Atuação da Psicologia junto ao/à paciente que vive com HIV/AIDS Daniele Trindade Mesquita¹; Mariana Barbosa Leite Sérgio Ferreira² A Aids ganhou notoriedade na década de 1980 com os chamados “grupos de risco”, constituídos em sua maioria por indivíduos do sexo masculino pertencentes às categorias de transmissão homossexuais/bissexuais/transgêneros; hemofílicos; profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis. Posteriormente, constatou-se uma mudança no perfil epidemiológico da doença, evidenciando processos de interiorização, feminização, heterossexualização e envelhecimento da epidemia, que trouxeram a necessidade de revisão do conceito, cunhando-se o termo “comportamento de risco”. Atualmente, trabalha-se com a noção de “vulnerabilidade”, que incorpora dimensões culturais, sociais e políticas, visto que os conceitos anteriormente adotados além de implicarem em processos culpabilizantes e discriminatórios mostraram-se insuficientes no entendimento da doença. No caso do HIV/Aids, embora com o passar dos anos tenha-se alcançado avanços do tratamento farmacológico - o que permite aos portadores um tempo de sobrevida maior e sem perdas significativas no bem-estar físico - muito menos tem sido alcançado na tentativa de superar o impacto do estigma e da discriminação nas vidas dos afetados pela doença. As maneiras de lidar com o adoecer estarão relacionadas com a forma com que cada um se subjetiva no mundo, com crenças e expectativas do paciente, experiências anteriores semelhantes à atual, o entendimento cultural da doença e sua rede de suporte social. As características intrínsecas à doença, como desenvolvimento e evolução dos sintomas, intensidade e frequência também são importantes quando consideramos a manutenção da saúde mental durante o processo de adoecer. No campo da saúde os psicólogos deparam-se frequentemente com pacientes que vivem com o vírus e as práticas destes profissionais explicitam as concepções a respeito da AIDS, bem como do processo de saúde-doença. Dessa forma, tornam-se necessárias discussões sobre as significações atribuídas ao HIV, de modo a possibilitar práticas mais humanizadas e contextualizadas. O/a psicólogo/a pode atuar no trabalho subjetivo e individualizado com o paciente, de forma a atenuar o sofrimento psíquico; na redução das vulnerabilidades e estigmatização; e no processo de empoderamento e adesão ao tratamento. Ademais, o trabalho com a equipe de saúde é primordial, no sentido de diminuir os preconceitos e facilitar o vínculo. A presente proposta de minicurso pretende apresentar o contexto do HIV e os discursos a ele vinculados na contemporaneidade e discutir a atuação dos psicólogos junto aos portadores do vírus no campo da saúde, mais especificamente nos níveis de atenção secundário e terciário. Pretende-se abordar como conteúdo programático os seguintes temas: 1. Histórico do HIV/AIDS: ontem e hoje 1.2 . Discursos e estigmas relacionados ao HIV/AIDS 1.3. “Grupos de risco”, “comportamento de risco” e “vulnerabilidade” 1.4. Avanços no tratamento 2. Atuação do psicólogo no campo de HIV/AIDS 2.1. Atuações nos níveis primário, secundário e terciário 2.1.1. Atuação na adesão ao tratamento 2.1.2. Atuação nos processos de resiliência 2.1.3. Trabalho com a equipe multiprofissional 2.1.4. Trabalho junto à família do paciente 2.1.5. Mostra de atuação: Fragmentos de casos clínicos 3. Considerações finais: fechamento do curso e feedback dos participantes O minicurso será realizado de forma dinâmica, através de exposição do tema, exibição de vídeos e discussão de casos clínicos. Também serão disponibilizados aos participantes material para consulta e estudo dos temas discutidos no minicurso. Resumo: Embora com o passar dos anos tenha-se alcançado avanços do tratamento farmacológico do HIV/Aids, muito menos tem sido obtido na tentativa de superar o impacto do estigma e da discriminação nas vidas dos afetados pela doença. O presente minicurso pretende apresentar o contexto do HIV e os discursos a ele vinculados na contemporaneidade e discutir a atuação dos psicólogos junto aos portadores do vírus no campo da saúde, mais especificamente nos níveis de atenção secundário e terciário. Bibliografia Ministério da Saúde. (2007). Programa Nacional de DST e AIDS. Diretrizes para o fortalecimento das ações de adesão ao tratamento anti-retroviral. Brasília: Autor Brasil. Ministério da Saúde. (2008). Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Manual de adesão ao tratamento para pessoas vivendo com HIV e Aids. Brasília: Autor Brito, A. M. de., Castilho, E. A. de. & Szwarcwald, C. L. (2000). AIDS e infecção pelo HIV no Brasil: uma epidemia multifacetada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 34(2), 207-217. Carvalho, F. T. de., Morais, N. A. de., Koller, S. H. & Piccinini, C. A. (2007). Fatores de Proteção relacionados à promoção de resiliência em pessoas que vivem com HIV/Aids. Cadernos de Saúde Pública; 23(9), 2023-2033.