibitória do óleo essencial de T.erecta frente à Klebsiella pneumoniae 6 Concentração mínima inibitória (mg/mL) Bactéria 4 Klebsiella pneumoniae 6 2 - - 1 - 0,5 0,25 0,125 + + + 0,062 0,031 0,015 0,007 0,004 0,002 0,00 01 + + + + + + + (+) Houve crescimento bacteriano; (-) Não houve crescimento bacteriano Os resultados, expressos em média, para a concentração inibitória mínima (MIC) do óleo essencial de T.erecta estão dispostos na tabela acima. O MIC foi avaliado para a Klebsiella pneumoniae 6, pois essa cepa foi resistente a todos os antibióticos e o óleo se mostrou efetivo contra essa bactéria (Figura 40, p.70). Concentrações abaixo de 1 mg/mL do óleo essencial de T.erecta não inibiu o crescimento bacteriano de Klebsiella pneumoniae 6, na suspensão de microorganismos contendo 1 × 108 UFC/mL. Assim o MIC do óleo essencial foi de 1 mg/mL. 85 Figura 40. Halos de inibição (mm) do óleo essencial de T.erecta, contra a bactéria Klebsiella pneumoniae 6, obtido pelo método de difusão em agar. 86 5.7. Teste da Atividade Larvicida do óleo de Tagetes erecta contra o Aedes aegypti Os resultados do número de larvas mortas, expressos em médias, do Aedes aegypti com o aumento da concentração do óleo e com respectivos intervalos de tempo são apresentados na tabela 6 (p.71). Foi feito controle negativo com DMSO e positivo com o Temefos, utilizando a maior e menor concentração usada pelo óleo Para cada concentração foram utilizadas 25 larvas e.os testes foram realizados em triplicatas. Tabela 6. Atividade larvicida do óleo essencial de T. erecta contra larvas de terceiro estagio do Aedes aegypti Tempo Concentração do óleo (ppm)/ quantidade de larvas mortas 150 100 80 60 50 40 Controle positivo (ppm) 150 40 Controle negativo 150 6h 25 20 11 3 2 1 25 25 0 12 h 25 20 12 3 3 3 25 25 0 24 h 25 21 14 4 3 3 25 25 0 36 h 25 22 15 4 5 5 25 25 2 48 h 25 23 15 5 5 7 25 25 2 Controle positivo: Temephos Controle negativo: DMSO (ppm) Na concentração de 150ppm do óleo essencial houve 100% de mortalidade das larvas do Aedes Aegypti, fato observado também no controle positivo, o inseticida Temephos, que se mostrou efetivo também na concentração mais baixa (40 ppm). 87 Em detrimento da variável tempo (6, 12, 24, 36 e 48 horas de observação) não houve variação significativa do número de larvas mortas, fato observado em todas as concentrações (tabela 6). Em seis horas de experimento o óleo essencial T. erecta apresentou uma alta toxicidade contra as larvas em 150 ppm. A figura 41 (p.73) mostra o coeficiente de correlação e a equação da reta de regressão que correlacionou o número de larvas mortas com a concentração. Foi observada uma correlação positiva entre o aumento da concentração do óleo essencial e o numero de larvas mortas, ou seja, a relação da mortalidade foi diretamente proporcional à concentração do óleo. Os desvios padrões também foram calculados. O resultado das médias do numero de larvas mortas do A. aegypti, após 24 horas do experimento, nas diferentes concentrações foram utilizadas para o cálculo da equação de regressão, que possibilitou determinar a concentração letal de 50% e 90% (LC50 e LC90) mostrados na tabela 7 (p.72). Tabela 7. O efeito do óleo essencial de T. ereta contra larvas do A. aegypti após 24 h. Larvas de LC 50 LC 90 85,80 ppm 127,23 ppm Aedes aegypti LC50 = Concentração letal que mata 50 % da população de larvas. LC90 = Concentração letal que mata 90 % da população de larvas. Mortalidade 88 35 30 25 20 15 10 5 0 -5 0 y = 0,2293x - 6,6748 2 R = 0,8992 50 100 150 200 Concentração Figura 41. Reta de regressão obtida do número de larvas de Aedes aegypti mortas e as concentrações do óleo essencial de T.erecta após 24 h. (Equação da reta: y=0,2293x – 6,6748, sendo y o número de larvas mortas e x a concentração do óleo essencial de T.erecta; Coeficiente de correlação: R2=0,8992). 89 5.8. Atividade Antiviral in vitro 5.8.1. Ensaio de Citotoxicidade para T. erecta frente às Células C6/36 do Mosquito A. albopictus. Para o teste de citotoxicidade, as monocamadas de células C6/36 foram crescidas em tubos. Diluições de 10, 50, 100, 200, 300, 400, 500, 1000 e 2000 ppm do extrato das raízes de T.erecta foram acrescentadas às células. Foram feitas observações diárias verificando mudanças na morfologia celular ou efeitos tóxicos visíveis através de microscópio invertido. Os resultados demonstraram que o extrato da raiz de T. erecta nas concentrações de 1000 e 2000 ppm é tóxico para as células, apresentou lise celular, demais concentrações não apresentaram toxicidade. 5.8.2. Concentração Inibitória Mínima (MIC) do Extrato Hexânico de T.erecta Foi adicionado a tubos contendo células C6/36 infectadas com vírus DENV-3, o extrato da raiz de T. erecta em concentrações não tóxicas para as células, ou seja, 500, 400, 300, 200, 100, 50 e 10 ppm. A presença do vírus foi confirmada pelo ensaio de imunofluorescência. O extrato da raiz conseguiu inibição viral de 100% nas concentrações de 500 a 200 ppm, fato não observado para as outras concentrações (Figura 42, p.87). A MIC foi de 200 ppm, ou seja, a menor concentração que apresentou completa inativação do vírus, confirmado por imunofluorescência como mostra a figura 43, p.87 90 PV PV PV Figura 42. Ensaio de Imunofluorescência: replicação viral do sorotipo DENV-3 nas células C6/36 com 10 ppm do extrato de raiz de T. erecta (PV:presença do virus). AV AV 91 Figura 43. Ensaio de Imunofluorescência: 100% de inibição viral com a MIC (200 ppm) do extrato de raiz de T. erecta (AV: ausência de vírus) 6.DISCUSSÃO 6.1. Atividade Antibacteriana Os óleos essenciais são fontes potenciais de componentes antimicrobianos. O mecanismo de ação antibacteriana dos óleos essenciais tem usado uma metodologia comum, que ilustra os efeitos deletérios sobre a membrana celular, por exemplo, permeabilidade e força protomotiva (Ultee et al., 1999). Estudos demonstram que óleos essenciais com ação antibacteriana mostram-se mais ativos contra cepas Gram positivas do que Gram negativas (Delaquis et al., 2002; Mann et al., 2000), sugerindo que bactérias Gram negativas são mais tolerantes a ação do óleo por apresentarem uma membrana externa que poderia estar agindo como uma barreira impedindo a passagem das substâncias ativas presentes no óleo. Vale ressaltar que as cepas bacterianas avaliadas neste estudo são bacilos Gram negativos (enterobactérias) e o óleo essencial de T. erecta foi efetivo contra todas as cepas (Tabela2, p.57). O método usado no estudo para avaliar o potencial antibacteriano do óleo essencial foi o de difusão em ágar, que segundo Natarajan et al., (2005) é o método mais adequado para estudar a atividade antibacteriana de substâncias ativas presentes nos extratos. Pesquisas sobre o potencial antibacteriano do óleo essencial da espécie T. erecta são escassas na literatura científica. Podemos citar o estudo realizado por Grover et al., (1978) que demonstraram a atividade antibacteriana do óleo essencial das folhas de T. erecta contra bactérias Gram positivas (Bacillus subtilis e Bacillus anthracis). Posteriormente, Garg et al., (1986) confirmaram esses resultados, pois também testaram o óleo dessa mesma espécie frente as bactérias: Bacillus species, Sataphylococcus albus e Bacillus subtilis ATCC 6633. Ainda foi observado a ação do 92 óleo contra bactérias Gram negativas: Salmonella, Shigella, Vibrio, Xanthomonas e Escherichia coli ATCC 25922 e os resultados foram positivos. O óleo essencial utilizado nesses experimentos foram obtidos de folhas de T. erecta oriundas da Índia. Hartarti et al., (1999) testaram o óleo essencial das folhas de T. erecta, oriunda da Indonésia, contra bactérias Gram positivas e negativas. O óleo foi eficaz contra B. subtitilis ATCC 6633 e não teve ação contra E. coli ATCC 25922. O constituinte marjoritário desse óleo foi a piperitona. Resultado que se contrapõe diante do obtido neste experimento, tendo em vista que, as cepas bacterianas avaliadas são bacilos Gram negativos e entre elas a E. coli ATCC 25922 (Tabela 2, p.57), a mesma cepa utilizada por Hartarti. O óleo essencial de T. erecta, oriundo do Ceará, contém também a piperitone como principal constituinte. De acordo com Shahverdi et al., (2004) a piperitone é usada para aumentar a atividade antibacteriana de dois antibióticos, nitrofurano e furazolidone, contra isolados clínicos de enterobacterias. Segundo pesquisas o óleo essencial possue atividade antibacteriana maior que a mistura dos compostos marjoritários (Gill et al., 2002; Mourey e Cannillac, 2002), sugerindo que componentes minoritários podem ser críticos para a atividade antibacteriana do óleo. De acordo com os resultados da análise química do óleo essencial de T. erecta deste estudo, o timol, linalool, limoneno, β-cariofileno e piperitenon aparecem como componentes minoritários (Tabela 1, p.47) que possuem ação antibacteriana comprovada (Skocibusic et al., 2006; Oliveira et al., 2006; Ozturk e Ercisli, 2006). Esses compostos podem estar agindo em sinergismo com a piperitona e juntos são responsáveis pelo caráter antimicrobiano do óleo essencial de T. erecta oriundo do Ceará, o que pode explicar a diferença de ação do óleo essencial de espécies Tagetes. Muitas infecções do trato gastrointestinal e urinário são causadas por membros da família das Enterobacteriaceae. Infecções por cepas resistentes dessas bactérias podem ocasionar sérios problemas de saúde (Shahverdi, et al., 2004). Tal fato causa preocupação, por conta do grande número de pacientes debilitados em hospitais, com imunidade suprimida, que sujeitos a essas infecções podem vir a óbito (Nascimento, 2000). Segundo Brooks et al., (2000) o uso excessivo de agentes 93 antimicrobianos, particularmente em pacientes hospitalizados, leva a supressão de microrganismos sensíveis a fármacos na microbiota intestinal, favorecendo assim a persistência e o crescimento de bactérias resistentes, incluindo Enterobacter, Klebsiella, Proteus, Pseudomonas e Serratia. Neste estudo foi verificada a resistência das bactérias, isolados clínicos, Klebsiella pneumoniae 3, 6 e 8 aos quatro antibióticos: cefepina, aztreonam, amicacina e ciprofloxacina comumente utilizados para o tratamento das infecções (tabela 4, p.60). Este resultado não foi surpreendente, uma vez que, a resistência de Klebsiella a antibióticos já vem sendo conhecida e relatado por pesquisadores do mundo todo. O tratamento dessas bactérias tem se tornado difícil pela a existências de cepas carregando plásmidio, que codificam enzimas conhecidas como betalactamases, que conferem multiresistências as cepas. Essa situação tem aumentado e causado sérios problemas a níval mundial com taxas de incidência variando de 5% nos Estados Unidos (Seid e Astrat, 2005) e 16% na Europa (Pudschun et al., 1998). Os maiores índices tem sido observados em surtos epidêmicos hospitalares (Martinez-Martinez et al., 1996). No entanto, a bactéria K. peneumoniae 6 apresentou susceptibilidade ao óleo essencial de T. erecta, resultado bastante promissor, no que se refere, a resistência de Klebsiella a agentes antimicrobianos. Portanto, o óleo essencial de T. erecta surge como uma fonte natural farmacologicamente ativas, capaz de combater cepas resistentes de enterobactérias. As enterobactérias estão entre as bactérias mais comuns que provocam doenças, ao lado dos estafilococos e estreptococos (Brooks et al, 2000). Também tem papel importante nas diarréias e desinterias, especialmente na população infantil (Cáceres et al., 1993). Fato que torna os resultados obtidos encorajadores, quando se propuser o uso do óleo essencial como uma alternativa para o tratamento dessas infecções. É sabido que mais estudos são necessários antes de se usar o óleo essencial de T. erecta como recurso terapêutico no tratamento dessas infecções, uma vez que, se faz necessário o estudo da toxicidade dessa planta, experimento que ainda não é relatado na literatura cientifica. 6.2. Atividade Larvicida 94 Vários trabalhos procuram comprovar o potencial larvicida de diversos óleos essenciais, inclusive de espécies do gênero Tagetes. Pathak et al., (2000) demonstraram a suscetibilidade de larvas do A. aegypti ao óleo essencial das folhas de T. erecta, encontrando uma LC90 de 26 ppm. Dharmagadda et al., (2005), estudando a T. patula obtiveram uma LC50 de 13,57 e LC90 de 37,91 ppm, apresentando como constituintes majoritários: limoneno (13,6%), terpinoleno (11,2%), Z-β-ocimeno (8,3%) e E-cariofileno (8,0%). Já a T. erecta, utilizada neste experimento, mostrou valores de LC50 de 85,80 ppm e LC90 de 127,23 ppm (Tabela 7, p.72), apresentando a piperitona, isopulegilacetato e mirtenol como majoritários (Tabela 1, p.47 ). Mudança na atividade inseticida e composição química em espécies Tagetes é comum. Fatores como localização geográfica, parte da planta usada para extração, etapas de desenvolvimento da planta, solvente usado para extração, fotosensibilidade de alguns compostos no extrato e métodos usados para extração do óleo essencial, podem interferir na atividade do óleo essencial (Dharmagadda et al., 2005). O potencial larvicida dos óleos essenciais das espécies do gênero Tagetes pode ser atribuído à presença dos terpenóides, ou seja, quanto maior for a quantidade de terpenóides maior será a ação (Dharmagadda et al., 2005). Os terpenóides são caracterizados na literatura científica por apresentar uma forte atividade larvicida frente ao mosquito Aedes aegypti, como por exemplo, o fenil propanóide (http://www.sbq.org.br/ranteriores/23/resumos/0599-1/index.html). De acordo com os resultados mostrados na tabela 6 (p.71) o óleo essencial de T. erecta na concentração de 150 ppm apresentou a mesma ação do inseticida Temephos, com 100% de mortallidade das larvas do A. aegypti. As ações de vigilância desenvolvidas no Brasil, já mostram um quadro bastante preocupante de resistência do A. aegypti ao Temephos após um período continuo de uso (Donalísio e Glasser 2002). Em uma população de mosquitos sob pressão de inseticidas, o desenvolvimento de resistência é um processo inevitável, que resulta 95 do efeito seletivo de exposição a dosagens que matam os indivíduos suscetíveis, sobrevivendo os resistentes, que transferem essa capacidade a seus descendentes. Portanto, a busca de novos produtos, seguro ao meio ambiente, como alternativa estratégica de controle vetorial se faz necessário. A partir dos resultados sugerimos a utilização do óleo de T. erecta como uma alternativa natural contra o vetor do Dengue no estado do Ceará. 6.3. Atividade Antiviral As viroses, invariavelmente, ocupam posição de destaque como fator causador de doenças em humanos. O Dengue é hoje a mais importante arbovirose e constitui um sério problema de saúde pública no mundo, especialmente em regiões tropicais onde existem condições de meio ambiente favoráveis para o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor. A hiper-endemia em muitas regiões do mundo tem aumentado a ocorrência de formas mais severas como Dengue Hemorrágico (DHF) e a Síndrome do Choque do Dengue (DSS) (Poersch et al., 2004). O extrato hexânico de raíz de Tagetes erecta, oriunda do estado do Ceará, apresentou ação antiviral contra o DENV-3, atividade que provavelmente se deve à presença de tiofenos nas raízes, resultado confirmado através da análise por HPLC, mostrado na figura 33 (p. 56). Os tiofenos são portadores de atividade antiviral contra Murine Cytomegalovirus (MCMV) e Sindbis virus (SV) (Hudson, 1989). O extrato apresentou completa inativação do vírus nas concentrações de 200, 300, 400 e 500 ppm. Os medicamentos à base de plantas, os fitoterápicos, vêm ganhando um espaço cada vez maior no tratamento de diversas doenças em humanos, por apresentarem baixo custo, pouca toxicidade e facilidade de acesso (Nogueira et al., 1995). Até o presente momento não existe nenhum tratamento preventivo ou curativo do Dengue. Os programas de controle do inseto transmissor, através da aplicação de repelentes e larvicidas, têm melhorado bastante o quadro geral de 96 epidemias, no entanto, não é prática definitiva para controlar o surto no estado do Ceará. Portanto, a descoberta de um produto natural com atividade antiviral, possível fitoterápico, é um passo muito importante no combate a esta doença e uma economia para o estado. 7. CONCLUSÒES O estudo da constituição química do óleo essencial da parte aérea de Tagetes erecta L. permitiu a identificação de onze constituintes voláteis, sendo a piperitona o majoritário, além de terpenóides: Limoneno, Z-Ocimeno, E-Ocimeno e terpinoleno, entre outros. O extrato hexânico da raiz revelou a presença α-tertienil. As dezesseis cepas bacterianas usadas neste experimento mostraram-se susceptíveis ao óleo essencial de T. erecta (halo de inibição superior a 7 mm) na concentração de 2,5 mg/mL. Resultado que corrobora o potencial antibacteriano do óleo essencial de T. erecta contra enterobactérias, tendo em vista que, os antibióticos amicacina, aztreonam, cefepina e ciprofloxacina, comumente utilizados, são usados na forma pura. O óleo essencial de T. erecta apresentou também atividade contra as larvas do Aedes aegypti em seis horas. Na concentração de 150 ppm o óleo obteve ação similar ao do inseticida Temephos, despontando como um produto alternativo no combate ao Dengue. O extrato de raiz de T. erecta demonstrou uma ação antiviral contra o DENV-3. Este trabalho abre um caminho para a produção de um fitoterápico e assim, proporcionar uma alternativa de combate ao Dengue.. 97 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, R. P. Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/ Quadrupole Mass Spectrocopy. Allured Publishing Corporation, 2001. AHMAD, I.; BEG, A.Z. 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